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INSTITUTO DE PSICOLOGIA
CURSO: Psicologia
Disciplina: Grupos e Instituições
Profª: Renata Valentim Data: Outubro, 2015.
Essa nova maneira de funcionamento social pode nos levar a pensar que esta era
uma forma de controlar ações e expressões individuais e/ou coletivas, e o silêncio pode
ser considerado tanto como a expressão de uma interação social ordenada, tanto como
um direito daqueles que não queriam ser incomodados, atravessando assim as esferas
entre o público e o privado, criando o isolamento e a corrosão das formas como as
relações sociais eram experimentadas anteriormente.
Gabriel Tarde, então, escreve vários artigos sobre o comportamento das massas
onde analisa a noção de delito, sendo este algo influenciado pelo social. Estabelece
também diferenças entre as formas de agrupamentos sociais tais como multidão,
corporação e grupos temporários. Na multidão as movimentações são rotineiras, embora
desprovidas de adesão à tradição. Nas corporações prevalece um líder organizador. Nos
grupos temporários estaria configurado um ambiente com objetivos comuns e regras
rígidas. Em outro artigo, Tarde vai ao sentido contrário ao pensamento de Gustave Le
Bon, que dizia que o século estudado seria o das multidões. Já Tarde considerava o
século do público, pois as multidões seriam agrupamentos mais naturais na medida em
que nelas os indivíduos se reuniam arrastados por forças irresistíveis da natureza; o
público seria um agrupamento superior, não mudando conforme as variações do meio
físico. Trade também lança sua teoria sobre opinião, que envolveria não as multidões,
mas aqueles que destacam os fluxos sociais que atravessam os indivíduos, o que
acontece na propagação de opiniões veiculadas através dos meios de transporte e
comunicação da época. Para ele, quando uma opinião se propaga, ela produz um efeito
de semelhança de pensamento, fazendo de uma opinião individual, algo coletivo.
Le Bon também enfatiza a "natureza feminina" das massas, pois o que impera é
o impacto das emoções não elaboradas, extremas e muito instáveis. Tal denominação
acompanha o pensamento de sua época, onde as mulheres se distinguiam dos homens
por serem guiadas pelos sentimentos, pela irracionalidade. Outro fator abordado por Le
Bon é a questão do líder das massas. Este seria neurótico, a um passo da loucura e as
multidões seriam rebanhos.
A visão de Freud também é abordada no texto. Freud iniciou suas análises sobre
as massas a partir das propostas de Le Bon. Em 1921 escreveu o livro “Psicologia de las
massas”, onde analisa as idéias de Le Bon.
Porém em 1983 um outro autor, Elias Canetti, traz uma outra perspectiva sobre
as massas. Em seu livro “Massa e poder”, ele afirma que o homem se insere na massa
para escapar do medo diante do estranho. A massa seria então um dispositivo de
descarga, onde todos se sentem iguais. O autor destaca quatro características da massa
que sempre estariam presentes: ela sempre quer crescer; no seu interior reina a
igualdade; ela ama a densidade; e ela necessita de uma direção. As massas podem ser
classificadas como abertas ou fechadas, visíveis ou invisíveis, rítmicas ou estancadas ou
de acordo com seu conteúdo afetivo (de fuga, perseguição, etc).