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APOSTILA DE

ARQUEOLOGIA BÍBLICA
Professora: Elza Ruiz
01/08/2014
Rev 1.0
Arqueologia Bíblica

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Arqueologia Bíblica

ARQUEOLOGIA BÍBLICA
UNIDADE I

1.1. INTRODUÇÃO

1.1.1. DEFINIÇÃO

A palavra ARQUEOLOGIA vem de duas palavras gregas: “archaios” e “logos”, que signi-
ficam literalmente “estudo das coisas antigas”. Porém no século XIX, quando começaram a ser
desenterrados artefatos nas terras bíblicas com a finalidade de buscar mais informações sobre
as nações e povos que existiram nos tempos bíblicos, a palavra foi a estes aplicada.
Portanto, a arqueologia está ligada à Bíblia desde o começo e hoje é uma ciência que
busca revelar o passado por uma recuperação sistemática de vestígios materiais deixados pelo
homem.
Todavia, à medida que as escavações alcançaram terras além das de relevância bíblica,
surgiu a necessidade de se estabelecer um termo mais exclusivo. E assim, como uma discipli-
na distinta em um campo mais extenso, nasceu a Arqueologia Bíblica.
Arqueologia Bíblica: ciência baseada em escavação, decifração e avaliação crítica dos
registros de materiais antigos relativos à Bíblia.

1.1.2. HISTÓRICO: O Nascimento da Arqueologia

A arqueologia nasceu quando os homens começaram a querer recuperar materiais do


passado. Os primeiros arqueólogos, se é que podemos chamá-los assim, foram os ladrões de
tumbas que saqueavam os sepulcros da antiguidade.
Em tempos relativamente modernos, o passado começou a ser explorado por aventurei-
ros europeus. Relíquias e souvenires eram levados com o propósito de impressionar amigos e
conquistar fama. Os caçadores de relíquias e riquezas começaram a se proliferar indo para an-
tigas ruínas em terras distantes. As “escavações” desses mercenários destruíram material em
proporção idêntica a dos achados. Outros porém, com intenções diferentes, passaram a regis-
trar seus achados e observações com pinturas e desenhos, trazendo à público notícias de ter-
ras, costumes e culturas há muito esquecidos.

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A primeira tentativa “científica” em arqueologia foi conduzida por Napoleão Bonaparte
em 1798. Seu interesse pela arqueologia era evidente, considerando-se a maneira como se
dirigiu às tropas francesas após ter invadido o Egito:
“Do alto destas pirâmides, cinqüenta séculos vos contemplam!”
No século seguinte, americanos juntaram-se a um grupo de eruditos da Inglaterra, Suí-
ça, França, Alemanha e Áustria para publicar plantas topográficas, mapas detalhados e resul-
tados de árduas escavações em terras bíblicas.
As primeiras expedições arqueológicas, executadas com altos custos, foram quase to-
das financiadas por pessoas cujo principal interesse era os lugares, povos e acontecimentos
mencionados na Bíblia. Assim, o progresso da arqueologia como um todo, deveu-se ao impul-
so da arqueologia bíblica. Esses “descobridores das fronteiras arqueológicas” abriram caminho
para um desenvolvimento mais científico da disciplina.

Obs.: Antes do nascimento da arqueologia, pouco se sabia a respeito dos tempos bíbli-
cos, exceto o que nos revelam as Escrituras. A Arqueologia Bíblica, devido às suas notáveis
descobertas, tem lançado luz sobre o panorama histórico e a vida contemporânea do povo da
época em que as Escrituras foram produzidas.

1.1.3. MÉTODOS E TÉCNICAS

Os homens sempre se interessaram pelos vestígios deixados pelas gerações que lhes
precederam, mas só no século XIX, com o grande impulso da ciência moderna foi que a ar-
queologia se ergueu como disciplina científica. Hoje ela é uma ciência independente, com seus
métodos e técnicas próprias.
O trabalho do arqueólogo nas escavações efetiva-se esquematicamente em três estágios:

1.1.3.1. Primeiro estágio _ ( Ocorre antes das escavações ).


É o momento da localização e avaliação da estrutura terrestre.
Uma vez bem estabelecido o seu programa, o cientista parte para a descoberta
do sítio, cuja existência já se certificou, mas cuja localização exata não está ainda de-
terminada. Nesta busca, ele encontra importantes recursos auxiliares: a fotografia aérea,
que permite a rápida tomada de consciência de vastos conjuntos arqueológicos, reve-
lando construções dificilmente perceptíveis no solo e até mesmo escondidas sob a terra;
satélites em órbita providos de radares que penetram no solo, podem recuperar imagens
de objetos enterrados à profundidades de até 60 metros. Há notícias de que satélites,
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utilizando-se de raios infravermelhos, localizaram o desaparecido Rio Pisom. Há muito
enterrado pelas areias do deserto, seu antigo curso pôde ser traçado pelo satélite. (
Gên. 2:11)
Uma vez que a equipe de pesquisadores tenha escolhido o local exato de sua
busca e tenha feito os acordos necessários ( incluindo permissões governamentais, fi-
nanciamentos, equipamentos e pessoal especializado ) ela estará pronta para iniciar o
segundo estágio.

1.1.3.2. Segundo estágio _ (Ocorre durante as escavações)


É o momento da pesquisa arqueológica propriamente dita. Usa-se o método es-
tratigráfico, que separa e distingue os diferentes níveis superpostos de ocupação. Estes
diferentes níveis podem ser distinguidos mediante a diferença de conteúdo (cerâmica,
arquitetura, selos, moedas, armas, etc.) encontrados em cada um e suas características.
Pode-se desta forma remontar com grande precisão o próprio fio da história e ver que o
passado do homem se escreve verticalmente.

Obs.: “TEL” ou “OUTEIRO”— Refere-se aos montículos artificiais criados pelas


repetidas destruições e reconstruções das cidades antigas no mesmo local.

1.1.3.3. Terceiro estágio ( Operações que se seguem à descoberta)


Esse momento se refere à análise, ao estudo, à restauração e à conservação dos
objetos e dos vestígios encontrados.
Nesse estágio da pesquisa, o arqueólogo busca auxílio em muitas outras ciên-
cias. É um profundo trabalho de laboratório e de técnicos. Fotografias ( na técnica foto-
gráfica de luz infra-vermelha, até a escrita borrada fica clara e legível ), análises quími-
cas permitem conhecer melhor a composição das ligas de terracotas ( argilas modela-
das e cozidas ). Para determinar a data do artefato, uma das técnicas utilizadas é o tes-
te com carbono 14 ( o estudo é feito pela análise da desintegração do teor do carbono ).
Quando artefatos são retirados da terra, é necessário protegê-los dos efeitos dos
agentes atmosféricos e da poluição do ar. O patrimônio arqueológico deve ser preserva-
do em cada estado que possui.

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1.1.4. CIÊNCIAS AFINS

Nas suas investigações, a arqueologia busca auxílio em muitas outras ciências.


Algumas dessas ciências são independentes, tem vida própria, a exemplo:
• Antropologia: Estuda o homem no seu aspecto biológico e cultural;
• Paleontologia: Estuda os fósseis;
• Filologia: Estuda a língua e a literatura como instrumentos de manifestações culturais;
• Estratigrafia: Estuda a sucessão de camadas ou estratos que aparecem num corte geo-
lógico;
• Geologia: Estuda a estrutura da crosta terrestre, seu modelado externo e as diferentes
fases da história física da terra;
• Etnologia: Ciência que tem por objetivo o estudo da cultura material e espiritual dos po-
vos naturais ( população primitiva );
• Etnografia: Objetiva o estudo e a descrição dos povos, suas línguas, religiões, raças,
etc., assim como as manifestações materiais de suas atividades, sendo parte integrante
da etnologia.

Há um grupo de ciências que são dependentes umas das outras. Eis exemplos de ciên-
cias dependentes da História:
• Cronologia: Estuda a localização de fatos no tempo.
• Paleografia: Decifra os escritos antigos.
• Heráldica: Estuda os brasões de nobreza, os escudos e as insígnias.
• Sigilografia: Estuda os selos.
• Genealogia: Estuda as origens e os desdobramentos das famílias.
• Diplomática: Estuda os documentos oficiais.
• Numismática: Estuda as moedas.

Há ainda a contribuição de estudos como a Lingüística, que é o estudo histórico e com-


parativo das palavras, da fonética e da estrutura das línguas.

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1.1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS


DE ISRAEL

1. IDADE DA PEDRA
Neolítica – Idade da Pedra Moderna:
a ) Pré-cerâmica .................................................................................... 7.000 a.C.
b ) Cerâmica .......................................................................................... 5.000 a.C.

2. CALCOLÍTICA ............................................................................. 4.000 a 3.200 a.C.

3. IDADE DO BRONZE OU PERÍODO CANANEU


Bronze Primitivo (BP) .................................................................. 3.200 a 2.200 a.C.
Bronze Intermediário ................................................................... 2.200 a 1.950 a.C.
Bronze Médio ( BM ) .................................................................... 1.950 a 1.550 a.C.
Bronze Recente ( BR ) ................................................................. 1.550 a 1.200 a.C.

4. IDADE DO FERRO OU PERÍODO ISRAELITA


Idade do Ferro (IF) I ........................................................................ 1.200 a 970 a.C.
Idade do Ferro (IF) II ...................................................................... 970 a 580 a.C.
Idade do Ferro (IF) III ...................................................................... 580 a 330 a.C.

5. PERÍODO HELÊNICO
Helênico I .......................................................................................... 330 a 165 a.C.
Helênico II – Período Macabeu .......................................................... 165 a 63 a.C.

6. PERÍODO HELÊNICO-ROMANO ...................................................... 63 a.C a 70 d.C.

7. PERÍODO ROMANO ........................................................................... 70 a 330 d.C.

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1.1.6. CAMPO DE ATUAÇÃO DA ARQUEOLOGIA

A arqueologia com o objetivo de estudar civilizações extintas, vai em busca de vestígios


materiais deixados pelo homem. Desta forma, pode atuar em todos os lugares que foram habi-
tados em todos os tempos desde o aparecimento do homem. As limitações da arqueologia se
devem à vasta extensão de tempo e de área que cobre.

1.1.7. 7. FONTES HISTÓRICAS

Em suas pesquisas, os cientistas lançam mão das fontes históricas, que são todos os
elementos deixados pelos homens que permitem o conhecimento de acontecimentos históricos.
SÃO EXEMPLOS DE FONTES HISTÓRICAS:
_ RESTOS: são ruínas de templos, palácios, túmulos, e esculturas. E também pinturas, cerâ-
micas, moedas, medalhas, armas e outros.
_ ESCRITOS: são códigos, decretos, tratados, constituições, leis, editais, relatórios e registros
civis como cartas e testamentos.
_ TRADIÇÕES: são lendas, fábulas, narrações poéticas, canções populares que são trans-
mitidos de geração em geração.

Essas fontes, encontradas na Palestina e países vizinhos, ajudam a compreender a his-


tória, a vida e os costumes dos hebreus e de outros povos que entraram em contato com eles
(egípcios, fenícios, sírios, assírios, babilônios e outros ).

Nestes últimos anos, arqueólogos, filólogos e historiadores desvendaram o véu que por
séculos escondia um período de mais de 5000 anos da história antes da era cristã. Por muito
tempo, o A.T. era a única fonte de história de uma civilização antiga. O conhecimento de civili-
zações anteriores e contemporâneas de Israel ficou apagado por muitos séculos.
As descobertas arqueológicas ampliaram de maneira maravilhosa o conhecimento da
história antiga. Considerando o maravilhoso desenvolvimento da civilização da Mesopotâmia e
do Egito, comparado com a escravidão de Israel no Egito, ficamos maravilhados com os misté-
rios da história. Os grandes conquistadores com seus magníficos palácios e monumentos fica-
ram sepultados no túmulo do esquecimento, enquanto as obras dos profetas de Israel foram
conservadas e subsistem falando poderosamente ao homem moderno. Como se explica o
enigma da sobrevivência de Israel e de sua influência na história da civilização?… São os de-
sígnios de Deus.

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1.1.8. AS CONTRIBUIÇÕES DA ARQUEOLOGIA AO ESTUDO
DA BÍBLIA:
A Arqueologia Bíblica interessa-se especialmente pela repercussão que as descobertas
arqueológicas possam ter no aspecto histórico da Bíblia, seja para confirmar, esclarecer ou su-
plementar os fatos ali registrados.

1.1.8.1. A Arqueologia Confirma a Bíblia


Sendo a Bíblia a revelação de Deus para o homem, não necessita ser comprovada. Sua
própria mensagem, significação e os resultados que a Palavra produz na vida da humanidade
são suas melhores provas de autenticidade. Ela demonstra por si própria ser o que declara ser
para aqueles que crêem na sua mensagem.
Visto que Deus determinou a realização da vida espiritual baseada na fé e não no que
vemos, seja qual for a contribuição que a arqueologia ou outra ciência faça para confirmar a
veracidade da Bíblia, nunca isso poderá tomar o lugar da fé.
Dessa forma, o papel da arqueologia de “provar” a veracidade bíblica é secundário, con-
tudo, tem sido importante ao lidar-se com o ceticismo racionalista e com as teorias radicais da
alta crítica.
Antes do progresso que as pesquisas experimentaram nas terras bíblicas, especialmente
nessas últimas décadas, uma quantidade muito grande de absurdos foi escrita por eruditos. A
teoria de que muitos dos livros do V.T. baseavam-se apenas em tradições sem qualquer base
histórica já foi reformulada. Também já foi abandonada a tese de que a civilização primitiva dos
israelitas era tão atrasada que o povo não podia conhecer a arte da escrita. A arqueologia de-
monstrou a falsidade dessas e de inúmeras outras controvérsias. Comentários e livros sobre as
Escrituras estão sendo modificados à luz desse novo conhecimento.
A alta crítica não pode mais, por exemplo, negar o fato de que Moisés podia escrever.
Evidências agora conhecidas tem mostrado que Moisés pode ter escrito documentos não ape-
nas em hieróglifos egípcios, como a sua residência no Egito nos primeiros anos de sua vida
fazem presumir, mas também em cuneiforme acadiano, como as cartas de Amarna do século
XIV a.C. o demonstram, e ainda em hebraico arcaico, também como comprova a descoberta
da literatura ugarítica de Ras Shamra, na Síria.

A respeito da autenticação da Bíblia, tal confirmação pode ser geral ou específica:


• Exemplo de confirmação geral:
Escavações em Megido, Jericó, Samaria e outros lugares palestinos têm comprovado plena-
mente as citações bíblicas dessas cidades.

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• Exemplos de confirmação específica:


1 ) O caso de Belsazar, último rei de Babilônia. A Bíblia diz em Daniel 5, que Belsazar foi o úl-
timo rei do império babilônico, tendo sido morto quando a cidade foi tomada pelos persas. Nas
primeiras inscrições decifradas, constava o nome de Nabonido e não o de Belsazar como o rei
que foi derrotado por Ciro. Imediatamente os críticos da Bíblia disseram que a declaração de
Daniel era inverídica. Mais tarde porém, com a tradução de algumas tabuinhas que se encon-
travam no Museu Britânico, verificou-se que nos últimos anos do seu reinado, Nabonido ausen-
tou-se de Babilônia indo à Arábia, e entregou a seu filho, Belsazar, a direção do governo. Foi
como co-regente do pai que Belsazar morreu, conforme narrado em Daniel 5:30.

2 ) Semelhante ao caso de Belsazar em Daniel 5, é o que parecia uma referência enigmática a


um certo “Sargão, rei da Assíria” em Isaías 20:1. Antes do advento da moderna arqueologia, o
nome de Sargão não havia ocorrido em nenhuma fonte de referências, exceto nessa única
passagem de Isaías. Como resultado, a referência bíblica era considerada em geral como
completamente desprovida de valor histórico.
A descoberta do palácio de Sargão, em Corsabade, mudou o quadro completamente.
Com a reconstituição do palácio, dos anais reais e outros registros do reino de Sargão ( 722 -
705 a.C. ), hoje ele é um dos mais bem conhecidos monarcas assírios, particularmente como o
rei que finalmente invadiu Samaria em 722 - 721 a.C., depois de um assédio de três anos, le-
vado a efeito por Salmaneser V, resultando assim na queda do Reino do Norte de Israel.

OBSERVAÇÕES:
a ) Cremos que respostas a problemas ainda não resolvidos virão com o tempo.
Julgamentos prematuros podem levar à críticas injustas quanto à exatidão da narrativa bíblica.
Sempre que ocorrem dúvidas, o tempo tem demonstrado a integridade das Escrituras. Se a
arqueologia parece não apoiar a História Bíblica em algum caso, a limitação não é da Bíblia e
sim da arqueologia. Até o presente momento, não houve um caso sequer em que a
arqueologia tenha demonstrado definitiva e conclusivamente que a Bíblia estivesse errada!

b ) O trabalho arqueológico, além de estar voltado para o aspecto hitórico da Bíblia, hoje
se volta também para o texto bíblico. Estudos intensivos de manuscritos encontrados, têm
demonstrado que o texto bíblico foi notavelmente bem preservado em sua transmissão.
Estabelecendo assim o alto grau de exatidão entre os manuscritos mais recentes e os
originais.

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1.1.8.2. A Arqueologia Esclarece o mundo da Bíblia


A Bíblia, sendo revelação de Deus, não precisa de luz arqueológica para se tornar com-
preensível e espiritualmente essencial. Multidões foram espiritualmente regeneradas e se
apropriaram plenamente dos tesouros de sabedoria divina contidos nas Escrituras, muito antes
do advento da arqueologia moderna. Porém, não devemos negligenciar a luz que pode ser ob-
tida de evidências arqueológicas que possam tornar o texto bíblico mais plenamente compre-
ensível em seu aspecto histórico.
Exemplo:
Considerando as palavras de Jesus registradas em Mt. 8:22 e Lc. 9:60…
“… deixa aos mortos sepultar os seus mortos.”
Informações arqueológicas elucidando o texto bíblico mostram que o enterro judaico no primei-
ro século ( tempo de Jesus ) na verdade consistia em dois sepultamentos, e o segundo acon-
tecia pelo menos um ano após o óbito. O primeiro era dentro do sepulcro da família e o segun-
do era dentro de uma caixa de ossos ( ossuário ), geralmente com os resquícios de outro
membro da família. O que parece estar em foco no registro do Evangelho é o segundo sepul-
tamento.
De acordo com fontes rabínicas, o ato de decomposição tinha efeito purificador, fazendo
expiação pelos pecados do falecido. A consumação desse processo espiritual era o ritual do
segundo sepultamento. Uma vez que Jesus seguia o ensinamento bíblico de que somente
Deus faz expiação ( sobre a base da fé na redenção sacrificial ), sua declaração corrigia essa
prática imprópria e não bíblica.
Poderíamos então interpretar as palavras em Lc. 9:60 como: “Olhe, você já honrou o seu
pai dando-lhe um sepultamento apropriado na tumba da família. Agora, ao invés de esperar
que a carne se decomponha, o que não pode expiar o pecado, vá pregar o Evangelho do Rei-
no de Deus. Deixe os ossos dos ancestrais de seu falecido pai reunirem-se aos dele no ossuá-
rio. Quanto a você, siga-me!”
Importante:
Apesar da mensagem das Escrituras ser compreensível em qualquer época, suas decla-
rações foram estabelecidas em contextos antigos. A arqueologia, ao apresentar ao homem de
hoje informações sobre o contexto histórico, cultural e religioso dos povos em tempos bíblicos,
faz com que mais claramente percebamos o significado original do texto bíblico, conforme co-
municado ao mundo antigo.
Ajudar-nos a conhecer e compreender esse contexto de vida dos tempos antigos de for-
ma a trazer clareza ao texto bíblico é a principal contribuição da Arqueologia Bíblica.

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1.1.8.3. A Arqueologia Suplementa a Bíblia


A Bíblia enfoca alguns detalhes da história antiga enquanto omite outros, visto que os
homens que escreveram as Escrituras sob inspiração divina, não estavam interessados em
história, geografia ou outros campos do conhecimento humano, exceto quando tinha a ver com
o propósito teológico. Era natural que do ponto de vista de um estudioso moderno houvesse na
Bíblia grandes lacunas nesses ramos do saber.
Contudo, do ponto de vista divino, concernente à compreensão da mensagem divina,
não há necessidade de nenhum conhecimento suplementar. Mas do ponto de vista humano, a
luz que estes aspectos científicos de pesquisa propiciam elucidando detalhes, é de incalculável
valor para se entender mais claramente o meio ambiente em que a Bíblia foi escrita.

Exemplo:
• Apesar do rei Onri ( 885 – 874 a.C. ) ter sido um dos mais destacados governantes de
sua época ( ele construiu Samaria e transformou-a na capital do Reino do Norte ), o tex-
to bíblico concedeu-lhe apenas oito versos de história ( I Rs.16:21 a 28 ). A razão é que
ele era um dos reis mais ímpios de Israel até aquele tempo. A arqueologia, porém, tem
nos provido de informações adicionais a respeito de Onri com narrativas extra bíblicas
registradas por alguns de seus oponentes estrangeiros:

— Jeú é mostrado de joelhos diante do monarca assírio num obelisco negro encon-
trado no palácio de Salmaneser II em Ninrode, com os seguintes dizeres: “Tributo de
Jeú, filho de Onri, prata, ouro, chumbo, cetros para a mão do rei, lanças, eu recebi dele.”

— A Pedra Moabita erigida pelo rei Mesa de Moabe ( II Rs. 3:4 ) cerca de 850 a.C.
Descoberta em 1868 confirma o fato de que Onri desfrutou de grande prestígio político.
O testemunho a esse fato tem os seguintes dizeres: “Quanto a Onri, rei de Israel, ele
humilhou a Moabe muitos anos ( literalmente, dias ) e ocupou a terra de Medeba e habi-
tou ali no seu tempo e na metade do tempo de seu filho ( Acabe )…”

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UNIDADE II

1.2. A ARQUEOLOGIA E A ESCRITA NA PALESTINA E


REGIÕES VIZINHAS

Constam entre as descobertas mais significativas, aquelas com inscrições, pois permi-
tem acesso imediato ao conhecimento do passado. Algumas têm sido de grande auxílio na
compreensão de registros bíblicos.

1.2.1. A ARQUEOLOGIA E FILOLOGIA

A Arqueologia Bíblica relaciona-se estreitamente com a Filologia, oferecendo-lhe muitas


inscrições em várias línguas. Da vasta quantidade de inscrições em tábuas de argila, ostracas
e papiros recolhida dos países antigos, os filólogos estudam, classificam, comparam a literatu-
ra das línguas e determinam a importância e o significado histórico desses escritos. Se a ins-
crição encontrada for de língua morta e desconhecida, é necessário fazer primeiro a decifra-
ção.
Admira-se a paciência e a destreza dos homens que decifraram as línguas hieroglíficas
e cuneiformes, e assim forneceram os meios de estudar as maravilhosas civilizações dos tem-
pos passados.

A língua escrita evoluiu do método de representar objetos como árvores, plantas e ani-
mais por desenhos, figuras e símbolos. Essa evolução é claramente representada pelos dois
sistemas de escrita mais antigos que se conhece.
• ESCRITA HIERÓGLIFA — Escrita do antigo Egito, onde se pintavam as figuras em pe-
dras lavradas e papiros.
• ESCRITA CUNEIFORME — Escrita da antiga Mesopotâmia. Por falta de pedra e papiro,
desenvolveu-se o sistema de representar objetos por combinação de cunhas impressas
em tábuas de barro macio. Feitas as inscrições, essas tábuas eram secas ao sol ou iam
ao forno. Usavam-se cunhas para representar objetos, ideias e mais tarde, sílabas e le-
tras. Embora dificílima, a escrita cuneiforme foi usada no mundo antigo por muitos sécu-
los. Esse sistema de escrever foi transmitido a outras nações, passando de uma à outra
com variações. A invenção da escrita é atribuída aos sumérios, antiga civilização da
Mesopotâmia.

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1.2.2. A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DE ALFABETOS

A invenção do alfabeto, muito contribuiu para a simplificação da arte de escrever, que


até então, era uma complicada decoreba de centenas de símbolos.
O nosso alfabeto é uma das mais ricas heranças que recebemos do oriente. Até 1914
não se sabia nada do uso de qualquer alfabeto antes de 850 a.C., data da inscrição alfabética
da Pedra Moabita. Devido a novas descobertas, ficou estabelecido o fato de que em 1400 a.C.
já se fazia uso dele.

1.2.2.1. Sistemas antigos de escrever na Palestina e na Síria


Os habitantes da Palestina e da Síria, na última parte da Idade do Bronze (1500 a 1200
a.C.), aproveitaram-se de vários sistemas de escrita: o cuneiforme, o hieróglifo, o alfabeto cu-
neiforme de Ugarite, o alfabeto linear e o silábico de Biblos. A variedade da escrita ocorria de-
vido às constantes migrações entre os povos.

1.2.2.2. O Alfabeto Cuneiforme de Ugarite


Em 1929, o destacado arqueólogo francês Claude Schaeffer, enquanto escavava sobre
as colinas de Ras Shamra, na antiga cidade de Ugarite, achou várias tábuas de barro escritas
num alfabeto cuneiforme em vez de centenas de símbolos do cuneiforme babilônico. Verificou-
se que a linguagem dessas inscrições apresentava numerosos paralelos entre os vocabulários
ugaríticos e o hebraico antigo. Alguns dos caracteres cuneiformes deste alfabeto também têm
alguma semelhança com as letras hebraicas. Essa relação íntima entre as duas escritas pode
ajudar no estudo das palavras difíceis do hebraico.
A descoberta em Ains Shems de uma breve inscrição com esses caracteres e outra nu-
ma faca de cobre encontrada perto do Monte Tabor, datada na última parte da Idade do Bron-
ze ( 1500-1200 a.C. ), sugere que o uso do alfabeto cuneiforme não se limitava apenas à cida-
de de Ugarite. Estas duas inscrições achadas na Palestina podem indicar que os dois alfabe-
tos, o cuneiforme de Ugarite e o hebraico-fenício, eram conflitantes quanto à supremacia. Não
se sabe ainda qual se desenvolveu primeiro, mas o fenício-hebraico triunfou e o cuneiforme
caiu em desuso.
Essa descoberta nos mostra que a escrita alfabética existiu nessa região pelo menos
desde 1400 a.C.

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1.2.2.3. O Alfabeto Fenício-Hebraico


Devido à semelhança entre as línguas semíticas ( acadiana, cananita, ugarítica, hebrai-
ca e outras ), fica difícil determinar quando o hebraico se desenvolveu como língua distinta e
separada.
Por causa da escassez de documentos escritos em hebraico antigo, críticos da Bíblia do
século passado não acreditavam que os semitas da Palestina, na época de Moisés, conheciam
qualquer sistema de escrita. Os arqueólogos agora não têm mais dúvida de que existiram nu-
merosos documentos em hebraico antigo que se desfizeram com o decorrer do tempo ( os he-
breus certamente escreviam em pergaminhos e em papiro, que infelizmente são perecíveis ).
Antes de 1920 os arqueólogos não seguiram métodos rigorosamente científicos, e mui-
tas pequenas inscrições como selos em cabos de jarras e inscrições em pedaços de vasos de
barro não foram guardados, o que também colaborou para a escassez de escritos em hebraico
antigo.
O calendário de Gezer, escrito em hebraico antigo, era feito em uma tabuinha de pedra
arenosa e relatava as principais atividades agrícolas do ano. Descoberto em 1908, está datado
à luz das descobertas subsequentes, como sendo aproximadamente de 1000 a.C. Em 1923,
Montet descobriu em Biblos o sarcófago de Ahiram, com inscrições na língua fenícia, datada
como sendo mais ou menos do ano 1000 a.C. Assim, estes dois exemplos estabelecem a his-
tória do alfabeto no fenício e no hebraico, desde, pelo menos, 1000 anos a.C. Descobriram na
Palestina e na Síria documentos de várias qualidades escritos nesse alfabeto, do período de
Saul, Davi e Salomão.
A Paleografia do hebraico-fenício ainda fica complicada, mas a longa história do alfabeto
está sendo cada vez mais esclarecida. Fragmentos de cerâmica, chamados ostraca, contendo
cartas, recibos e listas, escritos com tinta e com pena de junco, vieram à luz principalmente em
Samaria e em Laquis. Além disso, numerosos selos e outros poucos fragmentos de escrita
vêm servindo gradualmente para formar uma coleção de material importante para o estudo do
desenvolvimento da escrita hebraica.

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1.2.2.4. As inscrições Alfabéticas de Serabite-El-Cadem ( na


Península do Sinai )
As descobertas arqueológicas das últimas décadas apresentam informações sobre as
mais antigas inscrições alfabéticas.
As minas de turquesa em Serabite ficavam aproximadamente a 80 km do lugar tradicio-
nal do Monte Sinai, onde Moisés recebeu e promulgou a Lei Divina. Próximo às minas havia
um templo onde os mineiros semitas praticavam o culto. Várias evidências confirmaram a reali-
zação de cerimônias religiosas dos hebreus neste local.
Em 1906, Flinders Petrie descobriu nas ruínas dessas minas uma variedade de inscri-
ções egípcias e outras em caracteres desconhecidos. Posteriormente, Kirsop Lake achou mais
23 caracteres alfabéticos.

Em 1927, Gardiner anunciou a decifração de alguns desses caracteres alfabéticos com


a convicção de que representaram a fonte original do nosso alfabeto. Baseou a solução na
combinação plausível de alguns dos caracteres aparecendo várias vezes nas inscrições como
casa, olho, cajado, cruz. Julgando que cada um dos caracteres representava uma letra do alfa-
beto, deu-lhe o nome de objeto representado. Por exemplo: a figura da casa representa a letra
“beit” e tem o som da primeira letra que corresponde ao nosso b. Assim, Gardiner julgou corre-
tamente que o alfabeto foi inventado de acordo com este princípio acrofônico. A descoberta bri-
lhante deste princípio acrofônico por Gardiner, aceito como base, ajudou na decifração de qua-
se todos os caracteres achados em Serabite. Datam-se as inscrições entre 1800 a 1500 a.C.
Tanto quanto se sabe, constitui-se no mais antigo exemplo de escrita alfabética que existe!

OBS: Em algum momento entre 1600-1650 a.C. várias comunidades que viviam na área
onde hoje é o Líbano, Síria e Israel, já tinham assimilado o conceito de que era possível repre-
sentar a linguagem humana com alguns poucos símbolos. É aí que os fenícios entram. Os co-
merciantes fenícios precisavam encontrar um meio de simplificar a escrita para facilitar os re-
gistros de suas transações comerciais. Nascia assim o alfabeto.
A invenção do alfabeto geralmente é atribuída aos fenícios. O mais importante da escrita
alfabética encontrada na Península do Sinai, feita pelos próprios mineiros hebreus, é que ela
foi responsável pela difusão da “ideia do alfabeto.”
Seriam os fenícios os inventores? Ou então, permitiriam os documentos arqueológicos
afirmar hoje, que os fenícios receberam dos israelitas a ideia do alfabeto? Tais são as ques-
tões que começam a ter um vislumbre de resposta nas pesquisas arqueológicas.

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1.2.2.5. Os gregos e o Alfabeto Fenício
Um dos problemas que está sendo resolvido à luz do progresso no conhecimento da
cronologia dos documentos antigos é a questão de em que tempo os gregos tomaram empres-
tado o alfabeto fenício. Por muitos anos levantaram-se dúvidas sobre a origem do alfabeto gre-
go, mas há muitas evidências agora de que os gregos receberam dos fenícios seu alfabeto.
Os nomes das letras gregas, não tendo significação própria na língua, derivam-se evi-
dentemente dos nomes das letras hebraicas que têm significado acrofônico, por exemplo:
hebraico álef ( boi ), grego alfa;
hebraico beit ( casa ), grego beta;
hebraico gimel ( camelo ), grego gama; e assim por diante.
Nota-se também como as letras do alfabeto grego seguem a mesma ordem do hebraico.

1.2.3. A ESCRITA DOS HEBREUS ANTES DE MOISÉS

Quando Abraão partiu de Ur, os caracteres da escrita cuneiforme já eram usados larga-
mente nas terras que havia de atravessar, como também na Palestina. Se os hebreus, como
os demais povos da época, tiveram os seus escribas antes de Moisés, usaram esse método de
escrever. Não há nenhuma referência bíblica à arte de escrever entre os hebreus até o tempo
de Moisés, mas isto não quer dizer que os hebreus desconheciam a escrita ( Êxodo 17:14 e
34:27 ).
Verifica-se nas cartas de Tel-el-Amarna ( 1400-1360 a.C. ) vários graus de cultura entre
os cananeus da Palestina no período mosaico, com indicação de que a arte de escrever tivera
um longo período de desenvolvimento.
À luz das inscrições dos povos contemporâneos, conclui-se que Abraão e seus descen-
dentes conheceram a escrita antes de descerem para o Egito.

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1.2.4. A LÍNGUA FALADA E ESCRITA PELOS HEBREUS

A língua falada cresce e modifica-se entre todos os povos mais rapidamente do que a
escrita. É possível que o dialeto de Abraão fosse modificado durante a sua moradia em Harã.
Alguns filólogos pensam que a forma primitiva do hebraico falada pelos patriarcas, fos-
se desenvolvida antes da entrada de Jacó no Egito e ali preservada, ampliada, enriquecida e
embelezada.
Quando as tribos de Israel entraram na Palestina, sob o comando de Josué, os cana-
neus e os fenícios já tinham uma língua alfabética bem desenvolvida. Mas os hebreus desen-
volveram o seu próprio dialeto, usando certamente o mesmo alfabeto dos cananeus e fenícios.

Por algum tempo no período da monarquia, havia duas variedades de língua hebraica.
O dialeto de Samaria se distinguia do de Jerusalém.
A inscrição designada fenício-hebraica na Pedra de Siloé, datada cerca de 700 a.C.,
certamente representa o hebraico falado no período de Isaías.
As Cartas de Laquis, em fenício-hebraico do período de Jeremias, representam a es-
crita cursiva da Bíblia hebraica da época.
O hebraico-Azurite, de letras quadradas foi adotado pelos hebreus depois da volta do
cativeiro babilônico, talvez no tempo de Esdras.
OBS: Características do hebraico dos manuscritos originais do A.T. variavam com o desenvol-
vimento da língua.

1.2.5. DECIFRAÇÃO DA LÍNGUA DO EGITO

A Pedra Roseta
Um dos resultados mais importantes da campanha de Napoleão Bonaparte no Egito foi
a descoberta da Pedra Roseta. Em 1798, cientistas franceses escavando perto da cidade de
Roseta, à foz do Nilo, encontraram uma grande pedra de granito preta e em sua superfície es-
tavam cinzelados três tipos de caracteres: alguns semelhantes à ornamentação dos obeliscos
e templos em toda parte do Egito, logo abaixo encontraram caracteres diferentes e ainda mais
abaixo acharam linhas em grego em letras maiúsculas.
A inscrição grega, traduzida sem dificuldade, contava a história da pedra: fora erguida
em 195 a.C. pelos sacerdotes do Egito, em homenagem a Pitolomeu Epifanes. Concluiu-se
que as outras duas inscrições contavam a mesma história. As línguas desconhecidas, porém
continuaram a ser por algum tempo, um enigma, até que em 1822 o jovem francês Jean Fran-
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çois Champollion decifrou a inscrição hieroglífica. A inscrição grega foi a chave para resolver o
quebra-cabeças dos hieróglifos. Champollion mostrou que os hieróglifos não eram apenas de-
senhos e símbolos, mas sinais com valor fonético.
Munidos dos segredos arrancados da Pedra Roseta, os eruditos começaram a tradução
da literatura escrita dos monumentos, obeliscos, sarcófagos e papiros que abundam no Egito.
Em menos de trinta anos chegaram a conhecer em linhas gerais, a história da civilização egíp-
cia. A literatura do Egito confirma de uma maneira admirável a história antiga de Israel, como
se acha nos livros do Velho Testamento.
A Pedra Roseta foi levada pra Inglaterra e depositada no Museu Britânico.

1.2.6. OS PAPIROS DE ELEFANTINA


Coleção de papiros achados em Elefantina ( ilha do delta do Nilo ), em 1903. Estabele-
ceu prova da existência de uma colônia de judeus nesse lugar. Esses papiros contavam parte
da história dos hebreus.

1.2.7. A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO DA ESCRITA CUNEIFORME


INSCRIÇÃO DE BEHISTUN
Em 1835, Henry C.Rawlinson, oficial do exército inglês, descobriu em Behistun, Pérsia,
no lado perpendicular de um monte, uma inscrição que finalmente serviu de chave para soluci-
onar o enigma da escrita cuneiforme. A inscrição numa pedra polida ficava a uma distância de
mais de cem metros do pé do monte. Com risco de sua própria vida, Rawlinson conseguiu co-
piar a inscrição gravada em três línguas diferentes.
Usando o valor equivalente de sinais conhecidos, em palavras que já decifrara nos es-
tudos do pérsico antigo, Rawlinson após 10 anos conseguiu traduzir as linhas do pérsico cunei-
forme. As inscrições foram cinzeladas por ordem de Dario I, rei da Pérsia, por volta do ano 515
a.C. e contava a história de uma revolta em seu reino.
Julgando que as outras duas inscrições contavam a mesma história em línguas diferen-
tes, os eruditos começaram a traduzi-las. A língua Susiana foi a segunda a ser decifrada com o
auxílio da persa já traduzida. Finalmente a terceira, a mais difícil, mais antiga e de maior impor-
tância, a língua babilônica cedeu os seus segredos. Assim este grupo de línguas constitui a
chave para se conseguir ler numerosos escritos cuneiformes da antiga Babilônia, que revelam
a história da sua civilização, da mesma forma que o grupo de línguas da Pedra Roseta forne-
ceu a chave para se conhecer a história da civilização do Egito.

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O conhecimento desta língua antiga tornou acessível uma vasta literatura sobre cidades
prósperas, governos bem organizados, exércitos conquistadores, e narrativas sobre a ascen-
são e queda de nações.
A história de impérios, por séculos apagada da memória humana, foi silenciosamente
guardada naquelas pequenas cunhas gravadas nas tabuinhas, tijolos e cilindros de barro, para
ser revelada em nossos dias.

Nas escavações da cidade de Babilônia, descobriram uma vasta quantidade de contra-


tos, documentos de banqueiros, de negociantes e outros que tratam de relações sociais. Esses
registros nos revelam características de patrões que os judeus serviram no cativeiro. Os babi-
lônicos ricos, ativos e astutos nas relações comerciais, fizeram de sua pátria um dos grandes
centros econômicos e políticos do oriente. Podemos entender à luz dessa literatura como o ca-
tiveiro contribuiu para o treinamento dos próprios judeus no comércio. Como resultado eles têm
sido desde então entre os negociantes, os mais ativos do mundo.

Com o aumento do número de inscrições descobertas e interpretadas nos últimos anos,


vai-se entendendo e avaliando o conhecimento e a cultura das civilizações passadas. Na vari-
edade dessas descobertas, encontram-se documentos que tem valor no estudo das relações
históricas do povo de Israel. Tratam do intercâmbio de ideias políticas, econômicas, religiosas
e sociais.
As descobertas arqueológicas não somente apresentam grande valor no estudo das Es-
crituras mas também mostram a influência de outras nações na vida política, social e religiosa
dos israelitas.

1.2.8. A LITERATURA DA ANTIGA MESOPOTÂMIA

A decifração da escrita de Behistun despertou interesse em progredir com o estudo téc-


nico das várias línguas escritas no sistema cuneiforme. Sabe-se agora que este sistema era
usado em períodos diferentes para escrever pelo menos dez línguas, entre elas o sumeriano,
acadiano, cananeu, elamita e hitita. Desenvolveram-se dois alfabetos cuneiformes: o ugarítico
e o pérsico.
A acadiana foi a língua franca do oriente próximo no segundo milênio a.C., usada em
correspondências internacionais entre terras distantes como a Capadócia, Armênia, Susiana,
Chipre, Palestina e Egito.

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1.2.8.1. O povo e a literatura sumeriana
Os sumerianos eram um povo de sangue misto que se estabeleceu na planície fertilís-
sima entre o Tigre e o Eufrates, perto do Golfo Pérsico. Acredita-se que vieram dos planaltos
da Índia antes de 4000 a.C. Prosperaram rapidamente desde o meio do 4º milênio a.C. desen-
volveram uma maravilhosa cultura que se expressa na literatura, na arte e na ciência. Uma das
suas maiores contribuições foi a língua e a literatura.
A língua sumeriana era falada em vários dialetos na Mesopotâmia. Foi extinta depois do
fim do 3º milênio a.C., sendo substituída pela acadiana.

1.2.8.2. Os Acadianos e sua literatura


Os acadianos eram semitas vindos da Síria, aproximadamente em 2500 a.C., precede-
ram os babilônicos e assírios nas terras da Mesopotâmia. Adotaram a escrita cuneiforme dos
sumerianos e desenvolveram-na. Herdeiros também da cultura sumeriana, os acadianos de-
senvolveram a sua própria cultura que por sua vez exerceu influência nos assírios e babilôni-
cos e nos cananeus e hebreus.
Sabemos da importância da literatura egípcia para o estudante da Bíblia, mas os escri-
tos e a cultura da Mesopotâmia tem mais importância por causa da sua influência sobre o povo
que produziu as Escrituras.

1.2.8.2.1. Documentos Históricos Acadianos:


- Catálogos de reis e dinastias, com ou sem os períodos do seu governo.
- Narrativas de campanhas militares de suas conquistas e da vastidão de seus domínios, com
menção de lugares geográficos;
- Inscrições oficiais de Salmaneser III, Sargão, Senaqueribe, entre outros que reinaram entre
934 e 632 a.C., contemporâneos dos reis da monarquia davídica de Israel até o reinado de
Josias. Oferecem muitas informações paralelas com as narrativas do V.T.;
- Romances históricos, poesias épicas e mitológicas;
- Documentos legais da antiga Mesopotâmia, sendo o de maior importância e mais famoso, o
“Código de Hamurabi” ( 1727 a 1686 a.C. ) descoberto em Susa no ano de 1901.Sabe-se
agora que esse grande código foi resultado de um longo processo de desenvolvimento legal
na Babilônia, desde os tempos antigos dos sumerianos. O mais antigo código sumeriano é o
de “Ur-Namu”, rei de Ur em 2050 a.C;

- Processos legais perante os tribunais, inventários;


- Contratos comerciais;
- Correspondências internacionais;

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- Cartas particulares que trouxeram informações sobre o cotidiano dos povos;

Obs.: As cartas do Arquivo de Nínive ( 705-632 a.C. ), contemporâneas ao período de Eze-


quias, Isaías e Jeremias, apresentam informações que esclarecem problemas da época.

1.2.8.2.2. Literatura religiosa Acadiana


A literatura religiosa é abundante e riquíssima, especialmente dos povos semitas da
Mesopotâmia. Citaremos as mais importantes para os estudantes da Bíblia:
- A “Epopéia da Criação” , poesia mitológica, relaciona-se com a narrativa de Gênesis;
- “Epopéia de Gilgamesh”, paralela com a narrativa do dilúvio bíblico. Acharam-se numerosas
tábuas dessa poesia mitológica em escrita cuneiforme com narrativas do dilúvio, sob o pon-
to de vista da tradição sumeriana e babilônica;
- Hinos religiosos em grande quantidade, orações e lamentações dirigidos a deuses. No pan-
teão sumeriano, o deus supremo era Anu, deus do ar ou do céu; Ea, deus da terra; Enlil,
deus das águas; Istar, filha de Anu, era a deusa da fertilidade e fecundidade; Sin, deus da
lua e da sabedoria; Shamash, deus do sol, era filho de Sin.
Os povos sucessores dos sumerianos incorporavam aos seus deuses os desse povo,
Subindo a milhares o número de divindades adoradas no vale. Os babilônios elevaram
Mardoque ( Marduk ) à posição de deus supremo no seu panteão, e na Assíria, Anu cedeu
lugar a Assur. Foi desse meio idólatra que Deus chamou a Abraão para sair e buscar
uma terra desconhecida, onde haveria de adorar um único Deus, o verdadeiro Jeová
dos hebreus.
- Tábuas de ritos e encantamentos, em grande número, muitas delas dedicadas à magia e
divinação. O povo mesopotâmico vivia orientado em cada ato pela magia, pelos agouros,
encantamentos e adivinhações.

Toda essa literatura é importante para o estudo da história da cultura dos sumerianos,
acadianos, babilônicos e assírios, habitantes da terra que produziu maravilhosa civilização an-
tiga, cujos melhores elementos se transmitiram até o mundo moderno. Por outro lado, pode-
mos entender como os profetas e os líderes espirituais de Israel tinham que lutar por longos
anos contra a magia e a superstição de seus vizinhos que lhes legaram uma rica herança de
cultura.

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1.2.9. VALOR HISTÓRICO DE DESCOBERTAS ARQUEOLÓGI-


CAS RELACIONADAS COM A BÍBLIA.

1.2.9.1. Mari ( hoje Tel-Avivi, localizada às margens do rio


Eufrates )
Histórica e arqueologicamente, a cidade de Mari tem uma importância especial. No 3º milê-
nio a.C. foi uma das mais brilhantes cidades mesopotâmicas, depois de forte resistência, final-
mente foi subjugada e conquistada por Hamurabi, rei da Babilônia, quando este estabelecia o
antigo Império da Babilônia.
• AS ESCAVAÇÕES:
Escavada em 1933 por Andre Parrot, descobriu-se o templo dedicado ao culto da deusa
Ishtar, um enorme palácio real com apartamentos reais, escritórios administrativos e até
uma escola para escribas. Encontraram também grandes monumentos históricos, obje-
tos de arte e várias literaturas clássicas.
Nos arquivos do palácio foram achadas mais de 20 000 tábuas com inscrições de maior
importância para o estudo da história e da religião do povo. Muitos dos documentos são
correspondências diplomáticas entre o último rei de Mari e Hamurabi.

• IMPORTÂNCIA:
As inscrições oferecem informações sobre as condições sociais, culturais e políticas do
meio em que Abraão vivia na antiga Mesopotâmia.
À luz dessas novas descobertas torna-se mais evidente que Abraão foi herdeiro de uma
civilização antiga bem adiantada no desenvolvimento de sua vida social e cultural.

1.2.9.2. Tel-El-Amarna
As cartas de Tel-el-Amarna, do ponto de vista bíblico, é a mais importante descoberta
arqueológica feita no Egito, excetuando-se a da Pedra Roseta.
El-Amarna fica na margem oriental do rio Nilo, numa planície onde o faraó Amenotepe
IV, mais conhecido como Akhenaten ou Akhenaton, fugindo do ambiente hostil de Tebas, cons-
truiu sua nova capital, a qual deu o nome de Akhetaton. Estabeleceu uma religião monoteísta
que adorava o deus sol, conhecido como Aton, hostilizando assim os poderosos sacerdotes de
Amon, deus titular dos Tebas, os quais, nesta época, dominavam o país, intrometendo-se na
política.
• HISTÓRICO DAS CARTAS:

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Em 1887, uma pobre camponesa, cavando na rica terra da antiga capital de Akhetaten,
desenterrou parte de seus arquivos reais, composto de tabuinhas de argila escritas em
cuneiforme acadiano. Algumas foram examinadas por peritos que as declararam espú-
rias, porque, diziam eles, o cuneiforme jamais foi usado no Egito. Seu verdadeiro valor
só foi descoberto 5 anos mais tarde. Datam de 1400-1360 a.C. e se encontram no Mu-
seu Britânico, na Universidade de Oxford, no Museu de Berlim, no Cairo e outras em co-
leções particulares.
Os egípcios haviam conquistado a Palestina e a Síria e as dominavam quando Moisés
conduziu os israelitas pelo deserto.
Na maior parte são cartas dirigidas aos faraós Amenotepe III e Amenotepe IV do Egito,
pelos reis e governadores dos países vassalos da Síria e da Palestina. Sete foram escri-
tas pelo rei Arad-Hiba de Urusalim ( Jerusalém ), outras foram escritas pelos reis de Ti-
ro, de Sidom, de Biblos e outros.
Algumas tratam de negócios, de presentes oferecidos e recebidos e outros assuntos re-
lacionados com a política internacional, porém, a grande maioria trata de pedidos de so-
corro para que fossem mandados reforços imediatos a fim de resistirem aos invasores
que ameaçavam a segurança dos países sob a dominação egípcia; apelos que não fo-
ram atendidos como prova a história. Há menção dos “habiru” ( hebreus ) entre os inva-
sores, referindo-se como pensam muitos entendidos, ao povo de Israel sob a liderança
de Josué
• IMPORTÂNCIA:
- Mostram que os cananeus tinham uma escrita bem desenvolvida nessa época
( 1500-1350 a.C.). O Egito tinha a sua aperfeiçoada escrita hieroglífica, porém a cor-
respondência diplomática entre esses dois países foi feita na escrita da antiga Babilô-
nia, o cuneiforme.
- As cartas nos ajudam a reconstruir a história política da Palestina. Canaã ( Kinakhna
das cartas ) era província egípcia e as cartas revelam que estava em estado de turbu-
lência extrema, ameaçada do norte e do oriente pelos invasores “hati e habiru” ( hititas e
hebreus ).
“Não há quem me livre das mãos dos meus inimigos,” lamenta Rib-Ada de Biblos, rei
que dirigiu mais de 50 apelos a Amenotepe IV ( Akhenaton ) e Amenotepe III ( pai de
Akhenaton ). “Sou qual pássaro preso no açalpão.”
- Revelam o nível de cultura existente na Palestina no princípio do século 15 a.C.

Obs.: As cartas de Tel-El-Amarna contém a versão cananéia da invasão de Israel pelos


hebreus, sob o comando de Josué.
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1.2.9.3. Ras shamra, antiga ugarite


Rás Shamra da Síria fica às margens do Mediterrâneo.

• AS ESCAVAÇÕES:
Em maio de 1929, C.F.A.Schaeffer, cavando nas ruínas, descobriu algumas tá-
buas com inscrições cuneiformes numa escrita alfabética anteriormente desconhecida,
datando de 1400-1350 a.C.
A língua ugarítica pertence ao ramo noroeste da semítica, juntamente com o he-
braico, aramaico e outros dialetos cananeus. Varia pouco do dialeto de Biblos.
A literatura é principalmente mitológica nos seus ritos, nas festas religiosas e nos
sacrifícios. As inscrições revelam que uns cinquenta deuses e vinte e cinco deusas fo-
ram cultuados na cidade, destacado centro religioso da época. O culto principal, ao que
parece, foi dedicado aos deuses de Canaã, incluindo o deus Baal e a deusa Áshera.
Durante as escavações feitas no local, em 1953 e 1954, foram encontradas ou-
tras tabuinhas que deverão auxiliar a esclarecer o desenvolvimento da escrita alfabética.

• IMPORTÂNCIA:
A linguagem das inscrições é importante para o estudante da Bíblia por causa
dos numerosos paralelos entre o vocabulário ugarítico e o hebraico antigo, o que pode
ajudar não somente no estudo das palavras difíceis do hebraico como também no para-
lelismo das duas literaturas.

1.2.9.4. Biblos
Em 1921-1925, Pierre Muntet fez escavações em Biblos ( Gebal ), na costa da Síria e M.
Dunand continuou o trabalho em 1936.
A Síria e a Palestina em suas posições geográficas, serviram por muitos séculos como
intermediárias no intercâmbio das culturas do Egito e Mesopotâmia. Porém também sofreram
várias vezes como campo de batalha entre os dois.
Desde o princípio da Idade do Bronze, cerca de 3000-1900 a.C., Biblos achava-se sob
domínio do Egito. Todavia em 1050 a.C., Biblos já tinha rejeitado tudo do Egito.

• AS ESCAVAÇÕES:
Descobriram 30 selos de impressão pictográfica em cabos de jarros, cuja significação
ainda não está bem esclarecida. Achou-se ainda cacos ou fragmentos de barro, datados
de 3000 a.C., com selos impressos ornados com desenhos de flores e animais.
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Acharam também uma dúzia de inscrições silábicas do sistema hieroglífico em colunas
de pedra, tábuas de barro e espátulas de bronze, datados entre 1700 e 1400 a.C.
Mais interessante ainda são as inscrições fenícias no sarcófago de Hirão ( Ahiram ) de
Biblos. Depois de vários estudos e comparações, fixou-se a data no ano de 1000 a.C.
mais ou menos.

• IMPORTÂNCIA:
- As descobertas arqueológicas em Biblos têm valor no esclarecimento de vários milê-
nios da história antiga.
- As inscrições encontradas ajudam a montar a história e o desenvolvimento da escrita.
- A descoberta da inscrição alfabética fenícia tem importância especial no estudo da his-
tória do alfabeto hebraico-fenício.

1.2.9.5. A Pedra Moabita - 850 a.C. ( Hebraico Fenício )


Esta estela de basalto preto medindo 1,30 por 1m foi descoberta em Dibom, Moabe, por um
missionário alemão em 1868. A inscrição de 34 linhas em hebraico fenício é a versão moabita
de II Reis 3:4 a 27 e data de 850 a.C. É a mais comprida narrativa conhecida do hebraico anti-
go. Hoje está em Paris, no museu do Louvre.

IMPORTÂNCIA:
- Historicamente a inscrição confirma e complementa a narrativa do Antigo Testamento
(II Reis 3:4-27) dando pormenores das relações existentes entre Israel e Moabe na épo-
ca.
- Prova que os moabitas, um povo seminômade, usava uma escrita, principalmente o he-
braico fenício. É um elemento valioso para se traçar o desenvolvimento da língua hebrai-
ca escrita.

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UNIDADE III

1.3. A ARQUEOLOGIA E A PALESTINA

PALESTINA – lugar escolhido por Deus para estabelecer o povo incumbido de receber e
transmitir a mensagem d’Ele a todas as nações do mundo.
Desde a edificação do primeiro altar de Abraão ( Gn. 12:1 a 7 ) até à destruição de Jeru-
salém pelo Império Romano, esta pequena terra vem testemunhando os eventos mais signifi-
cativos da história humana.
A ciência arqueológica esclarece a potência da mensagem dos homens de Deus nas vi-
tórias e triunfos e na preservação das Escrituras Sagradas, apesar da oposição das mais pode-
rosas nações que se levantaram e caíram no decorrer da história. A despeito de seus precon-
ceitos, o mundo está começando a reconhecer a imutabilidade das verdades, do amor e da jus-
tiça de Deus.

TRABALHOS ARQUEOLÓGICOS NA PALESTINA


O fundador da exploração científica na superfície da terra, Edward Robinson, fez sua
primeira viagem à Palestina em 1830. Estudante cuidadoso das Escrituras, que examinou jun-
tamente com outros documentos históricos, ele descobriu e identificou muitos lugares mencio-
nados na Bíblia.
Em 1865 foi organizada a primeira comissão para o estudo sistemático e científico da
Palestina. Em 1880 foi publicado o grande mapa da terra e para acompanhar o mapa e des-
crever suas características naturais e sua topografia, a comissão publicou uma obra em 7 vo-
lumes que oferecem auxílio indispensável no estudo da Palestina.

PROBLEMAS DOS ARQUEÓLOGOS PIONEIROS


À luz do desenvolvimento da ciência, pode-se reconhecer alguns dos problemas enfren-
tados pelos arqueólogos pioneiros:
- Não sabiam fazer escavações científicas ( ainda não se desenvolvera a ciência de es-
tratigrafia ).
-Não conseguiam reconhecer o valor, para a história, da ciência arqueológica.
- A cronologia dos tempos antigos lhes parecia um enigma insolúvel (não havia desen-
volvido nenhum sistema de datar objetos antigos ).
-Ficavam embaraçados também com o desconhecimento das línguas mortas encontra-

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das em inscrições antigas. Com a decifração de tais línguas, aumentou-se maravilho-
samente o desenvolvimento da nova ciência.

PROGRESSO NOS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS DA PALESTINA


Depois da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), houve um grande avanço na história da ar-
queologia bíblica, quando em 1920 o governo britânico assumiu a administração civil da Pales-
tina.
O novo governo criou o Departamento de Antiguidades, que desde o princípio deu seu
apoio ao trabalho arqueológico, incentivando as organizações interessadas. Publicou um de-
creto oferecendo aos escavadores uma boa divisão sobre os objetos desenterrados e diversos
museus se animaram a enviar expedições à Palestina. Para cientistas e instituições de respon-
sabilidade, tornou-se fácil conseguir com o governo a licença necessária para iniciar uma cam-
panha particular, e muitas organizações aproveitaram-se dessas vantagens.

Podemos ficar profundamente gratos pelos resultados conseguidos no esclarecimento


das relações históricas, literárias e sociais de Israel com seus vizinhos, e a vasta superiorida-
de, de todos os pontos de vista, da religião bíblica. Assim combatendo o erro promulgado por
pessoas mal informadas, de que a religião do V.T. não é diferente das dos povos contemporâ-
neos. Muitos comentários sobre as Escrituras já perderam o seu valor à luz de novas desco-
bertas nas ruínas das terras bíblicas.

1.3.1. DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS NA PALESTINA

É interessante notar que, na pequena terra da Palestina, as ruínas das cidades, tais co-
mo Jericó, Megido, Laquis, Samaria e muitas outras, nos fornecem uma nítida ideia da vida dos
povos de Canaã através dos séculos.

1.3.1.1. Descobertas Arqueológicas em Jericó


Jericó foi a primeira cidade tomada pelos israelitas na conquista de Canaã. Ocupou o lugar
de maior importância estratégica para a defesa da Palestina contra os povos invasores do les-
te. É hoje chamada Tel-Es-Sultan. Atrás da cidade ficava a região montanhosa, e à uma dis-
tância de 1,5 km, o monte de Jebel Kuruntul, por onde fugiram os espias de Josué, da casa de
Raabe.
A cidade oferecia ao homem antigo, condições favoráveis, como clima quente mas variável,
solo fértil, vegetação abundante e uma fonte de águas copiosas, que atraiu ao local os primei-
ros moradores.
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• AS ESCAVAÇÕES:
Desde 1907 os arqueólogos procuram descobrir nas ruínas de Jericó, os segredos de
sua história. O arqueólogo inglês John Garstang trabalhou no local entre 1929 e 1936, e
mais recentemente outras escavações foram realizadas. Por conveniência, Garstang
nas suas pesquisas, designou por meio de letras as principais ocupações. Assim a ocu-
pação A, data de aproximadamente 3000 a.C.; a ocupação B, construída em cima das
ruínas da primeira cidade chamada de A, existiu nos dias dos patriarcas, de 2500 a.C. a
1700 a.C.; a C foi a cidade tomada e ocupada pelos hicsos de 1700 a.C. a 1500 a.C.; e
a ocupação D, construída aproximadamente no ano 1500 a.C. foi a cidade capturada
pelos israelitas sob o comando de Josué.

J. Garstang, ao encontrar a Jericó conquistada por Josué, descobriu o muro construído


em cima de outro muro de qualidade inferior. O muro visível de Jericó caiu porque o mais fraco
embaixo cedeu primeiro. “E caiu o muro rente ao chão” ( Josué 6:20 ). Garstang apresentou a
teoria de que a queda do muro foi causada por um dos freqüentes terremotos do lugar. Quer
tenha sido um ato de providência como um terremoto, quer tenha sido milagre no sentido mais
estrito da palavra, a narrativa de Josué se confirma pela arqueologia. Glórias a Deus!
Os arqueólogos descobriram também, perto do portão da cidade, a parte do muro em
que foi construída a casa de Raabe. Verificou-se que esta parte do muro não caiu ( Js. 6:22,
23 e 25 ).
Garstang descobriu também provas da veracidade de Josué 6:24, a quantidade de cin-
zas na camada das ruínas prendeu logo sua atenção. Acharam-se nas ruínas das casas man-
timentos tipo, trigo, centeio, lentilhas, cebolas, etc., carbonizados pelo calor intenso da cidade
incendiada. Depois de mais de 3 mil anos estas relíquias confirmam pormenores das narrativas
bíblicas sobre a destruição de Jericó.

Pela última vez, Jericó foi reconstruída como cidade fortificada, antes da destruição por
Josué: desmantelada a muralha Hicsa, foi construído em cima dela o novo muro. Era de tijolos,
tinha mais de 3m de espessura e provavelmente 9m de altura. Era protegida por uma muralha
exterior com 2m de grossura, apoiada nos alicerces da anterior e afastada da outra uns 4m.
Em cima foram construídas casas cujos alicerces se apoiavam sobre os dois muros ( Js. 2:15).
Os arqueólogos descobriram que na catástrofe que pôs fim à história de Jericó, o muro
exterior caíra pelo declive do terraplano e o interior, junto com as casas, se despedaçara no
espaço entre os muros. A área do palácio, edifícios e tudo que neles havia, foi consumido por

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um incêndio tão intenso que os deixou sepultados sob uma camada de cinzas brancas, que
chegavam até aos joelhos. Por cima das cinzas ficava uma camada de escombros enegreci-
dos.

PROVAS DA DESTRUIÇÃO REPENTINA DE JERICÓ POR JOSUÉ


Uma casa contígua ao muro exemplificava o desastre que caiu sobre a cidade. Foi con-
sumida pelo fogo enquanto ocupada. Nos escombros se encontraram fragmentos de cerâmica,
na maior parte objetos de uso doméstico, uma quantidade de alimentos petrificados em um
canto parcialmente coberto e preservado por tijolos caídos do próprio muro. Os alimentos inclu-
íam não somente cereais comuns como aveia e cevada, mas também azeitonas, tâmaras, ce-
bolas e pimenta. Significativo foi o encontro de uma pequena quantidade de massa crua posta
de lado para levedar o pão do dia seguinte. Está claro pois, que a casa foi destruída enquanto
ocupada normalmente, e não se vê sinal de sua reconstrução. Pode-se concluir, portanto, que
na mesma ocasião ruíram os muros e as edificações da cidade.

OBS: Os históricos escavadores atravessaram 18 estratos de ruínas ( quase 25 metros ) antes


de chegarem à terra estéril ou sem quaisquer sinais de movimento humano. Cada um desses
estratos apresenta característicos distintivos de seus habitantes e revela, dentro de certos limi-
tes, a data de sua existência. Encontraram sinais de ocupação humana do sítio de Jericó no
período neolítico ( 5000 a até 6000 a.C. ). Desde 4500 uma série de cidades foi sendo levanta-
da no lugar, uma sobre as ruínas da anterior. Podem-se notar os graus de progresso na esca-
da da civilização.

O CEMITÉRIO DE JERICÓ
Garstang descobriu também a necrópole fora da cidade, que não foi usada mais depois
da entrada dos israelitas na terra. Pelos objetos achados nas sepulturas, podia-se fazer um es-
tudo da civilização dos cananeus da época. De maior interesse científico são os escaravelhos (
sinete em forma de besouro ) encontrados nos túmulos. Sua imagem era usada como amuleto
porque lhe atribuíam poderes mágicos. Era costume colocar tais imagens junto aos cadáveres
ou às múmias como símbolo de esperança na ressurreição.
Inscrita nos escaravelhos dos reis ia uma declaração de sua fama, junto com a sua in-
sígnia de nobreza e o seu nome. Sepultava-se o cadáver com o escaravelho do faraó reinante.
Por isso o escaravelho tem sido um objeto de muito valor para os arqueólogos nos seus estu-
dos de cronologia.

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No cemitério de Jericó, os escaravelhos de algumas sepulturas levaram o nome da prin-
cesa Hatshepsut juntamente com o de Tutmés III ( 1501 a 1447 a.C. ). Outros tinham o selo
real ou escaravelho de Amenotepe III ( 1413 a 1377 a.C. ). Não foram encontrados escarave-
lhos levando o nome de qualquer rei depois de Amenotepe III. Também não foram achados
vasos distintivos ou outro objeto qualquer que representasse os reis subseqüentes. Esta inter-
rupção abrupta foi um dos fatos que levou Garstang a concluir que a cidade de Jericó deixou
de existir enquanto Amenotepe III ainda reinava, cerca de 1400 a.C.

1.3.1.2. Descobertas Arqueológicas em Megido


Uma das cidades que dominam o lado sudoeste da planície de Esdraelom é a cidade
de Megido, historicamente a mais importante. Era uma das cidades reais dos cananeus cujo rei
foi morto por Josué.
Ocupando lugar estratégico, onde várias estradas internacionais se cruzavam, no lado
da planície fértil de Esdraelom, Megido tomou parte relevante na história da Palestina e dos
países vizinhos. Localizada nas passagens entre África e Ásia, Megido sofreu as vicissitudes
de muitas batalhas internacionais. Ali passaram o conquistador Tutmés III e os exércitos do
Egito e Assíria com seus aliados.

• AS ESCAVAÇÕES:
As primeiras escavações em Tel-el-Muteselim, ruínas de Megido, feita pelos alemães de
1903 a 1905, não produziram resultados de especial importância, mas despertaram o in-
teresse dos arqueólogos.
O trabalho do “Oriental Institute of the University of Chicago” resultou em muitas desco-
bertas de importância histórica. Removendo o monte de terra deixado pelos escavado-
res em 1905, acharam-se fragmentos de um monólito com uma inscrição hieroglífica e a
menção ao nome de Sisaque, rei do Egito, em cuja honra foi erigido, indicando que a in-
vasão resultou na dominação egípcia nesta e em outras cidades da Palestina por algum
tempo.
Financiada generosamente e cientificamente aparelhada, a expedição foi dirigida com
eficiência e bons resultados. Compraram o sítio inteiro em Tel-el-Muteselim e começa-
ram o plano de remover toda a colina, estrato por estrato. Levaram avante o serviço de
1925 a 1939, quando ficou parado por causa da guerra.

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EVIDÊNCIAS DOS TÚMULOS


Os objetos achados nos túmulos e ao lado do monte indicaram uma longa ocupação de
Megido. Os vasos de barro encontrados, têm formas peculiares mostrando a influência da Me-
sopotâmia e da Pérsia. Havia também grupos de túmulos com escaravelhos dos hicsos e ou-
tros com selos do período israelita.

EVIDÊNCIAS DOS ESTRATOS REMOVIDOS


No primeiro estrato do outeiro removido, acharam-se poucos objetos importantes como
lâmpada e vasos de barro da Idade do Ferro. Depois do cativeiro babilônico a cidade ficava
sem muros e sem edifícios importantes.
— A cidade do segundo estrato ficava também sem proteção, exceto uma só fortaleza. Talvez
tenha sido destruída em 609 a.C. quando Josias foi morto por faraó Neco (II Reis 23:29).
— A cidade do terceiro estrato, construída nas ruínas da quarta, representa o período de Jero-
boão II. Achou-se neste estrato um santuário dedicado à deusa Astarte, como também a figura
dela. Esta cidade foi destruída pelos assírios em 733 a.C.
— A cidade do quarto estrato, desenterrada por Guy, acharam-se nas ruínas muitos testemu-
nhos das magníficas construções e da grande prosperidade do povo de Israel no reinado de
Salomão. Foi achado um grande edifício do lado sul, uma fortaleza, talvez começada por Davi
e concluída por Salomão. Por algum tempo, alguns críticos tinham a tendência de desprezar as
descrições bíblicas da prosperidade material de Israel nesse período. Descobriram-se cavalari-
ças bem construídas de pedras lavradas, em forma retangular, no estilo da arquitetura da Pa-
lestina e Fenícia. Os estábulos comportavam 450 cavalos e tinham acomodações para carros e
cavaleiros. Foram construídos em fileiras e seções nos dois lados da rua. O teto das constru-
ções era suportado por duas linhas de colunas e entre estas se achavam as manjedouras de
pedra. Do lado oriental havia um grande edifício, aparentemente um quartel para soldados. Da
alta torre desta construção podia-se avistar todos os lados da cidade.

Uma coisa interessante a respeito dos edifícios é a verificação da frase de I Reis 7:12
“…e o grande pátio em redor tinha três ordens de pedras lavradas”… E sobre os fundamentos
foram achadas justamente as três ordens de pedras lavradas. O estilo da arquitetura foi intro-
duzido na Palestina e na Fenícia, fato indicado na Bíblia e verificado pela arqueologia.
Descobriram também um largo poço de 38m de comprimento, e o maravilhoso sistema
de abastecimento de água da cidade proveniente de uma caverna onde cabia uma provisão
constante do precioso líquido.

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— Penetrando até o nono estrato, foram achadas figuras de Baal, o deus cananeu das tempes-
tades. Achou-se uma figura de cerâmica representando um fígado de ovelha, que era usada
para determinar a vontade dos deuses em ocasiões de perturbação, método usado por vários
povos antigos.
— Chegando ao décimo nono estrato, datado de 3.250 a.C. descobriram as ruínas de um san-
tuário com pavimentação de pedra traçada com figuras de homens e animais, algumas de ma-
neira tosca e outras com destreza artística. Assim as escavações nas ruínas de Megido reve-
lam uma história contínua da civilização palestina desde 3500 até 450 a.C.
Tendo uma localização estratégica, a cidade foi bem fortificada em certos períodos da
história. A grande parte do outeiro não explorada, guarda sem dúvidas informações importan-
tes sobre a longa e dramática história de Megido.
Segundo o livro de Apocalipse, Megido será o lugar da última e grande batalha do Ar-
magedom.

1.3.1.3. A Inscrição do Túnel de Siloé – 702 a.C. ( Hebraico


Fenício )
“Este mesmo Ezequias tapou o manancial superior das águas de Giom, fazendo-as cor-
rer em linha reta para o poente da Cidade de Davi, fez a piscina e o aqueduto e trouxe água
para dentro da cidade.” ( II Crônicas 32:30 , II Reis 20:20 e Isaías 22:9 a 11 )

HISTÓRICO
Quando a cidade de Jerusalém estava ameaçada de sítio por Senaqueribe, Ezequias
resolveu trazer as águas da fonte de Giom ( hoje Fonte da Virgem ), situada na encosta orien-
tal de Ofel, para dentro da cidade. Mandou cortar na rocha um túnel que ligaria a fonte com o
Tanque de Siloé, na parte sudoeste da cidade. Ao que parece, um dos operários, para assina-
lar o término da obra, cinzelou na parede do túnel uma inscrição em hebraico fenício. A inscri-
ção descreve a construção do túnel.

A DESCOBERTA
Em 1880 um aluno do arquiteto Schick penetrou no túnel partindo do Tanque de Siloé, e
a uns 7m da entrada viu na parede uma inscrição de 6 linhas, fato que comunicou a seu pro-
fessor. Mais tarde o arqueólogo Sayce copiou e decifrou as linhas. Alguém cortou da parede o
bloco de pedra onde se achava a inscrição e quando foi reencontrado, o governo turco o levou
para Constantinopla ( hoje Istambul ), onde se encontra no Museu da Antiguidade da cidade.

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IMPORTÂNCIA
A inscrição em hebraico fenício mostra a escrita usada na época do profeta Isaías e
contribui como mais um elemento para traçar o desenvolvimento da língua hebraica escrita.

1.3.1.4. História Arqueológica de Laquis

Foi identificado por Albright, o outeiro de Tel-El-Duweir, como sendo o local da antiga
Laquis, que fica no sul da Palestina, 36 km ao sul de Jerusalém e 20 km a oeste do Mar Morto.
Laquis foi uma das cidades mais importantes da Palestina depois de Jerusalém.
A altura média da colina acima do vale ao redor é de 42m. Um poço cavado nas ruínas
até à terra virgem atravessou 18m. Os diversos estratos demonstram o acúmulo das ruínas de
várias cidades construídas, uma em cima das ruínas da outra. A mais antiga pertence à Idade
Calcolítica sendo sobreposta por outra da Idade do Bronze Antigo ( 4000 a 3000 a.C.), mais de
mil anos antes da chegada de Abraão na Palestina.
Menciona-se a cidade de Laquis pela primeira vez na Bíblia em Josué 10:3. A cidade
caiu nas mãos de Josué depois de dois dias sendo sitiada, indicando talvez dissensões inter-
nas, porque a sua fortificação antiga era quase inexpugnável.

O PROGRESSO NAS ESCAVAÇÕES


As escavações em Duweir foram feitas no período de 1932 a 1938, quando o diretor efi-
ciente da expedição, J. L. Starkey foi assassinado por saqueadores. O trabalho foi continuado
por seu colega Lankester Harding.
Os objetos achados nas escavações do outeiro e do cemitério já foram classificados, fo-
tografados e estudados, com o resultado de confirmar muitos dos pormenores das narrativas
bíblicas sobre a história de Israel e dos povos vizinhos. Mas levará muitos anos ainda para se
escavar e examinar todas as camadas das ruínas de Laquis.
Desenterrou-se uma grande variedade de artefatos representando os períodos da histó-
ria desde mil anos antes de Abraão até a ocupação de Laquis pelos persas, confirmando em
grande parte as narrativas bíblicas.

AS CARTAS DE LAQUIS ( na escrita cursiva fenício-hebraico )


Essas cartas de Laquis constituem um dos achados mais importantes da Palestina, es-
pecialmente no que se refere à invasão da terra por Nabucodonosor, o sítio e a queda de Jeru-

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salém e o fim da história nacional de Judá. Sabemos pela Bíblia que Laquis serviu como quar-
tel-general durante o período do sítio à Jerusalém ( Jeremias 34:5 a 7 ).
Em 29 de janeiro de 1935 descobriram-se 18 cartas nas ruínas de Laquis ao lado da
porta da cidade. Mais tarde acharam-se mais três. Todas essas cartas pertencem à época de
Jeremias e foram escritas por volta do ano 600 a.C., à tinta e em ostracas ou cacos de vasos
de barro. Algumas das cartas foram reconhecidas como parte da correspondência entre um
oficial e o chefe de uma pequena guarnição ao norte de Laquis. Elas foram achadas num pe-
queno quarto que talvez fosse o gabinete oficial. Consta que uma delas é uma ordem militar.
Esses são os primeiros documentos pessoais achados na Palestina na língua usada
pelos hebreus no período que antecedeu o cativeiro.
O tradutor das cartas, Harry Torczyner, era professor da Universidade Hebraica de Je-
rusalém. Foram escritas na língua hebraica denominada as vezes fenício-hebraica. Ele publi-
cou o resultado dos seus estudos no livro “The Lachish Letters”. Sabemos agora que o Velho
Testamento foi escrito nessa língua ( fenício-hebraica ), usada pelos judeus até o cativeiro ba-
bilônico.
Mudou-se gradativamente a forma de escrever durante o cativeiro, adotando-se final-
mente o sistema usado no hebraico bíblico até agora, de letras separadas, com as vogais adi-
cionadas mais tarde pelos massoretas. No período dos macabeus ( 175 a 100 a.C. ), a família
nobre tentou em vão restituir a forma cursiva da língua escrita como se acha nas cartas de La-
quis, mas finalmente ela ficou completamente esquecida.
Segundo a opinião de Torczyner, a escrita cursiva das Cartas de Laquis, bem divulgada
no tempo de Jeremias, levou muito tempo para chegar a esse grau de desenvolvimento, ha-
vendo sido usada desde o tempo de Moisés, com modificações gradativas.

A CONFIRMAÇÃO DA NARRATIVA BÍBLICA


O Dr. Harry Torczyner, tradutor das cartas diz: “Aqui temos pela primeira vez uma con-
firmação autêntica, contemporânea e interna das lutas políticas, militares e religiosas dos últi-
mos meses do reino de Judá, como relatados nas Escrituras.”

VALOR RELEVANTE DAS CARTAS – SUA IMPORTÂNCIA


- Essas cartas são o único escrito existentes em hebraico-fenício, relativamente compri
dos, cuja data é anterior a do cativeiro babilônico.
- Pela primeira vez fora do Velho Testamento temos menção a um profeta que fez de tudo
para orientar o povo de Deus durante sua história na terra de Canaã. Talvez seja Jere-
mias o profeta mencionado.

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- As cartas nos dão um contato íntimo com o reino de Judá nos seus dias mais críticos,
confirmando o que relatam as Escrituras.
- Revela-nos também a escrita usada no Velho Testamento nos dias de Jeremias, o he-
braico-fenício em letras cursivas.
- Sendo correspondência pessoal, as cartas confirmam que o uso da escrita era comum e
não excepcional. Os hebreus sabiam escrever e escreviam com tinta e pena.

1.3.1.5. Escavações nas Ruínas de Samaria

SAMARIA – CAPITAL DO REINO DO NORTE


As operações arqueológicas nas ruínas desse antigo centro político confirmam notavel-
mente a sua história, desde a fundação até à queda sob o poder da Assíria, justamente como é
descrita na Bíblia.
A cidade capital, “a cabeça de Efraim” ( Is. 7:9 e 28:4 ) foi tão bem fortificada que resistiu
ao sítio de 3 anos por Salmanaser V antes de cair no poder de Sargão II. Onri, fundador da di-
nastia ( 885 a 842 a.C. ) que terminou com a revolta de Jeú e a morte de Jorão, escolhera um
dos melhores locais da Palestina para uma grande capital.
Os profetas denunciaram a riqueza, o luxo e a crueldade dos príncipes, a miséria dos
pobres e a indiferença dos cidadãos.
No período bíblico, Samaria ficava no centro geográfico da Palestina. De Megido uma
rede de estradas passava em várias direções, dando a Samaria contato com todas as nações
vizinhas com vantagens comerciais, mas também com o perigo de invasão por parte dos inimi-
gos. Os recursos materiais de Samaria eram mais ricos do que os de Judá, mas faltava-lhe o
prestígio de Jerusalém.

AS ESCAVAÇÕES
Samaria não sofreu tantas destruições como Jerusalém, nem existe uma cidade moder-
na em seu local. Em contraste com Jerusalém, Samaria pode ser escavada, mas não sem difi-
culdade. Fundada na Idade do Ferro, desde o princípio foram construídos grandes edifícios de
pedra. Nas reconstruções sucessivas, cavou-se frequentemente através dos escombros bus-
cando os novos fundamentos, mas os estratos não se distinguem um do outro tão claramente
quanto em muitas outras ruínas das antigas cidades palestinas. A área é grande, dificultando o
trabalho de remoção de massas de terra e pedra.
A primeira expedição foi financiada pela Harvard University nos anos de 1908 a 1910 e
dirigida por D.G. Lyon, George A. Reisner e C.S. Fisger, homens experientes no serviço. A se-

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gunda expedição foi dirigida por J.W.Crowfoot. Cooperaram várias universidades e organiza-
ções de Jerusalém. Crowfoot e seu assistente, E.L. Sukenik, com o auxílio de outros, trabalha-
ram durante as três estações dos anos de 1932, 1933 e 1935.
Devido às dificuldades peculiares das ruínas, houve alguma confusão da parte dos dire-
tores da primeira expedição em distinguir os artefatos dos diferentes períodos da história da ci-
dade. Com a elucidação da estratigrafia pela segunda expedição, distinguem-se agora os perí-
odos da dinastia Onri-Acabe, o tempo de Jeú e o período do VIII século.
Onri e Acabe fortificaram a cidade com a construção de um grande e forte muro exterior
e outro interior. Mais tarde construíram outros nos lados do outeiro. Esta série de muros apre-
senta um comentário sobre os dois ataques que a cidade sofreu: um pelos sírios ( II Reis 6:24
a 30 ) e o segundo que durou três anos, antes de sucumbir aos poderosos assírios ( II Reis
17:5 ). Foram achados dentro da cidade um número suficiente de grandes cisternas que forne-
ciam água ao povo no tempo em que estavam sitiados.
O suntuoso palácio encontrado, identificado por algum tempo como o de Acabe, talvez
possa ter sido construído e ocupado por Jeroboão II. Feito com grandes pedras calcárias tinha
uma torre forte retangular e um extenso jardim.

OS MARFINS DE SAMARIA
Lembrando das denúncias de Amós ( 6:4 ), das camas de marfim e da casa de marfim
(3:15) dos ricos, e da menção em I Reis 22:39 da casa de marfim que Acabe edificou, é de in-
teresse especial a descoberta dos numerosos marfins das ruínas de Samaria. A maior parte
deles se achava em pedacinhos, mas muitos tinham a forma de placas e pequenos painéis que
se embutiam na mobília e nas paredes das casas.

AS OSTRACAS DE SAMARIA
Uma das descobertas mais importantes para os estudiosos foi um grupo de cacos com
inscrições em hebraico antigo do tempo da monarquia. Julgou-se por algum tempo ser do perí-
odo de Acabe ( 850 a.C.). A tendência agora é de datá-los no reinado de Jeroboão II ( 780
a.C.). Nelas estão contidas listas de artigos ou recibos relacionados ao sistema fiscal do go-
verno. Aparentemente são especificações de azeite e vinho recebidos como impostos pelo rei.
Nota-se que muitos dos nomes dessa lista também são mencionados na Bíblia, como Ahino-
am, Gomer, Nimshi, Ahaz, Sheba e Meribaal. O nome Meribaal e muitos outros compostos
com “baal” testificam a prevalência do culto à Baal. Esses documentos respaldam as declara-
ções dos profetas Amós, e Oséias sobre a idolatria e a hipocrisia dos israelitas no tempo de
Jeroboão II.

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Os recibos de vinho e azeite entregues ao tesouro real, escritos em hebraico antigo
quase todos têm o nome do entregador, o lugar de onde vinha o artigo e a quantidade entre-
gue.
Iluminam as condições políticas, econômicas e religiosas do Reino do Norte nos dias de
Acabe ( 874-853 a.C. ) ou talvez de Jeroboão II ( 782-753 a.C. ).

PERÍODO SUBSEQUENTE DA HISTÓRIA DE SAMARIA


Depois de muito trabalho e muito estudo, os escavadores conseguiram identificar os pe-
ríodos sucessivos da história de Samaria, desde o tempo de Onri até à época bizantina. Foca-
lizaram porém, como interesse principal, o período israelita. Acharam evidências da ocupação
assíria, mas nada de interesse especial. Verificou-se o aumento da área da cidade no período
dos pérsicos e gregos, com a construção de muros nos terraços mais baixos do outeiro.
A famosa Rua das Colunas, de tanto interesse para os turistas, data-se agora do tempo
romano, a basílica romana e o estádio coríntio pertencem também à mesma época ( 180 – 230
d.C. ). Uma grande parte da construção romana fez-se por Herodes Magno em honra ao Impe-
rador Augusto. Foi ele quem deu à cidade o novo nome: Sebaste, equivalente grego de Augus-
to.

1.3.1.6. Os Manuscritos de Qumram ( Mar morto )

No verão de 1947, um jovem beduíno à procura de uma cabra perdida, descobriu em


uma caverna ao ocidente do Mar Morto, alguns vasos, na sua maioria quebrados, dentro dos
quais haviam sido escondidos cerca de doze manuscritos enrolados em panos de linho e apa-
rentemente cobertos de piche.
A caverna fica numa região desolada e quente do deserto da Judéia dos dias bíblicos,
cerca de 12 km ao sul de Jericó e entre os penhascos que margeiam a costa noroeste do Mar
Morto.
Os manuscritos, segundo opinião dos mais conceituados arqueólogos, consti-
tuem a maior descoberta de manuscritos dos tempos modernos: a mais importante e
jamais ocorrida de manuscritos em hebraico.
Os rolos pertenceram à uma seita ascética dos judeus, considerada por muitos como a
dos essênios, que ocuparam essa região entre 185 a.C. e 135 A.D., ano em que foi definitiva-
mente abandonada. Porém as teorias variam dos essênios aos saduceus e daí aos zelotes,
para uma mistura destes com os fariseus, até chegar a um grupo completamente distinto.

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Cerca de 1 km ao sul da caverna ficava o centro comunal, ocupado no decorrer dos
anos por diversos grupos da seita. As ruínas desse centro ( Khirbet Qumran ), que foi destruído
em 68 A.D. quando os romanos atacaram o povoamento, foram escavadas entre 1951 e 1954,
e o cemitério, onde mais de 1000 túmulos foram encontrados, indica que a comunidade era re-
lativamente grande.

PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS
• Das cavernas da região que já foram examinadas pelos arqueólogos, em sua maior par-
te continham manuscritos, fragmentos ou outros vestígios de ocupação que auxiliam a
estabelecer datas e o tipo de vida levada pelos ascetas.
• Foi recolhida uma grande quantidade de fragmentos de obras diferentes, entre os quais,
trechos de todos os livros do Velho Testamento, com exceção ao livro de Ester.

ROLOS DA CAVERNA I
Dos manuscritos encontrados na primeira caverna, o mais importante é um rolo de Isaí-
as, com aspecto de ter sofrido apenas os desgastes naturais que ocorrem com a passagem
dos séculos.

IMPORTÂNCIA DAS DESCOBERTAS


- O rolo de Isaías antedata de 1000 anos ao manuscrito mais antigo anteriormente conheci-
do.
- Os manuscritos de Qumran constituem nossas mais antigas cópias dos livros da Bíblia que
conhecemos. Até hoje foi encontrado um representante para cada livro do A.T., com exce-
ção do livro de Ester.
- Ajudam no estudo do hebraico, quanto à história da evolução da sua escrita.
- Ajuda a descobrir questões a respeito de palavras e termos hebraicos cujo sentido não era
absolutamente claro.
- O texto bíblico hebraico usado como base para nossas versões atuais foi comparado com
os textos dos manuscritos encontrados. Essa comparação revelou conteúdo idêntico, con-
firmando o cuidado meticuloso dos judeus na transcrição das Escrituras.

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1.3.2. HISTÓRIA DE JERUSALÉM À LUZ DA ARQUEOLOGIA


Jerusalém é a cidade dos cristãos, dos judeus e dos muçulmanos. Identifica-se a etimo-
logia em Gênesis 14:18 e Salmos 76:2 com a palavra hebraica “shalem”, “paz.” Há porém refe-
rência egípcia do décimo nono século a Urusalim. Uma das cartas de Tel-El-Amarna, escrita
por Abdi-Hiba, escreve o nome Urusalim. É a cidade mais importante da Palestina e na Bíblia.
O Templo em Jerusalém representa o centro da vida religiosa dos hebreus. Ali viveram
Davi, Salomão, Isaías, Jeremias, Esdras e Neemias, representantes da fé e das aspirações do
seu povo. Jesus proferiu algumas das suas grandes mensagens ao povo de Jerusalém. Ali ele
foi crucificado, sepultado e levantado e ali foi fundada a primeira igreja cristã.
Nenhuma outra cidade jamais experimentou uma história tão dramática, sofrendo tanta
humilhação e desgraça, e recebendo de seus habitantes tantas expressões de tristeza, espe-
rança e amor. Por trinta e cinco séculos ela tem sofrido as vicissitudes da guerra, pilhagem,
desolação, mas nunca esquecida e nunca abandonada, sempre recebendo a homenagem das
três grandes religiões monoteístas e o profundo interesse dos historiadores e arqueólogos.
Aprendeu-se muito nesses últimos anos sobre a sua topografia e sua relação com a his-
tória e com a interpretação do Antigo e do Novo Testamento. Com escavações, limitadas por
tantas circunstâncias e estudos assíduos, os arqueólogos vêm esclarecendo fatos importantes
da longa e interessante história de Jerusalém.

PRINCÍPIOS DA OBRA ARQUEOLÓGICA DA CIDADE


E. Robinson, Charles Wilson, Charles Warrem, C. R. Conder, Henry Maudslay, J. G.
Duncam e muitos outros contribuíram para a solução de questões da história e do desenvolvi-
mento da cidade, pela localização de alguns de seus lugares importantes, esclarecimento de
alguns de seus eventos históricos e alguns períodos de seu crescimento.

A ANTIGUIDADE DE JERUSALÉM
Jerusalém era uma das cinco cidades principais dos amorreus, sendo outras, Hebrom,
Laquis, Jarmute e Eglom. Diz J. G. Duncam: “Não resta a menor dúvida da construção e do for-
talecimento de Jerusalém pelos amorreus antes de 2000 a.C. Estou plenamente convencido
pelas nossas descobertas do Ofel e a comparação delas com os achados de Megido e Jericó,
de que Jerusalém era uma fortaleza dos amorreus muito antes desta data. Os jebuzeus ocupa-
ram ou construíram esta fortaleza c. 2000 a.C., e achei evidência de que foi ocupada pelos ca-
naneus na 1ª, 2ª e 3ª épocas do bronze desde 2500 a.C. ou antes. Foi habitada, porém, mais
cedo pelos cananeus que moravam nas cavernas, como se sabe pelas provas da qualidade

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dos vasos de barro, o modo de enterrar os mortos e pelas pederneiras que foram achados nas
cavernas.”
Enfim, esse rochedo de Ofel, tem sido ocupado desde 3000 a.C., ao menos senão por
mais tempo, e a área foi incluída na cidade de Jerusalém até a destruição da cidade por Tito
em 70 d.C.
Dominado pelo Egito no período de Amarna, o vassalo de Urusalim, escreveu ao seu
senhor, Amenotepe III, rogando auxílio contra a invasão dos habirus. Muito antes desta, Abra-
ão parou diante das portas de Urusalim e ofereceu ao sacerdote do Altíssimo, o dízimo de seus
despojos que acabara de reconquistar dos reis do Oriente.
Depois de ocuparem a fortaleza por mil anos, os jebuzeus foram vencidos por Davi, c.
1000 a.C.
Ao norte de Ofel fica o Monte Moriá, onde Abraão ia oferecer seu filho Isaque e onde fo-
ram construídos os edifícios reais de Salomão e o Templo do Senhor.
A cidade antiga não podia ter acomodado mais de 5000 habitantes. Os jebuzeus eram
uma mistura de amorreus e hiteus. Construíram fortificações poderosas para a defesa da pe-
quena cidade.
Observam-se até hoje indicações no outeiro da linha dos muros antigos.
O lugar foi escolhido para a fortaleza dos jebuzeus por causa da Fonte da Virgem, ao
lado oriental, que fornecia água para os habitantes. A fonte é intermitente, abastecida por um
depósito natural subterrâneo, que se esvazia por sifão natural quando cheia. Na cavidade da
fonte não cabia toda a água que entrava de uma vez, e era conduzida para um tanque à algu-
ma distância ao sul. São maravilhosas as obras de engenharia dos jebuzeus. Cortaram um
aqueduto da fonte até uma caverna natural embaixo da cidade. Desta caverna, um poço verti-
calmente para cima, numa altura de 12 a 13m do término superior do poço, cortaram uma pas-
sagem inclinada pra cima e saindo no meio da cidade murada. Por este túnel, as mulheres da
cidade entravam até o poço onde enchiam seus vasos d’água. A entrada para o poço é cha-
mada de “Túnel de Waewn” em honra do arqueólogo que o descobriu.

A CIDADE DE DAVI
A narrativa da conquista de Urusalim ( II Sam. 5: 6 a 8 ), explica como os jebuzeus de-
safiaram a Davi, julgando que a cidade fosse inexpugnável. Eles não souberam, porém, que os
israelitas tinham descoberto esse conjunto do aqueduto, poço e túnel, uma passagem subter-
rânea desde a Fonte da Virgem até o centro da cidade. Os soldados arrojados de Joabe entra-
ram pelo canal, treparam pelo poço e saíram pelo túnel no meio da cidade. Havendo tomado o
lugar, deram-lhe o nome de Cidade de Davi. Davi, revelando-se sábio diplomata, mudou a ca-

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pital de Hebrom, cidade de Judá, para Jerusalém, a fim de apaziguar o ciúme das tribos do
norte. Davi também reconstruiu a fortaleza de Milo ( I Reis 9: 24 ).
O arqueólogo Duncam sugeriu que Milo foi construída do lado setentrional, único lugar
onde a cidade podia ser atacada pelo inimigo. Ele desenterrou a torre “que se projeta,” de Ne-
emias 3: 26, ao lado oriental da cidade e concluiu que essa torre fazia parte da cidade chama-
da Milo. Também descobriu dois reparos nos muros de alvenaria do período salomônico.

As grandezas do reino de Davi, as riquezas que recolheu das guerras, as organizações,


a prosperidade e o desenvolvimento político, social e literário contribuíram para o engrandeci-
mento da capital, dentro e fora da Palestina. A decisão de trazer a arca do povo de Israel con-
tribuiu ainda mais para aumentar a fama e a glória de Sião. Concebeu a ideia de construir um
grande templo para a glória do Senhor, mas não podendo fazê-lo, entregou o plano a seu filho
Salomão. O concerto eterno que Deus fez com Davi, prometendo estabelecer para sempre o
seu reino na terra, tinha muita influência na história subsequente de Israel.
O templo de Salomão não era o maior nem o mais magnífico do mundo, mas certamen-
te nenhum outro jamais teve tanta influência na vida religiosa da humanidade. A oração do rei,
na ocasião de dedicar o templo, representa o espírito de reverência e sentido de responsabili-
dade de Israel, a sua gratidão e amor pela Casa do Senhor e pelo Senhor da Casa.
No correr do seu longo reino de paz e prosperidade, Salomão aumentou e embelezou a
cidade. A área do templo, ao norte de Ofel, abrangeu 35 jeiras, mais que toda a cidade gover-
nada por Davi.
Salomão estendeu os limites da cidade para incluir o monte de Sião ao oeste de Ofel, e
fez muitas construções importantes além do templo. A grandeza de Sião tornou-se motivo de
orgulho para todo o povo de Deus. Jerusalém foi idealizada como centro do reino, emblema da
paz, de justiça, prosperidade, segurança, beleza e santidade.

O CRESCIMENTO DE JERUSALÉM
Não se pode falar com certeza sobre os aumentos territoriais de Jerusalém nos diversos
períodos da sua história. O estudo, porém, da sua topografia pelos arqueólogos em conexão
com as referências bíblicas, desenvolvido com assiduidade e paciência, tem produzido resulta-
dos importantes em determinar os limites da cidade em vários períodos da história. Os melho-
res resultados destes estudos estão representados nos mapas reproduzidos de “Biblical Back
Grounds” pela permissão do autor, J. Mckee Adams.

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Os sucessos do reinado de Salomão seguiram o seu plano de fazer de Jerusalém o cen-
tro político, social e religioso do reino. O prestígio de Davi e Salomão contribuiu para a fama e
a glória da cidade entre os habitantes subsequentes da Palestina e do estrangeiro.
Tornou-se o centro para o qual todas as tribos afluíam para a celebração das grandes
festas religiosas.

AUMENTO DA CIDADE POR EZEQUIAS


Para determinar os limites da metrópole de Salomão, duas considerações são impor-
tantes: a topografia do Monte Sião e as referências bíblicas. O Vale Tiropoeon separava Ofel
do Monte Sião. Este vale era mais profundo nos tempos antigos do que agora. Encheu-se gra-
dualmente de entulho através dos anos. Nos tempos de Salomão era mais largo e mais pro-
fundo na parte sul, a não ser na parte diretamente a oeste da área do templo.
Quando Ezequias reconstruiu os muros demolidos, no preparo para resistir à invasão de
Senaqueribe, fez outro muro para fora, fortificando Milo na Cidade de Davi ( II Cron. 32: 5 ).
Quando Salomão incluiu o Monte de Sião na cidade, deixou fora a extremidade meridional do
Vale de Tiropoeon. Dois séculos e pouco mais tarde, essa parte do vale ficou suficientemente
enchida e nivelada para ser incluída pelo muro por fora.
É notável a obra de engenharia de Ezequias no preparo da cidade para resistir ao sítio
dos assírios. Ezequias fez a piscina e o aqueduto e trouxe água para dentro da cidade ( II Reis
20: 20 ). Achava perigoso o aqueduto antigo e o poço dos jebuzeus. Fez um aqueduto a uma
distância de 550m terminando no lado sudoeste de Ofel, onde construiu a nova piscina ou
“Tanque de Siloé,” para receber as águas de Gihon ( Gioim ), ou Fonte da Virgem. A história
dessa obra conta-se na inscrição da Pedra de Siloé. Algum tempo depois a parte com a inscri-
ção foi cortada e depositada no Museu de Constantinopla ( hoje Istambul ). As seis linhas são
admiravelmente cortadas no hebraico clássico do período de Isaías. ( A importância dessa pe-
dra já foi comentada anteriormente. )

JERUSALÉM NOS DIAS DE JESUS


Com todo o progresso no estudo da topografia de Jerusalém e os resultados já realiza-
dos, ainda ficam diversos problemas difíceis de serem resolvidos. Levando em consideração
as referências do Novo Testamento e as conclusões baseadas nas descobertas modernas,
podemos apresentar em linhas gerais, os limites da cidade nos dias de Jesus, e podemos tam-
bém mencionar as identificações feitas pelos arqueólogos mais criteriosos.
Quase todos concordam que a cidade de Herodes foi praticamente coextensiva com a
restaurada e murada por Neemias. Com base nesta hipótese, as descrições cuidadosas de Jo-

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sefo são de grande valor. Nesse período, a cidade se estendia sobre cinco outeiros. No sudes-
te ficava o outeiro de Ofel, o antigo Urusalim dos jebuzeus. Ao sudoeste achava-se o Monte
Sião, denominado por Josefo “A Cidade Superior”. A noroeste era o outeiro de Acra e a nor-
deste, Bezeta. O Monte Moriá ocupava o lado oriental da cidade, ao norte de Ofel.

LUGARES IDENTIFICADOS NA CIDADE DE JERUSALÉM


A área do templo identifica-se atualmente como o lugar ocupado pela mesquita maome-
tana, o Zimbório da Rocha, Haram-esh-Sharif, o “nobre santuário.” Este é o lugar onde Abraão
ia oferecer seu filho Isaque, o mesmo lugar da eira de Ornã onde o Senhor apareceu a Davi e
onde Salomão construiu o primeiro templo. O templo de Salomão foi destruído por Nabucodo-
nozor e Zorobabel construiu o segundo templo no mesmo lugar. Herodes começou o terceiro
templo em 19 a.C. É o mesmo que Jesus visitou várias vezes e que foi destruído por Tito no
ano 70 a.D. Com a entrada dos árabes em 637, os judeus perderam o controle da área do
templo.
Hoje, qualquer tipo de escavação no monte do templo é expressamente proibida por
muçulmanos. A lei islâmica permite que só muçulmanos podem adorar no monte, e considera
toda invasão no local para qualquer finalidade arqueológica como tentativa velada do governo
israelita de eliminar a presença islâmica e reconstruir o Templo judeu. Ultimamente tem havido
revoltas árabes por causa de escavações que revelaram um trecho da rua herodiana ao longo
da extremidade meridional do Muro Ocidental, assim como a abertura de uma saída para o Tú-
nel Hasmoneano que liga uma escavação arqueológica de uma porção subterrânea do Muro
Ocidental com uma das suas portas.
Como resultado, quase toda informação arqueológica que está disponível acerca do
monte do Templo vem de explorações e escavações feitas no século passado. Naquela época,
a área estava sob o governo turco e os arqueólogos às vezes conseguiam permissão para ex-
plorar. Mas pequena quantidade de novas informações foi obtida em recentes anos de escava-
ções que aconteceram à beira do antigo Templo.
As escavações no Túnel do Muro Ocidental continuam, as escavações na extremidade
sul do Muro Ocidental foram retomadas pelo arqueólogo de Jerusalém, Ronny Reich, em pre-
paração ao 3.000o aniversário de Jerusalém ( 996 a.C. a 1996 d.C. ).
Foi revelado o exterior da área do monte do Templo um lugar secular, embora muito
próximo do recinto santo do Templo, contudo ainda na parte de fora.

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Hoje, a antiga rua herodiana ainda está entulhada de enormes pedras do monte do
Templo, deixadas de propósito para revelar a magnitude da terrível devastação sofrida sob os
romanos ( 70 d.C. ). Estas próprias pedras contam histórias, como Ronny Reich descreve:
“Resolvemos tirar as pedras da metade da rua e deixar as pedras na outra metade só
para relembrar a destruição de Jerusalém. Estas pedras gigantescas pesavam em média de 2
a 4 toneladas cada, algumas são maiores, [...] chegando até 15 toneladas [...]. Como parece,
os romanos desmantelaram as paredes pedra por pedra [...] simplesmente derrubando-as so-
bre a rua das partes altas da parede. Em alguns lugares, estas pedras ao caírem racharam as
lajes ( as pedras que pavimentavam a rua ), em outros, as pedras chegaram a afundar a rua.
Imagine: 10 toneladas de pedra caindo de uma altura de 25 metros. Este é um lugar comoven-
te ao extremo para os judeus zelosos, que todos os anos, aos 9 do mês de Abe ( Tisha B’av )
lamentam a ( comemoração da ) destruição do Templo. [...] Em todos os anos destes últimos
2000 anos nós lamentamos, mas aqui podemos ver e tocar.”

Descobertas como esta tornam impossível acreditar nos revisionistas históricos que ne-
gam que o Templo judeu tenha algum dia existido. Ainda mais controverso e ameaçador para
tais revisionistas são as deduções arqueológicas que situam o próprio Templo no lugar das es-
truturas sagradas do islamismo.

Rivalidades religiosas atualmente impedem que novas evidências do Templo sejam en-
contradas, mas com certeza essas evidências jazem enterradas sob a plataforma presente.
Mas virá o dia em que tudo isso pertencerá ao passado e então poderemos revelar as maravi-
lhas que datam dos dias gloriosos do Templo. Esta expectativa torna-se mais especial pelo fato
de que este foi o lugar onde Jesus disse que as pedras clamariam. Que inclinemos o ouvido
em antecipação a esse dia futuro!

Outros lugares identificados da cidade são: o Tanque de Siloé, o Ribeiro Cedron, o Mon-
te das Oliveiras, Aceldama ou Campo do Oleiro, entre outros.

1.3.3. A ARQUEOLOGIA E JESUS

As evidências arqueológicas do Jesus terrestre confirmam diversas pessoas e eventos


nos evangelhos, revelando a precisão dos escritores dos evangelhos e a probidade da mensa-
gem histórica que professavam.

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Algumas evidências arqueológicas recentes forneceram novos insights sobre a época e
o lugar do nascimento de Jesus. O Evangelho de Lucas nos dá a época do nascimento, fazen-
do referência específica a um censo decretado por Quirino, governador da Síria ( Lc 2:2 ), tam-
bém mencionado por Lucas em Atos 5: 37. Existem numerosos paralelos em formulários de
censo de papiro que datam do século I a.C. ao século I d.C. Por exemplo, o papiro oxirrinco
255 ( 48 d.C.) e o papiro 904 do Museu Britânico ( 104 d.C. ) ordenam o retorno compulsório
das pessoas ao local em que nasceram para o levantamento do censo, da mesma maneira
que Lucas registra ( Lc 2: 3-5 ).
Além disso, o lugar tradicional do nascimento de Jesus numa caverna em Belém tem ti-
do longa história no local da Igreja da Natividade. Jerônimo, chamado por alguns teólogos de
“pai da igreja”, que se mudou para Belém em 385 d.C., já tinha se referido ao local como “o lu-
gar mais venerável do mundo”. Paulino de Nola disse que o imperador romano Adriano ( 117 –
138 d.C. ) tinha plantado no local um pequeno bosque para adoração de Adônis ( figura mítica
romana ), com a finalidade de profanar a fé cristã. Eusébio, no século IV, narrou como Helena,
mãe de Constantino ( que procurou preservar os lugares tradicionais da Terra Santa ligados a
Jesus ), cobriu a caverna e a manjedoura com uma igreja. As escavações revelaram as ruínas
da caverna que em tempos primitivos foi deformada por vários oponentes do cristianismo. Es-
cavações similares feitas pelos franciscanos em Nazaré, acharam embaixo do chão da atual
Igreja da Anunciação, ruínas de uma sinagoga judaico-cristã, possivelmente a mencionada em
Lucas 4: 16.

HERODES, O GRANDE
Herodes, o Grande, foi nomeado pelos romanos para ser rei da Judéia em 37 a.C. e rei-
nou até morrer em 4 a.C. Sob seu reinado nasceu Jesus e a família santa foi ameaçada. A fa-
ma de Herodes estava em seus grandes empreendimentos de construção, e ruínas de alguns
de seus projetos ainda dominam posições proeminentes na paisagem de Israel e da Jordânia
dos dias de hoje. Um destes projetos, conhecido como Heródium, levanta-se com imponência
no horizonte pelas cercanias de Belém e está a cerca de três a quatro horas a pé de Jerusa-
lém. O Heródium era um refúgio para Herodes, cuja vida era comumente ameaçada por ata-
ques inimigos e tentativas de assassinato.
O historiador Flávio Josefo, do século I, registra que o rei foi enterrado em Heródium.
O arqueólogo israelita Ehud Netzer, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebrai-
ca de Jerusalém, tem escavado o sítio desde 1973 e acredita ter finalmente localizado esta
câmara de sepultura há tanto tempo procurada.

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O Heródium não era apenas um palácio, mas um memorial ao rei. Era o único lugar que
recebeu o nome do rei Herodes e o local onde ele planejou ser sepultado. Estamos tentando
localizar esse cemitério. Infelizmente, as ondas de conflitos começadas em 1987, paralisaram
os trabalhos. Netzer presume que a tumba, quando encontrada, estará vazia, havendo sido
roubada em tempos passados _ mas, quem sabe? Netzer obteve permissão para escavar o
Heródium durante o verão de 1997, mas nova onda de terrorismo nesta área da Margem Ori-
ental mais uma vez ameaçou a escavação. Assim, por ora, teremos de esperar pra ver! Mesmo
assim, o local em si presta amplo testemunho à vaidade do rei Herodes.

NO NOME DO REI
Netzer e Guy Stiebel retomaram as escavações em Massada, que foram dirigidas pelo
finado Yigael Yadin na década de 1960. Massada era uma fortaleza montanhosa próxima ao
Mar Morto, construída por Herodes, o Grande, como último refúgio durante tempos de adversi-
dade. Projetada para as necessidades particulares de Herodes, tinha palácios do norte e do
sul, uma piscina, um hall de recepção ricamente decorado, uma casa de banho no estilo roma-
no, banhos rituais e uma sinagoga.
Massada é melhor conhecida por seu uso durante o período da Grande Revolta ( 66 –
73 d.C. ), como último posto da resistência judaica conhecida como sicários. Invadida pelo
exército romano, os habitantes judeus cometeram suicídio em vez de serem assolados e pro-
fanados pelos quase loucos romanos, que tinham despendido anos tentando escalar os muros
da fortaleza.
Nessa última estação, Netzer e Stiebel desenterram em Massada a primeira inscrição já
encontrada com o título completo do infame Herodes. Sua descoberta dá substância à realida-
de histórica deste rei e de sua dinastia, que proeminentemente figuram na carreira de Jesus. A
descoberta aconteceu na década de 60, enquanto se limpavam fragmentos de pedra de uma
caverna perto do sítio da sinagoga, provenientes de um telhado que em tempos passados ti-
nha desmoronado, enterrando várias vasilhas grandes de armazenamento, conhecidas como
ânforas e numerosos outros artefatos. Entre os cacos das ânforas foram achados diversos
óstracos com inscrições em grego e em latim. Um dos óstracos em latim, procedente de uma
ânfora que continha vinho, trazia a inscrição que hoje é famosa. Netzer a descreve a seguir:
A inscrição ( em latim ), tem três linhas. A primeira linha é uma data e indica o ano em
que o vinho foi feito. A segunda linha informa o lugar de origem e o tipo específico do vinho, e
na terceira linha temos o nome “Herodes, Rei da Judéia”.

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Eis o nome e o título do tirano do Novo Testamento que conheceu os sábios que procu-
ravam o infante Jesus, e que por sua própria procura deu ordem de sacrificar as crianças em
Belém ( Mt 2: 1-18 ).

ONDE JESUS GOSTAVA DE PREGAR


De acordo com as narrativas dos evangelhos, o centro do ministério de Jesus foi Cafar-
naum, localizada ao lado do mar da Galileia. As paredes de basalto preto da sinagoga onde
Jesus costumava pregar, foram descobertas embaixo de todos os quatro cantos da sinagoga
de calcário branco polido que datam do período bizantino. Uma data do século I para estas pa-
redes foi confirmada por achados de cerâmica debaixo do chão de um pavimento de paralele-
pípedos datado da mesma época das paredes de basalto debaixo da nave da sinagoga.
A Bíblia registra que Jesus realizou nesse lugar um extraordinário milagre para o centu-
rião romano ( Mt 8: 5-13 ). Recentemente a presença romana foi confirmada por escavações
em Cafarnaum, feitas em diversas construções de estilo romano, inclusive uma casa de banho
romana.
Até a casa de Pedro, onde Jesus frequentemente ficava e onde curou a sogra de Pedro
de uma febre ( Mt 8: 14,15 ), parece ter sido descoberta há apenas 25,6 metros ao sul da sina-
goga. Feita de basalto, a mesma pedra nativa da região, encontra-se debaixo de uma constru-
ção do período bizantino que era usada para venerar lugares santos. As estreitas paredes da
casa não aguentariam um telhado de alvenaria, por isso tinha telhado de ramos de madeira,
provavelmente recobertos com terra batida. Este seria um telhado semelhante ao de outra ca-
sa em Cafarnaum, na qual foi aberto um buraco para fazer baixar a maca de um paralítico para
que Jesus o curasse ( Mc 2: 4 ).

ONDE JESUS FEZ MILAGRES


Não longe de Cafarnaum foi descoberta Betsaida, cidade natal de Simão Pedro, Filipe e
André ( Jo 1:44; 12:21 ). Escavada desde 1989 sob a direção de Rami Arav, arqueólogo israeli-
ta, ultimamente o sítio revelou impressionantes ruínas de fortificações de Gesur, da idade do
Ferro mais recente, inclusive o palácio real onde Absalão teria residido por três anos ( 2 Sm 13:
38 ), uma estela do período romano, um fragmento de cerâmica pré-cristã trazendo a imagem
de uma cruz e um brinco de ouro.
Do período do Novo Testamento têm sido descobertas evidências da indústria pesqueira
( âncoras, anzóis ) que empregava os discípulos de Jesus acima citados, como também uma
rua e casas certamente usadas por eles na ocasião.

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Jesus fez o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes neste local, para alimentar
os 5000 ( Lc 9: 10-17 ). Desta cidade Jesus saiu andando por cima das águas do mar da Gali-
leia para encontrar-se com os discípulos ( Jo 6: 15-21 ). Tendo testemunhado tais milagres e,
não obstante, rejeitado o messiado de Jesus, Betsaida foi condenada junto com as cidades vi-
zinhas de Corazim e Cafarnaum ( Lc 10: 13-15 ).

CAIFÁS
Passando do ministério de Jesus na Galileia, entramos no seu ministério em Jerusalém.
Uma das figuras mais proeminentes em todas as narrativas evangelísticas que descrevem a
última semana tumultuada de Jesus na Cidade Santa, é o sumo sacerdote Caifás, que serviu
como líder do sinédrio de 18 d.C. a 36 d.C. Ele é conhecido nos relatos do Evangelho como
aquele que profetizou que Jesus morreria pela nação, o que pôs em andamento o plano para
mata-lo ( Jo 11: 49-53 ) e depois, a altas horas da noite, presidiu o julgamento no qual Jesus
confessou ser o Messias e subsequentemente foi condenado ( Mt 26: 57-68 ).
Foi no pátio da casa de Caifás que Pedro esperava por uma palavra de Jesus, e onde O
traiu três vezes antes do cantar do galo ( Mt 26: 69-75 ).
Os restos mortais de Caifás foram descobertos dentro da tumba de sua família, num os-
suário. O achado aconteceu por acidente em novembro de 1990, quando trabalhadores esta-
vam construindo um parque aquático na Floresta da Paz em Jerusalém, ao sul do monte do
Templo. A descoberta foi feita quando o teto da câmara mortuária desmoronou e revelou 12
ossuários de calcário. Um dos ossuários era requintadamente ornamentado e decorado com
rosáceas talhadas. Obviamente pertencera a um patrono rico ou de alta posição social que po-
deria dar-se ao luxo de possuir tal caixa. Na caixa havia inscrições em dois lugares onde se lê:
“Qafa” e “Yehosef bar Qayafa”, traduzindo “Caifás” e “José, filho de Caifás”. O Novo Testamen-
to refere-se a ele apenas como Caifás, mas Josefo apresenta o nome completo: “José, que era
chamado Caifás do sumo sacerdócio.”
Dentro do ossuário havia ossos de seis pessoas diferentes, inclusive de um homem de
60 anos ( provavelmente Caifás ). Na época da descoberta, Steven Feldman, editor associado
da Biblical Archaeology Review ( Revista de Arqueologia Bíblica ), observou que o achado de-
veria ser de particular sensação para os cristãos, por poderem se orgulhar da precisão da Bí-
blia. Sem dúvida que sim, especialmente quando acrescentamos o fato de que Caifás entregou
Jesus a Pôncio Pilatos, cuja existência a arqueologia também pode atestar.

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PÔNCIO PILATOS
Por dez anos, de 26 a 36 d.C., Pôncio Pilatos foi o oficial romano responsável pela Ju-
déia. Durante esse período ele teve uma das confrontações mais inesquecíveis da sua vida
com Jesus de Nazaré. Pilatos tem a distinção de ser a única pessoa a quem Jesus escolheu
falar durante o julgamento. Ele se recusou a responder a Herodes Antipas, rei da Judéia, e
somente sob esconjuração falou com Caifás. Só Pilatos parece ter sido escolhido para uma
explicação do propósito singular do ministério de Jesus ( Jo 18: 36,37 ). Foi este Pilatos que
articulou as imortais palavras: “Que é a verdade?” e quem evidentemente teria libertado Jesus,
não fosse a pressão política do Sinédrio ( Jo 19: 12-15 ). Talvez tenha sido por essa razão que
Pilatos colocou um título ( inscrição penal ) na cruz, acima da cabeça de Jesus, com os dizeres
em hebraico, grego e latim: “JESUS NAZARENO< REI DOS JUDEUS” ( Jo 19: 19 ). Tudo o
que sabemos é que o próprio Pilatos ordenou que fosse escrito e recusou mudar a inscrição
quando o Sinédrio protestou sua exibição pública ( Jo 19: 21,22 ).
A residência oficial de Pilatos era Cesaréia Marítima, cidade litorânea do Mediterrâneo.
Foi apropriado que em 1961, durante escavações patrocinadas pela Itália no teatro romano de
Cesaréia, tivesse sido descoberta uma placa de pedra trazendo o nome de Pilatos. A laje de 60
por 91 centímetros, hoje conhecida como Inscrição de Pilatos, foi achada reutilizada como blo-
co de construção num projeto de remodelamento do século IV, mas era um autêntico monu-
mento do século I, manifestamente escrito para comemorar a dedicação de Pilatos na constru-
ção de um Tibérium, templo para adoração a Tibério César, o imperador romano durante o
mandato de Pilatos na Judéia. A inscrição em latim, de quatro linhas, intitula-se “Pôncio Pilatos,
Governador da Judéia”, título idêntico ao usado nos Evangelhos ( Lc 3: 1 ). Esse foi o primeiro
achado arqueológico que menciona Pilatos e mais uma vez testemunha a precisão dos escrito-
res dos Evangelhos.

UMA TESTEMUNHA DA CRUCIFICAÇÃO


A arqueologia revela que a crucificação começou provavelmente com os fenícios, por
volta do século X a.C. Foi adotada pelos assírios como forma de tortura, mas foi aperfeiçoada
pelos romanos, que a escolheram como método de execução para os criminosos contra o Es-
tado. Está registrado que o exército de Espártaco, como também uns 800 fariseus, foram mor-
tos em Jerusalém pela crucificação. Contudo, apesar das referências muito difundidas da sua
prática na literatura antiga, como nos rolos do Mar Morto, nos escritos de Josefo, no Talmude,
em vários anais romanos e no Novo Testamento, nenhuma evidência material de uma vítima
crucificada jamais tinha sido achada na Terra Santa até 1968. Foi então que descobriram-se os

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restos mortais de um homem crucificado de Givat ha-Mivtar, subúrbio do norte de Jerusalém,
num ossuário de época próxima à de Jesus. O nome do indivíduo, baseado numa inscrição
aramaica do ossuário, era Yohanan ben Ha’galgol, e segundo análises feitas no esqueleto,
conseguiu-se determinar sua idade ao falecer em trinta e poucos anos, a mesma idade com
que Jesus foi crucificado. A evidência significativa da crucificação foi um osso de tornozelo ain-
da perfurado por um cravo de crucificação tendo 17,7 centímetros de comprimento e ainda li-
gado a um pedaço de madeira de cruz. Quando o homem foi crucificado, o cravo tinha aparen-
temente dado um nó no patíbulo ( estaca vertical da cruz, de madeira de oliveira ), e ficou tão
bem ajustado à madeira que a vítima não pôde ser retirada senão junto com o cravo e um pe-
daço da cruz. Esse achado raro, provou ser uma das testemunhas arqueológicas mais impor-
tantes da crucificação de Jesus como registrado nos Evangelhos.
Primeiro, revela mais uma vez os horrores do castigo romano. Um estudo feito nos res-
tos mortais indica a posição que o corpo assumiu na cruz. De acordo com reconstruções pro-
postas, o corpo estava com as pernas dobradas e viradas adjacentes ao corpo ou com as per-
nas pregadas em um dos lados da estaca vertical ( sendo mais provável esta última posição ).
Então, em vez do corpo estar na vertical, foi empurrado e torcido, causando espasmos muscu-
lares terrivelmente dolorosos, e por conseguinte, morte pelo excruciante processo de asfixia.
Esta posição em particular pode ter sido usada juntamente com a quebra das pernas, conforme
indicam os ossos de Yohanan, com a finalidade de apressar a morte.
Quando Jesus e os dois criminosos foram crucificados, era a tarde da maior festa do ju-
daísmo ( a Páscoa ) e o sábado. As leis judaicas exigiram uma crucificação rápida para não
profanar o dia santo que se aproximava ( Jo 19: 31,32 ). Tais detalhes dos horrores da crucifi-
cação, atestados pela arqueologia, revelam que os escritores do Evangelho foram realmente
testemunhas oculares da história da crucificação, exatamente como afirmaram ( Jo 19: 35 ).
Segundo, já foi afirmado que a descrição encontrada nos Evangelhos acerca do método
da crucificação era historicamente inexata. Os estudiosos argumentaram que cravos não pode-
riam ter sido usados para firmar a vítima na cruz, porque mãos e pés pregados não teriam po-
dido segurar um corpo na cruz. Mais exatamente, as vítimas seriam presas por cordas. Contu-
do, depois da ressurreição, Jesus mostrou seu corpo crucificado aos discípulos e disse: “Vede
as minhas mãos e os meus pés.” ( Lc 24: 39 ). As cicatrizes que mostrou não eram de marcas
de cordas, mas de cravos. Estudiosos sustentam que o corpo de Jesus, como os corpos da
maioria dos criminosos e insurretos, não teria recebido sepultamento adequando, mas teria si-
do lançado em vala comum, separada para aqueles maculados pela crucificação. De acordo
com eles, a narrativa concernente ao sepultamento de Jesus no sepulcro de José de Arimatéia
( Lc 23: 51-56 ), de onde ressuscitou, é história fictícia.

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A descoberta do osso de tornozelo perfurado por um cravo refuta aqueles que dizem
que cravos não poderiam ter sido usados na crucificação. O fato dos ossos de Yohanan terem
sido achados em sepultamento secundário dentro de um túmulo, também contesta a segunda
hipótese dos estudiosos. Essa vítima crucificada, assim como Jesus, havia recebido adequado
enterro judeu.

DANDO UM VEREDICTO
A arqueologia só pode descobrir os lugares, as pessoas e eventos que acompanham o
ministério terreno de Jesus, como Belém, Nazaré, Cafarnaum, Betsaida, Herodes, Pilatos, Cai-
fás, a crucificação, etc. Não há que duvidar que a primeira geração de cristãos judeus que re-
ceberam os Evangelhos, teve experiências de primeira mão com a história e lugares que des-
creve.
A arqueologia tem nos restaurado muitas coisas que essa geração experimentou, e mui-
tas das perguntas que os modernos estudiosos fazem em relação à autenticidade dos Evange-
lhos podem ser respondidas se essa arqueologia for considerada com mais minúcia. Como
aconselhou Bargil Pixner, prior da Abadia Dormition, no Monte Sião:
“Cinco evangelhos registram a vida de Jesus. Quatro estão nos livros e um na terra que
chamam santa. Leia o quinto evangelho e o mundo dos quatro evangelhos se abrirá para vo-
cê.”
Quando lemos os quatro evangelhos levando em conta o quinto, descobrimos que o Je-
sus da história e o Cristo dos evangelhos são a mesma e única pessoa. Quer tal afirmação
possa ou não ser dada pela arqueologia, é outra questão que se levanta sobre a natureza e os
limites da prova arqueológica.

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UNIDADE IV

1.4. CONCLUSÃO
1.4.1. A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS

A CONTRIBUIÇÃO DIRETA QUE A ARQUEOLOGIA TEM FEITO AO ESTUDO DAS ESCRI-


TURAS:

• Na Palestina, graças à picareta dos arqueólogos, já se estabeleceu o local de dezenas


de cidades mencionadas no Velho Testamento: Gezer, Jericó, Laquis, Megido, Hazor,
Betel, Samaria, Dotã, Bete-Sã, mencionando apenas algumas.
Sua história em linhas gerais, como reconstruída pelos arqueólogos confirmam as decla-
rações bíblicas.

• Nas inscrições babilônicas e assírias, constam os nomes de diversos reis de Israel e Ju-
dá ( Jeú, Acabe, Manassés, Oséias, Ezequias dentre outros ). A conquista dos reinos de
Israel e Judá na sequência histórica dada na Bíblia e os efeitos das invasões são am-
plamente comprovados pelos anais de Salmaneser, Sargão, Tiglate-Pileser; Senaqueri-
be, Nabucodonosor, homens cujos nomes os críticos de outrora declararam fictícios,
como que se esses personagens jamais tivessem existido.

• A existência de vários povos citados na Bíblia, como os hititas e horeus ( hurrianos ),


considerados anteriormente também inexistentes, foi comprovada e sua história recons-
truída.

• O cuidado com que os autores bíblicos escreveram, e como suas declarações têm sido
confirmadas são ilustrados no caso de Belsazar, rei de Babilônia. Por muito tempo o fato
de o livro de Daniel apresentar Belsazar como rei à época da queda da Babilônia (Daniel
5), em vez de Nabonido, como indicava as primeiras inscrições cuneiformes, era consi-
derado uma forte evidência contra a historicidade dos registros sagrados. A solução
dessa pseudo-discrepância ficou patente quando foram traduzidas algumas tabuinhas
que se encontravam no museu britânico. Verificou-se que durante a última parte de seu
reinado, Nabonido residiu na Arábia e deixou a direção do reino de Babilônia nas mãos
de seu filho mais velho, Belsazar.
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• Umas das maiores bênçãos, fruto das pesquisas arqueológicas, é a descoberta da série
de inscrições que, no seu conjunto, apresentam um quadro precioso da evolução da es-
crita alfabética entre os povos da costa oriental mediterrânea, começando com as en-
contradas na península do Sinai. À luz dessas descobertas, cai por terra a teoria de que
os hebreus teriam conhecido a escrita bem mais tarde na sua história e, portanto, escre-
veram livros canônicos nos últimos séculos a.C. Estas inscrições reforçam as referên-
cias feitas pelo Antigo Testamento à escrita ( Êxodo 17:14; 34:27 e Juízes 8:14 ) e esta-
belecem a possibilidade de confecção de livros em épocas mais remotas. Trazem luz
também sobre o nível cultural do povo de Deus em diversos períodos de sua história. As
recentes descobertas em Qumram são as últimas nesta série de revelações tão valiosas
para o estudo da língua hebraica e das línguas irmãs.

1.4.2. O GRANDE FUTURO DA ARQUEOLOGIA

Na providência de Deus, os que crêem na inspiração das Escrituras têm hoje na arqueo-
logia mais uma arma ao seu dispor na luta contra os inimigos da verdade. Os resultados já
conseguidos confortam e inspiram. As pedras falaram confirmando muitas declarações postas
em dúvida durante anos. De certo estão reservados para os dias futuros, maiores e mais im-
pressionantes provas da orientação divina, através dos séculos.
Calcula-se que até agora, somente se tem encontrado um por cento das tabuinhas es-
critas na antiguidade e que ficam sepultadas nas ruínas das cidades antigas do oriente próxi-
mo. Além disso, daquelas que se acham em museus ou coleções particulares, cerca de
500.000 esperam o exame de quem as possa ler e interpretar. Nos terraplenos espalhados pe-
la região está escondida a resposta a muitos problemas que atualmente desafiam uma solu-
ção. Com Deus não há pressa, com Ele mil anos são como um dia. Podemos, pois, esperar
com confiança as novas revelações que hão de vir, certos de que as palavras do profeta da an-
tiguidade são verdadeiras.

“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.” Mt. 24:35

Glórias a Deus!!!

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Arqueologia Bíblica

ÍNDICE
UNIDADE I ................................................................................................................................................................................3  
1.1.   INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................3  
1.1.1.   DEFINIÇÃO..................................................................................................................................................................3  
1.1.2.   HISTÓRICO: O Nascimento da Arqueologia ...............................................................................................................3  
1.1.3.   MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................................................................4  
1.1.3.1.   Primeiro estágio _ ( Ocorre antes das escavações ). ...................................................................................................4  
1.1.3.2.   Segundo estágio _ (Ocorre durante as escavações) ....................................................................................................5  
1.1.3.3.   Terceiro estágio ( Operações que se seguem à descoberta) .......................................................................................5  
1.1.4.   CIÊNCIAS AFINS ........................................................................................................................................................6  
1.1.5.   CLASSIFICAÇÃO DOS PERÍODOS ARQUEOLÓGICOS DE ISRAEL ..................................................................7  
1.1.6.   CAMPO DE ATUAÇÃO DA ARQUEOLOGIA .........................................................................................................8  
1.1.7.   7. FONTES HISTÓRICAS ...........................................................................................................................................8  
1.1.8.   AS CONTRIBUIÇÕES DA ARQUEOLOGIA AO ESTUDO DA BÍBLIA: ..............................................................9  
1.1.8.1.   A Arqueologia Confirma a Bíblia ..............................................................................................................................9  
1.1.8.2.   A Arqueologia Esclarece o mundo da Bíblia ...........................................................................................................11  
1.1.8.3.   A Arqueologia Suplementa a Bíblia .........................................................................................................................12  
UNIDADE II .............................................................................................................................................................................13  
1.2.   A ARQUEOLOGIA E A ESCRITA NA PALESTINA E REGIÕES VIZINHAS .......................................................13  
1.2.1.   A ARQUEOLOGIA E FILOLOGIA ..........................................................................................................................13  
1.2.2.   A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DE ALFABETOS ...................................................................................14  
1.2.2.1.   Sistemas antigos de escrever na Palestina e na Síria ................................................................................................14  
1.2.2.2.   O Alfabeto Cuneiforme de Ugarite ..........................................................................................................................14  
1.2.2.3.   O Alfabeto Fenício-Hebraico ...................................................................................................................................15  
1.2.2.4.   As inscrições Alfabéticas de Serabite-El-Cadem ( na Península do Sinai ) .............................................................16  
1.2.2.5.   Os gregos e o Alfabeto Fenício ................................................................................................................................17  
1.2.3.   A ESCRITA DOS HEBREUS ANTES DE MOISÉS ................................................................................................17  
1.2.4.   A LÍNGUA FALADA E ESCRITA PELOS HEBREUS ...........................................................................................18  
1.2.5.   DECIFRAÇÃO DA LÍNGUA DO EGITO .................................................................................................................18  
1.2.6.   OS PAPIROS DE ELEFANTINA ..............................................................................................................................19  
1.2.7.   A SOLUÇÃO DO MISTÉRIO DA ESCRITA CUNEIFORME INSCRIÇÃO DE BEHISTUN...............................19  
1.2.8.   A LITERATURA DA ANTIGA MESOPOTÂMIA ...................................................................................................20  
1.2.8.1.   O povo e a literatura sumeriana ................................................................................................................................21  
1.2.8.2.   Os Acadianos e sua literatura ...................................................................................................................................21  
1.2.8.2.1.   Documentos Históricos Acadianos: ......................................................................................................................21  
1.2.8.2.2.   Literatura religiosa Acadiana ................................................................................................................................22  
1.2.9.   VALOR HISTÓRICO DE DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS RELACIONADAS COM A BÍBLIA. .............23  
1.2.9.1.   Mari ( hoje Tel-Avivi, localizada às margens do rio Eufrates ) ..............................................................................23  
1.2.9.2.   Tel-El-Amarna ..........................................................................................................................................................23  
1.2.9.3.   Ras shamra, antiga ugarite ........................................................................................................................................25  
1.2.9.4.   Biblos ........................................................................................................................................................................25  
1.2.9.5.   A Pedra Moabita - 850 a.C. ( Hebraico Fenício ) .....................................................................................................26  
UNIDADE III ............................................................................................................................................................................27  
1.3.   A ARQUEOLOGIA E A PALESTINA .........................................................................................................................27  
1.3.1.   DESCOBERTAS ARQUEOLÓGICAS NA PALESTINA ........................................................................................28  
1.3.1.1.   Descobertas Arqueológicas em Jericó ......................................................................................................................28  
1.3.1.2.   Descobertas Arqueológicas em Megido ...................................................................................................................31  
1.3.1.3.   A Inscrição do Túnel de Siloé – 702 a.C. ( Hebraico Fenício ) ...............................................................................33  
1.3.1.4.   História Arqueológica de Laquis ..............................................................................................................................34  
1.3.1.5.   Escavações nas Ruínas de Samaria ..........................................................................................................................36  
1.3.1.6.   Os Manuscritos de Qumram ( Mar morto ) ..............................................................................................................38  
1.3.2.   HISTÓRIA DE JERUSALÉM À LUZ DA ARQUEOLOGIA ..................................................................................40  
1.3.3.   A ARQUEOLOGIA E JESUS ....................................................................................................................................45  
UNIDADE IV ...........................................................................................................................................................................53  
1.4.   CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................53  
1.4.1.   A ARQUEOLOGIA E AS ESCRITURAS .................................................................................................................53  
1.4.2.   O GRANDE FUTURO DA ARQUEOLOGIA ...........................................................................................................54  
ÍNDICE ...................................................................................................................................................................................55  

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