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Resumo
Este artigo examina a construção social das favelas como o território da violência na cidade do Rio de Janeiro em dois
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favelas com o objetivo de retomar o controle armado desses territórios e “civilizar” seus moradores como condição para
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territórios e de suas populações, bem como delimitando as possibilidades de acesso de seus moradores aos equipamentos
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Palavras-Chave
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374 Rev. bras. segur. pública | São Paulo v. 6, n. 2, 374-389 Ago/Set 2012
E
Artigos
ste artigo examina a construção social o principal dispositivo de produção das favelas
das favelas como o território da vio- (e de seus moradores) como “margens do Esta-
lência na cidade do Rio de Janeiro em dois do” (DAS; POOLE, 2004).2 Como conclusão,
contextos, enfocando, sobretudo, as políticas argumenta-se que o que há de unidade entre os
de segurança pública praticadas nessas locali- dois contextos mencionados, guardadas suas
riel (2007). Para este autor, as “práticas e tec- à cidade e à sociedade, ou seja, como lugares
nologias de identificação” (como a produção outros, heterotopias, no sentido proposto por
de documentos e categorias de nominação) Foucault. Constituídas na percepção social
são produto das “relações de poder colocando como “margens” da cidade, enquanto territó-
em contato os indivíduos que têm os meios rio da violência e de uma sociabilidade aves-
de definir a identidade dos outros e aqueles sa às normas e valores dominantes, as favelas
que são objeto de seus empreendimentos” e são habitadas por uma população identificada
se articulam estreitamente ao controle social por esta designação que a encompassa e que
e à estigmatização desses grupos (NOIRIEL, essencializa uma diferença desta em relação ao
2007). Segunda, as categorias de nominação restante da população da cidade, bem como de
são aproximadas da noção de dispositivos de seu local de moradia em relação aos bairros,
Foucault (1979): a rede que se estabelece entre que encontra expressão nas políticas de segu-
“discursos, instituições, organizações arquite- rança pública ali praticadas.
tônicas, decisões regulamentares, leis, medi-
das administrativas, enunciados científicos, Favela (e favelado) como modalidades
proposições filosóficas, morais, filantrópicas”. de identificação de espaços
São esses dispositivos que constituem, a partir heterotópicos: breve revisão histórica
de relações de poder situadas, os espaços como Como se sabe, no Rio de Janeiro, as fave-
utopias – “lugares sem lugar real [...] que têm las surgiram no final do século XX, quando a
uma relação analógica direta ou invertida com população de baixa renda, sem condições de
o espaço real da Sociedade, [apresentando-a] pagar aluguéis nos subúrbios e transporte coti-
numa forma aperfeiçoada” – ou heterotopias – diano para o trabalho, ocupou os morros pró-
“lugares reais” em que “todos os outros lugares ximos às fábricas, ao comércio e/ou às habita-
reais dessa dada cultura podem ser encontra- ções das camadas médias e abastadas, em busca
dos, e nas quais são, simultaneamente, repre- de empregos. Desde então, como demonstra
sentados, contestados e invertidos” (FOU- Valladares (2005), foram percebidas e tratadas
CAULT, 1967)3. Dessa angulação, pensar “as como um problema para a cidade. Jornalistas,
construções e as representações de alteridade a funcionários de instituições estatais, médicos
partir desses espaços” permite-nos entender a sanitaristas, entre outros, foram os primeiros
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a produzir e difundir uma representação ne- elas não foram suficientes para atingir as re-
gativa da favela, então designada como morro, presentações que estruturavam o imaginário
como locus da pobreza e da marginalidade, a coletivo das elites e transformar as políticas
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degradação moral somando-se à sanitária. Tais públicas. Nos anos 1960 e 1970, a percep-
profissionais argumentavam que só adaptar- ção dos favelados como fruto de um processo
-se-iam àquele ambiente pessoas moralmen- marcado pela marginalidade social [já] era
te degradadas, isto é, malandros, prostitutas, amplamente dominante e serviu como justifi-
capoeiras, que recusavam o trabalho honesto, cativa ideológica para a operação anti-favelas
produziam uma cultura e uma sociabilidade empreendida pelo Governador Carlos Lacer-
próprias, não aceitavam as normas sociais e de- da (1062-1965), continuada por Negrão de
deste artigo, discutir os contradiscursos dos teamentos irregulares, bairros periféricos, etc.),
moradores de favelas que acionam represen- não apenas aludindo à precariedade de equipa-
tações positivas dessas localidades e de seus mentos urbanos ou a estatutos de propriedade
moradores, nem os agenciamentos diversos da terra/moradia específicos (que são hoje mui-
que empreendem por meio de seus movi- to diversos nas diferentes localidades), mas so-
mentos, campanhas e organizações.6 Destaca- bretudo identificando-os pelo estigma da mar-
-se apenas que, até meados dos anos 1980, a ginalidade, desordem e violência que os recobre,
identificação da favela como lugar da pobreza transformando seus moradores, os favelados, no
e da marginalidade era contrabalançada por arquétipo das “classes perigosas”. Cabe notar,
sua valorização como berço do samba, do car- ainda, que a própria acepção de “classes peri-
naval, da cultura popular e por sua represen- gosas” transformou-se, perdendo sua dimensão
tação como comunidade. Birman (2008), dis- política anterior. Na correlação de forças ligadas
cutindo os sentidos que o termo comunidade à reestruturação produtiva, a classe trabalhado-
pode adquirir quando referido às favelas e/ou ra, enfraquecida, não é mais percebida como
enunciado por seus moradores, analisa sua as- perigosa. O medo, ligado aos riscos à integrida-
sociação a valores católicos (hierarquia, com- de física e patrimonial e sem dúvida bem fun-
plementariedade e harmonia estruturando as damentado, decorre do novo sentido de perigo
relações entre os diferentes) e aponta sua con- representado pela pobreza e marginalidade (do-
sistência com a proposta da Igreja Católica de ravante associada ao crime violento) que a favela
assim incorporar a seu projeto civilizacional tipifica no imaginário social.
“as raízes culturais e étnicas da nação”.
A metáfora da guerra e o confronto
Desde os anos 1990, porém, as favelas pas- como política de segurança pública
saram a ser tematizadas quase que exclusiva- Assim como outras grandes cidades bra-
mente pela violência e insegurança que trariam sileiras, o Rio de Janeiro sofreu, nas últimas
aos bairros, adensando-se, assim, os estigmas décadas, os efeitos do aumento dos crimes e
sobre seus moradores. Favela e favelado passa- da violência, decorrentes de uma mudança
ram a ser as modalidades de identificação do- expressiva de suas modalidades relacionada à
minantes desses territórios e populações, con- expansão do tráfico de drogas e às suas cone-
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xões com os cartéis internacionais. A reação pelo Estado por meio da atualização de dis-
aos novos cenários de violência, insegurança e positivos que continham (e implementavam)
medo frequentemente recorreu à metáfora da uma leitura particularista da cidadania e uma
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guerra de todos contra todos que estaria em dimensão de segregação socioespacial, que se
curso, pondo em risco, cotidianamente, o mais materializaram em uma solução violenta para
fundamental dos direitos dos indivíduos: o di- o problema da violência no campo das políti-
reito à vida (LEITE, 2001, 2000).7 cas de segurança pública.
crime é diluída tanto pela “situação de guerra”, ciais nas entradas desses territórios e formas
quanto pelo fato de que, responsabilizados por diversas de vigilância e limitação do trânsito
suas escolhas pretéritas, não haveria inocentes de seus moradores pelos bairros, ou ainda de
entre eles. Assim, caberia aos mesmos arcarem evitação de contato pela privatização de espa-
com os custos de terem “optado” por um dos ços públicos8. Favoreceu também a articulação
“lados” da “cidade partida”. A metáfora da guer- de uma política de segurança pública que tem
ra fez, assim, transitar parte da discussão da vio- no confronto direto com os traficantes e na
lência do campo da segurança pública para um promoção de uma “guerra” contra as favelas
terreno moral, em que os favelados foram toma- e seus moradores seu principal foco (LEITE,
dos como cúmplices dos bandidos pela via das 2000; MACHADO DA SILVA; LEITE; FRI-
relações de vizinhança, parentesco, econômicas DMAN, 2005).
e da política local. Sua convivência com bandos
de traficantes de drogas nos mesmos territórios Sua operacionalização envolve uma mode-
de moradia foi percebida como expressão de sua lação do mandato policial nesses territórios,
“moralidade duvidosa”. A submissão dos mora- que libera os agentes do Estado para irem além
dores de favelas à chamada “lei do tráfico” foi da “força comedida” que é sua atribuição cons-
interpretada como uma escolha entre esta e a titucional, ou seja, para a utilização da “força
“lei do país”, como uma opção por um estilo desmedida” (BRODEUR, 2004). Este dispo-
de vida que rejeitaria as normas e os valores in- sitivo atribui ao agente policial “na ponta” a
trínsecos à ordem social. Para esta formulação, prerrogativa de decidir quando, como e contra
aqui residiria a raiz de uma forte ambiguidade quem agir de forma extralegal, em um movi-
que marcaria as relações dos favelados com as re- mento discricionário que não se submete à lei,
des criminosas sediadas nesses locais, levando-os ou melhor, que embaralha o legal e o ilegal,9 o
a buscar proteção e apoio destas, bem como a legítimo e o ilegítimo (TELLES, 2010), e que
protegê-las da polícia. é dependente das avaliações e julgamentos in-
dividuais do agente, fortemente influenciado
A demanda por ordem pública traduziu- pelo contexto da ação e, neste sentido, pelos
-se, neste campo discursivo, em uma exigência preconceitos associados à estigmatização das
de “mais segurança” que apoiou e justificou favelas e de seus moradores. Assim, o policial
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opera segundo as modalidades de identificação agente policial no registro das mortes por ele
favela e favelados que vimos examinando.10 São produzidas não apenas encobre e justifica exe-
estas, pela aproximação que fazem destes aos cuções, “embaralhando o legal e o ilegal” como
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criminosos/traficantes de drogas, que auto- sustenta Telles (2010), mas também impede sua
rizam o Estado, por meio de seus agentes, a apuração, ao inviabilizar, na prática, a proposi-
torná-los objeto da “guerra” e da “força des- tura de ação penal pelo Ministério Público. Por
medida” no campo da política de segurança esta razão, sustenta Verani (1996), os inquéritos
pública de confronto nas/das favelas. Trata- policiais têm sido quase sempre arquivados por
-se, aqui, de uma “gestão diferencial dos ile- demanda da Promotoria e, quando não o são,
galismos” (FOUCAULT, 1976), que expressa raramente são aceitos pelos juízes. O resultado,
mos, sugerindo que estas continuam a operar Santa Marta, Zona Sul da cidade do Rio de
como dispositivos da política de segurança pú- Janeiro, o Programa de Pacificação atinge,
blica baseada no confronto e no uso da “força hoje, poucas localidades: Rocinha, Cidade de
desmedida”, ainda em vigor para a maior parte Deus e Jardim Batam, na Zona Oeste; Babi-
das favelas cariocas. lônia, Chapéu Mangueira, Pavão-Pavãozinho,
Cantagalo, Tabajaras e Cabritos, na Zona Sul;
UPPs e projeto de “pacificação” das Providência, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Escon-
favelas: dispositivos de exceção e didinho, Prazeres e São Carlos, no Centro;
disciplinarização dos moradores Borel, Andaraí, Formiga, Salgueiro, Turano,
A implantação das Unidades de Polícia Macacos, São João, Matriz, Quieto, Engenho
Pacificadora – UPPs, no âmbito do Programa Novo, Sampaio, Riachuelo, São Cristóvão,
de Pacificação de Favelas do governo estadual, Mangueira, Tuiuti, Fazendinha e Nova Brasí-
parece representar um ponto de inflexão nessa lia, na Zona Norte. Nas demais favelas, ainda
estratégia, uma mudança no modo de gestão é a metáfora da guerra que fundamenta a po-
estatal desses territórios, no que se refere à se- lítica de segurança pública, orientando a ativi-
gurança pública. Seu objetivo é recuperar, por dade policial segundo o padrão que analisamos
meio das bases de policiamento militar situ- na seção anterior.
adas nas favelas, o controle desses territórios
para o Estado, impedindo o domínio armado Mas retornemos às palavras do secretário e
dos mesmos por bandos de traficantes de dro- às “pequenas revoluções” de que fala. A primei-
gas, como explica o secretário de Segurança do ra, sem dúvida, é o “fim do fuzil”, a eliminação
Rio de Janeiro: do tráfico de drogas ostensivamente armado
A idéia é simples. Recuperar para o Estado nas favelas cariocas. Não que esta atividade
territórios empobrecidos e dominados por criminosa tenha sido suprimida pela presen-
grupos criminosos armados. Tais grupos, na ça e atuação das UPPs nesses territórios. Com
disputa de espaço com seus rivais, entraram efeito, o que foi suprimido foi o domínio mi-
numa corrida armamentista nas últimas dé- litar desses pelos bandos de traficantes e, com
cadas, uma disputa particular na qual o fuzil isto, os confrontos entre diferentes bandos de
reina absoluto. [...] Decidimos então pôr em criminosos disputando os pontos de venda de
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droga a varejo e entre esses e os policiais. Esta de favela, até porque está longe de produzir os
é uma realização que tem produzido certa una- efeitos anunciados e, mais do que isso, revela o
nimidade em relação às UPPs quanto à redu- projeto de “pacificação” implícito no progra-
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ção da violência. Não são apenas os moradores ma que leva este nome. Antes de passar a este
dos bairros que aplaudem a implantação de ponto, cabe notar que tal programa vem sendo
UPPs nas favelas, estimulados pela valorização apresentado pelo governo estadual como a pos-
de seus imóveis e pelo fim dos confrontos ar- sibilidade de integração das favelas à cidade, ao
mados em sua vizinhança, assim afastando o proporcionar segurança e cidadania a seus mo-
medo das “balas perdidas”. Esta é também, radores (e, desta forma, também ao conjunto
conforme os depoimentos de moradores de fa- dos moradores do Rio). A ocupação militar des-
diz respeito à pouca efetividade da atuação da tudo aquelas que viabilizem práticas sociais,
UPP Social, que não estaria conseguindo pro- condutas, formas de sociabilidade integradas
mover de fato a articulação entre as diversas à cultura e às normas dominantes, civilizadas
instituições estatais para proporcionar aos mo- enfim. Os dispositivos de disciplinarização são
radores, com a agilidade e qualidade esperadas, muitos: discursos, regulamentos, medidas ad-
os equipamentos e serviços públicos prometi- ministrativas e atividade policial que reprimem
dos. A segunda crítica reside nas tentativas do o que é considerado não civilizado (como bai-
Da “metáfora da guerra” ao projeto de “pacificação”:
favelas e políticas de segurança pública no Rio de Janeiro
Márcia Pereira Leite
comando de determinadas UPPs de usurpar les funk, música alta, encontros e festas nas
a representação de suas organizações de base ruas, etc.); assim como atividades filantrópicas
(especialmente, mas não só, as associações de que valorizam e estimulam as formas de socia-
moradores) e assim se converter em mediação bilidade consideradas aceitáveis; e, por fim, a
política necessária entre moradores de favela e desconsideração de suas reivindicações e movi-
Estado. Questão, aliás, já levantada como hi- mentos e intervenções mais ou menos diretas
pótese ou tendência do processo de consolida- em organizações de base.
ção das UPPs por Machado da Silva (2010).
Nestes termos, reedita-se de certa maneira
Essa crítica pode ser mais bem compreendida a proposta dos parques proletários para civili-
à luz de outra declaração do secretário Beltrame: zar os moradores de favelas. Associadas, a UPP
Tenho recebido e visitado os moradores dessas militar e a UPP Social pretendem dar conta
comunidades com frequência. Há uma tre- deste recado no território das favelas cariocas.
menda dívida social que veio desde a coloni-
zação destas terras. A maioria negros, pardos, À guisa de conclusão: o que esperam os
mulatos, pobres e muito pobres. Carências tão moradores de favela?
grandes que é preciso ajudá-los a pedir, pois Se este projeto vingará, é difícil dizer. Tudo
lhes é difícil até priorizar as emergências.19 depende dos contornos que for adquirindo da-
qui para frente e dos ajustamentos que o Esta-
“Ajudá-los a pedir, pois lhes é difícil até do lhe imprimirá no futuro. Por isso mesmo,
priorizar”. Esta frase pode revelar o sentido é importante compreender o que dele esperam
implícito do projeto de “pacificação”, demons- os moradores de favelas que ouvimos em nossas
trando também que o significado da “pacifi- pesquisas. A recomposição de suas rotinas e a
cação” pretendida não se restringe aos “fuzis”, redução dos homicídios praticados por trafi-
mas se dirige igualmente aos favelados. Não se cantes de drogas e por policiais certamente não
trata apenas de carências e emergências, mas lhes bastam. Cobram a promessa de “integração
também de constituir o favelado em futuro das favelas à cidade”, não meramente por meio
cidadão, disciplinarizando-o para que “tire a dos equipamentos e serviços públicos anuncia-
favela de dentro de si” – como mencionado dos pela UPP Social (embora certamente não
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os dispensem, pois são vitais para a melhoria com a metáfora da guerra, garantindo-lhes de
da qualidade de vida nessas localidades que tão forma permanente o mesmo tratamento a que
pouco os receberam ao longo de sua história), têm direito como qualquer cidadão. Isto sig-
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mas a partir do reconhecimento efetivo de sua nifica, certamente, o acesso a um mínimo de
cidadania e com a execução de políticas públicas bem-estar social, mas significa também o res-
não verticalizadas nesses territórios. peito a seus direitos civis e à sua autonomia
como sujeitos. Só ouvindo-os, podemos ter a
Podemos compreender este anseio como esperança de uma integração efetiva em uma
uma demanda para o Estado romper de fato cidade segregada como o Rio de Janeiro.
2. +WUIM`XZM[[¿WI[I]\WZI[ZMNMZMU[MI\MZZQ\ÏZQW[XWX]TIÃÑM[XZ½\QKI[XZWL]bQLW[XMTILQV¾UQKILW-[\ILWM¼[NWZUI[I\ZI^Å[
das quais a lei e autoridade deste são experimentadas, vivenciadas, por essas populações. Detalho esta perspectiva analítica em
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3. Para o autor, os espaços se constituem “de uma forma que neutraliza, secunda, ou inverte a rede de relações por si designadas,
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operário e sindical, mas se prolonga no governo Vargas com a disciplinarização da força de trabalho e o controle das organizações
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9. A referência, aqui, é quanto aos diversos abusos e violências praticados pelos agentes policiais e, sobretudo, as execuções de
moradores de favelas registradas como “autos de resistência” que examinaremos a seguir.
10. Ver também as análises de Misse sobre sujeição criminal que, de outra angulação, tratam da mesma questão. Cf. por exemplo,
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Resumen Abstract
De la “metáfora de la guerra” al proyecto de “pacificación”: From the “metaphor of war” to a “pacification” project:
favelas y políticas de seguridad pública en Río de Janeiro slums and public safety policies in Rio de Janeiro
Este artículo examina la construcción social de las favelas This paper examines the social construction of slums in
como el territorio de la violencia en la ciudad de Río de Janeiro \PM KQ\a WN :QW LM 2IVMQZW I[ \MZZQ\WZQM[ WN ^QWTMVKM _Q\P
en dos contextos, centrándose sobre todo en las políticas de a focus on the public safety policies in place in this area,
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primero, de los años 90 hasta la primera década de los años \PM TI\M [ QV _PQKP \PM OW^MZVUMV\ t_IOML _IZu
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retomar el control armado de esos territorios y “civilizar” a \PI\[T]UL_MTTMZ[_MZMtKQ^QTQbMLu[W\PI\\PMQZ\MZZQ\WZQM[
sus habitantes como condición para la integración de esos could be integrated into the city. This paper discusses the
territorios a la ciudad. El artículo discute los dispositivos que mechanisms that promoted and sustained violence and
promueven y sustentan, en cada contexto considerado, la KZQUMIUWVO[T]UL_MTTMZ[QVMIKPWN\PM[M\_WXMZQWL[
vinculación de las favelas a la violencia y a la marginalidad, 1\ IT[W LQ[K][[M[ PW_ \PM OW^MZVUMV\ UIVIOML \PM[M
R][\QßKIVLW NWZUI[ M[XMKÉßKI[ LM OM[\QÏV M[\I\IT LM M[W[ territories and their inhabitants, and restricted their access
territorios y de sus poblaciones y delimitando las posibilidades to urban equipment and public services, including safety.
de acceso de sus habitantes a los equipamientos urbanos y
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388 Rev. bras. segur. pública | São Paulo v. 6, n. 2, 374-389 Ago/Set 2012