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SUPERFÍCIE E PINTURA
Série " Manual de Construção em Aço"
ROBERTO MARIANO
FERNANDO FERNANDES
TRATAMENTO DE
SUPERFÍCIE E PINTURA
RIO DE JANEIRO
2003
© 2003 INSTITUTO BRASILEIRO DE SIDERURGIA/CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por quaisquer meio, sem a prévia autorização desta Entidade.
Bibliografia : p. 94
ISBN 85-89829-01-4
Sobre os autores
Celso Gnecco
Engenheiro Químico graduado pela Escola Superior de Química Oswaldo Cruz em São Paulo-SP em 1974.
Gerente de Treinamento Técnico da Sherwin Williams do Brasil Divisão Sumaré, desde 1990.
Cursos de pós-graduação na EPUSP em Corrosão, Polímeros, Papel & Celulose e Refinação de Petróleo.
Ex-chefe do Laboratório de Pesquisas e Desenvolvimento de Tintas do IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas, onde atuou por
vinte e um anos.
Presidente da Comissão de Métodos de Ensaios em tintas da ABNT.
Professor em cursos das seguintes entidades: ABCEM, ABRACO, ABENDE, ABRAFATI, FDTE USP, FUPAM/FAU-USP.
Membro do Conselho Consultivo e Deliberativo da ABRACO desde 1993.
Roberto Mariano
Físico graduado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo USP, em 1980.
Gerente de Serviços à Clientes, Assistência Técnica e Produtos da Linha Protective Coatings da Sherwin Williams do Brasil
Divisão Sumaré desde 1985.
Ex-supervisor do Laboratório de Pesquisas e Desenvolvimento de Tintas do IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas, onde
atuou por dez anos.
Participou de acompanhamento técnico de obras no exterior.
Participou de diversos Seminários, Congressos e Cursos Técnicos como palestrante e instrutor no Brasil e na América do sul,
na área de Pinturas e Tintas Anticorrrosivas desde 1978.
Fernando Fernandes
Curso Superior (Engenharia Química) até o quinto ano, na Escola Superior de Química Oswaldo Cruz em São Paulo - SP.
Trabalhou por onze anos no Instituto de Pesquisas Tecnológicas IPT em São Paulo-SP, no Laboratório de Tintas e Vernizes.
Trabalhou por um ano na GRC - Com. de Pinturas e Revest. Ltda. como chefe do Dep. Técnico do Controle da Qualidade.
Está na Sherwin Williams do Brasil - Divisão Sumaré desde 1995 no Departamento de Serviços à Clientes.
Foi Presidente da Comissão de Terminologia em Tintas da ABNT.
SUMÁRIO
Capítulo 1
Preparação de superfície do aço .......................................................................................................5
1.1 Preparação de superfície do aço.............................................................................................6
Capítulo 2
Aplicação de tintas ...........................................................................................................................23
2.1 Aplicação de tintas ................................................................................................................24
Capítulo 3
Tintas e vernizes ..............................................................................................................................45
3.1 Tintas e vernizes ...................................................................................................................46
3.2 Posição da tinta no sistema de pintura..................................................................................55
3.3 Tipos de tintas, propriedades e usos.....................................................................................56
3.4 Sistemas de pintura...............................................................................................................62
3.5 Manutenção...........................................................................................................................71
Capítulo 4
Noções de Corrosão ........................................................................................................................75
4.1 Noções de Corrosão..............................................................................................................76
4.2 Proteção contra a corrosão por pintura anticorrosiva............................................................82
4.3 Projeto x desempenho de pintura anticorrosiva ....................................................................85
4.4 Cuidados durante a execução da pintura..............................................................................93
Bibliografia...............................................................................................................................................94
Apresentação
Este Manual vem completar a literatura disponível na área de tratamento de superfície e pintura
das construções em aço, com informações e tabelas atualizadas, retiradas das principais fontes de
referência, como normas técnicas brasileiras e internacionais e trabalhos de renomados especialistas
brasileiros e internacionais nessa área.
Devido à sua característica didática, o presente manual foi estruturado em capítulos, nos quais
serão abordados os seguintes tópicos: preparação da superfície do aço, aplicação de tintas, tipos de
tintas e verni- zes, sistemas de pintura, noções de corrosão e sua proteção e cuidados durante a
execução da pintura.
Como centro dinâmico de serviços, com foco exclusivamente técnico e capacitado para conduzir
uma política de promoção do uso do aço na construção, o CBCA está seguro de que este manual
enquadra-se no objetivo de contribuir para a difusão de competência técnica e empresarial no País.
Espera-se que o trabalho seja útil aos fabricantes de estruturas em aço, profissionais liberais,
constru- toras, arquitetos, engenheiros, professores universitários, estudantes e entidades de classe que
se relacio- nam com a construção em aço.
Capítulo 1
Preparação de
superfície do aço
grande1.1risco
Preparação de superfície
de se formarem bolhasdoquando
aço as levados
1.1.2 pelas
Carepa demãos de
laminação
peças forem submetidas a ambientes úmidos ou
Um dos fatores de maior importância para o
corrosivos. A carepa de laminação é um contaminante
bom desempenho da pintura é o preparo da muito especial, pois o aço já sai da siderúrgica
superfí-
Ascie.
bolhas nas tintas se formam por causa da com uma camada de óxidos de ferro formada na
“OSMOSE”, que é a passagem de água na forma superfí- cie do metal no processo de laminação a
As tintas
de vapor atravésaderem aos metais
da película de tinta,por
do ligações
lado de quente. A carepa se forma em perfis, tubos,
físicas,
menor concentração para o lado de maiorprimeiras
químicas ou mecânicas. As duas concen- vergalhões e chapas, na faixa de temperatura
ocorrem
tração de através
compostosde solúveis.
grupos Neste
de moléculas
caso, a entre 1250 ºC e
presentes
conta- minação com sal está que
nas resinas das tintas na interagem
superfície 450 ºC. Basta aquecer qualquer peça de aço em
com grupos
metálica e o existentes nos metais. A ligação temperaturas dentro desta faixa que o oxigênio
mecânica se dá sempre associada a uma das
outras duas e implica na necessidade de uma
certa rugosidade na super- fície.
1.1.1 Contaminantes
operadores de máquinas. Qualquer gordura, oleo- mas basicamente sua composição é a seguinte:
sidade ou material estranho à superfície prejudica
Compostos % em massa
a aderência das tintas.
Água 99,2 a 99,6
Sólidos 0,44 a 0,8
• Suor - Líquido produzido pelas glândulas Substâncias orgânicas
sudoríparas, com pH entre 4,5 e 7,5 eliminado Glicose 0,006
através dos poros da pele. Contém água, Fenóis 0,005
gorduras, ácidos e sais. O ser humano chega a Ácido lático 0,150
perder alguns litros por hora de suor visível e até 3 Ácido úrico 0,0002
Ácido cítrico 0,0002
g por hora de Cloreto de Sódio (NaCl) em
Sais
condições de exercíci- os físicos intensos e sob Cloretos 0,070 a 0,346
calor. As gorduras e oleo- sidades são produzidas Fosfatos 0,025
pelas glândulas sebáceas. Sulfatos 0,004 a 0,006
Elementos
O toque das mãos em superfícies a serem Sódio 0,075 a 0,250
pintadas produz manchas que causam bolhas nas Potássio 0,017
Cálcio 0,007
tintas e aceleram a corrosão. O manuseio das Magnésio 0,001
peças prontas para serem pintadas deve ser feito
Tabela 1.1 - Composição do suor
sempre com as mãos protegidas por luvas limpas.
Mesmo quando as peças já estiverem pintadas,
aguardando aplicações de demãos subseqüentes, • Compostos solúveis - Qualquer tinta, por
não se deve tocá-las com as mãos desprotegidas, mais moderna e de melhor desempenho que
por que há o risco de contaminação entre as de- possa ter, nunca deve ser aplicada sobre
mãos. superfícies contaminadas por compostos solúveis,
pois há um
O suor pode variar de pessoa para pessoa,
2
vapor atravessa a película, se condensa e forma reage com o ferro e forma-se a carepa. Na lamina-
uma solução saturada de sais. Depois, por ção o aço é aquecido para torná-lo mais dúctil e
osmose, mais água permeia e forma uma bolha. A para que seja possível passar as chapas entre os
área onde ocorre a bolha é um ponto em potencial cilindros laminadores. Durante o resfriamento a
de corro- são, por causa do destacamento, do chapa se recobre de uma camada cinza azulada.
estriamento da película de tinta e por causa da
presença da água sob esta película. Lingotamento
Contínuo
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A carepa
• É lisa;
Uma análise rápida das características da Figura 1.5 - Chapa de aço laminado a quente
carepa poderia levar a conclusão de que se trata com presença da carepa e da ferrugem
de um ótimo revestimento anticorrosivo. Se
comparás- semos uma camada de carepa com
uma camada de tinta, no mesmo ambiente pelo
mesmo tempo, a pintura apresentaria um
desempenho superior. A explicação é que a tinta
apresenta flexibilidade sufi- ciente para
acompanhar os movimentos da base sem se
trincar ou fissurar. A carepa não possui
flexibilidade e não acompanha os movimentos do
aço sobre a qual foi formada. Por possuir
coeficien- te de dilatação diferente do aço e com
os movimen- tos diários de dilatação por causa do
calor do sol e com a contração devido a
temperaturas serem mais frias durante as noites, a
carepa acaba se trincando e se destacando
levando a tinta junto consigo.
aço
aço
Figura 1.7 - Desagregação da carepa
de laminação e da pintura
Fonte: 3 M do Brasil
No Brasil estão sendo utilizadas duas
normas que definem a granulometria do abrasivo
nas lixas:
de lixas, tiras, correias ou discos. Figura 1.12 - Manta não tecida de fibras sintéticas
impregnadas com abrasivos
As letras A ou S indicam o material abrasivo
que compõe a manta. Assim, A significa Óxido de 1.1.4 Limpeza por ferramentas mecânicas
alumínio e S significa Carbureto ou Carbeto de
Silício. As mantas de cor vermelha são de Óxido 1.1.4.1 Ferramentas mecânicas (elétricas ou
de alumínio e as de cor cinza são de Carbeto e a ar comprimido)
Silício. A granulometria destes abrasivos são:
As ferramentas mecânicas são equipamen-
Grosso, Médio, Fino e Super fino. Este material
tos movidos a energia elétrica ou a ar comprimido
tem poder abrasivo, porém mais brando que as
(pneumáticas), que por terem mais força, proporci-
lixas tradicio- nais. São resistentes aos solventes
onam melhor rendimento e melhor qualidade na
e a água e podem ser empregados em atividades
limpeza do que as manuais.
onde não se deseja poeira no ambiente. Dão um
acabamento mais fino, não apresentando as 1.1.4.2 Escovas rotativas
marca típicas de lixas. São mais duráveis do que
as lixas. São utilizadas sobre aço novo ou
enferrujado ao grau C da norma sueca. Não são
recomendadas para aço com carepa intacta, pois
Letra Granulo- Cor Tipo de
abrasivo a carepa é mais dura dos que as cerdas de aço
metria
A Grosso Vermelho Ó xido de Alumínio das escovas.
A Médio Vermelho Óxido de Alumínio
A Fino Vermelho Óxido de Alumínio
S Super fino Cinza Carbureto de Silício
Tabela 1.3 - Identificação da manta em função
do tipo de abrasivo
impraticáveis, pois produz muito ruído e vibração.
Fonte: Makita
Figura 1.15 - Ângulo de operação da lixadeira circular
1.1.5.1 Abrasivos
Areia
Após o 1o ciclo
100% Pode ser usada com pressões mais baixas
2
(60 a 70 lb/pol ). Produz pó preto quando usada
Areia boa para o jato (30%)
Pó (70%)
com pressões altas. Pequena porção do material
Após o 2o ciclo fica encrustada no aço o que torna a coloração da
superfície pouco mais escura do que em uma
Pó (70%)
jatea- da com areia ou granalha. No entanto este
Areia boa para o jato (30%) material encrustado não prejudica a aderência das
tintas nem causa problemas de corrosão por que
não é
Figura 1.18 - Gráfico de quebra da areia após jateamento metálico e por isso não causa corrosão
galvânica.
A areia é usada somente em locais abertos
onde não há restrição ao pó. Além destes 1.1.5.2 Pressão do ar
aspectos, o uso de areia em cabinas se torna comprimido
antieconômico pois o seu custo final é cerca de 6
O abrasivo é impulsionado por meio de ar
vezes mais caro do que o das granalhas. As 2
granalhas permitem reciclagens de até 350 vezes. comprimido com pressões ao redor de 7 kg/cm
2
(100 lb/pol ).
Granalhas de aço
1
Existem sistemas de recuperação automáti- 3
7 6
cos das granalhas, com piso gradeado,
elevadores de canecas e sistema de purificação 2 9
das granalhas. O sistema mais simples, de 10
recuperação manual, é
10 11 5 8
4
muito penoso para o operador, pois uma pá de
granalhas pesa quase 15 kg. As granalhas são
feitas com um tipo especial de aço, de alta dureza
1 - Compressor 8 - Jato abrasivo
e são apresentadas em dois formatos, esféricas 2 - Mangueira de ar 9 - Abrasivo (areia,
(shot) e angulares (grit). comprimido granalhas ou óxido
3 - Máquina de jato de alumínio)
4 - Mangueira de abrasivo 10 - Filtro de ar para o
As shot tem dureza Rockwell C de 40 a 50 e 5 - Bico de jato jatista e capacete de
as grit de 55 a 60. 6 - Válvulas de controle segurança
remoto 11 - Roupa de couro
7 - Filtro separador de (raspa) ou de
Perfil arredondado água e óleo borracha
GRIT
Figura 1.19 - Perfil obtido com cada formato de granalha No impacto das partículas do abrasivo
contra a superfície, a carepa de laminação é
arrancada e parte do metal também. Este impacto
provoca uma aspereza na superfície.
Quando se executa o processo completo de em micrometros e representa a medida do perfil
jateamento da superfície (incluindo a lavagem ini- de rugosidade em cada ponto onde é feita a
cial com água e detergente), consegue-se limpeza leitura.
e rugosidade.
Deve-se tomar cuidado ao deslocar o apare-
A rugosidade provocada pelo abrasivo na lho para não arrastá-lo, danificando a agulha. O
superfície pode ser medida e é chamada de perfil aparelho deve ser levantado, mudado de posição
de rugosidade ou perfil de ancoragem. e novamente colocado cuidadosamente sobre a
superfície. Realizar várias medidas para se obter
O perfil deve ser controlado, porque se for uma média representativa do perfil da rugosidade.
muito alto podem ficar picos fora da camada de
tinta e por este motivo, a corrosão se iniciará a Deve-se evitar também que sejam feitas
partir destas áreas e se for muito baixo a tinta medidas sobre superfícies curvas ou muito danifi-
pode não aderir satisfatoriamente. cadas, como no grau D (com pites) da norma
Sueca SIS 05 5900-67, pois as leituras seriam
afetadas de grandes erros.
O perfil de rugosidade ideal é aquele entre plano dos picos e os fundos dos vales é indicada
1/4 e 1/3 da espessura total da camada de tinta no relógio comparador
soma- das todas as demãos. Por exemplo, se a
espessura é igual a 120 µm, o perfil deverá estar
entre 30 e
40 µm.
Rugosímetro
112µm 75µm
S-110 30 25
4,5 S-170 20 35
3,0
S-230 18 65
5,5
2,0 S-33 0 16 70
125µm
1,5 50µm S-390 14 75
37µm GRANALHA DE
AÇO (grit) ANGULAR
G -50 25 70
Figura 1.23 - Disco e esquema
G -40 18 75
comparador para shot ou grit
G -25 16 80
G -16 12 150
Tabela 1.4 - Perfil de rugosidade em função da
75µm 50µm granulometria do abrasivo
3,0 2,0
Os valores de perfil de rugosidade média
4,0 mostrados na tabela acima são obtidos com pres-
100µm
1,0
2
0,5 25µm são de 7 kg/cm , tanto para areia como para as
12,5µm granalhas.
Água Nitrito
de
sódio
200 litros 1 kg
Unidades
de Turbinas
Centrífugas
em várias posições, para que o abrasivo atinja as Figura 1.31 - Equipamento de jateamento
por turbinas centrífugas
• B - Superfície com carepa de laminação se
destacando e com presença de ferrugem.
Graus de limpeza
1.1.8 Padrões de limpeza de superfície
Os padrões de graus de limpeza também
A norma Sueca SIS 05 5900 define os
são definidos através de fotografias do estado em
seguin- tes padrões:
que as superfícies ficam após o tratamento de
Graus de corrosão (enferrujamento) limpeza e remoção da poeira e partículas soltas.
Os 20 pa- drões visuais fotográficos que são
Os padrões de grau de corrosão são defini- comparados imediatamente antes da aplicação da
dos através de fotografias do estado de tinta, são os seguintes:
intemperis- mo em que a superfície de aço
carbono laminado a quente, se encontra para a • St 2 - Limpeza manual - executada
pintura, antes da limpe- za. Os padrões visuais manual- mente com ferramentas, como escovas,
fotográficos são 4: raspado- res e lixas;
• St 3 - Limpeza mecânica - executada com
• A - Superfície com carepa de laminação ferramentas como escovas rotativas pneumáticas
intacta. ou elétricas;
Tipos de preparação SIS 05 59 00 VIS 1 SSPC NACE 01 70 NBR ISO 8501-1 BS 4232 PETROBRÁS
Ferramentas mecânicas
Limpeza manual St 2 SP 2 7346 St 2 N6
Limpeza motorizada St 3 SP 3 7347 St 3 N7
Jato abrasivo N9
Ligeiro (brush) Sa 1 SP 7 NACE 4 7348 Sa 1 Brush-off Sa 1
rd
Comercial Sa 2 SP 6 NACE 3 7348 Sa 2 3 quality Sa 2
Metal quase branco nd
Sa 2 1/2 SP 10 NACE 2 7348 Sa 2 ½ 2 quality Sa 2 ½
st
Metal branco Sa 3 SP 5 NACE 1 7348 Sa 3 1 quality Sa 3
Outros tipos
Limpeza com solventes SP 1 N5
Limpeza a fogo SP 4
Decapagem química SP 8
Intemperismo e jato abrasivo SP 9 N 11
Tabela 1.4 - Correlação entre as normas
• Sa 1 - Jato ligeiro “brush off” - executado ácido fosfórico diluído e outras substâncias quími-
de forma rápida, quase uma “escovada” com o cas formando uma camada de fosfato cristalino
jato. O rendimento aproximado desta operação, insolúvel.
conside- rando o grau C de corrosão é entre 30 a
2
45 m /h por bico; Ferrugem (óxidos)
• Sa 2 - Jato comercial - executado de Óleo
forma um pouco mais minuciosa do que no Jato
ligeiro. Cerca de 65% das carepas e ferrugem são
elimina-
das. O rendimento aproximado é de 15 a 20 m /h
2
Peça sem Tratamento Tratamento
tratamento alcalino ácido
por bico;
(desengraxe) (decapagem)
• Sa 2½ - Jato ao metal quase branco - mais Cristais Cromato
minucioso que o anterior, sendo 95% de carepas e Poros
ferrugens removidas. A coloração da superfície é
cinza clara, sendo toleradas pequenas manchas.
O
2
rendimento aproximado é de 10 a 15 m /h por
bico;
Somente a fosfatiza- ção, aumenta a resistência à
• Sa 3 - Jato ao metal branco - 100% das corrosão em torno de
carepas e ferrugens removidas. É o grau máximo 5 vezes, porém com fosfatização mais pintura
de limpeza. A coloração da superfície é cinza clara (2 demãos de tinta sintética), o aumento é de
e uniforme. O rendimento aproximado é de 6 a cerca de 700 vezes. A fosfatização consiste na
2
12 m /h por reação de
bico.
Trata-se de uma etapa posterior à fosfatiza- Entre cada etapa mencionada existem ba-
ção que tem por finalidade selar os poros deixados nhos intermediários necessários:
na camada de fosfato. As soluções apassivantes,
constituidas por ácido crômico ou ácido crômi- • Após o desengraxe alcalino - remove o
co/fosfórico, geralmente a 60 ºC, completam as desengraxante residual que por ter caráter alcalino
falhas na camada de fosfato, melhorando a prote- reagiria com o banho seguinte que é ácido,
ção anticorrosiva. exigindo maior consumo de decapante.
Esta etapa final de passivação também é • Após a decapagem ácida - remove os resí-
chamada de “selagem com cromo” . Hoje em dia, duos de sais formados e o excesso de decapante
o cromo hexavalente (Cromo VI) sofre restrições e que prejudicariam o refinador. Se os ácidos não
em seu lugar é usado taninato para selar ou forem completamente removidos, os cristais nucle-
apassi- var. ados podem ficar grandes, o que é inconveniente.
1
Aplicação de tintas
Devem-se dedicar alguns minutos para reali- Componente Base Catalisador Mistura e
homogeneização
Tinta
pronta
zar a homogeneização por que se a tinta não Figura 2.3 - Procedimento de homogeneização
estiver perfeitamente uniforme, ela não terá o de tintas bicomponentes
desempe- nho que se espera dela.
A seqüência a ser seguida é a
seguinte;
1 2 • Homogeneizar o componente A;
• Homogeneizar o componente B;
1
2 1 1 1 • Adicionar o componente B ao Componente
A respeitando a relação de mistura;
• Abrir a lata (1) e verificar com uma espátula A homogeneização deve ser feita com agita-
se há presença de sedimentação dores mecânicos, como por exemplo, furadeiras
elétricas adaptadas, com motor blindado à prova
• Caso positivo, transferir a parte líquida para de explosão. Durante a agitação a tampa deve
uma segunda lata limpa (2) ficar fechada. Para isto pode-se confeccionar uma
tampa de madeira com uma abertura para a haste
• Mexer a sedimentação com espátula na
de agitação entrar.
lata (1) e retornar lentamente a parte líquida que
está separada na outra lata (2)
A+A+A+A+B+A+B+B+B +B A+B+A+B+A+B+A+B+A+B
Por exemplo, na ficha técnica há a seguinte Figura 2.8 - Aderência prejudicada por que
informação sobre o tempo entre as demãos: nenhuma providência foi tomada
Os rolos podem ser fabricados com pele de Figura 2.14 - Bandejas plásticas para pintura a rolo
carneiro ou lã sintética (acrílica) para tintas a
base de água ou de solventes e de espuma de Pode-se usar também uma caçamba para
poliureta- no somente para tintas a base de água quantidades maiores de tintas ou uma tela de ara-
(incham e se desmancham quando usados com me com cabo, chamada de difusor, que é
tintas à base de solventes orgânicos). colocado dentro do balde para tirar o excesso de
tinta do rolo.
Os rolos são fornecidos com comprimento
de pêlos de 6 mm até 23 mm. Os de pêlos longos O pintor deve aprender a carregar o rolo
car- regam mais tinta e são adequados para com a quantidade correta de tinta para evitar
superfícies irregulares, porém deixam marcas em escorri- mentos e desperdícios. A pressão do rolo
relevo como casca de laranja. na super- fície deve ser controlada para deixar
espessura uniforme.
Os de pêlos curtos evitam formação de
espu- ma e dão acabamento mais liso e uniforme, Em superfícies muito rugosas o rolo deve
porém a espessura da camada de tinta fica mais ser passado em várias direções indo e voltanto
baixa. Se não for possível comprar rolos com para fazer a tinta penetrar nas irregularidades.
pêlos mais curtos, pode-se queimar "sapecando-
os" em uma chama. O miolo dos rolos pode ser No início, o rolo deixa muita tinta e no final
um tubo de resina fenólica ou de polipropileno, do movimento está quase sem tinta. Por isso é
ambos resisten- tes aos solventes. As larguras dos impor- tante que o repasse seja feito em sentido
rolos variam de contrário ao primeiro movimento, para uniformizar
75 mm até 230 mm. Para pintura cantoneiras e a espes- sura da tinta.
1 2 3
perfís estreitos, são usados os de 100 mm.
ar
Na convencional: de 15 a 25 cm e no airless:
de 25 a 40 cm.
1. Motor 1
3
2.Trava 2
3. Controlador de
pulsação
4
4. Pistão com diâmetro
variável
Fonte: Wagner Spray Tech do Brasil
5
5. Câmara de Figura 2.27 - Bomba airless para tintas bicomponentes
lubrificação com dosagem fixa
6. Bomba
6 24”
7. Guias de precisão 8
9 12”
8. Passagem da tinta
7 6”
9. Anéis de retenção
Airless assistida
Figura 2.29 - Pistola airless (para grandes áreas) Figura 2.31 - Pistola convencional
- -
-
- - + -
- -
- -
Figura 2.30 - Pistola airless assistida (para acabamentos finos) Figura 2.32 - Pistola eletrostática
Célula de
É possível mudar o equipamento convencion al para
eletrostático usando a mesma tinta, somente Condutivímetro medidas
Pistola manual:
P
BA B B A P P ponentes, por sofrerem elevação de temperatura
A P
B AB A B P B
P P
P
durante a reação, se solidificam. Lembrar também
A P B P
que volumes grandes de tintas bicomponentes têm
B A B A P
P vida útil menor do que pequenos volumes. Uma
das soluções para aplicar a tinta bicomponente
sem ter
Figura 2.37 - Desenho esquemático mostrando como a Figura 2.39 - Desenho esquemático do funcionamento
tinta em pó cura em temperaturas entre 160 e 190 ºC de uma cabina de pintura eletrostática para tinta em pó
30 20 10
Tinta
líquida
pintura.
Figura 2.40 - Sistema de pintura por
eletroforese anódica (Anaforese) Os solventes, imediatamente após a aplicação
das tintas começam a se evaporar. Com isso, a
Eletroforese catódica ou cataforética espes -
Após a evaporação dos solventes e da cura Coloca-se o apalpador sobre uma placa de
das tintas, a película seca, já endurecida, pode aço polida e calibra-se o zero. Em seguida coloca-
ser medida com diversos tipos de aparelhos. Os se uma lâmina aferida e sobre ela o apalpador,
mag- néticos são os mais comuns, e os mais ajustando-se o valor da lâmina. Confere-se o zero
usados destes medidores são: o Magnético novamente e o aparelho estará pronto para as
(jacaré, pica- pau ou Mikrotest) e o Eletrônico. medições.
Figura 2.44 - Aparelho magnético para medidas Figura 2.45 - Aparelho eletrônico
de espessura seca de tinta aplicada sobre aço
1
Capítulo 3
Tintas e vernizes
3.1 Tintas e Vernizes tolueno), glicóis (etil glicol, butil glicol, acetato de
etil glicol, acetato de butil glicol, acetatos (acetato
Definições de tinta e de verniz, segundo a de etila, acetato de butila, acetato de isopropila),
norma ISO 4618: Tinta é um produto líquido ou em ceto- nas (metil etil cetona-MEK, metil isobutil
pó que quando aplicado sobre um substrato, forma cetona- MIBK e ciclohexanona) e álcoois (álcool
uma película opaca, com características protetoras isopropíli- co e álcool butílico).
decorativas ou técnicas particulares. Verniz é um
produto que quando aplicado sobre um substrato, Todos são compostos orgânicos 100% volá-
forma uma película sólida transparente com carac- teis, que têm a função de dissolver a resina. São
terísticas protetoras, decorativas ou técnicas parti- produzidos pela indústria química ou petroquímica
culares. mas a origem é o petróleo.
Uma outra definição clássica de tintas é: Numa tinta são utilizadas composições de
Tinta é uma composição líquida que depois de solventes, onde são misturados solventes leves,
aplicada sobre uma superfície, passa por um médios e pesados em proporções que permitam a
processo de secagem ou cura e se transforma em evaporação rápida dos mais leves para que a tinta
um filme sólido, fino, aderente, impermeável e fique mais viscosa e evite escorrimentos em
flexível. super- fície vertical e os mais pesados deixem a
película posteriormente para que a tinta possa ter
Para o aço, a tinta é um produto que tem melhor penetração na superfície e melhor
tanto a função protetiva como a decorativa. alastramento. O solvente tem a função de diminuir
a viscosidade das tintas para facilitar a aplicação,
3.1.1 Composição das tintas
de homogenei- zar a película, de melhorar a
As tintas são compostas por 4 grupos de aderência e atuar sobre a secagem.
matérias primas: Solventes, Resinas, Pigmentos e
Como características, os solventes apresen-
Aditivos.
tam além da volatilidade e do poder de solvência,
a inflamabilidade e a toxicidade. O cheiro também
RESINA
é uma característica dos solventes, embora
tenham sido lançadas recentemente algumas
SOLVENTE tintas com solventes de baixo odor (à base de
hidrocarbonetos alifáticos desodorizados). O
ADITIVO solvente, aguarrás de baixo odor é um exemplo,
PIGMENTO que além de causar menor desconforto para quem
pinta e para as pessoas próximas à pintura, é
mais seguro pois o
solvente
volátil ser humano tem maior tolerância a este tipo de
resina
solvente.
não volátil
pigmento (sólidos) 3.1.1.2 Resinas
3.1.1.1 Solventes
1
Tintas e vernizes
Das resinas dependem as propriedades de ligante ou veículo fixo e são os componentes mais
resistência das tintas e o comportamento frente ao importantes das tintas, pois são responsáveis
meio agressivo e as condições de uso. pelas propriedades de aderência,
impermeabilidade e flexibilidade. As resinas hoje
As resinas são conhecidas também como em dia são todas
2
orgânicas, de natureza polimérica, exceto o indústria de tintas, que não era natural, mas
silicato inorgânico de zinco que se trata de um sinteti- zada em reatores. Para a obtenção de uma
veículo inorgânico à base de silicatos de: sódio, resina com propriedades interessantes para tintas,
potássio ou de lítio. foi necessário adicionar o óleo vegetal na reação.
As resinas mais importantes das tintas para No comércio existem tintas feitas com esta
pintura de aço são: Alquídicas, Acrílicas, resina e são conhecidas como esmalte e primer
Epoxídicas, Poliuretânicas, Etil Silicato de Zinco e sintéticos. São as mais comuns, as mais permeá-
Silicone. veis e as menos resistentes do mercado.
De acordo com o tipo de resina, o químico A introdução de uma resina fenólica na rea-
formulador deve selecionar o solvente apropriado ção de produção desta resina aumenta a sua im-
para dissolver a resina. Na tabela abaixo, são permeabilidade e com isto a sua resistência à umi-
apre- sentados alguns tipos de resinas e seus dade, porém seu desempenho ainda assim é
solventes mais comuns: limita- do. Estas resinas são chamadas de
Tipo de resina Tipo de solvente mais usado
alquídicas fenoladas, são superiores as alquídicas
comuns, mas mesmo assim não suportam
Alquídica Aguarrás ou xileno ou misturas destes situações de extrema umidade, imersão e
Acrílica Misturas de acetatos, xileno, cetonas e exposição em ambi- entes químicos corrosivos.
álcoois cíclicos
Epóxi Misturas de MEK e MIBK com xileno e
álcool butílico A secagem das alquídicas se processa ao ar
Poliuretano Acetato de etila, acetato de butila e e é responsabilidade dos óleos que as compõe.
misturas de MEK e
Etil silicato de Podem ser de secagem lenta ou rápida,
zinco Álcool isopropílico e álcool butilico dependen- do do tipo de álcool ou do ácido
Silicone Xileno e tolueno empregado. Depende também do comprimento
(teor de óleo) e do tipo de óleo.
Tabela 3.1 - Tipos de resinas e solventes apropriados
CH 3
n CH 3
Isocianato alifático
Figura 3.3 - Obtenção da resina epoxídica
É o que oferece maior resistência ao
Os grupos C-C-O das extremidades são os intempe- rismo. O hexametileno diisocianato é o
grupos epóxi que dão nome à resina. A letra n isocianato alifático mais usado.
indica o número de repetições do grupo entre
Isocianato aromático
parêntesis e quanto maior, mais flexível, mais
impermeável e mais aderente é a resina e indica Tem boas propiedades de aderência, de
também se a resina é sólida ou líquida. n grande secagem rápida porém é usado apenas em tintas
-> sólida e n pequeno -> líquida. poliuretânicas para interiores pois não resistem ao
intemperismo. O tolueno diisocianato é o
A resina epóxi (EDGBA) sozinha não tem isocianato aromático mais usado. O termo
propriedades interessantes para tintas. É necessá- aromático é por que o composto possui grupos
rio reagi-la com outra resina chamada de catalisa- aromáticos (anel benzê- nico do tolueno).
dor, agente de cura ou endurecedor e dependendo
da sua natureza química teremos propriedades No Brasil a resina poliuretânica à base de
diferentes e específicas. Três resinas são as mais água não é utilizada em larga escala por causa do
usadas: alto preço que ela confere à tinta.
3.1.1.2.5 Resina etil silicato de zinco 3.1.1.2.7 Resina de silicone
Estas resinas são à base de silicato de etila As resinas à base de silicones resistem a
e reagem com zinco em pó, produzindo silicato de temperaturas até 600 ºC. Estas resinas
zinco que é um produto inorgânico e que pode necessitam de pré-cura entre 150 e 230 ºC. As
resistir até 500 º C. tintas formula- das com estas resinas apresentam
somente as cores: preta e alumínio.
Silicato de etila
3.1.1.2.8 Secagem e cura das tintas
H5
C2 Zinco em pó S S
O S S S
5 2 2 H2O
S S S evaporação dos solventes
H C O Si O5C
H
O
H 5 C 2 O Si
O C2 H5
+ Zn + CO2
acrílicas (lacas)
O
S evaporação dos solventes
C2 S O O S
H5 O S e oxigenação da resina
alquídicas
OH OH OH OH OH
Aço
S S S
S evaporação dos solventes
C2 H5 OH e reação entre resinas
O epóxis e poliuretanos
Álcool Etílico A B A B
Silicato de zinco
O O O O O O O evaporação dos solventes
Si O Si O Si O Si O Si O Si O Si S e reação entre o vapor de
O O O O O O S HO H 2O S água, dióxido de carbono,
2
CO 2S resina, pigmento e aço
Zn Zn Zn Zn Zn Zn Zn
O O O O O O O etil silicato de zinco
Si O Si O Si O Si O Si O Si O Si A B A B
O O O O O O O
Aço Figura 3.5 - Esquema simplificado de cura das tintas
Figura 3.4 - Reação de cura da resina Etil Silicato de Zinco 3.1.1.3 Pigmentos
O O O O
camada de íons cromato os quais isolam o aço do
H
Si Si
O O O O O O
um Ca Ca Ca
cálcio O O O troca
H Si H H Si H
iônica
Este é um dos mais antigos pigmentos usa- Ca Ca Ca
São usadas como agente fosqueante e para Os secantes são catalisadores metálicos,
melhorar a resistência ao desgaste. O tipo Sílica que aceleram a secagem de tintas alquídicas
Pirogênica é usada como agente reológico, ou agin- do nos óleos vegetais que as compõe
espessante para aumentar a espessura por fazendo com que o oxigênio reaja mais rápido.
demão de tintas, em superfícies verticais sem
escorrimen- tos ou descaimentos. Antibolhas
Existem vários tipos de aditivos, mas os 3.1.2 Aspectos econômicos das tintas
principais são:
3.1.2.1 Sólidos por volume
Dispersantes ou tensoativos ou umectantes
Quando o solvente e os compostos voláteis
Facilitam a introdução dos pigmentos da tinta evaporam, o que resta na superfície
durante a fabricação, ajudam a estabilidade da pintada são os sólidos, ou seja, o material não
suspensão de pigmentos durante a estocagem e volátil que faz parte da tinta. Como a tinta é
melhoram a aplicação e a umectação da comprada em volume (litros ou galões de 3,6 ), o
superfície e conse- qüentemente aumentam a que interessa é a quantidade em volume de
aderência das tintas enquanto elas estão líquidas. material sólido que fica após a evaporação dos
Depois de secas a responsabilidade é das resinas. voláteis. Por isso, os sóli- dos por volume é tão
importante para se verificar o rendimento e o
Espessantes custo de uma tinta.
PARTE
NÃO solvente volátil
APROVEITÁVEL
Propiciam maior estabilidade à tinta na esto- DA TINTA
cagem e possibilitam maiores espessuras por
demão nas aplicações em superfícies verticais.
resina
Em tintas de menor qualidade são usados PARTE
ÚTIL não volátil
compostos celulósicos e em tintas de maior DA TINTA (sólidos)
pigmento
desempenho são usadas as sílicas pirogênicas.
aditivos
Figura 3.7 - Composição das tintas
Os Sólidos por Volume estão relacionados Onde:
diretamente com o rendimento da tinta.
2
RP = Rendimento prático (em m / )
3.1.2.2 Rendimento 2
Rt = Rendimento teórico (em m / )
Há 3 tipos de rendimento: O Rendimento Fa = Fator de aproveitamento (função do método
Teórico, o Rendimento Prático e o Rendimento de aplicação)
Real.
Fa = 100 - Perdas
3.1.2.2.1 Rendimento teórico 100
É, como o próprio nome indica, teórico, ou Fator de
seja, ideal e não inclui no seu cálculo as perdas Método Perdas médias aproveitamento
devidas ao método, às condições de aplicação e Pincel 10 a 20% 0,8 a 0,9
ao treinamento do pintor. Há uma fórmula prática Rolo 10 a 30% 0,7 a 0,9
que leva em consideração o volume de sólidos e a Pistola convencional 30 a 50% 0,5 a 0,7
espessura da película seca: Pistola airless 10 a 30% 07 a 0,9
Tabela 3.2 - Fator de aproveitamento em função
Rt = SV x 10 do método de aplicação
EPS
Onde: As perdas de tintas durante a aplicação de-
pendem :
2
Rt = Rendimento teórico (em m / )
• Do método de aplicação;
SV = Sólidos por volume (em %)
• Das condições de aplicação como:
EPS = Espessura da película seca (em µm)
- altura em relação ao solo;
10 = Constante de fórmula para que o resultado
2
seja expresso em m / - dos ventos.
• Da geometria das peças;
• Do estado de corrosão da
superfície;
Tinta Tinta
líquida líquida • Do preparo da superfície (rugosidade);
SV = 60% • Da uniformidade da película (espessura);
SV = 30%
• Do treinamento e conscientização do pintor;
Tinta convencional Tinta altos sólidos
• Do tipo de tinta (mono ou bicomponente).
30 x 10 Rt = SV x 10
60 x 10
25 EPS 25 Os fatores de aproveitamento da tabela aci
12 m2 24 m2 - ma, levam em consideração todas estas perdas
25 m
e outras não abordadas e conduzem a resultados
satisfatórios. Logicamente se alguma perda for
25 m exagerada por acidente, o fator fica menor e as
Figura 3.8 - Comparação do rendimento entre tinta Rp = Rt x Fa
convencional e altos sólidos
convencio-
nal e o SV = 47% e a espessura seca da película é
de 25 µm, o rendimento prático será:
2
Rt = 47 x 10 / 25 = 18,8 m /
Exemplo:
Tinta: sólidos por volume: 47 % (dado obtido
na respectiva ficha técnica da tinta) 3.1.2.4 Cálculo da quantidade de diluente a
ser comprado
Espessura da película seca por demão:
25 µm (dado obtido na respectiva ficha técnica da É muito comum a compra somente da tinta e
tinta) o esquecimento do diluente. Quando se calcula a
quantidade de tinta, automaticamente já está
Método de aplicação: pistola convencional calcu- lada a quantidade de diluente, pois as
fichas técni- cas trazem a informação do tipo de
Número de demãos: 2 (dado obtido nas diluente indica- do e a sua proporção em volume.
tabelas de sistemas de pintura) No exemplo aci- ma, se a ficha técnica da tinta
informasse que a pro- porção de diluição é 15 %,
Cálculo:
haveria necessidade de adquirir 14,8 galões ou
2 53,28 litros do diluente indi- cado. Arredondando,
Rt = 47 x 10 / 25 = 18,8 m /
seriam 50 litros de diluente.
2
Rp = 18,8 x 0,6 = 11,28 m / Neste cálculo já estão incluídas as quantida-
des necessárias para diluir a tinta e para a
Qt = 2.000 / 11,28 = 177,3 : . 177,3 x 2 = 354,6: .
limpeza dos equipamentos de pintura.
354,6 / 3,6 = 98,5 galões
2 A grande vantagem das tintas à base de
Portanto, para pintar os 2.000 m à pistola água é que não necessitam de diluentes. Para
em duas demãos com uma tinta com sólidos por diluir estas tintas, é só utilizar a água da rede.
volu- me de 47% e espessura da película seca de Logica- mente que se não houver água tratada por
25 µm serão necessários 354,6 litros da tinta ou perto da
98,5 galões.
obra, neste caso, é necessário adquirir água de corrosão, nem de coloridos, sendo, portanto de
limpa, para não contaminar as tintas. menor custo. Deve ter a mesma qualidade das
demais tintas do esquema.
3.1.2.5 Custo por metro quadrado na compra
de tintas 3.2.3 Tinta de acabamento ou esmalte
Um exemplo de como a compra de tinta ape- Tinta que dá acabamento ao sistema. Deve
nas levando em conta o preço por litro ou por resistir ao meio ambiente e ser compatível com as
galão pode ser enganosa e resultar em prejuízos. demais tintas do sistema.
PRIMER
A Ç O
ACABAMENTO
INTERMEDIÁRIA
PRIMER
Tabela 3.3 - Tabela comparativa de custo da pintura do esquema. Não necessita de pigmentos
em função do preço da tinta líquida e do rendimento teórico inibidores
• Baixas resistências a :
- umidade elevada;
- imersão em água;
imersão em água, por serem muito permeáveis.
Se destacam de concreto ou reboco novos que Based) Esmalte ou primer sintéticos à base
sofram molhamentos, por serem saponificáveis.
de água
Também não são recomendadas para pintura de
para aplicação sobre
galvaniza- dos, pelo mesmo motivo. A metais.
saponificação ocorre por reação dos ácidos
graxos livres presentes na resina, com o hidróxido Podem ser aplicadas em locais fechados
de cálcio presente no ci- mento e na cal e o sem necessidade de interdição da área ou de
hidróxido de zinco presente nos produtos de parada da produção por terem baixo odor.
corrosão do zinco.
São adequadas para ambientes rurais, urba-
Há tintas alquídicas modernas com baixo teor nos ou marítimos abrigados.
de solventes orgânicos, livres de pigmentos tóxicos,
de alta espessura (75 a 100 µm), com alta 3.3.2 Tintas acrílicas
resistência à corrosão e que podem ser aplicada
São tintas monocomponentes, a base de
sobre superfície metálica tratada com ferramentas
solventes orgânicos ou de água.
mecânicas. Esta nova tinta é um primer “universal”
e funciona como barreira sobre tintas convencionais 3.3.2.1 Acrílicas à base de solvente
que normalmente seriam atacadas pelos solventes
fortes de epóxi e poliuretanos. As tintas acrílicas a base de solventes
orgâni- cos são pouco usadas, apesar de
Alquídicos à base de água (WB Water apresentarem
boas propriedades, pois possuem um teor de sol- cura se realiza por reação química entre as
vente muito alto, geralmente acima de 60%. resinas dos dois componentes. O componente A
geralmen- te é à base de resina epóxi e o B,
• São de secagem rápida; agente de cura, pode ser à base de poliamida,
poliamina ou isocia- nato alifático.
• Têm boa resistência ao intemperismo;
Massas epóxi
Tintas de silicato
• Como é o Micro-Ambiente ?
- Interno ou externo, ou equipamentos, ou
• Qual é a temperatura de trabalho ? res de produtos químicos, a durabilidade da
- Ambiente, fria ou pintura será comprometida. Para estas situações
aquecida. é neces- sário e imprescindível o jateamento ao
grau Sa 3. Para a maioria dos casos de pinturas
• Qual é o regime de trabalho aéreas, isto é, expostas à corrosão atmosférica, o
? grau mínimo recomendado é Sa 2½ da norma
- Contínuo ou intermitente. Sueca SIS
05 59 00-67 (jato ao metal quase
• Há possibilidade de realizar limpeza por branco).
jateamento abrasivo ?
A limpeza manual ou mecânica com
- Com areia somente em ambiente aberto, escovas (St 2 e St 3 da norma Sueca), é aceita
onde não há restrição à poeira. somente nos casos em que o jateamento, por
- Com granalhas, somente em cabines alguma razão maior, não é possível. Mesmo
fechadas, porém há limite de tamanho das peças. assim, é necessário saber que o desempenho de
- Caso negativo, há possibilidade de se tintas ou sistemas de pinturas nestas condições é
retirar as peças, levar para uma oficina, jatear, inferior ao obtido com jateamento abrasivo ao grau
aplicar a tinta de fundo (primer), recolocar e final- mínimo Sa 2 ½.
mente aplicar o acabamento no local?
Jateamento a úmido somente é
- No caso de obras novas, as peças já de- recomendado para superfícies externas, não
vem ser enviadas para o local, jateadas e sujeitas à imersão.
pintadas com o primer.
Quanto mais se exige de uma pintura, mais
Observação importante: Não havendo possi- rigoroso deve ser o preparo da superfície e vice-
bilidade de se executar o jateamento abrasivo, versa, ou seja, quanto melhor o reparo da superfí-
estruturas, tubulações e equipamentos sujeitos a cie, mais durabilidade pode-se esperar da pintura.
freqüentes derramamentos e exposição aos vapo-
• Há possibilidade de ventilar o ambiente no Considerações:
momento da aplicação e durante a cura das
tintas? • O especificador de sistemas de pintura
deve sempre ter em mente que as modernas
- No caso de tintas à base de solventes
tintas de- vem ser ecológicas, ou seja: possuir o
orgânicos, a ventilação ou exaustão forçada é
menor teor de solventes possível e não conter
imprescindível, para a segurança das pessoas e
pigmentos com metais pesados, como zarcão ou
para evitar explosões e incêndio.
cromato de zinco por exemplo. É a sua
• A pintura será aplicada a pincel, pistola ou contribuição para tornar o meio ambiente mais
rolo? seguro.
- A aplicação à pistola é a melhor opção • O especificador deve lembrar também que
por que se consegue maior uniformidade de sistemas para aço patinável são os mesmos que
acaba- mento e de espessura. Consegue-se os indicados para aço carbono comum. No
inclusive maior espessura por demão; entanto, a durabilidade deste sistema é superior à
- O pincel é usado em situações de soma das durabilidades propiciadas isoladamente
retoques e reforço de pintura em cordões de pela prote- ção do revestimento e pela natureza
solda, arestas vivas, quinas e frestas; aclimável do material (sinergia dos mecanismos).
- O rolo é usado onde a aplicação à pistola Efeito sinérgico no aço patinável:
não é praticável e é uma alternativa para grandes
áreas. O acabamento não é tão fino quanto na • Com adequado tratamento superficial, o
aplicação à pistola, e a espessura é a metade do aço patinável é uma base altamente favorável à
que se consegue à pistola. Se a espessura reco- aplica- ção de pinturas, implicando em aderências
mendada é 120 micrometros, com rolo serão ne- superio- res às verificadas no aço comum;
cessárias duas demãos. Com rolo se consegue
em torno de 60 micrometros e com técnica • Uma eventual falha no revestimento pode
adequada pode-se chegar a 80 micrometros por gerar a formação de produtos da corrosão no
demão. metal- base, os quais, no entanto são bem menos
volumo- sos que no caso do aço carbono comum,
Uma vez definida a tinta ou o esquema de o que diminui o problema de destacamento da
tintas em função de todos os fatores película de pintura, aumentando a durabilidade do
considerados, pode-se especificar o sistema de revestimento.
pintura, que deve abranger:
tinta tinta
• Preparo da superfície, grau de limpeza,
perfil de rugosidade;
Industrial Peças
Ambiente Rural Urbano ou Marítimo Enterradas Imersão
Faixa de espessura ( µm ) 80 a 125 100 a 200 240 a 300 400 a 500 375 a 500
Tabela 3.4 - Preparo de superfície e espessuras da película recomendadas para jateamento abrasivo
Industrial Peças
Ambiente Rural Urbano ou Marítimo Enterradas Imersão
Nota: Utilizar a limpeza mecânica, no padrão de limpeza St 3, somente no grau C de enferrujamento, onde não existe mais
carepa de laminação presente na superfície da peça.
Tabela 3.5 - Preparo de superfície e espessuras da película recomendadas para limpeza mecânica
Os sistemas de pintura apresentados a seguir e suas expectativas de durabilidade, são baseados
no conhecimento e experiência prática dos autores. Devem ser entendidos como uma recomendação do
CBCA - Centro Brasileiro da Construção em Aço, sendo identificados pela sigla CBCA, seguido de um
núme- ro sequencial (Exemplo: Sistema CBCA-10).
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
N EPS EPS
Sistema Tipo Tinta demãos p/demão Total Observações
(µm) (µm)
3.4.5.1 Sistemas para peças enterradas ou imersas em água bruta ou em efluentes e esgoto
Preparação de superfície: mínimo Sa 3 da Norma SIS 05 59 00 67
Alcatrão de Hulha
Fundo 1 150 Sistema de custo alto por galão
Epóxi (preta)
Expectativa de durabilidade (7 a 11 anos)
Intermediária Alcatrão de Hulha 450 Tem boa resistência ao contato com água
CBCA-34 1 150 o
Epóxi (marrom) à temperatura de até 55 C
Este sistema não é indicado para água
Acabamento Alcatrão de Hulha potável
Epóxi (preta) 1 150
Nota: A tinta de fundo e a de acabamento é a mesma, porém, devem ser de cores diferentes para facilitar o controle da
aplicação e a fiscalização.
3.4.5.2 Sistemas para pintura interna de tanques e peças em contato com água potável
Preparação de superfície: mínimo Sa 3 da Norma SIS 05 59 00 67
Nota: A tinta de fundo e a de acabamento é a mesma, porém, devem ser de cores diferentes para facilitar o controle da
aplicação e a fiscalização. As tintas devem atender as exigências da Resolução no 105 da ANVISA (Ministério da Saúde)
para contato com água potável e com produtos alimentícios aquosos.
3.4.6 Sistema especial de pintura para peças em aço carbono e aço patinável que serão
cobertas por alvenaria
Nota: É importante garantir que não haja infiltração de água ou umidade no contato da tinta com a alvenaria. Se houver dúvida
na ocorrência de infiltração, é melhor especificar o Sistema CBCA-34.
Observações gerais para os sistemas: ras das tintas individuais, que podem variar, mas a
espessura total deve ficar dentro da faixa apresen-
DF = dupla função (primer e acabamento, tada na Tabela de preparo e espessura.
pois possui pigmentos anticorrosivos e coloridos)
• A calcinação não diminui significativamente
EPS = espessura da película seca em micro- a proteção anticorrosiva da pintura, mas afeta a
metros (m) estética com a perda de brilho e de cor.
WB = tinta à base de água (Water Based ou • Para o esmalte poliuretano, espessuras
Water Borne) me- nores do que 50 micrometros em geral,
tratam-se de tintas brilhantes e para espessuras
• A escolha de cada um dos sistemas acima
maiores do que 75 micrometros geralmente são
depende muito da obra, da disponibilidade de re-
semibrilhantes
cursos financeiros e da necessidade de cuidados
com o meio ambiente. • Convenciona-se que galvanizado novo é
aquele recém fabricado até com corrosão branca.
A expectativa de durabilidade estimada para
Para esta situação é indicada em todos os
os sistemas depende não só do tipo de tinta mas
sistemas a limpeza mecânica com lixa grana 100
também do fabricante, pois para um mesmo tipo
ou 120 ou scotch brite e tinta de aderência Epóxi-
pode haver desempenhos diferenciados. Os tem-
isocianato.
pos entre parêntesis são estimados até a primeira
manutenção e não incluem frestas, cantos e ares- • Quando o galvanizado já está
tas vivas, cordões de solda e empoçamento de apresentando além da corrosão branca a
água sobre a pintura. ferrugem marrom aver- melhada ou vermelha
escura ou preta, é indicada em todos os sistemas
• Os tempos de expectativa de durabilidade
a limpeza mecânica com escovas rotativas ao
nos sistemas acima são válidos quando a
grau St 3 da norma Sueca e a tinta Epoximastic
Manutenção Preventiva é realizada pelo menos
que é um “surface tolerant” . Esta situação exige
uma vez por ano. Como Manutenção Preventiva
uma tinta que tenha melhor tolerân- cia ao resíduo
entende-se Retoques feitos com pincel em cortes,
de ferrugem fortemente aderido que não foi
riscos, escoriações, ocorridas durante o transporte
possível remover com as escovas. Na maio- ria
e a montagem, ou falhas de aplicação como
dos casos, trata-se de telhados ou perfis de torres,
bolhas, furos, fissuras, trincas ou espessuras mais
que não podem ser jateados.
baixas, ocorridas durante a pintura ou logo após a
pintura. 3.5 Manutenção
O procedimento correto, para executar reto- Na manutenção, como a própria palavra
ques é lixar as regiões com problemas até atingir indica, deveriam ser mantidas as mesmas tintas
o metal e recompor o sistema com o primer e o do esquema original. Portanto nos trabalhos
aca- bamento ou com a intermediária, se houver. periódi- cos de retoques, o sistema inicial deve, na
medida do possível, ser recomposto.
• A durabilidade estimada serve para compa-
rar o desempenho de cada sistema de pintura. A A manutenção da pintura consiste de traba-
real durabilidade, logicamente depende do lhos de retoques ou repinturas sobre tintas já exis-
preparo correto da superfície, das técnicas de tentes. Portanto estas tintas envelhecidas,
aplicação das tintas e do controle das espessuras deverão estar em boas condições de integridade,
e das condi- ções climáticas no momento da sem destacamentos ou desgastes, para poderem
aplicação e cura das tintas. rece- ber as novas tintas. Pode ser necessária até
mes- mo a substituição total da pintura, isto é, a
• Na escolha dos produtos para compor o
remoção da pintura antiga, se ela estiver
sistema de pintura, deve-se observar as espessu-
comprometida. É importante também que os entre si.
sistemas novos e os antigos sejam compatíveis
Na execução da pintura de manutenção é • Aplicar a tinta de fundo original do sistema
imprescin- dível lembrar alguns conceitos: de pintura ou outra equivalente,
• Limpeza da superfície
• Aplicar uma ou duas demãos do
Poeiras , oleosidades, tintas soltas ou má aderidas e acabamen- to na região afetada ou em toda a
umidade são os contaminantes mais comuns que superfície.
prejudicam a aderência das tintas. O melhor método
de limpeza é a lavagem com água e tensoativos,
para eliminar o pó, as gorduras e os sais da
superfície.
• Lixamento
Área Área Aplicação Aplicação
O lixamento remove camadas superficiais da tinta enferrujada lixada do primer do acabamento
antiga, que podem estar comprometidas e com
baixa coesão. O abrasivo da lixa provoca sulcos e
riscos na
superfície, suficientes para possibilitar a aderência Figura 3.19 - Procedimento para repintura
das tintas novas sobre as antigas. No caso de calci-
nação, o lixamento elimina o material pulverulento É importante conhecer a natureza da tinta
que se forma sobre a pintura. A limpeza com de acabamento original, para evitar
mantas não tecidas do tipo Scotch Brite também
incompatibilida- des.
pode ser usada em substituição às lixas, em alguns
casos, com vantagens. Quando se trata de tinta de mesma
• Cores natureza, geralmente não há grandes dificuldades
de compa- tibilidade. No entanto se as naturezas
A pintura antiga, depois de sofrer a ação do
químicas das tintas antigas e das que serão
intempe- rismo, muda de cor e eventualmente de
brilho. A cor da tinta nova dificilmente vai “bater”, aplicadas forem diferentes, há necessidade de se
isto é coincidir com a antiga depois de aplicada em conhecer o tipo de tinta e se possível, realizar
forma de reto- que. Por isso é conveniente que se testes de compatibili- dade.
pinte o painel ou a peça toda, para evitar diferenças
significativas na cor das partes que sofreram
manutenção. Escolher uma área
• Lixar com lixa 100 ou 120, ou com manta Tabela 3.6 - Teste de verificação da compatibilidade
não tecida do tipo Scotch brite grosso, para remo- entre tintas
1
Noções de corrosão
CO2
O processo de corrosão pode ser visto como
Fe3O4 + 4 H2 -> 3 Fe + 4
H2O
sendo o inverso da metalurgia extrativa. No As reações básicas que ocorrem no alto-
proces- so siderúrgico, muita energia é gasta para forno são:
transfor- mar óxido de ferro em um produto final. O
minério de ferro entra no alto-forno tanto na forma
sinteriza- da quanto bitolada, e em conjunto com o
coque metalúrgico, fundentes e ar insuflado, forma
uma liga impura conhecida como ferro-gusa. O
ferro- gusa é processado, em seguida, na aciaria,
onde os teores de certos elementos químicos são
reduzidos (como carbono, o silício, o fósforo e o
enxofre) e outros elementos são adicionados, para
conferir certas propriedades ao aço. A liga é, em
seguida, conformada em chapas, perfis, etc. A
corrosão é o processo inverso ao da siderurgia, ou
seja, o ferro retorna de forma espontânea aos
óxidos que lhe deram origem.
Reações:
Siderurgia
O ferro-gusa líquido é retirado da parte inferi- Pode-se dizer que os alimentos básicos da
or do alto-forno. corrosão são: o oxigênio e a água.
O processo de corrosão por outro lado, leva A corrosão pode ser classificada de diversas
o metal à sua forma oxidada: formas. Para não estender o assunto mas
apresen- tar uma noção do que é corrosão,
4 Fe + 3 O2 + 2 H2O -> 2 Fe2O3 . H2O (ferrugem) especialmente para estruturas e equipamentos em
aço, vamos classificar os processos corrosivos da
Como se observa na reação de corrosão, é
seguinte maneira:
imprescindível a presença de oxigênio e água. O
oxigênio está no ar atmosférico (constituído, apro- 4.1.2.1 Corrosão generalizada
ximadamente, por oxigênio (20%), nitrogênio
(79%) e quantidades ligeiramente variáveis de Corrosão uniforme
vapor d'água, dióxido de carbono, argônio e outros
gases nobres) e a água pode estar na forma Corrosão uniforme é aquela que ocorre
líquida ou de vapor. A simples umidade relativa do quan- do o aço está exposto ao ar atmosférico e
ar forne- ce a água necessária para que a reação sofre a ação da umidade e do oxigênio. A corrosão
se realize. desta maneira acontece em toda a extensão da
superfície com perda uniforme da espessura com
formação
de escamas de ferrugem. Pode ser chamada tam- Corrosão em frestas
bém de corrosão generalizada, mas segundo o
Prof. Vicente Gentil este termo não é corretamente Se há uma fresta na junção de duas peças
aplicado pois pode-se ter também corrosão por de aço e o eletrólito e o oxigênio conseguem
pites ou alveolar de maneira generalizada por toda penetrar, forma-se uma célula de oxigenação
a superfície metálica. diferenciada. A diferença de concentração de
oxigênio produz corrosão. Justamente onde a
quantidade de oxigê- nio é menor , isto é, no
interior da fresta, por causa da dificuldade de
Figura 4.2 - Corrosão uniforme
acesso para o oxigênio, a área é anódica e o ferro
passa para a solução na forma de íons. Na área
4.1.2.2 Corrosão localizada
externa, há maior concentração de oxigênio e
Corrosão por placas água e por isso esta parte se comporta como
catodo e não sofre corrosão. Já na área
Corrosão por placas é aquela em que a intermediária, entre o anodo e o catodo há a
ocor- rência se manifesta em regiões da superfície forma- ção da ferrugem.
metá- lica e não em toda a sua extensão,
formando placas com escavações.
Baixa
Figura 4.3 - Corrosão por placas concentração
Eletrólito de oxigênio
Corrosão alveolar
A corrosão por pites ou também chamada de Reações eletroquímicas que ocorrem nas
puntiforme ocorre em pontos ou em pequenas frestas:
áreas localizadas na superfície metálica produzin-
do cavidades que apresentam profundidade geral- Na área anódica (menos aerada por que o
mente maior do que seu diâmetro. Estas ar tem dificuldade de penetrar e por isso com
cavidades são chamadas em inglês de “pitting” e baixa concentração de oxigênio):
traduzidas para o português ficaram pites. O 2+
problema maior deste tipo de corrosão é que Fe -> Fe + 2e-
dependendo da espes- sura da chapa, podem
Na área anódica ocorre a desintegração do
apresentar perfurações que atravessam a
ferro metálico, pois ele passa para a solução de
espessura.
eletrólito na forma de íons e se dissolve. O íon
2+
ferroso Fe forma compostos solúveis em água.
Elementos metálicos
Potencial Anódico
Menos nobre
Magnésio Alumínio Zinco Cromo -1,55 Mais eletronegativo
Ferro Níquel -1,34
-0,76
-0,55
-0,43
-0,22
Hidrogênio 0,00
Cobre +0,34
Prata +0,80
Mais eletropositivo
Mais nobre
Catódico
ANÓDICO
Magnésio
Zinco
Aço Galvanizado
Alumínio e Ligas
Cádmio
Aços Carbono
Aços de baixa liga e Alta resistência
Ferro fundido
Chumbo
Latão
Bronzes
Cobre
Aços Inoxidáveis
Titânio
C AT Ó D IC
visualizadas no livro "Corrosão" do Prof. Vicente
A tabela 4.1 não apresenta correlação com Gentil.
a tabela 4.2. Por exemplo, na tabela 4.1 podemos
ver que o Cromo é menos nobre que o Ferro, o Também a concentração do eletrólito influi
Níquel, o Cobre ou a Prata, o que não se observa na velocidade de corrosão: Quanto maior a
na práti- ca. O Cromo se passiva e não se corrói. concentra- ção de sais ou de ácidos ou de gases
É o que ocorre com o aço inoxidável passivado. corrosivos, maior será a velocidade de corrosão.
Na tabela Estes são chamados de eletrólitos fortes.
4.2 ele aparece como um dos mais nobres, por
causa principalmente do Cromo que há na sua Se por exemplo, colocarmos em contato em
composição. A tabela 4.1 é empregada em traba- um eletrólito, uma barra de cobre e outra de aço
lhos acadêmicos, onde se utilizam elementos (ferro), o anodo será o aço, pois é mais
metálicos puros, já a tabela 4.2 é mais útil para a eletronega- tivo do que o cobre e se o eletrólito é
engenharia e para trabalhos de escolha de materi- o ácido sulfúri- co, o ferro se dissociará em íons
ais que ficarão em contato. Pode ser observado ferro (Fe) que se combinarão com os íons sulfato
que quanto mais distante entre si, maior é a (SO4) do ácido e formarão sulfato ferroso (Fe
diferen- ça de potencial e por isso maior será a SO4).
velocidade da corrosão, quando os metais são
colocados em contato em presença de um Na reação há liberação de hidrogênio que
eletrólito. Estas tabelas podem ser melhor se combina com outro hidrogênio e forma o gás
hidro- gênio (H2).
2e - de corrosão eletroquímica começa a funcionar e a
micro-área anódica irá sofrer corrosão.
Fe Fe H2
Ambiente seco Eletrólito
Fe Fe Fe SO4 H2 SO4 A C A C A C A C A A C A C A C A C A
Fe C A C A C A C A C C A C A C A C A C
H2
Fe 1 - Não há corrosão 2 - As micro áreas anódicas
começam a se decompor
Fe Fe Fe SO4 H2 SO4
Fe Fe Eletrólito Eletrólito
A C A C A C A C A A A A A
FeSO4 C A C A C A C A C A C A C A C A C A
Figura 4.10 - Corrosão no anodo de ferro em contato com 3 - As microáreas anódicas 4 - Inversão da polaridade.
catodo de cobre e em presença de eletrólito ácido sulfúrico desaparecem Microáreas catódicas
passam à anódicas
Fe + H2O + ½ O Fe(OH)2 A C A C A C A C A A A A A
2
5 - As novas microáreas 6 - O aço se corrói totalmente
anódicas também transformando-se em ferrugem
Ácido sulfúrico se decompõe
Fe + H2SO4 FeSO4 + H2 Figura 4.11 - Desenho esquemático da corrosão
em superfícies de aço
Ácido clorídrico
4.1.3 Meios corrosivos
Fe + 2HCl FeCl2 + H2
Para estruturas e equipamentos em aço, o
Ácido nítrico meio corrosivo mais importante é a atmosfera.
Fe + 2HNO3 Fe(NO3)2+ H2
4.1.3.1 Corrosão atmosférica
Ácido carbônico
Fe + H2CO3 FeCO3 + H2 A corrosividade da atmosfera depende de:
por con- densação de vapores ácidos, a pilha, isto
No caso de uma peça de aço, isolada, sem é, a célula
contato com outra peça, como explicar a corrosão
generalizada que ocorre em sua superfície?
sem presença de filme de eletrólito na superfície mente seca ou somente molhada o tempo todo,
metálica, há uma lenta oxidação. O próprio óxido são situações menos agressivas do que a
dificulta o prosseguimento da corrosão. alternância molhada e seca, na qual a corrosão é
acelerada.
Eletrólito é Á F P
um meio líquido g il r
condutor de eletri- u m o
a e d
cidade, no qual o d u
transporte de d e t
e e o
cargas se realiza l
por meio de íons. c e d
Eletrólito forte é h tr e
u ó
uma substância v lit c
a o o
s molhad r
r
a
o
seca
s
ã
o
que, em solução, AÇO
se dissocia A
AÇO
Ç
totalmente em
íons. Para o nosso
caso, a umidade
condensada sobre
a
Em atmosfera seca, ou com baixa umidade, superfície favorecendo a corrosão. Superfície so-
AÇ O • Atmosferas Como poluentes,
superfície absorve Figura 4.14 - agressivas podemos citar os
gases e sais da Efeito vapores, os gases
da Vamos
atmosfera e deixa Grau e as poeiras não
alternâ
de ser um líquido ncia de considerar naturais. Os
isolante elétrico entre o form atmosferas agentes agressivos
molha ação
para ser condutor mento
agressivas, as que mais importantes
de eletricidade. ea d contém poluentes e
e em cada ambiente
secag névoas salinas.
O
2 em da são:
O
2 superfí ó
O
2 cie do
aço Meio Agentes agressivos
0
Sol, Chuva, Umidade e Poeira do solo
• Tempo de Rural
(baixos teores de poluentes)
permanência do 2
Sol, Chuva, Umidade, Fuligem e SO2
eletrólito na Urbano 0
(depende da intensidade do tráfego)
O superfície 4 Sol, Chuva, Umidade, Fuligem, Poeira
2 Industrial0 de produtos químicos
O A e gases (SO2, CO2 e H2S)
2 Ó
O x permanência do 6 Sol, Chuva, Umidade, Poeira de areia
2 eletrólito na Marítimo0 e Névoa salina (predomina o Cloreto
O i de sódio - NaCl)
2 d superfície também
o influi na corrosão e 8
quanto maior é o 0
tem- po, maior é a
AÇO 1
ação corrosiva
sobre o aço. 0
0
Figura 4.12 - • Temperatura U
Corrosão do aço m
em ambiente
A i
seco
temperatura influi d
na corrosividade, a
Em d
atmosferas com porque há menor
e
umidade relativa possibilidade de
acima de 60 % há condensação da r
condensação de umida- de do ar e
um filme fino de quando a l
eletró- lito na temperatura a
superfície. A ambiente é alta. t
Quando a i
velocidade da
temperatura é v
corrosão depen- de
a
da umidade baixa há maior
relativa, dos possibilida- de de (
poluentes condensação e de %
atmosféricos e da adsorção de gases )
higroscopicidade ácidos e
corrosivos. Figura
dos produtos de 4
corrosão. .
Noções de corrosão
1 a
3 r
-
Com a
G
r
umidade relativa
á perto de 100%
f ocorre
i
c condensação na
Tabela 4.3 -
o superfície Agressi
d
metálica. vidade
das
a Também com atmosfe
água de chuvas ras em
t função
a observa-se que a
do meio
x superfície fica
a molhada com o
d eletrólito.
e
Em
c
seguida, o
o
r vento e o
r calor do sol
o secam a
s
ã
o
e
m
f
u
n
ç
ã
o
d
a
u
m
i
d
a
d
e
r
e
l
a
t
i
v
a
d
o
Sol, chuva, umidade e poeiras do solo são O H2S é um gás que se encontra nos
agentes naturais e mesmo em ambiente rural eles ambien- tes de refinarias de petróleo e próximo de
sempre estarão presentes. rios de- gradados como o Rio Tietê e o Rio
Pinheiros, am- bos em São Paulo - SP. Não há
A fuligem é uma poeira originada na queima
necessidade de umidade relativa do ar elevada
de combustíveis (um pó preto). Sua ação
para o H2S que é um gás muito ácido e corrosivo,
corrosiva é devida à higroscopicidade das
atacar o aço carbono e o cobre e suas ligas.
partículas e ao caráter ácido da poeira, que é
resultante da queima de compostos contendo O CO2 pode ser encontrado na natureza pois
enxofre. Na fuligem pro- duzida pela queima de os seres humanos, os vegetais e os animais ao
óleo diesel e óleo combustí- vel, é encontrado
respirarem produzem o CO2. Já nos ambientes
resíduo de ácido sulfúrico.
industriais, e nos centros urbanos de tráfego inten-
O SO2 (Dióxido de enxofre ou anidrido sulfu- so, o CO2 é produzido pela queima dos
roso) é um gás produzido na queima de combustíve- is. A queima completa de
compostos de enxofre contido nos combustíveis hidrocarbonetos produz água e CO2 que
como o diesel e o óleo BPF. dissolvido na água produz ácido carbônico, que
reagindo com o aço produz carbo- nato de ferro. O
O SO2 , em presença de oxigênio do ar carbonato de ferro não é tão solúvel como o
atmos- férico e de alguns metais como o Vanádio, sulfato, portanto a corrosão não é tão grave como
que está na composição do aço, se transforma em com o anidrido sulfuroso ou com o anidrido
SO3, que dissolvido em água gera ácido sulfúrico. sulfúrico.
Por isso em meios industriais e centros de cidades
com tráfego intenso de ônibus e de caminhões e Em um ambiente marítimo, onde a névoa
muitas caldeiras de indústrias, de hotéis, e de salina é produzida pela rebentação das ondas nas
hospitais, há a chamada chuva ácida. praias, a nebulização da água (spray) é levada
pelos ventos para a orla marítima e cai por
Ação dos anidridos sulfuroso e sulfúrico gravida- de. Quanto mais próximo da praia, maior
SO2 + H2O -> H2SO3 (ácido sulfuroso) é a pre- sença de névoa salina no ar. Nos mares,
(sulfato a água tem cerca de 3,5% de Cloreto de Sódio.
2 Fe + 2 H2SO3 + O2 -> Fe2(SO4)3 + Outro fato
H2O férrico) que colabora para a névoa salina ser corrosiva é
SO2 + ½O2 -> SO3 que a água salgada condensada é um eletrólito
SO3 + H2O -> H2SO4 (ácido sulfúrico) forte. Para que a corrosão ocorra, em uma
(sulfato
superfí-
2 Fe + 2 H2SO4 + O2 -> 2Fe2SO4 + 2H2O 0 20 40 60 80 100
Umidade relativa (%)
ferroso)
Figura 4.15 - Corrosão do aço em função da umidade relativa
120 contendo 0,01% de SO2 durante 55 dias de exposição
Au 100
m
en
to 80
de
pe
so 60
(m
g/
d
40
m2
)
20
cie de aço carbono é necessário que haja áreas barato e apropriado para proteção de estruturas e
com potenciais elétricos diferentes, contato equipa- mentos de aço contra a corrosão. A
elétrico entre estas áreas e presença de um facilidade de aplicação e de manutenção faz da
eletrólito (líqui- do condutor de corrente elétrica pintura o método mais viável para a proteção
através de íons). destas superfícies. A tinta é muito eficiente na
proteção anticorrosiva, basta verificar que as
4.2 Proteção contra a corrosão por pintura películas mais espessas de esquemas de pintura
para aço exposto à corrosão atmosférica, são da
A pintura é sem dúvida o método mais ordem de ¼ de mm, ou 250
micrometros. No entanto é necessário escolher menos permeáveis. Por isso o formulador de tintas
bem as tintas apropriadas para executar esta tem que contar com resinas, o mais impermeáveis
tarefa de proteger a superfície metálica. Por isso possível, para que a tinta anticorrosiva tenha vida
vamos conhecer como as tintas atuam e como são útil longa.
seus mecanismos de ação.
Pela ordem, das mais permeáveis às mais
4.2.1 Tintas anticorrosivas impermeáveis, podemos classificar as tintas alquí-
dicas, as epoxídicas e as poliuretânicas.
Chamamos de tintas anticorrosivas aquelas M
ai alq M
nentes. e poliu en
que são exclusivas para superfícies metálicas, de suíd p o
reta s
per ico ó no p
secagem ao ar e que podem ser mono ou Podem ser de meá x
bicompo- e
alto ou baixo veis i
r
sólidos, de m
alta ou e
á
v
e
i
s
baixa espessura e
à base de água ou É
de solventes fundamental que a
orgânicos. Quando tinta tenha boa
são tintas de fundo aderên- cia, pois se
ou dupla função, houver qualquer
isto é, fundo e falha na película ou
acabamento danos durante a
(epoximastic), é sua vida útil, em
necessário que que o metal base
tenham pigmentos foi exposto, a
anticorrosivos em corrosão que se
sua composição. inicia nesta região
não avança, pois a
4.2.2 aderência restringe
Propriedade o seu movi- mento
s por baixo da
importantes película.
Para que Em qualquer
possam ter alto tinta a aderência é
desempenho, estas uma proprie- dade
tintas devem importante, mas
possuir pelo menos nas tintas
três propriedades anticorrosivas ela é
importantes: maior ainda, pois
aderência, não se concebe
impermeabilidade e uma tinta anti-
flexibi- lidade. corrosiva que não
tenha boa
4.2.2.1
Aderência aderência.
Noções de corrosão
Com base
nestas afirmações,
podemos dizer que
as tintas
epoxídicas, são as
que mais atendem
as exigências das
tintas
anticorrosivas. As
resinas epoxídicas
possuem ótima
flexibilidade, são
muito
impermeáveis e
por causa da sua
natureza química
aderem
firmemente aos
As tintas epoxi-betuminosas são as mais
Eletrólito
apropriadas para peças que trabalham imersas
em águas de processo (não potável) ou Eletrólito TINTA
efluentes A A A A
industriais ou simplesmente peças enterradas, por A C C C C A C A C A C A C A
que
são de alta espessura e de alta
Se o eletrólito estiver A tinta faz uma barreira e
impermeabilidade. presente, haverá consumo impede a dissolução da
do anodo micro-área anódica
4.2.2.3 Flexibilidade
Figura 4.17 - Mecanismo de ação da tinta que
Aparentemente, esta propriedade das tintas atua por barreira
não tem muita importância se considerarmos que
uma viga ou uma coluna ou uma peça metálica 4.2.3.2 Proteção anódica
não sofrerão dobramentos ou flexões durante a
sua vida útil. Mas não podemos deixar de lembrar As tintas que protegem por proteção
que com a variação da temperatura da noite para anódica são aquelas que possuem em sua
o dia, do inverno para o verão, a superfície composição os pigmentos anticorrosivos de
metálica irá sofrer dilatação e contração e a tinta inibição anódica. Inibição anódica é a ação dos
deverá acom- panhar os movimentos da base sem pigmentos que têm a propriedade de alterar a
se fissurar ou trincar. Onde houver uma fissura, o agressividade do meio corrosivo e formar
meio agressivo encontrará o caminho mais fácil camadas isolantes junto ao metal, quando os
para alcançar o metal. As tintas portanto devem agentes corrosivos atravessam a película da tinta.
ter boa flexibilidade inicial e permanecer com boa Exemplos: zarcão, cromato de zinco, fosfato de
flexibilidade durante toda a vida útil da pintura, por zinco, silicato de cálcio, etc.
longos períodos. Camada de
íons
4.2.3 Mecanismos de proteção das tintas depositados
Por isso, o alumínio pode proporcionar uma catódica. Somente o zinco entre os
ótima proteção por barreira, mas não proteção pigmentos metálicos pode atuar em tintas
Noções de corrosão
produzindo excelen- te proteção catódica.
• Acessibilidade
Limpeza por
• Frestas e espaços estreitos jateamento 800 200 a 400 60 a 90
abrasivo
• Retenção de água Limpeza por
ferramentas
• Arestas e bordas mecânicas
- por pistola
• Soldas irregulares de agulhas 250 a 350 0 30 a 90
- por escovamento
• Conexões parafusadas: /lixamento 100 a 150 0
Limpeza por
- ligações à força cortante com ferramentas
parafusos de alta resistência manuais
- por escovamento
- chapas de ligação parafusadas 100 0 0 a 30
/raspagem
Metalização
• Parafusos, porcas e arruelas por aspersão 300 150 a 200 90
térmica
• Vigas Alveolares e Perfis Tubulares Aplicação de tintas
- por pistola 200 a 300 200 a 300 90
• Chanfros - por pincel 200 0 45 a 90
- por rolo 200 0 10 a 90
• Enrijecedores
Tabela 4.4 - Espaço recomendado para operação
• Prevenção de corrosão galvânica em função do comprimento e ângulo da ferramenta
4.3.1 Acessibilidade
70
0
h
500
100
Para possibilitar a preparação, a pintura e a 50
manutenção de uma superfície, um operador tem
h (m m)
de ser capaz de ver e alcançar a superfície com 100 700 1000
Figura 4.25 - Distância mínima em função do alcance
suas ferramentas. máximo, em espaços estreitos
a
A distância mínima permitida (a) entre a se-
ção e a superfície adjacente é possível de ser en-
contrada por interpolações no gráfico da figura
4.26.
h
a
a
Na maioria dos ambientes corrosivos o
espa- ço deve ser preenchido com uma lâmina de
aço que ultrapassa a seção da junta e é soldada
em toda a volta.
h
Acúmulo
de água Solda
a
(m a
m)
800 ruim melhor
700
600
500
200
Soldas
100 Fresta contínuas Fresta
fechada
Massa
Fresta de Predisposição à corrosão Aplicar a pintura até uma
vedação profundidade de aproximadamente
ruim melhor 5 cm dentro do concreto
Figura 4.29 - Situações que favorecem a corrosão
Figura 4.27 - Frestas e como evitar corrosão nestes locais e como podem ser melhoradas
4.3.3 Retenção de água abertura
Configurações de superfícies nas quais a
água pode ficar retida, assim como a presença de
materiais estranhos como sujeiras, que aumentam
a condição corrosiva, devem ser evitadas. O proje-
tista deve também ter cuidado com possíveis efei-
tos de escorrimentos, de ferrugem de um aço co-
mum sobre um aço inoxidável, com conseqüente
corrosão ou manchamento do aço inox.
Tinta
d
sujeira água e sujeira
aço aço
ruim
melhor
ruim bom
d > 1 mm d
Figura 4.30 - Desenhos que favorecem a retenção
de água e sujeira e como podem ser melhorados
Arestas vivas Arestas chanfradas
chanfro Tinta
Água r
corrosão
empoçada
aço
bom
r > 2 mm
ruim bom
Arestas arredondadas
Figura 4.31 - O acúmulo de água na região de engaste
do aço no concreto deve ser evitado Figura 4.33 - Arestas vivas, chanfradas e arredondadas
1
Noções de corrosão
4.3.7 Vigas alveolares e perfis tubulares Quando enrijecedores são necessários, por
exemplo entre a aba e a flange, é essencial que a
Já que elas minimizam a área de superfície interseção entre o enrijecedor e os componentes
exposta a corrosão atmosférica, as vigas alveola- adjacentes sejam soldados em toda a volta, para
res (interior acessível) e os perfis tubulares prevenir a formação de frestas. O desenho do
(interior inacessível), têm para efeito da corrosão, enrijecedor não deverá permitir a retenção de
um for- mato de seção transversal satisfatório, depósitos de água e deverá permitir acesso para a
contanto que sejam cumpridas as exigências preparação de superfície e para a aplicação das
dadas abaixo. tintas. Um desenho ilustrativo pode ser visto no
anexo C da norma.
• Vigas alveolares com componentes
recorta- dos ou furados e perfis tubulares com 4.3.10 Prevenção de corrosão galvânica
extremidades abertas, e expostos à umidade,
deverão ser provi- dos de aberturas para drenos e Onde existir uma junção eletricamente con-
efetivamente prote- gidos contra a corrosão. dutora entre dois metais de diferentes potenciais
eletroquímicos, em condições de exposição contí-
• Vigas seladas e perfis tubulares fechados, nua, ou periódica à umidade (eletrólito), a
deverão ser inacessíveis ao ar e à umidade. Para corrosão do menos nobre dos dois metais irá
este propósito, suas bordas deverão ser fechadas ocorrer. A formação deste par galvânico também
por meio de soldas contínuas e qualquer abertura acelera a taxa de corrosão do menos nobre dos
deverá ser selada. Durante a montagem de tais dois metais. A taxa de corrosão depende entre
componentes, cuidados deverão ser tomados para outros fatores, da diferença de potencial entre os
assegurar que a água não penetre e que não fique dois metais em contato, suas áreas relativas e da
água retida no seu interior. natureza e do período de ação do eletrólito.
Portanto cuidados deverão ser tomados, Uma estrutura tubular é mais adequada,
quando são juntados componentes metálicos quanto ao controle da corrosão, do que uma com-
menos nobres (mais eletronegativos) com compo- posta por cantoneiras. Do ponto de vista das
nentes metálicos mais nobres. Particular atenção tintas, a solução tubular apresenta maior
deverá ser dada onde o componente metálico facilidade de pintura. Se os tubos utilizados na
menos nobre tiver área superficial menor, em com- estrutura tiverem suas extremidades tapadas com
paração com o de metal mais nobre. Não há obje- tampas perfeita- mente soldadas, não há
ção ao uso, sob condições menos severas, de necessidade de pintar a parte interna, pois não
presilhas ou ganchos feitos com aço inoxidável em entrando umidade, a corro- são do aço é mínima e
componentes feitos com metais menos nobres. totalmente insignificante.
Arruelas tipo mola (por exemplo arruelas de trava-
mento e arruelas serrilhadas), entretanto, não
deverão ser usadas, pois elas podem causar gran-
de diminuição da durabilidade da junta, já que
provocam corrosão por fresta.
CORDÃO DE SOLDA
PERFIL BEM
POSICIONADO
Figura 4.40 - A tinta deve ser aplicada em faixas mais Facilidade para pintura
largas do que o cordão de solda à pincel
Figura 4.42 - Se o cordão não puder ser contínuo,
melhor vedar as frestas com massa
Os cordões de solda e pontos de solda
Cordões de solda nem sempre podem ser
devem ter cuidados especiais pois são áreas que
contínuos. Para evitar as frestas provocadas pelo
sofrem aquecimento até a fusão dos metais e por
cordão descontínuo pode-se utilizar massa de
isso durante o resfriamento ficam sujeitas a
vedação como as de silicone (difícil aderência das
tensões e formação de carepa e resíduos do fluxo
tintas) ou de poliuretano ou epóxi rígido ou
de solda, que na maioria dos casos é solúvel em
flexível.
água (po- dem provocar bolhas por osmose). Além
disso, geralmente são irregulares, com É necessário que antes da massa, seja apli-
reentrâncias, furos e porosidade e formam pares cada uma tinta de fundo anticorrosiva (primer)
bimetálicos (células de corrosão eletroquímica). adequada.
Sempre que possível, estas regiões devem ser seco
jateadas, ou pelo menos alisadas com discos C
abrasivos ou esmeril. A tinta deve ser aplicada em H
faixas mais largas do que o cordão ou o ponto de U
solda. O pintor deve bater o pincel V
A
cuidadosamente e esfregar a tinta na região,
R
para que ela penetre nas irregularidades produzin- E
do um reforço de pintura nestas regiões críticas. O S
P
reforço deve ser feito antes de cada demão I molhado
normal aplicada depois, por pincel mesmo, por N
G
rolo ou por pistola. O Reforço de pintura
corrosão S (~50 cm)
Cordão de solda Figura 4.43 - Desenho demonstrando porque as partes
descontínuo baixas de colunas devem ser reforçadas
PERFIL
INVERTIDO
Dificuldade de acesso
- DIAS, LUIS ANDRADE DE MATTOS - "Estruturas de aço: conceitos, técnicas e linguagem", Zigurate
Editora, 1997 - São Paulo
- FAZANO, CARLOS ALBERTO T.V. - "Tintas - Métodos de controle de pinturas e superfícies", Hemus
Editora Ltda - São Paulo
- GROSS, W.F. - "Applications manual for painting and protective coatings", New York, Mac Graw- Hill
- KEANE, J.D. - "Good painting practice", 2ª Ed. Pittsburgh, Steel Structures Painting Council
- KEANE, J.D. - "Systems and specifications", 3ª Ed. Pittisburgh, Steel Structures Painting Council
- NUNES NEY VIEIRA - "Pintura industrial aplicada", Maity Comunicação e Editora Ltda - Rio de
Janeiro
- PARKER, D.H. - "Principles of surface coating technology", New York, Interscience Publishers
- PAYNE, H.F. - "Organic coating technology", 4ª Ed. - New York, John Wiley
- SCHMID, ERIC V. - "Exterior durability of organic coatings", Surrey, England, FMJ International
Publications Limited
- SOUZA, UBIRACI E. L. DE & CELSO GNECCO - "Proteção contra a corrosão", Publicação técnica
PT 07 - Núcleo de Tecnologia da Construção Metálica - Escola Politécnica da USP
- SWARD, G.G. - "Paint testing manual", 13ª Ed. Philadelphia, American Society for Testing and
Materials
- TANAKA, DENIOL K. - "Corrosão e proteção contra corrosão de metais", Publicação IPT nº 1127 -
Instituto de Pesquisas Tecnológicas - São Paulo
Agradecimento dos autores ao Eng. Fábio D. Pannoni pela colaboração em textos e conceitos.