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José Moran
Pesquisador, Professor, Conferencista e Orientador de projetos inovadores na educação
Artigo meu, publicado no livro organizado por SILVA, Marco. Educação online: teorias, práticas, legislação,
formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003. p. 39-50.
moran10@gmail.com
Resumo
A educação on-line pode ser definida como o conjunto de ações de ensino-aprendizagem que são
desenvolvidas através de meios telemáticos, como a Internet, a videoconferência e a
teleconferência. A educação on-line nos traz questões pedagógicas específicas com desafios novos
para a educação a distância e para a presencial. Existe hoje no Brasil uma grande variedade de
cursos on-line: cursos para poucos e para muitos alunos, cursos com pouca interação e com muita
interação, cursos centrados no professor e cursos centrados nos alunos; cursos que utilizam uma
tecnologia (Internet, videoconferência, teleconferência) e outros que integram várias tecnologias.
Para cursos com grandes grupos, o processo de organização do ensino-aprendizagem on-line é
muito mais complexo do que o que realizamos no presencial, exigindo uma logística nova, que está
sendo testada com mídias telemáticas pela primeira vez. Os papéis do professor se multiplicam,
diferenciam e complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação, de criatividade
diante de novas situações, propostas, atividades.
Introdução
Educação on-line pode ser definida como o conjunto de ações de ensino-
aprendizagem que são desenvolvidas através de meios telemáticos, como a Internet, a
videoconferência e a teleconferência. A educação on-line acontece cada vez mais em
situações bem amplas e diferentes, da educação infantil até a pós-graduação, dos cursos
regulares aos cursos corporativos. Abrange desde cursos totalmente virtuais, sem contato
físico - passando por cursos semipresenciais - até cursos presenciais com atividades
complementares fora da sala de aula, pela Internet. A educação on-line não equivale à
educação a distância. Um curso por correspondência é a distância e não é on-line. Por
outro lado, não podemos confundir a educação on-line só com cursos pela Internet e
somente pela Internet no modo texto.
A educação on-line está em seus primórdios e sua interferência se fará notar cada
vez mais em todas as dimensões e níveis de ensino. Com o avanço da telemática, a rapidez
de comunicação por redes, a facilidade próxima de ver-nos e interagir a distância, a
educação on-line ocupará um espaço central na pedagogia nos próximos anos.
A educação on-line nos traz atualmente questões específicas com desafios novos.
Ela é utilizada em situações onde o presencial não dá conta, ou levaria muito tempo para
atingir um número grande de alunos em pouco tempo, como, por exemplo, quando
precisamos capacitar milhares de professores em serviço, que não possuem nível superior.
É difícil organizar cursos presenciais simultaneamente para 7 mil professores. O uso de
videoconferência, Internet e sala de aula permitiu que a USP, PUCSP e UNESP realizassem
essa tarefa recentemente, a distância, em todo o Estado de São Paulo [1] . E essas situações
nos obrigam a pensar em processos pedagógicos que compatibilizem a preparação de
materiais e atividades adequados, a integração de vários tipos de profissionais envolvidos
(professores autores, professores orientadores, professores assistentes e tutores), a
combinação de tempos homogêneos e flexíveis, da comunicação em tempo real e em
momentos diferentes [2] , as avaliações presenciais e a distância. É um processo muito mais
complexo do que o que realizamos no presencial, porque exige uma logística nova, que
está sendo testada com mídias telemáticas pela primeira vez. É muito tênue a linha que
separa os cursos de massa com qualidade e os cursos de massa de baixo nível.
Alguns cursos por teleconferência [3] estão procurando criar formas de interação
on-line cada vez mais avançadas e combiná-las com outros espaços e tempos
complementares, num local próximo dos alunos [4] . A combinação do broadcast [5] com
algumas ferramentas da comunicação on-line e off-line [6] , principalmente via Internet, é
um dos caminhos mais promissores para o avanço da educação a distância e permite, ao
menos em teoria, valorizar o melhor da transmissão para muitos grupos e novas formas de
interação.
A educação on-line também está começando a trazer contribuições significativas
para a educação presencial. Algumas universidades integram aulas presenciais com aulas
e atividades virtuais, flexibilizando tempos e espaços, ampliando os espaços de ensino-
aprendizagem até agora praticamente confinados à sala de aula. O currículo pode ser
flexibilizado, segundo a portaria 2253 do MEC, em 20% da carga total. Algumas disciplinas
estão sendo oferecidas total ou parcialmente a distância. O vinte por cento é uma etapa
inicial de criação da cultura on-line. Mais tarde, cada universidade irá definir qual é o ponto
de equilíbrio entre o presencial e o virtual em cada área do conhecimento.
Existe hoje no Brasil uma grande variedade de cursos on-line: cursos para poucos e
para muitos alunos, cursos com pouca interação e com muita interação, cursos centrados
no professor e cursos centrados nos alunos; cursos unitecnológicos e outros com múltiplas
tecnologias. Muitos desses cursos simplificam o processo pedagógico, se preocupam pouco
com a construção do conhecimento, são massificadores, só visam o lucro fácil.
Com a educação on-line, com o avanço da velocidade de conexão pela Internet,
pela TV digital e pelo celular de terceira geração, teremos tanto a massificação semelhante
à de boa parte dos cursos superiores presenciais como novas formas interessantes de
aprender continuamente, presencial e virtualmente; teremos materiais prontos focados no
professor e outros em contínua construção, com intensa participação dos alunos. É ainda
prematuro definir padrões pedagógicos na educação a distância, porque estamos em fase
de experimentação de vários modelos, formatos, que também afetam ao ensino
presencial.
Existe hoje no Brasil uma grande variedade de cursos on-line: cursos com professor e sem
professor; cursos para poucos e para muitos alunos, cursos com pouca interação e com
muita interação, cursos centrados no professor e cursos centrados nos alunos;
cursos unitecnológicos e outros com múltiplas tecnologias, cursos em parte presenciais e
cursos totalmente a distância, cursos de formação e cursos de atualização. Para cada curso
podemos formular estratégias de ensino-aprendizagem específicas.
Em cursos a distância ainda estamos influenciados pelos modelos tradicionais das grandes
universidades como a Open da Inglaterra ou a UNED, da Espanha, que na década de
oitenta e nova estavam muito centrados no conteúdo impresso, auto-instrucional, com
apoio local. Algumas instituições brasileiras copiam hoje esse modelo, focando o material
impresso ou digital. Criam cursos prontos, sem professor, com avaliação corrigida pelo
próprio programa.
3) Cursos que focam mais a interação que o conteúdo, que se preocupam em formar
comunidades de aprendizagem que constroem em conjunto o conhecimento e contribuem
decisivamente para o sucesso do curso. No Brasil podemos citar, entre outros, como
pioneira da educação on-line construtivista a Professora Lea Fagundes, do Laboratório de
Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul [7] e a equipe
do programa de Pós-graduação em Informática na Educação da mesma universidade.
Outro grupo importante na pesquisa e desenvolvimento de ambientes virtuais é o NIED –
Núcleo de Informática Educativa - da Unicamp, coordenado pelo Professor Armando
Valente [8] . Atualmente o Programa de Pós-Graduação em Educação e Currículo da PUC-SP
está desenvolvendo um bom trabalho de pesquisa e realização de cursos on-line,
principalmente na formação de professores [9] . Merece destaque também a reflexão e
prática do Prof. Wilson Azevedo no gerenciamento de cursos on-line de forma
cooperativa [10] .
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<www.proinfo.mec.gov.br/biblioteca/textos>. Acesso em: 10/12/2002.
[1]
Curso de Pedagogia nas séries iniciais para professores em serviço da rede pública do Estado de São Paulo, que
teve a duração de dois anos: 2001-2002
[2]
Denomino a comunicação em tempo real de on-line e a de tempos diferentes de off-line.
[3]
A teleconferência é uma comunicação audiovisual, normalmente por satélite, que tem um centro produtor de
imagem e som e muitos possíveis centros de recepção (telesalas) que permitem algum retorno (e-mail, fax, telefone
ou áudio). Avideoconferência tem mais de um centro produtor. Podem ser vistos os alunos de uma ou várias salas.
A videoconferência entre duas salas chama-se ponto a ponto. A videoconferência com várias salas se
denomina multiponto.
[4]
Existem cursos hoje que atingem centenas de alunos simultaneamente em muitas telesalas e onde os alunos
podem fazer perguntas ou participar de uma avaliação instantânea de compreensão de conceitos ou de uma parte
da exposição de um professor.
[5]
Broadcast é uma transmissão via televisão fundamentalmente. Com a televisão digital cobra uma importância
muito maior para a educação, porque combina a qualidade da imagem e som (da TV ou DVD) com a interação e
navegação que fazemos na Internet.
[6]
Veja os conceitos de on-line e off-line na nota 2.
[7]
www.psico.ufrgs.br/cpg/cdoc/lcfagundes.html
[8]
www.nied.unicamp.br/
[9]
www.ced.pucsp.br/
[10]
Os artigos e palestras principais do Prof. Wilson Azevedo estão
em www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/
[11]
http://iet.open.ac.uk/pp/r.d.mason/globalbook/syncasync.html
[12]
PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço – Estratégias
eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002
[13]
PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço – Estratégias
eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.