Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
jusbrasil.com.br
20 de Janeiro de 2018
Inteiro Teor
TJ-PR_APL_12858972_781a6.rtf
DOWNLOAD
TJ-PR_APL_12858972_de8ff.pdf
DOWNLOAD
Fazendo um breve relato dos fatos informa ter sabido através de terceiros de
suposto delito (negociação de veículo apreendido pela polícia) cometido pelo
Ilustríssimo Delegado Chefe da Polícia Civil da cidade de Campo Mourão, Dr. José
Aparecido Jacovós, e assim compareceu a GAECO a fim de noticiar os fatos a fim
de que fosse investigado pela autoridade competente.
Enfatiza que devido a forma como foi conduzida a investigação o fato narrado pela
ré na GAECO seria fatalmente desfeito, ou seja, se existiu a venda do veículo, com
o primeiro ofício da GAECO
Argumenta que o tempo todo tinha certeza que o fato denunciado era verdade,
jamais imaginou que o fato fosse inverídico, tanto que procedeu a denúncia com
absoluta convicção do crime cometido pela autoridade policial. Destaca que nunca
iria até a GAECO denunciar algo que sabia que era mentira, não estando
configurado o dolo no caso em tela, restando claro que a denunciada
Apelação Crime nº 1.285.897-2
não praticou a denunciação caluniosa, não podendo ser acusada de tal crime.
É o relatório.
VOTO
Da denunciação caluniosa
Pois bem.
Da leitura dos autos verifica-se que a ré defende a tese de que soube através de
terceiros que o então Delegado de Polícia da Cidade de Campo Mourão estava
negociando um veículo Ecoesport
Apelação Crime nº 1.285.897-2
apreendido em uma operação de tráfico de drogas, e assim, dirigiu-se até a
RESUMO INTEIRO TEOR EMENTA PARA CITAÇÃO
Delegacia da Polícia Federal de Maringá em 25.03.2011 onde relatou os fatos
àquela autoridade, levando consigo uma cópia, obtida junto a um jornalista da
cidade, de vídeo da operação policial que culminou com a prisão de algumas
pessoas e a apreensão de veículos, entre eles o Ecoesport. Posteriormente, tal fato
foi transmitido pelo Delegado da Justiça Federal ao GAECO, que instaurou
procedimento a respeito, e entendendo não haver provas do fato acima narrado,
acabou por denunciar a apelante por denunciação caluniosa.
Por sua vez consta da denúncia que a motivação para a ré cometer o crime de
denunciação caluniosa foi decorrente do fato de que a mesma teria uma desavença
com o então Delegado da Cidade de Campo Mourão em razão deste estar lhe
pressionando para pagar propina para que fosse mantido o funcionamento de seus
dois estabelecimentos comerciais, e tendo em vista o não pagamento, esta passou a
ser perseguida e forçada a fechar tais estabelecimentos (boate e motel) e a sair da
cidade por aproximadamente um ano, sendo que quando de seu retorno as
pressões continuaram levando a ré a denunciar o Delegado da Cidade de Campo
Mourão.
apelante, de que a acusação feita à vítima era falsa, pelo contrário, da prova
carreada aos autos, em especial os depoimentos prestados pela mesma, restou
demonstrado que esta tinha convicção de que o Delegado praticaria o delito que ela
lhe imputou.
‘todos os depoimentos constantes nos autos dão conta de que a denúncia foi
motivada pelo provável sentimento de irresignação sofrido pela acusada após a
interdição de sua boate e, como meio de atingir de forma negativa o Delegado ante
o exercício de sua profissão, deslocou-se ao prédio da Polícia Federal desta cidade
e Comarca de Maringá e denunciou que a vítima estaria negociando veículos
apreendidos em operações policiais, no entanto, tal alegação não ficou comprovada
por nenhum meio de prova e o teor do interrogatório restou no sentido contrário a
todos aqueles colhidos sob O crivo do contraditório’ (fls.592).
Ora. Que a denúncia foi oferecida por sentimento de irresignação a própria
RESUMO INTEIRO TEOR EMENTA PARA CITAÇÃO
apelante confessou em seu interrogatório.
No entanto, o simples fato de não ter sido comprovado o fato denunciado não
induz necessariamente a conclusão de que a denúncia era de má-fé.
(o Ecoesport), só sei que não está lá" , quando perguntada o que o Delegado
estaria fazendo com o referido veículo.
Temos então até aqui que, a apelante simplesmente fez uma denúncia de uso
indevido de veículo pela autoridade policial.
Muito bem.
Ainda.
Pelo depoimento das testemunhas de acusação, referido veículo não teria saído do
barracão.
Apelação Crime nº 1.285.897-2
Assim é que embora as denúncias da apelante não tenham sido comprovadas, até
mesmo por uma possível falha nas investigações, tal fato por si só não demonstra
que tenha ela agido de má-fé, com a intenção de que fosse feita uma investigação
contra o Delegado de Campo Mourão pela prática de um crime que sabia não teria
ele cometido. Muito pelo contrário.
(...)
Portanto, diante da não demonstração nos autos de que a apelada tenha atribuído
falsamente crime a alguém, não há outro caminho a não ser decretar a absolvição
da mesma por esse delito.
(...)
Por outro lado como afirmou a apelante em seu interrogatório, a sua pretensão
quando se dirigiu à Delegacia da Polícia Federal é que fosse feita uma investigação
a respeito.
Portanto, não é possível que um simples pedido de investigação sobre fato
RESUMO INTEIRO TEOR EMENTA PARA CITAÇÃO
delituoso em tese que não seja comprovado sirva como base para o oferecimento'
de denúncia pela prática do crime de denunciação caluniosa.
Pelo que acima foi exposto, parece-nos que não existem nos autos provas
conclusivas de que a apelante tenha requerido uma investigação contra o Delegado
de Polícia por um crime que este não cometera e de que o sabia inocente.
Não estando presentes estas duas figuras - prática de crime - e de que o sabe
inocente -, não é possível a condenação da apelante.
Ante o exposto é o parecer deste Segundo Grupo Criminal no sentido de ser o apelo
conhecido e quanto ao mérito provido, para o fim de ser a ré MAURA SORIANO
absolvida.” (fls. 647/654)
Assim, verifica-se que não restou efetivamente comprovado nos autos a prévia
ciência da apelante sobre eventual falsidade de suas imputações à vítima, e o
simples estado de dúvida afasta a tipicidade do delito, pois ausente o elemento
subjetivo do tipo descrito no artigo 339 do Código penal, razão pela qual, impõe-se
a absolvição da ré.