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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014 V Enebio e II Erebio Regional 1

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO NA


ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA: O DESENVOLVIMENTO DE UMA
NOVA PERCEPÇÃO SUSTENTÁVEL.

Wania Elisa Martins (Universidade UNIGRANRIO)

Thaynara Nascimento dos Santos (Universidade UNIGRANRIO)

Luciana Ribeiro Leda (Universidade UNIGRANRIO)

RESUMO
O presente estudo analisou as possíveis soluções para o descarte indevido do lixo. A
pesquisa foi realizada com alunos do ensino médio, objetivando utilizar a Metodologia
da Problematização e o Arco de Maguerez para o desenvolvimento de saberes inerentes
sobre a alfabetização ecológica e o lixo. A problematização foi realizada visando a
análise da realidade e a transformação da mesma por eles encontrada. Diante dos
resultados, verificou-se que os alunos obtinham conhecimento prévio sobre os
problemas e danos que o lixo poderia causar. Dessa forma, a metodologia possibilitou
aos alunos refletir, questionar e transformar, mesmo que em pequena parcela, os
problemas encontrados pelo descarte do lixo.
Palavras-Chave: Metodologia da Problematização; Alfabetização Ecológica; Lixo;
Ensino Médio.

1. INTRODUÇÃO
O Parâmetro Curricular Nacional (PCN) para o ensino de Ciências, afirma que
a educação ambiental deve ser um processo permanente em que os indivíduos e a
comunidade tomem consciência do seu meio ambiente, adquirindo conhecimentos,
valores e habilidades a fim de se tornarem aptos a agir individualmente e coletivamente
na resolução dos problemas ambientais presentes e futuros (BRASIL, 1997).
Este documento coaduna com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) quando esta
informa que “a educação tem como finalidade educar para a cidadania, isto é
desenvolver competências de interação e participação social” (BRASIL, 1996). De
acordo com o PCN, a educação para cidadania ocorre a partir da abordagem dos
conteúdos curriculares e dos temas transversais que perpassam os referidos conteúdos,
com intuito de promover uma reflexão sobre o ensino, aprendizagem e seus valores,
procedimentos e concepções a eles relacionados, possibilitando ao aluno, analisar sua
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forma de viver e aplicar a sua realidade (BRASIL, 1997).


Um dos desafios da educação para a cidadania é a Alfabetização Ecológica
(CAPRA, 1999). Para Capra (1999), há uma necessidade imperativa do ser humano
compreender os princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para
sustentar a teia da vida, sendo possível reformar as instituições sociais. O referido autor
(1999) afirma que a sabedoria da natureza, que fez com que os ecossistemas se
organizassem de forma a maximizar a sustentabilidade em mais de três bilhões de anos
de evolução, é o motivo para se confiar na necessidade de se aprender lições a partir dos
princípios da ecologia. Orr (1992) complementa informando que uma pessoa
ecologicamente alfabetizada é aquela que possui o senso estético de encantamento com
o mundo natural e com a teia da vida. A finalidade da Alfabetização Ecológica se
baseia, então, na possibilidade de nutrir esse sentimento de afinidade para com o mundo
natural, ou seja, despertar a biofilia nos educandos (ORR, 1992). Para Orr (1992), a
condição essencial para a Alfabetização Ecológica é a necessidade da experiência direta
com a natureza, oportunidade essa que se articula com uma tendência da educação
ambiental, a “educação no meio ambiente”.
A necessidade que Orr (1992) destaca, pode ser vivenciada por meio da
Metodologia da Problematização, um caminho metodológico capaz de desenvolver
habilidades reflexivas e criativas, pois permite ao aluno observar e identificar os
problemas existentes (BERBEL, 1999). Esta Metodologia utiliza o Arco de Maguerez
(Figura 1), tendo como ponto de partida e de chegada a realidade social (BORDENAVE
& PEREIRA, 1997; COLOMBO & BERBEL, 2007).

Figura 1: Arco de Maguerez utilizado na Metodologia da Problematização


Para Bordenave (1997) “o Arco de Maguerez auxilia na problematização, pois a
aprendizagem torna-se uma pesquisa em que o aluno passa de uma visão “sincrética” a
uma visão “analítica” do mesmo, através de sua teorização para chegar a uma síntese
provisória, que equivale à compreensão. Desta apreensão ampla e profunda da estrutura

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do problema e de suas consequências nascem “hipóteses de solução” que obrigam a


uma seleção das soluções mais viáveis. A síntese tem continuidade na práxis, isto é, na
atividade transformadora da realidade”.
Villalta (2003) afirma que dentro de uma realidade há uma rede de problemas
ambientais e, um dos mais importantes é o descarte indevido do lixo, cujo tema é uma
das peças de uma engrenagem que não funcionam e emperra todos os outros
mecanismos de funcionarem.
Tendo em vista esse conjunto de considerações, o trabalho teve como objetivo
utilizar a Metodologia da Problematização e o Arco de Maguerez, para o
desenvolvimento de saberes inerentes ao tema “descarte inadequado do lixo”.

2. METODOLOGIA
A pesquisa, que foi realizada nos dias 20 e 27 de maio e 03 de junho de 2013,
fez parte do Trabalho de Conclusão de Curso de duas das autoras. Nos dias
supracitados, a metodologia foi aplicada no Colégio de Aplicação (CAP) da
UNIGRANRIO, Unidade Lapa/RJ, instituição de ensino particular, vinculada à
Universidade UNIGRANRIO. O Colégio possui alunos matriculados no Ensino
Fundamental II (6° ao 9° ano) e no Ensino Médio (1º a 3º séries), atingindo um total de
450 alunos. O público alvo do trabalho correspondeu a 30 alunos da 1ª série do ensino
médio, turno manhã, possuindo idades variando entre 14 a 19 anos.
2.1. Etapas da Pesquisa:
Utilizou-se a Metodologia da Problematização, onde esta foi dividida em três
encontros (Tabela 1). Em acordo com a professora regente, foi destinada uma aula por
semana, para que a mesma pudesse dar continuidade aos conteúdos, sem que os alunos
fossem prejudicados.
Etapa / Observação da Pontos-chaves Teorização Hipóteses Aplicação à
Semana realidade de solução Realidade
Desenho Eleição e
1° semana Tempo: 40min categorização dos
pontos chaves
Tempo: 10min
Filme e
2° semana palestra
Tempo:
50min.
Hipóteses Cartazes e mural
de solução informativo/
3° semana Tempo: Tempo: 50 min
10min
Tabela 1: Atividades realizadas, pelas semanas, de acordo com as Etapas do Método do Arco.

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2.1.1. Primeira Etapa: Observação da realidade


Almejando diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos, a turma foi
dividida em grupos de cinco componentes e cada um realizou desenhos em cartolina,
abordando a realidade encontrada no em torno da escola, fatos reais que eles mesmos
conhecessem. Após a realização dos desenhos, os mesmos foram afixados no quadro e
um representante de cada grupo o explicou para socializar os conhecimentos.
2.1.2. Segunda Etapa: Identificação dos pontos chaves.
Findada a explanação dos desenhos, solicitou-se aos alunos que pontuassem –
com base nos desenhos – os principais problemas existentes, onde foram definidos os
pontos chaves. Para isso, as palavras foram escritas em papel pardo e em seguida
categorizadas de acordo com a natureza dos problemas citados.
2.1.3. Terceira Etapa: Teorização/Problematização
Esta etapa iniciou-se com a exibição de um documentário: “A História das
Coisas” (LEONARD, 2008). Após a exibição foi realizada uma análise oral das
principais questões relacionadas ao tema lixo encontradas no filme. Em seguida,
realizou-se uma palestra onde foram destacados e dialogados os principais problemas
em relação ao descarte indevido do lixo. Neste momento, foram passadas informações
como legislação, estatísticas, sociais e históricas de maneira crítica e reflexiva.
2.1.4. Quarta Etapa: Hipóteses de solução
A referida etapa objetivou estimular a realização de propostas, por parte dos
alunos, para solucionar os problemas citados e que poderiam cooperar para a resolução
da problemática na escola. Após a reflexão e questionamento sobre o tema descarte
indevido do lixo, os alunos reestruturaram as ideias apresentadas na primeira etapa,
categorizadas na segunda etapa e problematizadas na terceira. Foram criadas hipóteses
de soluções para os problemas encontrados e planejada uma pesquisa de figuras com
soluções para esses problemas para a construção de um mural informativo, sendo essa
uma das formas de soluções propostas para uma maior sensibilização sobre o descarte
indevido do lixo.
2.1.5. Quinta Etapa: Aplicação à Realidade
Nesta etapa, os alunos foram levados à construção de novos conhecimentos
para transformar a realidade observada, por meio das hipóteses anteriormente
planejadas. Houve a construção de um mural com figuras dos problemas encontrados e
das possíveis soluções (antes e depois), para ser exibido em uma gincana para a escola.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa foi realizada utilizando-se a Metodologia da Problematização por
meio do Arco de Maguerez dentro da temática “lixo”. Assim, os resultados e discussões
respectivamente, serão apresentados seguindo as etapas da referida Metodologia.
3.1. Primeira etapa: Observação da realidade
Nesta etapa o objetivo foi diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos,
almejando detectar o olhar ingênuo sobre a realidade. Assim, foi solicitado - para a
turma composta por 30 alunos e dividida em cinco grupos - que conversassem entre si e
desenhassem, em cartolina, a realidade que retratava o entorno do CAP UNIGRANRIO
- Unidade Lapa/RJ.
Constatou-se, a partir das análises dos desenhos, uma convergência de ideias
quanto à realidade do lixo, verificando em todos os cartazes a presença dessa
problemática, e o lixo sendo descartado em vários lugares indevidos como em rios, no
chão e próximo à natureza (Figura 2). De acordo com os estudantes, a realidade exposta
nos desenhos foi:
• Esgoto a céu aberto • Animais causadores de doenças
• Inundações • Queimadas
• Lixo sendo descartado em lugar • Drogas
indevido • Aglomeração de moradores de
• Poluição de rios rua
• Poluição do ar • Falta de coleta seletiva

Figura 2: Ponto de convergência nos desenhos dos alunos, com relação à observação da realidade.

Na metodologia da problematização, sendo o aluno protagonista da sua própria


aprendizagem, a primeira etapa faz com que os mesmos conheçam a sua realidade para

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então, transformá-la (BORDENAVE & PEREIRA, 1997). Segundo os autores (1997),


este é o momento em que ocorre o olhar ingênuo diante do problema, por meio da
observação da realidade.
Campos (1996 apud SILVA, 2010) afirma que o jovem consegue expressar,
por meio dos desenhos, o que ele percebe e compreende no mundo. Freire (1993)
complementa afirmando que “a percepção ingênua, resulta na observação dos fatos
percebendo a realidade em que o sujeito se encontra”.
De acordo com estudos sobre desenhos, Luquet (1969 apud SILVA, 2010)
informa que há distinção entre quatro estágios de evolução: “realismo fortuito, realismo
fracassado, realismo intelectual e realismo visual”. Em se tratando do público alvo da
pesquisa, eles se encontram dentro do “realismo visual”, uma vez que este se inicia por
volta dos 12 anos, fim do desenvolvimento infantil, podendo, contudo, antecipar para os
08 ou 09 anos de idade. Nesta etapa, há a preocupação com as “técnicas de desenho
como distância, proporção e aparece a perspectiva de forma integrada a esta
representação do espaço” (MÈREDIEU, 2006 apud SILVA, 2010).
Lowenfeld (1977 apud SILVA, 2010) complementa afirmando que entre 14 e 17
anos, há o período de “Decisão”, momento em que os adolescentes “representam
objetos e figuras tal qual elas são na realidade, entrando em suas produções detalhes
minuciosos dos desenhos”, fato este, verificado na figura 2.
3.2. Segunda Etapa: Pontos Chaves
Seguindo os passos do Arco de Maguerez, na 2ª etapa, se definiu os principais
problemas observados e que, consequentemente, foram utilizados na 3ª etapa. Assim, os
pontos chaves foram identificados pelos alunos nos desenhos observados na 1ª etapa,
destacando os principais problemas dentro da realidade. Em seguida, os problemas
observados foram agrupados por categorias de acordo com a sua natureza. A partir desta
separação foram encontrados três pontos chaves potenciais: “Lixo”; “Poluição”;
“Violência”, como expressa a Tabela 2.
Observação da Realidade Pontos Chaves Temática Escolhida
Animais causadores de doenças
Enchentes/Inundações
Falta de coleta seletiva A. Lixo
Esgoto a céu aberto
Lixo descartado em lugar indevido Lixo
Poluição do ar
B. Poluição
Poluição de rios

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Incêndio/Queimada
Aglomeração de moradores de rua
C. Violência
Drogas
Tabela 2: Problemas observados pelos alunos e agrupados de acordo com sua semelhança,
formando os Pontos chaves, e a consequente escolha da temática trabalhada na Etapa 3

Segundo Bordenave (2006), “nesse momento os alunos separam o que foi


observado, do que é verdadeiramente importante e do que é puramente superficial ou
contingente”. A temática “Lixo” foi escolhida pelos alunos para estudo, uma vez que
em todos os cartazes apontavam essa temática como ponto nevrálgico.
Do ponto de vista sanitário, a importância do lixo como causa direta de doenças
não está totalmente comprovada. Porém, como fator indireto, o lixo tem grande
importância na transmissão de doenças, através de vetores como moscas, mosquitos,
baratas e roedores que encontram no lixo alimento e condições adequadas de
proliferação (SCHMID, 1965; FORATTINI, 1969; ROCHA & LINDENBERG, 1990).
3.3. Terceira Etapa: Teorização
Nas 1ª e 2ª etapas, apenas os conhecimentos prévios, ideias e representações dos
alunos sobre o problema é que foram levados em consideração, assim os educandos
estavam livres para expor todos os seus questionamentos quanto ao problema, não
havendo inserção de conhecimento científico. Na teorização, 3ª etapa da
Problematização, foi o momento de explicação e diálogo dos pontos indicados como
importantes pelos alunos. É o momento onde o professor “leva os estudantes a tentar
explicar os fenômenos observados” (BORDENAVE, 2006). Assim, essas informações
necessárias para o conhecimento do aluno, ocorrem com o auxílio de instrumentos para
as investigações científicas (BERBEL, 1999) como slides, vídeos e apostilas.
Dessa maneira, esta etapa, visou a problematização dos pontos citados pelos
alunos, momento da investigação, em que se esclarecem as dúvidas em busca das
soluções. Para isso, foram teorizadas as relações existentes entre os pontos chaves, a
saber:
• Doenças - Enchentes rua
• Poluição – Incêndio - Queimada • Falta de coleta seletiva
• Descarte Indevido • Reciclagem
• Aglomeração de moradores de

Problematizando o tema lixo, as atividades foram iniciadas com o retorno dos


problemas citados por eles na segunda etapa. Assim, após a observação dos problemas

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descritos no papel pardo, nas etapas 1 e 2, foi exibido o filme “A História das Coisas”,
em que foi destacada a problemática do consumo consciente, almejando também a
iniciação à Alfabetização Ecológica.
Terminada a exibição do filme foi realizada uma palestra destacando as
necessidades de intervenção de forma mais ativa nesse processo de consumo consciente
e descarte adequado do lixo. Além da inserção do conhecimento científico, a atividade
foi dialogada, havendo a participação dos alunos, onde citaram exemplos e experiências
vividas por eles.
Diversos autores são convocados para justificar os princípios da Alfabetização
Ecológica. Capra (2006a e b) aponta que a sobrevivência da humanidade dependerá de
nossa alfabetização ecológica (conhecimento dos princípios básicos da ecologia), ou
seja, da nossa capacidade para entender esses princípios (interdependência, reciclagem,
parceria, flexibilidade, diversidade) e a sustentabilidade, como consequência de todos.
Defende ainda que a compreensão sistêmica da vida, a qual hoje está assumindo a frente
da ciência, baseia-se na compreensão de três fenômenos:
[...] o padrão básico de organização da vida é o da rede ou teia; a matéria percorre
ciclicamente a teia da vida; todos os ciclos ecológicos são sustentados pelo fluxo
constante de energia proveniente do sol. Esses três fenômenos básicos - a teia da
vida, os ciclos da natureza e o fluxo de energia, são exatamente os fenômenos que as
crianças vivenciam, exploram e entendem por meio de experiências diretas com o
mundo natural (CAPRA, 2006b, p.14).

De acordo com Capra (2006a; 2006b, p.11), ensinar os princípios básicos da


ecologia para tornar-se ecologicamente alfabetizado, conhecendo as diversas redes de
interação que constituem a teia da vida, são objetivos da alfabetização ecológica, uma
vez que por meio dela é possível "compreender as múltiplas relações que se estabelecem
entre todos os seres vivos e o ambiente onde vivem, e que tais relações, constituem a
teia que sustenta a vida do planeta".
3.4. Quarta Etapa: Hipótese de Solução
Antes da realização da 4° Etapa, os desenhos realizados pelos alunos na 1ª
etapa foram afixados no quadro, assim puderam analisar novamente a situação real do
colégio em relação ao descarte indevido do lixo, na aplicação dessa etapa, foi solicitado
que os alunos elencassem propostas de soluções quanto aos problemas encontrados no
CAP UNIGRANRIO-Lapa, sobre a temática, descarte indevido do lixo. As hipóteses
foram debatidas em grupo, escritas em papel pardo, e em seguida, fixadas no quadro
(Tabela 3).

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Hipóteses de soluções propostas pelos alunos


01- Representantes: uma menina e um menino para ações na escola
02 - Construção de um Mural informativo
03 - Mutirão de Limpeza – catar latinhas no em torno da escola
04 - Ações de reciclagem na Gincana da Escola
Tabela 3: Hipóteses de solução, propostas pelos alunos da 1ª série do Ensino Médio, do CAP.
Após o registro de todas as hipóteses de solução os alunos explicaram o
objetivo das mesmas. Uma das propostas de hipótese de solução que retratou a realidade
do CAP, foi a proposta 02 (Tabela 3), que sugeriu a construção de um mural
informativo.
Segundo Berbel (1999), com todos os estudos feitos e todos os dados colhidos,
“o aluno é levado a formular hipóteses de solução para os problemas em estudo e a
cultivar a originalidade e a criatividade”. Zanotto & De Rose (2003) afirmam que na
problematização, metodologia calcada nos ensinamentos de Paulo Freire, “o sujeito
busca soluções para a realidade em que vive e o torna capaz de transformá-las pela sua
própria ação, ao mesmo tempo em que se transforma”.
De acordo com Berbel (1999), esta etapa, “consiste na elaboração de
alternativas viáveis para solucionar os problemas identificados de maneira crítica e
criativa, a partir do confronto entre teoria e realidade”. Para esta autora, “a criatividade
e a originalidade devem ser bastante estimuladas para se pensar nas alternativas de
soluções”, isto foi realizado a partir da identificação das propostas sugeridas pelos
alunos como possíveis soluções, com ações de fácil execução e possíveis propostas de
continuidade de práticas ambientais.
3.5. Quinta Etapa: Aplicação à realidade
Sendo a 5ª e última etapa do Arco, a aplicação à realidade foi o momento em que
os alunos analisaram a aplicabilidade das hipóteses de solução, e o que poderia ser
transformado em ações concretas, na realidade de onde foi extraído o problema. Foi
escolhido por eles a construção de um “Mural Informativo” (Figuras 3 A e B). Para a
elaboração do mesmo, os alunos pesquisaram figuras e informativos que correspondiam
com as necessidades de mudanças, destacando os problemas causados pelo descarte
indevido do lixo e suas perspectivas de melhora e conscientização.
O Mural foi afixado no corredor principal da escola almejando fazer com que
todos os alunos entrassem em contato com a atividade realizada, incentivando, assim,
outras turmas a realizarem atividades voltadas para o mesmo tema.

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A B

Figura 3: Construção de mural pelos alunos da 1ª série do Ensino Médio do CAP. (A) Mural
informativo em construção; (B) Mural informativo finalizado.

Quando os alunos participantes da pesquisa foram questionados, como o mural


informativo iria auxiliar os alunos a refletir sobre o assunto “descarte indevido do lixo”,
destacou-se que os alunos mais novos poderiam ver e refletir sobre o assunto. Dessa
maneira, fez-se uma proposta de continuidade durante a gincana de exposição dos
alunos referente aos trabalhos desenvolvidos.
Nessa etapa cuja finalidade é promover transformação, mesmo que em pequena
parcela a realidade (BERBEL, 1999; COLOMBO & BERBEL, 2007), ocorre o
exercício da práxis, que para Freire (1993), “a práxis implica na ação e reflexão dos
indivíduos sobre o mundo para transformá-lo”. Sobre esta perspectiva, Berbel (1999)
propõe que “a aplicação à realidade ou a prática transformadora é o ponto culminante
desta ação onde o homem é sujeito”. Freire (1993) complementa afirmando que:
“quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio
dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode
criar um mundo próprio: seu eu e suas circunstâncias”.
Procurar conhecer a realidade em que vivem nossos alunos é um dever que a prática
educativa nos impõe: sem isso não temos acesso à maneira como pensam,
dificilmente então podemos perceber o que sabem e como sabem. (FREIRE, 1993,
p. 79).

A Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez, segundo Berbel


(1999), tem como ponto de partida a realidade que, observada sob diversos ângulos,
permite ao estudante ou pesquisador extrair e identificar os problemas existentes.
Verificou-se, então, que a partir da Metodologia da Problematização, os
problemas podem ser identificados pelos alunos através da observação da realidade e é
essa realidade que será problematizada de maneira dinâmica e reflexiva.

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4. CONCLUSÃO:
Para a inserção dos conhecimentos científicos, é necessário que sejam oriundos
da identidade do aluno. Estes conhecimentos prévios, quando reconhecidos como
importantes para o aprendizado auxilia nas limitações e dificuldades encontradas pelos
professores, para inserção do conhecimento científico.
Desta maneira, os resultados corroboram com a hipótese proposta inicialmente
para a pesquisa, de que a metodologia do Arco de Maguerez facilita a problematização
do tema “descarte indevido do lixo”, por permitir desenvolver com clareza o assunto em
questão e promover de forma eficaz a construção do conhecimento do aluno,
proporcionando assim o desenvolvimento dos saberes inerentes do tema. Diante da
observação da realidade, constatou-se por meio dos resultados obtidos dos desenhos que
o descarte indevido do lixo faz parte da realidade da escola em questão. A partir dos
resultados apresentados, verificou-se que os alunos não estão alienados ao tema
“descarte indevido do lixo”, onde estes sabem, mesmo que em pequena parcela, os
danos que podem causar na saúde e na sociedade como um todo.
Constatou-se que a metodologia da problematização contribuiu para a inserção
do conhecimento científico por não estarem dissociados da realidade do aluno,
formando assim um pensamento crítico e autônomo, necessário também para a
Alfabetização Ecológica. Foi possível extrair confirmações através do resultado, que os
alunos reconhecem que a mudança de postura é o melhor caminho para sensibilizar à
todos de, como atitudes simples podem mudar uma realidade.
Em várias etapas da pesquisa, os alunos se demonstram carentes quanto ao
conhecimento sobre a temática, portanto, as atividades realizadas, nas etapas que
compõem o Método do Arco, contribuíram para a problematização e indicam para uma
mudança de atitude acerca do tema, propondo uma continuidade de avaliações e
pesquisas sobre a temática trabalhada assim como todos os temas que permeiam a
Alfabetização Ecológica.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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