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Apresentação da disciplina
É uma das disciplinas em que mais é possível ver o que é realmente o Direito Civil. O
conteúdo de Civil se divide em parte geral e parte especial.
A lei se divide em livros, títulos, capítulos e seções. Lei Complementar 95/98 explica a
distribuição da lei.
Ler a parte inicial em Santiago Dantas.
A Parte Especial se divide em 5 livros. Estudaremos o Livro III.
Título I – relações possessórias; Título II – listagem dos direitos reais (da coisa própria e
da coisa alheia); Título III – propriedade.
Referências
Não utilizar manuais com todo o conteúdo de civil em um livro ou livros de concurso.
I. Clássicos
Orlando Gomes –Livro sobre Direitos Reais. Pegar edição atualizada
por Faquin. Precisão teórica e capacidade de síntese. Influência
francesa. É raro encontrar em Orlando Gomes referência a dispositivo
legal ou jurisprudencial. Basicamente teórico. Repertório teórico que
poucos autores dão. Repertório em Civil mais consistente. Possível
utilizar em todo o semestre.
Santiago Dantas – Diferencia direito pessoal e real. Destaca o objeto de
estudo dos Direitos Reais. O professor deixará na xerox se não tiver na
biblioteca. Usar para a parte introdutória, não é muito indicado pra o
semestre inteiro. Leitura de apoio.
Caio Mário da Silva Pereira – Repertório teórico denso com capacidade
de síntese boa. Também possibilita um repertório em Civil. Foi
atualizado por Guilherme Calmon. Ao contrário de Faquin, não sinaliza
o que é atualização do revisor. Também pode ser utilizado em todo o
semestre.
II. Contemporâneos
Carlos Alberto Gonçalves – autor contemporâneo. Distribui o conteúdo
de acordo com a organização do código. É didático. Utiliza autores
clássicos como referência.
Sílvio Venosa – autor contemporâneo. Recorre ao direito romano para
explicar a origem dos institutos.
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Direitos Reais I – Prof. Emanuel Lins
Mariana Gomes Barros – 2016.2
Textos complementares
Santiago Dantas
Orlando Gomes. Introdução. Cap. 9. capítulo da diferença entre dever jurídico,
obrigação, sujeição e ônus, e subcapítulo da diferenciação entre direitos reais e
direitos pessoais.
DIREITOS SUBJETIVOS
1. Noções Gerais
Uma coisa é a relação jurídica de natureza pessoal, que se dá entre pessoas, e outra
é a relação jurídica de natureza real, que se dá entre pessoas e coisas.
Situação jurídica é uma tentativa de Leoni Digget. Para ele, não existe direito
subjetivo e obrigação/dever, mas situações jurídicas. Ou se está em uma situação
jurídica ativa, em posição de agir, ou em uma situação jurídica passiva, para
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beneficiar outra pessoa (dar, fazer ou não fazer). A mesma pessoa poderia reunir
uma situação jurídica ativa e passiva.
Dentro dos direitos subjetivos, existem dois elementos centrais: licitude (proteção
do direito pela lei) e pretensão (direito de, como titular do direito, exigir de outrem
o cumprimento de uma pretensão, que pode ser comissiva ou omissiva, de ação ou
inação, abstenção).
Logo, quando se tem um direito subjetivo, haverá do outro lado um dever jurídico.
Existirá um devedor. No direito potestativo, não haverá do outro lado um devedor
e, portanto, uma pretensão de agir. Em verdade, haverá uma posição de sujeição.
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Direitos Reais I – Prof. Emanuel Lins
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A obrigação, por sua vez, é um dever jurídico específico, pois é imposto a uma
pessoa ou a um grupo de pessoas determinadas.
Assim, o dever jurídico pode ser geral, que é aquele que a lei disciplina para todos,
ou pode ser específico, que é aquele oriundo de um acerto contratual ou
extracontratual (obrigação).
Direitos patrimoniais são aqueles bens passíveis à redução pecuniária. Ou seja, são
bens com conteúdo essencialmente econômico, que podem ser reduzidos à
pecúnia. Seriam direitos pessoais (obrigacionais) e direitos reais.
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Direitos extrapatrimoniais, por sua vez, são aqueles que não tem expressão
pecuniária. Isso não quer dizer que não possa ser indenizado em virtude de sua
violação, mas aquela compensação não atribui valor a esses direitos, pois não são
passíveis de expressão pecuniária. Nesses casos, a indenização é meramente uma
tentativa de dissabor, não sendo possível o desfazimento do dano, a indenização
vai tentar compensar a vítima pelos dissabores aos quais foi acometida. Seriam
direitos da personalidade e direitos de família.
Direito absoluto é aquele que é oponível erga omnes, de eficácia absoluta. São
direitos absolutos os direitos reais e os direitos da personalidade.
Direito das coisas tem a ver com a relação das pessoas com os bens e os seus
modos de utilização econômica. Direitos reais disciplinam relações jurídicas entre
pessoa e coisa que constitui um direito. Direito real é o direito de uma pessoa
sobre uma coisa.
No âmbito do direito das coisas, há relações entre pessoas e coisas que não serão,
necessariamente direitos reais. A posse pode decorrer de aluguel (obrigacional),
empréstimo (obrigacional) e de usufruto (direito real de coisa alheia).
Logo, o direito das coisas é mais amplo que os direitos reais. Há situações que
importam para o direito das coisas, ainda que não seja um direito real.
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Só será direito real se estiver expressamente indicada na lei como direito real. O
legislador diz que a posse não é direito real, mas que pode decorrer de um direito
real, como usufruto, mas não é direito real. São taxativos.
O art. 1.225 do Código Civil é taxativo. A maior parte da doutrina acredita que o rol
de direitos reais seja apenas aquilo que está descrito no artigo. Para esses, a posse
pode decorrer de um direito real, mas não é direito real. A posse, para o direito
civil, não seria direito real. Santiago Dantas, e minoria da doutrina, defendem que a
taxatividade pode ser mitigada.
A partir do título II, começa a trabalhar caso a casa cada um dos direitos reais
elencados no art. 1.225.
Nos direitos reais existe uma relação política entre pessoa e coisa. Nos direitos
pessoais ou obrigacionais existe uma relação política entre pessoa e pessoa.
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Uma pessoa que tem algo emprestado de outra tem posse, não é dono; se respeita
o poder dele sobre o carro. O direito dele sobre o objeto depende de uma relação
obrigacional, de comodato. Ele é possuidor, tem uma relação de poder material
sobre a coisa, mas não tem, portanto, o direito direto sobre a coisa.
Alguns autores consideram que a posse é um direito, mas nem todos consideram
que é um direito real.
A posse, ainda que não seja considerada pelo Código e para a maioria da doutrina
como um direito real, tem uma importância no direito das coisas. Há uma relação
de poder com a coisa que gera algumas consequências. É por isso que a posse
aparece como o primeiro título do direito das coisas.
No âmbito do direito das coisas existem relações de pessoas sobre bens que não
necessariamente serão reais e, portanto, diretas.
Uma outra situação de posse que nasce de uma relação jurídica diferente é o caso
do usufruto, direito real de coisa alheia. A posse pode decorrer de usufruto (pessoa
que não é a dona do bem, mas pode usar e fruir – pode morar e alugar). Se é
usufrutuário é possuidor. A posse, contudo, não decorre de um direito
obrigacional, mas de um direito real. Se quiser alugar um imóvel, dispensa a
opinião do proprietário, poderia ser real. Está previsto no Código Civil.
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A principal crítica que se faz a essa teoria é que não existem direitos que
não sejam intersubjetivos. Todas as relações jurídicas são intersubjetivas.
Não existe nenhuma possibilidade de se ter uma relação jurídica
diretamente com uma coisa, pois as relações jurídicas se dão,
necessariamente, entre pessoas. É impossível ter uma relação jurídica de
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A teoria personalista diz, portanto, que se você não pode ter uma relação
juríca sem ser intersubjetiva, isso não quer dizer que no direito real não há
uma relação jurídica. Para essa teoria, esse sujeito intersubjetivo é um
sujeito universal, existindo, portanto, um devedor. Essa relação jurídica
também tem um sujeito passivo. A teoria personalista, quando trata de
direitos da personalidade, diz que a pessoa tem um direito sobre uma
coisa, e quem está do outro lado, como obrigado, é um sujeito passivo
universal. Para a teoria personalista, no direito real, também há um
devedor, que não é identificado, é um sujeito passivo universal; todo
mundo seria devedor da obrigação de respeitar a propriedade alheia, por
exemplo. Essa teoria consegue que no direito real haja um sujeito passivo.
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Basicamente, o objeto são os bens corpóreos, que podem ser, praticamente, bens
móveis ou imóveis.
Bens incorporéos, até o Código Civil de 16, eram tratados no âmbito dos direitos
das coisas. Hoje em dia não são mais, visto que existe legislação específica.
4. Classificação
Os direitos reais podem ser subdivididos em direito real sobre coisa própria, e
direitos reais sobre coisa alheia.
O direito real sobre coisa própria é o direito real ilimitado. Chamado de ius in rer
própria. É o caso da propriedade. O seu leque de faculdades é maior, são três
faculdades: poder de usar, gozar ou fruir e dispor. É possível morar, dirigir,
receber frutos, etc. Há também o direito de reaver de quem quer que injustamente
o possua ou detenha (art. 1.222). É possível diminuir ou ampliar os poderes
quando proprietário.
Os direitos reais sobre coisa alheia são os direitos reais limitados. Também
chamado de iura in rer aliena. Envolve todos os demais, que não a propriedade.
Terá apenas dois, dos quatro poderes: usar e gozar ou fruir. É direito real, mas só
tem alguns dos poderes possíveis sobre uma coisa. Os poderes são limitados.
5. Características
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II. Aderência
6. Figuras híbridas
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A própria doutrina tinha dificuldade para diferenciar, mas faz isso com os
elementos (proper rem pode ser positiva ou negativa) e em relação à
vinculação com a coisa (proper rem responde com todo o patrimônio).
A) Importância
B) Distinções
Para ter um ônus real, tem que ser proprietário. Se o bem é seu, é
obrigado a dar os frutos. Mas é possível dar um bem seu para a
hipoteca de terceiro. A garantia não é, necessariamente, prestada pelo
devedor.
Os ônus reais são garantias que só podem ser prestadas pelo devedor.
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Para que se tenha uma obrigação de eficácia absoluta ou real, é preciso ter
uma previsão legal. Existem dois exemplos no ordenamento.
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POSSE
1. Definição
1.1. Contextualização
O corpus ius civile é uma compilação feita por Justitiano. Ele juntou toda a
construção do direito romano e organizou em um corpo jurídico único. Ele
a considerou tão bem construída que não deveria ser interpretada. Só
depois de um tempo passou-se a ter pessoas que faziam isso. Napoleão
também fez isso (“Juiz como boca da lei”). O corpus ius civile é do século VI
d.C. E, basicamente, todas ou as principais teorias do estudo da posse
partem do direito romano.
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O corpus ius civile reunia tudo o que tinha de períodos anteriores, que era
sistematizado mas não era, necessariamente, um código, estava mais
próximo de uma compilação ou consolidação.
Além disso, Savigny escreveu antes de Ihering, aos 22 anos de idade, muito
jovem. Ihering dizia que Savigny era um meteoro – sua teoria acabaria
sendo aclamada, porém, no futuro, pouco utilizada. Isso acabou
acontecendo com a maioria das codificações, inclusive a brasileira, que
seguem mais a teoria de Ihering. Contudo, em usucapião há a identificação
da teoria de Savigny.
1.2. Teorias
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Savigny coloca que a posse tem três fases no direito romano: a posse
dentro da casa romana, a posse fora da casa romana e a de bens
públicos.
A posse dentro da casa romana era a posse do pater, figura que dirigia
a família romana. Dentro da casa dele ele tinha a posse sobre todas as
outras pessoas e sobre os escravos. A posse sob os escravos era
chamada de naturales possessio.
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Bens públicos dos quais se faz uso, sem poder ser proprietário.
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2. Estudo comparativo
Elemento
Elemento corpóreo anímico
Corpus (material) –
Savigny poder físico Animus domini
Caio Mário diz que existem três correntes que se posicionam sobre a
natureza jurídica da posse: uma que diz que é um fato, uma que diz que é
um direito, e uma terceira que diz que é ao mesmo tempo um fato e um
direito.
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Ihering se preocupa mais com a aplicação prática. Isso significa que o que
realmente diferencia uma teoria da outra é quem merece ter a proteção
possessória.
O proprietário terá proteção nas duas teorias. O ladrão também, ainda que
apenas em relação a terceiros. Contudo, o comodatário, o depositário de
um bem e o locatário são possuidores para Ihering.
3. Objeto
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O locatário é considerado possuidor – pode usar e fruir do bem. O fruto pode ser
natural, industrial (intervenção humana essencial) ou civil (rendimento). Se é um
comodatário ou locatário, e subloca, estará recebendo frutos. Há dois poderes aí –
usar e gozar.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta,
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.
O enunciado traz a ideia de que o possuidor pode ser uma coletividade, e não
apenas um sujeito único.
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Lei que institui o programa “Minha casa, minha vida”. Quem tinha a posse sobre
determinada área, poderia ter a posse formalizada. Reconheceu a posse como
título possessório.
O desforço possessório (resistência a assaltos) pode ser feito pelo detentor, não é
possível apenas pelo possuidor.
O detentor pode vir a ser possuidor. Quando ele se opõe a subordinação, quando
alega a quebra da relação, deixando de praticar atos de acordo com a subordinação
ou deixa de ser dependente economicamente, passa a ser possuidor. Para a maioria
da doutrina, é necessário que a subordinação jurídica e econômica estejam
atreladas.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
A posse direta é aquela em que há poder imediato sobre o bem. A posse indireta é
quando o exercício da posse é desdobrado, que pode ser real (usufruto) ou pessoal.
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Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta,
de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse
contra o indireto.
Quando não há como dividir a coisa, exerce o ato possessório sobre o todo,
sendo que cada um possua uma fração ideal daquela coisa. Não existe
fração real – há uma fração ideal. A posse de um não exclui a posse do
outro. Na composse, cada um tem uma fração ideal sobre o bem, e é
impossível delimitar a porção real de cada um. Os atos possessórios não
serão necessariamente em conjunto.
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Possuidor direto é apenas um, que pode ser uma composse também, os
demais serão possuidores indiretos. Quando se tem desdobramentos
sucessivos, apenas aqueles que têm a posse imediata são possuidores
diretos. Os demais são indiretos.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
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Uma posse é de boa-fé quando se ignora o vício que macula a posse. Para outros
autores, é quando procede de acordo com o que se considera correto, tendo a
convicção de que age corretamente.
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Presunção absoluta (presuncio jure et de jure) é aquela que não pode ser
afastada, é de direito. Presunção relativa (presuncio juris tantu).
Para mostrar inequivocamente que a pessoa está de má-fé, faz um ato que
indique ciência inequívoca do vício. Isso é feito através de um processo
judicial.
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Seria o caso de um AR. Mas não é possível, por meio disso, comprovar o
conteúdo do AR, ou garantir que a pessoa de fato recebeu. Não é uma
demonstração inequívoca.
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Posse nova é aquela com menos de ano e dia (até um ano). Posse velha é aquela
com mais de ano e dia (mais de um ano).
O Código Civil não adota mais essa classificação, o Código de 16 que adotava. Ela é
importante apenas para o debate de interventos possessórios. É importante para
intervenção da posse. Leva a ação possessória de força nova, que tem rito especial
no CPC, ou não.
Posse com título é aquela que deriva de um título que concede a posse, como um
contrato de comodato, locação ou depósito. Se existe um título por meio do qual se
adquiriu a posse, ela será titular.
Essa classificação tem a ver com a ideia de existência ou não de título aquisitivo da
posse.
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Há na doutrina atual quem fale que posse natural é posse sem título, e
posse civil é a posse com título.
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Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter
com que foi adquirida.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade.
Quando tem uma posse violenta ou clandestina, o código diz que isso não induz posse, pelo
menos em relação a quem sofreu o ataque. Quem sofreu o ataque não é considerado
alguém que perdeu a posse. Em relação a quem ataca, a posse é injusta.
Se passa mais de um ano sem praticar ato algum de violência, deixa de ser violenta. Deixa
de ser clandestina quando se revela e passa mais de um ano assim.
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Isso é importante porque a partir desse momento é possível discutir se tem ou não posse
usucapível. Uma posse injusta não é usucapível.
A posse precária pode deixar de ser precária? Pelo Código, não (art. 1.208). Esse defeito
seria absoluto e não poderia ser sanado. Porém, o STJ e parte da doutrina defende a
mudança desse caráter, em regra, com base em alguns elementos. Se opõe expressamente
às ordens do possuidor indireto. Ver: enunciados e decisões do STJ.
EFEITOS DA POSSE
São basicamente cinco efeitos que decorrem da posse: direito a proteção possessória por
meio de interditos (arts. 1.210 a 1.213), direito à usucapião, direito à percepção dos frutos,
responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa e direito à indenização.
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem
ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem
ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação.
Se ele já foi percebido, e está de boa-fé não tem que devolver. Se perde a boa-fé,
perde o direito aos frutos pendentes.
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Seria o caso de um acidente provocado por uma pessoa que alugou um carro, mas
dirigia acima da velocidade permitida.
Uma benfeitoria necessária é aquela indispensável. Uma benfeitoria útil cria uma
utilidade. Uma benfeitoria voluptuária é uma melhoria para mero deleite. A
localização e a destinação do imóvel pode alterar isso.
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Jus retentionis
Jus tolhendi
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4. Direito à usucapião
INTERDITOS POSSESSÓRIOS
Existem outras ações, além dessas, que defendem indiretamente a posse. Em geral,
se enumera quatro: ação de nunciação de obra nova, ação de dano infecto,
embargos de terceiro e imissão da posse. São meios indiretos de defesa da posse,
por isso são consideradas em sentido lato.
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C) Embargos de terceiro
A) Reintegração de posse
B) Manutenção de posse
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C) Interdito proibitório
2. Fundamento
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Analisa-se a destinação social do bem, para ver quem está, de fato, cumprindo a
função social.
Vale ressaltar que a propriedade nem sempre diz respeito a uma posse
justa. Ele pode esbulhar, por exemplo, o indivíduo que tem posse devido a
um contrato em que não houve notificação para devolução de bem.
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Código Civil de 16, art. 505: o fundamento da ação possessória tem que
ser o exame da posse. Não pode alegar na defesa que tem direito
apenas por ser proprietário. Mas, a tutela possessória não deve ser
concedida para quem não for dono. Dizia, em outras palavras, que o
dono ganha a ação. O dispositivo não se aplica mais. O código
relativizava os juízos.
Súmula do STF nº 487: dizia que se duas pessoas discutem a posse de
um bem e ambas alegam ser proprietárias, analisar quem é o
verdadeiro dono. Verificar se há fraude ou não no primeiro. Tenta
relativizar o argumento no sentido de se pautar apenas na discussão
sobre a posse. Esse argumento relativiza a função social da
propriedade. A maior parte da doutrina considera essa súmula
superada, e diz que em casos como esse deve ser analisada a função
social da posse, aplicando a súmula 492 do STJ.
Enunciados 78 e 79
3. Espécies
4. Remissão legal
Enunciado 238
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A autodefesa da posse ocorre antes de perder a posse; o sujeito ainda tem e está
sofrendo um atentado sobre ela.
Antes de entrar com ação possessória, é possível autodefender a posse, por conta
própria, desde que a resposta seja imediata.
Essa autodefesa pode ser feita por terceiro não-proprietário. O detentor tem
legitimidade para fazer isso. Podem levar pessoas para ajudar.
A ação possessória deve ser ajuizada no foro da situação do imóvel. Não existiria
sentido entrar com essa ação em um local diferente. Fazendo necessárias perícias
ao local não teria sentido um juiz de uma comarca se deslocar para outra.
CPC: Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é
competente o foro de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição
se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão,
divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da
coisa, cujo juízo tem competência absoluta.
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7. Fungibilidade
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Essa ideia presume que a posse pode ser alterada faticamente, face a progressão.
Nesse caso, se tem a fungibilidade do interdito possessório, convertendo uma coisa
em outra.
Isso significa dizer que se parte de dois pressupostos: o ataque pode progredir
(isso é da própria situação fática), e, além disso, pode existir uma dificuldade em
definir se é uma turbação ou esbulho.
O pedido de uma coisa, portanto, para o código, não obsta que outra seja
concedida. O Código permite, para resolver isso, que entre com uma ação e ganhe
outra.
8. Caráter dúplice
Se alguém quer ser reintegrado, é porque alguém foi esbulhado. Esse sujeito vai
querer ser mantido na posse. Logo, toda ação possessória é necessariamente
dúplice.
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9. Legitimidade
9.1. Ativa
O possuidor aparente, sem o ser, por óbvio, não tem legitimidade ativa
para a propositura de ação possessória. O detentor, por exemplo, que
por vezes aparenta ser possuidor, não tem legitimidade ativa para essa
ação. Outrossim, no caso da legitimidade passiva, como réu, o detentor
deve indicar a quem está subordinado e quem é o possuidor daquele
bem.
B) Posse escalonada
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C) Detentor
9.2. Passiva
O autor pode não saber que o detentor é detentor, achando que o detentor
é o possuidor. Logo, pode ser indicado como réu. A obrigação do detentor
como réu é nomear autoria, indicando, em sua peça de defesa, o possuidor,
que é quem deve ser o réu no processo. Logo, o detentor não tem
legitimidade ativa nem passiva.
Enunciado 80
É possível cumular pedido dos dois lados. Além da proteção possessória, o réu só
pode pedir a indenização por perdas e danos.
Essa cumulação de pedidos pode ser feita inclusive pelo réu, que pode pedir para
ser mantido na posse e pode pedir, também, a indenização pelas benfeitorias
realizadas, podendo, se estiver de boa-fé, inclusive, deter a coisa.
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12. Ações coletivas: art. 554, § 1º ao 3º, c/c art. 565, CPC
1. Remissão legal
2. Aquisição
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2.2. Elementos
Existem atos que não induzem posse, que seria a permissão e a tolerância.
2.4. Legitimidade
2.5. Modos
A) Originária
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B) Derivada
Espécies de tradição
I. Real:
II. Simbólica:
III. Presumida:
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Somas de posses
Se comprou de alguém que não era dono, foi compra e venda sem dono.
O vendedor e o comprador estavam de boa-fé e ignoravam isso.
Quando recebe a posse anterior, é possível somar as posses para fins
de usucapião.
3. Perda
O outro lado da aquisição é a perda. O Código Civil atual traz uma cláusula
geral para perda, no art. 1.223. No código anterior era casuística.
3.2. Espécies
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A) “Corpore et animo”
B) “Solo corpore”
C) “Solo animo”
PROPRIEDADE
A propriedade tem como sua principal origem o Direito Romano, que concebia a
propriedade em um viés individual. No século VI d.C., Justiniano mandou compilar
toda a produção jurídica no âmbito do Império Romano criando o Corpus Iuris
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Nosso direito, ainda nos dias atuais utiliza uma ideia de propriedade como direito
individual, derivada da ideia de propriedade em Roma.
Esse modelo não era muito compatível com os interesses da burguesia ascendente
francesa. Eles não queriam uma propriedade repartida como na Idade Média, mas
uma propriedade individual, que seria de quem pudesse pagar por ela. Foi em
virtude disso que o direito francês criou um novo direito de propriedade com
inspiração no Direito Romano.
Como toda evolução histórica, ela não acontece de forma retilínea, e sim de forma
helicoidal, por isso que temos na história grandes avanços e contramarchas.
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Durante o século XX, com a Revolução Russa, ainda existiu um outro modelo de
propriedade que rivalizou com a propriedade individual, a propriedade coletiva,
que não era única da União Soviética. Esse tipo de propriedade limitava o poder do
indivíduo sobre a propriedade, a disponibilidade da propriedade era diminuída. O
poder de dispor sobre determinado bem é praticamente anulado, pois a
propriedade vai ter de servir, necessariamente, a sua função determinada.
Assim, existem alguns modelos de propriedade, sendo que hoje prevalece a ideia
de que a propriedade é um direito subjetivo absoluto. Essa ideia, entretanto, tem
sido mitigada, uma vez que há a necessidade de respeitar determinações
ambientais, o direito de vizinhança e questões administrativas (ex.: fios da Coelba e
tubos da embasa).
Nesse sentido, nota-se que são inúmeras as limitações sobre a propriedade. Esta
não pode ser utilizada da forma que for mais conveniente para um particular; o
direito está, de alguma forma, limitado. É em virtude disso que há uma
relativização do direito da propriedade, que ainda é considerado um direito
subjetivo absoluto.
2. Conceito e objeto
A propriedade, como situação jurídica, seria uma relação jurídica em que o sujeito
se insere por ato de vontade, e, em virtude deste ato, ingressa em uma relação
jurídica de natureza real, que comporta situações jurídicas que podem ser ativas
(equivalente à direito) e situações jurídicas passivas, em que não é titular de um
direito, mas detentor de dever, que pode ser ambiental, de vizinhança ou uma
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Paolo Grossi diz que talvez devêssemos mudar a perspectiva para conceituar a
propriedade, olhando não sob a luz subjetiva, do proprietário, mas sob a ótica de
quem não o é.
3. Fundamentos (teorias)
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A crítica que se faz é essa teoria é que a ocupação é apenas uma das formas
de se adquirir a propriedade, sendo, portanto, uma teoria muito
reducionista.
Essa teoria não tem relação com a ideia capitalista de produção industrial,
e se levada a última ratio, aconteceriam espoliações sucessivas, vez que o
novo proprietário teria que contratar novos operários que se tornariam
proprietários e assim vai.
Diz que o que justifica a propriedade ser concebida como o direito é o fato
da lei dar esse caráter de direito para a propriedade. Ou seja, a propriedade
é direito porque a lei diz que ela é direito. É uma teoria muito positivista e
legalista. Essa teoria também não é muito aceita.
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Diz que a propriedade é um direito por ser algo relativo à natureza dos
seres humanos. Haver pessoas que possuem algo e outras que não
possuem é algo natural da história humana. Todo ser humano almeja ser
proprietário de um bem com exclusão dos demais sujeitos. É a ideia de
propriedade individual. Logo, essa é uma teoria de direito natural,
jusnaturalista, que concebe a propriedade como algo derivado da essência
humana. O fundamento jurídico da propriedade é que ela é um fato da
própria natureza humana. Essa teoria é a mais aceita em nosso país
dentre as quatro apresentadas.
4. Características
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todos os poderes com ele, ou pode reduzi-los; o sujeito pode ficar fazendo isso o
tempo inteiro sem que a propriedade seja extinta por isso.
5. Elementos constitutivos
São quatro: o direito de usar a coisa (jus utendi), o direito de perceber os frutos
(jus fruendi), o direito de dispor (jus disponendi) e, por fim, o direito de vindicar a
coisa, que decorre do direito de sequela (jus vindicandi).
Ou seja, usar, gozar ou fruir, dispor e reaver de quem quer que injustamente o
possua ou detenha.
6. Ação reivindicatória
6.1. Natureza
6.2. Prescrição?
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6.3. Fundamento
6.4. Finalidade
6.5. Requisitos
6.6. Legitimidade
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7. Extensão
A propriedade vai “do céu ao inferno”, uma vez que há a projeção da propriedade
para o subsolo e para o céu. No entanto, essa propriedade se limita até o local em
que ela é útil para o sujeito. Há um critério de utilidade que só pode ser verificado
no caso concreto, por se tratar de uma cláusula geral que dá para o magistrado
maior liberdade para adequar o caso aos elementos decisórios.
Se algo passa por baixo do imóvel, sem que atrapalhe a utilização desse imóvel, não
é possível impedir isso.
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Exemplo 1: A tem um terreno em Brotas, e para que a luz chegue até aquele local, é
obrigado a permitir a passagem dos cabos elétricos. Essa figura é próxima da
servidão, mas não o é, já que é cogente – o Estado impõe a cessão da propriedade
para passagem de determinada instalação. O interesse é púbico por beneficiar não
apenas o Estado, mas a coletividade de cidadãos beneficiados com a luz. Por óbvio,
não é possível se impor a isso; deve respeitar e aceitar a servidão administrativa.
Exemplo 2: o proprietário de um imóvel tem seu imóvel tombado. Isso impede que
se faça qualquer alteração nos mesmos que não aquelas autorizadas pela lei. Essa é
uma outra restrição de interesse público, o tombamento.
Outros exemplos:
CF, art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e
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Seria, por outro lado, o caso da compra de uma loja de uma franquia.
Uma aquisição móvel pode ser originária ou derivada, assim como uma
aquisição imóvel também pode ser originária ou derivada.
É comum que os livros falem dos sistemas alemão e francês. Mas, também é
possível tratar o sistema romano de aquisição de propriedade que, de certa forma,
se assemelha ao brasileiro.
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11.3. Alemão
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1. Bens imóveis
1.1. Originária
A) Acessão
B) Usucapião
1.2. Derivada
A) Transcrição/registro
B) Sucessão
2. Bens móveis
2.1. Originária
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2.2. Derivada
USUCAPIÃO
1. Noções gerais
Via de regra, se fala em A usucapião, nao o usucapião. Isso ocorre por ser uma
forma de aquisição da propriedade. Entende-se, também, a usucapião como uma
forma de prescrição.
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Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Seria o caso de um sujeito que utiliza um carro há 10 anos, mas é casado e aquele
carro é propriedade do casal. Logo, não poderá usucapi-lo em caso de separação,
pois há um óbice para que nesse período a prescrição corra.
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Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez,
dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o
interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em
concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do
ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Causa interruptiva é aquela que não apenas suspende, mas reinicia a contagem do
prazo assim que a causa interruptiva cessa. É aquela em que se interrompe a
prescrição para reiniciar a contagem prescricional quando a causa interruptiva
cessar.
2. Conceito
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3. Fundamentos
Isso significa dizer, portanto, que são necessários determinados requisitos para
poder usucapir um bem.
4. Requisitos
4.1. Gerais
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A) Pessoais
B) Reais
Existem, ainda, bens que não são usucapíveis por estarem fora do
comércio naturalmente. Bens que estão fora do comercio por qualquer
outro motivo, quer dizer, convencionalmente, no entanto, são
usucapíveis.
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C) Formais
a) Tempo
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b) Posse
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4.2. Especiais
A) Justo título
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B) Boa-fé
Parte da doutrina alega que teria que ser possuidor direto. Mas ser
possuidor direto implica em assumir que é possível ter um possuidor
indireto. Significa dizer que na posse desdobrada, especialmente na posse
direta, não há anumus domini, porque reconhece que a posse não é com a
intenção de ser dono, porque se sabe que ela decorre de um
comodato/penhor/contrato de comodato/usufruto/etc. Automaticamente
se reconhece isso. Na posse desdobrada, de fato, não teria animus domini, o
que significa dizer que a posse não é usucapível, elemento essencial dessa
posse.
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Numa posse precária há abuso de confiança, o bem não foi restituído. Toda
posse precária em algum momento foi justa, porque aquela sessão da posse
era autorizada por direito real ou pessoal. Ela se torna injusta quando o
sujeito é provocado a restituir o bem e não o faz, abusando da confiança. Se
torna precária, e sendo precária, se torna injusta. O vício da precariedade,
em regra, é absoluto, não cessa. Logo, não há como provar que isso cessou.
Isso seria a ideia de posse usucapível. Ela tem que ser mansa, pacífica.p
ública, continua e duradoura. Além disso, deve ter animus domini e sem
oposição. Em outras palavras, é uma posse justa (nem violenta, nem
clandestina, nem precária). Sendo que, se a posse é injusta, a discussão é
relativa a intervenção da posse.
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5.1. Modalidades
A) Extraordinária
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que
assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez
anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia
habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
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Nesse caso não precisa de justo título, e para a maioria da doutrina não
precisa de boa-fé (requisito especial expressamente exigido no
usucapião ordinário).
B) Ordinária
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C) Especial
a) Rural
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b) Urbana
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos
ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
c) Especialíssima – familiar
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Supondo que o sujeito foi réu numa ação possessória e alegou usucapião,
que foi reconhecido pelo juiz. A sentença que julga improcedente ao
reconhecer o usucapião não serve para registrar o imóvel no cartório. O
procedimento para reconhecer a usucapião é mais bem desenhado.
Para mover uma ação de usucapião, deve desenhar a área, descreve-la bem
definidamente, dizer quem é o proprietário ou requerer a citação de quem
for, a citação dos vizinhos, confrontações, etc. É bem detalhado, ainda que o
procedimento especial não tenha sido repetido pelo novo CPC, a tendência
é que continue como era no código anterior.
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6. Usucapião de móveis
Apesar de institivamente parecer que existe apenas para bens imóveis, também
pode ser utilizado para bens móveis.
Já foi muito utilizado para linhas telefônicas e automóveis. Hoje em dia essa
questão do telefone não existe mais.
7. Efeitos
8. Espécies de usucapião
8.1. Ordinária
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Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e
incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé,
adquirir-lhe-á a propriedade.
O art. 1.260 regra a questão para bens móveis. O prazo é de três anos.
8.2. Extraordinária
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que
assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro
no Cartório de Registro de Imóveis.
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Aqui a pessoa pode estar de má-fé, para a maioria dos autores. Seria o
reconhecimento de uma boa-fé real.
O prazo é de quinze anos. Também pode haver uma redução para dez anos,
se a posse tiver um uso social. Essa qualificação surge com residência,
investimentos econômicos, etc.
8.3. Especial
A) Urbana (pró-misero)
O prazo é de cinco anos e a posse tem que ser qualificada ou social. Não
será para fins de subsistência, mas para moradia pessoal ou da família.
Além disso, não pode se proprietário de nenhum outro imóvel urbano
ou rural.
Esse tipo de ação só pode ser ajuizado uma vez. Entende-se que já se
saiu da situação de miserabilidade, logo, não pode ser manejada. As
outras espécies podem ser manejadas. Isso não é dito expressamente
para usucapião rural, mas fica subentendido.
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Individual
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos
e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
CF, Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de
uma vez.
§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Coletiva
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Áreas a partir de 250 metros quadrados. O que significa dizer que aqui
há um limite mínimo e não máximo. Pode ser ajuizada quando não se
consegue delimitar individualmente a área de cada ocupante. Não é
possível estabelecer as frações reais. São legitimados os próprios
possuidores ou uma associação, que aparece como um substituto
processual.
Familiar
Um dos cônjuges tem que ter abandonado o lar, que não é a mesma
coisa de se separar.
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B) Rural (pró-labore)
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Antes do CC, já tinha sido previsto na CF, no art. 191. Antes da CF, já
estava prevista na Lei 6.969, da década de 70. Ou seja, desde a década
de 70 já havia previsão legal da usucapião especial rural. E, para além
da previsão legal, já havia previsão constitucional dela, porque a
usucapião especial rural foi prevista pela primeira vez na Constituição
Federal de 1934, repetida pela de 37 e 46. Não apareceu na década de
60.
Além disso, não pode ser proprietário de outro imóvel, seja em área
urbana ou rural. Ou seja, o Código, a legislação esparsa e a Constituição
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8.4. Indígena
Estando ou não integrado, pode mover ação de usucapião de áreas com até
50 hectares. É uma espécie próxima da usucapião rural. Não pode requerer
sobre bens públicos e não pode requerer sobre uma área tribal (ocupada
pela tribo e que já de propriedade da tribo). Tem que ser uma área que não
é ocupada pela própria tribo ou por outra.
8.5. Administrativa
Foi alterado. Antes a renda tinha que ser mais baixa para entrar no
programa. Agora a renda familiar pode ser de 10 salários mínimos.
Hoje é um programa de financiamento habitacional como qualquer
outro.
O Minha Casa, Minha Vida foi instituído pela lei 11.977. Tinha a
possibilidade de usucapir administrativamente. Tinha uma área urbana
da qual havia a legitimação da posse concedida pelo governo. Esse
imóvel tinha que estar inserido num projeto de regulamentação de
área de interesse social.
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9. Casos práticos
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presume, deve ser previsto de forma expressa. O que ocorre aqui é uma tradição
ficta, presume que existiu a entrega da chave do carro para o banco e
posteriormente o banco devolveu a chave como depositário. Logo, o depositário
vai ser possuidor direto. Nesse caso, o indivíduo não é proprietário, mas sim
possuidor direto. Aqui não cabe usucapião pelo fato de não existir o animus
domini, o indivíduo só adquiriu aquela posse em virtude da aquiescência do
proprietário, no caso o banco. Em geral, a posse direta não é usucapível. A
propriedade é adquirida, ou seja, se resolve apenas quando todas as parcelas das
dívidas são pagas. Se o indivíduo parar de pagar a dívida, pode-se promover a
busca e apreensão do veículo, faz-se necessário para tal, ainda, a notificação do
indivíduo devedor. Nesse caso de não pagamento, a posse direta se tornou posse
precária e posse precária, via de regra, também não é usucapível.
Se não foi uma alienação fiduciária em garantia, mas sim um leasing (“aluguel” em
inglês) ou arrendamento mercantil? O sujeito pode, nesse caso, adquirir o veículo
por usucapião? Se sim, qual a modalidade?
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ACESSÕES
1. Introdução
Arnoldo Wald, no entanto, traz uma classificação um pouco diferente. Ele diz que
existem acessões de imóveis a imóveis, de móveis a imóveis e de móveis a móveis
(comistão, adjunção...). Emanuel não concorda.
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Se o sujeito tem um terreno e construiu uma casa nele, a casa é coisa acessória, e é
de sua propriedade.
2. Acessões naturais
Abandono de álveo é quando o rio seca completamente. A área que era de um rio,
deixa de ser.
3. Acessões artificiais
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Quando se trata a laje como acessão, é um acessório. Quando tratar como direito de
superfície ou direito de laje, se permite concluir que, apesar de ser, inicialmente,
um acessório, ganha tanta importância que passa a ser principal.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em
proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de
boa-fé, terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente
o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a
propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada
judicialmente, se não houver acordo.
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O art. 1.258 traz uma especificidade maior que o art. 1.255. Há a regra dos 5%,
segundo a qual se a construção em terreno alheio não ultrapassar os 5%, adquire-
se a propriedade apenas da parte que invadiu, devendo pagar apenas o valor
correspondente à área, mais a desvalorização da área invadida, se estiver de boa-
fé. Se estiver de má-fé, primordialmente, há um dever de demolir a construção. Se o
dano for superior, deve pagar 10 vezes mais para que haja a aquisição da
propriedade.
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1. Modos de aquisição
2. Ocupação
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A coisa sem dono é res nullius (nunca teve dono) ou res derelictae (coisa
abandonada).
2.2. Requisitos
Nos contratos de serviço que preveem que, passado certo tempo, a coisa
será abandonada, a cláusula pode ser tornada nula em debate, porque não
se pode presumir que a coisa esteja abandonada, sem a previsão legal.
2.3. Formas
A) Propriamente dita
Há uma coisa sem dono. Seria ocupação, a partir das regras próprias,
quando se pega seres vivos não domesticados e coisas inanimadas,
inclusive aquelas arrojadas pelo mar.
B) Invenção
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C) Achada
3. Sucessão
Para evitar que haja patrimônio vagando sem dono, em caso de morte, a
transmissão é automática. A sucessão transfere bens móveis e imóveis.
O direito à herança é tratado como bem imóvel por ficção jurídica. Antes da
partilha, é tratada como um único bem indivisível.
4. Tradição
Além do negócio jurídico, requer um ato de transmissão. Pode ser real, simbólica
ou presumida.
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REGISTRO
1. Introdução
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Prenotação é feita na escritura pública, para que depois seja feito o registro. A
prenotação anterior ao registro de terceiro é a que vale. Ou seja, se prenotado, um
terceiro que efetuar o registro não se tornará dono.
2. Princípios
2.1. Publicidade
2.3. Territorialidade
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2.4. Continuidade
2.5. Prioridade
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Se ele tem valor superior a 30 salários mínimos, para que se proceda com o
registro, o contrato deve estar em forma pública, ou seja, por meio de escritura
pública. Se o valor é inferior, no entanto, é possível proceder o registro por
contrato particular.
Se o imóvel foi vendido, faz-se o registro. Outros atos são realizados por averbação.
PERDA DA PROPRIEDADE
1. Noções gerais
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enumerava exemplos de casos em que se perdia a posse, mas o atual não faz mais
isso.
2. Modos
A alienação sempre se dá entre pessoas vivas. Para que ela signifique a perda de
propriedade para o alienante e a aquisição para o adquirente, ele precisa ser
submetido ao registro.
Se a coisa pereceu, houve a perda total do bem. Logo, não é possível mais ser dono
de algo que não existe.
A desapropriação é, em regra, uma medida promovida pelo Estado. Pode ser por
interesse público (necessidade ou utilidade pública) ou por interesse social. Isso
significa que será desapropriado independente de qualquer dever do sujeito. Há
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O art. 1.228 traz uma hipótese nova de desapropriação, que é a judicial de posse
privada. Ocorre quando há um número considerável de pessoas que ocupa uma
propriedade privada, e a ocupação tem investimentos sociais relevantes. O
proprietário perde essa propriedade por desapropriação. A dúvida é se ela é paga
pelo Estado ou pelos particulares que ocupam a área; se for o segundo caso, vai ser
uma desapropriação privada, algo incomum no ordenamento.
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estão falando da mesma coisa. Há uma função social da coisa. Isso significa que,
apesar de já haver uma construção doutrinária significativa, não se sedimentou
algumas distinções.
A abordagem habitual, mais atual, adota um tom um pouco ufanista. Seria a de que,
a partir da Constituição de 1988, a propriedade passa a ser fonte não apenas de
direito (concepção tradicional), mas também passa a ser fonte de deveres
jurídicos. Esses deveres jurídicos podem ser em sentido amplo (decorrem da lei),
ou um dever jurídico estrito (contratual). Esse dever estrito só é autorizado
porque a lei autoriza esse negocio jurídico a formular esses deveres na sociedade.
Há autores que criticam a função social da propriedade como coisa de quem não
entende o que seria propriedade, sem, contudo, aprofundar. A função social da
propriedade não é localizada, nem é um conceito densificado, levando a um
discurso de esvaziamento.
A rigor a ideia de propriedade como dever absoluto que sofre limitações pontuais é
defasada há muito tempo. É possível ter, em relação a determinada coisa, mais
deveres que direitos.
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A função social da propriedade é algo essencial; mas, pode ser melhor enquadrado
teoricamente como uma das tantas fontes de deveres do sistema jurídico para
situações de propriedade ou de direito real.
2. Breve histórico
Autores como Otávio colocam que a função social da propriedade já existe, pelo
menos, desde a Constituição de 34. Quando se fala na possibilidade de reivindicar
um bem perante o poder público, significa que há uma transição entre a ideia de
modelo de propriedade. Supostamente vivemos em um modelo individualista, mas
há parte da doutrina que diz que esse modelo sofre influxos da função social da
propriedade, seria o modelo social. Mas isso leva a ideia de que não se pode mais
conceber a propriedade como dever individual, mas não se sabe o que seria o novo
modelo. A ideia de modelo social é uma negativa do modelo social – o modelo
social é um modelo não-individualista. Não se explica os impactos disso no modelo
como um todo.
Se o texto começou na Constituição de 34, isso significa que tem, pelo menos, 80
anos em que já existe, expressamente, no principal documento jurídico do
ordenamento, alguma menção a função social, mesmo que a ideia expressa não
estivesse lá. Ou seja, é impossível conceber que ninguém se atentou a isso
anteriormente em algum momento.
Judith Martins Costa trabalha que existem modelos – modelo costumeiro, modelo
positivo, modelos doutrinários e modelos jurídicos. A ideia é que exista uma
retroalimentação entre eles.
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A doutrina começou a escrever sobre o tema há, pelo menos, 100 anos. Isso
é visto com Astolfo Rezende e Teixeira de Freitas. Se existia alguém
escrevendo sobre aquilo é porque, ou já estava presente em nosso sistema,
ou já estava presente em outros sistemas e já queríamos incorporar.
Orlando Gomes diz que o bem que pode ser objeto de função social é o bem
de consumo, e não o bem individual de produção. A discussão de função
social não tem relação com o socialismo.
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A primeira ideia que vem a cabeça é da Reforma Agrária, que vem da Constituição.
A Constituição diz que se a propriedade rural não tem sua função social, ela será
redistribuída. Essa ideia já existia antes. Tem haver com parâmetros que são
estabelecidos para a ideia de função social que a Constituição, hoje, traz
expressamente (art. 191, 184). A lei 8.629 também pega os parâmetros
constitucionais e densifica. Ela diz qual a propriedade que não cumpre a função
social, ou os critérios para que se alcance a função social. Traz a ideia de
desapropriação como sanção. A ideia de desapropriação não nasce aqui, já existia a
possibilidade de desapropriar um bem por utilidade ou necessidade pública, ou
interesse social. Fala-se aqui no “interesse público” que justifique a
desapropriação. Há algo maior que o direito subjetivo. A função social traz a ideia
de que interesse público poderia ser fundamento para desapropriar,
aprofundando a ideia.
Isso evidencia a fraqueza da teoria interna, porque requer lei para embasar a
construção da função social da propriedade.
O art. 4º do Estatuto da Cidade traz uma série de instrumentos jurídicos que são
postos como a regularização fundiária, o arcelamento e a instituição de zonas
especiais.
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DISCUTIR NA PROVA – Quais são os modelos de propriedade que se tem? Existem modelos
diferentes de propriedade ao longo da história, nos diferentes lugares do mundo, em
relação ao modelo atual, como as capitanias hereditárias. Caio Mário faz menção a
necessidade de reconceituar a propriedade. Sair do conceito de propriedade de um direito
subjetivo e individual por excelência. Otávio traz a discussão sobre a perspectiva da função
social. A premissa apresentada no texto por Otávio é que a discussão já existia, por que
estamos num estágio tão primário do debate?
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