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GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o poema.

Apenas um corpo

Respira. Um corpo horizontal,


tangível, respira.
Um corpo nu, divino,
respira, ondula, infatigável.

5 Amorosamente toco o que resta dos deuses.


As mãos seguem a inclinação
do peito e tremem,
pesadas de desejo.

Um rio interior aguarda.


10 Aguarda um relâmpago,
um raio de sol,
outro corpo.

Se encosto o ouvido à sua nudez,


uma música sobe,
15 ergue-se do sangue,
prolonga outra música.

Um novo corpo nasce,


nasce dessa música que não cessa,
desse bosque rumoroso de luz,
20 debaixo do meu corpo desvelado.

Eugénio de Andrade, in Poesia de Eugénio de Andrade,


s/l, Fundação Eugénio de Andrade, 2000, p. 75.

1. Esclareça o significado das mãos referidas na segunda estrofe.

2. Explique o valor simbólico dos termos “rio” e “sol”, relacionando-o com o conteúdo da estrofe.

3. Interprete a referência à música nas últimas estrofes do poema.

1
B

Leia o poema. Se necessário, consulte a nota.

Poema VII

Oh! o noivado bárbaro! o noivado


Sublime! aonde os céus, os céus ingentes1,
Serão leito de amor, tendo pendentes
Os astros por dossel e cortinado!

5 As bodas do Desejo, embriagado


De ventura, afinal! Visões ferventes
De quem nos braços vai de ideias ardentes
Por espaços sem termo arrebatado!

Lá, por onde se perde a fantasia


10 No sonho da beleza; lá, aonde
A noite tem mais luz que o nosso dia;

Lá, no seio da eterna claridade,


Aonde Deus à humana voz responde,
É que te havemos de abraçar, Verdade!

Antero de Quental, Poesia completa


(org. e pref. de Fernando Pinto do Amaral),
Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2001, p. 263.

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1 Enormes; desmedidos.

4. Esclareça o sentido da forma deítica “Lá” (v. 9), em paralelismo anafórico nos tercetos, caracterizando
o espaço que poderá retratar.

5. Identifique o recurso expressivo que inicia e finaliza o soneto, explicitando o seu valor semântico.

GRUPO II

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto de Manuel S. Fonseca, editor da obra de Jorge de Sena.

Amor pela literatura

Este livro, reunindo o carteio de Jorge de Sena e Eugénio de Andrade, publicado embora pela
Guerra e Paz Editores, não é da Guerra e Paz por ser inteiramente de um grande editor, José da Cruz
Santos, figura maior do meio editorial português há mais de meio século. Foi ele quem dinamizou a
organização deste livro, trabalhando sucessivamente com Jorge Fazenda Lourenço, que anotou todas
5 as cartas, e com Isabel de Sena, que agora passou a ser responsável pela conservação, divulgação e
publicação de Jorge de Sena.
Mas José da Cruz Santos não é apenas um editor externo desta obra. Nas cartas de Eugénio e de
Sena multiplicam-se as referências – tão elogiosas – à sua ação de editor e à sua sensibilidade poética.
Dele diz Sena, numa carta a Eugénio, enviando-lhe um volume de traduções: “Passá-lo-ás depois ao
10 Cruz Santos, a quem Deus e Mercúrio deem vida, saúde e dinheiro.”

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Foi Cruz Santos, num gesto de confiança que muito me toca, que decidiu entregar-me, e à Guerra
e Paz, a missão desta publicação, que agora chega às livrarias. Reúne uma correspondência de cerca
de trinta anos, de 1949 a 1978. Por estas cartas e postais passa Portugal. As grandes batalhas
literárias, os conflitos estéticos, o rumor pesado da Academia contra o qual Eugénio e Sena se batem,
15 mas também a vida política, a falta de liberdade, a explosão dela no 25 de abril, as esperanças e as
frustrações que se lhe seguiram, que Eugénio, primeiro denuncia: “… a esquerda revolucionária já está a
ser aproximada pelos bem pensantes do país, incluindo os comunistas, da mais sinistra reação” e a que logo
Sena responde “… revolução, que cada vez me parece mais um conluio de continuistas e de arranjistas, com
alguns revolucionários parvos pelo meio, e muitos demagogos a agarrar os tachos com muita pressa…” de
20 tudo isto há testemunho, vibrante, nestas cartas.
Esta é também, e sobretudo, a Correspondência de uma profunda e íntima amizade. São cartas de
amor pelo tão emocionado amor que Sena e Eugénio têm pela literatura, pelo labor poético, pela
forma como cantam e procuram a luz que cega da Beleza que pode haver num verso.

Manuel S. Santos, Jornal de letras, artes e ideias, Ano XXXVI, nº 1203, de 9 a 22 de novembro de 2016.

1. A frase “Mas José da Cruz Santos não é apenas um editor externo desta obra.” (l. 7) significa que
(A) Cruz Santos ajudou a Guerra e Paz na presente publicação.
(B) foi ele o impulsionador desta publicação, organizando-a.
(C) Cruz Santos foi incumbido de o fazer por Jorge de Sena.
(D) parte da correspondência lhe é dirigida.

2. Com a expressão “Por estas cartas e postais passa Portugal”(l. 13), o autor pretende destacar
(A) a importância da obra como documento literário e sociopolítico da época.
(B) a relevância desta obra para a compreensão dos movimentos estéticos portugueses.
(C) os géneros textuais que a obra abarca.
(D) a importância de que, na época, se revestia a correspondência escrita.

3. O título do texto justifica-se pelo facto de se tratar de uma obra que


(A) revela o amor dos dois escritores pela literatura em geral.
(B) revela o amor dos dois escritores pela literatura em geral e pela poesia em particular.
(C) demonstra a amizade que uniu estas duas figuras, fruto do amor que ambos tinham pela poesia.
(D) demonstra o amor de Jorge de Sena e do editor Cruz Santos pela literatura.

4. A expressão “agarrar os tachos” (l. 19) é sinónima de


(A) poupar dinheiro para fazer frente às adversidades.
(B) tentar cativar alguém para a causa revolucionária.
(C) defender a igualdade de oportunidades para todos.
(D) procurar cargos bem pagos e atrativos.

5. O constituinte “José da Cruz Santos” (ll. 2-3) desempenha a função sintática de


(A) sujeito.
(B) predicativo do sujeito.
(C) modificador apositivo do nome.
(D) vocativo.

6. A oração “que anotou todas as cartas” (ll. 4-5) é subordinada


(A) adjetiva relativa explicativa.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) substantiva completiva.
(D) subordinada adverbial causal.

7. O referente do pronome pessoal integrado na forma verbal “Passá-lo-ás” (l. 9) é


(A) “um editor externo”.
(B) “um volume de traduções”.
(C) “editor”.
(D) “um editor externo desta obra”.

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8. Indique a modalidade expressa na afirmação “Foi Cruz Santos, num gesto de confiança, que
muito me toca […] que agora chega às livrarias.” (ll. 11-12)

9. Refira o processo de coesão assegurado pelo pronome pessoal “lhe”, em “enviando-lhe” (l. 9).

10. Identifique a relação temporal que se estabelece entre as ações referidas no segmento frásico
presente na questão anterior.

GRUPO III

Redija um texto de opinião, de 200 a 300 palavras, sobre a importância da amizade e do amor
enquanto sentimentos estruturantes da felicidade individual.

Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre cada um deles
com, pelo menos, um exemplo significativo.

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