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RESPOSTA À ACUSAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
Embora muitas sejam as peças prático-profissionais possíveis, uma das mais relevantes e
prováveis no Exame da Ordem dos Advogados é a Resposta à Acusação.
Introduzida do Código de Processo Penal pela reforma de 2008 (Leis 11.689 e 11.719),
referida peça está prevista tanto nos ritos ordinário e sumário (arts. 396 e 396-A do CPP) como no
procedimento dos crimes dolosos contra a vida (art. 406 do CPP).
A resposta à acusação, nos três procedimentos, consiste em peça única (petição simples),
apresentada no início do processo, logo após o recebimento da denúncia ou queixa e a citação do
acusado.
Vejamos os gráficos abaixo:

Resposta à acusação nos Ritos Absolvição


Ordinário e Sumário sumária
(at. 397 CPP)
AUDIÊNCIA DE
INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO
Resposta à
Acusação
Recebimento Citação
(arts. 396 e oitiva do ofendido
396-A CPP)
Denúncia ou oitiva das
Queixa testemunhas
arroladas pela
confirmação do
acusação
recebimento da
Rejeição denúncia ou oitiva das
(art. 395 CPP) queixa testemunhas
arroladas pela defesa
peritos, acareações
etc

interrogatório

debates orais

sentença

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AUDIÊNCIA DE
Resposta à acusação na 1a. fase do INSTRUÇÃO E
JULGAMENTO
Procedimento do Tribunal do Júri
oitiva do ofendido

oitiva das
testemunhas
arroladas pela
Contra acusação
Resposta à
resposta oitiva das
Recebimento Citação Acusação
da acusação testemunhas
(arts. 406 CPP) arroladas pela defesa
(art. 409)
Denúncia ou peritos, acareações
Queixa etc

interrogatório
Rejeição
debates orais
(art. 395 CPP)
DECISÃO
(Pronúncia,
Impronúncia,
Desclassificação ou
Absolvição Sumária)

Verificamos que, em ambos os casos, a resposta à acusação caracteriza-se como a primeira


peça de defesa, devendo ser apresentada em petição escrita, elaborada e assinada por advogado, dentro
do prazo de 10 (dez) dias contados da data da efetiva citação do acusado.
É o momento processual adequado para que a defesa do réu suscite preliminares, alegue as
teses de mérito necessárias à absolvição sumária, apresente documentos e justificações, especifique as
provas pretendidas e, ainda, aperesente o rol de testemunhas, conforme se verifica, nos ritos ordinário e
sumário, dos arts. 396 e 396-A do CPP.
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou
queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do
acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará
a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o
que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112
deste Código.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe
vista dos autos por 10 (dez) dias

Já no rito dos crimes dolosos contra a vida, o CPP prevê a resposta à acusação no art. 406,
que estabelece:
Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do
acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital.

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§ 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na
denúncia ou na queixa.
§ 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que
interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as
provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-
as e requerendo sua intimação, quando necessário.

Destaque-se que o prazo para a apresentação da resposta, em ambos os casos, será de 10


dias, contados da efetiva citação do acusado, devendo tal prazo, de caráter processual, ser contado na
forma do art. 798 do CPP.
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento.

Devemos nos lembrar que as alterações na contagem dos prazos no processo civil pelo novo
CPC (Lei 13.105/2015) não se aplicam aos processos criminais.

Ressalte-se que a RA (resposta à acusação) depende da presença de três requisitos: (1)


uma denúncia ou uma queixa foi oferecida e (2) recebida pelo juiz, que determinou a (3) citação do
acusado, que foi positiva.
Assim, uma vez regularmente citado, o réu deverá, através do seu advogado, apresentar sua
defesa, através da resposta à acusação, a qual tem, por objetivo principal, alcançar a absolvição
sumária do acusado.
A absolvição sumária (4) é, portanto, a finalidade, o objetivo principal da resposta à acusação.

Recebimento da Absolvição
Resposta à
Denúncia ou Queixa denúncia ou Citação sumária (art.
acusação
queixa 397 CPP)

Mesmo nos crimes dolosos contra a vida, para o qual o procedimento previsto nos artigos 406
a 411 do CPP não consagra a absolvição sumária do art. 397 do CPP de forma expressa, devemos
atentar ao que dispõe o § 4o. do art. 394 do CPP, o qual acaba por consagrar a possibilidade daquela
espécie de absolvição sumária em todos procedimentos criminais em curso na 1a. instância.
Assim, muito embora o rito do júri, como visto acima, não contemple o art. 397 do CPP,
devemos inseri-lo por força do disposto do art. 394, § 4o., do mesmo código.
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual
ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma
da lei.
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições
em contrário deste Código ou de lei especial.
§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento
observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.

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Desta forma, o rito dos crimes dolosos contra a vida passa a ser:

Resposta à acusação na 1a. fase do


Procedimento do Tribunal do Júri
(considerando o § 4o. do art. 394 do CPP)
Absolvição Sumária
(art. 397 CPP)

Contra
Resposta à
resposta
Recebimento Citação Acusação
da acusação
(arts. 406 CPP)
(art. 409)
Denúncia ou
Queixa Audiência de
Instrução e
Julgamento
Rejeição
(art. 395 CPP)

Portanto, o pedido principal em uma resposta à acusação, seja nos ritos ordinário ou sumário,
ou mesmo no rito dos crimes dolosos contra a vida, será o de absolvição sumária, na forma de um dos
incisos do art. 397 do CPP.
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

Ressalte-se ainda que, nesses procedimentos, a RA é peça absolutamente indispensável, e


sua ausência gera nulidade absoluta por cerceamento de defesa, o que se pode extrair do § 2o. do art.
396-A do CPP, que estabelece que, no caso de não apresentação da resposta no prazo legal, deverá o
juiz nomear defensor público ou dativo para a apresentação da peça de resposta, concedendo-lhe novo
prazo de 10 dias para apresentá-la. Contudo, devemos nos lembrar que a defensoria pública detém
prazo em dobro, conforme estabelece o art. 186 do CPC e art. 44, I, da LC 80/94.

2. MOMENTO PROCESSUAL ADEQUADO


A resposta à acusação é, em regra, a primeira manifestação da defesa do acusado, devendo
ser apresentada dentro do prazo de 10 dias contados da efetiva citação do réu. É peça apresentada já em
fase processual, uma vez que a denúncia (ou queixa) foi oferecida e recebida; lembrando que o processo
criminal tem início com o recebimento da petição inicial.
Ao receber a denúncia ou a queixa, o juiz deve, necessariamente, determinar a citação
pessoal do acusado, uma vez que, no processo penal, somente o réu pode ser citado, não sendo possível
que outra pessoa, nem mesmo seu advogado, receba a citação. Caso o réu não seja encontrado para ser
citado pessoalmente, será citado por edital ou por hora certa, dependendo do caso.
Sobre a citação, devemos observar as explicações apresentadas no capítulo 14 da Parte II
deste livro. Contudo, para relembrar, são espécies de citação no processo penal:

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por mandado Réu no território de jurisdição do juízo processante
CITAÇÃO REAL
por precatória Réu em outra comarca ou seção judiciária
OU PESSOAL
por rogatória Réu no estrangeiro, em local certo
Réu em local incerto ou não sabido; ou em local inacessível.
OBS.: Devemos nos lembrar que o juiz, antes de determinar a citação
por edital por edital, deve esgotar as chances de encontro do acusado.
CITAÇÃO
Atenção à súmula 351 do STF: "É nula a citação por edital de réu preso
FICTA OU
na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição."
PRESUMIDA
Réu que se oculta para não ser citado
por hora certa OBS. O procedimento a ser adotado pelo oficial de justiça para a citação
por hora certa é o previsto nos arts. 252 a 254 do CPP.

 OBS. 1: É nula a citação realizada na pessoa do advogado. No processo penal, advogado


não pode ter poderes para receber citação.
 OBS. 2: Réu preso deve ser citado pessoalmente (art. 360 do CPP e súmula 351 do STF).
 OBS. 3: Os militares devem ser citados na forma dos artigos 358 e 359 do CPP, através do
chefe do respectivo serviço, ou seja, o dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição.
 OBS. 4: No caso de citação por edital, o edital deverá conter (art. 365 do CPP): o nome do
juiz que determinou a citação; o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos,
bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; o fim para que é feita a citação; o juízo
e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; o prazo, que será contado do dia da
publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação (em geral o edital se dá com prazo de 15
dias para comparecimento do réu em juízo (art. 361 do CPP).
 OBS. 5. Embora o edital busque dar ciência ao réu da existência e do conteúdo da
acusação, prevalece o entendimento de que não há necessidade de transcrição da peça acusatória,
bastando que faça menção ao tipo legal, ou seja, à classificação do delito indicada na exordial, conforme
Súmula 366 do STF.
Súmula nº 366 do STF: “Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo
da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os
fatos em que se baseia”.
 OBS. 6: Ocorrendo citação por edital, o prazo da resposta correrá da data do
comparecimento do acusado em juízo. Lembre-se que em caso de não comparecimento do acusado, e se
este também não mandar advogado, o processo será suspenso, sendo também suspenso o prazo
prescricional, na forma do art. 366 do CPP. Entretanto, este artigo não se aplica aos crimes de lavagem
de capitais (art. 2o., § 2o., da Lei 9.613/98).

Vícios na citação geram nulidade absoluta.

Novamente:
A peça de resposta à acusação é apresentada em 10 (dez) dias contados da efetiva citação
do réu.
O momento para sua apresentação é, portanto, após o recebimento da denúncia e a citação
do réu, ou seja, é anterior à instrução probatória.
Ao elaborar a resposta à acusação o advogado deve buscar a absolvição sumária do
acusado, com fundamento em um dos incisos do art. 397 do CPP. Entretanto, embora o juiz já tenha
recebido a denúncia e, consequentemente, instaurado o processo criminal, se verificarmos a
impropriedade daquela decisão, pois ausentes um ou mais requisitos necessários ao ajuizamento da ação
penal, devemos suscitar tal vício em sede preliminar.

Assim, se analisamos o caso concreto apresentado e identificamos que a denúncia ou a


queixa foi oferecida e recebida, e o réu foi citado, mas ainda não ocorreu a instrução probatória, a peça
a ser apresentada será a RESPOSTA À ACUSAÇÃO.

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3. PARTES DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO
Como indicado anteriormente, a resposta à acusação é o momento oportuno para que o réu
apresente, por escrito, através do seu advogado:
1) arguição de preliminares;
2) teses necessárias à sua defesa, com o especial objetivo de alcançar sua absolvição
sumária;
3) documentos e justificações;
4) requerimento de produção de provas;
5) rol de testemunhas, com sua qualificação e requerimento de intimação das mesmas.

É o que nos diz o próprio art. 396/396-A do CPP, que fundamenta a peça de resposta. Basta,
portanto, um breve passar de olhos pelo próprio dispositivo legal para lembrar como e o que devemos
incluir na petição.
Assim, além do endereçamento, identificação do processo e do acusado, a RESPOSTÁ À
ACUSAÇÃO, fundamentada nos arts. 396 e 396-A do CPP, deverá conter:
 FATOS
 PRELIMINARES
 MÉRITO
 PEDIDO

Passamos, então, à análise de cada um deles.

3.1. DA APRESENTAÇÃO DOS FATOS


Os fatos serão extraídos do próprio enunciado da questão. Devemos apresentar uma breve e
estruturada narrativa dos fatos, extraindo os pontos relevantes e essenciais às teses de defesa.
Basicamente seguindo o seguinte raciocínio: O que ocorreu? O que diz a denúncia? Existe
algo no enunciado que evidencia que referida denúncia não deveria ter sido recebida? Há algo que possa
ser suscitado em favor do réu?
Mas lembre-se que você ainda não está apresentando a tese defensiva. Está apenas
reproduzindo o que o enunciado apresentou. É simples descrição do que ocorreu.
IMPORTANTE: Jamais, JAMAIS MESMO, crie fatos novos. Inventar coisas pode caracterizar
identificação de peça e levar à anulação da sua prova.
A narrativa dos fatos deve ser breve, com aproximadamente 5 ou 6 linhas. Se precisar de
mais, use, mas não perca muito tempo com essa parte da peça.

3.2. DAS PRELIMINARES


Agora sim mostraremos nosso conhecimento jurídico.
Devemos, primeiro, buscar todo e qualquer fundamento que poderia ter levado à rejeição da
peça acusatória, bem como aqueles que prejudicam ou retardam o processo. Devemos apresentar cada
uma das preliminares eventualmente existentes em parágrafos distintos, apontando qual a preliminar,
justificando-a e indicando os dispositivos legais pertinentes e eventuais súmulas relacionadas.

Assim, em preliminares, devemos indicar as falhas processuais relevantes, seguindo o


PASSO A PASSO PRELIMINAR (PPPx2).
- Causas extintivas da punibilidade (art. 107 do CP etc)
- Prejudiciais de mérito (arts. 92 e 93 do CPP)
- Preliminares processuais (art. 95 do CPP)
- Outras nulidades (art. 564 III e IV do CPP)
- Ausência dos requisitos necessários ao recebimento da denúncia ou queixa (art. 395 do CPP)
- Ausência de proposta suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) ou de outros
benefícios despenalizadores
Lembre-se: À exceção das causas extintivas da punibilidade, os aspectos arguidos em sede
de preliminar, são, em regra, aspectos processuais.

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Causas extintivas da punibilidade (art. 107 do CP etc)
Na RA as causas extintivas da punibilidade, embora se caracterizem como uma das principais
teses de mérito, na forma do art. 397, IV, do CPP, também podem e devem ser suscitadas como
preliminar.
Isso porque se extinta a punibilidade, o Estado não possui direito de punir, o que, em
consequência, deveria ensejar a rejeição da denúncia por falta de interesse de agir, ou seja, ausência de
condição da ação (art. 395, II, do CPP).
Portanto, verifique, desde logo, se presente alguma das causas extintivas da punibilidade,
previstas no art. 107 do CP:
- morte do agente (art. 107, I do CP);
- anistia, graça ou indulto (art. 107, II do CP);
- retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso (art. 107, III do CP);
- prescrição, decadência ou perempção (art. 107, IV do CP);
- renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada (art. 107, V do
CP);
- retratação do agente, nos casos em que a lei a admite (art. 107, VI do CP);
- perdão judicial, nos casos previstos em lei (art. 107, IX do CP).

Contudo, o art. 107 do Código Penal é exemplificativo, uma vez que existem causas extintivas
da punibilidade fora desse artigo, seja no próprio Código Penal, seja na legislação extravagante. Dentre
tais hipóteses encontramos, por exemplo:
- art. 7º, § 2º, d, do CP: cumprimento da pena no estrangeiro pelo crime lá cometido;
- art. 82 do CP: o término do período de prova da suspensão condicional da pena (sursis penal),
sem motivo para revogação do benefício;
- art. 90 do CP: o término do período de prova do livramento condicional, sem motivo para
revogação do benefício;
- art. 168-A, § 2º, CP: pagamento da contribuição previdenciária antes do início da ação fiscal no
crime de apropriação indébita previdenciária;
- art. 171, § 2º, VI, do CP e Súmula 554 do STF: ressarcimento do dano antes do recebimento da
denúncia no crime de estelionato mediante emissão de cheque sem provisão de fundos;
- art. 236 do CP c/c art. 60 do CPP: morte da vítima no crime do art. 236 do Código Penal gera
perempção, uma vez que o crime é de ação penal privada personalíssima;
- art. 312, § 3º, 1ª parte, do CP: a reparação do dano no peculato culposo, antes da sentença final
irrecorrível;
- art. 337-A, § 1º, do CP: declaração ou confissão, sendo prestadas as informações necessárias à
previdência social, antes do início da ação fiscal, no crime de sonegação de contribuição
previdenciária;
- art. 342, § 2º, do CP: retratação do falso testemunho antes da sentença em que o mesmo foi
prestado;
- art. 107, VI, do CP c/c art. 520 do CPP: a conciliação na audiência prevista no art. 520 do CPP
para os crimes contra a honra;
- aquisição de renda superveniente na contravenção de vadiagem – LCP, art. 59, par. único;
- art. 76 c/c art. 84 da Lei nº 9.099/95: cumprimento da transação penal;
- art. 89, § 5º. da Lei nº 9.099/95: decurso do prazo de suspensão condicional do processo sem
que haja revogação;
- pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, no caso de sonegação fiscal.
Neste caso, devemos ter atenção aos seguintes dispositivos legais: art. 34 da Lei 9.249/95; art.
83 da Lei 9.430/96; art. 15 da Lei 9.964/2000, art. 9o. da Lei 10.684/2003 e art. 5º, da Lei
13.254/15.

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Prejudiciais de mérito (arts. 92 e 93 do CPP)

Como vimos na Parte II (Capítulo 7), por questão prejudicial entende-se toda questão de
valoração jurídica, seja de direito penal, seja extrapenal, que interfere diretamente no meritum causae,
devendo, por tal motivo, ser decidida antes da questão principal, que é dela dependente.
São, portanto, impedimentos ao desenvolvimento normal e regular do processo penal,
devendo ser decidida, pelo próprio juiz criminal (quando se tratar de questão prejudicial homogênea), no
mesmo processo, porém antes do julgamento da questão principal – exemplo: falsidade documental no
caso de um estelionato praticado através de um documento falso -, ou por juiz de competência distinta
(prejudicial heterogênea), hipótese em que o processo criminal será suspenso.

Assim, as prejudiciais heterogêneas são aquelas de natureza extrapenal, cuja competência


foge ao juízo criminal, como no exemplo da anulação do casamento anterior no caso de réu acusado de
bigamia.
As prejudiciais heterogêneas são de suspensão obrigatória quando versam sobre o estado
das pessoas (capacidade, estado civil e cidadania), conforme se verifica no art. 92 do CPP; e de
suspensão facultativa nos demais casos, conforme art. 93 do CPP.
Assim, em caso de prejudiciais homogêneas ou heterogêneas, devemos argui-las como
preliminar, e, em caso de prejudiciais heterogêneas, requerer a suspensão do processo, conforme arts.
92 e 93 do CPP.

Preliminares processuais (art. 95 do CPP) e outras nulidades (art. 564 III e IV do CPP)
Além das prejudiciais acima indicadas, devemos ter atenção a questões que, sendo de
natureza processual, devem ser decididas antes da questão principal, já que influenciam na resolução de
outros aspectos do processo, ensejando inclusive a discussão sobre a validade dos atos nele praticados.
Tais questões, ditas preliminares, são arguidas, geralmente, por meio de EXCEÇÕES, que
devem ser opostas conjuntamente à Resposta à Acusação, em regra, através de peça autônoma.
No entanto, na prova de 2a. fase da OAB, o candidato somente poderá elaborar uma única
peça.
Assim, em tendo sido oferecida denúncia, recebida esta pelo juízo e citado o réu, deverá o
candidato optar pela apresentação da Resposta à Acusação, peça mais ampla, na qual aquelas questões
que seriam suscitadas através de exceções podem ser arguidas como preliminares. Ou seja, como as
questões preliminares previstas no art. 95 do CPP configuram também hipótese de nulidade, devemos
inseri-las como tese preliminar quando da apresentação da resposta à acusação.
Vejamos tais hipóteses:
- suspeição ou impedimento do juiz (art. 95, I, CPP, que configura a nulidade prevista no art. 564,
I, CPP –ambos combinados com o art. 252 ou com o 254 do CPP);
- incompetência de juízo (art. 95, II, CPP, que configura a nulidade prevista no art. 564, I, CPP);
- coisa julgada (art. 95, V, CPP) ou litispendência (art. 95, III, CPP);
- ilegitimidade de parte (art. 95, IV, CPP, que configura a nulidade prevista no art. 564, II, CPP);

Além das "questões preliminares" acima indicadas, devemos observar se presentes outros
vícios que ensejem arguição de nulidades, tais como:
- a falta da denúncia, da queixa ou da representação (art. 564, III, a, CPP);
- a falta do exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios (art. 564, III, b, c/c art. 158,
CPP);
- a falta de intervenção do Ministério Público na ação penal privada (art. 564, III, d, CPP);
- a falta ou irregularidade da citação (art. 564, III, e, c/c art. 570, CPP);
- a falta de oportunidade para apresentação das defesas preliminares em mometo anterior ao
recebimento da denúncia, quando previstas em lei (procedimento de crimes de responsabilidade
de servidores públicos - art. 514 do CPP, e procedimento da Lei de Entorpecentes - art. 55 da
Lei 11.343/2006);
- dentre outras.

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Lembrando que todo e qualquer vício processual, previsto de forma expressa no art. 564 do
CPP ou não, deve ser arguido como nulidade. Se referido vício estiver previsto no art. 564, incisos I, II ou
III, utilize o dispositivo específico. Caso contrário, devemos alegar nulidade com base no art. 564, inciso
IV do CPP.

 OBS.:. Toda vez que houver violação a garantias constitucionais, a nulidade será absoluta.

Ausência dos requisitos necessários ao recebimento da denúncia ou queixa (art. 395 do CPP)

Dispõe o art. 395 do CPP que o juiz rejeitará a denúncia ou a queixa quando houver:
- inépcia (art. 395, I, CPP);
- ausência dos pressupostos processuais (art. 395, II, CPP);
- ausência das condições da ação (art. 395, II, CPP);
- faltar justa causa (art. 395, III, CPP).

Assim, se a denúncia ou queixa foi recebida e o réu citado, embora ausentes os requisitos
para o recebimento da exordial acusatória, devemos arguir tal vício em sede de preliminar na peça de
resposta à acusação.

Inépcia da exordial
Falamos em inépcia da exordial quando a denúncia ou a queixa não se amoldam aos
requisitos exigidos no art. 41 do CPP, que dispõe:
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais
se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das
testemunhas.

Dentre os requisitos ali exigidos ganha destaque "a exposição do fato criminoso, com todas
as suas circustâncias". É inepta a denúncia ou queixa que narra os fatos de forma superficial ou
excessivamente resumida, ou ainda quando a descrição da conduta imputada ao réu restringir-se a
transcrição do tipo penal. Nestes casos, a narrativa deficiente inviabiliza o adequado exercício do
contraditório e da ampla defesa, motivo pelo qual a peça acusatória não estará apta ao recebimento,
devendo ser rejeitada por inépcia da exordial.
Assim, a narrativa dos fatos na peça acusatória, chamada de imputação, deve ser
pormenorizada, não podendo haver lacunas ou omissões, contradições, ambiguidade ou mesmo
confusão na apresentação dos fatos objeto da acusação. Da mesma forma, quando vários os acusados, a
peça acusatória não pode ser genérica; os fatos devem ser individualizados, devendo a narrativa
corresponder à conduta de cada um deles isoladamente, de forma a que cada um possa compreender do
que, de fato, é acusado, defendendo-se do teor da acusação que recai contra si. Havendo concurso de
agentes, portanto, a exordial deve destacar a quota de participação de cada um na infração penal.
Resumindo, que se exige é uma narrativa clara, direta, bem estruturada e precisa, contendo a
descrição adequada dos fatos, de forma a evitar dificuldades para a defesa do acusado.
Além disso, a narrativa deve possuir características de concretude, não podendo nascer da
imaginação do órgão de acusação ou consistir numa peça de ficção, seja o acusador o Ministério Público
ou o querelante.

Pressupostos processuais
São os mesmos observados para o processo civil, uma vez que decorrem da teoria geral do
processo. Os pressupostos processuais classificam-se em pressupostos de existência e pressupostos de
validade do processo. São eles:

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um órgão jurisdicional e da capacidade de ser parte (aptidão
PRESSUPOSTOS subjetivos
de ser sujeito processual)
PROCESSUAIS DE
a própria demanda (ato que instaura um processo, ato de
EXISTÊNCIA objetivos
provocação)
- competência e imparcialidade do juiz
subjetivos - capacidade processual das partes
- capacidade postulatória (presença de advogado)
PRESSUPOSTOS pressupostos que devem ser vistos
PROCESSUAIS DE dentro do processo, como o
intrínsecos
VALIDADE adequado desenrolar dos atos
objetivos
processuais
extrínsecos ou ausência de coisa julgada e de
negativos litispendência

Condições da ação e Justa causa


Como vimos ao tratar da ação penal na Parte II, são condições para o regular exercício do
direito de ação a legitimidade das partes, o interesse de agir, e a possibilidade jurídica do pedido.
Contudo, muitos autores consideram a justa causa como uma quarta condição da ação,
motivo pelo qual vamos incluí-la neste mesmo tópico.
Justa Causa é a existência de lastro ou suporte probatório mínimo (prova da existência do
crime e indícios suficientes de autoria) extraído de peças de informação, de forma a se evitar uma
acusação temerária.
Assim, sobre as condições da ação no processo penal:

O interesse de agir relaciona-se ao princípio nulla poena sine iudicio. Sempre que
praticada uma infração penal, possuindo o Estado o direito de punir e não podendo
exercê-lo senão através do processo, haverá interesse de agir. Por isso, é comum
ouvirmos a seguinte afirmação: "No processo penal, o interesse de agir está
sempre presente". Contudo, devemos interpretar esta assertiva da seguinte forma:
Se o Estado possui direito de punir, haverá interesse de agir.
INTERESSE DE AGIR Uma vez que não é possível aplicar a pena sem processo, e diante de um
Judiciário inerte, não há processo sem ação.
Daí, se a conduta supostamente praticada pelo indivíduo se amolda, está adequada
a um determinado tipo penal e não ocorreu qualquer causa extintiva da
punibilidade, o interesse de agir estará presente.
Trata-se de interesse processual, conjugando o trinômio adequação-necessidade-
utilidade.

Na ação penal condenatória, a legitimidade ativa será do Ministério Público sempre


que o crime for de ação penal pública, incondicionada ou condicionada, ou do
ofendido, nos casos de crimes de ação penal privada.
Assim, a análise da legitimidade ativa está adstrita à verificação da natureza da
ação penal, se pública ou privada, salvo em duas hipóteses, em que haverá
legitimidade concorrente. São elas a ação penal privada subsidiária da pública,
LEGITIMIDADE DAS possível nos casos de inércia do MP, ou ainda no caso de crimes contra a honra de
PARTES servidor público no exercício de suas funções (Súmula 714 do STF).
Já a legitimidade ad causam passiva faz com que a ação seja proposta em face do
autor do fato. Contudo, não podemos confundir a análise da autoria enquanto tese
de mérito (se, no curso da instrução criminal, ficar comprovado que o acusado não
é o autor da infração, deve ele ser absolvido) com a hipótese em que, durante o
inquérito, há prova idônea de quem é o possível infrator e o MP denuncia pessoa
diversa, situação na qual a denúncia não poderia ter sido recebida por manifesta
ilegitimidade da parte, ou seja, por ausência de uma das condições da ação.

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Para que a ação seja regularmente exercida, a providência requerida pelo autor, na
hipótese, deve estar prevista em lei. Assim, o fato narrado na petição inicial penal
enquadrar-se em uma conduta típica e o pedido formulado deve ser admitido no
direito pátrio.
A análise da possibilidade jurídica do pedido observa o princípio da legalidade (art.
POSSIBILIDADE 5°, XXXIX, da CRFB): "Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
JURÍDICA DO PEDIDO prévia cominação legal".
Assim, se a conduta praticada é flagrantemente atípica, não haverá possibilidade
jurídica do pedido (e nem mesmo interesse de agir, uma vez que o Estado não
possui direito de punir).
Da mesma forma, será juridicamente impossível no Direito Brasileiro, por exemplo,
um pedido de condenção à pena de morte ou de prisão perpétua.

Embora muitos sejam os posicionamentos acerca do que seria a justa causa para a
a ação penal, conforme posicionamento majoritário, consiste a mesma na prova da
JUSTA CAUSA
materialidade ou da existência da infração E indícios suficientes de autoria,
extraídos de peças de informação válidas, evitando uma acusação temerária.

Além disso, devemos observar se estão presentes, quando a lei as exigir, as condições
específicas de procedibilidade. Algumas delas são:

Nas infrações de ação penal pública condicionada à representação, faz-se


necessária a manifestação do ofendido ou de quem tenha qualidade para
representá-lo, ou, no caso de morte da vítima, a manifestação de seus sucessores
(art. 24, § 1o. do CPP).
A jurisprudência firmou o posicionamento de que a representação do ofendido não
REPRESENTAÇÃO DO
possui rigor formal, ou seja, um depoimento da vítima, prestado em sede policial,
OFENDIDO
por exemplo, do qual se extraia sua vontade na investigação ou processo, é
suficiente para suprir esta condição específica de procedibilidade.
Lembre-se de que a representação deve ser ofertada dentro do prazo decadencial
de 6 (seis) meses, contados da data em que a vítima soube quem é o autor do fato
(arts. 103 do CP e 38 do CPP).

REQUISIÇÃO DO Nas infrações de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da


MINISTRO DA Justiça, faz-se necessária a manifestação daquele órgão do Executivo como
JUSTIÇA condição específica de procedibilidade.

LAUDO DE Para a prova da materialidade, nos crimes previstos na Lei 11.343/2006, será
CONSTATAÇÃO NOS indispensável o laudo de constatação ou laudo prévio (art. 50, § 1o. da Lei),
CRIMES DA LEI confirmando encontrar-se a substância dentre aquelas consideradas psicotrópicas,
11.343/2006 na forma da Portaria 344 da ANVISA.

SENTENÇA
DEFINITIVA DE No crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento para o
ANULAÇÃO DO casamento, o oferecimento da queixa-crime dependerá do trânsito em julgado da
CASAMENTO NO sentença de anulação do casamento (art. 236, parágrafo único, do CP).
CRIME DO ART. 236
DO CP

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LEMBRE-SE ainda de que nos crimes da Lei nº 8137/90 (Crimes contra a Ordem Tributária),
para o oferecimento da denúncia, será necessário o exaurimento do processo administrativo-fiscal,
conforme Súmula Vinculante 24:
Súmula Vinculante 24 do STF – Não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento
definitivo do tributo.

Ausência de proposta suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) ou de outros


benefícios despenalizadores
Durante a elaboração da RA, deve-se observar ainda se o crime imputado ao acusado
configura hipótese passível dos benefícios da Lei 9.099/95, em especial no caso de infrações com pena
mínima de até 1 (um) ano, para as quais, preenchidos pelo denunciado os demais requisitos previstos no
art. 89 da referida Lei, aplica-se o benefício da suspensão condicional do processo.
Assim, oferecida a denúncia por infração que dê ensejo a oferta da suspensão condicional do
processo, sem que a proposta do benefício tenha sido ofertada, deve-se sustentar a nulidade do
recebimento da peça acusatória, com a consequente remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça,
na forma do art. 28 do CPP, para oferecimento da proposta de suspensão condicional do processo (art.
89 da Lei 9.099/95), conforme Súmula 696 do STF:
Súmula 696, STF: "Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o
juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal."

 OBS.: Caso a infração seja de menor potencial ofensivo, verifique também os demais
benefícios despenalizadores da Lei 9.099/95, em especial aqueles previstos nos arts. 74 e 76 da referida
lei.

3.3. DO MÉRITO

Em sede de mérito devemos descrever detalhadamente as teses de direito penal aplicáveis ao caso,
abordando cada um dos institutos jurídicos, com objetividade e clareza.
Assim, por exemplo, se a alegação for de legítima defesa, discorra sobre os requisitos dessa
excludente de ilicitude, demonstrando sua presença no caso concreto.
Evite parágrafos longos, e apresente as teses associando-as, necessariamente, aos fundamentos
legais pertinentes.
Como já vimos, na resposta à acusação, devemos ter por objetivo a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do
acusado. Portanto, concentre-se nas hipóteses indicadas no art. 397 do CPP:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código,
o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II – a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo
inimputabilidade;
III – que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV – extinta a punibilidade do agente.

Exemplificando a alegação de cada um dos incisos:

Existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato:


No caso do inciso I, a alegação refere-se à existência manifesta de uma das causas
excludentes da ilicitude previstas no artigo 23 do Código Penal (estado de necessidade, legítima defesa,
exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal) ou ainda ao consentimento do ofendido,
como causa supralegal excludente da ilicitude.

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Repare que o art. 396-A do CPP fala que o momento da RA é também o momento para
apresentar justificações. São hipóteses de justificação aquelas inseridas como causas de exclusão da
ilicitude. Destaque-se que, se patente a excludente, podemos inclusive arguir a inexistência do crime e,
portanto, sustentar também em sede de preliminar que a denúncia sequer poderia ter sido recebida por
ausentes as condições da ação.

Existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade


No caso do inciso II, a alegação refere-se a uma das causas excludentes de culpabilidade
(inimputabilidade prevista no 28 do Código Penal ou artigo 45 da lei 11.343/06; erro de proibição
inevitável previsto no artigo 26, caput do Cógigo Penal ou inexigibilidade de conduta diversa, seja com
base no artigo 22 do Código Penal, em caso de coação moral irresistível ou obediência hierárquica de
ordem não manifestamente ilegal ou ainda a existência de eventual causa supralegal excludente de
culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa).

ATENÇÃO: A inimputabilidade do artigo 26 do Código Penal (doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado) não deve lastrear o pedido de absolvição
sumária, pois neste caso o réu deve ser absolvido, porém submetido à medida de segurança, o que não
pode ocorrer nesta fase do processo, quando ainda não há prova submetida ao contraditório e ampla
defesa.

Atipicidade da conduta
No caso do inciso III, deverá ser alegada alguma hipótese de atipicidade, formal ou material.
Exemplo: pessoa que foi denunciada por ter cometido dano ou outra conduta atentatória ao próprio
patrimônio.

Causa extintiva da punibilidade


Já no caso do inciso IV, a alegação baseia-se em uma das causas extintivas da punibilidade,
como por exemplo, as elencadas no rol exemplificativo do artigo 107 do Código Penal.

ATENÇÃO: Num mesmo caso concreto, podem estar presentes diversas teses
defensivas, e neste caso, o espelho de correção provavelmente pontuará todas elas.

Mas como devem ser apresentadas essas teses defensivas?


Tente identificá-las uma a uma, em parágrafos distintos, explicando-as e indicando os
dispositivos aplicáveis.
Como tese principal para a absolvição sumária do art. 397 do CPP, devemos seguir os
seguintes passos:
Primeiramente, verifique se há algo que exclua o crime. Considerando que crime é fato típico,
ilícito e culpável, procure observar esta ordem.
As excludentes de tipicidade levam à absolvição sumária na forma do art. 397, III do CPP.
São exemplos de excludentes de tipicidade, ou hipóteses que impactar na tipicidade:
a) ausência de dolo,
b) falta de nexo de causalidade,
c) erro de tipo essencial,
d) princípio da insignificância,
e) ausência de previsão legal,
f) hipótese de crime impossível etc.

Atenção ao princípio da insignificância, que leva à atipicidade da conduta. Hipóteses que


levem em consideração situações como esta são muito prováveis. A título de exemplo, vejamos a questão
relacionada ao descaminho, conforme decisão a seguir:
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. CRIME DE DESCAMINHO. VALOR DO
TRIBUTO INFERIOR A VINTE MIL REAIS. REITERAÇÃO DELITIVA. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. REDUZIDO GRAU DE

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REPROVABILIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A aplicação do
Princípio da Insignificância, na linha do que decidido por esta Corte, pressupõe
ofensividade mínima da conduta do agente, reduzido grau de reprovabilidade,
inexpressividade da lesão jurídica causada e ausência de periculosidade social.
2. Nos delitos de descaminho, a reiteração da conduta delitiva, por si só, não
impede que o juiz da causa reconheça a atipia material, à luz do princípio da
insignificância. 3. O paciente foi denunciado pela suposta prática, em três dias
distintos, do delito de descaminho, cujas mercadorias apreendidas e perdidas em
favor da Fazenda Pública foram avaliadas em R$ 253,31; R$ 174,90 e R$ 96,83.
O valor dos tributos elididos totalizou R$ 262,53. 4. Embora as três condutas
tenham sido praticadas em curto lapso temporal, inexistem informações de
eventual existência de outros procedimentos administrativos fiscais ou processos
criminais em face do paciente; não se revela, portanto, criminoso habitual. 5.
Ordem concedida para restabelecer a sentença de primeiro grau, que rejeitou a
denúncia por falta de justa causa, ante a aplicação do princípio da insignificância.
(STF. HC 130453, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado
em 08/08/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-186 DIVULG 22-08-2017
PUBLIC 23-08-2017)

E ainda nos crimes patrimoniais:


PENAL. HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADO PELO CRIME
PREVISTO NO ART. 155, CAPUT, COMBINADO COM O ART. 61, I E ART. 65,
III, TODOS DO CÓDIGO PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
CONDENAÇÃO ANTERIOR. POSSE DE ENTORPECENTES PARA USO
PRÓPRIO. ART. 16 DA LEI 6.368/1976. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA. I - O paciente foi condenado pela prática do crime descrito no art.
155, caput, combinado com o art. 61, I, e art. 65, III, todos do Código Penal, pelo
furto de aparelho celular, avaliado em R$ 90,00 (noventa reais). II - Nos termos
da jurisprudência deste Tribunal, a aplicação do princípio da insignificância, de
modo a tornar a ação atípica, exige a satisfação de certos requisitos, de forma
concomitante: a conduta minimamente ofensiva, a ausência de periculosidade
social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a lesão
jurídica inexpressiva. III - Assim, ainda que conste nos autos registro de uma
única condenação anterior pela prática do delito de posse de entorpecentes para
uso próprio, previsto no art. 16 da Lei 6.368/1976, ante inexpressiva ofensa ao
bem jurídico protegido e a desproporcionalidade da aplicação da lei penal ao
caso concreto, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta. Possibilidade da
aplicação do princípio da insignificância. Precedente. IV - Ordem concedida para
trancar a ação penal. (STF. HC 138697, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 16/05/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-113 DIVULG 29-05-2017 PUBLIC 30-05-2017)

AGRAVO REGIMENTAL INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO


FEDERAL. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. FURTO TENTADO.
SUBTRAÇÃO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. INEXPRESSIVA REPROVABILIDADE DA
CONDUTA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A aplicação do princípio da insignificância afigura-se recorrente no âmbito dos
Tribunais Superiores, que entendem configurada a hipótese de atipicidade
quando se encontram cumuladas a lesividade mínima da conduta, a ausência de
periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do
comportamento do agente e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Assim, não basta à configuração da atipicidade pretendida tratar-se de bens de
valor econômico inexpressivo, sendo exigida a irrelevância global do cenário à luz

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do ordenamento jurídico penal, sendo imperioso aferir, no caso concreto, se a
conduta e o histórico do ofensor também se revestem de reprovabilidade mínima.
A meu ver, analisando de forma conglobante as circunstâncias do fato, constato o
efetivo enquadramento da hipótese no crime de bagatela. Isso porque, malgrado
o valor ultrapassar o patamar de 10% do salário mínimo vigente à época dos
fatos (apenas R$ 1,72 a mais), entendo ser irrisório o valor econômico dos bens
subtraídos, quase todos de natureza alimentícia, somada à circunstância de ser o
acusado primário e de bons antecedentes, bem como a ausência de prejuízo ao
estabelecimento comercial, demonstram flagrante ilegalidade no acolhimento da
denúncia criminal contra o acusado, ante a pequena lesividade e reprovabilidade
da conduta perpetrada.
2. Agravo regimental desprovido.
(STJ. AgRg no HC 293.906/ES, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA
TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 14/08/2017)

Ultrapassada a tipicidade, verifique a existência de excludentes de ilicitude, que levam à


absolvição na forma do art. 397, I, do CPP:
a) estado de necessidade;
b) legítima defesa;
c) estrito cumprimento do dever legal;
d) exercício regular do direito;
e) consentimento do ofendido.

E, finalmente, verifique se a tese defensiva a se alegada envolve excludentes de


culpabilidade (art. 397, II):
a) inimputabilidade (o que não se aplica à essa modalidade de absolvição sumária, pelos
motivos anteriormente expostos);
b) erro de proibição inevitável;
c) inexigibilidade de conduta diversa.

Após a análise sobre as excludentes do crime, passamos a analisar se ocorreu qualquer das
causas que levam à extinção da punibilidade, em regra previstas no art. 107 do CP.
Neste caso, embora as causas extintivas da punibilidade já tenham sido objeto de análise em
sede de preliminar, novamente a indicaremos em sede de mérito, uma vez que o inciso IV do art. 397
contempla referida tese de forma expressa.
Assim, na RA devemos pleitear a absolvição sumária, com fundamento no art. 397, IV, do
CPP sempre que estivermos diante de (repetindo):

- morte do agente (art. 107, I do CP);


- anistia, graça ou indulto (art. 107, II do CP);
- retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso (art. 107, III do
Causas extintivas da CP);
punibilidade previstas - prescrição, decadência ou perempção (art. 107, IV do CP);
no art. 107 do CP - renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada
(art. 107, V do CP);
- retratação do agente, nos casos em que a lei a admite (art. 107, VI do CP);
- perdão judicial, nos casos previstos em lei (art. 107, IX do CP).
- art. 7º, § 2º, d, do CP: cumprimento da pena no estrangeiro pelo crime lá cometido;
- art. 82 do CP: o término do período de prova da suspensão condicional da pena
(sursis penal), sem motivo para revogação do benefício;
Outras causas
- art. 90 do CP: o término do período de prova do livramento condicional, sem motivo
extintivas da
para revogação do benefício;
punibilidade
- art. 168-A, § 2º, CP: pagamento da contribuição previdenciária antes do início da
ação fiscal no crime de apropriação indébita previdenciária;
- art. 171, § 2º, VI, do CP e Súmula 554 do STF: ressarcimento do dano antes do

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recebimento da denúncia no crime de estelionato mediante emissão de cheque sem
provisão de fundos;
- art. 236 do CP c/c art. 60 do CPP: morte da vítima no crime do art. 236 do Código
Penal gera perempção, uma vez que o crime é de ação penal privada
personalíssima;
- art. 312, § 3º, 1ª parte, do CP: a reparação do dano no peculato culposo, antes da
sentença final irrecorrível;
- art. 337-A, § 1º, do CP: declaração ou confissão, sendo prestadas as informações
necessárias à previdência social, antes do início da ação fiscal, no crime de
sonegação de contribuição previdenciária;
- art. 342, § 2º, do CP: retratação do falso testemunho antes da sentença em que o
mesmo foi prestado;
- art. 107, VI, do CP c/c art. 520 do CPP: a conciliação na audiência prevista no art.
520 do CPP para os crimes contra a honra;
- aquisição de renda superveniente na contravenção de vadiagem – LCP, art. 59, par.
único;
- art. 76 c/c art. 84 da Lei nº 9.099/95: cumprimento da transação penal;
- art. 89, § 5º. da Lei nº 9.099/95: decurso do prazo de suspensão condicional do
processo sem que haja revogação;
- pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, no caso de
sonegação fiscal. Neste caso, devemos ter atenção aos seguintes dispositivos legais:
art. 34 da Lei 9.249/95; art. 83 da Lei 9.430/96; art. 15 da Lei 9.964/2000, art. 9o. da
Lei 10.684/2003 e art. 5º, da Lei 13.254/16.

 OBS. 1.: Em sede de resposta à acusação não devemos discutir aspectos relativos à
aplicação da pena.
 OBS. 2.: É possível sustentar, caso seja este o caso apresentado, a desclassificação do
crime para outro, de menor gravidade. Neste caso, após a apresentação da tese de desclassificação,
devemos novamente analisar o PPPx2 (Passo a Passo Preliminar), uma vez que uma ou mais das
hipóteses ali constantes poderão surgir diante da conduta desclassificada. Foi o que ocorreu na RA
cobrada no VIII Exame da OAB, ao qual remetemos o leitor (Parte IV dessa obra).

3.4. DOS PEDIDOS


Os pedidos a serem formulados em sede de Resposta incluem, primeiro, eventuais
preliminares, conforme acima indicadas, e, o pedido principal estará sempre vinculado ao art. 397 do
CPP.

3.5. DEMAIS REQUISITOS DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO

Apresentação de documentos e requerimento de produção de provas


Após elaboração dos pedidos, deve-se requerer a juntada de documentos e requerer a
produção de provas que se façam necessárias.

Rol de testemunhas e pedido de intimação


Ao final, deve-se ainda requerer a intimação das testemunhas, bem como apresentar, após o
fechamento da peça processual, o rol de testemunhas, as quais deverão ser listadas e, obrigatoriamente,
qualificadas. Não se admite arrolamento de testemunhas sem a devida qualificação.
Contudo, se o enunciado da questão não apresentar dados relativos às testemunhas a serem
arroladas, NÃO CRIE FATOS, apenas escreva:
"1. Testemunha (qualificação e endereço).
2. Testemunha (qualificação e endereço)."

O número de testemunhas depende do procedimento. Nos ritos ordinário e 1a fase do


procedimento do Júri, serão 8 (oito) as testemunhas arroladas por cada parte. No rito sumário o número
será de 5 (cinco) testemunhas.

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4. RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO RITO DO TRIBUNAL DO JÚRI

Muito embora o procedimento dos crimes dolosos contra a vida possua previsão específica
de resposta à acusação no art. 406 do CPP, esse rito não possui, dentre seus dispositivos, de forma
expressa, da aplicação da absolvição sumária do art. 397 do CPP.
Art. 406 do CPP – O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação
do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo
cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de
defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital.
§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia
ou na queixa.
§ 3º Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar
testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.

Contudo, com as alterações implementadas no Código de Processo Penal pela Lei


11.719/2008, passou a dispor o art. 394, em seus §§ 4o. e 5o.:
Art. 394. § 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a
todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste
Código.
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e
sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.

Por tal motivo, a resposta à acusação no rito do Tribunal do Júri apresentará a mesma lógica da
resposta à acusação nos ritos ordinário e sumário, ou seja, formulando o pedido de absolvição sumária na
forma dos incisos do art. 397 do CPP.
A hipótese de absolvição sumária específica do procedimento do Tribunal do Júri, prevista no
art. 415 do CPP, é específica para a fase posterior à instrução criminal da primeira fase do procedimento,
portanto, tal pedido deverá ser formulado em sede de memoriais.
Contudo, no caso da RA no rito do Júri, a fundamentação legal será a do art. 406 do CPP.

5. RESPOSTA À ACUSAÇÃO NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

A resposta à acusação também está prevista na Lei 8.666/93, que institui normas para a licitação
e contratos. Neste caso, se a denúncia imputar ao acusado crime previsto naquela lei, a peça de Resposta
deverá ter como fundamento o art. 104 da referida lei, uma vez que prevalece o critério da especialidade:
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o prazo de 10 (dez) dias para
apresentação de defesa escrita, contado da data do seu interrogató- rio, podendo
juntar documentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não superior a 5
(cinco), e indicar as demais provas que pretenda produzir.

Também o Código Eleitoral (Lei 4.737/1965) detém dispositivo específico para a resposta do
acusado, que, contudo, apresenta igualmente o prazo de 10 dias para sua apresentação, e peça escrita.
Vejamos o que estabele o art. 359, parágrafo único, do Código Eleitoral:
Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o depoimento
pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do Ministério
Público.
Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de 10 (dez) dias para
oferecer alegações escritas e arrolar testemunhas.

Já a Lei 9.099/95 prevê a resposta apresentada oralmente, no início da própria audiência de


instrução e julgamento:

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Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa,
interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente
aos debates orais e à prolação da sentença.

6. CONTAGEM DO PRAZO PARA A APRESENTAÇÃO DA RESPOSTA


Como já indicado, no processo penal, todos os prazos contam-se da data da efetiva ciência
(citação, notificação ou intimação) e não da juntada do mandado. Assim, para a contagem do prazo, devemos
utilizar a data em que o réu foi citado, data a partir da qual fluirá o prazo de 10 dias para a apresentação da
resposta à acusação.
Súmula 710 STF – No processo penal, contam-se os prazos da data de
intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de
ordem.

O prazo da resposta à acusação é processual; e os prazos processuais são contados


excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do final. Se o termo inicial ou final do prazo final cair em
dia não útil, prorroga-se o prazo para o primeiro dia útil subsequente, nos termos do art. 798, § 1º do
Código de Processo Penal.

 OBS.: NÃO são aplicáveis ao processo penal as modificações na contagem dos prazos do
CPC.

7. ESTRUTURA DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO

MODELO DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO NOS RITOS ORDINÁRIO E SUMÁRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


_______________________ (Regra Geral)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ JUIZADO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
E FAMILIAR CONTRA A MULHER DA COMARCA DE _______________________ (Crimes de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher)

Pular 2 ou 3 linhas
Processo número:
Pular 3 ou 4 linhas após o "processo número"

(Fazer parágrafo para a qualificação) NOME DO ACUSADO, (inserir qualificação completa ou a expressão "já
qualificado nos autos do processo supra indicado"), por seu advogado que a esta subscreve (procuração
em anexo), vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 396 e 396-A do Código de
Processo Penal, (OU artigo 104 da Lei nº 8.666/1993 - no caso da lei de licitações - OU artigo 359,
parágrafo único, do Código Eleitoral - em se tratando de crimes decorrentes da lei nº 4.737/1965),
apresentar sua (sem saltar linhas e sem fazer abreviações)
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.
(Pula-se uma linha)
DOS FATOS
Apresentar uma breve e estruturada narrativa dos fatos, extraindo os pontos relevantes do enunciado da
questão (aproximadamente 5 ou 6 linhas).
(Pula-se uma linha)
DAS PRELIMINARES
Na resposta à acusação, devemos, primeiro, buscar todo e qualquer fundamento que poderia ter levado à
rejeição da peça acusatória, bem como aqueles que prejudicam ou retardam o processo.

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Assim, devemos indicar as falhas processuais relevantes, seguindo o PASSO A PASSO PRELIMINAR
(PPPx2).
Fazer um parágrafo para cada uma das preliminares eventualmente existentes, apontando qual a
preliminar, justificando-a e indicando os dispositivos legais pertinentes e eventuais súmulas relacionadas.
Lembre-se: A exceção das causas extintivas da punibilidade, os aspectos arguidos em sede de preliminar, são,
em regra, aspectos processuais.

DO MÉRITO
Em sede de mérito devemos descrever detalhadamente as teses de direito penal aplicáveis ao caso, abordando cada
um dos institutos jurídicos, com objetividade e clareza.
Assim, por exemplo, se a alegação for de legítima defesa, discorra sobre os requisitos dessa excludente de ilicitude,
demonstrando sua presença no caso concreto.
Evite parágrafos longos, e apresente as teses associando-as, necessariamente, aos fundamentos legais pertinentes.
Como já vimos, na resposta à acusação, devemos ter por objetivo a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do acusado. Portanto,
concentre-se nas hipóteses indicadas no art. 397 do CPP.
ATENÇÃO: Num mesmo caso concreto, podem estar presentes diversas teses defensivas, e neste caso, o
espelho de correção provavelmente pontuará todas elas.
Por isso, tente identificá-las uma a uma, em parágrafos distintos, explicando-as e indicando os dispositivos
aplicáveis.

DOS PEDIDOS
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Diante de todo exposto, requer seja declarada a nulidade do
processo ab initio (se houver tese de nulidade) em face da _______ (apresentar a preliminar existente;
exemplo: "flagrante incompetência desse douto juízo"), ou, caso não seja esse o entendimento de Vossa
Excelência, que julgue improcedente o pedido para absolver sumariamente o acusado, na forma do art.
397, inciso ___ (indicar o inciso ou os incisos do art. 397 correspondentes, a depender da tese
sustentada), do Código de Processo Penal.
Caso assim não entenda Vossa Excelência, requer sejam realizadas as diligências ______ (se
for o caso) e intimadas as testemunhas abaixo arroladas.
Após terminar os pedidos, pular 1 linha e colocar, centralizado:
Nestes termos
Pede deferimento.

Após, salte 2 ou três linhas e coloque, também centralizado:


Comarca, data.
Advogado, OAB

Pule duas linhas e inclua:


Rol de testemunhas:
1. Testemunha (qualificação e endereço).
2. Testemunha (qualificação e endereço).
3. Testemunha (qualificação e endereço).

MODELO DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO RITO DO JÚRI

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA


COMARCA DE _______ (ou EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____ TRIBUNAL
DO JÚRI DA COMARCA DE _______)

Pular 2 ou 3 linhas

Processo número:

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Pular 3 ou 4 linhas após o "processo número"

(Fazer parágrafo para a qualificação) Nome, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem por
seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração anexada, muito
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar com fundamento no artigo 406 do Código
de Processo Penal (sem saltar linhas e sem abreviar nada)
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
pelos motivos de fato e de direito que passa a expor.
(Pula-se uma linha)

DOS FATOS
Apresentar uma breve e estruturada narrativa dos fatos, extraindo os pontos relevantes do enunciado da
questão (aproximadamente 5 ou 6 linhas).
(Pula-se uma linha)

DAS PRELIMINARES
Na resposta à acusação, devemos, primeiro, buscar todo e qualquer fundamento que poderia ter levado à
rejeição da peça acusatória, bem como aqueles que prejudicam ou retardam o processo.
Assim, devemos indicar as falhas processuais relevantes, seguindo o PASSO A PASSO PRELIMINAR
(PPPx2).
Fazer um parágrafo para cada uma das preliminares eventualmente existentes, apontando qual a
preliminar, justificando-a e indicando os dispositivos legais pertinentes e eventuais súmulas relacionadas.
Lembre-se: A exceção das causas extintivas da punibilidade, os aspectos arguidos em sede de preliminar, são,
em regra, aspectos processuais.

DO MÉRITO
Em sede de mérito devemos descrever detalhadamente as teses de direito penal aplicáveis ao caso, abordando cada
um dos institutos jurídicos, com objetividade e clareza.
Assim, por exemplo, se a alegação for de legítima defesa, discorra sobre os requisitos dessa excludente de ilicitude,
demonstrando sua presença no caso concreto.
Evite parágrafos longos, e apresente as teses associando-as, necessariamente, aos fundamentos legais
pertinentes.
Como já vimos, na resposta à acusação, devemos ter por objetivo a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do acusado.
Mesmo no procedimento do Tribunal do Júri, por força do art. 394, § 4 o., do CPP, devemos buscar a absolvição
sumária do art. 397, o qual não se confunde com a absolvição sumária do artigo 415 do Código de Processo
Penal, próprio para o final da 1a fase, no momento dos memoriais. Por isso, NO MÉRITO, ao indicar o artigo
397 do CPP, combine-o ao art. 394, § 4o., do mesmo código.
Mas concentre-se nas hipóteses indicadas no art. 397 do CPP.
ATENÇÃO: Num mesmo caso concreto, podem estar presentes diversas teses defensivas, e neste caso, o
espelho de correção provavelmente pontuará todas elas.
Por isso, tente identificá-las uma a uma, em parágrafos distintos, explicando-as e indicando os dispositivos
aplicáveis.

DOS PEDIDOS
(Fazer parágrafo – regra dos dois dedos) Diante de todo exposto, requer seja declarada a nulidade do
processo ab initio (se houver tese de nulidade) em face da _______ (apresentar a preliminar existente;
exemplo: "flagrante incompetência desse douto juízo"), ou, caso não seja esse o entendimento de Vossa
Excelência, que julgue improcedente o pedido para absolver sumariamente o acusado, na forma do art.
397, inciso ___ (indicar o inciso ou os incisos do art. 397 correspondentes, a depender da tese
sustentada), do Código de Processo Penal.
ATENÇÃO: Como vimos, o Código de Processo Penal não prevê a resposta à acusação com pedido de
absolvição sumária para o rito do Tribunal do Júri, pois a absolvição sumária do art. 415 CPP é um instituto
completamente diferente do art. 397 CPP. Não se deve confundir a absolvição sumária da resposta à

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acusação com a absolvição sumária do art. 415 CPP, esta última cabível ao final da 1a. fase do Júri, após a
instrução probatória, em sede de memoriais.
Caso assim não entenda Vossa Excelência, requer sejam realizadas as diligências ______ (se
for o caso) e intimadas as testemunhas abaixo arroladas.
Após terminar os pedidos, pular 1 linha e colocar, centralizado:
Nestes termos
Pede deferimento.

Após, salte 2 ou três linhas e coloque, também centralizado:


Comarca, data.
Advogado, OAB

Pule duas linhas e inclua:


Rol de testemunhas:
1. Testemunha (qualificação e endereço).
2. Testemunha (qualificação e endereço).
3. Testemunha (qualificação e endereço).

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8. MAPAS MENTAIS E QUADROS SINÓTICOS
COMO IDENTIFICAR SE A PEÇA A SER APRESENTADA É A RESPOSTA À ACUSAÇÃO?

1) Houve o oferecimento de uma


• Em caso positivo, passe à pergunta 2 ...
denúncia ou queixa?

2) O juiz recebeu a denúncia ou a


• Se a reposta for SIM, passe à 3...
queixa?

3) O réu já foi citado? • Se sim, só falta uma pergunta!

4) A instrução probatória já teve • Se a reposta for NÃO, a peça é a Resposta à


início ou já ocorreu? Acusação!

PASSO A PASSO PRELIMINAR

Causas extintivas da punibilidade (art. 107 do CP, dentre


outros)

Prejudiciais de mérito (arts. 92 e 93 do CPP)

Preliminares processuais (art. 95 do CPP)

Outras nulidades (art. 564 III e IV do CPP)

Ausência dos requisitos necessários ao recebimento da


denúncia ou queixa (art. 395 do CPP) – no caso de
resposta à acusação ou defesas prévias**

Ausência de proposta suspensão condicional do processo


(art. 89 da Lei 9.099/95) ou de outros benefícios
despenalizadores

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