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Universidade Federal do Rio de Janeiro


Centro de Ciência da Saúde
Escola de Enfermagem Anna Nery
Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho

MORBIDADE EM PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE


UM HOSPITAL DO RIO DE JANEIRO

Por: Silvana Aparecida Algueiros


Orientadora: Profa. Dra. Ângela Maria Mendes Abreu

Monografia apresentada ao 19o Curso de


Especialização em Enfermagem do Trabalho,
como pré requisito parcial ao título de
Enfermeiro do Trabalho

Rio de Janeiro
Setembro/2009
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Universidade Federal do Rio de Janeiro


Centro de Ciência da Saúde
Escola de Enfermagem Anna Nery
Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho

MORBIDADE EM PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE


UM HOSPITAL DO RIO DE JANEIRO

Por: Silvana Aparecida Algueiros


Orientadora: Profa. Dra. Ângela Maria Mendes Abreu

Rio de Janeiro
Setembro/2009
3

Ao meu amor Edilson, pelo estímulo, ajuda e paciência.


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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de alguma forma colaboraram com esse trabalho e com minha
formação acadêmica.

À Prof a Dra Angela Maria Mendes Abreu, minha orientadora, pela atenção dedicada,
pelos ensinamentos transmitidos e pelo incentivo.

À Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da EEAN/HESFA, Profa Dra Maria


Aparecida Vasconcelos Moura, pela delicadeza e atenção com que me recebeu e esclareceu
minhas dúvidas.

À Secretária do Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho da EEAN-UFRJ,


Eunice Maria Francisco, pelo carinho e estímulo.

Ao Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, local onde foi realizado o estudo,
e a todos os funcionários desta importante instituição, onde fui acolhida e na qual recebi todo o
apoio necessário, e em especial:

à chefia de enfermagem da Unidade de Clínica Médica, Enfermeiras Mônica R de Abreu,


Angela M. G, Sampaio e Marli da Luz, que gentilmente me receberam, auxiliaram em todas as
etapas do estudo e possibilitaram sua realização.

aos Secretários do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos - HSE, Leonardo S.


Pinheiro e Roberta Lamela, pela atenção dispensada e prontidão em esclarecer minhas dúvidas.

à toda equipe de enfermagem da Unidade de Clínica Médica, e em especial ao Enfermeiro


Gustavo W. dos S. Oliveira, pelo acolhimento e por valiosas observações em relação a esse
estudo.

aos sujeitos da pesquisa, minha eterna gratidão e respeito.


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Sumário
1. Introdução.........................................................................................................................................7
1.1 Delimitação do Problema...............................................................................................................7
1.2 Justificativa...................................................................................................................................10
1.3 Questões Norteadoras...................................................................................................................12
1.4 Objetivos.......................................................................................................................................12
1.5 Relevância do Estudo...................................................................................................................12
2. Metodologia....................................................................................................................................14
2.1 Tipo de Estudo..............................................................................................................................14
2.2 Local.............................................................................................................................................14
2.3 População.....................................................................................................................................14
2.4 Instrumento...................................................................................................................................14
2.5 Coleta de Dados............................................................................................................................15
2.6 Análise dos Dados........................................................................................................................15
2.7 Aspectos Éticos.............................................................................................................................15
3. Resultados e Discussão...................................................................................................................17
3.1 Resultados.....................................................................................................................................17
3.2 Discussão .....................................................................................................................................25
4. Conclusões e Sugestões..................................................................................................................45
4.1 Conclusões....................................................................................................................................45
4.2 Sugestões......................................................................................................................................47
Referências Bibliográficas..................................................................................................................49
Anexo A..............................................................................................................................................53
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1. Introdução

1.1 Delimitação do Problema


Os profissionais de enfermagem quase sempre constituem o maior grupo individualizado de
trabalhadores dos hospitais, exercendo suas funções em ambiente pouco ergonômico, desgastante
do ponto de vista físico, mental e psíquico, com alta demanda de atividades e se expondo a diversos
riscos ocupacionais, conforme apontam vários autores ABREU (1997); BULHÕES (1998);
FARIAS et al (2005); COSTA et al (2005).

Alguns autores apontam em seus estudos o caráter insalubre, perigoso e penoso do trabalho
em enfermagem e sua relação com o processo saúde/doença desses profissionais BULHÕES
(1998); CHAMORRO (2003); MUROFUSE (2004).

Segundo BULHÕES (1998, p. 47), “O principal meio ambiente de trabalho do profissional


de enfermagem, é o hospital. Em virtude dos baixos salários, a necessidade de mais de um emprego
obriga muitos dos trabalhadores dessa categoria a permanecerem nesse ambiente a maior parte de
suas vidas produtivas.”

É nesse ambiente, muitas vezes inadequado e até precário do ponto de vista da estrutura
física, que os profissionais de enfermagem desenvolvem suas atividades de assistência, somando-se
a isso, na maioria dos casos, um dimensionamento deficitário de pessoal de enfermagem e a
escassez de equipamentos básicos necessários à sua prática assistencial, como cadeiras de banho,
cadeiras de rodas, poltronas e outros mobiliários que facilitariam a mobilização de pacientes.

Para MUROFUSE (2004, p94),

O trabalho da equipe de enfermagem, de modo geral, é desenvolvido em


ambiente com situações geradoras de tensão, ao que se soma a convivência com
o sofrimento do outro, a angustia dos doentes e de seus familiares, com a
morte, que muitas vezes origina sentimentos de frustração e de fracasso da
assistência.
Nessa linha de raciocínio, a autora cita BULHÕES (1994), quando afirma que a permanência
contínua neste tipo de ambiente pode tornar-se fonte de risco ocupacional, em especial do estresse,
que pode levar a sérios acidentes e/ou doenças ocupacionais.
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O CIE (Conselho Internacional de Enfermagem – 2006), com relação a segurança e saúde no


trabalho para os profissionais de enfermagem, declara com preocupação, que a maioria dos
governos não reúne informação atual e precisa sobre a incidência de acidentes, lesões e doenças
que afetam os profissionais de enfermagem, como base para formulação de políticas sólidas de
saúde, no sentido de minimizar os acidentes do ambiente de trabalho.

Para efeito de aplicação da Norma Regulamentadora NR-32, Segurança e Saúde no Trabalho


nos Serviços de Saúde (BRASIL/MTE, 2008), considera-se risco biológico a probabilidade da
exposição ocupacional a agentes biológicos (32.2.1) e consideram-se agentes biológicos os
microorganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas
e os príons (32.2.1.1).

Ainda BULHÕES (1998, p.182) aponta que as infecções que mais representam risco para
os trabalhadores da saúde são as infecções por: Tuberculose pulmonar, citomegalovírus (CMV),
hepatites virais, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA), entre outras.

ABREU (1997, p.128), em seu estudo sobre acidentes de trabalho com a equipe de
enfermagem em um setor de emergência, de um hospital público do Rio de Janeiro, concluiu que
“metade da população estudada havia sofrido algum tipo de acidente de trabalho. ( ... ) O mais
frequente foi provocado por material perfuro-cortante e que a região mais atingida foi a mão.”

Segundo MARZIALE et al. (2004, p. 37),

os acidentes ocasionados por picada de agulhas são responsáveis por 80 a 90%


das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores da saúde. O risco
de transmissão de infecção, através de uma agulha contaminada, é de um em
três para Hepatite B, um em trinta para Hepatite C e um em trezentos para HIV.
CANINI et al (2002, p.175), em seu estudo sobre acidentes com perfurocortantes entre
trabalhadores de enfermagem, relatam que dos 125 acidentes dessa natureza notificados no SESMT,
89 (71,20%) foram notificados por profissionais de enfermagem. No estudo de FARIAS et al (2005,
p.132), verificou-se que os acidentes de trabalho atingiram em maior número os auxiliares de
enfermagem e houve predominância de acidentes com materiais perfurocortantes. Vale destacar que
nesse estudo, nenhum acidente de trabalho foi registrado e os motivos alegados para a ocorrência
dos mesmos foram: “muita demanda, cansaço físico e distração”.

Quanto aos riscos químicos, em estudo de COSTA e FELLI (2005, p. 507) sobre exposição
dos trabalhadores de enfermagem às cargas químicas em um hospital público universitário da
cidade de São Paulo, os profissionais que participaram do estudo referiram a exposição a 145
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substâncias químicas, sendo apontadas com maior frequência: sabões e detergentes, hipoclorito de
sódio, benzina, desinfetantes, éter, glutaraldeído, formol, óxido de etileno, álcool, PVPI,
medicamentos em geral, anestésicos, óxido nítrico, quimioterápicos, poeiras e látex de luvas. No
mesmo estudo, os participantes relataram diversos problemas de saúde, tais como problemas de
pele, respiratórios, do sistema nervoso, dos órgãos dos sentidos, circulatórios, digestivos,
imunológicos, neoplasias e do aparelho reprodutor e urinário.

O trabalho de CHAMORRO (2003, p.135) sobre morbidade da equipe de enfermagem de


um serviço de quimioterapia de um hospital da Cidade do Rio de Janeiro, tornou evidente essa
exposição aos riscos químicos e o prejuízo à saúde dos trabalhadores expostos, quando caracterizou
o serviço de quimioterapia em seu estudo:

um ambiente laboral de alto risco para os profissionais que trabalham neste


local, podendo concluir que a enfermeira deste serviço tem uma alta exposição a
substâncias citotóxicas em seu processo de trabalho, o que pode estar
influenciando o perfil da morbidade dessas profissionais.
As doenças apresentadas pela população estudada foram compatíveis com os dados da
literatura, como prováveis devido à exposição ocupacional aos antineoplásicos. As mais
frequentemente relatadas foram as doenças hematológicas, as alterações na reprodução, as doenças
de pele e as gastrointestinais.

Ainda, para BULHÕES (1998, p. 118), os riscos biológicos, físicos e químicos não são os
únicos que afetam os trabalhadores da enfermagem. Essa autora também confere o caráter de
penosidade ao trabalho de enfermagem, que decorre de elementos envolvidos com a carga de
trabalho, abordada pela autora como carga física, mental e psíquica. Embora reconhecido em países
como a França, entre outros, o caráter de penosidade não é reconhecido no Brasil. Ainda segundo a
autora, a carga física decorre de operações com alto custo energético, como

levantar, sustentar e transportar doentes ou cargas diversas, refazer leitos,


curativos ( ... ) por vezes utilizando técnicas empíricas assumindo posturas
incômodas. Andar quilômetros a procura de material. Dispor de balcões e de
diferentes planos de trabalho ( leitos, suporte para perfusões, pias, vasos
sanitários, torneiras ( ... )) de altura não adaptada às medidas antropométricas
dos usuários. A postura quase sempre em pé ( ... ) (BULHÕES, 1998, p 122).
A sobrecarga física apontada pela autora (op. cit.), pode explicar a elevada incidência de
doenças do sistema músculo-esquelético em decorrência desses fatores, identificada por vários
autores, entre eles, ALEXANDRE et al (1998); MUROFUSE (2005).

No estudo de FARIAS et al (2005, pp127,128), com trabalhadores de enfermagem de um


Centro Municipal de Saúde, entre as respostas dos funcionários sobre os problemas de saúde por
eles apresentados nos últimos 5 anos, as doenças do sistema músculo-esquelético ocuparam o
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segundo lugar, assim como as doenças do coração e aparelho circulatório. O primeiro lugar neste
estudo foi ocupado pelas doenças do aparelho respiratório.

Com relação a carga mental e psíquica, indicando o caráter penoso da profissão, BULHÕES
(1998, pp144-158) cita a complexidade do exercício da enfermagem, a confrontação com o
sofrimento, a continuidade, o trabalho noturno e em turnos alternados, a imprevisibilidade, as
interrupções contínuas, a quantidade de atos, a insuficiência da iluminação e os níveis sonoros.
Como consequências dessa sobrecarga, cita: a includência (fadiga, falta de ânimo, desinteresse,
perda do entusiasmo e do otimismo, percepção cínica e desumanizada dos outros, em geral
acompanhada de solidão e falta de reconhecimento) e a síndrome da exaustão (ou síndrome de burn
out) em resposta ao estresse emocional crônico, onde estão presentes o esgotamento emocional e/ou
físico, a diminuição da produtividade, a significativa despersonalização, o abatimento, a atitude
negativa frente aos pacientes e colegas de trabalho, o absenteísmo, a mudança frequente de
emprego, condutas evasivas, e a dependência e abuso de drogas.

1.2 Justificativa
Como enfermeira assistencial e como supervisora durante 9 anos em unidades de clínica
médica e cirúrgica de um hospital público de ensino do interior de São Paulo, que desenvolve
atividades de saúde em nível terciário, pude observar na prática diária do exercício profissional a
presença dos riscos ocupacionais, comuns no ambiente hospitalar, e a exposição dos profissionais
de saúde aos mesmos, de forma controlada ou não, assim como alguns danos sofridos por esses
profissionais em consequência dessa exposição. Aliado a esses riscos e danos presentes no dia a dia
dessa profissão, tive a oportunidade de observar as seguintes situações:

• Ausência de ações eficazes com enfoque preventivo para os riscos ocupacionais a que estão
expostos esses profissionais e ao comportamento seguro que devem adotar no trabalho;

• Ausência de programas contínuos de suporte emocional aos funcionários, que confrontam


diariamente com o sofrimento e a morte;

• A dificuldade por parte dos profissionais da saúde em aceitar e cumprir as orientações


sobre biossegurança;

• Ausência de ações efetivas com enfoque para a promoção de um estilo de vida saudável
(atividade física regular, alimentação, atividades sociais e culturais, técnicas de
relaxamento).

A soma dessas condições, pode influenciar de maneira negativa a qualidade de vida dos
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profissionais de enfermagem, assim como a qualidade do trabalho por eles executado, ou seja a
assistência aos pacientes.

O CIE (Conselho Internacional de Enfermagem - 2006) declara que a atenção aos pacientes
melhora quando o ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem é seguro. No entanto,
reconhece ser este inseguro, dentre outros fatores já mencionados nesse trabalho, pelas crescentes
demandas que pesam sobre os recursos emocionais, sociais, psicológicos e espirituais desses
profissionais, que trabalham em contextos políticos, sociais, culturais, econômicos e clínicos
complexos.

Neste sentido, GONÇALVES (2001, p.114) concluiu, em seu estudo sobre os danos à saúde
do trabalhador de enfermagem em unidades de doenças transmissíveis, através da verificação da
morbidade referida pelos profissionais, que o ambiente de trabalho causou doenças, e que os
funcionários executavam suas atividades sem EPI. Concluiu que a Hepatite B foi a doença que mais
os acometeu. Vale a pena destacar que a autora (op. cit.) ainda relata que os profissionais de
enfermagem “consumiam álcool em demasia, fumavam e alguns utilizavam tranquilizantes”.

Somando-se o caráter penoso do trabalhado de enfermagem, seja ele físico ou psicológico,


aos problemas pessoais e sociais dos trabalhadores, torna-se natural conceber que esses
profissionais possam se utilizar de substâncias psicoativas, como as citadas pela autora (op. cit.),
como estratégias defensivas, para o alívio da dor e do sofrimento, mesmo reconhecendo os riscos do
uso. Devemos ter em mente a facilidade de acesso dos profissionais de enfermagem às drogas
psicoativas como ansiolíticos, analgésicos opióides, entre outros, presentes no meio hospitalar e
com frágeis métodos de armazenamento e controle, como um fator que propicia o consumo no
próprio ambiente de trabalho. MARTINS (2006, p. 89) nos chama a atenção, em seu estudo sobre o
as substâncias psicoativas e o trabalhador de enfermagem, sobre o despreparo dos profissionais da
equipe ao se depararem com essa situação.

ELIAS E NAVARRO (2006, p.524), em sua pesquisa sobre o trabalho, a saúde e as


condições de vida de profissionais de enfermagem de um hospital escola de Minas Gerais, também
relatam as precárias condições de trabalho dos profissionais de enfermagem, considerando que

As profissionais de enfermagem que atuam em hospitais estão expostas a


condições de trabalho precárias que, aliadas às suas condições de vida,
potencializam as possibilidades de adoecimento. Se a saúde só é possível a
partir da possibilidade real de cuidar de si e de usufruir a vida, esse fato parece
difícil de ser alcançado por quem trabalha no hospital.
As pesquisas com enfoque na saúde do trabalhador de enfermagem, riscos e acidentes aos
quais estão expostos, fatores de estresse no trabalho e qualidade de vida desses profissionais,
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abordam, frequentemente, unidades especializadas do ambiente hospitalar, como: centros


cirúrgicos, unidades de terapia intensiva, unidades oncológicas, entre outras.

ABREU (1997, pp 127-129), em seu estudo sobre acidentes de trabalho em uma unidade de
emergência de um hospital do Rio de Janeiro, constatou que os profissionais de enfermagem
exerciam suas atividades em ambiente inseguro, devido a desorganização do espaço físico, e ainda
sujeito a ruídos desagradáveis e temperatura desconfortável. Não usavam adequadamente EPI, já
que o fornecimento pela instituição era incompleto, deixando-os vulneráveis às contaminações e
doenças. Desse estudo ainda pode-se inferir um desconhecimento da equipe a respeito do que fosse
um acidente de trabalho. A maioria dos funcionários relatou nunca ter recebido orientações quanto à
prevenção de acidentes de trabalho e um percentual significativo de funcionários que sofreram
acidentes, não comunicou ou fez registro formal dos mesmos.

Diante da gravidade das considerações acima, com relação ao ambiente hospitalar e aos
danos à saúde do profissional de enfermagem, se faz necessário estudar as condições de trabalho e o
perfil de adoecimento desses profissionais sendo, portanto, o objeto desse estudo: o perfil de
morbidade dos profissionais de enfermagem da área hospitalar. Dessa forma, este estudo tem como
questões norteadoras e como objetivos, os pontuados a seguir.

1.3 Questões Norteadoras


i. Qual é o perfil sócio-demográfico dos profissionais de enfermagem lotados na Unidade de
Clínica Médica, do Hospital dos Servidores do Estado da Cidade do Rio de Janeiro (HSE-
RJ)?

ii. Quais as doenças que acometem essa equipe de enfermagem?

1.4 Objetivos
I. Levantar o perfil sócio-demográfico dos profissionais de enfermagem da Unidade de Clínica
Médica do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HSE-RJ);

II. Levantar a incidência da morbidade nos profissionais de enfermagem da Unidade de Clínica


Médica do HSE - RJ nos últimos dois anos;

1.5 Relevância do Estudo


O estudo se torna relevante para o ensino, para a pesquisa e para a assistência de
enfermagem. Para a assistência, uma vez que participando da pesquisa, possivelmente os
participantes refletirão sobre sua prática de trabalho, no que se refere à adoção de atitudes mais
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seguras e até mesmo reivindicatórias quanto às condições de trabalho, de acordo com as normas
regulamentadoras como a NR-32, por exemplo. Também, poderá reforçar entre os mesmos, a
importância da notificação dos acidentes e agravos de que foram vítima.

Para o ensino e pesquisa, contribuindo com dados específicos sobre morbidade em


profissionais de enfermagem de uma unidade de Clínica Médica, que servirão como base de
referência para comparação com outros estudos, ou mesmo para elaboração de políticas de saúde na
área de saúde do trabalhador ou inclusão em bases de dados mais amplas sobre essas ocorrências.

E por fim, os resultados sobre a incidência de morbidade dos profissionais da Unidade de


Clínica Médica, levantados nesse estudo, poderão contribuir com o Serviço de Saúde do
Trabalhador do HSE-RJ, subsidiando ações futuras do programa de saúde ocupacional , específicas
para esses trabalhadores.
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2. Metodologia

2.1 Tipo de Estudo


Trata-se de estudo quantitativo, descritivo, sobre a caracterização sociodemográfica dos
profissionais da equipe de enfermagem de uma Unidade de Clínica Médica, e da incidência de
morbidades referidas pelos trabalhadores dessa população, nos anos de 2007 e 2008. O termo
“pesquisa descritiva” é utilizado de acordo com a definição de RUDIO (2003p71), para “descobrir
e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los”.

2.2 Local
O estudo foi desenvolvido no Hospital dos Servidores do Estado da Cidade do Rio de
Janeiro, que pertence à rede pública e é mantido pelo Governo Federal. O hospital está instalado em
107.000 m2 de área construída, localizado no centro da cidade, próximo à zona portuária, onde suas
instalações ocupam todo um quarteirão. O complexo hospitalar realiza procedimentos de alta
complexidade e tecnologia de ponta, além de cirurgias de grande porte. Possui um total de 450
leitos de internação, divididos em 73 leitos pediátricos e 377 leitos adultos. O setor de interesse da
pesquisa foi a Unidade de Clínica Médica, localizada no quarto andar do prédio principal, com
capacidade para 50 leitos de internação, divididos entre as especialidades de Endocrinologia,
Gastroenterologia, Pneumologia, Hematologia, Alergia e Imunologia e Reumatologia. A equipe de
enfermagem contava no período do estudo com um total de 41 enfermeiros e 47 auxiliares de
enfermagem.

2.3 População
A população do estudo foi composta por 34 profissionais da equipe de enfermagem,
enfermeiros e auxiliares de enfermagem, dos turnos de trabalho diurno e noturno, lotados na
Unidade de Clínica Médica, em atividade no período de janeiro de 2007 à dezembro de 2008.
Foram excluídos do estudo um total de 7 profissionais, sendo um do turno diurno por ocasião de
férias, 3 por terem participado do pré teste do formulário de entrevistas e 3 do turno noturno, devido
às trocas de plantão, inviabilizando o contato com a pesquisadora.

2.4 Instrumento
O instrumento para coleta de dados foi um formulário de entrevista semi estruturada,
constituído por 33 questões abertas e fechadas, que abordam variáveis referentes à caracterização
sócio-demográfica dos trabalhadores, aspectos relacionados às condições de trabalho e a ocorrência
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de morbidades no período que compreende os meses de janeiro de 2007 à dezembro de 2008.

Foi realizado um pré teste do formulário de entrevistas, com a finalidade de verificar a


aplicabilidade e a viabilidade do mesmo, observando-se o tempo necessário para a aplicação, a
clareza e a objetividade das questões. Consistiu na aplicação da entrevista à 5 profissionais da
equipe de enfermagem, dos quais 3 faziam parte da população do estudo, pertencentes às diferentes
categorias e turnos de trabalho, e que voluntariamente responderam à entrevista, sendo que o
critério de aleatoriedade foi o da disponibilidade dos mesmos, sem o prejuízo das atividades
assistenciais. Todos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As entrevistas
ocorreram nos dias 07 e 08 de Abril de 2009. O pré teste possibilitou a reestruturação do formulário
e a revisão dos objetivos, onde suprimiu-se o objetivo de levantar a incidência de acidentes de
trabalho.

2.5 Coleta de Dados


Após aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital dos Servidores
do Estado (CEP-HSE), iniciou-se a coleta de dados, através de entrevistas individuais aplicadas aos
enfermeiros e auxiliares de enfermagem da Unidade de Clínica Médica do HSE-RJ, pela própria
autora, entre os meses de junho e julho de 2009, utilizando-se a versão 2 do formulário de entrevista
(apêndice A).

As entrevistas se deram no horário de trabalho dos funcionários, nos dois turnos de trabalho
(diurno e noturno) e foram realizadas em local separado de onde se pratica a assistência aos
pacientes, garantindo-se a privacidade dos sujeitos. Os locais utilizados nas entrevistas foram a sala
do café, o quarto de repouso, a sala da chefia, entre outros determinados pelos participantes.

2.6 Análise dos Dados


Os dados pré codificados no formulário de entrevistas, foram inseridos em planilhas de
dados do programa BrOffice3.0, exportados no formato dBase 5.0 e importados para o módulo de
análise de dados do programa Epi Info versão 3.5.1, onde foram processados, gerando as tabelas de
frequência utilizadas no estudo. Após o processamento dos dados, a análise dos resultados se deu à
luz do contexto abordado no referencial teórico do estudo.

2.7 Aspectos Éticos


O projeto foi aprovado pelo CEP/EEAN – UFRJ em 21/10/2008 e pelo CEP/HSE em
09.03.09 na versão 1 do protocolo de pesquisa, sendo iniciado em 07.04.09, com a realização do
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pré-teste do formulário de entrevista, aplicado pela pesquisadora, em 5 sujeitos da pesquisa.


Após a análise do pré teste, foi constatada a necessidade de modificações ao protocolo
original. Em 18.05.09 foi encaminhado ao CEP/HSE, a Emenda 1 ao protocolo de pesquisa, com
proposta de alteração nos objetivos. Em 20.05.09, o CEP/HSE considerou aprovada a Emenda 1 ao
protocolo de pesquisa, assim como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, na Versão 3.

Foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e os sujeitos da pesquisa foram


informados de que a não participação não traria consequências negativas ao seu trabalho, assim
como a participação contava com a garantia do anonimato, sigilo e confidencialidade das respostas.
Ficou pactuado com a gerência de enfermagem e com o Serviço de Saúde do Trabalhador, que os
resultados da pesquisa seriam apresentados em data a ser agendada posteriormente.
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3. Resultados e Discussão
A seguir apresentaremos nesse capitulo os resultados segundo a ordem estabelecida para
abordagem dos tópicos no formulário de entrevista: perfil sócio-demográfico dos trabalhadores,
condições de trabalho e morbidade referida. Em seguida faremos a discussão.

3.1 Resultados
Tabela 1

Descrição do Perfil Sócio Demográfico dos Trabalhadores da Enfermagem da Unidade de


Clínica Médica do HSE-RJ. n=34.

Variáveis n %
Categoria profissional
Enfermeiro 22 64,7%
Técnico em Enfermagem 12 35,3%
Idade
21 a 25 anos 5 14,7%
26 a 30 anos 11 32,4%
31 a 35 anos 3 8,8%
36 a 40 anos 5 14,7%
41 a 45 anos 4 11,8%
46 a 50 anos 2 5,9%
51 a 55 anos 1 2,9%
56 a 60 anos 2 5,9%
66 a 70 anos 1 2,9%
Tempo de exercício profissional na Enfermagem
2 a 5 anos 14 41,2%
6 a 10 anos 7 20,6%
11 a 15 anos 2 5,9%
16 a 20 anos 5 14,7%
Maior que 20 anos 6 17,6%
Função Exercida no HSE
Enfermeiro 16 47,1%
Auxiliares de Enfermagem 18 52,9%
Turno de Trabalho
17

Diurno 12x60h 13 38,2%


Noturno 12x60h 18 52,9%
Diarista 3 8,8%
Tempo de exercício profissional na clínica
médica
2 a 5 anos 30 88,2%
6 a 10 anos 1 2,9%
16 a 20 anos 1 2,9%
Maior que 20 anos 2 5,9%
Sexo
Feminino 25 73,5%
Masculino 9 26,5%
Estado Civil
Casado 12 35,3%
Solteiro 19 55,9%
Divorciado 1 2,9%
União Estável 2 5,9%
Com quem mora
Sozinho 3 8,8%
Com a Família 31 91,2%
Responsabilidade sobre a renda familiar
Total 7 20,6%
Compartilhada 27 79,4%
Outro emprego além do HSE
Não 15 44,1%
Mais um 18 52,9%
Mais dois 1 2,9%
Carga Horária de trabalho Semanal
30 a 36h 15 44,1%
37 a 40h 1 2,9%
41 a 44h 1 2,9%
45 a 60h 10 29,4%
Maior que 60h 7 20,6%
Renda Mensal em Salários Mínimos
1a3 1 2,9%
4a6 14 41,2%
18

6 a 10 14 41,2%
Maior que 10 5 14,7%
Uso de Tranquilizantes
Regularmente 1 2,9%
Eventualmente 4 11,8%
Nunca 29 85,3%
Uso de Bebida Alcoólica

Nunca 17 50,0%
Raramente 11 32,4%
Semanalmente (1 a 2 vezes) 5 14,7%
Semanalmente (3 vezes ou mais) 1 2,9%
Uso de tabaco
Sim 1 2,9%
Não 33 97,1%
Horas de sono
Menos que 5 h 7 20,6%
5a7h 21 61,8%
8 horas ou mais 6 17,6%
Uso Regular de Medicações
Sim 14 38,2%
Não 20 61,8%
Prática de exercício físico
Nunca 16 47,1%
Raramente 8 23,5%
1 a 2 vezes por semana 6 17,6%
3 a 4 vezes por semana 3 8,8%
5 vezes ou mais por semana 1 2,9%
Atividade de Lazer
Regularmente 19 55,9%
Raramente 15 44,1%
Nunca 0 0,0%
Segundo a Tabela 1, dos 34 entrevistados, 22 (64,7%) eram enfermeiros e 12 (35,3%) eram
técnicos em enfermagem, onde 25 (73,5%) eram do sexo feminino e 9 (26,5%) do sexo masculino,
e encontravam-se distribuídos predominantemente entre as faixas etárias de 26 a 30 anos, 11
sujeitos (32,4%), seguida das faixas de 21 a 25 anos e 36 a 40 anos, ambas com 5 sujeitos (14,7%)
19

cada.

Com relação ao tempo de exercício profissional na enfermagem, a faixa que compreendeu


de 2 a 5 anos foi a mais apontada pelos profissionais, com 14 sujeitos (41,2%), seguida da faixa de
6 a 10 anos, 7 sujeitos (20,6%), enquanto que em relação ao tempo de trabalho na Unidade de
Clínica Médica, a grande maioria, 30 sujeitos (88,2%), referiu a faixa que compreendeu de 2 a 5
anos.

Em relação à função, 16 (47,1%) exerciam a função de enfermeiro e 18 (52,9%) a de


auxiliares de enfermagem. Observou-se que 18 (52,9%) eram do turno noturno e 16 (47,1%)
trabalhavam no turno diurno. Dos 16 sujeitos do turno diurno, 3 não fazem a escala de 12x60h, e
sim a de diaristas.

Quanto ao estado civil, mais da metade da população era solteira, 19 (55,9%), e os casados e
em união estável somam 14 sujeitos (41,2%). A grande maioria 31 (91,2%) morava com a família e
27 indivíduos (79,4%) compartilhavam a responsabilidade pela renda familiar .

Mais da metade dos participantes, 19 (55,8%), possuía outro emprego e uma carga horária
semanal na faixa de 45 a 60 horas. Os 15 entrevistados que referiram ter apenas um emprego,
referiram carga horária na faixa de 30 a 36 horas. Quanto a renda mensal em salários mínimos,
observa-se que 14 (41,2%) tem rendimentos de 4 a 6 salários, seguida de 14 (41,2%) com
rendimentos de 6 a 10 salários.

Em relação aos hábitos de vida, 29 indivíduos (85,3%) referiram nunca usar tranquilizantes,
17 (50%) referiram nunca usar álcool, e 11 (32,4%) referiram usá-lo raramente . O uso do tabaco foi
citado por apenas 1 indivíduo (2,9%).

Em relação às horas de sono, a maioria não dorme 8 horas nas 24 horas, sendo predominante
as respostas na faixa de 5 a 7 horas de sono por dia, referida por 21(38,2%) sujeitos. A prática
regular de exercício físico foi referido por 8 (23,5%) sujeitos, enquanto 16 (47,1%) sujeitos
referiram nunca praticar exercício, e 8 (23,5%) praticam raramente.
20

Tabela 2

Descrição das condições de trabalho da equipe de enfermagem da unidade de clínica médica


do HSE-RJ, segundo os riscos ocupacionais n =34
Exposição aos Riscos
Sim Não
Ocupacionais
n % n %
Ergonômico 32 94,1% 2 5,9%
Psicossocial 28 82,4% 6 17,6%
Físico 23 67,6% 11 32,4%
Químico 34 100,0% 0 0,0%
Biológico 34 100,0% 0 0,0%

Segundo os dados da Tabela 2, nessa população, todos os 34 sujeitos reconheceram-se


expostos a algum tipo de risco ocupacional na Unidade de Clínica Médica, uma vez que os riscos
biológicos e os riscos químicos foram apontados por 34 sujeitos (100%). Quanto aos riscos
ergonômicos, 32 (94,1%) referiram exposição a este tipo de risco e 28 (82,4%) referiram exposição
aos riscos psicossociais. Os riscos físicos foram os menos citados, 23 sujeitos (67,6%).
Quadro 1

Distribuição das respostas da equipe de enfermagem da unidade de clínica médica do HSE-


RJ, quanto aos principais fatores de risco ocupacional, segundo a sua natureza n=34
Fatores de Risco Segundo sua Natureza n
Ergonômicos
Peso (carregamento/sustentação), associado principalmente à mobilização e 27
transferência de pacientes.
Calor 25
Diferentes planos de trabalho 20
Adotar posturas inadequadas 18
Subir e descer escada 16
Ritmo de trabalho intenso 14
Psicossociais
Contato constante com o sofrimento dos pacientes e familiares 16
Contato constante com a morte 9
Sobrecarga de Trabalho 9
Relacionamento interpessoal com a equipe de trabalho 8
21

Exposição à violência no ambiente de trabalho 6


Envolvimento emocional com pacientes 6
Físicos
Raios X 22
Radioiodoterapia 9
Químicos
Antineoplásicos 31
Antibióticos 20
Sabões Degermantes e Sabonetes 9
Anfotericina B 5
Desinfetantes (hipoclorito de sódio) 4
Biológicos
Tuberculose 31
Hepatites B e C 29
HIV 20
Bactérias multi-resistentes (Klebsiela, E Coli, Pseudomonas Aeruginosa, 19
Acinetobacter Baumanni, etc)
Enterococos Resistente à Vancomicina 11
Stafilococos Aureus Multi-resistente 11

O Quadro 1 apresenta a distribuição das respostas quanto aos fatores de risco ocupacional
segundo sua natureza. As respostas foram agrupadas e apresentadas na primeira coluna, e a segunda
coluna traz a frequência absoluta de citação. Cada sujeito teve a liberdade de referir-se a todos os
fatores de risco a que se considerasse exposto, portanto a soma dos percentuais das citações
ultrapassa 100%.
Em relação aos riscos ergonômicos, o levantamento e sustentação de peso foi a situação
mais apontada pela equipe como risco ergonômico 27 (79,4%), representada principalmente pela
mobilização no leito de pacientes altamente dependentes e sua transferência da cama para cadeiras e
macas ou o contrário. O calor foi apontado por 25 (73,5%) dos participantes, ocupando o segundo
lugar. Os diferentes planos de trabalho, relacionado às alturas inadequadas para a guarda de
materiais e equipamentos, assim como as camas e macas sem regulagem de altura, ocupam o
terceiro lugar, com 20 (58,8%) citações, seguido pelas posturas inadequadas, com 18 (52,9%). O ato
de subir e descer a escada de acesso ao posto central da enfermaria foi citado por 16 (47,1%)
sujeitos, e o ritmo intenso de trabalho por 14 (41,2%).
Em relação aos riscos psicossociais, em primeiro lugar, citado por 16 (47,1%) sujeitos,
22

aparece o contato constante com o sofrimento de pacientes e familiares. O contato constante com a
morte, aparece em segundo lugar, com 9 (26,5%) citações, o mesmo ocupado pela sobrecarga de
trabalho, também com 9 citações. O relacionamento interpessoal nem sempre satisfatório, aparece
em terceiro lugar, citado por 8 (23,5%) dos participantes e a violência no trabalho e envolvimento
emocional com pacientes ocupam a quarta posição, ambos com 6 (17,6%) citações.
Os fatores de risco físico são os menos citados, onde foram referidos apenas os raios X e a
radioiodoterapia.
Dentre os fatores de risco químico, os agentes antineoplásicos ocupam o primeiro lugar,
citado por 31 (91,2%) sujeitos. Os antibióticos ocupam o segundo lugar com 20 (58,8%) citações,
os sabões e degermantes o terceiro com 9 (26,5%), a Anfotericina B o quarto, com 5
citações(14,7%) e o hipoclorito de sódio em quinto, com 4 citações (11,8%).
Tabela 3

Descrição da utilização dos EPIs pela equipe de enfermagem da unidade de clinica medica -
HSE -RJ segundo a recomendação das normas de biossegurança (n=34)
Utilização dos Sempre que recomendado Algumas vezes não usa Nunca usa
EPIs n % n % n %
Sim 15 44,1% 19 55,9% 0 0,0%
Não 19 55,9% 15 44,1% 0 0,0%

Segundo a Tabela 3, 19 (55,9%) sujeitos, declararam não utilizar os EPIs em algumas


ocasiões, apesar das recomendações.
Quadro 2

Distribuição das respostas pela equipe de enfermagem da unidade de clinica medica HSE-RJ,
quanto às justificativas para a não utilização dos EPIs ( n=19)
Justificativas n
Ritmo de trabalho acelerado e pressa (relacionados ao número insuficiente de 5
funcionários)
Mau hábito, descuido, indisciplina e falsa sensação de segurança 4
Difícil acesso aos EPIs, distância do local de armazenamento (óculos de 3
sobreposição não individuais, guardados no carrinho de emergência).
Punção venosa de difícil acesso (luvas prejudicam a sensibilidade) . 3
Situações de Emergência 2
Falta de capote para instalar Quimioterapia 1
23

Calor intenso não favorece o uso do capote 1


Não achar necessário 1
Desconhecia a necessidade do uso devido diagnóstico tardio de tuberculose. 1
Obs: n= 19 sujeitos que não usam EPIs em algumas ocasiões

Segundo o Quadro 2, o ritmo de trabalho acelerado, seguido de mau hábito, descuido e


indisciplina foram as justificativas mais citadas para o não uso do EPI, entre os 19 sujeitos que
referiram não usar EPIs em algumas ocasiões em que seriam recomendados.
Tabela 4

Ocorrência de adoecimentos entre os trabalhadores da equipe de enfermagem da unidade de


clínica médica – HSE-RJ nos anos de 2007 e 2008 (n=34)
Adoecimento n %
Não 7 20,6%
Sim sem afastamento 14 41,2%
Sim com afastamento 13 38,2%

Segundo os dados da Tabela 4, 27 (79,4%) sujeitos, responderam ter adoecido no período


do estudo, somados os que adoeceram com afastamento do trabalho e sem afastamento do trabalho
e 7 (20,6%) sujeitos, responderam não ter adoecido no período.
Tabela 5

Distribuição do quantitativo de afastamentos do trabalho por motivo de doença e dias


afastados entre os trabalhadores da equipe de enfermagem da unidade de clínica médica –
HSE-RJ nos anos de 2007 e 2008 (n=13).
Variáveis n %
Afastamentos por motivo de doenças

De 1 a 3 afastamentos 11 84,6%
De 4 a 6 afastamentos 2 15,4%
Número de dias afastado
De 1 a 3 dias 6 46,2%
De 4 a 5 dias 1 7,7%
De 7 a 15 dias 4 30,7%
16 dias ou mais 2 15,4%

Observa-se na Tabela 5 que dos 13 sujeitos que referiram ter apresentado afastamento do
trabalho, 11 (84,6%) apresentaram de 1 a 3 afastamentos no período e 2 (15,4%) sujeitos
24

apresentaram de 4 a 6 afastamentos. Em relação ao número de dias afastados, esses afastamentos


foram na grande maioria, 11 (84,5%), de até 15 dias, sendo que a maior ocorrência de atestados
foram os atestados com duração de 1 a 3 dias, 6 (46,2%). Apenas dois sujeitos relataram
afastamentos de 16 dias ou mais.
Tabela 6

Distribuição da morbidade referida pela equipe de enfermagem da Unidade de Clínica


Médica -HSE nos anos de 2007 e 2008 n=34.
Distribuição das respostas segundo o grupo diagnóstico (n) Incidência
(CID 10) %

Doenças do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo 12 35,2%


Doenças do Aparelho Respiratório 11 32,3%
Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias 7 20,4%
Doenças do Aparelho Circulatório 6 17,5%
Transtornos Mentais e Comportamentais 4 11,7%
Doenças do Aparelho Geniturinário 4 11,8%

A Tabela 6 traz o grupo de doenças que mais incidiram sobre a população estudada,
organizadas segundo os grupos de diagnóstico (CID 10) e ordenadas por sua frequência, onde as
maiores incidências foram as Doenças do Sistema Osteomuscular (35,2%) e as doenças do Sistema
Respiratório (32,3%), seguidas das Doenças Infecciosas e Parasitárias (20,4%) e das Doenças do
Aparelho Circulatório (17,5%). Ocuparam o quinto lugar os Transtornos Mentais e
Comportamentais (11,7%) e as Doenças do Aparelho Geniturinário (11,7%).

3.2 Discussão
Quanto à caracterização sócio demográfica, da população do estudo, observa-se que 22
(64,7%) dos entrevistados eram enfermeiros e 12 (35,3%) eram técnicos em enfermagem. No
entanto, quando abordada a função que exercem na Unidade de Clínica Médica, observamos que
não aparece a categoria técnico em enfermagem, já que no HSE não há a contratação desse
profissional, mas apenas de auxiliares de enfermagem. Também observamos que dos 22 que
responderam ser enfermeiros, apenas 16 referiram exercer essa função no HSE-RJ, evidenciando
que entre os técnicos contratados como auxiliares de enfermagem, 6 já possuem graduação em
enfermagem.
A população estudada foi composta por funcionários concursados, contratados pelo Regime
Jurídico dos Servidores Públicos Civis, regulamentado pela Lei 8112/90 (BRASIL, 1990), o que
25

pode ser considerado pelo grupo de técnicos, uma vantagem em manter o emprego na função de
auxiliar de enfermagem, mesmo já possuindo a conclusão da graduação em enfermagem e até
mesmo atuando como enfermeiro em outros serviços. O último concurso público para enfermeiros
do HSE-RJ aconteceu em fevereiro de 2006. Apenas a aprovação para o cargo de enfermeiro em
um novo concurso público regularizaria tal situação, já que para os servidores desse regime
trabalhista a ascensão funcional tornou-se inconstitucional desde a revogação de seu inciso III,
artigo 8o, pela Lei 9527/97 (BRASIL, 1997).
O nível de escolaridade encontrado entre os auxiliares, foi maior do que o que era exigido
para função que exerciam no HSE-RJ. Entre esses profissionais, além dos que já concluíram a
graduação em enfermagem, encontramos ainda os que cursam ou cursaram, concluindo ou não,
algum curso de graduação (enfermagem, medicina, entre outros), demonstrando um nível de
formação homogêneo nessa população, ou seja, a maioria possui nível superior. A escolaridade,
segundo RAFFONE et al (2005, p. 674), atua como um determinante social do processo saúde-
doença e citam MONTEIRO, que verificou que indivíduos com maior escolaridade apresentam
melhor índice de capacidade funcional, quando comparados com os de baixa escolaridade.
Com relação à idade, trata-se de população jovem, no auge da idade produtiva,
acompanhando a distribuição da população economicamente ativa no Brasil, que é de 79,4% na
faixa entre 25 e 49 anos, segundo dados do IPEA (2008).
Na questão do gênero, observa-se a predominância histórica de profissionais do sexo
feminino, 25 (73,5%), em relação aos profissionais do sexo masculino, 9 (26%), compatível com os
achados em outros estudos (GONÇALVES, 2001; CHAMORRO, 2003; PAFARO et al, 2004).
Quando analisamos o tempo de exercício profissional na enfermagem, parcela significativa
dos sujeitos, 14 (41,2%), se encaixam na categoria de 2 a 5 anos, demonstrando portando, pouco
tempo de atividade profissional na enfermagem.
No Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, a jornada de trabalho,
regulamentada pela Lei 8270/91, é de no máximo 40 horas semanais BRASIL (1991), sendo que no
HSE-RJ os funcionários da enfermagem cumprem a jornada de 30 horas semanais. No entanto, 19
sujeitos (55,8%) responderam ter pelo menos mais um emprego. A carga horária semanal real, dos
que possuem outro emprego além do HSE-RJ, é na maioria dos casos, 10 sujeitos (29,4%), na faixa
entre 45h e 60h/semana e maior que 60h/semana para 7 sujeitos (20,6%). Para BULHÕES (1998,
p47), os baixos salários obrigam os trabalhadores da enfermagem a terem mais de um emprego e a
permanecerem no ambiente hospitalar a maior parte de suas vidas produtivas.
Quanto à renda mensal aproximada em salários mínimos, as faixas de 4 a 6 salários, e a de 6
a 10 salários obtiveram o maior número de respostas, sendo 14 sujeitos (41,2%) para cada faixa,
26

respectivamente. A faixa maior que 10 salários foi apontada por 5 sujeitos (14,7%), e apenas 1
(2,9%) referiu pertencer à faixa de 1 a 3 salários. Dos 19 servidores que se enquadraram nas
maiores faixas salariais, de 6 a 10 salários e maior que 10 salários, 17 (89,5%) possuem um
segundo emprego, de onde podemos inferir que o nível salarial do grupo estudado ainda é baixo,
persistindo o quadro de baixa remuneração dos profissionais de enfermagem, em consonância com
o apontado no estudo de GONÇALVES (2001, p. 79) e com a afirmação de PAFARO et al (2004,
p.155), obrigando esses trabalhadores a buscarem uma segunda fonte de remuneração.
Em continuidade ao perfil sociodemográfico, foram analisados alguns aspectos referentes
aos hábitos de vida da população estudada.
Quanto ao uso regular de medicamentos, os mais citados pelos sujeitos foram os anti
-hipertensivos (4 sujeitos), antidepressivos (3 sujeitos), fórmulas homeopáticas e florais (3 sujeitos),
contraceptivos orais (3 sujeitos) e tranquilizantes e ansiolíticos (2 sujeitos).

Com relação ao uso de tranquilizantes e ansiolíticos, somados os que declararam usar


regularmente aos que declararam uso eventual, encontramos a frequência de 14,7% entre a
população desse estudo. GONÇALVES (2001, p. 83), aponta que entre os trabalhadores de
enfermagem de seu estudo, 25% utilizavam tranquilizantes. BULHÕES (1998, p. 157) cita pesquisa
espanhola, onde

Sánchez constatou consumo indiscriminado de psicofármacos entre


trabalhadores de um hospital gero-psiquiátrico. São apontados como fatores de risco de abuso de drogas para
o trabalhador da enfermagem, entre outros: estresse profissional, meio familiar com história de consumo de
álcool ou droga, facilidade de acesso à droga.
DEJOURS (1992, p.78), ainda acrescenta que o consumo de álcool e de psicotrópicos,
pode tornar-se um recurso para aliviar as tensões e a agressividade interna originadas na ansiedade
relacionada ao trabalho.

Com relação às horas de sono, mais de 80% dos entrevistados referem dormir menos de 8
horas e aproximadamente 20% dormem menos que 5 horas, resultado que pode indicar privação
de horas de sono, possivelmente associada à carga horária elevada e ao trabalho noturno, mas não
só, já que há uma rede complexa de fatores que podem influenciar o sono. MORENO et al (2003,
p.43) citam ROSA et al. (1990), que recomendam que o trabalhador deve dormir no mínimo 6
horas, mas lembram que a maioria das pessoas precisa dormir mais do que isso. No entanto,
existem características individuais quanto à necessidade de horas de sono, como aponta De
MARTINO (2009), onde os indivíduos classificados como pequenos dormidores, necessitam de no
máximo 5:30h à 6:00h de sono no ciclo de 24 horas.

Quando indagados sobre a prática de exercício físico, 47,1% referiram nunca praticar e
27

23,5% referiram praticar raramente. Nesse sentido, resultados semelhante foram encontrados por
DURAN (2004, p.46), em um estudo sobre a capacidade para o trabalho entre trabalhadores de um
hospital universitário, onde 59,3% dos trabalhadores declararam não praticar exercício físico. Nesse
estudo, o ICT (índice de capacidade para o trabalho), que “engloba a auto-avaliação do trabalhador
sobre sua saúde e capacidade para o trabalho”, apresentou-se bom ou ótimo em 95,5% entre os
trabalhadores que praticavam atividade física e 81,3% entre os que não praticavam DURAN (2004,
p.47).

No estudo de RAFFONE (2005, p.674), sobre avaliação da capacidade funcional de


trabalhadores da enfermagem de um complexo hospitalar, constatou-se nos resultados que: “Os
trabalhadores que praticavam atividade física apresentaram percentual menor de baixa capacidade
para o trabalho quando comparados com aqueles que não à praticavam”.

Quanto ao lazer, mais de 44% dos entrevistados declaram serem raras as oportunidade para a
sua prática. As atividades de lazer mais citadas foram cinema, parques, viagens e praias. Ainda
foram citados na frequência de uma ou duas vezes pela equipe, as atividades de: leitura, navegar na
internet, frequentar restaurantes, reuniões familiares, encontros religiosos, trabalhos manuais
(patchwork, corte e costura, bordados) e dança. Dessa forma, podemos verificar que nessa
população que demonstrou ter raras oportunidades para suas praticas de lazer, também se verifica
que a maioria tem mais de um emprego, com uma carga horária de trabalho excessiva, sugerindo
uma relação em que uma situação é resultado da outra, onde o lazer fica em segundo plano diante
das necessidades de trabalho.

Com relação ao uso de substâncias psicoativas, e em específico ao uso de drogas não lícitas,
100% dos participantes responderam nunca usarem. Segundo o estudo de BASTOS et al (2005, p.
115), em pesquisa nacional sobre o consumo de álcool e drogas envolvendo 5040 indivíduos de
ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 65 anos,

as atividades realizadas nas horas de lazer mostraram-se associadas ao uso de


drogas ilícitas. Indivíduos cuja principal atividade de lazer foi a freqüência a
festas, bares, boates e afins tiveram 73,3% mais chance de consumir drogas dos
que frequentavam atividades culturais, desportivas e religiosas.
Nesse estudo, não abordamos a crença e prática religiosa. Entretanto, as práticas religiosas
foram citadas como atividade de lazer por um pequeno número de sujeitos. As principais atividades
de lazer relatadas pelos entrevistados, apontaram atividades relacionadas à cultura e passeios, como
cinema, viagens, shopping centers, parques, praias. A preferência por essas atividades pode estar
associada ao baixo consumo de drogas lícitas e à ausência de consumo de drogas ilícitas por essa
população.
28

Em relação ao consumo de álcool, 50% referiram nunca usar e 11 sujeitos (30,4%) o fazem
raramente. Esse estudo traz resultados diferentes do encontrado por GONÇALVES (2001, p.83), em
investigação entre os trabalhadores da enfermagem da Unidade de Doenças Transmissíveis, onde
75% dos profissionais de enfermagem pesquisados ingeriam álcool. Na pesquisa de BASTOS et al
(2005, p.111), o “uso de bebidas alcoólicas na vida foi relatado por 86,7% dos entrevistados".

Com relação ao uso de tabaco, observou-se nesse estudo que apenas um sujeito (2,9%)
declarou usar, resultado que também difere do estudo de GONÇALVES (2001, p. 83), onde a autora
observou que 58% dos sujeitos fumavam.

Sobre as condições de trabalho, foi abordado além de outros temas, a percepção dos riscos
ocupacionais pela equipe de enfermagem, nas três enfermarias que compõe a Unidade de Clínica
Médica, onde esses profissionais fazem um tipo de rodízio para prestar assistência aos pacientes
internados pelas diversas especialidades médicas (hematologia, endocrinologia, pneumologia,
reumatologia, entre outras), além dos pacientes internados na enfermaria atualmente designada à
internação de pacientes colonizados e infectados por VRE (Enterococo Resistente à Vancomicina).
Esse quadro nos faz refletir sobre a diversidade de suas ações e dos riscos ocupacionais
aos quais estão expostos, assistindo integralmente pacientes em diferentes graus de dependência da
enfermagem e complexidade clínica, incluindo pacientes críticos e em ventilação mecânica, uma
vez que os leitos de unidade de terapia intensiva não são suficientes para absorver a demanda de
pacientes neste quadro, situação comum há muitos hospitais públicos do país.

Para o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2001, p.37), situação ou fator de risco é: “uma condição
ou conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito adverso, que pode ser: morte,
lesões, doenças ou danos à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente”.

Dessa forma o hospital está inserido nas atividades terciárias da economia e classificado
com o grau de risco 3, de acordo com a Legislação Brasileira, Norma Regulamentadora NR-4,
(BRASIL/MTE, 2008, p46).

Nesse sentido, DEJOURS (1992, p 25), entende por condições de trabalho o ambiente físico
(temperatura, pressão, barulho, vibração, irradiação, altitude, etc), ambiente químico (produtos
manipulados, vapores e gases tóxicos, poeiras, fumaças, etc), o ambiente biológico (vírus, bactérias,
parasitas e fungos), as condições de higiene e segurança entre outros, e a luta por essas condições,
está historicamente ligada à luta pela saúde do corpo.

PAFARO et al (2004, p.156), referem que as condições de trabalho em hospitais são


reconhecidamente piores que a grande maioria dos demais setores de atividade da saúde e que as
29

atividades de enfermagem predispõe seus membros às doenças relacionadas ao trabalho (além de


acidentes e doenças profissionais), devido a exposição aos riscos de diferente natureza e o
consequente desgaste.

Quanto a percepção da equipe sobre os riscos ergonômicos, é importante que, antes de


iniciarmos a discussão dos resultados, lembrarmos que na abordagem ergonômica, segundo a NR-
17, as condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga
de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à
própria organização do trabalho. As condições ambientais, assim como a organização do trabalho,
devem estar adequadas às característica psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho
a ser executado, BRASIL/MTE, (2008, p. 232). O ambiente de trabalho que busca se adequar
ergonomicamente, é o que objetiva aliar à segurança nas atividades laborais, o conforto e o bem
estar dos trabalhadores.

Neste estudo, os riscos ergonômicos foram identificados por 94,1% dos participantes, onde
foram citadas pela população do estudo, 21 situações que podem indicar a penosidade no trabalho e
evidenciar a sobrecarga física. No entanto, foram listados no Quadro 1, apenas os cinco fatores de
risco ergonômicos mais citados pelos sujeitos, os quais serão objeto dessa discussão.
A sustentação e carregamento de peso foi a situação mais citada entre os fatores de riscos
ergonômicos, e é associada à mobilização no leito de pacientes altamente dependentes, durante os
cuidados higiênicos e mudança de decúbito, além de sua transferência da cama para cadeiras e
macas e vice versa. A equipe ressalta que a situação é agravada pelo número insuficiente de pessoal
de enfermagem para realizar os procedimentos de mobilização e transferência de pacientes, segundo
a técnica ergonomicamente correta, não permitindo a correta aplicação dos princípios da mecânica
corporal. Segundo a NR-32, para tais procedimentos, deve ser privilegiado o uso de dispositivos
que minimizem os esforços dos trabalhadores, além de serem capacitados para adoção da mecânica
corporal correta, (BRASIL/MTE, 2008, p. 512).
No estudo de GURGUEIRA et al (2003, p.613), sobre prevalência de sintomas músculo
esqueléticos em profissionais de enfermagem, os procedimentos relacionados a mobilização e
transporte de pacientes foram apontados como os principais causadores da dor lombar, constituindo
um risco para os trabalhadores da enfermagem.
O calor ocupou o segundo lugar em citações entre os riscos ergonômicos. A Unidade de
Clínica Médica não possui sistema de climatização, o que torna o ambiente extremamente quente no
verão, principalmente nas enfermaria onde o sol incide no período da tarde. Alguns profissionais
apontaram o calor, como um dos motivos para o não uso do capote como equipamento de proteção
30

individual em situações nas quais seu uso é recomendado como precaução para transmissão de
patógenos, o que aumenta a probabilidade de contaminação do profissional e transmissão da
infecção.
Às altas temperatura que no verão podem chegar aos 40o C na cidade do Rio de Janeiro,
somam-se, segundo a equipe, a ventilação insuficiente do ambiente, com piora considerável do
desconforto térmico. O calor é associado a um maior gasto energético para a realização dos
trabalhos, o que propicia a fadiga física, além de diminuir a concentração nas ações.
Os diferentes planos de trabalho apontados pela equipe como riscos ergonômicos, referem-
se às alturas não reguláveis de camas, macas, bancadas de trabalho, cadeiras, além das disposição
de materiais e equipamentos em armários e gavetas baixos ou altos demais, suportes de soro,
restringindo-se aos citados.
As posturas inadequadas referem-se ao curvamento da coluna para um grande número de
procedimentos e ações de cuidado, e são influenciadas pelo dimensionamento dos mobiliários e
equipamentos, citados acima, assim como de sua disposição no espaço de trabalho.
Para MARZIALE (1998 p.109),
a inadequação da altura das superfícies induz o trabalhador a curvar sua coluna
vertebral ao executar suas atividades podendo ser considerado como fator
predisponente ao aparecimento de lombalgias, problema de saúde muito
freqüente entre os trabalhadores de enfermagem.
Opinião compartilhada por BULHÕES (1998, p. 128), onde a autora afirma que as
inclinações e rotações da coluna conduzem o pessoal de enfermagem às doenças ósteo-articulares,
como lombalgias e cervicalgias. Ainda com relação às posturas inadequadas, vale salientar que as
mesmas não dependem apenas do mobiliário. As situações de emergência, os imprevistos e
variações no trabalho para o alcance das metas, no caso da equipe de enfermagem, a assistência
integral ao paciente altamente dependente em suas necessidades, também pode comprometê-las.
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2001, P 430), é nessa “ situação perturbada que o indivíduo
adota posições extremas, esforços excessivos e até mesmo um gesto que estão implicados na origem
de um problema osteomuscular” .
A presença de escada de acesso ao posto de enfermagem das unidades foi abordada por
quase a metade dos profissionais como um fator de risco ergonômico, uma vez que suas atividades,
por melhor que seja o planejamento das ações, envolvem o ir e vir constante ao longo das 12 horas
da jornada de trabalho, da unidade do paciente ao posto de enfermagem, onde se concentram os
materiais necessários à assistência, o local de preparo das medicações e os documentos, de onde
podemos observar que a presença da escada de acesso torna-se um fator de penosidade, na opinião
destes profissionais, além de ter sido um dos locais apontados por propiciar quedas. Outros locais
31

apontados como prováveis para a ocorrência de quedas foram a rampa de acesso à Enfermaria, os
corredores, devido ao chão escorregadio e os boxes dos pacientes.
Com relação aos equipamentos em mau estado de conservação, foram citadas as cadeiras de
higienização, cadeiras de rodas e carrinhos sem rodas ou com rodas inoperantes e as manivelas de
ajuste de altura da cabeceira dos leitos funcionando precariamente, aumentando o esforço físico
necessário para a realização das tarefas relacionadas ao cuidado. Essa manivelas, assim como a
disposição dos mobiliários, também foram citadas por propiciarem choques mecânicos (contusões).
Somando-se aos fatores ambientais (equipamentos e mobiliários inadequados, escada, calor,
entre outros), em 6o lugar foi citado o ritmo de trabalho, referindo-se ao ritmo intenso, muitas
atribuições e a grande quantidade de atos a serem executados durante a jornada de trabalho. Sabe-se
que o ritmo intenso pode levar ao sofrimento psíquico e o mesmo foi relatado também entre os
Riscos Psicossociais.
Embora não incluídos na tabela, mas vale a pena aqui ressaltar, foram as questões relativas
à organização do trabalho citados de uma à três vezes, como a quantidade insuficiente de
funcionários, o trabalho repetitivo, a alta demanda de atividades e tarefas, e a necessidade constante
de improvisações devido à falta de materiais e o trabalho noturno.
Foram também citados ao menos uma vez, os itens referentes ao desconforto ambiental
como: local inapropriado para o descanso, pouca ventilação, baixa luminosidade e assentos
inadequados nos locais onde se realiza a assistência.
Os riscos psicossociais envolvem as percepções subjetivas que o trabalhador tem dos fatores
de organização do trabalho, como a carga, o ritmo, o ambiente social, além de considerações sobre a
carreira (BRASIL/MS, 2001) e foram percebidos neste estudo por 82,4% dos participantes.
O contato permanente com o sofrimento de pacientes e familiares e constante com a morte,
constitui um risco para o estresse entre os profissionais de enfermagem. Essa “confrontação com o
sofrimento”, segundo BULHÕES (1998, p.145), constitui ainda um risco adicional a esses
profissionais, pois leva-os, “quase sempre, a minimizar os riscos aos quais está submetido no
ambiente de trabalho, e mesmo fora dele.” A autora ainda ressalta a importância de programas de
apoio psicológico bem conduzidos, direcionados à equipe de enfermagem.
Fatores de sobrecarga de trabalho, geradora de estresse, podem estar relacionados aos
aspectos relacionados à divisão do trabalho, seja pela falta de pessoal ou pela distribuição de tarefas
entre os membros da equipe, além do alto nível de complexidade da assistência, tando do ponto de
vista de dependência da enfermagem como da terapêutica.
Nesse estudo foi pontuado, durante as entrevistas, o conflito de interesses entre enfermeiros
e auxiliares na divisão das tarefas. Na visão de alguns membros da equipe, o dimensionamento de
32

enfermeiros é adequado, porém o de auxiliares de enfermagem, responsáveis pelas atividades


assistenciais relacionadas à higiene dos pacientes, administração de medicações, verificação de
sinais vitais, alimentação, controle de eliminações entre outras relacionadas à assistência integral, é
insuficiente, dessa forma gerando estresse no ambiente de trabalho.
O relacionamento interpessoal nem sempre satisfatório na equipe de trabalho foi citado por
23,5% dos respondentes. Sobre o tema, BELANCIERE et al (2004, p.128), revelam em um estudo
sobre estresse entre trabalhadores de enfermagem, que as dificuldades de relacionamento entre
profissionais foram apontadas por 50% dos respondentes como desencadeadores de estresse.
O envolvimento emocional com os pacientes e a violência no ambiente ocuparam o quarto
lugar em citações. Segundo a população estudada, o envolvimento emocional ocorre, quando se
estabelece um vínculo entre pacientes e profissionais, devido principalmente a longa permanência
de internação e a identificação com pacientes jovens. Na especialidade de Hematologia encontram-
se muitos pacientes jovens, submetidos a sucessivas internações, com os quais a jovem equipe
estudada (quase 50% possui 30 anos ou menos) se identifica. O mesmo ocorre com a especialidade
de Reumatologia, com relação às repetidas internações, aumentando o vínculo com pacientes e
familiares.
A exposição à violência no ambiente de trabalho foi relacionada aos conflitos com
acompanhantes de pacientes ou situações da violência urbana no trajeto, em concordância com
BULHÕES (1998, p.160), quando a autora relata que em estudos sobre violência contra o pessoal
de enfermagem, predominam as agressões verbais e físicas praticadas por pacientes e familiares.
Quanto à violência urbana, se faz presente de alguma forma na vida desses trabalhadores,
pois como em outras regiões metropolitanas do país, a cidade do Rio de Janeiro possui fatores que
incrementam os índices de violência (homicídios, assaltos, entre outros), como a elevada
concentração populacional e a desigualdade na distribuição de riquezas, sem deixar de mencionar o
crime organizado em torno do narcotráfico, a fragilidade do aparato de segurança pública, e a
violência no trânsito. O Hospital da pesquisa está localizado na região portuária do Rio de Janeiro e
próximo à comunidades carentes e densamente povoadas. Durante o estudo ficou evidente a
preocupação dessa população em relação a esse tipo de violência.
Os fatores de risco psicossociais não são visíveis, nem tampouco quantificáveis. Também
não é fácil identificar seus efeitos sobre os profissionais, enquanto ainda não estão traduzidos na
manifestação de doenças (ansiedade, fadiga crônica, distúrbios do sono).
Dentre os riscos psicossociais, ainda, foram citados ao menos uma vez: a não participação
da enfermagem nas decisões terapêuticas, a hierarquia da enfermagem, as falhas de comunicação
com as chefias, a responsabilidade das decisões sem sensação de respaldo da gerência, a
33

variabilidade das condutas, ausência de protocolos, a complexidade do cuidado aos pacientes, a


inexperiência da equipe médica (residentes), baixa remuneração, dupla jornada, interação social
prejudicada do trabalhador noturno com sua família e amigos.
Os fatores de risco físico se enquadram nos riscos de natureza ambiental, e envolvem
alguma forma de energia. Compreendem riscos físicos: o ruído, as vibrações, as condições de
temperatura, pressão e umidade, as radiações ionizantes e não ionizantes e a eletricidade. Segundo
BULHÕES (1998, p. 239), a OIT considera as radiações ionizantes, o ruído, a eletricidade e a
temperatura como os principais fatores de risco físico para os trabalhadores da saúde. A exposição
aos riscos físicos foi citada por 67,6% da população do estudo, sendo portanto a menos reconhecida
ou identificada. Apenas as radiações ionizantes foram citadas como risco físico. O calor foi
abordado anteriormente dentre os riscos ergonômicos, por estar relacionado ao conforto térmico.

Os Raios X foram apontados por 22 trabalhadores (64,7%) da população pesquisada e foram


associados à situação de realização de radiografias no ambiente da enfermaria, quando os pacientes
não possuem condições clínicas de serem encaminhados ao serviço de radiologia. Segundo as
observações dos trabalhadores, apesar do funcionário, técnico em RX , avisar a equipe o momento
em que irá disparar a descarga de radiação, nem sempre a ação que estão desenvolvendo no
momento permite a sua retirada do ambiente, e desse modo, sem o EPI recomendado, recebem a
carga. Essa situação, segundo a população do estudo, é reconhecida porém rara.
A radioiodoterapia, citada por alguns sujeitos da pesquisa, consiste na terapia com iodo
radioativo (131I), indicada no tratamento de tumores diferenciados da tireoide e também da Doença
131
de Graves. Segundo os sujeitos da pesquisa, os pacientes não recebem a dose do I na unidade de
clínica médica, mas após recebê-la no serviço de medicina nuclear, permanecem internados nessa
unidade, antes de receberem alta hospitalar. Segundo OLIVEIRA (2008, p. 36), o critério atual de

isolamento de um paciente que tenha recebido dose terapêutica de 131I, acima de 1,11 GBq, consiste
na sua internação individual em quarto terapêutico.

Não foi esclarecido, em nosso estudo, a dose de 131I recebida pelos pacientes e a necessidade
de permanecerem em isolamento. No entanto, segundo MENDES (2004, p.118), após o
recebimento da dose, o próprio paciente torna-se uma fonte de irradiação. Acreditamos que tais
questões devam ser esclarecidas à equipe de enfermagem, afastando a possibilidade de exposição
ocupacional não controlada e até mesmo contaminações ambientais, decorrentes da falta de
treinamento. As normas de radioproteção para essa atividade são determinadas pela CNEN
(Comissão Nacional de Energia Nuclear).

Apesar das controvérsias em relação ao estabelecimento das medidas de radioproteção para


34

esse procedimento, a enfermagem necessita de capacitação e treinamento para proteger


adequadamente a si própria e ao ambiente de trabalho. Alguns carcinomas, doenças hematológicas
(plaquetopenia, leucemia), esterilidade, efeitos embriotóxicos, são doenças que podem estar
relacionados à exposição crônica, em doses baixas com um tempo de exposição longo, à radiação
ionizante.

Os fatores de risco químico são considerados riscos ambientais, segundo a NR-9, que
estabelece a obrigatoriedade do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) pelas
empresas e instituições que admitam trabalhadores como empregados, agentes químicos são
definidos como em

as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela


via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que , pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou
ser absorvidos pela pele ou por ingestão (BRASIL/MTE, 2008, p.95).
Os 34 sujeitos da pesquisa (100%) referiram exposição ocupacional aos fatores de risco
químico. Os agentes antineoplásicos ocupam o primeiro lugar, citados por 31 sujeitos (91,2%), fato
justificado pelo fato da unidade de clínica médica abrigar os leitos da especialidade de
Hematologia. A quimioterapia antineoplásica é amplamente utilizada no tratamento de neoplasias
malignas e muitos desses agentes são comprovadamente carcinogênicos, sendo indispensável o
estabelecimento de medidas de prevenção da contaminação e para a manipulação segura dos
mesmos. Porém ROCHA et al (2004, p. 515), que buscava identificar as formas de precaução
utilizadas pela equipe de enfermagem ao manipularem os quimioterápicos antineoplásicos,
constatou ao observar o procedimento de administração dessas drogas por enfermeiros, que os
mesmos não utilizavam os óculos de proteção e os aventais impermeáveis descartáveis de manga
longa. Na unidade de clínica médica do HSE os enfermeiros instalam e retiram os antineoplásicos,
em cumprimento à determinação COFEN 257/2001. As precauções para instalação, entretanto,
parecem ser adotadas de forma incompleta, uma vez que, segundo o relato dos sujeitos deste estudo,
nem sempre os EPIs estão facilmente disponíveis para o uso.

No estudo de XELEGATI et al (2006), sobre riscos químicos identificados por enfermeiros,


os sujeitos identificaram os problemas sanguíneos como os principais efeitos da manipulação de
antineoplásicos, mas a autora lembra que esses agentes podem ainda causar sérios problemas de
reprodução (aborto, infertilidade, disfunções menstruais, teratogenicidade entre outros).
Corroboram com a observação da autora, os achados de CHAMORRO (2003, p. 135), em
estudo sobre a morbidade em profissionais de enfermagem de um serviço de quimioterapia, onde
conclui que estes serviços constituem ambiente de risco para os profissionais que ali trabalham, e
35

que as enfermeiras são expostas à agentes citotóxicos que podem estar influenciando seu perfil de
morbidade, prevalecendo entre elas as doenças relatadas na literatura como prováveis devido a
exposição ocupacional aos anti neoplásicos, como as doenças hematológicas, alterações na
reprodução, pele e mucosas, e gastrointestinais.
Em relação aos antibióticos, segundo lugar na frequência de citações, sabe-se que a equipe
de enfermagem está frequentemente exposta às névoas provenientes de suas diluições para infusão,
ou mesmo à contaminação da pele em seu preparo, através de respingos. No entanto, os efeitos
tóxicos dessa exposição não são muito bem conhecidos. Alguns autores, como BULHÕES (1998, p
233) e XELEGATI et al (2006) referem-se à sensibilização dos profissionais de enfermagem devido
ao contato constante com esse tipo de medicação. No estudo de XELEGATI et al (2006) os sujeitos
relacionaram a exposição aos antibióticos aos episódios de diarréia e episódios alérgicos, entre eles
a rinite.
Foram pouco citados nesse estudo, o álcool etílico e as luvas de látex apesar de serem
amplamente empregados nas atividades assistenciais. O maior efeito dos agentes químicos em
pessoal da enfermagem é a dermatite ocupacional e entre seus agentes encontram-se as luvas de
látex, os sabões, os anti-sépticos, e os degermantes, segundo BULHÕES (1998, p. 234). Com o
aumento das medidas de precaução contra a transmissão de patógenos, que se tornam cada vez mais
resistentes aos antibióticos do ambiente hospitalar, cabe à equipe de enfermagem usar luvas e lavar
as mãos com maior frequência. Nesse sentido, vale ressaltar que a unidade de clínica médica tem
abrigado em uma de suas enfermarias, todos os pacientes colonizados/infectados pelo Enterococo
Resistente à Vancomicina (VRE) do hospital.
Entende-se por risco biológico, a probabilidade da exposição ocupacional a agentes
biológicos, e "consideram-se Agentes Biológicos os microorganismos, geneticamente modificados
ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons". (BRASIL/MTE, 2008, p. 496)
Conforme observado no Quadro 1, 100% da população se reconhece exposta aos riscos biológicos,
sendo que a tuberculose foi a mais citada pela população estudada, apontada por 91,2% dos sujeitos.
Esse resultado corrobora com os de FARIAS et al (2005, p123), apontando a tuberculose como um
dos principais riscos biológicos.
A tuberculose é um problema de saúde prioritário no Brasil que, juntamente com outros 21
países em desenvolvimento, alberga 80% dos casos mundiais da doença, apresentando 85 mil casos
novos por ano e cerca de 5-6 mil mortes pela doença. Estima-se que cerca de um terço da população
mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis, sob risco, portanto, de desenvolver a
enfermidade. (BRASIL/MS, 2005, p.732)
Seu agente etiológico, o Mycobacterium tuberculosis é classificado segundo a NR-32, como
36

agente da classe de risco 3, o que significa apresentar um elevado risco individual para o
trabalhador, com probabilidade de disseminação para a coletividade e poder de causar doenças e
infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou
tratamento. No caso da tuberculose, essa norma regulamentadora traz a observação de que há vacina
eficaz disponível. (BRASIL/MTE, 2008, p. 513)
O risco de transmissão nosocomial da tuberculose, segundo o Centers for Disease Control
and Prevention (CDC), varia em função principalmente da prevalência local da tuberculose e da
efetividade do programa de controle da infecção da instituição. Segundo o orgão op. cit., (2005, p.
6), os principais fatores de risco para a transmissão da tuberculose em serviços de saúde são as
falhas na identificação dos casos e na adoção das medidas de precaução para transmissão aérea,
assim como a retirada precoce dos pacientes dos quartos de isolamento. OLIVEIRA et al (2007)
refere que a prevalência de tuberculose entre profissionais de saúde está fortemente relacionada à
presença de pacientes com tuberculose no ambiente hospitalar e ressaltam a importância da triagem
tuberculínica no período de formação dos profissionais da saúde e no pré admissional, como
estratégia de prevenção de novos casos da doença. FRANCO et al (2004, p 245) em estudo de
revisão de literatura, refere que são relatadas
elevadas prevalências de infecção tuberculosa e incidências da doença em
profissionais de saúde, bem como maiores prevalências e incidências em
profissionais que exercem atividades que os colocam em contato com pacientes
com suspeita ou diagnóstico de tuberculose no ambiente de trabalho. Estudos
também mostram elevadas taxas de conversão do teste tuberculínico e
adoecimento de profissionais após contato com outros profissionais doentes,
exposição a pacientes com doença, a materiais e procedimentos com
características infectantes (...)
As autoras op. cit. relatam ainda que, entre os procedimentos relativos a condução dos
pacientes apontados como os que mais contribuem para a transmissão da doença, pontua-se o atraso
no diagnóstico. Quanto aos procedimentos ambientais inadequados, os principais são a falta de
circulação e ventilação de ar nos locais de tratamento desses pacientes. Quanto às atividades
profissionais, as mais associadas a infecção e adoecimento, são as que envolvem aerossolização dos
bacilos e o cuidado direto aos pacientes.
O programa de controle de infecção da tuberculose em serviços de saúde deve envolver,
segundo as diretrizes deste orgão, medidas administrativas, ambientais e de proteção respiratória.
GONÇALVES (2001, pp 22-25), apresenta um conjunto de medidas tendo como base as
recomendações do CDC, onde fazem parte das medidas administrativas o reconhecimento dos
pacientes sintomáticos, o diagnóstico precoce, com facilidades para a realização dos exames de
baciloscopia, o inicio do tratamento tão logo confirmado o diagnóstico, a criação de comissão de
37

controle de infecção nosocomial de tuberculose e medidas de treinamento. Entre as medidas


ambientais, compreende-se entre outras, os quartos com pressão negativa e filtros de ar de alta
eficiência (HEPA), e o uso de máscaras N95 aprovadas pelo CDC através do National Institute for
Occupacional Safety and Health (NIOSH) como medidas de proteção respiratória.
O segundo lugar em citação dentre os riscos biológicos foram as Hepatites B (HVB) e C
(HVC). Nos trabalhadores da saúde, a soroprevalência de HBV é 2 a 4 vezes maior, e a incidência
anual é 5 a 10 vezes maior que na população em geral (BRASIL, 2001, p78). Esse grupo de
trabalhadores faz parte dos grupos prioritários para vacinação contra a hepatite B. A vacinação,
segundo GIR et al (2008), é uma das medidas mais importantes para prevenção desse vírus, já que
possui eficácia de 90% a 95%. Para a HVC, a soroprevalência em trabalhadores da saúde parece ser
similar à da população geral. A soroconversão dos trabalhadores que se acidentam com material
contaminado ocorre em 1,2 a 10% dos trabalhadores. Estima-se que 2% dos casos devem-se à
exposição ocupacional (BRASIL 2001, p78). Até o momento, a única medida eficaz de reduzir o
risco de transmissão do HVC, é o uso das precauções padrão, conforme nos lembram GIR et al
(2008), onde relatam ainda que o risco médio de infecção pelo HCV após acidente ocupacional
percutâneo é de 1,8%, podendo variar de 1 a 10%. No caso do HBV, quando o paciente fonte é
HBeAg positivo o risco está estimado entre 6 e 30%, podendo atingir até 40%, quando nenhuma
medida profilática é adotada.
Os riscos de exposição ao HBV, HCV e HIV, são atribuídos por vários autores, ao manuseio
e acidentes com materiais perfurocortantes, GIR et al (2008), CHIODI et al (2007), GONÇALVES
(2001). Dentre as situações que geram exposição aos riscos biológicos, os acidentes com materiais
perfurocortantes aparecem em primeiro lugar, citados por 28 sujeitos (82,4%). Durante a entrevista,
alguns dos sujeitos associaram os acidentes perfurantes aos procedimentos de punção venosa e
glicotestes, além do hábito ainda presente do reencape de agulhas. O encape ativo de agulhas
também foi observado por CHIODI et al (2007), como causa de acidentes, em aproximadamente
10% dos acidentes dessa natureza. Os acidentes cortantes foram associados ao uso de lâminas de
bisturi ao invés de tesouras, e à quebra de ampolas.
Diversos autores apontam em seus estudos o predomínio de acidentes com materiais
perfurocortantes entre os que afetam os profissionais da saúde, CHIODI et al (2007), BÁLSAMO et
al (2006, p 350), FARIAS et al (2005, p132), ABREU (1997 p107). Em nosso estudo, observamos
o fato de que mesmo apontando os acidentes com perfuração cutânea em primeiro lugar para risco
de exposição aos agentes biológicos, alguns indivíduos declararam não usar luvas em punções
venosas difíceis, pelo fato de que estas diminuem a sensibilidade. Tal atitude nos leva facilmente a
supor tratar-se de uma estratégia para a resolução de um problema imediato, diminuindo a
38

possibilidade de erro na punção, poupando o paciente de novas tentativas, em detrimento de sua


própria proteção ao falhar na adoção das precauções padrão.

Ainda com relação à exposição aos fatores de risco biológico, os respingos de material
biológico na pele e em mucosas foram considerados situação de exposição aos riscos dessa
natureza, sendo citados por 24 sujeitos (70,6%) e associados à aspiração traqueal, ao ato de
desprezar as eliminações no vaso sanitário e ainda aos episódios de vômitos dos pacientes ou
situações de emergência. No estudo de NISHIDE et al (2001, p. 207), sobre acidentes de trabalho
em uma unidade de terapia intensiva, acidentes dessa natureza foram os que mais incidiram (50%).
BÁLSAMO et al (2006, p. 349) em estudo sobre acidentes de trabalho envolvendo exposição a
líquidos corporais, concluiu que a unidade de clínica médica, juntamente com a unidade de terapia
intensiva do hospital universitário do estudo, ocuparam o segundo lugar em percentual de acidentes,
atrás apenas da unidade de emergência, e chamou atenção para o ritmo de trabalho e características
das atividades nestas unidades.

Como não há medidas que possam oferecer uma completa proteção contra os riscos de
acidentes ou doenças relacionados à exposição aos agentes biológicos, o correto é o fornecimento,
pela instituição, de EPIs adequados a esse risco. Segundo a NR-6, considera-se EPI “todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (BRASIL/MTE, 2008, p.73). Para os
trabalhadores expostos aos agentes biológicos esses dispositivos incluem, principalmente, as luvas,
os protetores oculares ou faciais, os protetores respiratórios (máscaras), aventais e capotes de
mangas longas. Em nosso estudo, os EPIs citados como os comumente usados nas atividades
diárias, foram: luvas, por 34 sujeitos (100,0%), máscaras cirúrgicas e aventais, por 33 sujeitos
(97,1%), máscaras para precaução aérea (N95) e capotes, por 32 sujeitos (94,1%). Apenas 4 sujeitos
(11,8%) citaram óculos de proteção.

Torna-se preocupante em nosso estudo o fato de que apesar de reconhecerem os acidentes


com respingos de material biológico como um importante fator de risco, apenas 4 sujeitos (11,8%)
declararem usar os óculos de proteção. A justificativa para o não uso desse EPI, pode estar
assinalada no Quadro 2, quando apontam que os óculos de proteção permanecem nos carrinhos de
emergências, portanto não junto ao trabalhador, para uso individual e mantido em fácil acesso.

Podemos observar que a população estudada reconhece, inúmeras situações que podem
representar riscos ocupacionais de diferentes naturezas, diferentemente do quadro encontrado por
MARZIALE et al (1998, p.104), onde a mesma refere que
os trabalhadores conseguem detectar riscos biológicos, mas não associam
39

fatores como a dificuldade de transportar pacientes, a manipulação de drogas, a


grande variedade de atividades realizadas e a elevada temperatura ambiente
como riscos eminentes do ambiente de trabalho
No entanto, apesar do bom nível de conhecimento sobre os riscos ocupacionais demonstrado
pela população do estudo, quando questionados sobre o uso de EPIs, a maioria dos sujeitos 19
(55,9%) declarou não usá-los em algumas ocasiões em que seriam recomendados pelas normas de
biossegurança, conforme mostrado na Tabela 4. Esse resultado corrobora com outros estudos,
FARIAS et al (2005, p.102), GONÇALVES (2001, p.92) e ABREU (1997, p127), o que sugere que
ainda não chegamos ao nível de proteção desejado.
Quanto à incidência de morbidades referidas pela equipe de enfermagem da Unidade de
Clínica Médica do HSE-RJ, nos anos de 2007 e 2008, observou-se que as Doenças do Sistema
Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo (DSOM) foram as que mais incidiram sobre essa população
(35,3%). Essa incidência pode estar associada às condições de trabalho, uma vez que foram
destacados pelos sujeitos a presença de diversos fatores ergonômicos e psicossociais, considerados
riscos ocupacionais pelos participantes, e apontados em outros estudos como potencializadores do
aparecimento e do mau prognóstico das doenças osteomusculares. Esse resultado corrobora com o
encontrado no estudo de MUROFUSE (2004, p 163), sobre o adoecimento dos trabalhadores de
enfermagem, onde a autora revela que entre os diagnósticos registrados na Divisão de Saúde do
Trabalhador em atendimentos médicos a esses trabalhadores, as DSOM ocuparam o segundo lugar,
mas, no entanto, relata que como no grupo anterior, o dos Fatores que Interferem no Estado de
Saúde (FIES), nem todos os atendimentos foram motivados por doenças, as DSOM ocuparam, em
realidade, o primeiro lugar. Como destacam LEITE et al (2007 p 289), a maioria das queixas de
saúde nos trabalhadores de enfermagem relacionam-se ao sistema osteomuscular, atribuídas
principalmente a fatores ergonômicos e posturais inadequados, presentes na dinâmica hospitalar.
Para MENDES (1988, p318), a dor lombar servirá de paradigma das doenças do aparelho
locomotor.
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2001), as dorsalgias estão entre as queixas mais
frequentes da população em geral, sendo que dentre elas destaca-se a lombalgia, tanto em jovens
como em idosos. Ainda segundo o orgão op cit, os casos de lombalgia crônica descritos como
ocupacionais, são as
associadas a atividades que envolvem contratura estática ou imobilizações por
tempo prolongado, de seguimentos corporais como a cabeça, pescoço ou
ombros, tensão crônica, esforços excessivos, elevação e abdução dos braços
acima da altura dos ombros, com o emprego da força e de vibrações de corpo
inteiro (BRASIL/MS, 2001, p.452 ).
Também segundo o Ministério da Saúde, a lombalgia crônica pode ser considerada doença
40

relacionada ao trabalho, quando as condições de trabalho incluem posições forçadas, gestos


repetitivos e/ou ritmo de trabalho penoso e/ou condições difíceis de trabalho, e ainda destaca que a
sua prevalência entre trabalhadores da saúde no Brasil, é próxima de 22,6%, prevalência encontrada
entre trabalhadores da construção civil nos Estados Unidos da América. (BRASIL/MS, 2001).
Apesar do trabalho em enfermagem apresentar vários aspectos que possam ser relacionados às
DSOM, sua gênese é multicausal, o que dificulta a comprovação desta relação. Em nosso estudo,
as lombalgias foram as doenças mais citadas entre as DSOM, com relato de 7 casos (20,6%),
independentemente da categoria profissional.
O sistema respiratório constitui uma importante via de exposição ocupacional a agentes
tóxicos. A poluição do ar nos ambientes de trabalho pode causar doenças em todo trato respiratório,
dependendo das propriedades químicas e físicas dos gases e aerossóis, de características individuais
como a herança genética, e de doenças preexistentes ou de hábitos como o tabagismo. A equipe de
enfermagem prepara e administra diariamente medicações, ficando exposta à névoas de muitas
substâncias cujos efeitos são ignorados. As Doenças do Aparelho Respiratório (DARES) ocuparam
o segundo lugar entre as causas de morbidades referidas em nosso estudo, com uma incidência de
32,3%. As doenças referidas foram a sinusite, em primeiro lugar, com 3 casos, Gripe, Faringite e
IVAS, todas com 2 casos cada. Ainda relatadas na frequência de um caso a Rinite e a Bronquite. No
estudo de MUROFUSE (2004, p.194), as DARES ocuparam o quarto lugar entre os diagnósticos
registrados nos atendimentos médicos aos trabalhadores de enfermagem e em FARIAS et al (2005,
p 128), o primeiro lugar entre as doenças referidas pela equipe de enfermagem.
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2001), a exposição a agentes irritantes, tanto na
forma de gases e vapores quanto de névoas e poeiras, é causa de sinusite crônica. E ainda declara
que, excluídos outros diagnósticos diferenciais e analisados os fatores de risco não-ocupacionais, a
sinusite crônica pode ser considerada doença relacionada ao trabalho, no qual o trabalho pode
desempenhar o papel de fator de risco contributivo ou adicional, na etiologia multicausal da
Sinusite crônica.
As Doenças Parasitárias e Infecciosas (DPI) ocuparam o terceiro lugar entre as morbidades,
com incidência de 20,6%. As DPI de maior incidência foram a Diarréia e Gastroenterite, com 3
casos. Essas doenças também ocuparam o primeiro lugar entre as DIP no estudo de MUROFUSE
(2004, p.207), sobre os atendimentos médicos ao pessoal de enfermagem registrados na DAST -
FHEMG.

Outras doenças citadas apenas uma vez neste estudo foram: Varicela, Rubéola, Candidíase e
Dengue Clássica, sendo a Varicela e a Rubéola, doenças virais caracterizadas por erupções da pele e
41

juntas ocupam, dentre as DIP, o segundo lugar nesse estudo. No estudo de MUROFUSE (2004,
p.207), essas doenças ocuparam o terceiro lugar entre as DIP.
Por outro lado, não foram referidas pelos participantes, doenças infecciosas como hepatites
virais, tuberculose e HIV, destacados como os principais riscos para infecções adquiridas no
ambiente de trabalho por trabalhadores de enfermagem por CHIODI (2007), GONÇALVES (2001,
p.102), e BULHÕES (1998, p.102).
As Doenças do Aparelho Circulatório (DACIR) ocuparam o quarto lugar em incidência de
morbidade em nosso estudo, referidas por 6 sujeitos (17,5%). O aparecimento da doença
hipertensiva no período do estudo ocorreu em dois sujeitos, porém os anti-hipertensivos foram os
medicamentos de uso regular mais citados por essa população (4 sujeitos), indicando que a
prevalência dessa doença pode ser maior. Todos os sujeitos que referiram DACIR acreditam que o
seu aparecimento tenha relação com as características do trabalho em enfermagem, postura em pé,
ritmo acelerado, presença de escadas, percorrer longas distâncias, e estresse.
No estudo de MAIA et al (2007, p. 141), sobre fatores de risco modificáveis para a doença
arterial coronariana nos trabalhadores de enfermagem de um hospital geral, evidenciou-se níveis de
pressão arterial significativamente elevados, com a prevalência de 29,7%, sendo os enfermeiros
mais hipertensos. O autor op. cit. (2007, p141) cita estudo realizado em Santa Catarina, onde foi
constatada associação entre estresse e hipertensão em 82,4% dos indivíduos. As DACIR ocupam o
quinto lugar no estudo de MUROFUSE (2004, p198) na motivação dos atendimentos de saúde,
porém entre elas, as doenças hipertensivas são a maior causa de atendimento na DAST. Em
FARIAS et al (2005, p128), as DACIR ocuparam o segundo lugar, juntamente com as DSOM.
Embora as doenças das veias, vasos linfáticos e gânglios linfáticos, não sejam consideradas
relacionadas ao trabalho, BULHÕES (1998, p.128) nos lembra que os estudiosos são unânimes em
alertar que toda postura prolongada é nociva, e que a permanência em pé causa varizes.
Dividem o quinto lugar em morbidades referidas pela equipe de enfermagem em nosso
estudo os Transtornos Mentais e Comportamentais (TMC) e as Doenças do Aparelho Geniturinário
(DAGEN), ambos com incidência de 11,8% na equipe. Entre os TMC, os Transtornos de Ansiedade
foram os de maior incidência, perfazendo um total de 3 casos. Houve um caso de Transtorno de
Humor, sendo a Depressão a doença relatada. Em MUROFUSE (2004, p 179), os TMC, ocuparam
a terceira causa de demanda de atenção pela DSAT FHEMIG, em trabalhadores de enfermagem.
MANETTI (2007, p79), em seu trabalho sobre fatores associados a depressão relacionada ao
trabalho de enfermagem, cita BABA (1999),
os profissionais mais suscetíveis aos problemas de saúde mental, são aqueles
que interagem, a maior parte do tempo, com indivíduos que necessitam de
ajuda, como as enfermeiras, os professores, as assistentes sociais, entre outras.
42

Nesse sentido, as características do trabalho em enfermagem, onde o objeto de trabalho é na


grande maioria das vezes o cuidado ao indivíduo doente, com problemas de alta complexidade,
muitas vezes fora do alcance de resolução por parte desse profissional, exigindo um alto
investimento humano e pessoal, tornam esses trabalhadores particularmente expostos ao sofrimento
psíquico, podendo levar ao burn out, síndrome já caracterizada e associada a esse contexto, onde
estão presentes a exaustão emocional, despersonalização e auto depreciação.
Segundo a OMS, os transtornos mentais menores acometem cerca de 30% dos trabalhadores
ocupados, e no Brasil, segundo o INSS, os transtornos mentais (com destaque para o alcoolismo)
ocupam o terceiro lugar em concessões de benefícios como o auxílio doença e aposentadorias por
invalidez (BRASIL/MS, 2001, p.161).
Não foram relatados nesse estudo doenças relacionadas ao abuso ou dependência química de
substâncias psicoativas, com exceção de um sujeito que declarou usar tabaco. O consumo de álcool
declarado foi relativamente baixo, com 50% da população referindo nunca usá-lo e nenhum caso de
dependência dessa substância foi relatado.
Quanto às DAGEN, também com uma incidência de 11,8%, a infecção urinária foi a única
doença referida pela equipe, acometendo apenas as mulheres. Apesar de sabidamente predominante
em pacientes do sexo feminino na população adulta geral, mais suscetível devido às condições
anatômicas: uretra mais curta e proximidade com a vagina e com ânus (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA E SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA, 2004),
todas as trabalhadoras que referiram a doença nesse estudo, acreditam na sua relação com as
características do trabalho em enfermagem, devido a falta de tempo para ingerir água em
quantidade adequada, assim como pela negligência da vontade de urinar, em virtude do ritmo de
trabalho. Essas colocações corroboram com os achados de FARIAS et al (2005, p 131). Para
HEILBERG et al (2003, p.115), as recomendações para o aumento da ingestão de líquidos e urinar
em intervalos de 2 a 3 horas, fazem parte entre outras recomendações, do manuseio não
medicamentoso de pacientes com ITU recorrente ou com bacteriúria assintomática. Essas
recomendações parecem difíceis de serem seguidas pela equipe de enfermagem, mais uma vez
demonstrando negligência para consigo, apesar do conhecimento privilegiado.
Desse modo, o estudo mostrou que várias doenças incidiram sobre a equipe de enfermagem
no período de estudo. Apesar de tratar-se de uma população jovem, onde quase a metade (47%)
possui 30 anos ou menos, e 41,2% se encaixam na categoria de 2 a 5 anos de profissão, esses
profissionais apresentaram sinais de desgaste físico e psicológico, traduzidos aqui como patologias.
No estudo de REIS et al (2003, p 620), sobre fatores relacionados ao absenteísmo por
doença em profissionais de enfermagem, as doenças que mais produziram afastamentos foram as
43

DARES, seguida das DSOM e das do grupo Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias,
exatamente os três grupos de doenças que mais incidiram sobre a população estudada da unidade de
clínica médica do HSE. No entanto, quando abordamos o afastamento ao trabalho motivado pelo
referido adoecimento, na Tabela 5, observamos que dos 27 sujeitos que referiram ter apresentado
alguma doença, mais da metade, 14 sujeitos, não apresentou afastamento do trabalho. Esse fato,
pode sugerir que esses profissionais evitam faltar ao trabalho, apesar de doentes, valendo-se dos
mecanismos flexíveis para a troca de folgas com colegas de trabalho, ou mesmo comparecendo ao
trabalho apesar dos problemas de saúde.
Autores que estudam o absenteísmo entre profissionais de enfermagem, mencionam as
condições de trabalho e as diferentes cargas (física, química, biológica, psíquica, etc) envolvidas no
trabalho em enfermagem como contribuintes para o processo de adoecimento e para o absenteísmo
SILVA et al (2000, p45), BARBOZA et al (2003, p180), GEHRING et al (2007, p407).

Os dados sobre duração dos afastamentos, na Tabela 6, mostram que os afastamentos com
duração de até 15 dias foram os que predominaram, e dentro destes os de duração de 1 a 3 dias.
Dados similares aos encontrados por BARBOZA (2003, p181) em um hospital geral de ensino,
onde verificou que, em (84,6%) dos episódios, o período foi de 1 a 10 dias e com preponderância
dos afastamentos no período de 1 a 4 dias (64,5%). Também SILVA et al (2000, p48), verificou que
em um hospital universitário houve predomínio de atestados com 1 ou 2 dias de dispensa ao
trabalho.
44

4. Conclusões e Sugestões

4.1 Conclusões
O estudo permitiu as conclusões enunciadas a seguir.

Entre a população houve o predomínio de enfermeiros, apesar de nem todos exercerem essa
função no HSE-RJ, uma vez que foram admitidos via concurso público como auxiliares de
enfermagem. A outra parcela da população era de técnicos em enfermagem, porém no HSE-RJ eram
contratados como auxiliares de enfermagem, já que na instituição não há a contratação do técnico
em enfermagem, concluindo-se assim, que a maioria da população estudada exerce uma função com
menor exigência de qualificação, em relação à sua formação profissional, o que pode gerar
sentimento de frustração.

O nível de escolaridade é relativamente homogêneo, de nível superior, em sua maioria


composto por enfermeiros e onde, parte dos técnicos cursam ou cursaram faculdade.

Tratava-se de uma população jovem, em plena idade produtiva, onde mais da metade dos
sujeitos tinha 35 anos ou menos e pouco tempo de exercício profissional, predominando a faixa de 2
a 5 anos, e maioria com10 anos ou menos na profissão. Quanto ao tempo de exercício na Unidade
de Clínica Médica do HSE-RJ, a grande maioria pertencia a faixa de 2 a 5 anos.

Houve predomínio dos indivíduos do sexo feminino.

Quanto a faixa salarial em salários mínimos, predominaram os sujeitos pertencentes às


faixas entre 4 a 6 salários e 6 a 10 salários, porém a grande maioria dos sujeitos que pertencem à
faixa entre 6 a 10 salários referiram outro emprego. Pertencem à faixa maior que 10 salários
mínimos, apenas os contratados como enfermeiros no HSE-RJ e que possuem um segundo
emprego. Esse quadro caracterizou a baixa remuneração desses profissionais, obrigando-os às
extensas jornadas de trabalho semanais apontadas nesta pesquisa, onde metade dos entrevistados
trabalha 45 horas ou mais na semana.

A extensa carga horária pode estar na origem das poucas horas de sono, raras oportunidades
de lazer apontadas por parcela significativa dessa população, assim como na prática de atividade
física preocupantemente baixa, já que a grande maioria refere nunca ou raramente praticar
exercícios. Estas condições poderão contribuir com o desgaste físico e mental dessa população ao
longo do tempo, influenciando o perfil de morbidades.

A técnica de entrevista em uma população particularmente pequena, pode ter perturbado a


impessoalidade quando abordamos o uso de substâncias psicoativas, que mostrou-se relativamente
45

baixa nesse estudo, onde todos os entrevistados relataram nunca usar drogas ilícitas, apenas um
indivíduo declarou usar tabaco, metade dos entrevistados declarou nunca usar álcool e 30%
declarou usá-lo raramente. No entanto, acreditamos que possa haver associação entre as
preferências das atividades de lazer, predominando neste estudo as culturais e recreativas, e o uso
dessas substâncias. Quanto ao consumo de tranquilizantes, acreditamos que o consumo entre 14,7%
dos sujeitos seja expressivo, e deveria ser evitado, apesar de a maioria dos sujeitos declarar uso
eventual e sob recomendação médica.

Com relação às condições de trabalho percebidas por essa população, foram apontados
principalmente os riscos biológicos e químicos, mas também expressivamente relatados os riscos de
acidentes, os ergonômicos e psicossociais e em menor proporção, os riscos físicos, demonstrando
um elevado conhecimento sobre o tema.

As situações de exposição aos riscos ocupacionais referidas com maior frequência pelos
sujeitos foram: exposição aos antineoplásicos, com relação aos riscos químicos, exposição à
tuberculose e hepatites B e C, com relação aos riscos biológicos, acidentes com materiais
perfurocortantes e respingos de material biológico na pele e em mucosas, com relação aos riscos de
acidentes, carregamento e sustentação de peso, associado principalmente à mobilização e
transferência de pacientes, e o calor, referente aos riscos ergonômicos, contato constante com o
sofrimento de pacientes e familiares, relacionado aos riscos psicossociais e eventuais exposição aos
raios X, com relação ao riscos físicos.

Apesar do reconhecimento dos riscos, encontramos pontos preocupantes com relação a


proteção desses trabalhadores, como por exemplo o fato da maioria admitir não usar EPIs em
algumas situações onde as normas recomendam seu uso, sendo as justificativas para o não uso, as
relacionadas ao difícil acesso ao EPI ou ao não fornecimento em quantidade adequada do mesmo,
como no caso dos óculos de proteção e eventualmente, dos capotes impermeáveis para instalação de
quimioterapia.

Além do descrito acima, concluímos que apesar de reconhecerem o elevado risco de


acidentes com materiais perfurocortantes, ainda ocorre a prática do reencape de agulhas e da punção
venosa sem o uso de luvas.

Quanto à incidência de morbidades, verificou-se que as doenças que com maior frequência
acometeram esses profissionais no período do estudo, segundo suas respostas, foram as Doenças do
Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo, com destaque para as lombalgias, seguida das
Doenças do Aparelho Respiratório, com destaque para as sinusites. As Doenças Infecciosas e
46

Parasitárias ocuparam o terceiro lugar, no entanto não foram referidas doenças como hepatites
virais, tuberculose e HIV, destacados como os principais riscos para infecções adquiridas no
ambiente de trabalho por trabalhadores de enfermagem.

Ainda destacaram-se as Doenças do Aparelho Circulatório, em quarto lugar, onde o


principais agravos eram os relacionados às veias e vasos linfáticos, possivelmente associados ao
ritmo de trabalho intenso, posturas e a jornada semanal extensa. Os Transtornos Mentais e
Comportamentais, representados principalmente pelos transtornos de ansiedade, dividiram o quinto
lugar com as Doenças do Aparelho Geniturinário, representadas pela infecções do trato urinário.
Sabe-se da gênese multicausal das doenças, porém acreditamos, assim como os sujeitos do
estudo, que as condições de trabalho possam estar influenciando o processo saúde-doença desses
profissionais, como por exemplo na elevada incidência de doenças osteo-musculares, as doenças
das veias e vasos linfáticos (linfedema e varizes de membros inferiores), e as sinusites.

Nesse estudo detectamos fatores considerados protetores em relação ao processo saúde-


doença, como tratar-se de uma população jovem, com elevado nível de escolaridade e hábitos
saudáveis, como a baixa prevalência de tabagismo, o baixo consumo de álcool e a ausência de
consumo de drogas não lícitas. Por outro lado, fatores como as jornadas extensas devido a
necessidade de um segundo emprego para complementar a renda, fazem com que esse profissional
permaneça grande parte de seu tempo no ambiente de trabalho, restando-lhe pouco para as
atividades de lazer, prática de atividade física e para um sono reparador, o que ao longo do tempo de
profissão e o envelhecimento natural, podem resultar em adoecimento.

O presente trabalho atingiu os objetivos propostos ao realizar a caracterização sócio-


demográfica da população estudada e tornar visível o seu perfil de adoecimento, com resultados que
poderão subsidiar ações de atenção à saúde desses trabalhadores, sejam elas de promoção,
prevenção ou recuperação.

4.2 Sugestões
I. Como medidas educativas, que podem ser planejadas e executadas em parceria com diversos
setores, como o SST, Serviço de Educação Continuada em Enfermagem, Chefia de
Enfermagem da Unidade:
◦ Criar espaços de discussão onde a equipe de enfermagem reflita sobre as características
do trabalho desenvolvido, identificando e buscando soluções para a redução, eliminação
ou controle dos riscos ocupacionais, e a partir de sua experiência, construir
coletivamente novos modelos de atuação e organização do trabalho.
47

◦ Desenvolver, em parceria com a equipe de enfermagem, programas educativos em


biossegurança, mecânica corporal e ergonomia, a partir do conhecimento e experiências
pré existentes.
◦ Implementar programas de promoção à saúde, como de estímulo e orientação à prática
de exercícios físicos e hábitos de vida saudáveis, que incluam uma avaliação esportiva e
nutricional voltada a prática correta do exercício.
◦ Implementar programas de redução do estresse, apoio psicológico e melhora do
relacionamento interpessoal no trabalho, realizado por profissionais qualificados e de
maneira que exista uma continuidade das ações.

II. Como medidas administrativas a serem adotadas pela gerência:


◦ Prioridade na regularização da oferta de EPIs em quantidade e qualidade adequadas às
atividades desenvolvidas, inclusive óculos de proteção e capotes impermeáveis de
mangas longas.
◦ Avaliar o risco físico de exposição/contaminação à radiação ionizante, quando da
permanência eventual na unidade de clínica médica, dos pacientes submetidos à radio-
iodoterapia, e se necessário implantar as medidas de proteção segundo à normatização
CNEN.
◦ Implantar medidas para o conforto térmico do ambiente de trabalho.
◦ Adquirir equipamentos ergonomicamente adequados às atividades desenvolvidas, como
camas com dispositivos automáticos para regulagem de altura, elevadores hidráulicos de
pacientes, pranchas de transferência de pacientes, entre outros.
◦ Disponibilizar materiais perfurocortantes com dispositivos de segurança.
◦ Realizar acompanhamento epidemiológico dos agravos à saúde na equipe de
enfermagem.
III. Como medidas adotadas pela equipe de enfermagem:
◦ Aumentar a participação nos espaços de discussão em biossegurança, ergonomia e
mecânica corporal, mantendo-se informada sobre as tecnologias disponíveis para a
minimização dos riscos, muitas vezes encarados como naturais à atividade desenvolvida.
◦ Participar da construção conjunta dos programas de melhoramento das condições de
trabalho em seu ambiente, assim como manter-se articulada nas lutas da categoria por
melhores condições de trabalho.
◦ Cumprir as normas de segurança no trabalho.
48

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Anexo A
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Escola de Enfermagem Anna Nery
Departamento de Enfermagem em Saúde Pública
19o Curso de Especialização em Enfermagem do Trabalho
Hospital dos Servidores do Estado – Rio de Janeiro
Anexo A - Formulário de entrevista

I - Perfil Sócio-demográfico dos Trabalhadores

1 – Qual a sua categoria profissional?


1( ) Enfermeiro 2( ) Técnico Enf. 3( ) Auxiliar. Enf.

2 - Qual o seu tempo de exercício profissional na enfermagem?


1( ) 2 a 5 anos 2( ) 6 a 10 anos 3( ) 11 a 15 anos
4( ) 16 a 20 anos 5( ) maior que 20 anos

3 - Qual a função que você exerce no HSE-RJ?


1( ) Enfermeiro 2( ) Técnico Enf. 3( ) Auxiliar Enf.

4 - Qual o seu turno de trabalho no HSE-RJ?


1( ) Diurno 12x60 2( ) Noturno12x60 3( ) Diarista Manhã 4( ) Diarista Tarde

5 - Qual o seu tempo de exercício na unidade de clínica médica do HSE-RJ?


1( ) 2 a 5 anos 2( ) 6 a 10 anos 3( ) 11 a 15 anos
4( ) 16 a 20 anos 5( ) maior que 20 anos

6 - Qual a sua idade? _________

7 - Qual o seu sexo?


1( ) Feminino 2 ( )Masculino
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8 - Qual o seu Estado Civil?


1( ) Casado 2 ( ) Solteiro 3( ) Viúvo
4 ( ) Divorciado 5( ) União Estável 6( ) Outro______

9 - Com quem você mora?


1( ) Sozinha 2( ) Família 3( ) Amigos

10 - Qual a sua responsabilidade sobre a renda familiar?


1( ) total 2( ) compartilhada

11 - Tem outro emprego além do HSE - RJ?


1( ) Não 2( ) mais 1 3( ) mais 2 4( ) mais 3

12 - Qual a sua carga horária semanal?


1( ) 30 a 36 horas 2( ) 37 a 40 horas 3( ) 41 a 44 horas
4( ) 45 a 60 horas 5( ) mais que 60 horas

13 - Qual a sua renda mensal aproximada (em salários mínimos)?


1( ) 1 a 3 2( ) de 4 a 6 3( ) de 6 a 10 4( ) Mais de 10

14 - Faz uso de Tranquilizantes?


1( ) regularmente 2( ) eventualmente 3( ) nunca

15 - Se você respondeu eventualmente ou regularmente na questão anterior, responda: faz


acompanhamento médico?
1( ) Sim 2( ) Não

16- Faz uso de bebida alcoólica?


1( ) nunca 2( ) raramente 3( ) semanalmente (1 a 2 vezes)
4 ( ) semanalmente ( 3 vezes ou +) 5 ( ) diariamente

17 - Faz uso de tabaco?


1( ) Sim 2( ) Não
54

18 - Faz uso de alguma droga não lícita?


1( ) nunca 2 ( ) eventualmente 3( ) regularmente

19 - Usa regularmente alguma medicação sob prescrição médica?


1( ) Sim 2( ) Não
Quais: ______________________________________________

20 - Quantas horas você dorme em média, no período de 24 horas?


1( ) Menos que 5 2( ) 5 a 7 horas 3( ) 8 horas ou mais

21- Você pratica exercício físico?


1( ) Nunca 2( ) raramente 3( ) 1 a 2 vezes por semana
4( ) 3 a 4 vezes por semana 5( ) 5 vezes ou mais por semana

22 - Você possui atividades de Lazer?


1( ) regularmente 2( ) raramente 3( ) nunca
Quais:_________________________________________________________

II Condições de Trabalho

23 - Você se reconhece exposto a riscos ocupacionais?


1( ) Sim 2( ) Não

23.1 - Riscos Ergonômicos


1( ) Sim 2( ) Não
Quais?______________________________________________________________

23.2 - Riscos Psicossociais


1( ) Sim 2( ) Não
Quais?_____________________________________________________________

23.3 - Riscos Físicos


1( ) Sim 2( ) Não
Quais? _____________________________________________________________
55

23.4 - Riscos Químicos


1( ) Sim 2( ) Não
Quais? ____________________________________________________________

23.5 -Riscos Biológicos


1( ) Sim 2( ) Não
Quais? ___________________________________________________________

24 -Quais os equipamentos de proteção individual que você utiliza em suas atividades diárias?
1( ) luvas 2( ) máscara cirúrgica
3( ) máscara para precaução aérea (N95) 4( ) aventais
5( ) óculos de sobreposição 6( ) outros:__________________

25 - Os equipamentos de proteção individual são fornecidos pelo serviço:


1( ) sempre são fornecidos todos os EPIs 2( ) eventualmente faltam alguns EPIs
3( ) sempre faltam alguns EPIs

26- Você utiliza os equipamentos de proteção individual:


1( ) sempre que recomendado 2( ) algumas vezes não uso 3( ) nunca uso
Explique, o motivo por não usá-los algumas vezes ou nunca usá-los, caso sejam essas as
suas respostas.
_______________________________________________________________________

27 - Você realiza pausas durante o turno de trabalho?


1( ) não 2( ) sim

III Morbidade Referida

27 -Você adquiriu alguma doença nos últimos 2 anos?


1( ) sim 2( ) não
Quais:___________________________________________________________
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28 - Você relaciona alguma dessas doenças ao seu trabalho?


1( ) Sim 2( ) não
Quais:_____________________________________________________________

29 - Você realizou a comunicação dessa doença (CAT) com a finalidade de tratamento/afastamento


e/ou vigilância epidemiológica?
1( ) sim 2( ) não

30 - Caso a resposta tenha sido não na questão anterior, justifique:


1( ) Não achou importante 2( ) Não teve tempo
3( ) Não sabia que deveria comunicar 4( ) Outro:___________________

31 - O(s) adoecimento(s) gerou (geraram) afastamento do trabalho?


1( ) não 2( ) sim

32 - Quantos afastamentos do trabalho por motivo de doença, você teve nos últimos dois anos?
1( ) 1 a 3 afastamento 2( ) 4 a 6 afastamentos 3( ) 7 a 10 afastamentos
4( ) 11 afastamentos ou mais

33 - Esses afastamentos foram em sua maioria:


1( ) de 1 a 3 dias 2( ) 4 a 6 dias 3( ) 7 a 15 dias
4( ) 16 dias ou mais

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