Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
A BASE NÃO É
CURRÍCULO
NOTÍCIASARTIGOSFOTOS E VÍDEOS
Artigo de Maria Helena Guimarães de Castro publicado n'O Globo
A Base Nacional Comum Curricular abre uma nova fase na educação brasileira. Ao
definir conhecimentos essenciais e competências que todo aluno deve desenvolver, a Base
estabelece direitos iguais de aprendizagem, organiza a progressão do ensino e aponta
claramente o que se espera da escola.
A Base, contudo, não é currículo. Seu papel é ser referência obrigatória para a elaboração
e revisão dos currículos da educação básica, em escolas públicas e privadas, no país
inteiro.
De maneira simples, é possível afirmar que a Base dá o rumo da educação, isto é, diz
aonde se quer chegar, enquanto os currículos traçam os caminhos. Mas o que isso
significa exatamente?
A alfabetização das crianças fornece um bom exemplo. A Base determina que alunos do
2º ano do ensino fundamental consigam ler, escrever e compreender − meta que estava
prevista para o 3º ano do fundamental. Portanto, eis a Base estabelecendo um novo direito
e novos objetivos de aprendizagem.
Caberá aos currículos, porém, dizer como isso será feito. Ou seja, escolher o método de
alfabetização, os materiais didáticos e a forma de avaliação dos alunos.
Com a Base, a autonomia das escolas e das redes de ensino será não apenas mantida, mas
também estimulada. Nem poderia ser diferente, em um país com o tamanho e a
diversidade do Brasil. Os currículos terão a tarefa de contextualizar os conteúdos, de
acordo com as especificidades locais e regionais.
Tão logo entrar em vigor, após análise do Conselho Nacional de Educação (CNE), a Base
exigirá estreita colaboração entre todas as esferas de governo. O primeiro passo será
justamente adequar os currículos, iniciativa indispensável para que as novas orientações
cheguem às escolas.
Ao definir conteúdos essenciais para todos os alunos, a Base promove a igualdade de
oportunidades. Alunos, pais e professores terão clareza quanto ao que deve ser aprendido
e ensinado, tanto na mais remota escola de área rural quanto em colégio de bairro nobre.
Por outro lado, a Base somente será capaz de assegurar equidade se for implementada em
todas as salas de aula.
Transpor um documento normativo como a Base para a realidade dos sistemas de ensino
exigirá articulação, competência e investimento. O Ministério da Educação está pronto
para coordenar o processo, apoiando a formação de professores e a qualificação dos
gestores de currículos.
A Base entregue ao CNE no último dia 6 de abril resultou de intensa colaboração entre
governos, professores, gestores e especialistas. Ela define direitos de aprendizagem para
a educação infantil (creche e pré-escola) e o ensino fundamental (1º ao 9º ano). A parte
referente ao ensino médio será apresentada no segundo semestre deste ano, já adaptada
às diretrizes do Novo Ensino Médio.
Trata-se de obra coletiva que traduz o empenho da sociedade e do Estado brasileiro para
promover a aprendizagem de todos os alunos. Das nações que hoje são referência de
qualidade na educação, todas passaram por revisões curriculares.
Todo estudante tem o direito de aprender, não importa o lugar em que more ou a escola
que frequente. Com esse compromisso, o Ministério da Educação entrega nesta quinta (6)
a Base Nacional Comum Curricular para análise do Conselho Nacional de Educação.
O documento vale para escolas públicas e particulares. Traz dez competências gerais para
desenvolvimento em sala de aula -pensar criticamente e resolver problemas são duas
delas. Define ainda quais habilidades e conhecimentos serão exigidos dos estudantes ao
final de cada ano letivo.
Dos desafios que o Brasil tem pela frente, dificilmente algum atingirá maior nível de
consenso do que a melhoria da qualidade da educação.
A base caminha nesse sentido. Não à toa, está prevista na Constituição, na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional de Educação. Maior do que
qualquer administração, é um esforço do Estado brasileiro.
Sob o governo do presidente Michel Temer, a base está alinhada às demais prioridades
da educação: alfabetização, ensino médio e formação de professores. É assim que
garantiremos o direito de aprendizagem da atual e das futuras gerações.
Por si só, porém, o documento não mudará o cenário atual. Para que transforme a vida de
milhões de crianças e adolescentes, precisaremos de estreita colaboração com todas as
esferas de governo.
A base não é currículo: não estabelece método de ensino, projeto pedagógico nem forma
de avaliação. Determina, sim, o ponto aonde se quer chegar, enquanto os currículos
traçam os caminhos.