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AUTORA: RENATA ALVARENGA FLEURY FERRACINA.

I – PROPOSTA DE ENUNCIADO

INTERPRETAÇÃO DOS ACORDOS E CONVENÇÕES COLETIVAS. ANÁLISE


ACERCA DOS VÍCIOS DE FORMA E DE CONTEÚDO.
Os artigos 611-A, § 1º e 8º, §4º da CLT não tem o condão de impossibilitar a análise e a
interpretação dos acordos e convenções coletivas à luz dos artigos 166, VI, 186, 187 e 422
do Código Civil, do artigo 9º da CLT, bem como dos princípios e normas de direitos
fundamentais estabelecidos na Constituição Federal e nos tratados de direitos humanos
ratificados pelo Brasil.

II – GRUPO TEMÁTICO

3 - Prevalência do negociado sobre o legislado. Negociação coletiva (aspectos formais).


Saúde e duração do trabalho. Ultratividade das normas coletivas.

III – JUSTIFICATIVA

O Artigo 611-A, § 1º c/c o artigo 8º, § 4º, da CLT busca impor, pela via
legislativa, o entendimento de que a interpretação dos acordos e convenções coletivas pelo
Poder Judiciário se restringe à averiguação em torno da presença dos elementos formais
inerentes à generalidade dos negócios jurídicos constantes do artigo 104 do Código Civil
(agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei), por imposição do
princípio da autonomia privada coletiva.

Todavia, a validade dos negócios jurídicos à luz do ordenamento pátrio


não se basta com a simples observância aos requisitos concernentes à capacidade do agente,
à licitude do objeto e à adequação legal da forma utilizada pelas partes. Para além disso, o
próprio Código Civil exige a consonância dos atos juridicamente relevantes (i) com os
elementos substanciais elencados em seu artigo 166 e (ii) com os princípios da boa-fé
objetiva e da função econômica e social dos contratos que subjaz à generalidade das avenças,
nos termos dos artigos 187 e 422 do Código Civil.
Recorde-se, a propósito, que o sobredito artigo 166 do Código Civil reitera
em seu inciso VI a regra constante do ainda vigente artigo 9º da CLT, a reputar nulos os atos
e negócios jurídicos destinados a fraudar as normas de ordem pública previstas no
ordenamento.

Para além disso, o princípio da autonomia privada coletiva, erigido pelo


artigo 8º, § 3º, da CLT como fundamento para a restrição hermenêutica ali pretendida, não
pode ser compreendido de forma a preponderar na totalidade dos casos concretos a serem
apreciados pelos aplicadores do direito. Nesse sentido, o standard em questão deve ser
harmonizado com as demais diretrizes constitucionais que orientam, necessariamente, a
formação e a aplicação dos acordos e convenções coletivas, tais como os direitos
fundamentais à saúde (artigo 6º, da Constituição Federal), à proteção do trabalhador (artigo
7º, caput, da Constituição Federal), à redução dos riscos laborais (artigo 7º, XXIX), ao meio
ambiente adequado (artigo 225, caput, da Constituição Federal), dentre outros, por
imposição do princípio interpretativo da concordância prática.1

Importa salientar, ademais, que os acordos e convenções coletivas deverão


ser compreendidos e aplicados em concreto à luz das diretrizes constantes dos tratados
internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil – com especial destaque para as
pautas constantes das Convenções nº 98 e 154, da OIT - que, segundo a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal, possuem hierarquia supralegal.

Do contrário, acaso se confira aos artigos 611-A, § 1º e 8º, § 3º, da CLT o


sentido aparentemente pretendido pelo legislador reformista, estar-se-á a violar a essência
do princípio da separação dos poderes positivado no artigo 2º da Constituição Federal, na
medida em que a lei estaria a tolher do Poder Judiciário parte de sua função institucional a
consistir, justamente, na interpretação e na aplicação dos preceitos do ordenamento jurídico
vigente.

Por todo o exposto, a única compreensão possível a ser conferida aos


artigos 611-A e 8º, § 3º, da CLT à luz da Constituição Federal aponta para a possibilidade
de se realizar o escrutínio dos acordos e convenções coletivas não apenas à luz dos requisitos

1
VIGO. Rodolfo Luis. Interpretación constitucional. Segunda Edición. Buenos Aires: Abeledo-Perrot, 2004.
p. 124-132.
formais previstos no artigo 104, do Código Civil, mas também com base nos elementos
substanciais previstos nos artigos 166, 187 e 422 da Lei Substantiva Cível e nos princípios
e diretrizes consolidados na Carta Magna e nos tratados de direitos humanos ratificados pelo
Brasil.

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