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Figura 6. Resultado da granulometria do solo até 3,0m de profundidade com registro a cada 0,5m. Gra-
nulometria com e sem defloculante (Leão Carvalho, 2011).
Poços como estruturas de infiltração 385
O perfil de umidade do solo deve ser determinado durante a perfuração do poço para
o ensaio de campo e a coleta de amostras para ensaios de laboratório. A Figura 7 apresenta
um exemplo de perfil de umidade de solo, medido por Leão Carvalho et al. (2011), resultado
preliminar do campo experimental II aplicado a um projeto de controle de águas urbanas
instalado no local em 2010. Como pode ser observada na figura, a umidade do perfil de solo
varia ao longo do ano e, com ela, a capacidade de armazenamento do maciço e a sucção inicial
interveniente no processo de infiltração.
A permeabilidade de um solo pode ser obtida em laboratório ou por meio dos ensaios
de campo. A determinação da permeabilidade do solo por meio de ensaios de campo é ge-
ralmente realizada em condições menos controladas do que os ensaios de laboratório, porém
em situação de contorno mais realista. O ensaio de campo é realizado sob condições do solo
in situ, levando em conta suas características geológicas e a sazonalidade, que é fator determi-
nante dos resultados. Fatores como perturbação do solo por amostragem e baixa representa-
tividade do perfil pelo tamanho reduzido de corpos-de-prova são amenizados ao se fazerem
ensaios em campo.
386 Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais
Dentre os ensaios de campo, pode-se citar: ensaio de poço de pequeno e grande diâ-
metro para avaliar o perfil de infiltrabilidade local e ensaio de infiltrômetro de duplo anel
ou anéis concêntricos para avaliar a infiltrabilidade superficial do maciço. Os primeiros são
aplicados na avaliação da capacidade de infiltração do perfil do solo, aplicando-se a poços e
trincheiras de infiltração. O último permite avaliar a infiltrabilidade superficial do maciço,
aplicando-se a projetos como os de valas, bacias de infiltração, colchões drenantes e pavimen-
tos drenantes. Ele pode ser também usado para avaliar a infiltrabilidade de bases de poços e
trincheiras de infiltração
R2 + R – h = 0 (2)
Segundo Rodio (1960) apud Boletim da ABGE (1996) a equação evidencia que quan-
to menor for o rebaixamento, menor será a variação de R e mais válida será a aplicação da
Equação 2.
Figura 8. Modelos adotados para avaliar a taxa de infiltração do poço: detalhamento do poço de ensaio
para determinação da taxa de infiltração (ABGE, 1996).
388 Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais
Os resultados dos ensaios de infiltração em poço podem ser utilizados para o cálculo da
“taxa de infiltração”. Num intervalo de tempo qualquer, à medida que a água infiltra, o nível
d’água no poço abaixa e a área disponível para infiltração reduz. A Equação 3 e a Figura 9
mostram como calcular a área de infiltração que varia a cada instante com a redução de h e
aumento de Zmédio, sendo:
Zmédio = (Z1 + Z2)/2 (3)
onde: Z1= é a altura de secagem num tempo inicial; Z2= é a altura de secagem em um tempo
final.
A área de infiltração corresponde à área das paredes verticais das estruturas mais a área
do fundo, de acordo com a Equação 4 a seguir:
A = 2π∙r (H – Zméd) + πr 2 (4)
A taxa de infiltração I é calculada por meio da relação do volume infiltrado pela área de
infiltração da estrutura, em relação ao tempo acumulado:
V
I= (5)
A × Δh
em que: V= volume em m3; A= área de infiltração; Δt= intervalo de tempo para medir a varia-
ção do nível d’água na estrutura (minuto ou fração).
De acordo com Borin et al. (2008), o ensaio deve ser realizado em escala real do poço
(diâmetro e profundidade) e deve-se adotar como taxa de infiltração média de um poço o
tempo decorrido para infiltrar o volume correspondente a 50% do volume do poço, despreza-
dos os primeiros e últimos 25% de profundidade.
Vale lembrar que, em qualquer um dos processos utilizados na avaliação da infiltração
de um sistema de infiltração, é importante conhecer o volume de água utilizado no teste. Ao
mesmo tempo em que o poço é abastecido, há perda de água por infiltração no sistema, de
forma que o volume total de água utilizado é superior ao volume do poço. Recomenda-se a
utilização de hidrômetro apropriado para avaliação de volume de água consumido.
Poços como estruturas de infiltração 389
Figura 10. Variação do nível d’água no poço durante o tempo de enchimento e esvaziamento do poço
nos testes 1, 2 e 3. Data da realização dos testes: 24 ago. 2011.
As leituras de campo alimentam uma planilha Excel que calcula o perfil de infiltração
do poço. A Figura 11 apresenta um resultado típico obtido no campo experimental II. A taxa
de infiltração é representada em função da profundidade, permitindo uma avaliação do perfil
como um todo. Foi adotado para o cálculo do perfil de infiltração do solo o método da ABGE
(1996). Nesse ensaio, a taxa de infiltração média foi calculada considerando-se que a infiltra-
ção ocorre nas paredes laterais e no fundo do poço, apresentando valor médio de 1,0 x 10–5
m3/m2s, equivalente a I= 36 mm/h para o poço de grande diâmetro.
Outra prática possível é a realização de testes de infiltração utilizando furos a trado.
Essa alternativa é de fácil execução e baixo custo quando comparada com a execução de
ensaios em poços em escala real. Esse tipo de ensaio é recomendado quando a área estudada
é extensa e/ou heterogênea, exigindo medições em vários pontos. Na Figura 11, a taxa de
infiltração média para o poço de pequeno diâmetro é de 2,5 x 10–5 m3/m2s, equivalente a I=
90 mm/h.
Conclui-se que nesse caso, o ensaio de poço de pequeno diâmetro, poço a trado, supe-
restimou a taxa de infiltração do poço de grande diâmetro.
390 Tópicos sobre infiltração: teoria e prática aplicadas a solos tropicais
Figura 11. Taxa de infiltração do perfil de solo para o poço a trado (poço pequeno) e poço de grande
diâmetro (Leão Carvalho et al.(2011).