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RESUMO:
O presente artigo busca inter-relacionar as instâncias informais de controle social e a
execução da pena privativa de liberdade mediante a metodologia apaqueana, evidenciando a
influência da integração do condenado aos laços sociais no processo ressocializatório, de
forma a suscitar a possibilidade de ruptura com as mazelas do sistema penitenciário
tradicional no sentido da humanização carcerária.
ABSTRACT:
The present paper aims to interrelate the informal social control instances and the
deprivation of liberty penalty through the APAC methodology, showing the influence of the
convicted social ties integration in the ressocialization process, thereby evoke the possibility
of disruption with the traditional penitentiary system ills in an effort to humanize the prison.
SUMÁRIO:
Introdução. 1 Controle Social.1.1 Controle social informal, controle social formal e Pena. 1.2
A importância do controle social informal. 1.3 Socialização e Ressocialização. 1.4 A
Ressocialização como finalidade da pena. 1.5 O sistema carcerário brasileiro e seus reclusos 2
Controle social informal e ressocialização no método APAC. 2.1 Os doze elementos do
método. 2.2 Família, trabalho e religião 2.3 Relação cárcere-sociedade. Considerações Finais.
Referências.
INTRODUÇÃO
1
Artigo científico apresentado no Projeto de Pesquisa “Execução Penal à luz do método APAC”, do Curso de
Direito da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
2
Graduando do 10º Período em Direito, da Unimontes. (2º semestre de 2015)
3
Professora da Unimontes. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Doutora
pela Universidad Del Museo Social Argentino (UMSA), em Buenos Aires (Argentina). Coordenadora do
Programa S.A.J. Itinerante. Advogada. Orientadora deste artigo científico.
valores cujo respeito é inegociável e configuram perímetro intransponível da pena. A
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988), assim, é expressa em
reconhecer a dignidade da pessoa humana como fundamento da República, além de
resguardar aos condenados todos os direitos não atingidos pela sentença, proibindo, ademais,
tratamento desumano e degradante.
Entretanto, a realidade mostra um sistema penitenciário medievalesco,
caracterizado por um déficit estrutural, falta de preparo dos agentes públicos e, em último
grau, falta de reflexão acerca de seus métodos. Viola-se a integridade física, moral e psíquica
do condenado, relegando princípios como a proporcionalidade e a legalidade. A pena
privativa de liberdade, dessarte, é uma pena privativa da condição humana.
Os problemas da perpetuação desse modelo de Execução Penal transcende a sua
ilegitimidade jurídica e ética, tratando-se de uma repressão contraproducente que fomentará o
retorno do condenado à marginalidade e à criminalidade quando de seu inevitável retorno à
sociedade. É nesse panorama que surge a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado
(APAC), como proposta de reintegração social do condenado sob a baliza de uma valorização
humana globalizada, entendendo ser esta condição necessária para atingir a finalidade da
pena.
A proposta do presente artigo é abordar a problemática da pena privativa de
liberdade sob a ótica do controle social, estabelecendo as relações entre as instâncias
informais de controle e sua influência no comportamento individual, constatando que o
sentindo da Execução Penal deve dar-se em consonância com estas instâncias. Pretende-se,
assim, do ponto de vista sociológico e psicológico, evidenciar os pontos de convergência entre
os elementos da metodologia apaqueana e o desenvolvimento dos laços sociais que
corroboram com a adaptação desejada do condenado à comunidade, de modo a vislumbrar a
possibilidade de despertar uma vontade sociopolítica no sentido da humanização carcerária.
1 CONTROLE SOCIAL
De um lado tem-se o controle social informal, que passa pela instância da sociedade
civil: família, escola, profissão, opinião pública, grupos de pressão, clubes de
serviço etc. Outra instância é a do controle social formal, identificada com a atuação
do aparelho político do Estado. São controles realizados por intermédio da Polícia,
da Justiça, do Exército, do Ministério Público, da Administração Penitenciária e de
todos os consectários de tais agências, como controle legal, penal etc. (SHECAIRA,
2004, p. 56)
De maneira geral, estabelece-se, portanto, sanções aos fatos que atentem contra as
normas de convivência, sendo o Direito sua mais formalizada classe, atuando o Direito Penal
também subsidiariamente em relação ao controle social formal, quando os demais ramos do
Direito mostram-se insuficientes. Nesse diapasão, concebe-se a pena como recurso último do
controle social contra as condutas mais reprováveis.
Aponta Muñoz Conde: “O Direito Penal não é todo o controle social, nem sequer
sua parte mais importante, sendo somente a superfície visível de um iceberg, onde o que não
se vê é, talvez, o que mais importa” (CONDE, 1985, p.18).
[...] a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão
maturas para a vida social. Ela tem como objetivo suscitar e desenvolver na criança
um certo número de estados físicos, intelectuais e morais exigidos tanto pelo
conjunto da sociedade política quanto pelo meio específico ao qual ela está
destinada em particular. (DURKHEIM, 2011, p. 54)
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