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Tecnologias e Legislação
Brasília-DF.
Elaboração
Luiza Junqueira
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.................................................................................................... 28
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 1
A IMPORTÂNCIA DO ENGAJAMENTO GOVERNAMENTAL E BARREIRAS ENCONTRADAS NA
PROMOÇÃO DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL......................................................................... 99
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 109
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
O presente Caderno de Estudos foi desenvolvido com o objetivo de apresentar os
conceitos de construção sustentável, os aspectos relacionados à cadeia produtiva da
construção civil e seus impactos socioambientais, bem como os benefícios da construção
sustentável no meio ambiente, na sociedade e na economia.
Objetivos
»» Apresentar os conceitos e histórico de sustentabilidade.
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INTRODUÇÃO À
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL UNIDADE I
– IMPACTOS E BENEFÍCIOS
CAPÍTULO 1
Breve introdução aos conceitos de
desenvolvimento sustentável
O novo contexto global exige, cada vez mais, por parte das empresas, dos governantes
e da sociedade, a capacidade de levar em consideração fatores sociais, ambientais e
econômicos de uma forma equilibrada em suas tomadas de decisões.
Há muitos anos que a sociedade vem estudando os impactos que causamos ao Planeta,
como podemos observar neste breve resumo da Jornada do Pensamento Sustentável no
mundo, conforme ilustra a Quadro 1:
9
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Quadro 1.
Esse conceito, hoje, faz parte da nossa “Carta Magna”, ou seja, nossa Constituição
Federal que no caput do seu art. 225 define que: “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1988).
Figura 1.
Em 1988 for criado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla
em inglês) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa Ambiental
das Nações Unidas (UNEP). Entre setembro de 2013 e novembro de 2014, o IPCC lançou
seu quinto Relatório de Avaliação (AR5) sobre Mudanças Climáticas, que fornece uma
visão clara sobre a mudança climática. O sexto Relatório de Avaliação está previsto para
ser concluído em 2022, a tempo de o Acordo Mundial de Paris, estabelecido em 2015 e
assinado em 2016, entrar em vigor.
De acordo com o 5o Relatório do IPCC, se não houver ação imediata das nações para
limitar o aquecimento global em 2°C, em pouco tempo, não haverá muito o que fazer.
“Se as taxas de emissão de gases de efeito estufa continuarem aumentando, os meios de
adaptação não serão suficientes”, aponta o documento.
11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Entre os principais países emissores, a Rússia ainda não indicou quando ratificará
o acordo. Na Austrália e no Japão, o processo já está em andamento e, na Europa,
Polônia, Bélgica, Itália e Espanha ainda devem ratificá-lo em nível nacional.
Na América Latina, Argentina, Brasil, México, Peru, Costa Rica, Bolívia, Honduras e
Uruguai também ratificaram o acordo.
Entretanto, o texto ainda deve ficar mais claro e entre os temas que devem avançar estão
a definição das regras de transparência (verificação dos compromissos nacionais), o
aumento da ajuda financeira aos países em desenvolvimento, a assistência técnica para
a criação de políticas de desenvolvimento “limpo” (energias renováveis, transportes e
residências que consomem menos energia, novas práticas agrícolas etc.) e a apresentação
de metas nacionais para 2050.
O Brasil assumiu como objetivo cortar as emissões de gases de efeito estufa em 37% até
2025, com o indicativo de redução de 43% até 2030 – ambos em comparação aos níveis
de 2005.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Entre as políticas para alcançar essas metas, o país terá, por exemplo, que aumentar a
participação de fontes renováveis na matriz energética e recuperar e reflorestar áreas
desmatadas. O país ainda se comprometeu a zerar o desmatamento da Amazônia Legal
e a restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030.
Dados alarmantes
O relatório “The Truth About Climate Change” (A verdade sobre a mudança climática),
divulgado no dia 29 de setembro de 2016, coordenado por Robert Watson, ex-presidente
do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das
Nações Unidas (ONU), afirma que não podemos ficar confortáveis somente com os
compromissos assumidos no Acordo de Paris.
O relatório aponta que mesmo se todas as metas para 2030 forem cumpridas, isso não
será suficiente para evitar o aquecimento acima de 2 °C. E parte dos compromissos
assumidos pelos países depende de condições externas, como financiamento. Além
disso, o relatório alerta sobre os muitos mal-entendidos e desinformações acerca do
tema, o que leva um grande número de pessoas a entender as mudanças climáticas
como algo abstrato, distante e controverso.
Desta forma, no melhor dos cenários, se todas as metas propostas pelos 195 países forem
totalmente cumpridas, as emissões devem se manter nos níveis atuais: 54 gigatoneladas
de dióxido de carbono equivalente (ou CO2eq, medida usada para comparar as emissões
de diversos gases de efeito estufa baseada na quantidade de CO2 que teria o mesmo
potencial de causar aquecimento global) por ano.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Os 17 objetivos são:
Figura 2.
Fonte: <https://nacoesunidas.org>.
Espera-se que essa seja uma conspiração ética para que as futuras gerações mereçam
tanta atenção quanto as atuais!
Não obstante, o planeta alcança, todos os anos, sua conta no cheque especial mais cedo,
ou seja, a cada ano que passa, a quantidade de recursos naturais consumidos no mundo
chega mais cedo em seu limite. Desde que começou a ser monitorada, no ano 2000, a
Terra acabou com seus recursos pela primeira vez em 5 de outubro. No ano de 2016, a
conta chegou mais cedo, no dia 8 de agosto. A partir dessa data, os recursos extraídos
já batem o limite da subsistência da vida na Terra. Desta forma, seria necessário 1,5
planeta por ano para regenerar os recursos naturais que consumimos em apenas 1 ano.
E, de acordo com estudos publicados pelo WWF, se continuarmos assim, até 2050,
precisaremos do equivalente a 2,9 planetas para atender nossas demandas anuais.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 3.
Fonte: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootday/>.
Com todas essas situações alarmantes e de domínio público, o mundo passa cada
vez mais a ficar atento às preocupações relacionadas às mudanças climáticas globais
e seus inúmeros impactos, tais como elevação do nível dos oceanos, que impactará
diretamente muitas cidades litorâneas. Uma das ações recentes que chamou atenção
do planeta quanto à preocupação das mudanças climáticas globais foi na abertura dos
Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em agosto de 2016.
Figura 4.
Fonte: <http://atriaeenergy.com.br/midia/brasil-lanca-um-forte-apelo-ambiental-na-abertura-da-olimpiada/>.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 5,
Por isso, megaeventos como as Olimpíadas devem mapear seus impactos desde as
etapas mais preliminares de planejamento, para que seja possível estabelecer metas
reais de compensação de emissões, evitando assim grandes impactos.
A criação de uma nova “Agenda Urbana” deve ir além de pensar soluções para conflitos
que atingem as cidades, como a pobreza, a desigualdade e os efeitos das mudanças
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
climáticas. Para a ONU, a urbanização deve ser, ela própria, uma ferramenta de
desenvolvimento.
O texto propõe soluções para os problemas que não foram solucionados nas últimas duas
décadas e para os que podem surgir em um mundo em transformação com o acirramento
da urbanização e das mudanças climáticas. Para a ONU, é preciso redirecionar o eixo de
desenvolvimento urbano, com vista à redução da desigualdade.
O relatório lista 5 princípios ou diretrizes que guiam essa mudança para a formulação
de políticas urbanas:
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
As cidades serão uma força importante para ajudar as nações a cumprir seus
compromissos sob o Acordo de Paris, já que geram mais de 80% do PIB mundial,
consomem aproximadamente dois terços da energia mundial e respondem por mais
de 70% das emissões de gases de efeito estufa. Cidades fortes traduzem nações fortes.
A Nova Agenda Urbana estabelece o caminho para o desenvolvimento sustentável nas
cidades e nos espaços urbanos.
Vale compreender qual o impacto que cada um de nós deixa no planeta. Para isso
existem diversas métricas e metodologias de avaliação. As três principais métricas são:
pegada ecológica, pegada de carbono e pegada hídrica.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
A pegada ecológica brasileira é de 2,9 hectares globais por habitante, indicando que o
consumo médio de recursos ecológicos pelo brasileiro é bem próximo da média mundial
da pegada ecológica por habitante, equivalente a 2,7 hectares globais.
Em sua série histórica, a pegada ecológica brasileira mostrou uma tendência de aumento
pouco acentuada até 2005, o que indica estabilidade nos padrões de consumo nesse
período.
Por outro lado, a biocapacidade brasileira vem sofrendo um forte declínio ao longo dos
anos devido ao empobrecimento dos serviços ecológicos e degradação dos ecossistemas.
Ainda assim, o Brasil encontra-se em uma importante posição no cenário mundial, como
um dos maiores credores ecológicos do planeta, situando-se em um favorável cenário
na nova economia verde. Para se manter nessa posição de credor ecológico, o Brasil
precisa reverter esse quadro de declínio de sua biocapacidade com ações de conservação
e de produção ecoeficientes, buscando diminuir a pegada ecológica de sua população
por meio do consumo consciente e da manutenção da estabilidade populacional.
Gráfico 1.
Fonte: <http://assets.panda.org/downloads/living_planet_report.pdf>.
Gráfico 2.
Fonte: <http://assets.panda.org/downloads/living_planet_report.pdf>.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Gráfico 3.
Fonte: <http://assets.panda.org/downloads/living_planet_report.pdf>.
Entretanto a Pegada Ecológica não está sozinha e, juntamente com a Pegada de Carbono
e Pegada Hídrica, forma o que se chama de família de pegadas.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 6.
Fonte: <http://geocartografiadigital.blogspot.com.br/2016/01/brasil-cartografia-da-populacao-com-o.html>.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 7.
Apesar de haver muito o que ser feito no sentido de reverter os danos ambientais
causados pelo homem no planeta, é necessário enxergar a sustentabilidade como uma
oportunidade de repensarmos os negócios, e mudar a mentalidade business as usual.
A partir do momento que o homem começar a perceber que o planeta é de todos – ele
recebeu das gerações passadas e vai deixar para as gerações futuras – e que não há
classe social, credo, gênero ou raça que tenha privilégios perante a mãe natureza, ele vai
entender que é necessário mudar. Pensamentos mesquinhos e egoístas, como “pensar
no aqui e agora” ou lucrar “não importa como”, devem ser repudiados!
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Bibliografia recomendada:
Documentários:
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CAPÍTULO 2
Impactos da construção civil
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Com relação ao uso de madeira, os dados são igualmente alarmantes. De acordo com o
FSC, a construção civil é o maior usuário de madeira nativa: nas obras, é utilizada como
escora e andaimes e também no acabamento como pisos, rodapés, portas, janelas etc. A
maior parte da produção Amazônica é consumida nos grandes centros urbanos, como
São Paulo. Por isso, cada vez mais, os hábitos de consumo nas metrópoles, incluindo o
poder de compra dos governos e das empresas, influenciam o que acontece na floresta.
Uma pesquisa do Ministério do Meio Ambiente e do IBAMA mostra que 86% da extração
de madeira no Brasil ainda ocorre de maneira irregular, e que mais de 90% da madeira
comercializada degrada, de alguma maneira, o ambiente.
Com relação aos impactos sociais negativos, outro dado alarmante refere-se à segurança
do trabalho, uma vez que, no ano de 2011, foram registrados 59.800 acidentes de
trabalho, o que não contabiliza os acidentes não registrados ou que ocorreram com
3 Levantamento do estado da arte: Consumo de Materiais (documento 2.5) - Tecnologias para construção habitacional mais
sustentável – Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, Dr. Davidson Figueiredo Deana.
4 (BATELLE, 2002).
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
trabalhadores in- formais. A construção foi responsável, ainda, pelo triste quadro de
17% dos óbitos registrados por acidentes em 2011.
Fonte: <http://www.cbcs.org.br/website/aspectos-construcao-sustentavel/show.asp?ppgCode=31E2524C-905E-4FC0-B784-
118693813AC4>.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 3
Construção sustentável
Figura 8.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Estudo de caso – Empire State Building, New York – EUA. Certificado LEED para
Edifícios Existentes, Operação e Manutenção, nível Ouro
Talvez seja um dos estudos de caso mais relevantes e conhecidos no mundo sobre o
poder de transformação de edifícios históricos e muito antigos em edifícios modernos
e eficientes. O Empire State Building adotou como questão central em sua operação
práticas sustentáveis, por meio de um programa desenvolvido internamente, chamado
de Empire State ReBuilding. Procedimentos de baixo impacto ambiental nas operações
foram postos em prática, além da implementação de um programa de modernização de
eficiência energética.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 9.
Fonte: <http://sustentarqui.com.br>.
Entretanto, quando se fala em construções com materiais naturais como barro, bambu
madeira, palha, areia e outros, muitos pensam que a estrutura não dura muito tempo
por aparentar fragilidade, mas não é verdade, essas são técnicas utilizadas há milênios,
e muitas das construções baseadas nessas técnicas resistem até hoje, como o caso da
muralha da China. O principal objetivo aqui é gerar a menor interferência possível
no contexto em que a construção está inserida, permitindo maior conexão entre as
pessoas e o meio ambiente, utilizando-se das “tecnologias” naturais disponíveis, sem
a necessidade de incorporar equipamentos modernos, de última geração, como o caso
das construções sustentáveis dos centros urbanos.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Fonte: <http://static-namu.s3.amazonaws.com/materias/interior_casa_madeira_barro.jpg>.
Ambientais:
Sociais:
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Econômicos:
»» reputação e imagem;
A construção civil começa a demonstrar que está se adaptando mais aos conceitos de
sustentabilidade impostos a todos pela sociedade e por demandas econômicas, e que a
cada dia esses conceitos também passam a ser uma exigência, principalmente, da nova
geração.
Os mais jovens estão começando a exigir de seus fornecedores uma postura correta em
relação ao meio ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste
milênio: o consumo consciente.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Além das certificações ambientais que, com certeza, têm um peso importante nessa
transformação (mas, por si só, não serão capazes de resolver todos os problemas), é
muito importante o desenvolvimento de iniciativas educacionais para disseminar
informações sobre as melhores práticas e tecnologias sustentáveis, a fim de capacitar
os envolvidos na concepção, construção, operação e manutenção das edificações e nos
espaços construídos.
Toda essa nova visão começa a demandar mais especialistas nas diversas áreas da
arquitetura e engenharia, capazes de equacionar os desafios e demandas da construção
sustentável.
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CAPÍTULO 4
Conceitos e premissas da construção
sustentável
Uma construção deve levar em conta uma série de premissas integradas para ser
considerada “sustentável”. Ou seja, atribuir o título de construção sustentável a uma
edificação que tenha adotado uma ou poucas estratégias de sustentabilidade como, por
exemplo, um telhado verde ou a captação de água de chuva, não deveria ser correto,
uma vez que para ser classificada como sustentável, ela deve olhar para o ciclo de vida
completo da construção, desde a concepção de projeto até o final de seu uso.
A seguir é apresentada uma série de conceitos básicos que deve ser adotada em projetos
sustentáveis, não deixando de levar em consideração a seleção adequada dos materiais,
que será melhor detalhada na unidade II deste caderno.
Figura 11.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Projeto integrado
Figura 12.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
»» técnicas ativas;
»» tecnologias;
»» materiais;
»» vegetação;
»» água;
»» qualidade de vida.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 13.
Fonte: <http://www.gbcbrasil.org.br/>.
Como observado, a fase 1 é a mais importante, ela é a principal responsável pela mudança
a ser adotada nos padrões atuais de projeto. Usualmente clientes se preocupam com o
quanto um determinado empreendimento custará ou o quanto ele irá “gastar”. Junto
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 14.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 15.
Conceptual framework for Environmental LCC. Rebitzer and Hunkeler, 2003. <http://link.springer.com/article/10.1007/s11367-
011-0287-5>.
Figura 16.
Fonte: <psiusa.com/wp-content/uploads/2014/08/site_selection_new-e14146363391031.jpg>.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Edifícios bem localizados tiram proveito da infraestrutura pública existente, tais como
redes de saneamento e abastecimento de água e energia. Escolher locais previamente
desenvolvidos ou com infraestrutura municipal existente podem reduzir o impacto
sobre o meio ambiente em função do espalhamento urbano (urban sprawling) e
consequentemente os custos de implantação de novas infraestruturas.
Transportes
Figura 17.
Fonte: <www.factum.at/content/news-reader/items/reducing-car-trips-by-promoting-alternative-modes-of-transportation-154.
html>.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
O uso do transporte alternativo como uma opção conveniente e viável deve ser
promovido por meio da escolha do local, do projeto e de incentivos quem beneficiam
os ocupantes e comunidade do entorno do edifício. O ideal é dar preferência àqueles
locais com fácil acesso a transportes públicos, sejam ônibus, metrôs, trens, entre outros.
Já no projeto, é possível reduzir os efeitos do transporte garantindo acesso a meios
alternativos, estimulando caminhadas e andar de bicicleta, fornecendo bicicletários,
vestiários, instalações de abastecimento para veículos elétricos e vagas preferenciais
para veículos menos poluentes e para aqueles que praticam caronas.
Eficiência hídrica
Figura 18.
Fonte: <http://kopi-mega.inforce.dk/>.
Com a demanda cada vez maior e a oferta cada vez menor, nossas fontes de água
estão mais do que sobrecarregadas, ameaçando a saúde e a sobrevivência humana e
do meio ambiente. A demanda atual por água nas grandes cidades é completamente
insustentável.
Além disso, apenas 3% do total de água disponível na Terra é de água doce e, desse
total, mais de 2/3 estão presos nas geleiras.
41
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Uma das melhores estratégias para reduzir o consumo de água nos edifícios é a instalação
de dispositivos economizadores que consomem muito menos água do que aqueles
metais e válvulas tradicionais. Hoje já existem no mercado válvulas economizadoras
que consomem até 6l por acionamento, ou aquelas com botões de duplo acionamento
(cuja função de menor fluxo chega a consumir somente 3l), chuveiros e torneiras com
redutores de vazão, mictórios sem água, e uma série de outras tecnologias. Sem duvidas,
um projeto que vise reduzir o consumo de água deve definir como premissa básica a
especificação de válvulas e metais economizadores.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Além das estratégias para eficiência, combinadas com sistemas que monitoram o
consumo de água e identificam problemas conforme eles surgem, podem melhorar
drasticamente a conservação de água em comparação ao uso de água de um edifício
convencional. A simples instalação de medidores, e se possível subdivididos por
prumadas com usos diferentes, permite que a operação tenha maior gestão sobre os
consumos de água, identificando aqueles usos que consomem mais ou até facilitando a
identificação de eventuais vazamentos.
Eficiência energética
Figura 19.
Fonte: <http://www.eneergia.com.br/>.
Em seguida, devem ser consideradas as energias ativas, que são os sistemas eficientes
e de baixo consumo, tais como iluminação, ar condicionado (quando necessário),
automação, entre outros. E, por fim, considerar o tipo de energia que alimentará o
projeto, dando preferência para energias renováveis geradas no próprio terreno ou
adquiridas em concessionárias que produzam esse tipo de energia, tais como solar,
eólica, biomassa, geotérmica e hidrelétricas (somente as que aproveitam o fio d`água e
não geram alagamentos).
Figura 20.
PASSIVAS
Por último, outros dois pontos fundamentais, assim como a eficiência hídrica, são a
manutenção adequada e a educação dos ocupantes e funcionários. Manter o correto
funcionamento de sistemas elétricos garante que não haja desperdícios. Tanto a
manutenção preventiva quanto corretiva são importantes para evitar possíveis falhas
ou corrigi-las no menor tempo possível. O comportamento das pessoas também é parte
fundamental na eficiência energética. Muitas vezes os equipamentos são eficientes, mas
o mau uso pode implicar desperdícios.
44
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Gestão de resíduos
Figura 21.
Ainda de acordo com o EPA, existe uma hierarquia na classificação dos resíduos,
também conhecida como “3 Rs”.
45
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 22.
Fonte: <https://www.epa.gov/homeland-security-waste/waste-management-hierarchy-and-homeland-security-incidents>.
Por ultimo, se não for possível enquadrar em nenhum dos Rs anteriores, verificar a
possibilidade de utilizar o resíduo como fonte de energia.
No país escandinavo, apenas 1% do lixo produzido pelos suecos vai para lixões, o
restante é reciclado, reutilizado ou transformado em energia renovável.
A eficiência do sistema é tão grande, que o país é obrigado a importar lixo de outras
nações para garantir a sua produção de energia. O pais conta hoje com 32 usinas
especializadas no aproveitamento da biomassa para a produção de eletricidade,
implementadas por meio de um projeto de mudanças de políticas publicas desde
1970, contando com leis de logística reversa e reciclagem. Um dos principais fatores
de sucesso é a forma como o país encara o resíduo, pois é visto não como um problema,
mas como um negócio.
46
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
<http://www.symbiocity.org/en/>.
Figura 23.
Fonte: <www.scu.org/leed/indoor-environmental-quality/>.
47
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 24.
Fonte: Osso, Annette. Sustainable Building Technical Manual. [Online] 1994. Public Technology, Inc. <http://smartenergy.illinois.
edu/pdf/Archive/SustainableBuildingTechManual.pdf. >.
Por esses motivos, uma melhor qualidade do ambiente interno pode melhorar as
vidas dos ocupantes do edifício, aumentar o valor de revenda do edifício e reduzir a
responsabilidade para proprietários do edifício. Além disso, como os custos com
salários e benefícios de funcionários normalmente ultrapassam os custos de operação
de um edifício de escritórios, estratégias que melhorem a saúde e produtividade dos
funcionários em longo prazo podem ter um grande retorno sobre o investimento,
evitando despesas com problemas jurídicos, absenteísmo dos funcionários e taxas altas
de turn-overs. Pensar em estratégias que garantam a boa qualidade do ambiente interno
resulta em ambientes estimulantes e confortáveis para ocupantes e a minimização do
risco de problemas de saúde relacionados ao edifício.
De acordo com o World Green Building Council, existem oito fatores “chave” que podem
ser adotados para melhorar a qualidade dos ambientes internos, principalmente em
escritórios que geram retorno visível no investimento:
48
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
deve vir sempre uma lista de ações preventivas, como limitar a área de intervenção de
obra, estabilizar as áreas de solo expostas, controlar o fluxo da água no terreno, instalar
lava-rodas, utilização adequada de EPIs e kits de mitigação, entre várias outras. Essas
medidas podem ser muito mais baratas do que ter que corrigir problemas que possam
vir a ocorrer.
5. gestão de resíduos;
50
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 25.
Fonte: <https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/senado-verde/pdf/Cartilhaedificios_publicos_sustentaveis_
Visualizar.pdf>.
1. Planejamento adequado.
6. Componentes pré-fabricados.
7. Tratamento de esgoto.
8. Uso de EPIs.
51
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
»» começar cedo;
Operação e manutenção
Figura 26.
Fonte: <http://sunworksusa.com/>.
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INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Além disso, a divulgação das estratégias deve ser permanente, podendo ser explorados
os meios de comunicação interna como folhetos periódicos destinados aos usuários
e publicação de campanhas em meios eletrônicos, tais como intranet e monitores
instalados em elevadores.
Bibliografia Recomendada:
AIA Guide to Building Life Cycle Assessment in Practice, disponível em: <www.aia.
org>.
53
CAPÍTULO 5
O mercado de construção sustentável
no Brasil
Nos últimos anos, ainda, mais de 300 empreendimentos foram certificados por
meio de sistemas de certificações ambientais conhecidos no Brasil. Essa crescente
busca pela sustentabilidade foi fundamental para o desenvolvimento do mercado
brasileiro, ampliando a disseminação das tecnologias, aumentando a escala e
reduzindo os custos.
54
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Figura 27.
Quadro 2.
COMERCIAL
Quadro 3.
INDUSTRIAL
Galpão 79%
Data center/CPD 9%
Centro de distribuição 4%
Frigorífico 4%
Indústria 4%
Total 100%
Fonte: Adaptado de Sustentabilidade. Tendências na Construção Civil Brasileira 2015.
55
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 28.
Figura 29.
A: Sudeste – 78%
B: Sul – 10%
C: Nordeste – 6%
D: Centro-Oeste – 4%
E: Norte – 2%
Fonte: Adaptado de Sustentabilidade. Tendências na Construção Civil Brasileira 2015.
56
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Gráfico 5.
57
CAPÍTULO 6
Tendências globais de construção
sustentável 2016
Em 2015, a Dodge Data & Analytics conduziu uma pesquisa, em 69 países, intitulada
“Tendências Globais de Construção Sustentável 2016”. Os dados apresentados a seguir
foram retirados dessa publicação e representam os números mais recentes sobre
esse mercado. O estudo dá ênfase em treze países que se destacam como líderes em
construção sustentável, por região e, entre eles, o Brasil destaca-se como o maior
mercado na América do Sul e Caribe.
O estudo mostra que as construções sustentáveis já são adotadas globalmente, com forte
crescimento na maioria dos países, mas, sobretudo, nos países em desenvolvimento.
Os resultados revelam que as construções sustentáveis são tendência global, com ênfase
quase universal na importância da eficiência e conservação energética. No entanto, como
observado pelo mesmo estudo, realizado em 2012, as prioridades e os obstáculos para
seu desenvolvimento devem ser compreendidos país por país a fim de que realmente
alcance sucesso como um negócio sustentável frente ao mercado global.
Figura 30.
Fonte: World Green Building Trends 2016: Developing Markets Accelerate Global Green Growth. Disponível em: <http://fidic.org/
sites/default/files/World%20Green%20Building%20Trends%202016%20SmartMarket%20Report%20FINAL.pdf>.
58
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
59
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 31.
Fonte: World Green Building Trends 2016: Developing Markets Accelerate Global Green Growth.Disponível em: <http://fidic.org/
sites/default/files/World%20Green%20Building%20Trends%202016%20SmartMarket%20Report%20FINAL.pdf>.
60
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Quadro 4.
Quadro 5.
Demolição controlada com plano de RCD explicando como serão tratados antes da demolição 13%
Obrigação de realizar e publicar análises de energia embutida e emissão de CO2 das construções 20%
Legislação para incentivar a manutenção para garantir o desempenho das edificações a longo prazo 29%
Água
Energia
Materiais
Fonte: Aspectos da Construção Sustentável no Brasil e Promoção de Políticas Públicas.
61
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Preocupações ambientais
62
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Tabela 1.
Figura 32. Principais obstáculos para o desenvolvimento da construção sustentável (por pais).
Fonte: World Green Building Trends 2016: Developing Markets Accelerate Global Green Growth. Disponível em: <http://fidic.org/
sites/default/files/World%20Green%20Building%20Trends%202016%20SmartMarket%20Report%20FINAL.pdf>.
63
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 33.
Fonte: World Green Building Trends 2016: Developing Markets Accelerate Global Green Growth. Disponível em: <http://fidic.org/
sites/default/files/World%20Green%20Building%20Trends%202016%20SmartMarket%20Report%20FINAL.pdf>.
64
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
Fonte: World Green Building Trends 2016: Developing Markets Accelerate Global Green Growth. Disponível em: <http://fidic.org/
sites/default/files/World%20Green%20Building%20Trends%202016%20SmartMarket%20Report%20FINAL.pdf>.
65
CAPÍTULO 7
Benefícios da construção sustentável
A construção sustentável veio para ficar, talvez um pouco tarde, mas com o engajamento
de toda a sociedade, revendo nossas ações e atitudes, certamente alavancará a formação
de uma nova cultura baseada na visão sistêmica preconizada pela sustentabilidade.
Figura 35.
** Kats. G. (2003). The Costs and Financial Benefits of Green building: A Report to California’s Sustainable Building Task
Force
*** GSA Public Buildings Service (2008). Assessing green building performance: A post occupancy evaluation of 12 GSA
buildings
Fonte: *Turner. C. & Frankel. M. (2008). Energy performance of LEED for New Construction buildings: Final report.
66
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
elencados alguns benefícios de custos visíveis dos edifícios sustentáveis de acordo com
os proprietários7:
»» redução de turnover;
Embora ainda não haja, no Brasil, tantas pesquisas relativas a custos x benefícios e
poucos dados disponíveis mapeados pelo setor, muitos dos números apresentados
acima já se referem a nossa realidade local, tais como o retorno no investimento em 4
anos, o aumento do valor do edifício, taxas condominiais mais baratas e o aumento do
valor do aluguel.
7
Fonte: McGraw Hill Construction (2010). Green Outlook 2011: Green Trends Driving Growth/USGBC/Sustentabilidade.
Tendências na Construção Civil Brasileira 2015
67
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Figura 36.
Fonte: tornando nosso ambiente construído mais sustentável – Greg Katspdf.pdf. Disponível em: <http://gbcbrasil.org.br/
sistema/docsMembros/121114111145000000683.pdf>.
68
INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS │ UNIDADE I
A tabela também mostra que o US$1 milhão de investimento geraria um ganho líquido
de 16,4 empregos-ano devido ao aumento de investimento e ao uso mais produtivo da
energia e da água. Resultando em um aumento anual médio de aproximadamente 0,8
empregos a cada ano durante 20 anos.
69
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL – IMPACTOS E BENEFÍCIOS
Tabela 2 .
70
MATERIAIS E
TECNOLOGIAS UNIDADE II
SUSTENTÁVEIS
CAPÍTULO 1
Avaliação do ciclo de vida
Figura 37.
Fonte: Jan Paul Lindner, Universtat Stuttgart, LBP-GaBi. Disponível em: <http://www.dgnb-system.de/en/>.
71
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
A ACV é uma ferramenta de tomada de decisão, seja dentro de uma indústria, por
processos produtivos mais eficientes; seja pelo governo, pela troca de bens e serviços que
cumpram com regulamentações ou pela imposição de regulamentações e/ou isenções
ou políticas de tarifação ligadas à produção mais limpa, rotulagem ambiental; seja por
consumidores e/ou sociedade civil com conscientização crítica a respeito de escolhas
mais conscientes. A ACV permite a comparação do desempenho ambiental entre bens ou
serviços que cumpram uma mesma função, ou dentro de um único processo produtivo;
permite focar a análise ambiental sobre a forma como é produzida e, de forma mais
ampla, entender quais as interações da organização com o meio externo, ajudando a
implementar melhorias no processo com o objetivo de torná-lo ambientalmente mais
eficiente, resultando até na revisão das políticas ambientais da empresa. Desta forma,
para uso interno, por ser uma ferramenta de gestão, a ACV pode contribuir para que o
planejamento estratégico incorpore estratégias ambientais, identifique oportunidade de
melhorias e otimização nos processos e minimização dos rejeitos na tomada de decisão,
na avaliação de performance ambiental e facilite auditorias internas e externas. E para
uso externo, pode ser usada como ferramenta de marketing verde, de transparência de
informação, como auxílio na especificação de compras, diferencial de mercado e como
um processo que antecede uma certificação ou uma Declaração Ambiental do Produto.
72
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Figura 38.
Nesta fase, define-se o objetivo do estudo, a função do produto e sua unidade funcional
(por exemplo, para uma tinta, quantos m2 ela é capaz de pintar), as razões para a
realização do estudo bem como o público-alvo. Deve-se, ainda, definir o fluxograma do
sistema do produto bem como as fronteiras.
No caso da Figura Xi, a fronteira pode ser definida como qualquer uma das linhas
pontilhadas, mas foi estudado o ciclo completo da produção de óleo de dendê.
73
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Fonte: <http://www.canalciencia.ibict.br/>.
Análise de inventário
74
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Deve ser feita de acordo com a definição do objetivo e atendendo a requisitos da definição
de escopo. É a fase que requer o maior esforço.
Tabela 3. Adaptado – Inventário do ciclo de vida para produção de 1 tonelada de óleo de dendê durante a fase
de cultivo.
Entrada Saída
Processos Quantidades Quantidades
Recepção Cacho de frutos frescos 5000 Kg Óleo de dendê 1000 Kg
Esterilização Diesel 2,96 Kg Óleo de palmiste 75 Kg
Debulhamento Eletricidade 7,5 MJ Dióxido de Carbono (inorgânico) 24,72 Kg
Digestão Dióxido de Carbono (biótico) 801,37 Kg
Prensagem Metano 0,04 Kg
Óxido Nitroso 1,36 Kg
Fonte: <http://www.canalciencia.ibict.br/>.
Tabela 4. Adaptado – Inventário do ciclo de vida para produção de 1 tonelada de óleo de dendê durante a fase
de extração de óleo.
Entrada Saída
Processos Quantidades Quantidades
Produção de mudas Sementes 40 unidades Cacho de frutos frescos 5000 Kg
Preparo do solo Fertilizantes 82,15 Kg Dióxido de Carbono (inorgânico) 9,01 Kg
Plantio Pesticidas 0,69 Kg Dióxido de Carbono (biótico) 595,15 Kg
Cuidados com a plantação Diesel 0,84 Kg Metano 0,02 Kg
Colheita Polietileno 0,37 Kg Polietileno 0,37 Kg
Dióxido de Carbono 1647,5 Kg Óxido Nitroso
Água 2,23 Kg
Fonte: <http://www.canalciencia.ibict.br/>.
Avaliação de impacto
75
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Interpretação
Interpretação é a fase em que os resultados da análise de inventário e avaliação de
impacto são considerados em conjunto ou apenas na análise de inventário. A fase de
interpretação deve fornecer resultados que são consistentes com o objetivo definido no
escopo e chegar a conclusões, explicar limitações e fornecer recomendações (traduzido
da ISO 14044).
Desta forma, é possível notar a importância da ACV como ferramenta de gestão, pois
possibilita fazer substituições ou adoções de novas tecnologias com base em resultados,
como o caso da substituição de fertilizantes químicos por orgânicos. Além disso, favorece
uma visão sistêmica, identificando os impactos dos produtos e serviços ao longo de
toda a sua cadeia e não somente no momento de extração das matérias-primas ou de
produção.
Características da ACV:
»» gera informações;
76
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Limitações:
Normalização
Em 1993, a ISO criou o Comitê Técnico TC 207 para elaborar normas de sistemas de
gestão ambiental e suas ferramentas. Esse Comitê é o responsável por umas das mais
importantes séries de normas internacionais, a série ISO 14.000, que inclui as normas
de avaliação de ciclo de vida.
77
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Expandindo esse pensamento para o dia a dia, conseguimos adotá-lo também em nossos
trabalhos e, enquanto arquitetos e engenheiros, repensarmos as escolhas de materiais
para os nossos projetos.
Estudo de Caso – Performance das janelas de PVC e alumínio ao longo do ciclo de vida
»» utilidades;
78
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
»» montagem;
»» instalação;
Considerou-se a mesma vida útil para as duas janelas, o preço de mercado e o custo
da utilização do ar condicionado ao longo do dia (para o horário comercial, foram
consideradas 10 horas; para o residencial, 14 horas).
»» consumo de energia;
»» emissões;
»» uso da terra;
»» potencial de toxicidade;
»» potencial de risco;
79
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
»» consumo de energia;
»» consumo de recursos;
»» potencial de toxicidade;
»» resíduos sólidos;
»» efluentes líquidos;
Por isso, apesar de a ACV ser importantíssima para auxiliar os profissionais na escolha
correta de produtos e serviços, com base em seus impactos ambientais, ela deve ser
sempre observada com critério e utilizada para o contexto em que foi estudada.
É difícil, por exemplo, dizer se um mesmo carro é mais eficiente no Brasil do que na
China, pois os impactos em relação à extração dos recursos é diferente em cada um desses
países, além de a matriz energética também ser diferente, sem levar em consideração os
impactos associados ao transporte.
Há alguns anos, os jornais noticiaram que churrasco era mais poluidor do que carros,
mas isso é tão absurdo quanto comparar bananas com maçãs. Ou seja, leve sempre em
consideração o contexto e as funções!
80
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
A Fundação Espaço Eco publica uma série de estudos como esses. Vale a pena conferir
outros, tais como “Secar as mãos com papel ou com secadores”, ou “Aquecimento solar
ou chuveiro elétrico”, demonstrado na imagem abaixo.
<http://www.espacoeco.org.br/resultados>.
Figura 40.
81
CAPÍTULO 2
Produtos e materiais sustentáveis
Sem dúvidas, a construção de edifícios requer o uso de muitos materiais. De fato, 40%
da extração de pedra bruta, cascalho e areia, e 25% de toda a madeira virgem são usados
para a construção de edifícios.
Os materiais e os recursos são a base dos edifícios em que vivemos e trabalhamos, assim
como as coisas com o que os enchemos, a infraestrutura que leva as pessoas de e para
esses edifícios e as atividades que ocorrem dentro deles. Como observado no capítulo
anterior “Avaliação do Ciclo de Vida”, a natureza onipresente dos materiais e recursos
faz com que seja fácil negligenciar a história e os custos associados com a produção,
o transporte, o consumo e o descarte. O “Story Of Stuff” – como esse processo ficou
conhecido no vídeo popular do YouTube e no livro subsequente com o mesmo nome –
começa frequentemente como matérias-primas de todo o mundo. Elas são transportadas,
refinadas, fabricadas e embaladas para venda. Em um sistema convencional, o material
é comprado, consumido e descartado, geralmente em um aterro sanitário. Mas, na
realidade, não há nada “ausente”, e cada etapa desse processo de produção, consumo e
de descarte tem consequências ambientais, sociais e econômicas significativas.
A escolha correta dos materiais e recursos de uma construção deve, portanto, levar em
consideração a minimização da energia incorporada e outros impactos ambientais e
sociais associados à extração, processamento, transporte, manutenção e descarte dos
materiais de construção, sempre olhando sob a ótica do ciclo de vida que melhora o
desempenho e promove a eficiência dos recursos.
82
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
A seguir estão listadas as premissas que os materiais selecionados para uma construção
sustentável devem seguir:
»» no caso da madeira, optar sempre por aquelas que tenham sua origem
legal comprovada e que sejam preferencialmente certificadas (FSC ou
Cerflor);
»» duráveis e reutilizáveis;
83
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
É importante observar as sinergias na escolha dos materiais. Muitos dos materiais usados
para construir um edifício têm influência direta no desempenho energético do edifício,
incluindo tipos diferentes de conjuntos de paredes, isolamento, materiais de telhado
e vidraças. Os materiais instalados em um edifício podem também ter um impacto na
qualidade do ambiente interno do espaço, dependendo dos tipos de revestimentos,
adesivos e seladores exigidos. Dependendo do conteúdo do material, eles podem ter
mais ou menos químicos incorporados, e esses químicos podem conter substâncias
tóxicas, que fazem mal para o meio ambiente e também para a saúde humana.
A transparência nas informações torna-se, portanto, cada vez mais importante na escolha
correta dos materiais. Por transparência entendemos o fornecimento de informações,
por parte dos fabricantes, quanto ao impacto ou as preocupações ambientais e sociais
relacionadas a toda a sua cadeia produtiva (levando em consideração as premissas
da avaliação do ciclo de vida), à presença ou ausência de componentes tóxicos, às
informações quanto a trabalhos escravos ou infantis e assim por diante, sem abrir,
obviamente, segredos industriais que possam comprometer as indústrias.
»» OEDC.
»» Just.
»» Certificação B (B corp).
Entenda melhor os conceitos por trás das premissas relacionadas aos materiais:
84
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
e não pode mais ser utilizado para sua finalidade original. Isso inclui
devoluções de materiais da cadeia de distribuição. Exemplos incluem
entulho de construção e demolição, materiais coletados por meio de
programas de reciclagem, produtos descartados (como móveis, armários
e decks de madeira) e resíduos de paisagismo (como folhas, palha do
corte de grama e restos de podas).
85
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
86
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
»» baixa escalabilidade;
87
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Desta forma, cabe aos profissionais da construção civil buscar maiores informações
com relação aos produtos e materiais que são especificados em seus projetos e exigir,
cada vez mais, a transparência e divulgação das informações em relação às práticas
de produção das indústrias. O processo de explorar e selecionar materiais, produtos
e tecnologias deve ser repetido constantemente, como um ciclo vicioso, à medida que
mais informações se tornem disponíveis. Com isso, seremos responsáveis em ajudar a
melhorar o mercado no caminho da adoção de técnicas mais sustentáveis, que priorizem
sempre o pilar da sustentabilidade!
<http://storyofstuff.org>.
<http://sustentarqui.com.br/produtos-e-materiais-sustentaveis/>.
<https://www.oecd.org/brazil/>.
<http://justorganizations.com/>.
<https://www.bcorporation.net/>.
<https://www.globalreporting.org>.
<http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.
asp>.
<http://www.pactoglobal.org.br/>.
<http://www.greenscreenchemicals.org/>.
<https://www.cas.org/>.
<https://echa.europa.eu/pt/regulations/reach>.
Bibliografia recomendada:
88
CAPÍTULO 3
Rótulos, selos e certificação de
produtos
A partir da década de 1980, começa a surgir na Europa os selos verdes, que no Brasil
eram chamados de rótulos ambientais, baseados em análises de ciclo de vida, levando
as indústrias a criarem uma massa crítica e compreenderem melhor seus processos
produtivos e a gestão do ciclo de vida de seus produtos.
A ISO define três tipos de rotulagens ambientais: tipo I, II e III, e dentre essas três
rotulagens, o nível de aprofundamento com o qual o conceito de ciclo de vida deve ser
levado em consideração varia. Os tipos I e III necessitam de uma auditora de terceira
parte para atestar ou definir os critérios do processo de rotulagem, já o tipo II é uma
autodeclaração.
89
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
»» Na mesma linha do Rótulo Tipo III, a norma ISO 21.930 também estabelece
critérios para as declarações ambientais, mas focados especificamente
nos materiais da indústria de construção civil.
Programas de selo verde são importantes, mas é necessário entender o que está por trás
do selo, quem o outorga e se há uma verificação por terceira parte. Em vários países,
incluindo o Brasil, muitos programas não tiveram o êxito esperado, principalmente em
virtude dos seguintes fatores:
90
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Figura 41.
Fonte: <br.fsc.org>.
Figura 42.
Fonte: <eletrobras.com>.
91
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Figura 43.
Fonte: <vanzolini.org.br/rgmat>.
Figura 44.
Fonte: <abnt.org.br/>.
Figura 45.
Fonte: <ifbauer.org.br/sustentabilidade>.
92
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
O selo ecológico Falcão Bauer é uma certificação voluntária de produto, acreditada pelo
INMETRO e destinada a demonstrar o diferencial ecológico do produto determinado
pelo fabricante ou solicitante da certificação.
Já o Rótulo Tipo III define critérios para os EPDs (Environmental Product Declaration).
As EPD’s são baseadas em princípios inerentes às normas ISO 14025 e ISO 21930,
garantindo ampla aceitação internacional.
Além disso, os programas de declaração ambiental Tipo III não possuem a intenção de
comparar e hierarquizar produtos dentro de uma mesma categoria de funcionalidade,
porém os consumidores podem fazer uso dessas declarações e definir programas de
compras verdes. Se esses consumidores atingirem nível internacional, tais declarações
podem (supostamente) ser utilizadas como critérios para barreiras comerciais não
tarifárias.
De acordo com o Referencial GBC Brasil Casa (2014), o processo de EPD acontece da
seguinte maneira:
93
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
Figura 46.
Comissionamento
(individual ou em grupo)
Implementação
Análise do
Ciclo de Vida
EPD
(operador do Programa)
ou
Verificação EPD Verificação DAP
(Operador Programa) (terceira Parte)
Publicação
(Operador do Programa)
94
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Figura 47.
95
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
»» Informações de ACV.
PRC fornece as regras de criação e relato do ACV e EPD Normas definem os critérios, métricas e níveis de sustentabilidade
Relatório técnico verificado de forma independente Certificação independente de produto geralmente classificada em
ranking
Portanto, o mais recomendado é buscar selos ambientais que sejam auditados por
terceira parte (rótulo tipo I), mas acima de tudo que se de preferência aos programas
de declaração ambiental do produto (EPDs).
Greenwashing
96
MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS │ UNIDADE II
Hoje, com os consumidores cada vez mais conscientes, essa comunicação deve ser
feita de forma sincera e responsável, caso contrário o produto vai passar a imagem de
mentiroso e as vendas poderão cair.
Cabe aos consumidores também ficarem mais atentos com relação ao greenwashing.
Por outro lado, muito fabricantes praticam o greenwashing por má-fé, mas há uma
grande parcela que pratica por falta de conhecimento e instrução adequada sobre como
comunicar os atributos do produto.
Ação econômica que visa à resolução de um problema, mas acarreta outro, obrigando
uma escolha. Ocorre quando uma questão ambiental é enfatizada em detrimento de
preocupações mais sérias. Por exemplo, o papel não é necessariamente preferível do
ponto de vista ambiental apenas porque sua origem é de floresta de manejo sustentável.
2. Falta de provas
Acontece quando as afirmações ambientais não são apoiadas por elementos de prova
ou de certificação. Um exemplo comum são as embalagens que trazem informações
sobre as percentagens de conteúdo reciclado, sem fornecer qualquer detalhe.
3. Incerteza
Quando a empresa cria uma falsa sugestão ou uma imagem parecida com certificação
para induzir os consumidores a pensarem que um produto passou por um processo de
certificação de produto verde.
97
UNIDADE II │ MATERIAIS E TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS
5. Irrelevância
6. O “menos pior”
Ocorre quando a chamada do produto afirma ser “verde” sobre uma categoria de produto
que não tem benefícios ambientais. Cigarros orgânicos é um exemplo desse pecado.
7. Mentira
No Brasil não há um órgão específico que regule a rotulagem ambiental, mas a Associação
Brasileira de Embalagem (ABRE) lançou uma cartilha com diretrizes baseadas na
norma ISO 14021 que visa padronizar a rotulagem ambiental aplicada às embalagens.
<http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos/v/cidades-e-
solucoes-confira-o-segundo-programa-sobre-a-maquiagem-verde/4884544/>.
<http://g1.globo.com/globo-news/cidades-e-solucoes/videos/v/cidades-
e-solucoes-conheca-produtos-que-utilizam-a-maquiagem-verde-no-
brasil/4867432/>.
98
POLÍTICAS
PÚBLICAS E UNIDADE III
LEGISLAÇÃO
CAPÍTULO 1
A importância do engajamento
governamental e barreiras encontradas
na promoção da construção
sustentável
Embora grandes obras, tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, apontadas como
potenciais alavancadoras da economia (construção, turismo, infraestrutura, entre
outras) tenham sido, em sua maioria, construídas seguindo uma série de práticas
sustentáveis, às vezes até buscando Certificações ambientais, hoje se sabe que a gestão
da verba púublica não foi feita da forma correta.
99
UNIDADE III │ POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO
Embora o Governo seja fundamental para dar bons exemplos, a corrupção desmotiva a
população e reduz o nível de confiança, diminuindo os investimentos no país.
A construção sustentável é um meio bastante eficaz para gerar dinheiro em caixa para
o governo. É relativamente fácil e rápido economizar energia e água nas edificações,
sendo que é muito mais barato investir em economia de energia do que investir em
aumento de produção energética. Considerando ainda que 42% da energia produzida
no Brasil é consumida pelos edifícios de uma forma muito ineficiente, vislumbra-se
um setor de alto potencial para investimentos promissores em eficiência energética
com taxas de retornos no investimento médio de 4 anos, além de benefícios diretos e
indiretos.
Barreiras
As duas principais barreiras para o desenvolvimento da construção sustentável no Brasil
são a falta de conhecimento público sobre o assunto e a falta de pressão regulatória.
100
POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO │ UNIDADE III
Para vencer essas barreiras, são necessários treinamento e capacitação dos profissionais
do setor, introduzindo informações acerca dos verdadeiros dados de impacto ambiental
e social, retornos econômicos, sociais e ambientais da construção sustentável, práticas,
conceitos, materiais, tecnologias e metodologias de construção sustentável.
Outra barreira não tão importante quanto as demais, mas que cabe ser levantada,
é a falta de comunicação entre os profissionais envolvidos na concepção de um
empreendimento, uma vez que essa falta de comunicação por vezes inibe a implantação
de práticas de maior eficiência. Neste caso, o processo de certificação de edificações
consegue auxiliar com muita facilidade, uma vez que obriga a comunicação entre todos
os envolvidos. Manuais e guias sobre construção sustentável também são um fator que
auxilia nesse processo.
Conceitos e definições:
101
UNIDADE III │ POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO
»» Leis de incentivo: são aquelas que oferecem uma vantagem àqueles que
passarem a observar determinado comportamento. Antes da determinação
de um incentivo, o legislador vislumbra ações ou práticas que merecem
ser estimuladas, tendo em vista o grande benefício que resultam para
a sociedade. Em matéria de sustentabilidade,
inúmeras são as áreas
e disposições federais que elencam e permitem o estabelecimento de
incentivos com foco em diminuição de impactos ambientais, tratamento
de resíduos, eficiência energética etc. Os incentivos podem assumir um
caráter administrativo, tributário ou financeiro.
102
POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO │ UNIDADE III
No Brasil, o Senado Federal criou uma cartilha sobre edifícios públicos sustentáveis
que aborda temas específicos como a questão das compras sustentáveis e a importância
de o gestor público conhecer o conceito das construções verdes. A publicação também
mostra como os investimentos em sustentabilidade podem se reverter em economia
para o órgão público.
103
UNIDADE III │ POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO
104
POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO │ UNIDADE III
por ela, mais incidência de impostos (PIS, COFINS e ICMS) sobre toda a
energia consumida.
105
UNIDADE III │ POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO
Em São Paulo existe um projeto de lei que propõe conceder até 12% de abatimento no
IPTU. A iniciativa tem o objetivo de estabelecer medidas de recuperação e preservação
do meio ambiente, por meio da concessão de benefício tributário ao contribuinte, de
acordo com o grau de certificação do empreendimento, e prevê três faixas de desconto:
4%, 8% e 12%.
De acordo com o projeto, o incentivo deverá ser concedido durante oito anos, valendo
para novos empreendimentos comerciais, residenciais e mistos, imóveis que passarão
por obra de reforma/retrofit ou ampliação da edificação. A estimativa, de acordo com a
Secretaria Municipal de Finanças, é que, quando sancionada, a lei beneficie entre 500 e
1.000 empreendimentos por ano.
Ainda, o Plano Diretor Municipal prevê diretrizes para política ambiental e, em seu
artigo 195, estimula as construções sustentáveis. Destinado a apoiar a adoção de técnicas
construtivas, o plano estabelece medidas como racionalização do uso de energia e água,
106
POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO │ UNIDADE III
Um novo projeto de lei, PLS no 252/2015, proposto pelo Senado e já aprovado pela
Comissão do Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA),
segue para o plenário. De acordo com a propostas, as novas edificações de propriedade da
União devem adotar medidas que reduzam impactos ao meio ambiente e sejam viáveis
nos quesitos técnicos e financeiros. O texto, apresentado pela Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa (CDH), além de determinar a utilização de práticas
sustentáveis na construção, propõe a divulgação dessas práticas à população. Ele
poderá ser incluído como diretriz na política urbana prevista no Estatuto das Cidades.
Dentre as propostas do texto original está a utilização de telhados verdes e sistemas
de reaproveitamento da água da chuva. Segundo as idealizadoras do projeto, a adoção
de padrões sustentáveis nas construções contribuirá para a redução de problemas
decorrentes de mudanças climáticas.
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UNIDADE III │ POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO
Em nível internacional, uma das ações que promete grandes avanços ao mercado da
construção sustentável global é a iniciativa da UNEP, braço ambiental da ONU, que
criou um programa chamado Sustainable Building Construction Initiative <www.
unep.org/sbci>. Uma das metas do programa é aprovar uma métrica comum que
consiga quantificar a redução de emissões de CO2 em uma edificação classificada como
sustentável. Com a aprovação dessa métrica, será possível pleitear o crédito de carbono
em um green building.
Para alcançar essa métrica comum, o SBCI tenta realizar um estudo comparativo com
diversos sistemas de certificações, além de viabilizar uma ferramenta global de análise
de ciclo de vida de materiais. Os desafios são grandes, mas havendo êxito nas tratativas,
a contrapartida financeira para o pleito do crédito de carbono em projetos de construção
sustentável alavancará exponencialmente este setor ao nível mundial.
Links Úteis:
<www.cbcs.org.br>.
<www.gbcbrasil.org.br>.
<www.planalto.gov.br>.
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Referências
BALLARD BELL, Victoria; RAND, Patrick. Materials for design. New York,
Princeton: data.
BUCHANAN, Peter. Ten shades of green architecture and the natural world.
New York, The Architectural League of New York, 2005.
PAPANECK, V. The green imperative – ecology and ethics in design and architecture.
London: Thames and Hudson, 1995.
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REFERÊNCIAS
Sites
<http://www.anggulo.com.br/madeira2015/downloads/pub_pdf_Cenario_de_
madeira_FSC_Brasil.pdf>.
<http://sindimasp.org.br/conteudo/download/cartilha_eletronica.pdf>.
<http://vanzolini.org.br/rgmat/rg-mat/>.
<http://www.abntonline.com.br/sustentabilidade/Rotulo/Default>.
<http://www.ifbauer.org.br/sustentabilidade/selo-ecologico-falcao-bauer-1>.
<http://www.greenseal.org/GreenGovernmentsandNonprofits/
EnvironmentallyPreferablePurchasing/Anecolabelabove.aspx>.
<http://www.cbcs.org.br/_5dotSystem/userFiles/MMA-Pnuma/Aspectos%20
da%20Construcao%20Sustentavel%20no%20Brasil%20e%20Promocao%20de%20
Politicas%20Publicas.pdf>.
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ve
d=0ahUKEwixifuRrMbOAhUEDpAKHRvzBp4QFggeMAA&url=http%3A%2F%2
Fwww.procelinfo.com.br%2Fservices%2FDocumentManagement%2FFileDownlo
ad.EZTSvc.asp%3FDocumentID%3D%257B2D48CBEC-8B4C-453D-9194-84EE
E808665D%257D%26ServiceInstUID%3D%257B46764F02-4164-4748-9A41-
C8E7309F80E1%257D&usg=AFQjCNGhDF7nscPYF-EEXg-bdH3CXjIkkw>.
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