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Livro Eletrônico

Aula 00 (PDF)

Política Internacional p/ CACD (Primeira e Terceira Fases)


Professor: Filipe Martins

05890219588 - Paulo Victor


Política Internacional
Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD)
Prof. Filipe Martins Aula 00

A D P I
Olá, pessoal! Meu nome é Filipe Martins e esta é a nossa primeira aula de Política Internacional. Sou
professor de Política Internacional no novo curso preparatório para o CACD, o Concurso de Admissão
à Carreira Diplomática. Esperamos levar os alunos deste curso à aprovação tanto na primeira quanto
na terceira fase.

POLÍTICA INTERNACIONAL NO CACD


• PRIMEIRA FASE TESTE DE PRÉ-SELEÇÃO (TPS), PROVA OBJETIVA COM 12 QUESTÕES
• TERCEIRA FASE DUAS QUESTÕES DISSERTATIVAS

A primeira fase é o TPS que não tem mais esse nome oficialmente, mas continua com essa forma.
São 12 questões objetivas com assertivas que deverão ser julgadas verdadeiras ou falsas, no modelo
do Cespe, em que uma questão errada anula uma certa. A matéria de Política Internacional é muito
importante e tem um peso muito grande nessa fase, pois são 12 questões. Na terceira fase, ela divide
o espaço com Geografia, mas continua sendo muito central, pois é a espinha dorsal desse concurso.
Também há vários outros assuntos com a mesma relevância, e todos se interconectando e
dialogando entre si, tendo sempre a Política Internacional como eixo. A segunda fase é a prova de
Português, que tem um foco maior na linguagem em si, mas os temas de Política Internacional
costumam aparecer com uma certa frequência.

Conteúdo programático

• Módulo 01: Teoria das Relações Internacionais


➢ Aula 00 Visão Geral da Prova e do Curso. Relações Internacionais: conceitos básicos,
atores, processos, instituições e principais paradigmas teóricos.
➢ Aula 01 Principais marcos e debates teóricos.
• Módulo 02: Política Externa Brasileira
➢ Aula 02 A política externa brasileira: princípios e diretrizes da política externa
brasileira; domínio e fundamentação teórica para questões discursivas.
➢ Aula 03 A evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. Política Externa
Brasileira: 1946 1985 (Parte 1); domínio e fundamentação teórica para questões
discursivas.

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➢ Aula 04 A evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. Política Externa
Brasileira: 1946 1985 (Parte 2); domínio e fundamentação teórica para questões
discursivas.
➢ Aula 05 A evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. Política Externa
Brasileira: 1985 2016 (Parte 1); domínio e fundamentação teórica para questões
discursivas.
➢ Aula 06 A evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. Política Externa
Brasileira: 1985 2016 (Parte 2); domínio e fundamentação teórica para questões
discursivas.
• Módulo 03: Relações Bilaterais do Brasil
➢ Aula 07 O Brasil e a América do Sul
▪ Integração na América do Sul;
▪ O MERCOSUL: origens do processo de integração no Cone Sul;
▪ Objetivos, características e estágio atual de integração;
▪ Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA);
▪ A União Sul-Americana de Nações: objetivos e estrutura;
▪ O Conselho de Defesa da América do Sul; outras iniciativas.
➢ Aula 08 A política externa argentina: a Argentina e o Brasil.
➢ Aula 09 A política externa norte-americana e relações com o Brasil.
➢ Aula 10 Relações do Brasil com os demais países do hemisfério e relações do Brasil
com a Europa:
▪ A União Europeia e o Brasil;
▪ Política externa alemã e relações com o Brasil;
▪ Política externa francesa e relações com o Brasil;
▪ Política externa inglesa e relações com o Brasil.
➢ Aula 11 Relações do Brasil com a África.
➢ Aula 12 Relações do Brasil com os BRICs e com a Ásia.
➢ Aula 13 Relações do Brasil com o Oriente Médio: a questão palestina; Israel; Iraque;
Irã; Síria.
➢ Aula 14 Relações do Brasil com Portugal e a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa.

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• Módulo 04: Temas e Agendas das Relações Internacionais do Brasil


➢ Aula 15 Sistema ONU Origens e Carta da ONU.
➢ Aula 16 Sistema ONU Evolução e Reforma.
➢ Aula 17 Sistema ONU O Brasil e as Nações Unidas.
➢ Aula 18 Temas e Agendas das Relações Internacionais do Brasil: diretrizes
tradicionais e novos temas.
➢ Aula 19 O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as Conferências
Internacionais; os órgãos multilaterais. O Brasil e o sistema interamericano.
➢ Aula 20 Desenvolvimento sustentável; pobreza e ações de combate à fome.
➢ Aula 21 Meio ambiente e direitos humanos.
➢ Aula 22 Sistema Multilateral de Comércio; Mecanismos Inter-Regionais; comércio
internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC); sistema financeiro
internacional.
➢ Aula 23 Segurança internacional; desarmamento e não proliferação; terrorismo;
narcotráfico; a dimensão da segurança na política exterior do Brasil.
➢ Aula 24 O Brasil e a Cooperação Sul-Sul. O Brasil e as coalizões internacionais: o G-
20, o IBAS e os BRICs. O Brasil e a formação dos blocos econômicos.
➢ Aula 25 Novos temas.
• Módulo 05: Revisão
➢ Aula 26 Aula ao vivo com revisão final.

Primeiramente, temos que entender exatamente o que significa política internacional para o CACD,
porque esse é um tema muito amplo, que pode ter diversos significados. Para efeitos do CACD, existe
uma abordagem diferente da que estamos acostumados. Aqui, política internacional não é sinônimo
de relações internacionais, nem de grandes movimentações e interações entre os Estados.

O curso é dividido em quatro grandes áreas:

• Teorias das Relações Internacionais estudaremos vários corpos teóricos, várias tradições;

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• Política Externa Brasileira sob uma perspectiva analítica e teórica, identificaremos as


principais diretrizes e os grandes temas que, ao longo da história e principalmente após a
Segunda Guerra Mundial, animaram a política externa brasileira;
• Relações bilaterais do Brasil e Integração Regional veremos não apenas os parceiros mais
tradicionais, como Estados Unidos e Argentina, ou os grandes parceiros comerciais, como a
China e os demais países dos BRICs, mas todos os países com que o Brasil tem um
relacionamento significativo;
• Temas e agendas internacionais abordaremos as questões de atualidades e as questões que
historicamente têm definido as pautas e as agendas do Itamaraty.

A Aula 00 é mais focada nos conceitos básicos e nas principais teorias, e veremos quais destas têm
sido cobradas no concurso teoria realista, teoria liberal, e seus derivados, e a teoria construtivista ,
assim como a teoria da chamada escola inglesa. Além dessas, vamos estudar outras escolas que têm
caído na prova em anos recentes. Na última prova, por exemplo, foi cobrada a escola de Copenhague,
que é uma escola desconhecida principalmente para quem não é da área de Relações Internacionais.

Também já houve uma questão sobre o Realismo Periférico, de Carlos Escudé, que tradicionalmente
não tem caído, por ser uma teoria quase circunscrita apenas à Argentina. Porém, pelos seus
pressupostos, ela está alinhada com a diretriz que o novo chanceler e o novo governo têm dado para
a política externa brasileira. Na Aula 01, veremos os principais marcos e debates teóricos,
basicamente a evolução de cada teoria onde surgiu, por que surgiu.

No módulo de Política Externa Brasileira (Módulo 02), a Aula 02 tem uma abordagem teórica, em que
veremos os princípios e as diretrizes da política externa brasileira, o que vai nos ajudar a ter todo o
domínio e a fundamentação teórica, tanto para as questões objetivas quanto para as questões
discursivas.

Nas aulas 03 e 04, veremos a evolução, desde 1945, da ordem que emerge após a Guerra Fria, após
o colapso do sistema bipolar. Veremos as principais vertentes, as linhas de ação, e como cada
governo delimitou suas políticas externas. Nós vamos ver que existem certos temas recorrentes. Esse
conhecimento histórico é sempre importante também para você fundamentar as questões
discursivas.

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Na Aula 05 e na Aula 06, veremos, de 1985 aos dias de hoje, quais foram os temas mais recentes,
desde a democratização, a Nova República, os governos mais recentes, chegando até o governo
Temer.

Já nas relações bilaterais do Brasil (Módulo 03), a Aula 07 será apenas sobre as relações do Brasil com
todos os parceiros da América do Sul. Veremos os debates de integração na América do Sul, o
MERCOSUL, que é muito importante para o Brasil, e o Cone Sul, de modo geral, além de outros itens.

Na Aula 08, daremos enfoque às relações entre Argentina e Brasil: porque a Argentina é um parceiro
importante, tanto em relação às tensões regionais, às disputas regionais, quanto em relação à
cooperação, à colaboração entre os dois atores. Para isso, temos que conhecer as diretrizes da
política externa brasileira e um pouco, também, a Teoria do Realismo Periférico, que foi a teoria que
determinou mais ou menos as diretrizes do governo Menem.

Na Aula 09, a mesma atenção especial vai ser dada à política externa norte-americana, pois os
Estados Unidos são a grande potência internacional, que vêm se destacando já desde o pós-Segunda
Guerra Mundial. Temos que entender a política externa norte-americana, as principais diretrizes;
qual foi, historicamente, o relacionamento do Brasil com os Estados Unidos, e qual é a posição do
Brasil em relação aos Estados Unidos atualmente. Novos debates devem refletir de alguma forma no
conteúdo da prova, como as políticas migratórias que estão sendo adotadas por Donald Trump.

Na Aula 10, temos as relações do Brasil com os demais países do hemisfério ocidental e com a Europa.
Veremos a relação do Brasil com a União Europeia, e um acordo comercial que está sendo negociado
entre o MERCOSUL e a União Europeia. Outro tema provável de cair na prova é sobre o ministro José
Serra, na área comercial. Na União Europeia veremos as relações com cada país e também como os
temas atuais como o Brexit, as eleições na Alemanha e na França e o referendo italiano vão
impactar essas relações. Além disso, estudaremos a política externa alemã, como ela tem sido
conduzida, e as relações da Alemanha com o Brasil. A Alemanha é um importante parceiro político,
econômico e comercial do Brasil desde as duas guerras mundiais. Também veremos a política externa
francesa e, por fim, a política externa inglesa.

Na Aula 11, veremos as relações do Brasil com a África, que nos últimos anos recebeu uma grande
atenção, devido à diretriz que era adotada pelo Ministério das Relações Exteriores de priorizar as
relações sul sul e também um certo trabalho que vinha sendo feito pelo Ministério no continente

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africano, uma série de parcerias, inclusive do Instituto Rio Branco, da FUNAG, na formação de
diplomatas africanos. Além disso, a África tem tradicionalmente vínculos históricos e culturais com o
Brasil e nunca vai sair do foco.

Nas relações do Brasil com os BRICs (Aula 12), a Rússia volta à cena com a emergência de Trump nos
Estados Unidos. Rússia, Índia e China são países importantíssimos. Nós veremos qual a importância
dos BRICs e de que modo o Brasil tem se posicionado nos últimos anos em relação ao bloco. Também
veremos a Ásia de modo geral, sobretudo os países do Leste Asiático, mas também o Sul Asiático,
enfim, os grandes parceiros comerciais e políticos do Brasil de um lado a China, que está nos dois
grupos, e do outro lado alguns dos Tigres Asiáticos.

Na Aula 13, veremos as relações do Brasil com o Oriente Médio, sempre um tema complexo e difícil,
sobre o qual existem muitas discussões e sempre ocorrem novos fatos. Veremos a polêmica que
existe entre Palestina e Israel, a posição do Brasil e dos principais atores internacionais em relação a
isso. Esse tema está em voga desde 2011 com a Primavera Árabe, com a guerra civil que tem ocorrido,
com o conflito entre as forças rebeldes e Assad. Sobre o Irã, veremos o acordo nuclear que foi feito
durante a gestão do governo Obama, nos Estados Unidos, junto com outras potências ocidentais, e
que agora talvez seja revertido.

Na Aula 14, temos as relações do Brasil com Portugal, e voltaremos às nossas raízes lusas para
entender de que modo Brasil e Portugal se relacionam no cenário de hoje e vêm se relacionando
desde 1945 e também com a comunidade dos países de língua portuguesa, que é um bloco baseado
mais no idioma, mas que tem tentado se articular.

O Módulo 04 é sobre temas e agendas das relações internacionais. O Sistema ONU vai receber muita
atenção, uma vez que o Brasil tem tendência a usar o Sistema ONU como principal meio para realizar
sua política externa, pois ele valoriza o multilateralismo. Veremos, na Aula 15, as origens da ONU,
quais foram os acontecimentos que suscitaram sua criação, como após a Segunda Guerra Mundial e
as preocupações com a devastação causada não só no continente europeu, mas em outros do globo
terrestre.

Na Aula 16, veremos a evolução e a reforma da ONU. A ONU que surgiu no pós-Segunda Guerra
Mundial é muito diferente da ONU que existe hoje. Houve uma mudança não só dos temas, das
agendas e dos propósitos, mas também dos atores. Vamos analisar, em um contexto de mudança no

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Sistema Internacional, de que modo os principais países emergentes, dentre os quais o Brasil, a China
e alguns países que ganham força novamente, como o Japão e a Rússia, que é um dos grandes líderes
e tem um assento no Conselho de Segurança, têm algumas críticas ao Sistema ONU. Vamos tentar
entender quais são as discussões, as propostas de reforma e como o Brasil se relaciona com isso, já
que ele tem uma pauta reformista bastante abrangente também.

Na Aula 17, vamos focar nas relações históricas do Brasil com as Nações Unidas. Veremos toda a
estrutura do Sistema, com uma ênfase especial em três órgãos: Conselho de Direitos Humanos,
Conselho de Segurança e Assembleia Geral. Nesta, dizem que o Brasil abre, todo ano, discursos como
prêmio de consolação por não ter um assento no Conselho de Segurança.

Na Aula 18, veremos quais são os temas e as agendas que o Brasil tem priorizado nas suas relações
internacionais, o que ele tem buscado defender no âmbito da ONU e no âmbito de outras
organizações internacionais.

Na Aula 19, veremos o multilateralismo, que é uma das diretrizes do Brasil, e todas as conferências
internacionais, os órgãos multilaterais, e entender o sistema interamericano. Vamos entender o
papel do MERCOSUL e de uma série de organizações e movimentos de tentativas de integração
regional, seus avanços e propostas.

Na Aula 20, já temos uma ideia de quais são algumas das agendas da política externa brasileira.
Temos o desenvolvimento sustentável, a pobreza, as ações de combate à fome, temas que têm
pautado a estratégia diplomática brasileira.

A Aula 21 é específica sobre direitos humanos e meio ambiente, que também são temas
importantíssimos dentro dessa agenda do Brasil e que vêm recebendo cada vez mais relevância,
tanto para a política externa brasileira quanto para o Sistema Internacional como um todo. Veremos
uma série de debates que são suscitados pelas questões humanitárias, sobre tudo que está sendo
envolvido pelas mudanças que estão ocorrendo no globo. Há o questionamento, por exemplo, do
consenso político atual sobre as questões climáticas, sobre o meio ambiente, sobre o aquecimento
global. Enfim, questões que devem estar muito em voga, como as mudanças em relação às questões
energéticas nos Estados Unidos, e que vão afetar evidentemente os outros atores, porque isso gera
vantagens econômicas e comerciais para os Estados Unidos. Os outros atores devem reagir a isso,
cortando, talvez, essas regulações ou então, se adotarem uma posição mais ideológica, tentando

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reafirmar a importância desses sistemas, deixando de lado um pouco seus próprios interesses
comerciais e econômicos.

Na Aula 22, estudaremos o Sistema Multilateral de Comércio, organizações como a OMC. Vamos
entender os mecanismos inter-regionais, o papel do MERCOSUL no âmbito comercial, o comércio
internacional como um todo. Veremos o sistema financeiro internacional, Bretton Woods e uma série
de outros temas importantes para que você entenda e tenha uma visão geral da Ordem
Internacional, da arena onde o Brasil e os demais Estados atuam em suas relações internacionais.

Na Aula 23, veremos questões de segurança internacional, um tema muito importante, porque nos
últimos dois anos, um dos professores que elaborou as questões da prova é especialista em
Segurança Internacional, o professor Antonio Jorge. Além disso, uma das pautas da política externa
brasileira é o desarmamento e não proliferação. O terrorismo é outro tema que está sempre em
voga, pelo menos desde 2001, e continua recebendo atenção. No caso do Brasil e da América Latina,
temos também o narcotráfico, que é outro tema de bastante relevância. Recentemente houve a
negociação entre o governo colombiano e as FARC, o plebiscito que foi realizado lá e toda a polêmica
em torno disso, o que pode de algum modo afetar a decisão dos elaboradores das questões. Também
temos que entender qual é a dimensão da segurança em geral e da segurança internacional como
um todo na política externa brasileira, qual posição o Brasil tem adotado historicamente, quais são
as diretrizes e os princípios que costumam estar presentes na política externa brasileira.

Na Aula 24, veremos o tema de Cooperação Sul-Sul, as coalizões internacionais, o G-20, o IBAS, os
BRICs e também a postura do Brasil em relação à formação de blocos econômicos. O chanceler José
Serra tem comentado em seus discursos, por exemplo, sobre a Parceria Transpacífico (TPP), que
agora é tema de debate novamente com a saída dos Estados Unidos. Existem também outros mega-
acordos desse tipo que podem influenciar de algum modo as negociações que estão sendo feitas
entre União Europeia e MERCOSUL, por exemplo o acordo entre os Estados Unidos e a Europa, sobre
o qual Trump ainda não se manifestou.

A Aula 25 é um pouco aberta, nela nós vamos ver todos os temas da atualidade, temas que estão
emergindo e estão no centro do debate. Também vamos ver alguns temas com grande probabilidade
de cair na prova, olhando para o histórico da prova, porque ela é bem estável, há temas que sempre
caem. No ano passado, por exemplo, uma das questões dissertativas era sobre as relações sino-

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japonesas, ou seja, as relações do Japão com a China, e muita gente foi pega de surpresa porque
estava com aquela ideia fixa dos temas tradicionais e não estava olhando para o que estava
acontecendo no mundo. Essa questão me pareceu bastante óbvia devido a todos os conflitos que
estão ocorrendo em torno do mar do Sul da China, a reação do Japão, que é um forte aliado do Brasil
e de alguns outros países que querem reformar o Conselho de Segurança. A China já tem um assento
no Conselho de Segurança e tem o poder de vetar os novos membros e vetar, inclusive, a reforma do
Conselho de Segurança e não seria interessante para a China, por exemplo, permitir que o Japão
consiga que essa reforma seja realizada e garanta um assento.

Por fim, no Módulo 05, na Aula 26, nós teremos uma aula de revisão, mais próxima da prova para
que vocês possam ter o conteúdo fresco na cabeça.

Agora entrando propriamente no conteúdo, temos algumas fontes que são importantes e serão
utilizadas com frequência.

Política Internacional Fontes Oficiais

• Documentos do MRE: material disponível no site oficial do Itamaraty, como discursos, notas
à imprensa, declarações conjuntas e demais comunicados. É a visão do Itamaraty sobre os
grandes temas; por exemplo, notas sobre a construção do muro na fronteira entre os Estados
Unidos e o México, que mostra, de forma clara, a visão do Brasil em relação àquilo;
declarações conjuntas, que são feitas normalmente após reuniões entre o Brasil e algum
parceiro bilateral.
• Acordos internacionais: principais acordos, tratados, convenções e resoluções da ONU (com
ênfase na Assembleia Geral, no Conselho de Direitos Humanos e no Conselho de Segurança).
• Redes sociais do MRE: temas que estão recebendo maior atenção pelo Ministério atualmente.

Mesmo que você não concorde com o Ministério das Relações Exteriores, é importante compreender
o posicionamento e a visão do Brasil em relação a todos os temas atuais. Também é necessário ter
familiaridade com a letra da lei, dos principais acordos internacionais, por exemplo, os tratados, as
convenções, as resoluções e a carta da ONU.

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Política Internacional Fontes Jornalísticas

• Internacional:
➢ Stratfor é um site mais de análise, tem conteúdo pago e gratuito.
➢ Foreign Affairs é um periódico do Council on Foreign Relations, um dos grandes think
tanks de Relações Internacionais, um dos grandes atores internos que determinam a
política externa não só dos Estados Unidos como de outros países. Esse periódico não
tem dado uma atenção tão grande para a política externa brasileira, mas tem um
grande papel influenciando o pensamento dos nossos diplomatas. Já houve debates
sobre o Brasil, sobre os BRICs e sobre outros temas concernentes à nossa política
externa. Presidentes brasileiros já publicaram artigos nessa revista, como o Jânio
Quadros, que apresentou as diretrizes da sua política externa.
➢ Foreign Policy tem um caráter acadêmico e analítico, de tentar influenciar os rumos
das relações internacionais e da política externa de vários países.
➢ Spectator diverge um pouco da visão dos outros veículos.
➢ etc.
• Nacional:
➢ Senso Incomum site com viés mais conservador, destoando do restante da mídia,
apresenta opiniões contrastantes com o Ministério das Relações Exteriores.
➢ Xadrez Verbal é um podcast que tem uma linha diferente do Senso Incomum, mas
também é uma boa fonte de informação. Tem convidados da área de Relações
Internacionais que explicam conceitos em uma linguagem que o público leigo possa
compreender.
➢ Oliver Stuenkel e Matias Spektor dois articulistas da nova geração de estudiosos das
Relações Internacionais no Brasil que têm presença na mídia.
➢ Embaixador Rubens Barbosa tem uma visão próxima do atual governo e do atual
chanceler. Publica artigos bastante detalhados e densos, que dão uma noção e, talvez,
as justificativas, diretrizes e opiniões da posição e das políticas adotadas pelo novo
governo. Vale a pena acompanhar suas colunas no Estado de S. Paulo.
• Atenção: tomar muito cuidado com fontes jornalísticas, pois mesmo os grandes veículos são
formados por ideologias que não são necessariamente as do governo.

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Política Internacional Fontes Acadêmicas

• Bibliografia básica do curso:


➢ Nogueira, João Pontes & Messari, Nizar. Teoria das Relações Internacionais
Correntes e Debates. Rio de Janeiro, Elsevier, 2005 é o livro que eu prefiro e parece
que a banca também prefere para fazer as questões sobre Teoria das Relações
Internacionais.
➢ Burchill et al. Theories of International Relations. London, Palgrave, 2005 é o meu
livro preferido de Teoria das Relações Internacionais pela riqueza da abordagem e
pelo nível de detalhe. ==bf80b==

➢ Cervo, Amado & Bueno, Clodoaldo. História da Política Exterior do Brasil. Brasília,
Editora UnB, 2002 é um livro essencial sobre política externa que tem influenciado
historicamente o Itamaraty e o Instituto Rio Branco.
➢ Weiss, Thomas et al. The United Nations and Changing World Politics. Third Edition,
Westview Press, 2001 é um livro central que apresenta de forma muito detalhada
todo o Sistema ONU, a evolução, os debates que têm sido feitos e a busca de uma
reforma dentro dessa organização internacional que é a principal e a mais importante.
➢ Herz, Mônica & Hoffmann, Andrea. Organizações Internacionais, História e Práticas.
Rio de Janeiro, Elsevier, 2004 é também um livro interessante porque complementa
o livro do Thomas Weiss. Tem uma abordagem um pouco mais abrangente, não se
limita à ONU, fala sobre outras organizações internacionais e tem algumas questões
teóricas sobre o papel dessas organizações nas Relações Internacionais e também
uma visão sobre o posicionamento do Brasil em relação a isso.
➢ Seitenfus, Ricardo. Manual das Organizações Internacionais. Porto Alegre, Livraria do
Advogado Ed., 2005.
• Bibliografia específica de cada aula.
• Periódicos que costumam influenciar o MRE:
➢ RBPI Revista Brasileira de Política Internacional.
➢ Política Externa.
➢ Foreign Affairs.

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• Think Tanks:
➢ CFR Council on Foreign Relations.
➢ IBRI publica a Revista Brasileira de Política Internacional.
➢ CEBRI.
➢ NUPRI.

Banca de Política Internacional do CACD

Professores responsáveis pela prova de PI em 2016:

• Embaixador Tarcísio Costa


➢ Atual diretor do Departamento de América do Sul Setentrional e Ocidental;
➢ Professor de Pensamento Diplomático Brasileiro no IRBr;
➢ Mestre e PhD em Teoria Política (Cambridge).
• Professor Antonio Jorge
➢ Especialidade: Segurança Internacional, Defesa Nacional e Política Externa dos
Estados Unidos;
➢ Livro: Relações Internacionais: Teorias e Agendas;
➢ Foi diretor do Instituto Pandiá Calógeras e tem uma aproximação com os temas de
defesa na Unasul.

Teoria das Relações Internacionais

Definição

A rias das Relações Internacionais têm a finalidade de formular métodos e


conceitos que permitam compreender a natureza e o funcionamento do Sistema
Internacional, bem como explicar os fenômenos mais importantes que moldam a
política mundial. M N ueira)

De modo bastante abrangente, relações internacionais são todas as relações entre os atores
internacionais e para entender o conceito de atores internacionais, precisamos justamente das
teorias. Existe uma divergência entre as tradições teóricas sobre o que é um ator e sobre o que não
é um ator, então existem diferentes ênfases e diferentes abordagens.

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Na definição de Teoria das Relações Internacionais, temos métodos e conceitos. O primeiro se refere
à ideia de saber a metodologia correta, ou seja, a abordagem correta para estudar o objeto. É uma
questão de epistemologia, de filosofia da ciência e um debate até metateórico. Por sua vez, os
conceitos se referem aos principais conceitos de cada teoria. Por exemplo, o que é um ator; o que
constitui e caracteriza o Sistema Internacional; como se dão as relações internacionais; qual é a lógica
por trás dessas relações; e as ações e escolhas de cada um dos atores, com ênfase tanto em Estados
quanto em organizações internacionais e outros atores, dependendo da teoria.

A definição do Messari e do Nogueira, que são os autores do primeiro livro da recomendação da


bibliografia básica, é bem resumida, mas é uma definição que dá uma noção do que nós vamos
encontrar nessa questão teórica das Relações Internacionais.

Principais Conceitos
Sistema Internacional é um conceito-chave sobre o qual há um consenso de que ele é anárquico.
Anarquia aqui não significa caos ou desordem, mas apenas que não existe uma autoridade acima dos
Estados. Entretanto, existem diversas tentativas de criar uma ordem internacional para restringir as
ações dos Estados, como alguns teóricos que falam sobre a criação de um governo mundial, ou sobre
mecanismos de governança global para restringir tanto quanto possível o que eles consideram um
elemento de conflito entre os atores internacionais, principalmente os Estados nacionais.

O fato é que anarquia é o estado de natureza do Sistema Internacional, de uma forma análoga à
situação descrita por Thomas Hobbes o estado de natureza, que é o estado anterior ao contrato
social e à emergência do Estado. É caracterizado por um estado de guerra de todos contra todos, em

tentando sobreviver e, ao mesmo tempo, aumentar o seu poder e os seus ganhos. Isso gera um
conflito, que leva à tendência de conflito generalizado.

Cada teoria enxerga isso de modo diferente. No caso do Construtivismo, há uma abordagem
interessante, que fala de culturas do conceito anárquico, então tem essa cultura hobbesiana, que é
a principal e está mais relacionada com o Realismo. A estrutura e cultura kantiana, ou talvez antes
lockiana, está mais próxima ao Liberalismo e tem uma visão diferente da do Locke de que há de fato
uma concorrência e competição mais diferente do estado de natureza do Hobbes. Há uma
concorrência similar àquela que ocorre no mercado, então acontecem disputas que não

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necessariamente levarão sempre ao conflito. Este pode ser mitigado, a cooperação é uma saída que
sempre será favorável, benéfica e preferível. Existe também o conceito kantiano, que é o conceito
da cooperação e da ideia de ordem. No livro do Kant A Paz Perpétua, há a ideia de que é possível
criar uma ordem e uma sociedade internacional que seja regrada e tenha até o caráter de um
governo, então que possa ordenar o sistema anárquico.

Outra característica bastante interessante que distingue as abordagens teóricas é que o sistema
anárquico, no caso do Realismo, é inerente ao sistema, é inevitável e inescapável. Não há meios de
impor uma ordem definida, porque os Estados são soberanos e, por definição, pela busca pela
sobrevivência, não pode haver nenhum tipo de autoridade acima deles. Os Estados só vão, mesmo
com os organismos internacionais, observar as regras quando elas estão de acordo com os interesses
nacionais e quando eles estão de acordo com a busca pelo poder e pela sobrevivência.

Então, para o Realismo, a anarquia é inerente e inevitável; para o Liberalismo, a anarquia também é
algo quase inevitável, mas também tem a ideia de que se pode mitigá-la por meio da cooperação e
por meio do fomento de certas ideias e valores. Temos, por exemplo, a importância da democracia
e do comércio, já que os liberais costumam subscrever as teorias de que países que comercializam
uns com os outros ou que possuem regimes democráticos não entram em conflito uns com os outros.
Eles dizem que duas democracias não entram em conflito e tendem a defender que não se encontram
exemplos históricos nem atuais de conflitos entre dois Estados que são governados por regimes
democráticos. E também que o comércio entre dois países dificulta e provavelmente até acaba com
as chances de que ocorra um conflito, então essa é uma abordagem diferente da abordagem realista.

Por fim o Construtivismo, que tem uma análise bastante interessante do conceito de anarquia, pois
se baseia nas teorias como a de Piaget e de Wittgenstein, que tem tanto uma base sociológica quanto
uma base linguística, de que os conceitos e os objetos das ciências, sobretudo das Ciências Sociais,
não podem ser naturalizados porque eles são construídos socialmente, numa interação entre os
atores e inclusive com os conceitos que são elaborados. A teoria tem um papel importante, porque
ela própria acaba influenciando a realidade e delimitando o modo como esta é enxergada e, de algum
modo, como é construída.

Portanto, para eles, o conceito de anarquia no Sistema Internacional é um sistema construído, para
usar a palavra do Alexander Wendt, que é o principal teórico dessa escola. A anarquia é aquilo que

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os Estados fazem dela, é fruto da interação entre os Estados, de escolha entre os Estados, de
ideologias etc. O Sistema Internacional é a arena onde ocorrem as interações, as relações
internacionais. Os Estados nacionais são atores que têm um certo destaque, mas algumas teorias já
incluem também como atores internacionais organizações internacionais, ONGs, organizações
criminais, empresas, organizações terroristas, igrejas, instituições religiosas.

Dentro do Sistema Internacional, dependendo da teoria, nós veremos que existem diferentes visões
e abordagens também dos elementos constitutivos do Sistema Internacional, ou seja, das forças que
existem que impactam a ação dos Estados. Existe a ideia de forças profundas, que nós não veremos
muito em detalhe, mas para dar uma ideia, por exemplo, são os fatores demográficos, geográficos e
econômicos que fazem parte desse Sistema Internacional e que afetam tanto as relações bilaterais
quanto as relações multilaterais.

Soberania Estatal é um conceito mais conhecido, eu imagino que você tenha uma noção pelo menos
vaga do que seja. Aqui não nos interessa tanto o conceito jurídico de soberania estatal, embora ele
seja utilizado e seja cada vez mais parte dessas teorias, mas vamos ver que também existe uma
pequena divergência. Alguns adotam a definição puramente jurídica, ou seja, é preciso cumprir todos
aqueles critérios da definição jurídica de soberania estatal, e outros adotam uma definição mais
política, ou seja, tentar distinguir entre uma soberania de júri, no caso por direito, e uma soberania
de fato.

Então, uma das noções de soberania é a dos realistas, que falam de Estados que, embora não sejam
reconhecidos por outros Estados como um Estado soberano, mas que possuem um controle de fato
sobre um determinado território e não há nenhuma disputa desse status de dominador sobre aquele
território. Outro conceito, mais próprio das Relações Internacionais e da Ciência Política, é o de que
soberania é o uso legítimo da força, mas de forma centrada na mão de uma autoridade ou de uma
unidade, ou seja, daquilo que chamamos Estado. No caso do Brasil, por exemplo, o uso legítimo da
força só pode ser utilizado pelo Estado brasileiro, que é soberano. Temos, por exemplo, a força de
polícia, as Forças Armadas, enfim, uma série de elementos que ajudam a reforçar o controle do nosso
território e que permitem que o Estado tenha o monopólio do uso legítimo da força.

O fato de os Estados serem soberanos sempre aparece nas teorias, seja para dizer, como no caso do
Realismo e do Liberalismo, que eles são os principais atores ou que possuem determinadas

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características. No caso do Realismo, por exemplo, os Estados são como se fossem bolas de bilhar,
são unidades fechadas, pouco importa o que está se passando na política interna, porque quando o
Estado vai para a ação externa (internacional), aquilo pouco influencia. No Liberalismo, existe uma
visão diferente, de que a política interna, inclusive o elemento democrático, pode influenciar a forma
como a política externa é feita, então o conceito de soberania é importante. Voltaremos a esses
conceitos com mais profundidade depois, conforme formos vendo cada teoria e cada tradição
teórica.

Atores internacionais, como eu já falei, são os agentes, as unidades, os sujeitos que possuem
capacidade de ação. Mas atenção com a palavra sujeitos, pois ela pode ser um conceito do Direito
Internacional Público ou um conceito político. Aqui interessa saber quem tem capacidade de agir no
âmbito internacional, quem pode influenciar e se relacionar com outros entes.

Quando você olha, por exemplo, o nome da disciplina, Teoria das Relações Internacionais,
internacionais aponta para as relações entre nações, mas hoje existem escolas que desafiam essa
noção de que essas relações ocorrem apenas entre nações. Alguns indivíduos também influenciam
as relações internacionais, como, por exemplo, George Soros, ou grupos de bilionários, fundações
internacionais financiadas por bilionários, ou mesmo organismos internacionais, instituições como a
Igreja Católica, que têm a capacidade de influenciar e que não podem ser corretamente definidos
como um Estado.

Os níveis de análise são diferentes abordagens usadas para compreender um determinado assunto
dependendo do momento e do objeto. Temos a análise global, em que interessa analisar todo o
Sistema Internacional, sua estrutura, as forças e os elementos que influenciam a política externa dos
países e a interação entre esses Estados no âmbito das relações internacionais. Para compreender,
por exemplo, o comportamento de um determinado Estado, você adota um nível estatal; para
compreender relações bilaterais de uma determinada região, você adota o regional.

Diferença entre Sistema Internacional e Ordem Internacional


É comum confundir Sistema Internacional com Ordem Internacional. Sistema Internacional é
conceito político, que não leva tanto em consideração o fator jurídico. Ordem Internacional é
conceito jurídico.

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O Sistema Internacional tem uma lógica do poder, então sempre leva em conta as relações de poder,
as disputas pelo poder, a cooperação, enfim, aquilo que ocorre no âmbito da disputa pelo poder, na
cooperação entre os atores, mas sempre tendo em vista elementos factuais e não elementos
normativos, que é o que aparece com mais ênfase na Ordem Internacional.

No Sistema Internacional, temos o conceito de balança de poder, por exemplo, que é um dos
conceitos mais centrais e mais antigos das Relações Internacionais. E também o sistema multipolar,
bipolar e unipolar, enfim, uma variedade de arranjos que fazem parte dessa ideia de balança de
poder, que é calcular e equalizar as forças que estão em jogo.

Temos os atores internacionais, que, como vimos, são diferentes de sujeitos internacionais, são
atores políticos que têm capacidade de agência e que podem agir na disputa pelo poder. O sujeito
de Direito Internacional aqui na verdade aparece mais como sujeito que pode adquirir tanto
obrigações quanto direitos no âmbito de Direito Internacional Público, então mais próximo ao
conceito tradicional de sujeito do Direito, mas com foco no âmbito internacional.

Os atores, então, são aqueles que podem agir na disputa de poder e importa muito pouco o elemento
normativo e jurídico. As suas obrigações e os seus deveres importam muito mais, aquilo que é feito
efetivamente nas disputas geopolíticas e pelo poder. Por exemplo, a ideia de que a guerra, não só a
guerra justa, que aparece principalmente dentro dessa ideia de Ordem Internacional, mas a guerra
como um todo é um recurso válido para os atores, porque em última instância eles são orientados
pela lógica da sobrevivência, da ampliação do seu poder. Então aqui interessa muito mais essa ideia
política do jogo de poder do que a ideia de deveres e obrigações que temos quando falamos em
sujeitos do Direito Internacional.

Também a lógica legal e normativa da Ordem Internacional ajuda a compreender muito bem como
uma coisa se relaciona com a outra, porque o Sistema Internacional é onde está se desenrolando a
realidade das relações internacionais, é onde se tem os principais movimentos, as principais relações
e acontecimentos livres de elementos normativos. Não se leva tanto em consideração fatores de
como essas relações devem ocorrer, mas simplesmente como elas ocorrem de fato.

Nessa lógica jurídica e normativa, temos um pouco a ideia de como essas relações devem se dar, a
ideia de tentar colocar normas para restringir as possibilidades de ação dos Estados que estão

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interagindo. De um lado, temos a realidade do que está ocorrendo, e do outro lado, temos o Direito
tentando lançar elementos normativos de como essa realidade deveria ocorrer.

É nesse âmbito mais normativo que temos a emergência de organizações internacionais, como a
ONU, os regimes internacionais que vão pautar uma série de assuntos, os organismos internacionais
e o próprio Direito Internacional, enfim, todos esses elementos normativos que vão tentar restringir
e normalizar.

Há uma polêmica que eu pretendo discutir mais tarde, que é a ideia de que muitas pessoas partem
do pressuposto de que ter essa normatividade e organização do Sistema Internacional é algo
necessariamente bom. Mas uma coisa que fica sempre fora desse debate é quem organiza, como
organiza, de onde estão vindo as principais diretrizes, e aí entra talvez um debate, que é a ideia do
globalismo.

O globalismo é uma tendência e um desejo de fortalecer tão intensamente os regimes internacionais


e as organizações internacionais que se tem o que é chamado de governança global. E dentro dessa
ideia de governança global, existe quase um governo mundial delimitando como os atores
internacionais, no caso principalmente os Estados, podem e devem agir.

No Sistema Internacional, temos o conceito de polaridade que está ligado à balança de poder ,
em que temos unipolaridade, bipolaridade e multipolaridade. Unipolaridade é ter um grande poder
hegemônico dominando todos os demais, quase como um império. Um grande exemplo disso é o
Império Romano, e em alguns casos há quem cite o Império Britânico, mas existe uma divergência
em torno disso.

Bipolaridade, cujo exemplo clássico é a Guerra Fria, entre União Soviética e Estados Unidos,
basicamente é como a balança de poder está sendo equilibrada por essas duas forças. Depois
veremos essas questões com mais detalhe também, sobre como a balança bipolar leva a um
equilíbrio ou não. Alguns teóricos dizem que esse equilíbrio é o melhor possível porque evita
conflitos, vai acontecer no máximo uma guerra fria, mas não guerras quentes de fato, que possam
levar à destruição total, ou uma guerra pelo menos generalizada do tipo que ocorreu na Primeira e
na Segunda Guerra Mundial.

Multipolaridade, cujo exemplo clássico é o pré-Primeira Guerra Mundial e também o período entre
a Primeira e a Segunda Guerra, é a ideia de várias potências, várias forças mais ou menos equalizadas

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em termos de poder, sem nenhum Estado com excedente de poder muito grande, que se sobressaia
aos demais. Então existe uma tendência ao conflito, como ocorreu na Primeira e na Segunda Guerra
Mundial, que é o que alguns teóricos defendem.

Então, para fazer a distinção quando estamos falando de Sistema Internacional e quando estamos
falando de política, usamos a expressão unipolar, bipolar, multipolar, e seus derivados. Temos o
conceito de uni e multipolar também, que é a ideia de que, por exemplo, embora os Estados Unidos
sejam insuperáveis no âmbito militar e comercial, já aparecem atores que vão fazendo frente. Então
há uma multipolaridade no âmbito internacional e uma unipolaridade no âmbito militar, ou o
contrário, uma unipolaridade no âmbito econômico e uma multipolaridade no âmbito militar. Por
b
hora o que você precisa saber é só que isso está ligado à ideia de política e não de direitos.

Na Ordem Internacional, há a ideia de lateralidade, que também segue os mesmos prefixos,


unilateralidade, bilateralidade e plurilateralidade, que tem a ver com, digamos assim, os meios em
que as regras e normas são estabelecidas.

Existe o costume, por exemplo, dos Estados, que pode ser definido tanto de modo unilateral, porque
a tradição de um Estado pode ter sido aceita de forma tácita, por outra. Pode-se ter a bilateralidade,
que seriam os acordos bilaterais, acordos de comércio, acordos militares, de cooperação militar e de
cooperação energética, e uma série de outras coisas. E a ideia de plurilateralidade, em que se tem as
instâncias plurilaterais, envolvendo vários Estados, vários sujeitos do Direito Internacional Público,
vários sujeitos da Ordem Internacional.

Há casos em que a maioria dos sujeitos ou todos os sujeitos reconhecidos por essa Ordem
Internacional estão envolvidos, como é o caso do sistema ONU; ou casos em que um grupo grande
de sujeitos estão envolvidos, que é a ideia do pluri.

Sistema Internacional Ordem Internacional


✓ Conceito político ✓ Conceito jurídico
✓ Lógica do poder ✓ Lógica legal-normativa
✓ Atores internacionais ✓ Sujeitos do Direito Internacional
✓ Polaridade (Uni/Bi/Multi) ✓ Lateralidade (Uni/Bi/Pluri)

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Vamos agora prestar atenção mais especificamente nas Teorias das Relações Internacionais. Vamos
começar por alguns dos principais elementos das Teorias das Relações Internacionais. A primeira
característica que chama a atenção é a diversidade de abordagens. Como vimos anteriormente, não
há uma única escola, uma única tradição teórica. Existem várias tradições, várias escolas. Vamos ver
alguns elementos que podem ajudar a distingui-las.

Variedade de abordagens teóricas


Existem teorias explanatórias e teorias constitutivas. Como você se lembra, nós falamos sobre o
Construtivismo. Ele parte do pressuposto de que as teorias influenciam também a realidade, ou seja,
as teorias influenciariam o objeto estudado.
f
Essa divisão (explanatórias e constitutivas) nos ajuda a lançar luz sobre essa ideia, porque fica mais
fácil perceber o contraste em relação a teorias como Realismo e Liberalismo, que são teorias
explanatórias, ou seja, têm por finalidade compreender a natureza das relações internacionais de
modo objetivo. A ideia não é, portanto, serem teorias com elementos normativos, embora, de acordo
com a minha visão e de vários críticos, o Liberalismo não se enquadre bem nessa categorização. Essa
é a classificação tradicional, porque ele tem o elemento positivista das ciências: a ideia, derivada das
Ciências Exatas, de que é possível compreender a natureza, nesse caso, a natureza das Relações
Internacionais. A ideia é a de que é possível identificar processos constantes, que se repetem, e, a
partir disso, realizar previsões, antecipar movimentos e acontecimentos. Então, tanto o Realismo
quanto o Liberalismo se enquadram na categoria das teorias explanatórias.

O foco, por enquanto, é apenas nestas três teorias: Realismo, Liberalismo e Construtivismo, que se
enquadra na categoria das teorias constitutivas.

• Teorias buscam explicar as leis da política internacional, os padrões recorrentes na interação


entre as nações e no comportamento dos Estados (Waltz);
• Teorias buscam explicar e prever o comportamento dos atores internacionais (Hollis e Smith, 1990);
• Teorias são tradições de pensamento sobre as relações entre Estados, com ênfase na disputa
pelo poder, a natureza do Sistema Internacional e a possibilidade da organização mundial
(Wight, 1991);
• T
(Butterfield e Wight, 1966);
• Teorias criticam as formas de dominação e as perspectivas socialmente construídas que são
utilizadas como ferramenta de domínio (Teoria Crítica).

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U A
M R E OM R E É
construtivista?

Se você ainda não sabe, vai aprender que o Ministério das Relações Exteriores não subscreve de
modo integral a nenhuma dessas teorias. Ele é orientado por conceitos de diversas tradições teóricas.

No que as teorias divergem?


• Objeto de estudo;
• Questões éticas;
• Atores dominantes;
8
• Relações dominantes;
• Epistemologia.

Objeto de estudo
Por incrível que pareça, não há um consenso sobre qual é o objeto de estudo das teorias das Relações
Internacionais. Algumas teorias tentam delimitar o espaço das relações internacionais apenas nas
relações de guerra e paz, nos conflitos, na disputa de poder como um todo. Outras teorias delimitam
o espaço das relações internacionais quase exclusivamente aos atores estatais, ignorando atores que
outras teorias afirmam serem relevantes.

Questões éticas
Qual é o papel da moral e ética no âmbito das Relações Internacionais? Novamente, há grande
divergência entre as teorias em relação a essa questão.

O Realismo, por exemplo, afirma que a política e a política internacional seguem uma lógica e uma
moral próprias. De acordo com essa visão, não é possível julgar um Estado da mesma forma que se
julgaria um indivíduo. A arena internacional segue uma moral diferente, a lógica do poder.

O Realismo remete às ideias de Maquiavel, que, como sabemos, não deixa de ter uma abordagem
ética, uma ideia de como as coisas devem ser. A filosofia de Maquiavel não traz exatamente uma
neutralidade moral, mas, sim, uma preferência por certos métodos utilitaristas com a finalidade de
maximizar os ganhos.

O Liberalismo traz alguns valores para as relações internacionais. Os valores democráticos são muito
importantes.

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O Construtivismo acredita que os valores são conceitos socialmente construídos que influenciam o
sistema das relações internacionais. As questões éticas, portanto, são centrais para o Construtivismo
e praticamente irrelevantes para o Realismo.

Atores dominantes
A teoria Realista dá ênfase quase exclusiva ao papel dos Estados nacionais. O Liberalismo inclui outros
atores, como organizações internacionais. Algumas pessoas incluem também indivíduos, instituições
religiosas.

Há, portanto, grande variação entre as teorias em relação aos principais atores relevantes para elas.

Relações dominantes 0
Para o Realismo, as relações dominantes são as relações de poder. Basicamente se dá no âmbito
militar, os chamados recursos duros. A ideia central do Realismo é do jogo de soma zero na disputa
por recursos escassos.

O Liberalismo lida muito mais com a ideia de cooperação entre os Estados. Para o Construtivismo, as
relações dominantes são determinadas pela interação entre os próprios agentes. Nada no
Construtivismo será perpétuo, inerente e perene, tudo será construído a partir dos contatos e das
relações entre os próprios atores e suas características.

Epistemologia
Como dissemos, as teorias se dividem em dois eixos principais. Existem as teorias explanatórias e as
constitutivas. Estas têm caráter mais normativo, e aquelas têm caráter explicativo.

Realismo

• Antecedentes: Tucídides (balança de poder), Maquiavel (moral própria), Hobbes (anarquia),


tragédia grega (ambição, medo, húbris)
• Tradição mais influente das Relações Internacionais
• Conceitos centrais:
➢ Estados soberanos são os atores essenciais;
➢ Busca permanente por sobrevivência, poder e hegemonia;
➢ Moral, valores e ideologia são irrelevantes;
➢ Jogo de soma zero;

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➢ Distinção entre política interna e externa;


➢ Dilema de segurança.

Estamos usando a expressão Realismo, que é um termo correto e pode inclusive ser usado na hora
da prova, mas Tradição Realista é mais rico porque expressa a ideia de que é formado por diferentes
vertentes.

Os antecedentes dessa tradição datam do historiador grego da Guerra do Peloponeso (Tucídides).


Nesse livro de Tucídides, surge a ideia de Balança do Poder, que é basicamente a forma como o poder
se equilibra no Sistema Internacional dentro de uma determinada região ou, mais amplamente, no
Sistema Internacional de modo geral, como um bsistema global.

Outro antecedente do Realismo é Maquiavel, que contribuiu com a ideia de que existe uma moral
própria, uma lógica própria da política internacional. Outro nome que pode entrar aqui é o de Weber,
que você provavelmente conhece das aulas de Sociologia. Ele traz a ideia da distinção entre uma
ética de princípios ou seja, uma ética moralista que tem como base princípios fixos, gerais e
abstratos e uma ética de responsabilidade e de consequências. Ou seja, o guia não são os princípios
que podem levar a um certo idealismo, mas um cálculo estratégico feito momento a momento,
situação a situação. Essa é uma ideia do Realismo, que os Estados não devem se guiar sempre pelo
ideal da paz, pelo ideal do comércio internacional, pelo ideal da democracia. Uma das grandes críticas
da Escola Realista à Escola Liberal (chamada de Escola Idealista pelos Realistas) é a tendência da
Escola Liberal de idealizar a paz.

Esses debates começam a surgir de forma mais acentuada durante o período entre guerras. Após a
Primeira Guerra Mundial e o começo da Segunda Guerra Mundial, a crítica é justamente essa. A ideia
de que a Alemanha pôde se tornar um poder expansionista foi justamente o ideal de políticos como
o primeiro ministro britânico Chamberlain, que tinha um ideal de paz absoluto e abstrato que não o
O
Chamberlain foi Winston Churchil, que pode ser considerado um realista. Churchil, um conservador,
fez uma aliança com Stalin, um extremista totalitário. Ambos tinham uma visão realista das relações
internacionais, não uma visão baseada em princípios morais. Eles entenderam que a forma de parar
um poder expansionista e assegurar sua sobrevivência era justamente adotando medidas que, talvez
no âmbito da moral privada, pudessem ser condenadas, como a guerra, o conflito.

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Outro pensador com influência no pensamento realista é Hobbes, com o conceito de anarquia, que
defende que essa é a principal característica do Sistema Internacional. Essa situação á análoga àquela
situação que Hobbes chama de estado de natureza, ou seja, uma situação em que não há um poder
que se sobressai aos demais. No âmbito interno, existe governo, um Estado que pode mediar as
relações e os conflitos, tanto na esfera judicial quanto por vias armadas, já que o Estado tem o
monopólio do uso legítimo da força. O Sistema Internacional não dispõe de um governo mundial. O
Sistema Internacional seria análogo a uma sociedade hipotética anterior ao surgimento do Estado,
em que todos os atores estão preocupados em garantir sua segurança e desconfiam uns dos outros.

Outro antecedente é a Tragédia Grega, que traz as ideias de ambição, medo, húbris, que é a busca
desenfreada pelo poder e leva a um grande desastre, um grande conflito para o herói ou o
personagem principal da tragédia. Isso tudo demonstra por que a visão central do Realismo Clássico
é pessimista: a ideia de que as relações internacionais têm como norma a guerra e o conflito, que
seriam inevitáveis. A ânsia pela honra e pela glória e a ambição acabam levando ao húbris.

Os principais pressupostos do Realismo são a anarquia internacional, Sistema Internacional


conflitivo, Centralidade do Estado, Sobrevivência, Jogo de Poder, desconfiança e autoajuda (a ideia
de que não se pode confiar sua segurança a outro Estado), cooperação (dentro da lógica de poder
algo pontual e não permanente, de acordo com os interesses).

Fique atento, pois já caíram questões que afirmam que o Realismo exclui a ideia de cooperação, o
que é falso. O Realismo permite a ideia de cooperação, desde que seja algo alinhado aos interesses
dos atores, nada permanente.

Principais variações do Realismo


• Realismo Clássico:
➢ Carr;
➢ Morgenthau;
➢ Base histórica e filosófica;
➢ Antropomorfização.

• Realismo Científico:
➢ Matematização;
➢ Metodologia das Ciências Exatas.

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• Neorrealismo/Realismo Estrutural:
➢ Waltz;
➢ Mearsheimer.

Realismo Clássico: um nome importante para essa vertente do Realismo é Carr, que faz uma reflexão
sobre o que levou à Primeira Guerra Mundial. Ele faz uma crítica ao idealismo, afirmando que o
Realismo seria mais seguro, pois gera menos conflitos desnecessários em razão do equilíbrio de
poder.

Realismo Científico: matematização (metodologia das Ciências Exatas).

Neorrealismo/Realismo Estrutural: ideias de sobrevivência, poder etc., lógica do realismo defensivo.

Liberalismo

Antecedentes
Rousseau: traz a ideia do bom selvagem, faz reflexões sobre a natureza humana que impactam o
liberalismo do mesmo modo que ocorreu com o realismo, que se baseava, como o Realismo Clássico,
na ideia de natureza humana do Hobbes. Temos também a ideia de Rousseau de que o homem seria
essencialmente bom e seria corrompido por elementos externos. Esses elementos não
necessariamente seriam a propriedade privada.

Kant: ideia da paz perpétua. Seria possível construir uma comunidade internacional que
compartilhasse valores, regras e até mesmo normas jurídicas.

Adam Smith: ideia contratualista, que seria a ideia de que os direitos são derivados de um contrato
hipotético entre os indivíduos de um determinado território e o Estado, para que os seus direitos à
vida e à propriedade privada sejam respeitados.

Groutius: introduziu a ideia do direito internacional público, que também tem um papel importante
dentro do liberalismo.

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Conceitos centrais
• Valorização de outros atores (organizações internacionais, empresas, ONGs etc.)
Há uma série de debates que vão definir que atores são esses, mas esses não se limitam ao estado,
embora reconheçam que o estado é o ator mais importante, eles introduzem e aumentam
gradativamente a importância que é dada a esses atores não estatais.

• Interdependência complexa entre atores e agendas


Essa é uma ideia central do Liberalismo, pois, ao contrário do Realismo, em que há um jogo de soma
zero e disputa pelos recursos, no Liberalismo existe a ideia da interdependência completa, que seria
basicamente a ideia de que os Estados dependem profundamente uns dos outros. Assim sendo,
existiria uma dependência e uma interdependência entre os atores e entre as agendas, ou seja, os
temas e os interesses desses atores dentro desses sistemas, como questões climáticas, crimes
transnacionais, tráfico de drogas, resultaria em uma interdependência que faz com que os Estados
tenham que levar em consideração os interesses de outros Estados, sendo eles aliados apenas
possuam interesses em comum em termos de problemas transnacionais ou transfronteiriços.

• Busca dos ganhos compartilhados


Se contrapõem ao jogo de soma zero do Realismo, pois, para o Liberalismo, seria possível por meio
da cooperação maximizar os ganhos de ambas as partes. Desse modo, poderia entrar a ideia de que
uma parte pode ganhar mais e outra pode ganhar menos, porém as duas necessariamente estariam
ganhando, pois não ganhariam nada se não cooperassem.

• Cooperação internacional não só é possível como necessária


Essa ideia seria possível e necessária para a maximização dos interesses e dos ganhos não só
individuais, mas também dos ganhos compartilhados. É uma lógica similar à ideia do livre comércio
tanto doméstico quanto internacional haveria uma divisão internacional do trabalho e cooperação,
organizadas ou não. Sendo assim, as partes envolvidas ganhariam mais do que se não estivessem
envolvidas em nenhum tipo de cooperação e estivessem apenas agindo de acordo com os seus
próprios recursos e de acordo com o seu próprio tempo (que seria o principal recurso quando se fala
de economia). Essa ideia de cooperação internacional é central para o Liberalismo, pois a cooperação
ofereceria os melhores meios de sobrevivência não apenas para os estados, mas também para os
indivíduos.

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• Hard Power vs. Soft Power


O Hard Power seria basicamente os poderes militar e econômico. Poderíamos chamar de poder duro
ou poder tangível, seria aquilo que se pode quantificar. O Hard Power estaria mais ligado ao Realismo.

O Soft Power (poder brando) é menos tangível: a capacidade de influenciar a cultura de outros
Estados, influenciar tanto o Sistema Internacional quanto outros atores por via da cultura e de outros
elementos intangíveis, ou seja, seria a capacidade de influenciar o Sistema Internacional. O Soft
Power está mais ligado ao Liberalismo.

• Política interna afeta política externa


Seria o contrário do que se viu no Realismo, pois, na perspectiva do Liberalismo, a política interna
afeta a política externa, ou seja, se existe um regime democrático, a política externa será diferente
do que seria se tivéssemos um regime ditatorial. As movimentações que ocorrem na política
doméstica interessam à política externa, que é afetada por uma série de variáveis internas, como a
popularidade do governante, mídia interna etc.

• Guerra justa/Intervenções Humanitárias/R2P


Ao contrário do que se possa pensar, o Liberalismo não rejeita uma possível guerra. A ideia do
conflito apenas é colocada em uma moldura moral. Uma guerra só é justificável se for considerada
justa. Isso significa basicamente uma guerra realizada por autodefesa, intervenção humanitária e R2P
(responsabilidade para proteger).

Principais Pressupostos
• Livre Comércio
Para o Liberalismo, o livre comércio é essencial, pois ele leva à paz e à democracia. Para o Liberalismo,
duas democracias ou países com interdependência comercial não entram em conflito.

• Democracia
• Instituições
As instituições dentro do Liberalismo seriam o grande vetor das relações internacionais, pois seriam
elas que organizam e possibilitam que os Estados busquem os seus ganhos sem necessariamente
entrar em conflitos; são elas que viabilizam a cooperação, diálogo, negociação e as mediações dos
conflitos.

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• Foco no indivíduo
É a ideia de que o Estado é necessário, mas seria um perigo para os indivíduos. Então quando essas
duas instâncias se chocam deve-se proteger os indivíduos, pois os indivíduos são mais importantes
que o Estado de acordo com a teoria liberal.

• Fundamento: direito à vida (autopropriedade) e propriedade privada


Toda a lógica do Liberalismo é derivada da ideia de autopropriedade, ou seja, o direito que você tem
sobre o seu próprio corpo, sobre a própria vida e o direito à propriedade privada, que deve ser
garantido e jamais violado pelo Estado.

• Crença na razão
Ao contrário do Realismo Clássico, que tem uma ideia pessimista de que as relações e interações
costumam gerar conflitos, há crença que a razão pode evitar esses conflitos, podendo sanar
definitivamente conflitos políticos.

• O Estado é necessário, mas um perigo para os indivíduos.

Neoliberalismo Institucional
• Intensificação da interdependência
Teríamos nesse contexto a globalização, que serve como contrato. Com isso temos a intensificação
da interdependência.

• Regimes e organizações internacionais se tornam proeminentes na administração de


conflitos e interesses
Os regimes são basicamente qualquer instituição internacional; qualquer regra internacional que
delimite as normas que regem determinado tema. Por exemplo, um regime monetário. Isso entra
como fator que vai acrescentar mais elementos normativos às relações internacionais.

➢ Condições para a cooperação;


➢ Transparência;
➢ Custo de transação;
➢ Comunicação;
➢ Foco no indivíduo.

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• Interesse nacional (não unitário)


Ideia de que o interesse nacional é definido por meio de um debate, que pode ocorrer no parlamento,
mídia e internet por meio da opinião pública. Não é unitário e nem há um consenso, ao contrário do
Realismo, que traz a ideia de que há um consenso e que o Estado Nacional é homogêneo quando
atua externamente.

• Anarquia pode ser superada


Ao contrário do Realismo, não se acredita que anarquia seja inerente ao Sistema Internacional, nem
que seja inevitável. Ela poderia ser superada justamente por meio dos regimes e organizações
internacionais que produzem governança global, ou seja, você cria uma moldura, com regras,
regimes e organizações que mais ou menos vão delimitar a forma e as possibilidades de ação dos
Estados, ou seja, a anarquia pode ser superada. Não se acredita que ela já foi superada.

• Teorias relacionadas
➢ Funcionalismo (Mitrany) e neofuncionalismo (Haas): tendência à integração regional
(UE) e à cooperação internacional (ONU) via processo de spill-
entre setores
É basicamente a ideia de que os problemas transcendem as fronteiras e estão espalhados em toda
uma região, ou seja, há problemas de tráfico internacional de drogas, climáticos e de segurança que
abrangem não só um único Estado, mas também um conjunto de Estados regionais e ao mesmo
tempo o Sistema Internacional. Isso, de acordo com o funcionalismo e o neofuncionalismo, cria uma
tendência à integração regional e à cooperação internacional, principalmente no âmbito do sistema
ONU.

➢ Teoria da Paz Democrática (questionável); democracias não lutam entre si


Essa ideia é questionável, já que há exemplos que mostram que talvez tenham ocorrido conflitos
entre democracias.

• Principais nomes: Joseph Nye, Robert Keohane e Ernst Haas.

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Construtivismo

Antecedentes
• Piaget; Searle; Wittgenstein.

Conceitos centrais
• Relações entre atores internacionais são intersubjetivas (permanentemente construídas)
No Construtivismo não existe nada que não possa ser alterado nas relações internacionais e,
portanto, essas relações internacionais são construídas permanentemente nas interações entre os
agentes ou entre os atores internacionais.

• Anarquia é socialmente construída


É construída pela interação dos atores, é algo que só existe porque os atores querem que exista.
Segundo Wendt, a anarquia é aquilo que os Estados querem que ela seja. Não haveria nada na
natureza que diga que as coisas tenham que ser necessariamente assim. A anarquia poderia ser
superada e evitada. Os construtivistas acreditam inclusive que ela deve ser evitada adotando outras
perspectivas.

• Anarquia (diversas culturas): hobbesiana, lockiana e kantiana


Hobbesiana: segue a lógica de anarquia de todos contra todos.

Lockiana: tem a ideia de uma disputa concorrencial, dentro uma ideia que seria saudável para o
mercado.

Kantiana: ideia da paz perpétua.

• Ideologia, identidade, normas são centrais para compreender o comportamento dos atores
O Realismo ignora essa dimensão, já no construtivismo é central.

Corrente sociológica
• Alexander Wendt
• Anarquia socialmente construída

Corrente linguística
• Análise do discurso;
• Nicholas Onuf.

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Principais Premissas
• O mundo é socialmente construído
Filosofia, ciências sociais e pedagogia.

• Agentes e estrutura são igualmente relevantes


Debate neo-neo: os neorrealistas falam que a estrutura é mais importante; e os neoliberais, que se
adequam a isso, mas dão uma importância aos regimes internacionais para as instituições e
organizações internacionais.

• Ideias e valores se interpõem entre o sujeito e o objeto


• O mundo material é fruto das ideias e dos valores dos agentes
A ideia de que a moral, os valores e as ideologias importam. Já que o mundo concreto é determinado
por esses valores, não podemos ignorá-los. Ao contrário do Realismo, vai haver uma grande diferença
se o governo for de esquerda ou de direita, porque isso acabaria afetando o modo como as relações
são feitas.

Análise de questões

Questão 1
A respeito da teoria realista da análise das relações internacionais, julgue (C ou E) os itens a seguir.

1. O paradigma realista de análise das relações internacionais enfatiza as relações de poder


entre comunidades políticas organizadas. De acordo com essa visão, prevalecem nessas
interações as relações de força e desconfiança, o que acaba conduzindo ao chamado dilema
de segurança.
O que importa, nessa questão, é a teoria Realista, então não importam as considerações da
teoria Liberal, ou da teoria Construtivista. O que importa é a visão, o paradigma realista, ou
seja, dentro do paradigma realista, a gente pode localizar alguns elementos que enfatizam as
relações de poder entre comunidades políticas organizadas que seriam os Estados.
R: Correta
2. A referida teoria baseia-se, em grande medida, no princípio da antropomorfizarão dos
Estados nacionais, no sentido de que estes podem ser caracterizados como entidades
possuidoras de atributos psicológicos humanos, tais como honra, decepção e desejo de
glória e poder.

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A ema, pois seria mais característico do


realismo clássico. Entretanto, a gente viu que antropomorfizarão é um elemento da tradição
Realista, mesmo que tenha sido expurgado na teoria neorrealista.
R: Correta
3. O Neorrealismo diferencia-se do Realismo Estrutural na medida em que, enquanto o
primeiro acredita que a balança de poder deve levar em conta a capacidade de poder
isolado dos Estados, o segundo afirma que é a distribuição de poder do Sistema
Internacional que deve ser levada em conta no cálculo estratégico.
Neorrealismo e Realismo Estrutural são termos equivalentes, então não tem como eles se
diferenciarem um do outro, além disso, nenhuma das correntes do realismo vai ser levada
em conta, apenas a capacidade de poder isolado dos Estados.
R: Falsa
4. Os realistas, de forma geral, acreditam que diferentes regimes políticos têm padrões
diferentes da atuação no Sistema Internacional.
Para o Realismo, não há diferença de ideologia na política interna. Sendo assim, os diferentes
regimes políticos não resultam em padrões diferentes de atuação no Sistema Internacional.
R: Falsa

Questão 2
Acerca das perspectivas liberais nos estudos teóricos de relações internacionais, julgue (C ou E) os
itens subsequentes.

1. Para alguns autores liberais de inspiração Kantiana, o regime político dos Estados relaciona-
se diretamente com a estabilidade (ou com a instabilidade) do Sistema Internacional.
Teoria da paz democrática, ou seja, aqui quando se fala de estabilidade ou instabilidade, está-
se referindo à propensão a conflitos e perturbações no Sistema Internacional. É a ideia de que
duas democracias não entram em conflito, então temos a ideia de que o regime político se
relaciona sim indiretamente com a estabilidade ou com a instabilidade do Sistema
Internacional.
R: Correta
2. De John Locke e Montesquieu dos Federalistas Americanos a Bentham e Mill, o pensamento
liberal ressalta a importância da lei e da legitimidade que permitem às sociedades humanas

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realizar seus potenciais. Embora compartilhem com o Realismo o princípio da anarquia e


mesmo a desconfiança sobre o caráter da natureza humana, o caminho liberal substitui o
conflito pela cooperação e redireciona o conteúdo do poder para o lucro e benefícios.
Os neoliberais tentam usar uma lógica racional de busca de maximização de ganhos a ideia
de que a cooperação seria mais interessante, seria um meio que levaria a mais ganhos e
ganhos mútuos e compartilhados.
R: Correta
3. O funcionalismo, que tem em David Miltrany um de seus principais expoentes, representa
uma tentativa liberal de fundamentar seus modelos em um método baseado na observação
científica da realidade, utilizando como ponto de partida a experiência da integração
europeia no pós II Guerra.
Nesse caso, eles usam como justificativa a existência de problemas transfronteiriços e
transnacionais, de problemas compartilhados como um dado da realidade, ou seja, o método
baseado na observação científica da realidade que eles usam para justificar as experiências
da integração regional. Então o que eles usam como ponto de partida são as experiências de
integração europeia, mas a cooperação multilateral também seria outro fator.
R: Correta
4. Para os autores liberais, a ordem internacional não deriva dos estados, mas das instituições.
Para os liberais, os Estados ainda são o principal ator, ainda que se dê uma ênfase maior a
outros atores e que as instituições são derivadas dos Estados, que é o contrário do que diz a
questão.
R: Falsa

Questão 3
Julgue (C ou E) os itens a seguir de acordo com a perspectiva construída no estado das relações
internacionais.

1. De acordo com a perspectiva construtivista, a anarquia internacional é resultado da


percepção deficiente que os atores têm do Sistema Internacional, de forma que a
construção intersubjetiva das identidades é capaz de fazer com que o Sistema Internacional
funcione em bases cooperativas.

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Aqui temos a ideia de que a anarquia internacional seria resultado de uma percepção
deficiente, então devemos lembrar de uma característica muito importante do
Construtivismo, de que não há elementos permanentes e perenes. Uma percepção deficiente
seria algo definitivo e não necessariamente a visão que os atores têm do Sistema
Internacional é deficiente, ela é simplesmente socialmente construída e reflete uma
determinada configuração e interação entre os atores.
R: Errada
2. Os construtivistas acreditam que as teorias das relações internacionais devem afasta-se do
estadocentrismo, pois é a estrutura internacional, formada intersubjetivamente e em
constante transformação, que limita as ações dos atores. Por essa razão, pode-se afirmar
que há uma antecedência ontológica da estrutura sobre o agente.
Eles equalizam a importância da estrutura e dos agentes, mas não afirmam nenhum tipo de
antecedência ontológica, seja da estrutura sobre o agente, seja do agente sobre a estrutura.
R: Errada
3. Alguns autores, como Karin Fierke, procuram afirmar o construtivismo como uma
abordagem que se adapta às necessidades da pesquisa empírica, pois partem da premissa
de que, como o mundo é cambiável, o estudo das interações que modificam é capaz de
conduzir a aportes teóricos, mas sem deixar de lado a postura crítica.
Podemos ver, por exemplo, a ideia de que a abordagem se adapta, ou seja, não tem aquele
caráter permanente que o Construtivismo não tem, então ele se adapta, entre outras coisas,
às necessidades da pesquisa empírica, pois, para o Construtivismo, o mundo é cambiável e
socialmente construído pelas interações. As relações internacionais não seriam permanentes,
elas podem mudar, e por isso poderiam incluir um elemento crítico.
R: Correta
4. Alguns teóricos construtivistas atribuem importância central à linguagem como
fundamento de análise da política internacional.
Devemos lembrar, nesse caso, das vertentes linguística e sociológica. Evidentemente alguns
teóricos da vertente linguística atribuem importância central à linguagem, usando, inclusive,
a análise do discurso como elemento que seria um fator preponderante na área de políticas
internacionais.
R: Correta

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