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Introdução
O odíde
O odídẹ é tido pela maioria das fontes que pesquisamos como sendo uma ave
muito inteligente, capaz de nutrir sentimento de afeto, não só por seus pares,
mas por humanos com os quais pode viver numa relação de cumplicidade.
A inteligência dessa ave faz com que ela se diferencie das demais que podem
repetir vozes de outros animais, ou palavras e frases decoradas depois do
convívio com humanos, a exemplo do papagaio doméstico brasileiro. Segundo
importantes pesquisas, sua capacidade cognitiva e de fala vai muito além de
meras repetições.
Segundo relatos, certa feita, Olódùmarè promoveu uma competição para saber
qual pássaro era o mais bonito entre todos. Sabendo do concurso, todos os
pássaros existentes passaram a investir esforços para melhorar sua aparência
e beleza. Naquele tempo odídẹ tinha suas penas todas brancas e reluzentes.
Tanto era a beleza de odídẹ que todos os concorrentes ficaram preocupados e,
para se certificarem que não perderiam em beleza para aquele impoluto
papagaio; arquitetaram um plano que consistia em jogar cinzas sobre as alvas
penas de odídẹ. Assim foi feito e o vendo se incumbiu de dispersar e espalhar
as cinzas jogadas uniformemente tornando o odídẹ um pássaro acinzentado.
Insatisfeitos, os pássaros então procuraram um feiticeiro que lhes deram um
preparado mágico para tingir as penas da cauda de odídẹ de vermelho, fato
que, certamente, o tiraria do concurso. A passarada ficou confiante que odídẹ
não participaria do concurso. Para surpresa geral, ele não só participou como
ganhou. Ao final do concurso, Olódùmarè o premiou como o pássaro mais belo
entre todos, dizendo que odídẹ era o mais bonito visto que a verdadeira beleza
é a que estava dentro dele. Desse dia em diante, passou odídẹ a ser um
pássaro sagrado que representaria as belas qualidades internas de todos os
seres.
O ìkóòdéde
Esse modo de crer no sagrado nos faz entender que todos os elementos
utilizados, em nossos cultos, são dotados de poderes especiais de criação e
transformação: o àṣẹ, a exemplo do ìkóòdéde.
O ìkóòdédẹ não representa o odídẹ fisicamente, mas tudo o que ele significa:
longevidade, sociabilidade, afetuosidade, capacidade para nutrir bons
sentimentos, responsabilidade, inteligência, poder de comunicação, destreza,
bondade, responsabilidade, dedicação, sacralidade, ou seja: tudo o que se
espera de alguém que nasce para o àṣẹ na sua mais profunda acepção.
A associação do ìkóòdédẹ às qualidade interiores do odídẹ está no campo das
ideias e do sagrado e não na mera associação material. Assim sendo, quando
usamos o ìkóòdédẹ na cabeça de um iniciado, quer seja em suas obrigações
iniciais, quer seja nas de maior graduação, espera-se que haja uma troca de
energias vitais entre o odídẹ e o humano a fim de que este adquira e
represente tudo o que há de melhor naquele.
O ìkóòdédẹ, para nós povo de àṣẹ, funciona como uma espécie senha de
acesso ao sagrado; nós o usamos em razão do pacto estabelecido por Òṣùn
depois do episódio da visita de Òṣàlá ao seu reino e para ser reconhecidos
pelos nossos ancestrais.
Conta-se um ìtàn que certa feita, por ocasião da visita de Òṣàlá, Òṣùn
preparou um grande festa, convidou a todos os òrìṣà(s), mas não convidou as
Àjẹé(s) que para vingar, lançou um feitiço sobre o trono de Òsùn fazendo com
que ela sangrasse ao se sentar. Todos sabem que Òsàlá tem aversão a sangue
e ao vermelho. Isso causou, então, muitos constrangimentos. Para se livrar do
constrangimento a que foi submetida por Ìyámi, Òṣùn transformou o pano sujo
de sangue em odídẹ, pediu a Èṣù que espalhasse por todos os cantos que
daria uma festa e que todos poderiam entrar, contanto que usassem uma pena
vermelha da cauda do odídẹ. A festa aconteceu, todos os òrìṣà(s)
compareceram e usaram a pena, inclusive Òṣàlá. Òṣùn reverteu, com isso, o
constrangimento. De igual modo, contam os mais velhos que Òṣùn ao iniciar o
primeiro ìyawo instituiu o uso do ìkóòdédẹ para que esse novo Ser fosse
reconhecido por todos como sendo iniciado.
No mito em que Èṣù respeita o tabu para ser elevado a condição de mais velho
entre os demais òrìsà, há elementos suficientes para justificar o uso do
ìkóòdédẹ nos ritos de passagem como símbolo de submissão. Aquele que está
com o ìkóòdédẹ colocado na altura da testa, não pode carregar nada mais
sobre a cabeça. Èṣù fez o ebóé indicado pelo bàbáláwo com o propósito de
conseguir respeito e consideração, usou o ìkóòdéde e, por isso, recebeu do
próprio Olòdùmarè a prerrogativa de ser homenageado antes dos demais. Veja
que no mito temos duas informações importantes: a primeira sobre o uso do
ìkóòdéde e a segundo que nos fala porque Èṣù é homenageado antes de
todos os demais òrìṣà.
Considerações finais
ATENÇÃO!
Assim sendo e como de costume, queremos consignar que este texto não está
acabado e que o assunto, por ser extremamente amplo, deverá ser retomado
depois de verificada a procedência das informações encontradas em nossa
pesquisa. Há alguns ìtàn(s) e relatos orais que ainda não tiveram sua
veracidade atestada. Assim que isso ocorrer, retomaremos o texto para agregar
mais informação.
REFERÊNCIAS