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ESTAÇÃO CAMPO BELO DA LINHA 5 DO METRO DE SÃO PAULO –

ESTUDO DO COMPORTAMENTO

B. Q. Galvão, L. F. Rocha, L. Konishi, P. T. França, C.A. Campanhã


CJC Engenharia - São Paulo, Brasil
P. M. R. Avesani; A. A. Ferreira; G. B. Robbe; H. C. Rocha
Companhia do Metropolitano de São Paulo, São Paulo, Brasil

Resumo:
No presente artigo são apresentados estudos desenvolvidos buscando identificar possíveis causas de
deslocamentos não previstos inicialmente, ocorridos durante as obras da Estação Campo Belo,
pertencente à Linha 5 do Metrô de São Paulo.
A Estação Campo Belo é composta por cinco poços de grande diâmetro, aproximadamente 36 m,
secantes, conjugados e executados em etapas alternadas. A estação está inserida essencialmente em
maciço misto de gnaisses graníticos alterados, saprólitos e solos residuais jovens e maduros, com
ocorrência na porção superior de solos da Formação São Paulo.
O suporte para escavação dos poços, no projeto executivo, consistiu de paredes diafragma moldadas in
loco, escavadas com “Clamshell”, de 1,00m de espessura, na zona de ocorrência de solos
(aproximadamente 25m iniciais) e em concreto projetado com espessura variando de 0,20m a 0,40m
na zona de ocorrência de saprólito e rocha (aproximadamente 5m finais).
Durante as escavações, o monitoramento dos poços indicou a ocorrência de deslocamentos
expressivos na instrumentação interna e externa, levando à adoção de medidas adicionais não
previstas pelo projeto original.
São apresentadas considerações sobre os principais aspectos da obra, incluindo geologia, sequência
executiva, sistema de suporte e eventos significativos, como a passagem das tuneladoras e a escavação
na zona de transição entre a parede diafragma e o concreto projetado. Foram realizadas análises
numéricas para retroanalisar o comportamento observado e avaliar a segurança da escavação. As
análises desenvolvidas foram capazes de reproduzir a diferença de comportamento entre cada um dos
poços e a diferença de comportamento entre a zona do poço com parede diafragma e com concreto
projetado.

1 INTRODUÇÃO
No presente artigo são apresentados estudos desenvolvidos objetivando identificar possíveis causas de
deslocamentos não previstos inicialmente pelo projeto executivo, observados durante as obras da
Estação Campo Belo, pertencente à Linha 5 do Metrô de São Paulo.
A Estação Campo Belo é composta por cinco poços de grande diâmetro conjugados, secantes,
executados em etapas defasadas. A utilização de poços de grande diâmetro conjugados tem sido cada
vez mais frequente na escavação de estações metroviárias, com diversos exemplares executados no
Metrô de São Paulo. A opção por poços conjugados permite que se obtenha um grande espaço interno
sem interferências com contenções provisórias estroncadas e escoradas, cumprindo com as exigências
arquitetônicas em sua etapa final (Figura 1).
A escavação da Estação Campo Belo foi realizada com um pré-revestimento de paredes diafragma
moldadas in loco com espessura de 1,00m na zona de ocorrência de solo (aproximadamente 25m
iniciais) e em face aberta com revestimento em concreto projetado com espessura variando de 0,20m a
0,40m na zona de ocorrência de saprólito e rocha (aproximadamente 5m finais).
Durante os trabalhos de escavação final da Estação Campo Belo, deslocamentos expressivos foram
observados tanto na instrumentação externa, em marcos superficiais no entorno da escavação, quanto
na instrumentação interna, em marcos reflexivos, cordas de convergência e inclinômetros instalados na
estrutura. Além de deslocamentos superiores àqueles previstos em projeto, também foram
identificadas potenciais regiões instabilizadas no maciço, levando a adoção de medidas adicionais não
previstas no projeto original.
Os estudos apresentados foram desenvolvidos em duas etapas. Em um primeiro momento foi realizada
uma análise meticulosa dos dados de instrumentação interna e externa disponíveis, cruzados com os
principais eventos da obra. Em um segundo momento foram realizadas análises numéricas com o
objetivo de retro analisar o comportamento observado e avaliar o nível de segurança das escavações.

2 PRINCIPAIS ASPECTOS DA ESTAÇÃO CAMPO BELO


A Estação Campo Belo está localizada na esquina entre a Av. Santo Amaro e a Av. Roberto Marinho,
sendo composta por cinco poços conjugados secantes. Cada poço possui aproximadamente 36 m de
diâmetro, resultando em uma extensão total de 140m (Figura 2). A profundidade da estação é variável,
sendo de 27m de profundidade no Poço 1, mais ao Sul, e 35m no Poço 5, mais ao Norte. Em uma
primeira etapa foram escavados os Poços 2 e 4 e executada a sua estrutura definitiva. Em uma segunda
etapa foram escavados os Poços 1, 3 e 5, após a passagem das duas tuneladoras de 6,89m de diâmetro.
Durante a passagem das máquinas os poços já escavados foram parcialmente preenchidos com coulis.

N
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10480
1652 1310 1310 1310 1310 1310 1310 1310 1310 1652

P16 P28 P29 P30 E62 P51 P70


P71 P72 P92 P93
P17 P50 P52
P15 B10 B11 P31 D10 D11 P73 P94
A15 A16 B12 C03 C04 D12 E03 E04
A17 C05 P91
P18 P27 B09 P49 C02 P53 P69 D09 INICIO E02
INICIO INICIO E0
P14 4 B1 INICIO D13 INICIO 5 P95
A1 3
A18 P32 C06 P74
C01 E01
P19
P26 B08 P48 P54 D08 P90
3 B1 P68 D1 E0
P75
A1 4 P33 4 6
R16

P13 P96
R1

.90
R16

7
R1
7

D0
B0

7.2
B1

D1

P25
7.2

P67
.90

0
R

5
0

P76
16

P34
.9

E07
0
A12

D06
B06

P12 P97
D1
B1

6
6

P24 P66
P35 P77
A11

E08
D05
B05

D17
B17

P11 P98
593

593
P23 P65
P36 P78

FECHO
FECHO
A10

E09
FECHO

FECHO
D04
B04

FECHO

FECHO

R17.20 R17.20
R17.20
EIXO ESTAÇÃO
B18

D18

35 35

P10 P99
P22 P64
593

593
P37 3 P79

E10
D03

ESTE= 155063.18
B03
A09

D19
B19

NORTE=242518.62

P09 P21 P63 P100


P38 P80
1
D20
0

E1
A0

D02
B0

B2
8

P08 P101
P39 P81
P20 P62
1
1

2
B0

D0

D2
A0

B2

E1
1
7

2 P40 2 P82
B2 P55
P89 D2
P07 P47 B28 P61 C12 D28 P102
A06 P01 P108 E18
A01 P41 C07 P83 E13
B23 D23
INICIO INICIO INICIO INICIO INICIO
A05 B27 C11 D27 E17
P06 A02 P02 P46 P60 C08 P56 P88
P107 E14 P103
A04 A03 B26 B24 P42 C10 C09 D26 D24 P84 E16 E15
B25 D25
P05 P04 P03 P45 P59 P58 P57 P87 P85 P106 P105 P104
P44 P43 P86

Erro! Use a guia Página Inicial para aplicar 0 ao texto que deverá aparecer aqui. Figura 1: Configuração dos poços múltiplos da
Estação Campo Belo
Figura 2: Estação Campo Belo (Fonte: Metrô São Paulo)

A estação está inserida em maciço caracterizado majoritariamente por solos de alteração do


embasamento cristalino classificados como solos residuais (5SR1 e 5SR2) e saprólito (5SP) e
parcialmente por solos da Formação São Paulo (3Ar1, 3Ar2, 3 Ag2) na porção superior. Na região dos
Poços 1 e 2 (a esquerda na Figura 3), o topo rochoso (5R) se apresenta mais elevado e há uma camada
menor de saprólito que na região dos poços 3, 4 e 5. Uma seção do modelo geológico está apresentada
na Figura 3.

Figura 3: Seção geológica-geotécnica da Estação Campo Belo (Fonte: Metrô São Paulo)
A escavação da estação foi concebida para ser estanque, de maneira que o revestimento primário foi
projetado totalmente em parede diafragma moldada com espessura de 1,00m passando 2m abaixo do
fundo dos poços. Em obra, no entanto, a profundidade original de projeto não foi atingida de forma que
a parede foi executada entre 5 a 15m acima da cota prevista em projeto (Figura 4), presumidamente na
região de ocorrência de saprólito (5Sp) e rocha (5R). O projeto foi alterado e nesta região, o
revestimento primário passou a ser realizado em concreto projetado com 0,20m de espessura. Por isso,
foram executadas estacas raiz de 0,40 m de diâmetro para incorporar as lamelas no material mais
resistente.

Figura 4: Paredes diafragmas executadas - As built, adaptado (Fonte: Metrô São Paulo)

3 CONTEXTO DA RETROANALISE DA ESTAÇÃO CAMPO BELO


Em maio de 2016 a obra encontrava-se com os Poços 2 e 4 escavados e com seus respectivos
revestimentos secundários parcialmente concluídos. Não haviam sido concretados ainda os pilares
verticais dos Poços 2 e 4, na secância com os Poços 1, 3 e 5, na zona de interferência com a passagem
das tuneladoras. (Figura 5 e 6)

Figura 6: Detalhe pilar vertical


Figura 5: Pilares verticais secantes
secante
O Poço 1 encontrava-se totalmente escavado e em fase de armação da laje de fundo. Os Poços 3 e 5
estavam ainda em fase de escavação faltando aproximadamente 5m para o termino da escavação do
Poço 5 e aproximadamente 8m para o término da escavação do Poço 3, assim como esquematizado na
Figura 7.

Figura 7: Profundidade da escavação - As built (Fonte: Metrô São Paulo)

Durante as escavações dos Poços 3 e 5 e particularmente na passagem sob o fim da parede diafragma,
deslocamentos expressivos foram observados em toda a instrumentação interna e externa. No dia 13
de maio ocorreu uma instabilização localizada do maciço na região norte do poço 5, ao mesmo que
tempo em que foi observada movimentação brusca do maciço descrita anteriormente (Figura 8).
Próximo a este ponto, na região de emboque do túnel de via no poço 5, um segmento do túnel já
executado pela tuneladora, encontrava-se danificado (Figura 9). Durante a desmontagem deste anel,
ocorre uma nova instabilização do maciço e perda de solo expressiva, indicando um maciço de
qualidade baixa nesta região.

4 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA ESTAÇÃO


Dada a necessidade de avaliação da segurança da escavação, compreensão dos fenômenos observados e
definição de novos níveis de referência para monitoramento da instrumentação, foi realizada uma
extensiva análise de todo o histórico de leituras dos instrumentos instalados no poço Estação Campo
Belo, período que abrange aproximadamente 2 anos. Na sequência realizaram-se modelos numéricos

Figura -9: Segmento danificado no


Figura -8: Aterro no Poço 5
Poço5
com o objetivo de retro analisar o comportamento observado e avaliar a segurança da escavação.

4.1 INSTRUMENTAÇÃO EXTERNA


Em agosto de 2014 iniciaram-se os trabalhos de escavação do Poço 2 da Estação Campo Belo. Antes da
escavação os marcos superficiais já apresentavam recalques de até 25mm e uma tendência acentuada
de movimentação. A Figura 10 apresenta um gráfico com todo o histórico de leituras dos 26 Marcos
Superficiais dispostos no entorno do Poço Estação Campo Belo (Eixo esq.) além da cota de escavação
dos 5 Poços (Eixo Dir.). A Figura 9 apresenta um esquema indicando a leitura dos marcos superficiais
em 30 de maio de 2016.
Após o fim da escavação do Poço 2, em novembro de 2014, alguns marcos já indicavam desaceleração,
com valores de até 50mm. Durante a escavação do Poço 4, no início de 2015, os recalques se acentuam
e atingem 80mm. Na sequência ocorreu um hiato de 9 meses sem escavações, aguardando a passagem
das tuneladoras, quando as movimentações no maciço prosseguiram e atingiram valor máximo de
100mm. As escavações foram retomadas em janeiro de 2016 para a escavação do Poço 1, período no
qual ocorreram poucas mudanças nas leituras. Foram então iniciadas as escavações dos Poços 3 e 5 em
março de 2016 e, aproximadamente, em 13 de maio de 2016 ocorreram simultaneamente
movimentação acentuada na maior parte dos marcos superficiais do poço, da ordem de 10mm. Este
evento levou a uma suspensão dos trabalhos de escavação. Após esta interrupção dos trabalhos, os
instrumentos apresentam uma tendência de estabilização.
As leituras indicaram sensibilidade dos recalques ao rebaixamento do lençol freático. A Figura 10
mostra que os recalques de valores mais expressivos se concentram na intersecção dos Poço 2 e 3, na
face Sul (especificamente o marco MS-20). Esta posição coincide com o piezômetro externo que indicou
maior rebaixamento (PZ-09), apresentado na Figura 11. Na Figura 11, está apresentada uma
comparação entre as leituras de dois piezômetros externos e de dois marcos superficiais mais próximos
a estes, indicando franca correlação dos recalques com o rebaixamento do lençol.

Figura 11: Recalque MS em


Figura -10 Marcos superficiais (Eixo esq.)
30/05/16

A escavação sob a extremidade inferior das lamelas causou deslocamentos no maciço muito superiores
àqueles da escavação na zona da parede diafragma e, principalmente nas regiões onde o maciço mais
permeável ficou exposto, ocorreu rebaixamento do lençol freático no exterior do poço, também
induzindo recalques. Esses fenômenos estão esquematizados na Figura 9 e podem ser observados na
Figura 12, quando o PZ 09 apresenta queda brusca ao fim da escavação do poço 2.
Figura – 12 Gráfico comparativo, indicando a leitura dos piezômetros, no eixo
esquerdo, e a leitura dos marcos superficiais mais próximos a este, no eixo direito

Na Figura 13 é apresentado um gráfico que relaciona os recalques medidos no entorno do Poço 4 com a
sua profundidade de escavação. No gráfico é possível observar a diferença de comportamento na zona
escavada com lamela e na zona escavada com concreto projetado.

Figura 13- Marcos superficiais próximos ao poço 4, no eixo vertical, e a profundidade da


escavação, no eixo horizontal

Outro fato relevante é a escavação simultânea dos Poços 3 e 5. A escavação simultânea resultou em
perturbação devido aos dois poços, sendo, historicamente, a primeira vez que essa sequencia
construtiva foi adotada. Deve ser levado em consideração ainda que na escavação dos Poços 3 e 5 o
maciço já estava carregado e plastificado pelas escavações dos Poços 1, 2 e 4. Ademais, essa
perturbação de tensões deveria ser absorvida por um maciço de pior qualidade relativa ao restante do
poço (maior espessura de solo residual), em especial no Poço 5.
Portanto, concluiu-se que a instrumentação externa apresentou leituras condizentes com o
comportamento esperado da escavação como foi realizada. Por outro lado, este fato não implicaria que
a obra estivesse em situação segura.

4.2 INSTRUMENTAÇÃO INTERNA


Foram instalados inclinômetros, marcos reflexivos e barras extensoras na estrutura do Poço Estação
Campo Belo. Devido à sequência executiva, na qual a parede diafragma é executada previamente a
escavação, os marcos não possibilitam a leitura de todo o histórico dos deslocamentos da estrutura. As
barras extensoras por sua vez, realizaram leituras apenas na direção vertical e com valores pouco
expressivos. Por estas razões esta análise se ateve principalmente aos resultados dos inclinômetros.
Assim como os marcos superficiais, os inclinômetros já apresentavam deslocamentos antes do ínicio
dos trabalhos de escavação, em agosto de 2014. Ao final da escavação do Poço 2, é possível observar um
comportamento de convergência nos instrumentos instalados nesta região. Esta convergência ocorreu
com maior intensidade sob as lamelas, onde o maciço ficou exposto durante as escavações, com leituras
que chegaram a até 20mm. (Figura 14a).
A escavação do Poço 4 provocou comportamento similar àquela do Poço 2, porém com maior
intensidade. Ao fim desta etapa (Figura 14b), alguns inclinômetros apresentaram deslocamentos
superiores a 40mm.
De março de 2015 a janeiro de 2016, período sem escavações de poços, a estrutura seguiu se
deslocando devido a acomodações de tensões no maciço. A magnitude dos deslocamentos é, em alguns
casos, o dobro da anterior. (Figura 14c).
Em 2016, as escavações dos Poços 1, 3 e 5 ocasionaram deslocamentos dentro do esperado, sendo mais
intensos nos Poços 3 e 5. Tendo em vista que no Poço 4 o revestimento secundário já havia sido
executado, os deslocamentos neste poço foram expressivos.
De forma geral, os Poços 3, 4 e 5 foram mais solicitados e apresentaram deslocamentos superiores a 70
mm nas paredes diafragmas. Trata-se de um comportamento congruente com o modelo geológico que
previu maciço de qualidade inferior nesta região.

Figura 14 Legenda- deslocamento em mm

Figura 14a: Fim da Escavação Poço 2 Figura 14b: Fim da Escavação Poço 4
14/11/2014 11/03/2015
Figura 14c: Início da escavação Poço 1
Figura 14d: Situação em 30/05/2015
28/01/2016

Nos gráficos da Figura 15 (a e b) pode-se ver a acentuada movimentação da estrutura do Poço 2


durante a sua escavação, primeiro o topo e na sequência a parte mais profunda. Ao final, há uma rápida
estabilização. Percebe-se um pouco o efeito da passagem da tuneladora e muito pouco da escavação do
poço 1. No entanto, há deslocamentos importantes ocasionados com as escavações dos Poços 3 e 5, com
acréscimos de até 15mm.

Figura 15a - Evolução dos deslocamentos


Figura15b: Histórico de leituras de alguns pontos, apresentados
no inclinômetro 17 (Poço 2) – Leituras
junto com a sequência de escavação dos poços
completas em datas-chave

4.3 ANÁLISE NUMÉRICA


A análise numérica foi realizada em duas etapas:
 Etapa 1: Análise bidimensional axissimétrica com o programa FLAC2D;
 Etapa 2: Análise tridimensional com o programa FLAC3D.
A análise com o programa FLAC2D teve como objetivo principal calibrar os parâmetros geológico-
geotécnicos de cálculo de maneira a reproduzir o comportamento indicado pela instrumentação. Os
parâmetros retroanalisados pelo FLAC2D foram utilizados como dados de entrada para a análise no
programa FLAC3D, onde é possível simular a sequência executiva em três dimensões, contemplando a
geologia assimétrica e o faseamento construtivo dos poços.
A análise realizada com o programa FLAC3D teve como objetivos principais: estimar as deformações do
maciço ao redor do poço, avaliar a estabilidade local e global do maciço circundante e estimar os
esforços atuantes na estrutura.
Os parâmetros geotécnicos alcançados através da calibração da análise bidimensional foram os
descritos na Tabela 1, o módulo de deformabilidade da parede diafragma e do revestimento em
concreto projetado utilizado foi de 10 GPa. Os deslocamentos foram calibrados frente àqueles lidos no
inclinômetro 4, no poço 2, durante a escavação deste mesmo. Desta maneira, foi possível calibrar os
parâmetros de resistência e deformabilidade do maciço frente a uma escavação axissimétrica, e em
seguida impô-los no modelo tridimensional do poço completo.
O modelo tridimensional foi realizado simulando todas as etapas executivas do Poço Estação Campo
Belo, incluindo a passagem das tuneladoras. Além disso, a estrutura do poço foi modelada de acordo
com as-built, considerando-se a mudança de revestimento e sequência executiva em todas as lamelas.
O modelo se comportou de maneira compatível com o observado em campo, com um maciço
excessivamente plastificado (Figura 17 e 18), com maior intensidade próximo aos poços 3,4 e 5. Como
verificado na análise bidimensional axissimétrica, a escavação logo abaixo das lamelas ocasionou
maiores deslocamentos, e nas regiões onde o solo residual ficou exposto a ocorrência de instabilidades
locais.

Tabela 1: Parâmetros de resistência e deformabilidade retroanalisados

Espessura E v c' ϕ' γ k0


(m) (Mpa) (-) (kPa) (°) (kN/m³) (-)
3Ag2 5m 10 0.3 40 22 1.8 0.8
5Sr1 6m 50 0.3 10 26 1.8 1
5Sr2 9m 150 0.3 15 28 1 1
5Sp 5m 450 0.3 30 32 2 1
5R-1 15m 900 0.3 500 40 2.6 1
5R-2 60m 10000 0.3 500 40 2.6 1

Figura 16: Inclinômetro 4 versus Análise numérica


O efeito global da estrutura se assemelha ao comportamento de uma vala, e portanto, há grande
ovalização dos poços que compõe o Poço Estação Campo Belo, conforme observado nas figuras 19 e 20.

Figura 17: Deslocamento horizontal no Poço 2 Figura 18: Deslocamento horizontal no Poço 3

Figura 19 Deslocamento horizontal no Poço 2 Figura 20: Deslocamento horizontal no Poço 3

Assim como os deslocamentos, o revestimento foi mais solicitado nos poços 3, 4 e 5, sendo que o
revestimento secundário é solicitado especialmente nas vigas de travamento e na região dos emboques,
devido à abertura dos túneis, ocorre um acumulo de tensões circunferenciais no revestimento.
As Figuras 21, 22 e 23 mostram respectivamente as tensões horizontais nas lamelas após a escavacação
de todos os poços, as tensões horizontais no revestimento secundário dos poços 2 e 4, e os
deslocamentos dos túneis de via no emboque do poço 5.
Figura 211: Tensões Figura 22: Tensões horizontais Figura 23: Deslocamento dos
horizontais nas lamelas após no revestimento secundário dos túneis no emboque do Poço5
escavação de todos os poços poços 2 e 4

5 MEDIDAS ADOTADAS E SEQUÊNCIA DA ESCAVAÇÃO

Embora as três etapas dos estudos desenvolvidos: (1) Análise dos dados de instrumentação; (2) Análise
numérica bidimensional com o programa FLAC2D e (3) Análise numérica tridimensional com o
programa FLAC3D, tenham indicado que os comportamentos observados na escavação dos poços da
Estação Campo Belo estivessem dentro do esperado, dentre os quais se destacam:
• Aumento das deformações quando a escavação atingiu a base das lamelas;
• Comportamento mais crítico na zona de intersecção dos Poços 2 e 3;
• Comportamento mais crítico nos Poços 3, 4 e 5, quando comparados aso Poços 1 e 2.

Considera-se que a velocidade e a magnitude dos deslocamentos geraram preocupação, de maneira que
uma série de medidas são recomendadas para garantia da segurança das etapas finais de escavação.
Dentre as medidas, se destacam:
1. Execução da totalidade dos pilares, até a laje de fundo, na zona de intersecção de todos os poços;
2. Execução de injeções verticais nas proximidades do extradorso do Poço 5 (lado Norte);
3. Execução de enfilagens subverticais por dentro do poço nas proximidades da Lamela 3 (lamela
mais crítica);
4. Execução de reforço estrutural na base das lamelas em todo o contorno do Poço 5.

6 CONCLUSÃO
No presente trabalho foram apresentados os estudos desenvolvidos, e seus resultados, no contexto de
deslocamentos inesperados na escavação Estação Campo Belo. Estes estudos foram capazes de
demonstrar que o comportamento observado ocorreu de acordo com o método executivo empregado
na escavação, havendo um agravamento devido a pior qualidade do maciço na região dos poços 3, 4 e 5.
Medidas adicionais foram tomadas a fim de aprimorar a qualidade do maciço e garantir a estabilidade
estrutural na região do Poço 5. Além disso, um novo plano de escavação permitiu que a escavação fosse
retomada com monitoramento e segurança reforçadas.
A análise da instrumentação esclareceu que os recalques superficiais de até 120 mm observados nos
marcos superficiais estiveram majoritariamente associados ao rebaixamento do lençol freático no
exterior da escavação, possivelmente devido à perda de estanqueidade do pré revestimento em parede
diafragma.
A aceleração dos recalques quando da escavação sob as lamelas ocorreu provavelmente devido a
mudança brusca de um método de escavação pré revestido, com um revestimento de 1,00m de
espessura, para um método em face aberta, com um revestimento de 0,20 m de espessura. Esse
fenômeno explica a movimentação brusca do maciço, condição não prevista pelo projeto, que culminou
na paralização dos trabalhos de escavação.
Os deslocamentos na estrutura superiores à 70 mm se deveram principalmente à ovalização dos poços,
aproximando o comportamento global dos poços conjugado ao de uma vala a céu aberto. Neste caso, a
magnitude destes deslocamentos apontou para a adoção de um reforço estrutural no Poço 5, a fim de
garantir a estabilidade do anel de lamelas. Assim como nos recalques superficiais, os deslocamentos
foram mais expressivos acerca dos poços 3,4 e 5, onde presume-se um maciço de pior qualidade.
As análises numéricas desenvolvidas que contemplaram a estrutura conforme “as-built”, a geologia
assimétrica e a sequência executiva. Estas análises numéricas foram capazes de reproduzir os
deslocamentos observados em campo e aclarar novas informações sobre o comportamento e
estabilidade do maciço e da estrutura. Observou-se que o maciço apresentou plastificação excessiva e
com indicações do surgimento de instabilidades locais durante a escavação logo abaixo das lamelas.
A análise tridimensional foi capaz também de apresentar o efeito de carregamento sobre os túneis
escavados pelas tuneladoras que possivelmente foram responsáveis pelas trincas e fissuras
desenvolvidas próximas ao poço.
Através do estudo desenvolvido e das medidas adicionais adotadas, permitiu-se retomada das
escavações com a segurança apropriada e a definição de níveis de referência de recalque e
convergência até a escavação final da Estação Campo Belo.

7 AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de expressar seus agradecimentos a Companhia do Metropolitano de São Paulo.

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