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DE DALTON TREVESAM
RESUMO
INTRODUÇÃO
Graduando no curso de Letras Português pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI e bolsista no Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID.
E-mail: galeno22@hotmail.com.
Doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Pernambuco UFPE e professora adjunta do curso
de Letras-Português da Universidade Estadual do Piauí-UESPI.
E-mail:suelopes152@hotmail.com.
que o leitor deixa de ser um simples destinatário passivo, uma vez que passa a atuar como um
leitor ativo, participando na elaboração dos sentidos de uma obra literária.
A estética da recepção considera o texto literário como um sistema que define-se
através da relação entre autor, obra e leitor. Destacando que a leitura possui uma perspectiva
dupla com a dinâmica da obra suscitada pelas diversas interpretações que esta recebeu sócio
historicamente.
As seções deste artigo apesar de estarem demarcadas, contudo são todas conectadas,
uma vez que o objeto de estudo é dissecado na teoria fomentada. As partes são: “Fragmentação
da narrativa contemporânea”, que traz o sujeito fragmentado; “Análise da personagem Nelsinho
a luz da estética da recepção”, como o próprio título já anuncia se faz uma análise e por fim as
considerações finais.
Considerados como os fundadores da estética da recepção, Hans Robert Jauss (1921-
1997) e Wolfgang Iser (1926-2007) são os dois principais nomes desta área de estudo e que
também foram fundamentais nesta abordagem, visto que desenvolveram a dinâmica leitor ou
ouvinte como fator essencial à construção da obra literária.
A obra O vampiro de Curitiba de Dalton Trevisan é composta por quinze contos que
apesar de não estarem conectados linearmente, contudo possui como fio condutor a
personagem, Nelsinho, protagonista das histórias narradas. Dever-se-á este a unicidade que
poderá ser encontrada dentro da narrativa.
Segundo Miguel Sanches Neto considera a obra como um livro fragmentado haja vista
as aparições de Nelsinho não seguem uma ordem cronológica:
Estas várias aparições do vampiro não se dão em ordem cronológica, o que reforça a
condição fragmentada do volume. Numa leitura ingênua, tomaríamos isso como um
mero embaralhar aleatório dos episódios de uma vida. Mas, numa obra-prima (e este
é incontestavelmente o caso do livro em questão) nada é gratuito, mesmo que não
tenha sido fruto das intenções do autor. O caso também faz a obra, enchendo de
significados virtuais as entrelinhas. É este sítio que deve o crítico cavar. (SANCHES,
1996, p.3)
Nelsinho de Tal, menor, treze anos, estudante, na noite de vinte e três, conversando
debaixo da Ponte Preta com seu primo Silvio e dois rapazes, deparou três soldados e
um paisano atacando uma negrinha, a qual foi atirada ao chão, em seguida desfrutada
pelo civil e, por causa dos gritos, tinha um casaco na cabeça. Ele chegou-se meio
desconfiado. Depois do paisano, a vez dos três soldados e, afinal, a de Nelsinho,
seguido de Antônio. (TREVISAN, 2008, p.77).
Verifica-se que, em vez de ajudar a vítima contra tal brutalidade praticada, participa
da ação, pois diante da circunstancia para não ferir a sua virilidade comete à agressão sexual.
Ficando evidente que o estupro não lhe significou nada: “Nelsinho se confessa contrariando,
atribuindo sua atitude à pouca idade que tem, ações como a que praticou apenas servem para
estragar o futuro de um jovem” (TREVISAN, 2008, p.78).
Nelsinho não sentiu remorso algum com relação a violência cometida a vítima, mas
com o que poderia lhe prejudicar futuramente, diante disto nas palavras de Jauss “Uma obra
literária pode, [...] romper as expectativas de seus leitores e, ao mesmo tempo, coloca-los diante
de uma questão cuja a solução a moral sancionada pela religião ou pelo Estado ficou lhes
devendo”. (JAUUSS, 1994, p.56).
Desta forma evidencia-se que as obras contemporâneas rompe com a tradição e prima
pela liberdade, pois de acordo com Bosi (1995) não apresenta uma cronologia nos fatos
narrados, uma vez que, não existe linearidade, o espaço não é delineado, já que o ambiente é
mutante, e possui personagens fragmentados ou lacunosos.
Assim apesar da obra O Vampiro de Curitiba se situar em toda a extensão na cidade
de Curitiba, não possui relevância na descrição dos ambientes, o tempo é psicológico, possui
personagens que o leitor somente consegue compô-lo no decorrer da trama em colaboração com
o texto, podendo-se enfim, inferir atitudes físicas e comportamentais, como afirma Iser:
Cada perspectiva não apenas permite uma determinada visão do objeto intencionado,
como também possibilita a visão das outras. Essa visão resulta do fato de que as
perspectivas referidas no texto não são separadas entre si, muito menos se atualizam
paralelamente. (ISER, 1996, p. 179).
A estrutura do texto que se evidencia pela a leitura do mesmo, nos mostra várias
perspectiva que ao cruzá-las com a escrita faz surgir pontos de vistas diferentes, que devem ser
comprovados na obra de forma a contribuir para a condução das suas representações, conforme
a construção dos significados atribuídos.
A personagem Nelsinho nos é apresentada como um homem despreocupado com o
espírito somente valorizando os desejos mundanos em conquistar mulheres da forma mais
leviana possível. Assume várias facetas como médico: “Me conte. Os seus planos. Gostaria de
ser médico?” (TREVISAN, 2008, p.37); advogado “Advogado é padre, minha senhora”
(TREVISAN, 2008, p.82) todas estas assumidas para a conquista de mulheres o que
evidenciamos um ser traumatizado.
O trauma constitui-se por um distúrbio da memória a qual ocorre a partir das
experiências que transbordam da capacidade de percepção, como o Holocausto. Assim, afirma
Seligmann-Silva:
Ai, me dá vontade até de morrer. Veja só a boquinha dela como está pedindo beijo –
beijo de virgem é mordida de taturana. Você brita vinte e quatro horas e desmaia feliz.
É das que molham os lábios com a ponta da língua para ficar mais excitante. Por que
Deus fez tão boas as mulheres? Não é justo para um pecador como eu. (TREVISAN,
2008, p.9).
A poiesis é o prazer ante a obra que nós mesmo realizamos. [...] a arthesis designa o
prazer estético da percepção reconhecedora e do reconhecimento perceptivo, ou seja,
um conhecimento através da experiência e da percepção sensíveis [...] e a katharsis é
o prazer dos afetos provocados pelo discurso ou pela poesia, capaz de conduzir o
ouvinte e o telespectador tanto a transformação de suas convicções, quanto à liberação
de sua psique. (JAUSS, 2002, p. 100-101).
No plano da poiesis, houve o prazer de ler uma obra, O Vampiro de Curitiba, simples
mas ao mesmo tão prenhe de significados. A aisthesis possibilitou ampliar o horizonte de
expectativa, pois perceber uma unicidade em quinze contos que podem ser lidos separados,
ampliou a percepção de se analisar uma obra. E a katharsis que consistiu no impacto de se
analisar uma personagem fragmentada e doentia a qual busca a sua totalização através da
saciação dos seus desejos sexuais tal como nesta passagem:
Se não me querem, por que exibem as graças em vez de esconder? Hei de chupar a
carótida de uma por uma. Até lá enxugo os meus conhaques. Por causa de uma
cadelinha como essa que aí vai, rebolando-se inteira. Eu estava quieto no meu canto,
foi ela que começou. Ninguém diga que sou taradinho. (TREVISAN, 2002, p.10).
Nelsinho possui desejo, mas não por um tipo especifico de mulher com um arquétipo
de beleza escultural ou que tenha caráter, pode ser qualquer mulher, bastando ter uma vagina
para ser penetrada e que tenha algum atrativo para despertar a sua libido e que a mesma realize
todas as vontades sexuais, pois ele se intitula de “taradinho”.
Diante do explicitado pôde se evidenciar uma personagem incompleta de sentimentos
e leviana nas ações, uma vez que, não dá importância as agruras alheias. Importa-se somente
com as suas compulsões sexuais e que estas sejam realizadas. Sendo possíveis tais conjecturas
mediante a análise da personagem na recepção obtida pelo ato da leitura e comprovada pela
teoria da estética da recepção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ato de ler uma obra literária e lhe conferir um sopro de vida a um livro, pois desta
forma podemos construir novos sentidos enquanto leitor. A amplitude do ato de ler surge do
exercício de que quanto maior for o acervo literário, melhor será a compreensão do texto e na
interação com ele, desta forma a recepção transforma, na elaboração dos significados insurgidos
de uma análise literária.
O percurso explicativo iniciou-se através da s considerações sobre a o surgimento das
personagens fragmentadas que são o refletidas nas obras contemporâneas, as percepções de
Jauss acerca da estética da recepção percebida em uma obra literária e pôr fim a explanação da
personagem, Nelsinho, que possui uma personalidade fragmentada que vai sendo tecida a
medida que cada capitulo é finalizado por meio da leitura.
A guisa de conclusão consta-se que mesmo a obra, O Vampiro de Curitiba, tê-la sida
publicada pela primeira vez em 1964 continua atual, pois retrata uma personagem que apesar
de ser fictícia representa alegoricamente o sexo masculino contemporâneo, que está em busca
quase que de forma constante pelo sexo oposto ou sexo igual, para saciar seus desejos libertinos
mais íntimos.
REFERÊNCIAS
JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. Trad.
Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994.