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(Baseado na ‘tragédia de Hamlet – príncipe da dinamarca’)

Por: Ronam toguchi


Prólogo
Horácio: Bom contador de estória, é aquele que conta apenas o que viu, presenciou. E
que vos conta com riqueza de detalhes, com interpretação, sentimento. Bom contador é
aquele que conta a verdade, independente da estória ser bela, triste, cruel ou trágica. A
realidade é aquilo que encanta. Pois quando a verdade é dita a fantasia se revela. Quem
ouve a história é quem a recria. Não estou querendo me gabar, mas me considero um
bom contador de estória. Aquilo que conto, é a verdade apenas, mesmo que triste...
Conto aquilo que vivi e presenciei. Cabe a cada um recriar a estória que contarei.
Convivi com eles todos e sobrevivi... Agora, a cada vez que repito os mesmos dizeres,
as mesmas falas e vos conto a mesma estória e cada um de vós a recria. Fujo da
condição de sobrevivente para ser contador de estórias. Alguns dizem que é besteira...
Pois eu retruco: olhe dentro dos meus olhos e veja como eu também vi. Traição,
vingança, loucura, amor, tragédia... Tudo isso unido numa só estória. Desencadeada por
um fato inevitável: a morte. Para iniciar já vos digo, é preciso ser cruel para ser bom. O
ruim começa, mas o pior já se acha feito. Comecemos a estória, e terminemos antes do
galo cantar, pois quando ele canta, desperta o deus do dia e os espíritos voltam para seus
postos...

CENA I
Ato I
(Francisco já monta guarda durante o prólogo)

Francisco: Espere... Quem vem aí?! Para e diga seu nome...

Bernardo: Viva ao Rei! Acalme-se...

Francisco: Ah sim! É você, Bernardo... Que bom, chegou bem na hora... A guarda está
muito tranqüila esta noite...

Bernardo: Espero que assim continue. Pode ir... Se encontrar com Horácio ou Marcelo
diga para virem logo porque já estou aqui.

Francisco: Pois vejo dois vultos logo ali... Vocês dois! Parem e identifiquem-se...

Horácio: Filhos desta terra...

Marcelo: Súditos do rei...

Francisco: Eu vou indo, boa noite senhores...

(Todos respondem com algum gesto e Francisco sai)

Bernardo: Marcelo, Horácio...


Marcelo: Trouxe Horácio aqui, ele não acredita naquilo que eu contei, por mais que eu
jure que vi nosso rei morto. Pensa ele que nós estamos cansados da monotonia da
guarda e imaginamos coisas...Ele verá com os próprios olhos... Ele já apareceu por aqui
hoje?

Bernardo: Eu não vi nada...

Horácio: Pois eu também não vejo nada... Os senhores devem estar se confundindo...

(Entra o Fantasma)

Bernardo: Não! Pare, espere... Veja ali Horácio, se nós somos loucos, você também é...

Marcelo: Diga Horácio! Você que o conhecia melhor... É ou não parecidíssimo com
nosso rei morto?

Horácio: Por Deus nosso senhor! Meu coração disparou... É Ele, ou é tão parecido com
o rei quanto eu me pareço ao meu reflexo... (ao fantasma) Quem é você?! Pelos céus... É
o próprio Rei Morto! (Breve pausa) Ordeno te que fale!

(Fantasma sai)

Bernardo: Ele se ofendeu...

Marcelo: Foi se embora... Mas diga Horácio, você não acha que é nosso rei também?

Horácio: Pois é! Me lembro bem dele. Ele retornou assim, após derrotar os velhos
Inimigos...

Bernardo: Pois ele já apareceu duas vezes para nós, trazendo o mesmo semblante,
fraco, mas encorajado.

Marcelo: Só queria entender por que não descansamos ... Temos que ficar tão atentos
por quê?

Horácio: ... Pois eu quero crer que seja apenas precaução quanto à ameaça de ataque.
Sabemos como nosso saudoso rei morto conquistou suas terras. Os inimigos nunca
aceitaram. E agora com a morte dele, acreditam que estamos fracos e devem planejar
vingança.

Bernardo: Acho que isto explica as aparições do fantasma. Para alguém retornar do
mundo dos mortos, coisa boa não deve ser...

(entra o Fantasma)

Bernardo: Por Deus! Pois ele voltou...

Marcelo: Fez sinal para que falem com ele, tente novamente Horácio....
Horácio: (com medo) Quer alguma ajuda? Sabe de algum mal iminente à nossa terra?
Escondeu algum tesouro roubado por aqui... Diga o que quer...

(Um galo canta e o fantasma sai)

Marcelo: Ele se foi quando o galo cantou...

Bernardo: Quando o galo canta ele acorda o deus sol... E estejam onde estiverem,
todos os espíritos voltam para o lugar de onde vieram...

Horácio: Agora, acredito em muito mais coisa...É hora de terminar a guarda. O sol está
nascendo... Penso que deveríamos contar tudo ao príncipe Hamlet. Se este for mesmo o
fantasma de seu pai, como nós pensamos, com Hamlet ele falará!

Marcelo: Concordo!

Horácio: Vamos procurá-lo no palácio. Tenho livre acesso, pois sou amigo do príncipe!
Venham comigo! (ao público) Vocês também devem me acompanhar.

(saem)

CENA II
Ato I
(Entram na sala do trono)

Rei: Meu querido irmão partiu recentemente...Ainda deveríamos chorar e guardar luto...
Mas querer não é poder. A Rainha, desesperada pela morte do Rei e temerosa do destino
desta terra, casou-se comigo. Alegres no funeral, e tristes na igreja. É com pesar que
assumo este cargo, mas com alegria que cumpro meu dever Os inimigos pensam que
cairíamos com a morte de nosso Rei. Sonham em reaver as terras que perderam. Mas
vamos escrever-lhes chamando-lhes à razão e informar-lhes que estamos preparados.
Que qualquer ataque seria perda de tempo. Queiram os dois transmitir-lhes as notícias e
os devidos avisos.

Cornélio e Voltimando: Sim, senhor. Faremos com prazer!

Rei: Certo... Boa viagem.

(Cornélio e Voltimando saem)

Rei: E você, Laerte! Tem algo a pedir ao novo Rei?

Laertes: Meu senhor... Queria lhe pedir para voltar aos meus estudos no exterior. Eu
vim de boa vontade à coroação, mas confesso que minha cabeça e coração estão na
longe. Peço para regressar...

Rei: Teu pai já aceitou? (para o pai) Polônio?


Polônio: Sim, majestade. Meu filho herdou de mim a força de vontade e insistência...
Concordei com a sua partida. Venceu me pelo cansaço.

Rei: Laertes, a hora é boa. Use bem o teu tempo... Agora, Hamlet... Primo e filho...
Hamlet (à parte): Quanto mais próxima, mais o odeio...

Rei: Por que sempre tão distante e tão frio?

Hamlet: Nem sempre, meu senhor, quando é dia o sol me aquece.

Rainha: Ora, meu filho. Faça como eu e use o bom senso para guardar o luto de seu
pai. Não continue assim de olhar cabisbaixo... Se você procura teu pai, está olhando
para o lugar errado, olhe para cima! Ele está lá, é a lei da vida. Seu pai partiu para a vida
eterna, meu querido.

Hamlet: É, tudo é normal.

Rainha: A vida é assim com todos, mas o que te parece estranho?

Hamlet: Não parece, é. Estas roupas negras como a noite, suspiros profundos, lágrimas
que pulam dos olhos... Posso ficar cabisbaixo, procurar meu pai ao céu, ao inferno, para
cima ou para baixo, mas nada vai definir o que realmente eu sinto. São apenas gestos,
falsos, mas dentro de mim há algo que é verdadeiro. O resto é enfeite...

Rei: Te aconselho uma coisa, Hamlet... Nada mais natural do que um filho chorar, deste
modo, pela morte do pai. Mas talvez, levar o luto com tanta força e teimosia não seja
uma coisa dos fortes. Você não se torna forte, por guardar a dor de sua perda durante
mais tempo. É forte se levantar a cabeça e encarar os fatos. Como acha que ele vê o que
você passa nesse momento? Te peço, Hamlet. Coragem. Tinha de ser assim... Seu
regresso à escola no exterior é contrária à nossa vontade. Por isso, preferimos você
debaixo de nossos braços, de nosso olhar vigilante, meu primo e filho.

Rainha: Isso mesmo, meu nobre Hamlet. Não ignore o pedido de sua mãe.. Aceite o
conselho. Fique aqui...

Hamlet: Serei obediente.

Rei: Agora sim, vejo um homem sensato e racional. Vamos, senhora. Isto me alegrou.
Vamos preparar um banquete.

(Saem todos fica Hamlet)

Hamlet: De que me serve esta carne, se me falta uma parte da alma? Meu coração
continua batendo, ele insisti nisso... Trabalhando involuntariamente.. A cada dia que
passa me revolto mais com este mundo... Como pode! Meu pai partiu a dois meses...
Foram dois meses? Ou menos, um mês? E ela! Sim ela, pois agora não consigo dizer
outro nome, ela já se casa com outro, irmão de meu pai! Não erro e nem sou covarde
por levar o luto de meu pai tão intensamente... Desse mundo tão cruel, estou ficando
consciente. Será que meu coração realmente bate? Acho que somos apenas, cobaias de
Deus.
CENA III
Ato I
(Entram Horácio, Marcelo e Bernardo)

Hamlet: (Observando que não está só): Horácio

Marcelo: Príncipe...

Hamlet: O que te trouxe aqui?

Horácio: Os funerais de seu pai...

Hamlet: ... e o casamento de minha mãe. Emendaram os dois... Meu pai deve rolar
dentro do túmulo.

Horácio: Pois é sobre ele que eu venho falar, senhor. Vi algo esta noite. Tenho estes
dois como testemunhas.

Hamlet: O que você viu?

Horácio: Marcelo e Bernardo por duas noites, enquanto montavam guarda, viram um
fantasma que tinha muita semelhança a teu pai. Muito assustados decidiram por não lhe
incomodar, mas me confessaram a visão... Sendo assim, eu os acompanhei na noite
passada e vi o espírito, por duas vezes ele apareceu para nós... Eu não acreditaria se
tivesse visto com meus próprios olhos...

Hamlet: Vocês já o viram duas vezes?

Marcelo: Sim, senhor.

Hamlet: Viram seu rosto?

Bernardo: Não muito bem, mas vimos.

Hamlet: Horácio... Ele falou?

Bernardo: Na segunda aparição, ele aparentou que ia falar mas o galo cantou e ele
desapareceu senhor.

Hamlet: Certo, vocês vão montar guarda esta noite?

Bernardo: Sim

Hamlet: Onde é?

Horácio: Na esplanada...
Hamlet: Pois contarão com a minha companhia e se este espírito aparecer novamente,
se for a figura de meu pai eu falarei com ele e nada vai me impedir.. Não comentem
sobre isso com ninguém. Esperem por mim entre as onze horas e meia noite. Agora
vão...

Horácio: Até mais ver, alteza...

Marcelo e Bernardo: Até mais ver...

(Horácio, Marcelo e Bernardo saem)

Hamlet: Por Deus! Ao contrário do que ela pensa meu pai não descansa! Será mesmo?
Se for verdade, isso não é nada bom... Isso pareceu trazer de volta uma parte de minha
alma... Irei até o fim desta história. Quem dera que noite já fosse, mas a paciência faz
bem. Pois esta noite, tudo deve se revelar.

(Sai)

CENA IV
Ato I
Hamlet: Boa noite senhores...

Marcelo e Horácio: Boa noite alteza.

Hamlet: Pois bem, então é aqui que a suposta alma de pai apareceu? Já bateu o sino da
meia noite mas eu nada vejo...

Marcelo: Na verdade senhor, não existe um horário específico para ele aparecer... Ele
geralmente nos pega desprevenidos.

Horácio: Pois não dessa vez, veja meu príncipe... Ali está, trazendo as trevas consigo...

(Entra o Fantasma)

Hamlet: Que os anjos estejam ao nosso lado! Queiram que esta alma, espectro, que
vaga pela noite traga uma boa missão, uma boa mensagem... Vou chamar-lhe de
Hamlet, rei e meu pai! És tu?! Para que nos visita? Qual é a causa?

Marcelo: Faz sinal para que o acompanhe...

Horácio: Mas penso que isso o senhor não deveria fazer... Pense bem príncipe...

Hamlet: Não tenho nada a temer Horácio... O que pode, algo que já partiu desse mundo
fazer com alguém que ainda é vivo? Ele pode me ferir, até me matar, mas nada fará a
minha alma...(Ao fantasma) Tome seu rumo que eu lhe sigo...

Horácio: Alteza...
(Hamlet sai atrás do fantasma)

Marcelo: Há algo de podre no reino da Dinamarca... Deveríamos segui-lo?

Horácio: Penso que sim, são desconhecidos os riscos que corre nosso príncipe. (ao
público) Vamos todos.

CENA V
Ato I
Hamlet: Você, que a este mundo não pertence e que a identidade desconheço... Diga
logo quem é, o que quer. Não darei mais um passo...

(Fantasma faz sinal para Hamlet parar. E se aproxima dele)

Hamlet: Pobre alma atormentada! Então tu és mesmo meu pai... Deus, reservardes a tu
destino tão trágico... Logo a ti, mais doce do que qualquer fruta deste mundo.

(Fantasma agarra Hamlet)

Hamlet: Dos teus podres pouco ou nada conheço. Mas qual é a causa de sua visita?

(Fantasma cobre os olhos de Hamlet)

Hamlet: É você! Oh meu pai, que falta você me faz... Está dormindo, como gostava de
fazer, no jardim. Doce e risonho, teu rosto esboça até um sonho bom... Entra meu tio...
O safado. Espere... Ele tira algo do bolso... Ele jogou em teu ouvido... POR DEUS!
PARE, PARE. SEU HORROR, ESPANTO, TUA DOR. PARE!

(Hamlet cai)

Hamlet (Quase chorando e se recuperando como se tivesse levado um golpe certeiro):


Meu tio! Sempre desconfiei... Enganaram toda a Dinamarca com esta estória de cobra
venenosa... Pois a cobra que te picou tem traços humanos e alma demoníaca. Meu pai,
meu pai... Como ele pôde?

(O Fantasma faz um movimento e Hamlet se levanta. Hamlet faz sinais de que ouve
algo que te serve de consolo)

Hamlet: Pobre alma, pois te vingarei! Nem que isso seja a última coisa que eu faça em
minha vida. A Dinamarca não ficará nas mãos dessa cobra, tão repugnante. Eu também
não reconheço mais ela, que se diz minha mãe. Mas a meu tio, o futuro guarda algo pior
que o teu destino meu pai. Eu lhe vingarei...

(Fantasma sai. Entram Horácio e Marcelo)

Horácio: Milorde Hamlet!

Marcelo: Alteza!
Horácio: O senhor está bem? Está abatido, seu rosto é pálido...

Hamlet: Pobre alma penada! Vilões, venenos, jardim! Vingança, traga a corda irmão,
irmão acorda!

Horácio: Senhor? Estas palavras não tem nexo... Qual é o sentido delas?

Marcelo: A alma o deixou atormentado...

Hamlet: Não mais do que os que vivem na corte... Estou bem senhores...

Horácio: Se assim o senhor diz...

Marcelo: Ele falou alteza? O Fantasma? Como foi?

Hamlet: As repostas valem mais que as perguntas! Levanta teu braço, até onde você
pode alcançar Marcelo. Neste momento senhores, o que digo é, jurem, por tudo, pelas
tuas próprias vidas que nada, nada que aconteceu nesta noite... Vocês irão contar. Jurem
isso, e eu saberei ser grato...

Horácio: Não compreendo senhor...

Hamlet: Há muito mais coisa no céu e na terra, Horácio, do que sonha a nossa pobre
filosofia... Agora jurai!

Marcelo: Sob palavra de honra! Nada contarei a ninguém

Horácio: Eu também, sob palavra de honra, juro.

Hamlet: Muito bem... Feitos os devidos juramentos, vou rezar. Boa noite senhores.

(sai. Enquanto Ofélia passa saltitante, levando o público consigo)

CENA VI
Ato I

Ofélia: Papai e meu irmão Laertes, me disseram para não dar ouvidos aos cortejos de
Hamlet. Que é coisa de idade, passageira. Disseram que o sentimento dele pode ser
verdadeiro, neste momento, mas que teus cortejos prometem ir embora tão rápido
quanto chegaram. Deveria eu acreditar então, que todas aquelas palavras que saíram de
sua boca, que a verdade em teu olhar vai passar? Ir embora como o verão? E que, se
assim prosseguir nossa estória, de verão, passarei a viver no inverno? Tudo era tão
perfeito, tão normal... Pelos olhos de meu pai e de meu irmão, tem um defeito, é tudo
igual. Meu coração diz que eles estão errados, que querem apenas me colocar limites,
limites estes que não estão presentes em Hamlet... Sinto me numa prisão, fechada por
grades que não me deixam alcançar mais do que o pequeno comprimento de meus
braços. Papai disse, que na posição de Hamlet, os sentimentos não ultrapassam a
barreira da razão, que tal escolha não dependeria só dele... Nesse ponto, concordo com
meu pai. Chego a conclusão, de que o amor é grande demais, pra ser abraçado pelos
meus curtos e jovens braços. Serei obediente... Hamlet e eu, não passaremos de
amantes, errantes, humanos e com o tempo, estranhos.

(Sai)

ATO II
CENA I
Ato II
(Polônio já se encontra no recinto e entra Ofélia)

Ofélia: Meu pai! Tanto horror quanto espanto se misturam em mim.

Polônio:Está me deixando preocupado, minha filha... Qual é a causa de tudo isso?

Ofélia: Meu medo atende por príncipe Hamlet. Ele apareceu em meu quarto enquanto
eu costurava... Sua expressão era horrenda. Mal vestido, tremendo e seus olhos
soltavam chamas do inferno!

Polônio: Não entendo... É fato que a loucura parece tomar conta de nosso príncipe, mas
invadir seu quarto? É preciso muita loucura ou coragem. Mas, o que ele fez?

Ofélia: Ele segurou em meus punhos com força mas não se aproximou... Ficou um
tempo assim, parecia querer desenhar meu rosto para guardar a lembrança dele consigo.
Depois ele sacudiu meu braço e balançou a cabeça, como quem nega algo. Parou
subitamente cravando seu olhar no meu. Soltou-me e foi embora como se tivesse estado
ali milhões de vezes... Pois o olhar de mim, ele não retirou.

Polônio: Você seguiu meus conselhos?

Ofélia: Sim, meu pai. Neguei as cartas e pedi que ele não me procurasse.

Polônio: Pois então esta é a causa da loucura de Hamlet: amor... Como eu pude me
enganar... Venha, minha filha. Precisamos contar isto ao Rei.

Ofélia: E eles, papai?

Polônio: Diga para virem conosco.

(Polônio para na porta do “lugar”)

Polônio (ao público): Só poderemos entrar depois de anunciados... Mas os senhores,


entrem por favor.
CENA II
Ato II
(Entram Rei, Rainha e Rosencrantz)

Rei: Muito bem vindos Rosencrantz! Agradeço por atender a nosso pedido urgente.
Como já deve saber, Hamlet anda estranho nos últimos tempos... Ele passou por uma
espécie de transformação. Isso nos preocupa. Não encontramos outro motivo para tal
situação senão a morte de seu pai, porém, achamos que existe algo mais. Pedimos que
fiquem uns tempos por aqui e distraia Hamlet de olhos sempre atentos. Investigue o que
pode causar isso com ele e uma vez descoberta a causa, nós possamos resolvê-la.

Rainha: Hamlet falou bastante no senhore. Não imagino melhor companhia para meu
filho.

Rosencrantz: Soberanos... Cumpriremos com prazer esta missão, mas não como pedido
e sim como ordem.

(Sai Rosencrantz e entra Polônio com Voltimando)

Polônio: O emissário já retornou de sua missão...

Rei: Voltimando, Como foi nas terras estrangeiras?

Voltimando: O rei deles retribuiu os cumprimentos e enviou saudações. Mal leu sua
carta e já suspendeu todos os planos ofensivos. Mandou-lhe uma carta... (Entrega uma
carta) Que como o senhor pode ver, traz alguns pedidos.

Rei: Agradeço... Lerei com calma e analisarei as condições. Agora vá e descanse...


Obrigado pelos teus serviços.

(Voltimando sai)

Polônio: Esta questão foi resolvida muito bem... Mas as boas notícias não terminam por
ai, meu senhor...

Rei: Ora, Polônio o pai das boas novas. Diga então, qual é a da vez?

Polônio: Agradeço senhor e continuarei me empenhando a trazer boas notícias à vossa


alteza. Mas o assunto que vim tratar é complicado... Penso ter achado a causa da
transformação, que eu prefiro chamar de loucura, de nosso príncipe Hamlet...

Rei: Vá direto ao ponto.

Polônio: Ouvi dizer que o príncipe estava cortejando minha filha. Como sei o lugar que
me cabe, disse para evitá-lo, que era coisa momentânea, que passaria rapidamente. Que
o príncipe não pertencia ao mesmo patamar que ela, que era algo impossível,a união dos
dois. Boa filha que ela é, obedeceu me e o evitou. Mas parece que eu me enganei... Ela
veio me confidenciar que o príncipe apareceu em seu quarto outro dia...
Rainha: Meu filho? Então, acha que é loucura de amor? Não compreendo...

Polônio: Permita-me mostrar uma carta senhora... “Duvide da luz dos astros, duvide até
que o sol tenha calor. Duvide da verdade mas confie em meu amor. Querida Ofélia, não
sou muito bom com as palavras, não tenho o dom de medir meus suspiros. Mas te amo
muitíssimo, infinitamente. Acredite. Adeus. O teu para sempre, querida menina.
Hamlet”.

Rei: Você acha que pode ser?

Rainha: Isto explica muita coisa...

Polônio: Peço que tiremos esta estória a limpo, faremos com que o príncipe se encontre
com minha filha, assistiremos a este encontro e vemos se é ou não verdade.

Rainha: Sim, Hamlet passeia muito pelas galerias...

Polônio: Armemos um encontro. E verão que estou certo.

Rei: Faremos a experiência...

Rainha: Parece que ele está lá fora.

Polônio: Eu vou falar com ele.

(Saem Rei e Rainha. Entra Hamlet)

Polônio: Como vai meu querido príncipe Hamlet?

Hamlet: Bem, graças a Deus.

Polônio: Me reconhece, senhor?

Hamlet: Sim, tu tens uma filha...

Polônio: (A parte) Não tira minha filha da cabeça... (para Hamlet) Sim, senhor.

Hamlet: Mande-a tomar cuidado com o sol, ele é belo mas queima. Cuidado amigo!

Polônio: (A parte) Ele já não diz coisa com coisa... (Para Hamlet) Peço para despedir
me senhor...

Hamlet: Já não era tempo, vá e cuidado com os urubus. Vejo que não ficarei na
solidão...

(Sai Polônio. Entram Rosencrantz)

Hamlet: Este velho mais me parece um pentelho... Meu amigo! Como vai?
Rosencrantz: Feliz por não sermos o senhor...

Hamlet: Ora, ora. O que vos trouxe aqui?

Rosencrantz: Vim visitá-lo, nada mais.

Hamlet: Um moribundo não costuma agradecer. Mas obrigado... Algo eu estranho...Por


acaso alguém lhe chamou?

Guildenstein: O que posso dizer, senhor?

Hamlet: Diga que sim ou que não. Ao meu caso me serve a verdade. Diga logo se meu
tio lhe chamou?

Rosencrantz: De fato, fomos chamados.

Hamlet: Eu podia ler em seu olhar... Vou dizer a causa da preocupação. Há algum
tempo atrás toda a minha alegria se extinguiu e mudei meus hábitos. Alguns dizem que
a loucura me invadiu, outros dizem que é pela morte de meu pai. Não me importa, os
homens não me proporcionam prazer, nem as mulheres. (Rosencrantz ri) Porque o riso?

...

Rosencrantz: Por imaginar a recepção que terão os atores Trouxe uma trupe...

Hamlet: Vejam só! Mas uma trupe viajante? Não ganhariam mais fixos? Não venham
me dizer que esta trupe falta experiência e interpretação...

Rosencrantz: São os mesmos que agradavam o senhor quando estava na nossa cidade...

(Ouve-se uma certa algazarra)

Rosencrantz: Pois me parece que os atores chegaram...

Cena III
Ato II

(Entram os atores)

Hamlet: Sejam todos bem vindos senhores! Homens solidários, que falam da alma!
Meus queridos amigos... Ora, ora! Da última vez que lhe vi não tinha o cabelo tão
grande... Serei direto meu amigo. Queria uma amostra, se é que posso chamar assim...

Ator 1: Mas é claro alteza... Mas, o que seria especificamente?

Hamlet: Me mostrem o que sabem e eu vos direi o que não sabem... O que farias tu, se
lhe dizes-te para me mostrar nada mais e nada a menos que teatro!?
Ator: Talvez lhe apresentaria o palco. Lugar mágico, maravilhoso. Onde a imaginação
fica totalmente livre, sem barreiras! Onde os homens falam da alma, sejam elas belas ou
ruins...

Hamlet: Tuas palavras me elevam, continue... O palco é mágico... Mas, teatro?

Ator: É impossível definir. Atores, e até mesmo expectadores, todos aqueles que se dão
ao luxo de entrar num teatro, são amantes. Não no sentido libertino, mas sim no sentido
de amar.

Hamlet: Me considero um amante... Tenho um longo caso com o teatro.

Ator: Muito bem meu príncipe! Não pense que me falta o respeito, mas no palco. Eu
posso ser rei, herói, vilão... Até Deus!

Hamlet: Sim...

Ator: Quando atuo, é como se eu fosse uma águia, e pudesse voar. Alcançar o céu sem
o menor esforço.

Rosencrantz: Mas que sonhador...

Hamlet: Sim Rosencrantz! Eu diria que não só um sonhador e sim um amador.

Ator: Sim alteza. Sou um amador... Posso morrer sem deixar de respirar, amar sem das
dores me queixar! Posso ser pai, ser filho. Se padre ou ateu. O palco, campo da
imaginação, o único lugar onde não se tem fronteiras...

Hamlet: Morrer sem respirar... Bem colocado.

Ator: Sim meu senhor, é fato que as tragédias são um gênero apreciado no teatro.
Assassinatos, crimes e outras coisas mais.

Hamlet: Assassinatos...

Ator: Como eu disse meu príncipe. Aqui nós mostramos a alma dos homens, nem todas
são belas

Hamlet: Nenhuma é meu senhor, nenhuma é. Porém algumas, são mais sujas que os
porcos...

Dramaturgo: Lindo, magnífico, esplendoroso. Esta conversa dá um ótimo texto...


Porém um tanto quanto grande...

Hamlet: Pois então mande ao barbeiro para que o deixe no tamanho ideal... A mim não
interessam delongas e sim objetivos...

Dramaturgo: Certo...
Hamlet: Rosencrantz, faça me o favor de acompanhar meus queridos amigos...

Rosencrantz: Com todo o prazer, me acompanhem...

Hamlet (ao Dramaturgo): Ficai...

Dramaturgo: Sim meu príncipe.

Hamlet: Poderia você preparar uma encenação, com um assassinato de um rei? E


encaixar nela um texto de não mais 16 linhas que eu escreverei?

Dramaturgo: Com toda certeza que sim...

Hamlet: Para quando?

Dramaturgo: Com algumas garrafas de vinho, para amanhã.

Hamlet: Certo, lhe darei mais material para trabalho... Agora vá!

(Sai Dramaturgo)

Hamlet: Sortudo é o ator, vive, recria as angústias dos seres humanos... Eu, eu sofro as
angústias que são mostradas por eles... Mas tenho sorte por isso... Será desse modo,
utilizando da magia entre a realidade e o teatro... Que eu pegarei o safado. Vingança
pulsa em minhas veias... Será este o modo que pegarei o cão, pela consciência...

Ato III

Cena I
Ato III
(Entra Voltimando)

Voltimando: Com licença milorde...

Hamlet: Sim

Voltimando: Eis que tenho uma carta para o senhor... Pediram para você estar no lugar
ai citado perto das 8... Eu vou indo, com licença...

Hamlet: Toda

(Sai Voltimando)
Hamlet: (Lendo) Estou começando a duvidar da luz do astros, mas não de ti... (Não
lendo) Já imagino quem deve ser... Vou aprontar as coisas para o dramaturgo, ainda é
tempo.

(Hamlet sai, entra Polônio e Ofélia apressados)

Polônio: Vamos minha filha, já estamos quase atrasados... Não podemos atrasar.
Marcamos perto das 8 com o príncipe, não se esqueça minha filha.

Ofélia: Mas papai, vejam, são eles novamente. Sempre atrasados! Venham, se não ele
vai acabar me chamando a atenção na frente do rei... Vamos, vamos!

Polônio: Apresse-se minha querida...

(Chegam ao “lugar” onde já os espera o Rei)

Rei: Já era hora Polônio...

Polônio: Perdoe-me alteza...

Ofélia (Ao Rei): Senhor...

Rei: Minha jovem... Deus queira que esteja em tua beleza a loucura de meu sobrinho, e
filho. (à parte) Loucura de Hamlet... Estas palavras me doem como uma apunhalada. De
repente o mais brutal dos assassinos não é mais feio aos meus olhos. O que fiz me segue
e me seguirá até meu último dia. Cruz horrível...

Ofélia: O que disse senhor?

Rei: Nada, onde nos esconderemos?

Polônio: Ele está vindo... Escondamos-nos ali!

(Polônio e Rei se escondem... Entra Hamlet)

Hamlet: Ser ou não ser... Eis a questão! Será que sou algo neste mundo amargo? Será
que esta face que eu enxergo ao olhar no espelho é realmente minha? Rosto misterioso e
sombrio, que traz no olhar rancores e sede de vingança, que me foram passados
hereditariamente. Quando será que alma terá descanso? Alguns dizem que se encontra o
descanso ao dormir... Que coisa, imaginar que o sonho acaba com as dores terrenas, as
dores espirituais. Dormir, dormir, sonhar! Esse sim talvez seja o verdadeiro descanso...
Sonho há de enxugar meu pranto, ou fazê-lo sair com mais facilidade. Se a segunda
opção for a selecionada de sonho passa a ser pesadelo... Dormir, dormir, sonhar, morrer.
Sono final. Sono este que nenhum homem jamais acordou... Se este é nosso sono final,
então a vida após a morte deve ser apenas um sonho. Doce ilusão quem sabe. Morrer,
dormir, sonhar. Que faria alguém que tem a chance de iniciar teu sono final com um
punhal? Penso que curiosidade de saber qual será o sonho a ser sonhado não é, mas
talvez, o sono final seja o único que traz o verdadeiro descanso, nenhuma dor, nenhuma
tristeza, nenhum pranto. Acabar com isso, oh doce encanto. Sonhar, morrer, dormir.
Acalma-te coração, ainda não chegaste a tua hora de parar de bater. A morte não é uma
batalha, é uma derrota. Ninguém nunca a venceu, você não enfrenta a morte, enfrenta a
vida...

Ofélia: Meu príncipe...

Hamlet: Anjo negro, negro anjo...

Ofélia: Como tem passado?

Hamlet: Bem, bem, bem. Melhor do que ontem e pior do que a dois minutos atrás, o
que te traz aqui?

Ofélia: Meu bom senhor, eu venho te devolver os presentes que me deu...

Hamlet: Ora, ora. Não me recordo de lhe entregar tais presentes. És honesta?

Ofélia: O que quer meu príncipe?

Hamlet: Eu não quero nada, quem queria algo era você. És bela?

Ofélia: Não estou lhe entendendo...

Hamlet: Creio que não há semelhança entre tua honestidade com a tua beleza... És bela,
a máscara.

Ofélia: Mas meu senhor, a honestidade é bela, deveriam andar juntas...

Hamlet: Talvez, não sei... Quem sabe? É fato que a beleza em tu é presente em
abundância. Talvez tenha sido isso que me encantou. Cheguei a te amar... Mas preste
atenção no que falei... Cheguei...

Ofélia: Você me fez acreditar nisso... Estes presentes não passam de caprichos de um
amor de verão?

Hamlet: Nem os dê este crédito. Nunca te amei...

Ofélia: Que duras são tuas palavras meu príncipe. Me enganaste? Eis que toda a paixão
que um dia acreditei, agora é ódio e só?

Hamlet: Entra para um convento. E reze por mim... Não me considero o mais honestos
dos homens e defeitos a mim sobram tanto quanto em ti sobra beleza. Nisso somos
parecidos, ambas as coisas que nos sobram, embaçam a nossa verdadeira face.
Máscaras...Vá para o convento e sem demora, pois não haverá de casar, mesmo que
sejas pura para alguns, aos meus olhos é negra. Não escapará da calúnia...

Ofélia: Que Deus coloque razão em tuas palavras! Como pode coração que amou
guardar tanto ódio consigo?
Hamlet: Entender? Compreender o ódio não é fácil... Vá, e sem demora. O convento te
espera.
(Hamlet sai. Entra Polônio e Rei)

Rei: Depois de tais palavras e tais colocações, imagino que não seja amor a causa da
loucura. Mas é fato, que a loucura está nele e tendo visto o que vi... É preciso tomar
alguma medida. Vou mandá-lo sair daqui por uns tempos, ir para terras estrangeiras. O
mandarei atravessar o mar, quem sabe o horizonte azul não lhe traga um pouco de
razão.

Polônio: Estou perplexo... Faça o que lhe parecer mais sábio... A mim, estranho tudo o
que aconteceu.

Rei: Pois assim será.

Cena II
Ato III
(Entram Hamlet e os atores)

Hamlet: Pois bem queridos amigos. Eis que se aproxima a hora de vossas glórias... Eu,
nada posso fazer agora tudo está em suas mãos. Mas darei meu último conselho e
baterei o martelo ao fim do espetáculo.

Rei da peça: Falo por todos quando digo que estamos de ouvidos em pé.

Hamlet: Ótimo. Peço à todos, principalmente a você (Aponta para o assassino) que
digam tudo com naturalidade e que tragam emoção, sentimento, desde a força do olhar
até a ponta do fio de cabelo. Façam com que tudo seja real, pois vocês nem imaginam o
quanto a estória é real. Tomem cuidado com o exagero, ele pode ser bom em outras
ocasiões, mas só nelas. Atenção para não se transformarem em pavões falantes. Creio
que seja apenas isso... Como eu disse, agora depende mais de vocês.

(Entram Horácio e Rosencrantz)

Hamlet: Adiantados... Que maravilha.

Horácio: E ansiosos eu diria, o senhor pediu para que eu me adiantasse...

Hamlet: Não tenha dúvida. Rosencrantz fiel escudeiro. Acompanhe os atores e faça
tudo o que for preciso.

Rosencrantz: Está certo alteza.

Hamlet: Venha cá Horácio... Isto tudo é um grande cerco armado... Em tal ponto da
peça, ele irá se fechar, peço à você que fique de olhos bem atentos e repousados encima
de meu tio.

Horácio: Isso tem algo a ver com o fantasma senhor?


Hamlet: Ainda não é hora Horácio. Explicarei quando o vento soprar... Fará o que
pedi?

Horácio: Com toda certeza senhor. Ficarei atento ao Rei.

Hamlet: Muito bem. Acomode-se ali, eles estão chegando.

(Entram Polônio, Ofélia, Rei e Rainha)

Polônio: Saudações jovem príncipe...

Hamlet: Mas que pentelho... Vejo que trouxe todos os convidados. Chegaram na hora
certa.

Rei: Fico feliz em te ver animado filho...

Hamlet: Eu não seria tão rápido, acalme-se, todos estão apressados neste reino.
Sentemo-nos.

Rainha: Venha meu filho, sente-se a meu lado.

Hamlet: O girassol gira à procura do sol minha mãe... Meu norte está ali...

Rainha: Oh sim! Vá meu filho... Polônio ocupara este lugar.

Polônio: Vejam só senhores, parece que o príncipe voltou a sua loucura normal...

Hamlet: Senhorita, poderei sentar-me no vosso regaço?

Ofélia: Não, príncipe.

(Deita a cabeça no colo de Ofélia)

Hamlet: Quero dizer, recostar a cabeça em vosso regaço?

Ofélia: Sim, príncipe.

Hamlet: Pensou que eu estivesse sendo indelicado?

Ofélia: Não pensei nada, príncipe.

Hamlet: Bonita ideia, deitar-se no meio das pernas de uma donzela.

Ofélia: Que ideia, príncipe?

Hamlet: Nada.

Ofélia: Você está mais alegre.


Hamlet: Estou dando doce a crianças. A única coisa ruim da dor, é que dói, todo o resto
é maravilhoso. Veja minha mãe, veja o prazer no teu sorriso e meu pai morreu a duas
horas...

Ofélia: Não, príncipe. Duas vezes dois meses.

Hamlet: Tanto tempo assim? Que o diabo se cubra de luto... Minha dor não envelhece
nem tão pouco desaparece. Calados! Vai começar!

(Entram Rei e Rainha e fazem o que todos narram)

Todos: Havia um lugar, nem perto, nem longe do mar. Lá havia um Rei que muito
sabiamente governava. Mas mal sabia o rei, que males o futuro lhe guardava. Ele disse a
sua esposa que ia descansar, só esqueceu-se de falar que não ia mais voltar. Um Rei
dormindo no jardim, trilhava o caminho do estopim. Quando então foi a cabeça recostar
e o sono lhe alcançar entra o demônio trazendo consigo o hormônio para enfim o Rei
matar.

Assassino: Tomo-me pela escuridão, droga à jeito, (ao público) vocês não
testemunharão, ninguém saberá do meu feito. Morra e não suje o trono, pois agora, ele
terá outro dono.

(Despeja o líquido no ouvido do Rei)

Todos: Eis que não há mais brecha, eis que o cerco se fecha.

Ofélia: O Rei se levantou...

Rainha: O que acontece meu senhor?

(Rei faz um sinal a Polônio)

Polônio: Parem agora! Tragam as luzes, tragam!

(Saem todos, só fica Hamlet e Horácio)

Hamlet: A ratoeira pegou o rato. Não há queijo mais apetitoso que a arte. O que tens a
dizer Horácio? Acreditas tanto quanto eu no fantasma?

Horácio: O fantasma é tão real e tão sincero quanto eu senhor. O Rei não pôde manter a
cautela quando viu tal encenação.

Hamlet: A verdade é nua e crua e como sempre, a mentira tem perna curta. Ah, mas
que maravilha Horácio! A corda está aqui e o laço está feito, agora, só falta matar o
sujeito.

Horácio: Bonita rima, mas vem vindo alguém senhor.

(Entra Rosencrantz)
Rosencrantz: Senhor, trago um recado de vossa mãe.

Horácio: Não se alongue...

Rosencrantz: O Rei se recolheu indisposto para seus aposentos. A rainha desconfia de


seu comportamento meu senhor. Disse para você procurá-la em seu quarto.

Hamlet: Está bem, falarei com ela.

Rosencrantz: Queria pedir também senhor, que me deixastes partir. Imagino eu já ter
finalizado minha missão aqui.

Hamlet: Finalizado?

Rosencrantz: Sim senhor.

Hamlet: Sua missão era tocar um instrumento, mas dele você não conseguiu uma nota
se quer! Meu querido amigo hipócrita, vamos, pegue isso. (Dá o violão pra ele) Quem
sabe com este não tem mais sorte? Quando souber tocar estas cordas, podereis partir.

Rosencrantz: Não tenho nenhuma habilidade com harmonia senhor. Peço mais uma
vez, me deixe partir.

Hamlet: Tocar é tão fácil quanto mentir, Horácio irá lhe mostrar. Vá, não aprecio mais
a tua presença.

(Saem Horácio e Rosencrantz)

Hamlet: Os túmulos se encontram abertos e o enxofre invade este reino. Vou procurar
minha mãe, mas acalma-te coração. Lembre-se de Nero e do seu fim. Não se esqueças
de onde veio, de qual seio você brotou. Nunca desnaturado e espadas apenas na língua.
Mesmo que não a reconheça ela ainda carrega o título de minha mãe. Mas eis que não
há mais brecha, eis que o circo se fecha.

Cena III
Ato III
Hamlet: (Ao público) Tenho certeza de que os senhores gostarão de ver e ouvir esta
conversa. Mas peço que venham silenciosamente e permaneçam em silêncio o tempo
todo. Podem ir na frente.

(No quarto da Rainha)

Polônio: Majestade, queira perdoar mas seu filho ultrapassou o limite do bom senso.
Esta brincadeira foi completamente fora de hora.

Rainha: Concordo. Meu marido se recolheu furioso.

Hamlet: Mãe!
Polônio: Alteza, ele está vindo!

Rainha: Esconda-se por favor, ele não pode te ver.

(Polônio se esconde. Hamlet entra)

Hamlet: Minha mãe...

Rainha: Que brincadeira foi aquela meu filho?

Hamlet: Não foi pior do que a verdade.

Rainha: Cuidado com o que diz.

Hamlet: Cuidado? Cuidado minha mãe o assassino está ai. (Tira a espada)

Rainha: O que vai fazer meu filho?

(Hamlet avança para cima de sua mãe como se fosse atacá-la. Porém acerta a pessoa
que está escondida atrás dela. Polônio grita)

Rainha: O que você fez?

Hamlet: Matei o rato.

(Polônio cai deixando-se ver)

Hamlet: Não é o rei? Precipitei-me

Rainha: Está louco?

Ato IV
Cena I
Ato IV
(Final da cena no quarto da Rainha e ela chama o público para ir até a sala do trono
para falar com o Rei)

Rainha: Vejo que ainda não foi para seu quarto.

Rei: Estava para me recolher quando soube de tudo. Você está bem?

Rainha: Muito melhor que Polônio, pobre homem.


Rei: Deus quis assim. Há muito o que se fazer, precisamos encontrar Hamlet. Pedi a
Rosencrantz para encontrá-lo e trazê-lo, precisamos preparar o enterro de Polônio e
Hamlet precisa se ausentar do reino por enquanto.

Rainha: Pois os dois já chegam.

Rosencrantz: Consegui encontra-lo.

Hamlet: Acho que ele já percebeu isso...

Rei: Não há tempo para isso Hamlet. Vou ser direto e seco, onde está Polônio?

Hamlet: Deve estar no céu, mande seu mensageiro até lá. Se não o encontrar, mande o
procurar no inferno. Ou melhor, vá direto ao inferno, aposto que ele estará lá.

Rei: Hamlet! Já disse que não há tempo. Seja direto!

Hamlet: É, ir ao céu ou ao inferno pode ser demorado. Mas todos iremos para lá, só que
as vezes apressam a nossa chegada não é meu tio? Você pode esperar. Com o passar do
tempo, vai notar um cheiro ao passar pelas escadarias...

Rei: Procure ele lá Rosencrantz!

(Rosencrantz sai)

Rainha: Meu filho, como isso tudo foi acontecer?

Rei: Já disse que não há tempo querida. Apresse-se Hamlet, você precisa partir o quanto
antes para as terras estrangeiras. O que antes era escolha, agora é a única opção.

Hamlet: Eu vejo um querubim! Que partamos logo... Adeus minha mãe.

Rainha: Te acompanharei meu filho. (Ao Rei) Vou me certificar de que tudo saia nos
conformes.

(Sai Hamlet e Rainha)

Rei: Se os estrangeiros prezam as negociações com este reino hão de cumprir o que vos
disse. Exijo que Hamlet morra! Com ele vivo não estou contente. Eles irão me livrar
deste mal, e o cerco vai se quebrar.

Cena II
Ato IV
(Entra Rainha)

Rainha: Meu bom marido... Já enterraram Polônio as escondidas. Encontrei com Ofélia
quando ia a meu quarto e parece que a demência tomou conta da jovem.
Rei: Por que diz isso?

Rainha: Ela anda por ai cantarolando canções sem nexo, parecendo fazer metáforas dos
últimos acontecimentos na corte.

Rei: Pelos céus... As trevas tomaram conta daquela família.

Rainha: Soube eu também, que Laertes voltou do exterior e parece organizar um motim
contra tu, meu marido.

(Ouve se Gritarias)

TODOS: LAERTES REI! LAERTES REI!

(Entra Laertes)

Laertes: Pois então estais ai! Que o respeito e lealdade vão para o inferno! Como está
meu pai?

Rei: Morto.

Laertes: Por Deus! Como isso aconteceu? Quem o fez? Ouvi comentários no reino,
mas torço para serem falsos.

Rei: É preciso calma meu bom Laertes.

Laertes: Calma? Meu pai está morto. Foi sepultado misteriosamente. Exijo
explicações! Muitas!

Rei: Tudo lhe será explicado, agora, peço que te acalme e pense melhor no que está
fazendo. Se quiserdes, o poder é teu. Mas será que isso lhe fará bem?

(Laertes faz um sinal e os outros vão embora)

Rei: Muito bem meu jovem. Acho que minha esposa pode lhe contar melhor o que
aconteceu com teu pai.

Rainha: Pobre Laertes, tomo tua dor como minha. Mas te acalme. Todos morreremos
um dia. Polônio, bom homem que sempre foi. Ficou em meu quarto enquanto eu
conversava com Hamlet, que foi tomado por uma loucura incomum recentemente.
Hamlet, tomado por medo, raiva ou algum outro sentimento que nem ao menos eu sei
dizer acabou por ferir teu pai que veio a falecer.

Laertes: Então foi o príncipe em cólera louca que matou meu pai?

Rei: Sim Laertes. Mas te acalme, tome cuidado para não ficar igual a ele. Ele perdeu o
pai e não soube lidar com esta perda.

(Entra Horácio)
Horácio: Com licença senhores. Sei que a hora não é boa e dedico minhas condolências
ao senhor Laertes. Mas recebi cartas de Hamlet.

Rei: Pois diga.

Horácio: Parece que um navio pirata fortemente armado interrompeu sua viagem.
Rosencrantz continua seguindo até as terras estrangeiras, mas nosso príncipe Hamlet
está retornando a este reino e pelo que parece, sem interesse de retomar sua viagem.

Rainha: Pelos céus meu marido! Faça com que nada de mal lhe aconteça...

Rei: Acalma te querida. Hamlet é príncipe deste reino.

Rainha: Vou me recolher, não sei se conseguirei dormir. Talvez eu dê uma volta pelo
rio.

Rei: Faça isso minha senhora, mais tarde nos encontraremos. Horácio, pode se retirar
também.

Horácio: Sim, senhor.

(Saem Horácio e Rainha)

Laertes: Tomo-me pela vingança meu rei!

Rei: Laertes, Laertes. Tirastes as palavras de minha boca. Ouvi muitos elogios sobre
você. Principalmente, no manejo das armas.

Laertes: Eu não diria o contrário, tive bons professores.

Rei: Muito bem, Hamlet sempre se importou mais com palavras e livros do que com
armas. Creio que ele seja bem inferior à você em tal questão.

Laertes: Nunca lutei com ele nem o vi lutar. Mas que ele fez aulas de esgrima, chegou
a minha consciência.

Rei: Certo. Você irá desafiar Hamlet para uma luta. Nós vamos envenenar uma das
espadas para que assim que um corte lhe fizer e o sangue lhe tocar. Hamlet parta deste
mundo.

Laertes: Que assim seja feita a minha paz. Mas será que isso daria certo?

Rei: Teremos um segundo plano. Se Hamlet escapar da espada envenenada eu terei em


minhas mãos uma taça. Com outro veneno.

Laertes: Assim, com o calor da luta. Você o oferecerá e ele morrerá assim mesmo.

Rei: Sim.

Laertes: Muito bom meu rei. Assim se fará minha paz.


Rei: Certo Laertes. Vamos organizar isso tudo.

(Entra Rainha desesperada)

Rainha: Por céus! Laertes, meu jovem. Preciso lhe falar algo, mas prepare teu coração.
Ele sofre, mas sofrerá ainda mais.

Laertes: O que acontece Rainha? A senhora está nervosa, estou pronto para receber tal
notícia.

Rainha: Na curva do rio, na qual se vê o topo da montanha tem um salgueiro. Antigo,


de aparência forte, guardando flores de cor púrpura. Ofélia, que não estava muito bem,
num ato de loucura tentou subir na árvore. Consegui até certo ponto mas ela foi tentar ir
até a ponta de um dos galhos. E o invejoso se quebrou, deixando a cair no rio. Seu
vestido fez com que ela boiasse por um tempo, parecendo uma sereia. Ofélia tinha
semblante tranquilo, e cantava. Como se não tomasse conta de sua desgraça. Ficou ali
durante um tempo, mas não muito. Seu vestido ficou pesado e ela afundou para sua
morte lamacenta.

Laertes: Minha querida irmã! Água já te sobra, não lhe darei nenhuma lágrima. Rei,
nós estamos combinados, eu preciso refletir e descansar. Boa noite.

(Laertes sai)

Rei: Creio que deveríamos ir atrás dele.

Rainha: Faremos assim...

(Saem rei e rainha)

Ato V

Cena I
Ato V
(Entram Hamlet e Horácio)

Hamlet: Meu velho amigo. Este reino não mudou... O cheiro de podridão ainda o toma.

Horácio: Creio que apenas o senhor poderia limpar este solo.

Hamlet: Só a morte, meu caro. Apenas ela.

Horácio: Veja, senhor. Os nobres se encaminham para o cemitério! Já enterraram


Polônio, quem será que foi dessa para melhor?
Hamlet: Não ficaremos na dúvida. Sejamos cauteloso, vamos segui-los sem ser
percebidos. (ao público) E quem mais tiver esta curiosidade, vejamos quem faleceu.
Nos acompanhe.

(Hamlet e Horácio chegam ao “lugar” onde já se encontra Rei, Rainha, Laertes e um


Padre. Hamlet e Horácio se misturam com o público, dando a entender que estão fora
de cena)

Padre: E Amém!

Laertes: Pois já acabou?

Padre: Sim.

Rainha: Não falta algo? Se não me falta a memória, acho que as outras cerimônias que
presenciei demoraram um pouco mais.

Rei: Fica quieta minha senhora.

Laertes: Explique-se Padre.

Padre: A morte dela foi muito suspeita. Ela pareceu querer acabar com a própria vida.
Nós do clero estamos fazendo tudo isso obrigados e não nos prestaremos a nada mais.
Isso seria manchar demais os nossos dogmas.

Laertes: Pois que vá fazer companhia aos porcos! Minha irmã era pura, muito mais que
tuas freiras. Vá, parece que teu trabalho aqui já está terminado.

(Sai o Padre. Hamlet entra em cena com Horácio)

Hamlet: Meus ouvidos estão certos? Você disse irmã...? Onde está Ofélia?

Rainha: Meu filho! Junto a teu pai eu diria.

Laertes: Tu! Culpado de tudo! Criatura podre dos infernos!

(Laertes dá um tapa e agarra o pescoço de Hamlet)

Hamlet: Nem uma coleção de irmãos amaria Ofélia tanto quanto eu amei! Soltai-me!

(Hamlet se solta de Laertes e Horácio o segura)

Hamlet: Pois já que a vida se fez assim. Não chorarei por ti, minha amada Ofélia. Mas
a tu Laertes, eu te desafio. Lutarei contigo até um de nós não conseguir mais manter os
olhos abertos.

Rainha: Meu filho! Pelo amor que tu tens por tua mãe... Não faça isso! Já não fizestes
besteiras demais?

Rei: Fique quieta minha senhora...


Hamlet: Pois então Laertes? Estamos combinados?

Laertes: Perfeitamente. Seu sangue terá a cor da minha dor.

Hamlet: É o que veremos. Horácio, me acompanhe. A vocês, até logo.

(Sai Hamlet e Horácio)

Rei: Minha senhora, acompanhe teu filho, creio que ele precisa de conselhos agora.

Rainha: Claro. Com licença.

(Sai Rainha)

Rei: Laertes, Laertes. Meu sobrinho puxou meu irmão, tão tolo.

Laertes: Pois isso tudo só alimentou a minha sede de vingança. Ele ainda se dá ao luxo
de dizer que amava mais minha irmã do que eu?

Rei: Nós estamos acertados Laertes. Vou me encaminhar para o local da luta. Você,
prepare-se. Teu triunfo será logo. (ao público) Para aqueles que apreciam a vida, me
acompanhem.

Cena II
Ato V
(Entra Rei. Já estão lá Rainha, Horácio e os ajudantes com as armas e um Juiz)

Rei: (A um ajudante) Onde está a bebida que lhe pedi?

Ajudante: Está aqui, senhor. Com a dose exagerada como o pedido.

Rei: Muito bem.

(entra Laertes e Hamlet)

Hamlet: Peço desculpas por todo mal que lhe causei. Quero deixar claro que não foi
Hamlet que lhe causou tanta dor e sim a loucura de Hamlet. Aceite minhas desculpas e
minha amizade.

Laertes: De certo modo as aceito, porém, nada vai tirar de mim o ódio que sinto de ti.

Hamlet: Muito bem.

Juiz: Vocês conhecem as regras? Assim que a ponta de espada tocar o outro, faremos a
pausa. Quem tocar o outro três vezes primeiro, é o vencedor.

(Laertes e Hamlet fazem um sinal com a cabeça)


Juiz: Que comece!

(Hamlet toca Laertes)

Rei: Muito bem, que agilidade! Vamos, tome esta taça, beba para louvar a tua glória.

Hamlet: Ainda não, farei mais um toque.

Juiz: Que comece!

(Hamlet toca Laertes)

Hamlet: Só podes estar de brincadeira! Me trate como homem que sou, não como
criança. Este não é o Laertes de que ouvi falar...

Laertes: A consciência me toca no momento em que você maneja tua arma e me dá


inúmeras brechas de te ferir. Pois dessa vez não passará, irei lhe tocar.

Rei: Beba, meu filho.

Hamlet: Ainda não...

Rainha: Me dê esta taça aqui! Meu filho irá ganhar. Para ti meu filho. (Rainha bebe)

Rei: Não minha senhora! Não!

Rainha: Que foi meu marido? Meu filho irá vencer, é motivo para beber. Vejamos o
restante...

Rei: (à parte) É tarde, a taça envenenada.

Juiz: Que comece!

(Laertes fere Hamlet que cai. A rainha cai também. Hamlet rouba a espada de Laertes
e o fere também)

Horácio: Por Deus! O que acontece aqui! Meu príncipe, estais bem?

Hamlet: Posso dizer que sim... Mas e a rainha, o que se passa?

Horácio: Acho que desmaiou por te ver ferido.

Rainha: Não, a taça, a taça estava envenenada.

(Rainha Morre)

Hamlet: Tranquem tudo! Há um traidor aqui!


Laertes: Foi o Rei! Planejou tudo friamente. A taça e a espada também está
envenenada. Nos sobra pouco tempo príncipe, nós dois fomos tocados por ela.

Hamlet: Ora mas que Rato! Não o deixe fugir Horácio! Tome aqui, o que lhe foi
guardado com tanto cuidado

(Hamlet fere o rei)

Rei: Me ajudem! Estou apenas ferido, ainda tenho vida...

Hamlet: Pois não terá mais, me tragam a taça. Toma aqui, pouco perto do que merece.
Tome o líquido tão almejado por você, seu porco!

(Hamlet faz o Rei tomar a taça. Rei morre)

Laertes: Oh Hamlet. Agora enxergo o verdadeiro vilão e causador de tanta desgraça


para mim e para minha família. Peço perdão a todas as ofensas que fiz a ti e por ajudar a
causar tua morte. Espero que me entenda. Que a minha morte e a de meu pai não caia
sobre ti e nem a tua sobre mim.

(Laertes morre)

Hamlet: Está perdoado. Vai com Deus, já te encontro. Horácio, estou morto. Que
catástrofe sem tamanho tomou conta deste reino. Final mais trágico nunca passou por
minha cabeça, ao menos, a justiça foi feita e meu coração parará de bater em paz. A tu
Horácio, fica a missão de contar tudo o que viu, sentiu, ouviu aqui. Tudo o que
vivenciou. Conte a todos o que se passou nesse reino e de como o homem pode ser tão
tirano. O poderoso veneno domina meu espírito. O resto é silêncio.

(Horácio deixa o corpo de Hamlet ao chão. Fecha seus olhos e caminha para o
público)

Horácio: E o príncipe Hamlet se foi. Como todos os outros naquela noite.


Consequências catastróficas teve a morte do pai de Hamlet. Desencadeou todas as
outras que vos disse nesta estória. Agora, cabe a vocês, recriar e refletir sobre tudo visto
aqui. Guardem o que acharem bom e esqueçam o que acharem ruim. Mas não se
esqueçam, a morte é o fim de todos. Ela é tudo o que nos resta. A morte é o resto e o
resto... É silêncio.

FIM

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