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PROTESTANTISMO

Do livro O Outro Lado do Espiritualismo Moderno, de Ricardo Sasaki (Editora Vozes, pp 15-53)
Dentre as mais antigas manifestações dos desvios na espiritualidade do Ocidente e que, verdadeiramente, abriria o
caminho para um sem-número de movimentos neo-espiritualistas no futuro está o Protestantismo. De fato, é sob sua
inspiração que os movimentos ocultistas, "esotéricos" e espíritas tiraram grande parte de suas tendências, mesmo que, no
decorrer dos anos, estes movimentos e as seitas protestantes tenham se distanciado cada vez mais entre si e até se
combatam umas às outras. Porém, não devemos nos iludir, pois são como irmãos, filhos de uma mesma mãe. As
tendências que encontrarmos em um, encontraremos nos outros. Os erros e a incompreensão que encontrarmos nos outros,
encontraremos no primeiro.
Como todos os movimentos ocultistas e espíritas, o Protestantismo começou usurpando suas fontes de inspiração
de alguma tradição espiritual ortodoxa, ao mesmo tempo que negava sua origem. Esta é uma estratégia sutil, pois permite a
qualquer um clamar para si uma autoridade com base no texto que ensina. É isto que permite nos dias de hoje a qualquer
homem tomar um texto sagrado de alguma religião - no Ocidente o mais comum é a Bíblia - e se colocar como pastor ou
autoridade religiosa. Este já é um sinal claro de que atualmente a religião é considerada pela maioria dos homens como
mera questão de opinião pessoal. Da mesma forma que damos nossa opinião sobre uma torta de morango ou sobre o estilo
de roupas da moda, também falamos, discutimos e ensinamos sobre religião.
É assim que o Protestantismo usurpa a Bíblia Sagrada transmitida por séculos pela ortodoxia católica e oriental,
recusando, entretanto, esta mesma linhagem de transmissão. Colocando-se frontalmente contrário ao Catolicismo, o
Protestantismo negou sua própria fonte, através da qual deve seu livro e suas doutrinas. Não é exatamente este o caso dos
ocultistas e "esotéricos", que citam fontes e livros orientais e ocidentais ao mesmo tempo que negam seus veículos de
transmissão? É a livre interpretação dos textos sagrados transmitidos pelas linhagens espirituais e a negação destas
mesmas linhagens, a herança maior do Protestantismo para o mundo moderno.
Ao contrário de todas as tradições religiosas legítimas, as quais colocam a maior importância na Tradição Oral, os
protestantes recusam tal tradição, vendo na Bíblia escrita a única fonte dos ensinamentos de Jesus; o mesmo erro que o
Espiritismo irá cometer séculos mais tarde. De fato, o Protestantismo inaugura a rebelião ao sentido mais profundo das
escrituras veiculado pelas correntes de transmissão, e insere o individualismo no campo espiritual. Mais ainda, o
Protestantismo dessacraliza a religião, que passa a ser uma questão de opinião individual, e, portanto, humana.
Em todas as religiões, a tradição escrita sempre veio junto com a transmissão oral, condição essencial para o seu
correto entendimento. É o caso do Judaísmo, cuja Torah vem acompanhada do Talmud, do Midrash e da tradição de
comentários rabínicos; do Islam, cuja interpretação daqueles que pertencem à corrente (silsilat) é básica para o
entendimento do Corão; do Buddhismo, cujo Tipitaka vem acompanhado do ensinamento que passa de "coração para
coração" através da cadeia de mestres; ou do Hinduísmo, cujos Vedas vêm acompanhados dos Upanishads e comentados
pela tradição oral brahmânica.
O Protestantismo, negando o valor e a natureza fundamental da Tradição Oral, abriu o caminho para a livre
interpretação do texto sagrado. Esta é sua característica básica, e com isso iniciou a confusão e a baderna. Vejamos o
porquê.
Ao instalar a livre interpretação bíblica, isto é, a possibilidade de avaliar e interpretar o texto sagrado da forma
que bem se quiser, o Protestantismo deu lugar ao individualismo e ao humanismo - a visão do homem individual
desconectado do Cosmos e das esferas superiores; incentivou as fantasias e desejos do ego, o qual, a partir de então, pode
se utilizar até mesmo do texto sagrado para seus próprios proveitos e lucros através do desvirtuamento, intencional ou
inconsciente, das palavras reveladas (como é bem fácil notar em certos movimentos evangélicos); mais ainda, negando a
Tradição Oral vai contra a própria Bíblia, onde se diz: "...Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos
que de nós aprendestes, seja por palavras (isto é, a Tradição Oral) seja por carta (isto é, a Bíblia oscrita)" (Segunda
Epístola aos Tessalonicenses 2,15).
Ou quando dizem que todo o ensinamento de Jesus está na Bíblia escrita, parecem não ter lido o Evangelho de
João, que diz: "... Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo
inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever" (João 21,25).
É esta mesma livre interpretação que dá origem ao curioso fenômeno da proliferação indefinida de igrejas
protestantes. Cada pastor, tendo "sua" interpretação, funda a "sua" igreja, a qual difere de outras igrejas nas doutrinas e
opiniões a respeito do Cristo e seus ensinamentos. Que outra razão se poderia dar ao número indefinido de seitas
protestantes pelo mundo? Ora, o próprio fato de o pastor ter "sua" opinião e não "a" interpretação única e possível dos
fundamentos do texto sagrado, tal como transmitida a partir de Cristo, já é mostra suficiente de suas ilusões. Como diz o
Eclesiástico: "... Muitos se extraviaram com suas conjecturas; falsas concepções desviaram seus pensamentos" (Eclo
3,24).
Mas o Protestantismo não fica apenas por aí. Vai de encontro também a tudo o que caracterizava o Cristianismo
desde os Padres do Deserto até os Doutores Latinos. Renuncia ao uso das imagens dos santos, uma clara indicação de sua

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negação da linhagem espiritual. Ignora Maria, mãe de Jesus Cristo e objeto de veneração e meditação na tradição cristã,
desprezando a própria mãe daquele em quem acreditam. Ë cego ao papel simbólico das formas religiosas, perdendo uma
das mais ricas fontes de ensinamentos. Estas e outras "inovações" no campo religioso serão sobremaneira influentes aos
grupos de Nova Era que se seguirão.
O Protestantismo, enfim, utilizando-se do individualismo, vai manifestar as mais graves faltas e delírios do ser
humano nos seus fundadores e em suas doutrinas, como poderemos constatar claramente a seguir.
OS INÍCIOS DO PROTESTANTISMO
Para compreendermos o Protestantismo, devemos levar em consideração dois fatores que contribuíram em muito
para o seu surgimento:
a) Com o surgimento do Estado Moderno e o crescente fluxo das populações para as cidades, o nível de vida foi
sendo associado cada vez mais à condição material/financeira, e o povo começou a esperar que a religião, assim, pudesse
dar soluções para as suas necessidades materiais. Uma nova religião que prometesse tais soluções já estava sendo, desta
forma, inconscientemente esperada pelo povo.
b) O enfraquecimento da Igreja Católica desde o século XIV, com a quebra da Cristandade propriamente dita,
levou a uma crescente corrupção nos centros mais administrativos da religião, o que possibilitou que os próprios
representantes oficiais seguissem o mesmo rumo das crescentes tendências materialistas da época em direção ao luxo e
ostentação. Este enfraquecimento também ocasionou, em alguns lugares, uma deficiência de pessoas doutrinalmente
capazes de combater as heresias que logo começariam a surgir. Muitos, porém, foram aqueles que levantaram suas vozes
contra o absurdo luteranista, mas a receptividade do povo a soluções fáceis pouco a pouco fortaleceu o movimento
nascente.
Estes dois motivos fizeram com que Lutero concebesse uma nova maneira de encarar a religião, mais próxima dos
desejos simplistas da burguesia crescente, e daí sua doutrina sobre a fé ser suficiente em si mesma no caminho espiritual, à
revelia das obras. O enfraquecimento de certos setores da religião católica superficializou seu contato com a população, o
que, combinado com a própria descida do nível intelectual do povo, tornou-o incapaz de entender profundamente as
doutrinas, fazendo com que uma religião mais simplista e que apelasse aos sentimentos mais que à razão pudesse vir à tona
e crescer. Basta lembrar para isso que na Idade Média a Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino era um manual
universitário básico, enquanto pouquíssimos hoje seriam capazes de entendê-la; outro exemplo é o desuso do latim, uma
língua de excepcionais qualidades lógicas, sonoras e intelectuais, e que pouco a pouco se tornou incompreensível para a
população. O mesmo ocorreu, aliás, com várias outras línguas antigas, as quais se prestavam muito mais à poesia, ao
insight, ao raciocínio e à compreensão doutrinal, mas que tiveram de ser substituídas por línguas mais simples, as quais
serviam melhor ao cálculo e ao comércio de farinha e feijão, bem como melhor apropriadas para as fofocas e as conversas
fúteis que tantos se deleitam nos tempos modernos.
É oportuno lembrar aqui o que foi dito por Martin Lings a respeito do árabe clássico em uso nos tempos antigos, o
qual era incapaz de ser usado para conversas vãs, em contraposição aos dialetos coloquiais usados pelos povos da região:
"...A menor formalidade de ocasião exige de imediato um retorno à insuperável majestade e sonoridade do árabe
clássico, o qual é algumas vezes falado espontaneamente em uma conversação, quando alguém sente ter algo
realmente importante a dizer. De outro lado, aqueles poucos que se recusam a falar a linguagem coloquial
encontram-se frequentemente em um dilema: ou devem abster-se por completo de tornar parte em 'conversações
ordinárias' ou devem correr o risco de produzir um efeito incongruente, como moleques de rua mascarados em
roupas reais. A conversa vã, isto é, a rápida expressão de pensamentos não ponderados, deve ter sido
comparativamente desconhecida no passado distante, pois é algo que as línguas antigas não se permitem; e se os
homens falavam menos desembaraçadamente e tinham mais preocupação com a composição de seus pensamentos,
eles certamente tinham também mais preocupação em sua expressão" (LINGS, Martin. Ancient Beliefs and Modern
Superstitions. Unwin Paperbacks, Londres, 1980).
E assim surgiu Lutero, condenando os abusos da Igreja, algumas vezes condenações justas, mas ao mesmo tempo
modificando perigosamente a doutrina cristã em favor de simplificações mais ao gosto do povo. É claro que tal doutrina
teve uma recepção e crescimento inéditos até então.
LUTERANISMO
Nascido em Eisleben, na Saxônia, em 10 de novembro de 1483, filho de Hans Luder e Marguerite Ziegler, Martin
Luther ou, como é conhecido aqui, Lutero, aos 23 anos tomou os votos de pobreza, obediência e castidade na ordem dos
agostinianos, para somente alguns anos mais tarde violá-los e ficar rico, ir contra o Papa e casar-se, em 1525, com uma
freira chamada Katharina von Bora.
Seu caráter violento e impulsivo, que teremos oportunidade de ver adiante, parece ter herdado dos próprios pais.
Diz Lutero: "... Meu pai me corrigiu um dia tão fortemente que senti terror; e fugi até que me habituasse de novo a ele".
Em outra ocasião Lutero relata que sua mãe o havia batido tão fortemente que o sangue jorrava.

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Não eram naturais de Eisleben. Hans Luder mudou-se para lá após, ao que se diz, ter matado, em um acesso de
cólera, um empregado em sua terra natal. Não eram bem vistos na região. Sua mãe cantava para o pequeno Luther: "...
Pessoa alguma nos ama, nem a ti nem a mim; é nossa falta a nós dois" ("Mir und dir niemand hold; Das ist beider
schuld").
Sua inclinação para o vinho e diversões também parece ter sido aprendida em casa. Aos 16 anos Lutero vai para a
escola de Eisenach, onde a vida estudantil era inspirada no humanismo crescente da Alemanha. Lá desenvolveu as duas
paixões pregadas pelo humanismo: a paixão dos prazeres estéticos e a paixão pela glória. Enquanto cantava em uma igreja
conheceu Ursula Cotta, uma dama de origem italiana, a qual se torna a protetora de sua educação. Leva Lutero para dentro
de sua casa e o enche de presentes. Mais tarde, com melancolia, se lembraria dos versos que Ursula costumava cantar para
ele: "... Não há nada mais doce sobre a terra que o amor das mulheres quando se pode obtê-lo".
No mosteiro de Erfurt, onde entra aos 18 anos para estudar, aprendeu a escolástica, não a alta escolástica, mas a
escolástica decadente predominante na região, impregnada pelo Nominalismo de Guilherme de Occam. Este ensinava que
o homem não tem capacidade de conhecer os mistérios da fé, que sua razão é inútil no caminho espiritual - uma doutrina
contrária àquela da Igreja dos últimos 15 .séculos, que pregava a harmonia entre fé e razão - pois, apesar da razão não
conseguir revelar as verdades últimas, função do intelecto espiritual, ainda assim pode demonstrar várias verdades,
respeitando-se seus limites. Guilherme de Occam destituiu o homem de seu papel de conhecedor e pregou que todo o
caminho espiritual se resumia na fé ou, diríamos, na crença. Todo esforço intelectual de procura da verdade era inútil e
mesmo perigoso.
Tais doutrinas influenciariam sobremaneira a religião dos séculos seguintes. E hoje, até mesmo setores do
Catolicismo Romano, enfraquecidos em suas bases intelectuais e influenciados pelas idéias protestantes que antes eram
combatidas, também assumem, aqui e ali, a posição occamista combatida pelos doutores e santos da época.
Da má interpretação occamista, Lutero derivará a oposição direta existente entre a fé e a razão. Para ele, a razão
não pode conhecer as coisas da fé. Mais tarde e ao contrário do Occamismo, Lutero se revoltará contra toda a escolástica,
atacando-a ferozmente. Generalizou seu pouco estudo para toda a escolástica, a qual não conhecia. Passou a pregar que a
Bíblia era a única fonte de fé, sem a necessidade da tradição da exegese. Estava aberta a porta para a livre interpretação.
Dali em diante os pastores surgiriam, cada qual com sua Bíblia na mão, pregando sua fé, sua opinião!
Incapaz de reconhecer o valor do intelecto espiritual, Lutero passou a pregar a absoluta passividade da vontade
humana e o valor exclusivo da graça. A única coisa que restava à humanidade era esperar a graça divina. Interpretando mal
os escritos místicos, principalmente os de Santo Agostinho, conclui que a completa entrega do homem a Deus significa
necessariamente uma passividade absoluta da vontade humana. Disso derivou o ensinamento de que as boas obras eram
completamente ineficazes.
Incapaz de se dedicar às obras cristãs e colocar-se, ele próprio, como um exemplo a ser seguido, Lutero passa a
idolatrar cada vez mais a fé e a graça, colocando-as como as únicas responsáveis pela salvação – uma doutrina
francamente contrária ao verdadeiro Cristianismo, o qual diz que tanto a fé como as obras é que salvam. Quando Lutero
leu na Epístola de Tiago que: "Assim também a simples fé, se não tiver obras, será morta" (Tg 2,17), afirmou que tais
palavras não eram autênticas! Entretanto, no início de sua carreira espiritual, diz que meditava dia e noite (o que significa
que realizava uma ação, uma obra) quando, então, sentiu-se chamado por Deus. Vemos, assim, sua contradição, o que
levou o psicólogo Cari Jung a dizer que as tentativas de explicação de Lutero estavam sob o "encanto" de suas naturais
inclinações psicológicas tendenciosas.
É o mesmo quando interpreta a "noite da alma" do misticismo, onde o fiel sente a tristeza espiritual, como sendo a
tristeza pessoal que ele próprio sentia.
É assim que funciona a livre interpretação. Começa sempre com a ignorância e a má vontade. Como critica um de
seus biógrafos, Hartmann Grisar: Lutero erigiu "...as experiências pessoais do seu próprio modo de sofrimento como uma
norma geral para todos" (Martin Luther).
Interpretando mal São Paulo e os Santos da Igreja, Lutero inverteu a ideia da justiça divina como significando
uma ação curadora e de salvação, e a interpretou como vingança. Isto tornou possível canalizar todo o seu ódio, tornando-
se portador da palavra do Deus do ódio. O próprio Lutero afirmava que na sua infância: "... nos empalidecíamos ao ouvir o
nome de Jesus, o qual representávamos como um juiz terrível e irritado". Mais uma herança dos pais.
Gradativamente e baseado em suas experiências pessoais, elaborou os três dogmas fundamentais do Luteranismo:
1) a corrupção fundamental da natureza humana e a negação do livre-arbítrio; 2) a redenção do homem apenas através de
Cristo, sem a cooperação das boas obras; 3) a decadência da autoridade papal em favor da autoridade exclusiva das
Escrituras, interpretadas individualmente.
Lutero passou a ensinar que Deus justifica o homem somente pela fé. Tal doutrina, aparentemente sem
consequências, significava dizer que não só as obras mas todos os sacramentos, o sacrifício, o sacerdócio e a própria Igreja
eram inúteis! Afinal, se um homem tem fé significa que Deus o tem justificado e nada mais é necessário para sua salvação.
Abrindo a porta para o sentimentalismo ilimitado, Lutero acabou negando a própria Igreja na qual estava! E isso tornou

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insustentável sua posição dentro da ortodoxia. É esta a porta para os pastores evangélicos negarem a Igreja e fundarem as
suas igrejas pessoais.
Seguindo seu caráter rebelde e crendo que os sacramentos eram inúteis, Lutero os modifica, retirando quatro do
total de sete, e dando a eles o simples lugar de "sinal exterior". E negou a presença de Jesus na Eucaristia, uma das mais
importantes afirmações cristãs.
De caráter bastante irritadiço e colérico, Lutero enraivecia-se com facilidade, vendo em tudo a manifestação do
diabo. Talvez uma herança de sua mãe que, segundo ele mesmo, viveu durante muito tempo sob os encantamentos de uma
vizinha, um tipo de feiticeira. Aos seus inimigos e aos que não concordavam com ele, chamava de: "...jumento, cachorro,
porco endiabrado, turco, excremento", etc. Perfeita expressão da bondade cristã!
Como bem apontou Frei Dagoberto, a teoria de Lutero crê que: "... devido ao pecado original, a natureza
humana é essencialmente corrupta; o homem é necessariamente pecador em todos os atos... a justificação é operada
unicamente pela vontade de Deus; as boas obras, além de serem desnecessárias, são até inúteis e nocivas... a
justificação é só exterior. Coberto, aos olhos de Deus, com o manto dos méritos do Redentor, o homem continua,
real e intrinsecamente, pecador... Esta fé cobre todos os pecados.... O homem que crê é justo, ainda que cometa os
maiores pecados" (Compêndio de História da Igreja).
Tendo fé, o homem poderia fazer qualquer coisa; até... matar! O que de fato ele chegaria a aconselhar aos
príncipes que davam apoio à sua causa. Não é difícil perceber por que em breve Lutero tornar-se-ia rico e bem visto entre
os príncipes. Eis o conselho que lhes dá a respeito dos camponeses: "... Despedaçai-os, estrangulai-os, passai-os pela
espada, secreta ou publicamente, onde e como quer que seja, tal como se dá fim a um cachorro louco. Eis como pode um
soberano ganhar o céu derramando sangue, melhor do que dedicando-se à oração" (de seu opúsculo: Contra as
quadrilhas homicidas e ladronas dos camponeses, de 1525).
Mencionado por muitos psicólogos como tendo traços de psicopata, de Lutero foi dito: "... religiosamente, ser
um monge desejoso de ser salvo, mas incapaz de atingir a salvação; psicologicamente, deprimido agudamente e
desejoso de se tornar livre de todo este peso... fisicamente, cheio de insônia e querendo dormir, mas não podia,
cronicamente constipado e querendo se aliviar, mas nem mesmo isso conseguia" (A History of Christianity de
Kenneth Latourottc). Por tais coisas, Lutero se comparava a Cristo, padecendo de tantos sofrimentos! E, assim, formulou a
ideia do Deus odioso, pronto para eliminar os pecadores da face da terra.
Segundo suas experiências pessoais, Lutero pouco a pouco vai formulando sua doutrina baseada naquilo em que
acha correto. Quando encontrava na Bíblia algo que discordasse de suas opiniões, retirava tais trechos. Assim formou-se a
Bíblia Protestante, a qual ele traduziu para o alemão e que ainda hoje é a base de todas as seitas protestantes. Da Bíblia
original, retira sete livros, ficando com apenas 66 dos 73 livros da Bíblia original.
Cada vez mais isolado e já em plena loucura, Lutero publica em 1520 o Contra a Bula do Anticristo, referindo-se
a uma bula do Papa, a qual pedia a Lutero que se retratasse de seus erros doutrinais e morais. Chamava o Papa de
Anticristo e algumas outras palavras pouco aconselháveis para um sacerdote. Mas a bula papal nada tinha de acusatório a
Lutero em si, somente aos seus erros doutrinais. Leão X dizia: "... Imitando a divina misericórdia, que não deseja a
morte do pecador, mas que ele se converta e que viva, nós resolvemos, sem nos lembrar de todas as injúrias
lançadas contra nós, de usar a maior indulgência e de fazer tudo que dependa de nós para obrigar o Irmão Martin
pela via da mansidão a voltar-se para si mesmo e renunciar a seus erros" (Exsurge, 15 de junho de 1520).
Já em 14 de janeiro de 1518 Lutero tinha declarado: "...que desprezava a excomunhão, que começaria uma
guerra aberta, que não tinha medo de ninguém; pois o que seus adversários atacavam, dizia ele, era o que o próprio Deus
afirmava" (De Wette. Luthers Brief). No final deste ano já estava possesso pela disputa e pelas honras da glória. "...
Estamos apenas no começo da luta: guerra aos potentados de Roma! Eu não sei verdadeiramente de onde vêm minhas
ideias. Minha pluma tentará mais coisas que jamais" (De Wette, op. cit.).
Em 10 de dezembro de 1520 reuniu os livros que criticavam doutrinas suas, colocou fogo e gritou: "... Por teres
conturbado o Santo do Senhor (o próprio Lutero) conturbe-te o fogo eterno". Não havendo outra solução, a sentença de
excomunhão é lavrada pelo Vaticano em 1521. Mas Lutero, entrementes, não está parado. Publica o Passional Christi
etAntichristi ou Antithesis figurata vitae Christi et Antichristi, contendo fortes acusações ao Papa e à Igreja. A obra vem
acompanhada das ilustrações feitas por Cranach com caricaturas indecorosas e sarcásticas sugeridas por Lutero. O mesmo
Lucas Cranach pintava Lutero com a cabeça envolta em uma auréola que reluzia entre todo o povo. Era o Santo do Senhor.
Esta é considerada a obra onde Lutero desceu o mais baixo em termos de moralidade e decência.
O filólogo Filipe Melanchton (1497-1560), com somente 23 anos, une-se a Lutero, e, sistematizando os princípios
teológicos da doutrina do ódio pregada por seu mestre, publica com este o Loci Communes. Ainda em 1521 os partidários
protestantes, agora excomungados, abolem a missa privada e passam a distribuir a comunhão sob duas espécies, sem jejum
e sem confissão. Na missa, a consagração, que ocupava o lugar central no rito tradicional, foi substituída pela pregação. ()
povo, amante das polémicas, fluía para as igrejas dominadas pelo cisma protestante para ouvir os ataques contra a Igreja.
Lutero e seus admiradores falavam contra os bispos, contra os votos religiosos e contra toda a vida católica. Muitos se
juntaram a ele, desejosos da revolução política e religiosa.

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Enquanto os turcos invadiam a Hungria e se aproximavam da Alemanha, Lutero pregava que valia mais aos olhos
de Deus combater o Papa do que os turcos. Em 1524 e 1525, o povo insatisfeito se une em uma revolução gigantesca. Na
Guerra dos Camponeses, como ficou chamada, inspirando-se nas pregações luteranas, os camponeses passaram a lutar não
só por melhores condições de vida - que eram péssimas na época - mas também pelo direito de elegerem e deporem seus
próprios párocos. A guerra passa a ser também contra a Igreja.
Mais de 1000 castelos e mosteiros foram saqueados, destruídos e queimados. Sentindo-se ameaçados, os príncipes
e lordes que davam sustento ao movimento de Lutero pediram sua opinião sobre o que fazer. Lutero volta-se então contra
o povo e declara sua forma odiosa do alcançar o céu, que mencionamos acima no documento Contra as quadrilhas
homicidas e ladronas dos camponeses. No mesmo documento, diz: "...Prendam, batam, degolem: se cairdes, serás um
mártir".
Os filósofos humanistas que apoiavam Lutero o abandonam, assim como também o povo. Os humanistas estão
chocados com a violência e com os dogmas contra o livre-arbítrio. Filipe Melanchton se revolta contra ele e acaba criando
o criptocalvinismo. Lutero vai em busca do apoio dos príncipes e magistrados. Sua proposta de igreja invisível tinha se
transformado em movimento popular, e agora mais uma transformação: igreja territorial aliada aos poderosos. O príncipe
passava a ser o novo pontífice e soberano!
No mesmo ano de 1525, Lutero quebra seu voto de castidade casando-se com Katharina von Bora, uma religiosa
de 26 anos do Convento de Nimptschen. As chacotas e as canções cômicas se alastraram por toda a região. O próprio
Lutero chegou a dizer: "...Por este casamento tornei-me tão vil e desprezível, que todos os anjos se rirão e todos os diabos
chorarão" (Kraus. Histoire de l'Eglise). Extremamente dominadora, Katharina consegue domar aquele que lutou contra a
Igreja e os cristãos. Em várias de suas cartas ele terminava dizendo: "Dominus meus, imperatrix mea, Ketha, te salutat"
("Katharina, minha mestra, minha imperatriz, te saúdo"). E para fugir de suas tagarelices, trancava-se em seu gabinete
com o pão, o queijo e a cerveja...
Lutero passa então a ser perseguido pelo rei católico Carlos V, mas ele e seus seguidores protestam pelos seus
direitos (de perpetuação do erro e da heresia) através da Dieta de Spira de 1529, sendo a partir daí conhecidos como
Protestantes. Depois de muitas lutas e pressionado politicamente, Carlos V acaba por aceitar esta nova religião, através da
Paz de Augsburg, um documento que admitia oficialmente a heresia.
Freqüentemente, Lutero se arrependia do que estava fazendo. Certa vez disse: "... Destruí o antigo equilíbrio da
Igreja, tão tranquilo, tão calmo sob o papado" (Sammtliche Werke, XLVI, de sua autoria). Perguntava-se como ele, um
simples monge, tinha ousado desafiar o Papa, a Igreja e a Tradição. Nem mesmo estava seguro do que pregava. Mas no
momento seguinte imputava tais pensamentos ao diabo, e sua cólera à Igreja voltava: "... Malditos, danados sejam os
papistas... Injuriemos o Papa! Injuriemos sempre, mas sobretudo quando o demônio nos vem atacar".
Em 1540, por razões políticas, Lutero consente com a bigamia de Filipe da Hássia, um de seus protetores, apesar
das leis vigentes que mandavam que a bigamia fosse punida com a morte. Muitos se revoltam contra Lutero, o qual havia
aconselhado o rei a manter segredo sobre este seu consentimento.
O fim da vida de Lutero foi dedicado à campanha violenta contra os judeus. Um ano antes de morrer publica
outro documento contra a Igreja, o Contra o Papado de Roma fundado pelo Diabo (1545), outra vez cheio de caricaturas.
Tão odiosa e baixa foi esta declaração que muitos de seus contemporâneos imaginaram que havia enlouquecido ou sido
tomado pelo demônio.
Em julho de 1545 exprime o desejo de fugir da vida em sociedade e tornar-se um mendicante. Sua última
pregação em 14 de fevereiro de 1546 foi dedicada à oposição aos judeus. Morreu quatro dias depois.
Como afirmou o historiador Fernand Mourret: "...Este pretenso reformador, este verdadeiro revolucionário
deixou por todos os lugares, nas instituições como nas almas, a confusão e a desunião. Um tal resultado não se deve
somente à violência de seu caráter e às faltas de seus discípulos. Deve-se também a um vício profundo em sua
doutrina. Primeiramente, Lutero queria, para se libertar de toda autoridade, não reconhecer outro critério da
verdade senão a interpretação individual da Escritura, mas depois, apavorado pela anarquia de sua obra, desejou
lhe impor dogmas fundamentais. [Até] historiadores protestantes, tais como Adolphe Harnack, reconheceram a
existência deste dualismo dissolvente na doutrina de Lutero" (La Renaissance et Ia Reforme). E Auguste Sabatier,
outro teólogo protestante, confessa: "... O protestantismo sofre de uma antinomia interna, que deriva de seu princípio
mesmo... se não há confissão de fé, o que se é então? Que sociedade se forma? Por que existe?" (cf. Harnack. Précis de
l'Histoire dês Dogmes).
Foi este extremismo e contradição de Lutero que criou o cisma na Igreja e separou o Protestantismo do
Cristianismo. Em um de seus discursos Lutero disse: "... Por que não havemos de agredir com as armas estes mestres da
perdição, estes cardeais, estes papas?" Este ódio e violência o Protestantismo herdará e disseminará pelos muitos cantos
do mundo, algumas vezes disfarçadamente através da manipulação religiosa, social e política ou por meio da falsa
propaganda, outras vezes violentamente, como o fez seu mestre maior.
A ação de Lutero irá influenciar um sem-número de outros, dando lugar à proliferação das seitas e grupos
evangélicos. É o início da divisão do Reino, que deixa de ser de Cristo para ser de cada pastor.
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IGREJA ANGLICANA
Após a morte de Lutero a reforma protestante se divide em dois grupos dissidentes: o sincretismo dogmático e o
pietismo individualista.
O primeiro tentava agrupar os crentes em torno de um conjunto estabelecido de crenças. Tomou as ideias de
Lutero como dogma definitivo, e em 1555, através da Paix religieuse d'Augsburg, confere a cada príncipe o título de jus
reformandi, com o direito de estabelecer a religião de seus súditos.
O pietismo individualista, por sua vez, propunha que cada um deveria praticar a religião segundo sua própria
consciência individual. O primeiro movimento que surgiu daí foi a seita dos Anabatistas, os quais condenavam o batismo
para as crianças.
Quando Lutero ainda estava vivo, Henrique VIII, rei da Inglaterra, escreveu dois livros criticando Lutero e foi
elogiado pelo Papa Leão X, o qual até lhe deu o título de Defensor da Fé, o mais forte adversário de Lutero. Lutava
bravamente contra tais doutrinas, o que fortalecia também sua posição política, pois era casado com Catarina de Aragão do
reino espanhol aliado a Roma.
Henrique VIII desejava ardentemente, no entanto, o trono da França e oferece a mão de sua filha, a jovem
princesa Maria, ao imperador Carlos V. Com um tal casamento, Henrique VIII esperava a ajuda do imperador na conquista
do trono francês. Mas Carlos V recusa sua oferta, o que provoca a ira do rei inglês. Começa o plano da vingança.
Entrementes, apaixona-se por uma irlandesa de nome Anne Boleyn (Ana Bolena), antiga dama de honra da princesa
Marguerite de Navarre e dama de honra de sua esposa na época.
Confiando demasiadamente em sua posição junto ao Papa, inflamado pela luxúria e querendo vingança a Carlos
V pela perda do trono da França, Henrique VIII pede ao Papa que anule seu casamento com Catarina de Aragão, com
quem tinha cinco filhos, para se casar, em 1533, com Ana Bolena, por quem estava apaixonado. Catarina de Aragão era tia
de Carlos V, uma forma perfeita de vingança que completava a ruptura diplomática com a ruptura matrimonial.
Mas o Papa nega a anulação do casamento e Henrique VIII, cego de ódio, se une aos protestantes, os quais
cresciam na Alemanha e podiam se tornar bons aliados políticos, fundando a Igreja da Inglaterra ou Anglicana, em 1534, e
separando-se oficialmente do Catolicismo através do Ato de Supremacia Régia. Vemos, assim, as razões puramente
políticas para a sua formação. Nascida na Inglaterra, como seu nome mesmo o diz, é a única Igreja fundada por um rei!
Mais tarde, o rei se casaria novamente, agora com Anne Seymour, mãe do futuro Eduardo VI, depois de Ana
Bolena ter sido, em 1536, executada sob a acusação de adultério. Henrique VIII se casaria ainda mais três vezes, com Jane
de Cléveris, da qual se separa alguns dias após o casamento; com Katharine Howard, também executada por decapitação; e
por fim com Katharine Parr, que salvou-se de ser queimada pelo fato do rei ter morrido pouco antes.
Henrique VIII perseguiu ferozmente os católicos da Inglaterra, torturando e matando aqueles que se recusavam a
assistir à missa anglicana. Ainda hoje vemos os frutos violentos e as mágoas recíprocas ocasionados por esta divisão em
países como a Irlanda e a Inglaterra. Em seu rol de assassinados estão 2 rainhas, 2 cardeais, 2 arcebispos, 18 bispos, 13
abades, 500 religiosos, 18 doutores de Teologia, 12 duques e condes, 164 nobres e mais algumas centenas de cidadãos.
Centenas de mosteiros foram destruídos e seus bens saqueados e distribuídos para os nobres que eram aliados do rei. O
historiador Gasquet conta: ".. Desta operação sem par não se pode exagerar a importância. O rei não guarda nada
dos bens dos monastérios; ele os vende, dá às suas cortesãs; durante os últimos oito anos de sua vida ele aliena os
despojos de 420 abadias e conventos... toda a alta classe leiga está mais ou menos interessada na manutenção da
nova ordem das coisas pois recebem altas doações do [rei]" (Henri VIII et les Monastères Anglais). Henrique VIII era
chamado então de Papa da Inglaterra!
Após a morte do rei Henrique VIII em janeiro de 1547, seu filho é empossado e continua ainda mais ferozmente a
luta contra os católicos. Maria, sua irmã (filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão), é proibida de assistir à missa
romana cristã que fazia celebrar em sua capela. Seu capelão é encarcerado juntamente com seus ajudantes. A princesa
Maria, entretanto, replica que ela era: "... apenas uma humilde súdita do rei, mas que preferia colocar sua cabeça sob a
lâmina do que aceitar um outro ofício que não fosse aquele em uso na morte de seu pai". O rei cede e a missa passa a ser
realizada secretamente na capela particular de Maria.
Com a morte prematura de Eduardo VI, em julho de 1553, o conselho real tenta mudar as regras da sucessão para
impedir a subida de Maria ao trono e colocar a sobrinha de Henrique VIII, lady Jane Grey, a qual é proclamada rainha em
6 de julho de 1553. Mas o povo protesta e aclama Maria como a nova rainha da Inglaterra em 3 de agosto do mesmo ano.
O conselho real é obrigado a ceder.
Apesar de bem intencionada, a nova rainha começa a cometer vários erros políticos e muitos atentam contra seu
governo. Sob seu reino, a Inglaterra inicia uma aproximação com o Cristianismo Católico, mas seu tempo no poder foi
curto. Cinco anos após ser coroada, Maria morre e sua irmã Elisabeth, filha de Henrique VIII e Ana Bolena, é coroada
rainha. Imediatamente rompe as relações com a Santa Sé e se autoproclama "Governante Suprema do Poder Espiritual e
Temporal". Em fevereiro de 1559 promulga o "Ato para restituir à Coroa sua antiga jurisdição sobre o estado eclesiástico
e espiritual e para abolir todos os poderes estrangeiros em oposição à Coroa". Em dezembro do mesmo ano Matthieu

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Parker é sagrado arcebispo de Canterbury pelo bispo protestante Barlow em uma cerimônia feita sem o rito de
apresentação do cálice e várias outras modificações. A ordenação deste primeiro bispo anglicano é, assim, nula do ponto
de vista eclesiástico.
Elisabeth persegue seus inimigos ferozmente. As prisões se enchem de católicos. Estes acreditavam que Marie
Stuart, sobrinha de Henrique VIII e rainha da Escócia, é quem deveria ocupar o trono. Por ser casada com François II, rei
da França, Marie Stuart é acusada pela rainha Elisabeth de traição. O Papa pronuncia em fevereiro do 1570 a bula de
excomunhão e deposição de Elisabeth, o que aumenta seu furor. Os que se negavam a assistir o rito protestante eram
presos e mortos, os padres católicos foram destituídos de suas funções. Dar abrigo a um padre era assinar sua sentença de
morte. Marie Stuart é executada em 1587.
Os católicos não foram os únicos a serem perseguidos por Elisabeth. Também os protestantes Puritanos, que
defendiam as ideias de Calvino e Zwínglio, foram perseguidos. Porém, vendo que poderiam ser aliados preciosos contra
Marie Stuart na Escócia, Elisabeth dá seu apoio a John Knox, chefe dos presbiterianos escoceses.
Elisabeth morre em 24 de março de 1603 deixando a Igreja Anglicana bem estabelecida através de sua política de
perseguição e transformação da religião em um instrumento de poder do Estado. No Brasil, o Anglicanismo é conhecido
como Igreja Episcopal.
ZWINGLISMO E CALVINISMO
Ulrico Zwínglio nasceu em 1484 na Suíça e foi inicialmente um partidário das doutrinas de Lutero. Dotado de
grande eloqüência, conseguiu congregar muitos em torno de si, o que mais tarde o levou a combater o próprio Lutero. Ele
disse: "... Quando leio os seus escritos parece-me ver um animal imundo a grunhir num jardim perfumado de flores; tão
impuramente, tão pouco teologicamente, com tanta impropriedade fala Lutero de Deus e das coisas sagradas". Como se
pode notar, estes mestres do protestantismo têm formas incrivelmente amáveis de se referir aos seus companheiros de
"jornada espiritual". Haveremos de ter muitas outras oportunidades de constatar esta amabilidade.
Zwínglio levou as ideias luteranas muito mais longe que seu próprio autor. Sobre a Eucaristia, por exemplo,
insistiu na não-presença real de Cristo durante o ofício, coisa que mesmo Lutero hesitava em admitir. Em 1529 ambos
realizam a conferência de Marbourg sobre este ponto, mas saem ainda mais separados. Sua doutrina influenciou vários
propagadores das idéias protestantes.
Jean Calvin, ou, como é conhecido aqui, Calvino, nasceu em Noyon, na França, em 10 de julho de 1509 e logo
simpatizou-se com as idéias, de Martin Luther e Ulrico Zwínglio. Seu pai, Gérard Cauvin, foi procurador fiscal e escriba
em uma igreja na Suíça. Apesar disto, não concordava com as ideias cristãs e foi excomungado em 1531. O mesmo
aconteceu com seu filho Charles, o irmão mais velho de Jean.
Em 1523 Jean Calvin vai para Paris a fim de estudar. Mais tarde, mudaria seu sobrenome para Calvin. Vários
outros pseudônimos teria: Alcuinus, Lucanius e Chambardus foram alguns.
Após duas prisões, resolve se mudar para a Alemanha e depois para a Suíça, onde começa a pregar ideias ainda
mais radicais que Lutero. Influenciado pelas ideias da cidade comerciaria de Genebra, onde morava, Calvino propôs que o
trabalho deveria promover o bem-estar do homem na Terra, para desta forma merecer a salvação espiritual.
Isto era frontalmente contrário à ideia cristã de que o trabalho é uma forma de expressão sensível e material da
atividade divina, e daí ser uma espécie de imitação das ações da própria divindade. Por outro lado também, o trabalho,
sendo uma atividade limitada e condicionada pelo tempo e pelo espaço, jamais poderia assegurar a salvação espiritual, que
é um estado incondicionado por definição. Tais contradições lógicas entretanto pouco influenciariam na propagação das
ideias calvinistas no ambiente cada vez mais dessacralizado e industrializado da Europa do século XVI.
A ideia utilitária e produtiva do trabalho fez com que as ideias de Calvino penetrassem com grande facilidade,
principalmente nos grandes centros industriais da época, como os Países Baixos, Suíça, França e Escócia. A burguesia não
tardou a perceber que tais ideias, ou nova religião, serviria imensamente ao crescimento de seu próprio mercado, muito
mais do que as doutrinas católicas cristãs.
Já foi dito que Cristo curou o cego e fez andar o paralítico, mas não deu dinheiro aos pobres, pois a pobreza, ao
contrário da miséria, não é um estado de humilhação humana, mas, pelo contrário, um estado procurado mesmo pêlos
santos de todas as religiões. Calvino, por sua vez, justificou "religiosamente" o dinheiro, o trabalho produtivo e a aquisição
de lucros, como meio de salvação. Enquanto a usura era proibida durante a Cristandade Medieval, Calvino não a
condenava; pelo contrário, ele mesmo incentivava o lucro, considerando que acumular riquezas era uma prova de
santidade, desde que se tivesse fé. Tal doutrina, extremamente adequada aos ideais do capitalismo nascente, também
negava a importância das boas obras como exercício da alma do homem, além de negar por completo a autoridade do Papa
e da linhagem tradicional.
Acreditava ser um predestinado, e com frieza soube aproveitar a instável situação religiosa e política de Genebra
para pôr em prática suas ideias. Genebra havia se proclamado vila livre sob o protetorado nominal do império germânico.
Os chefes deste movimento de libertação eram chamados de "libertinos", e após a união com Berna e Friburgo tomaram o
nome de "confederados", em alemão eidgenossen, de onde vem a palavra "huguenote". Em agosto de 1535 Genebra aboliu
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o exercício da religião católica, mas ao mesmo tempo faltava-lhe um líder. Calvino observa pacientemente a vila se
afundar na anarquia até ser aclamado pelo povo como governante temporal e espiritual. Era a chance de mostrar seus dotes
ditatoriais e experimentar suas novas ideias no campo religioso.
Entre 1536 e 1538, Calvino governou Genebra com punho de aço, até ser expulso de lá. Mas volta ao poder em
1541, mandando queimar aqueles que eram contrários às suas ideias. Livros são proibidos de serem lidos, a dança e várias
artes são perseguidas. Uma mulher é queimada por entoar canções consideradas imorais. Torturas em praça pública
passam a ser comuns contra aqueles que ousavam criticar o ditador.
Calvino morre de asma e dispepsia em 27 de maio de 1564 deixando uma doutrina bem organizada politicamente
e que teria muitos seguidores no futuro.
O Calvinismo, atualmente, divide-se em dois grupos básicos: a igreja Presbiteriana e a igreja Congregacionalista.
IGREJA PRESBITERIANA
Fundado por John Knox, nascido em 1505 na Escócia, o Presbiterianismo prega o ensinamento singular de que
Cristo e a Igreja são duas entidades completamente separadas, e que Cristo não fundou nenhuma igreja. Tal afirmação é,
aliás, a de muitos participantes atuais dos movimentos da Nova Era, os quais apreciam Cristo, mas negam a Igreja.
Desnecessário dizer que o Cristo que apreciam é alguém inteiramente hipotético e fruto muito mais de sua imaginação do
que qualquer outra coisa.
Assim é também com as outras religiões tradicionais. Os adeptos da Nova Era praticam Yoga, mas repudiam o
Hinduísmo; apreciam o Buddha, mas desconhecem ou negam o Buddhismo; e assim seguem em sua apreciação do
imaginário criado em suas próprias mentes.
John Knox é primeiramente ordenado sacerdote católico (1530), mas, sendo exposto ao Luteranismo e ao
Calvinismo, torna-se anglicano. Recusando o celibato sacerdotal, casa-se com uma calvinista e faz uma codificação da
doutrina calvinista, chamada de Confissão da Fé. Tal confissão é adotada pelo Parlamento escocês em 1560, o qual negou
a autoridade do Papa e proibiu a celebração da missa na Escócia. Considerando que a missa é o sacramento central do
Cristianismo, bem se pode notar o alcance desta proibição.
John Knox lança em 1557 um panfleto intitulado Primeiro Toque de Trompete contra o Governo Satânico das
Mulheres, dirigido contra o governo da católica Marie Stuart, executada anos mais tarde pela rainha anglicana Elisabeth.
Chamava os católicos de "...congregação de Satan". Em 1559 Knox organiza uma revolução. Igrejas e conventos são
pilhados e a catedral de Saint-Andrew é destruída.
Os presbiterianos somente aceitam o batismo como sacramento e se dividem em várias igrejas.
IGREJA CONGREGACIONALISTA
Foi fundada por Robert Browne, um sacerdote anglicano nascido em 1550 na Inglaterra, o qual, ao entrar em
contato com as ideias de Lutero e Calvino, resolve fundar sua própria igreja. Pregou em diversos lugares, sendo preso
diversas vezes, mas conseguindo muitos fiéis. No fim de sua vida renunciou aos seus ensinamentos e voltou à Igreja
Anglicana.
John Greenwood e Henry Barrowe retomam suas ideias e em 1592 fundam uma igreja nos moldes de Browne. Os
congregacionalistas, mais tarde, vão para os Estados Unidos, onde se propagam significativamente. Como cita o Frei
Battistini: "...cada congregacionalista pode crer e praticar livremente o que desejar. O que importa é não aceitar nenhum
dogma, verdade codificada ou credo". Uma das lutas dos primeiros congregacionalistas foi pela autonomia total das igrejas
locais. Isto é particularmente importante para que cada pastor desenvolva a "sua" igreja do modo que lhe aprouver.
No Brasil estão reunidas na "União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil". Também já foram
chamados de Separatistas e de Brownistas.
IGREJA BATISTA
Mais um ex-sacerdote anglicano aparece aqui para fundar uma Igreja, a Batista. John Smith, não concordando
inteiramente com o Anglicanismo e, sendo perseguido, vai da Inglaterra para a Holanda, onde entra em contato com a seita
dos Anabatistas, o movimento fundado por Thomas Munzer.
O ensinamento deste último, influenciado por Lutero, era o de que os indivíduos batizados quando criança tinham
que se batizar outra vez, pois tal batismo não era válido. Daí serem também chamados de "Rebatizantes". O próprio Lutero
os chamava de "schwärmer", ou seja, fanáticos. Começando por recusar toda autoridade exterior em termos de religião, o
movimento anabatista logo se transformou em revolução, negando também toda autoridade temporal. Jean Mathys se
ergue como chefe do movimento na Holanda e Países Baixos e funda o "Reino de Sião", onde estabelece a poligamia e a
comunidade de bens. Tal reino tinha como missão conquistar o mundo e destronar todos os príncipes, com exceção de
Filipe da Hássia, o qual dava apoio ao movimento. Em 1535 a vila é ocupada e os anabatistas mortos. Mas o movimento
continuou a influenciar as mentes européias.

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John Smith, dissemos, foge para a Holanda e rebatiza-se a ele mesmo, mas incerto sobre tal validade é batizado
ainda outra vez. Os batistas só batizam os adultos, os quais, segundo eles, são os únicos capazes de pecar, mostrando,
assim, sua incompreensão da natureza real do batismo e da doutrina do pecado original, contrariando as palavras de Jesus
"... batizai todas as gentes", bem como a tradição de todos os santos da Igreja, os quais batizaram crianças. Ou talvez
eles não considerem uma criança como gente...
Os Batistas também excluem de suas práticas o culto de Maria e seu papel de co-redentora. Os Batistas são o
agrupamento protestante mais ferozmente inimigo do Catolicismo no Brasil. Cada Igreja Batista segue a linha de seu
próprio pastor, "cada cabeça, seu Rei", e são independentes entre si, não obedecendo a nenhuma autoridade central, a não
ser certas "convenções", mais administrativas do que eclesiásticas ou teológicas. Seus únicos sacramentos são o batismo
dos adultos e a ceia.
Dentre os grupos mais difundidos estão:
- Batistas do Sétimo Dia;
- Batistas dos Seis Princípios;
- Batistas do Livre-Arbítrio;
- Batistas Unidos;
- Igreja Batista de Cristo.
Um outro grupo ligado aos Batistas é o dos Menonitas, vindos da Alemanha. Também só aceitam o batismo de
adultos. Uma das ramificações dos Menonitas é a dos Amish dos Estados Unidos, os quais mantêm os mesmos costumes
do século XVII, recusando tudo o que foi inventado de tecnológico após este século. Não reconhecem nenhuma igreja
organizada e mantêm-se unicamente com a interpretação literalista da Bíblia.
METODISTAS
Mais um inglês fundador de igreja, que também passou pela Igreja Anglicana. John Wesley, nascido na Inglaterra
em 1703, retirou o nome de sua igreja de um apelido que outras pessoas deram a um grupo de oração, meditação e prática
da caridade, o qual, junto com seu irmão, ele fundou. O grupo se chamava "Clube Santo". Como eram muito metódicos,
foram chamados de Metodistas.
Com 33 anos foi para os EUA como missionário anglicano. Fracasso total. Três anos depois volta para a
Inglaterra, e em 1739 funda a Sociedade Metodista Wesleyana.
Há muitas dissidências nesta Igreja, havendo inúmeras facções e grupos dissidentes. Isto se deve à própria
inacuracidade e superficialidade de seus ensinamentos, os quais se prestam a muitas interpretações. Alguns de seus grupos
se dedicam especialmente à conversão dos pecadores, algumas vezes em troca de ajuda social e material, como no caso do
Exército da Salvação. Este "exército" foi fundado pelo metodista William Booth em 1865 em Londres, e é famoso pelo
seu militarismo. Foram também chamados de "Salutistas" e consideram os sacramentos sem importância.
ADVENTISTAS
Eis aqui o primeiro de uma série de americanos fundadores de igreja. Como bem já se pode notar, o espírito
inglês, do qual os americanos são os herdeiros, é particularmente apreciador de igrejas, principalmente quando cada pessoa
pode ter uma só para ela...
William Miller tornou-se batista em 1816. Agricultor de origem, ao voltar da guerra entre EUA e Inglaterra
(1812-1813), leu a Bíblia, descobrindo que o fim do mundo estava próximo. Por três vezes calculou o dia do fim do
mundo: 21 de março de 1843, 22 de outubro de 1844, e outra vez em 1854. Pregou por todos os lugares para que as
pessoas se arrependessem. "Todos os crentes vendiam tudo o que tinham, subiam nos telhados com vestes brancas,
gritando e esperando o fim do mundo."
Bem, ainda estamos aqui, o mundo ainda não acabou e nem mesmo para os Adventistas, os quais, sem memória,
ainda esperam mais um fim do mundo. Como se três não bastassem!
Contrariando o preceito de Cristo de que o mal não vem daquilo que come o homem, mas daquilo que vem do seu
coração, os Adventistas crêem que, para entrar no Reino de Deus, deve-se comer alimento sadio. São, assim, vegetarianos
e proibidos de tomar álcool, o que são práticas saudáveis, sem dúvida, mas de modo algum pelo motivo que acreditam.
Fundam empresas e restaurantes naturistas para custear suas missões, uma prática não sem paralelo em outros grupos de
Nova Era.
William Miller morreu em 1849, antes do terceiro fim do mundo... De fato, o mundo acabou para ele!
Dentre suas inúmeras divisões estão:
- Adventistas do Sétimo Dia (os quais crêem que a Bíblia foi ditada verbalmente por Deus, do princípio ao fim);
- Segundos Adventistas;
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- Igreja Cristã do Advento;
- Igreja de Deus Adventista;
- União da Vida e do Advento.
PENTECOSTAIS E ASSEMBLÉIAS DE DEUS
Os Pentecostais são o ramo mais numeroso entre os Protestantes, perfazendo 75% de todos eles no Brasil. É
chamado de Protestantismo popular, com suas características de proselitismo, propaganda em massa, apelos sentimentais e
exploração da necessidade e fé das gentes simples. Suas reuniões são marcadas por explosões emocionais, orações
coletivas em voz alta e o balbuciamento de palavras incompreensíveis, as quais os Pentecostais julgam ser a manifestação
do Espírito Santo.
Já os Luteranos e os Calvinistas, os Anglicanos e os Batistas são chamados de Igrejas Históricas, por sua
antigüidade maior em relação à explosão das seitas modernas e por terem nascido em um certo momento da história, em
oposição à Igreja de Cristo, que é eterna. Esforços têm sido feitos atualmente no sentido de uma reaproximação destas
Igrejas Históricas com o Catolicismo, pois ainda compartilham de várias características cristãs. Por outro lado, os
Pentecostalistas se afastam por completo de qualquer princípio de ordem cristã e podem ser considerados como a
manifestação total e típica dos tempos modernos de confusão no campo da espiritualidade.
Mesmo as Igrejas Protestantes Históricas censuram os Pentecostais e movimentos do gênero por sua exploração
da fé do povo. Nos anos 50, a Comissão Sinodal das Igrejas Reformadas dirigiu uma carta aos seus pastores a respeito do
Pentecostalismo. Eis alguns trechos: alguns pastores foram visitar uma dessas igrejas. "... Para começar a reunião, cada
um pôs-se de joelhos; então o Senhor X... fez uma pequena introdução, que foi em substância isto: 'Quando o Espírito
Santo enche um coração, é comparável a uma garrafa bem cheia que, ao esvaziar-se, faz glu-glu... Assim, o homem cheio
do Espírito Santo já não consegue articular, a sua língua torna-se espessa e ele faz glu-glu'. O Senhor X... passa em
seguida junto de cada um; impõe as mãos e faz repetir uma ou duas vezes: 'Espírito Santo, vem a mim'; agora diz:
'Calem-se! Têm o Espírito Santo... a vossa língua torna-se espessa, não é?... Digam comigo: Kabacha, dudurum, etc'. E a
comédia começa, espantosa, até que toda a gente, sob o seu poder hipnótico, tenha caído em êxtase".
O Pentecostalismo foi iniciado em 1901 por um pastor metodista, Charles Parham, nos Estados Unidos, de onde
provém, aliás, a maioria das seitas evangélicas. Sentindo-se inspirado, Parham afirmou ter recebido o batismo do Espírito
Santo. Daí o nome de Pentecostalismo, o novo Pentecostes. Este "batismo do Espírito Santo", completamente diferente da
interpretação doutrinal, teológica, ortodoxa, que sempre foi aquela da Igreja Católica, entre os Pentecostalistas não passa
de pura sentimentalidade, que não raras vezes chega ao ponto da histeria coletiva. Altamente emocionalizados, os fiéis
descarregam a energia nervosa acumulada em preces, cantos e palavras sem sentido, sentindo evidentemente um alívio e
tranqüilidade como decorrência da descarga energética. A este alívio, os Pentecostalistas chamam de "batismo do Espírito
Santo". De fato, é impressionante até onde vai a loucura de certas seitas em identificar a ação do Espírito Santo nas
manifestações sentimentais mais banais de seus fundadores.
A Assembleia de Deus é um dos mais numerosos movimentos pentecostais. Fundada em 1914 nos EUA por um
grupo de pastores protestantes de diversas denominações, na maioria pentecostais, acreditam em duas espécies de batismo:
o da água, só em adultos e visto somente como um indício exterior de purificação, e o batismo do Espírito Santo, o qual
deve vir acompanhado pelo que chamam o dom das línguas, uma capacidade de falar palavras estranhas, desconexas e sem
sentido, as quais são tomadas com grande respeito e veneração. Os crentes, quando possessos (recusamos crer que pelo
Espírito Santo) gritam palavras, gemem, dão saltos, suspiram, e todos dizem extasiados: "Aleluia! Amém!"
Tal fenômeno, facilmente explicado pela psicologia, não deixa de ter certas semelhanças com o dos Quakers,
outra seita americana, os quais tremiam quando possuídos pelo que acreditavam ser o Espírito Santo (daí o nome de
Quakers, em inglês "os que tremem"), e também com as manifestações mediúnicas. O Pentecostalismo é, de certo modo, e
apesar de suas críticas ao Espiritismo, uma conciliação e mistura entre Protestantismo e Espiritismo.
Para eles, todas as doenças vêm de Satanás e são curáveis por Deus. Claro, sempre "através" do pastor daquela
igreja. Nunca dizem: "Vão para suas casas, rezem e serão aliviados", mas: "Venha até nós, e Deus te curará..."
Os primeiros Pentecostais chegaram ao Brasil através de missionários suecos. Além da Assembleia de Deus, há
outras denominações Pentecostais, entre elas:
- Igreja do Evangelho Quadrangular;
- Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil para Cristo.
NEOPENTECOSTALISMO
São as igrejas pentecostais que usam ainda mais da propaganda pelo rádio e televisão para atrair seus fiéis. São
chamadas, por isso, de Igrejas Eletrônicas. De intenso sentimentalismo, voltam-se para a cura e a expulsão de demônios, e
prometem sucesso material, conquistando cada vez mais crentes. O boné, o chapéu e a caixinha para os crentes colocarem
dinheiro passam todo o tempo, enquanto o "Espírito Santo" (o deles) está presente.

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Cada pastor também é sua própria igreja, e todos são auto-proclamados. A ausência de estrutura eclesiástica e de
qualquer autoridade no domínio institucional e doutrinal facilita sua propagação. Entre as mais conhecidas estão:
- Igreja Universal do Reino de Deus;
- Igreja Evangélica Pentecostal Deus é Amor;
- Igreja Pentecostal da Nova Vida.
No Neopentecostalismo chegamos ao cúmulo extremo da balbúrdia e confusão iniciadas por Lutero.
MÓRMONS
Esta é uma das seitas mais curiosas existentes. Fundada por Joseph Smith em 1822 nos Estados Unidos, ela se
inicia com a "revelação" de um anjo chamado Moroni, que diz a Joseph Smith que ele foi escolhido por Deus para
desenterrar umas placas douradas que continham toda a história do povo de Deus na América do Norte. Junto a elas
descobriria duas pedras, chamadas de "Urim" e "Thummim", que eram as responsáveis pela "vidência" dos profetas.
Joseph Smith nasceu em 23 de dezembro de 1805 em Sharon, no Vermont. Mais tarde sua família se mudou para
Palmyra, no Estado de Nova Iorque. Por esta época, a profusão de seitas protestantes nos Estados Unidos já era grande, e
muitos sentiam-se completamente perdidos quanto a qual das seitas era verdadeira. Joseph Smith era um deles, e com 15
anos diz ter tido uma visão em que Jesus Cristo e o próprio Deus apareceram a ele. Este último apontou o primeiro e disse
a Joseph: "... Este é o meu Filho muito amado. Escuta-o!" Seu Jesus revelou que todas as seitas e religiões estavam
erradas, eram uma abominação a seus olhos e que Joseph não deveria se juntar a nenhuma delas. Três anos mais tarde o
anjo Moroni o visita revelando que ele era o escolhido para pregar um ensinamento escondido desde a época de Jesus. Diz
a ele onde está tal ensinamento, na forma de um livro em placas de ouro, o Livro dos Mórmons.
O Mormonismo é uma mistura de espiritismo, protestantismo, politeísmo e panteísmo. À Bíblia protestante
juntam o Livro dos Mórmons revelado por Smith. Este livro contém a suposta história sagrada da América. Baseando-se
num linguajar bíblico, Smith cria uma verdadeira monstruosidade histórica, contando a vinda dos israelitas à América, 600
anos depois da Torre de Babel, ocasião em que se dividem em dois grupos, os nefitas e os lamanitas. Os primeiros eram
bons e justos, e a eles foi revelada a doutrina cristã, enquanto os últimos eram maus, e por isso foram punidos por Deus
com o escurecimento de sua pele, tornando-se índios. Melhor justificativa para o racismo branco dos americanos seria
impossível!
Após acabar de escrever o livro (ou traduzi-lo, como querem seus adeptos) Joseph Smith recebe a visita de João
Batista, o qual lhe transmite a autoridade do sacerdócio. Smith batiza, então, seu amigo Oliver Cowdery, que por sua vez
batiza Smith. Quanto às placas originais, nunca mais foram vistas. Alguns dizem que o anjo Moroni as levou embora! Os
apóstolos Pedro, Tiago e João em breve também apareceriam para conferir a Smith "o santo sacerdócio de
Melquisedeque". Estava nascida a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Os Mórmons admitem o politeísmo, fazem uso do "dom das línguas" (proclamado pelos Pentecostais), a
poligamia (que é pregada como sendo um dever religioso), o casamento que vale mesmo depois da morte (eles até batizam
defuntos!) e um sem-número de ritos secretos. Após a Lei Seca nos Estados Unidos utilizam água ao invés do vinho
durante a Eucaristia. Mas a mais absurda e ridícula de suas afirmações consiste na própria doutrina que têm de Deus.
Levando a hipótese evolucionista às suas conclusões lógicas mais absurdas, os Mórmons concebem um Deus que
também evolui, como tudo o mais. Pertencente ao mundo da mudança e da impermanência, o Deus que criou o mundo
aprendeu bastante desde então. A origem de Deus "... foi a fusão de duas partículas de matéria elementar e por um
desenvolvimento progressivo ele atingiu a forma humana... (após ter sido um homem), e por uma via de contínua
progressão ele se tornou o que é, e pode continuar a progredir da mesma maneira eternamente e indefinidamente. O
homem, da mesma forma, pode crescer em conhecimento e em poder, tão longe quanto queira. Se, então, o homem é
dotado de uma progressão eterna, chegará um tempo certamente onde ele será aquilo que Deus é hoje" (A Estrela
Milenária).
Assim, os Mórmons colocam, explicitamente, que o objetivo natural de todos os homens é se tornarem Deus, mas
não como uma realização interior de sua natureza essencial, mas um Deus individual, um entre vários outros deuses.
Porém não devemos nos surpreender, pois isto é o que falam, de uma forma não tão explícita e engraçada, vários outros
grupos de Nova Era, como o "Super Homem" de Sri Aurobindo, o "Homem Novo" de Gurdjieff e outros tantos "super-
seres", ou mesmo a tese de progresso eterno dos espíritas.
Prosseguem os Mórmons: "... A mais fraca criança de Deus que existe hoje sobre a Terra possuirá, no seu devido
tempo, mais dominação, mais fiéis, mais poder e glória do que hoje possuem Jesus Cristo ou seu Pai, enquanto que o
poder e a elevação destes últimos serão acrescidos na mesma proporção" (Sermão de Joseph Smith).
Para os Mórmons, Satanás é: "... o Deus do Passado", pois Deus está em "... perpétua mudança". Isto, de certa
forma, também é o que pensam os espíritas quando afirmam que o diabo é simplesmente um "espírito" pouco evoluído.
Desde que "... Deus é a intenção evolutiva em incessante movimento, não resulta disto que Deus fosse ontem
menos avançado que Deus-de-Hoje, e Deus-de-Hoje menos avançado que Deus-Futuro?", pergunta-se Joseph Smith.
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Vem, então, a conclusão lógica da hipótese da evolução quando aplicada ao mundo espiritual, conclusão a que todos os
grupos de Nova Era, de uma forma ou de outra, pregam. Vejamos: "... Aqueles que saíram do seio divino no passado são
naturalmente menos bons do que aqueles emanados do Deus-Momento". Justifica-se assim a superioridade dos homens
atuais, muito mais evoluídos e superiores do que os homens do passado! E Joseph Smith complementa: "... Não é
simplesmente mais do que por ilusão que se o (este Deus) nomeia Satanás, o qual não é outro senão Deus, mas somente
Deus-Passado, e não Deus-Atual" (O Fraternista, 27 de março de 1914). Seria necessário mais algum comentário?
Joseph Smith e seu irmão Hiram Smith foram linchados em 1844 sob várias acusações. Após sua morte, o
carpinteiro Brigham Young se colocou como sucessor e chegou a fundar um estado teocrático-comunista em Salt Lake
City. Quis criar sua própria moeda e um alfabeto para a comunidade mórmom, além de requisitar a formação de um estado
mórmom. Em 1873, sua 27a esposa fugiu da cidade e revelou ao público o regime escravo imposto às mulheres de Young.
Ele morreu em 1877 deixando 24 viúvas e 44 filhos. John Taylor, colaborador de Joseph Smith, sucedeu Brigham Young
na direção geral. Seu sucessor, Wilford Woodruff, suspendeu a poligamia em 1890, mas ela continua a ser praticada por
muitos de seus adeptos. Parece que recentemente na década de 80 foi revogada também a lei de proibir a ordenação de
negros. Até então acreditavam que os negros tinham pecado contra Deus e assim nascido escuros. O presidente na época,
Spencer Kimball, teve uma visão dizendo o contrário.
Um dos movimentos também ligados ao Mormonismo é a Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos do
Último Dia, formada em 1852 por aqueles que se recusaram em aceitar Brigham Young como sucessor de Joseph Smith.
Há também os fundamentalistas que se recusaram a aceitar as decisões de Woodruff e foram por ele excomungados.
TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
O americano Charles Taze Russel nasceu em 16 de fevereiro de 1852 em Pittsburg, Pensilvânia, EUA. De família
presbiteriana, seus pais eram ricos comerciantes, mas sua mãe morreu quando tinha apenas nove anos, o que provocou um
grande desespero emocional no jovem Charles. Desde então começou a temer pela salvação de sua alma. Era alguém que
vivia por todas as partes pregando sobre o inferno. Completamente fanático pela ideia, um dia encontrou um ateu que
provou a ele que o inferno não existia. Tornou-se ateu por algum tempo e seguiu seu pai na carreira de negócios, até que
descobriu, em uma reunião adventista, que podia acreditar na Bíblia sem acreditar no inferno. Saiu gritando pelas ruas:
"Não há inferno!" Abandona os negócios e passa a estudar a Bíblia. Deu-se o nome de "Pastor Russel". Fazia profecias,
interpretava a Bíblia, dizia saber o grego (quando em julgamento, foi-lhe dado um Evangelho em grego, mas não soube
ler), cometeu adultério com duas mulheres, além de maltratar sua esposa (após o divórcio na justiça e condenado a pagar
pensão para a esposa, pegou todo o seu dinheiro, que era muito na época, e colocou na conta de sua igreja. Já se sabe de
onde vem o exemplo...).
Russel acreditava ser o sétimo anjo do Apocalipse, outras vezes o apóstolo Paulo, João, John Wyclif e Lutero.
Cada vez mais tornava-se obcecado em marcar a data exata do Apocalipse e da vinda de Cristo. Inúmeras foram as datas
previstas, inúmeras as decepções. 1874, 1914 e 1918 passaram sem o esperado fim.
Com vinte anos de idade, Russel funda um grupo de estudo da Bíblia, o qual donomina "Estudantes da Bíblia".
Afasta-se da igreja adventista, da qual herda a mania das previsões de fim de mundo, e cria uma revista, A Torre de
Guarda de Sião e Mensageira da Presença de Cristo. Começou a editar panfletos, que eram espalhados pelos discípulos
em número cada vez maior. Em 1884 criou, então, a "Watch Tower Bible and Tract Society" (Sociedade da Bíblia e dos
Panfletos), que serviria do base para a divulgação de seus ensinamentos messiânicos. A organização que monta em seu
redor é um primor de sociedade e publicidade. Em 1880 Russel descobriu que o número de eleitos que seriam salvos do
Apocalipse era 144 mil. Seu temperamento delirante levou-o a duplicar sua atividade proselitista. É certo que anos mais
tarde este número seria ultrapassado. O que dizer à multidão? Simples. Aqueles que não fizessem parte dos 144 mil
escolhidos teriam como recompensa a felicidade eterna na Terra.
Ainda nesta década vende várias sacas de trigo aos aldeões crentes 60 vezes mais caro do que o preço do
mercado. Por quê? "Trigo miraculoso" foi sua resposta. Levado aos tribunais, teve que pagar uma multa vultosa. Russel
morre em 1916, deixando para seu sucessor uma enorme e rica organização, mas sem ver o seu tão esperado fim do
mundo...
Ex-detento e recém-formado em advocacia, Joseph Franklin Rutheford foi defender os Estudantes da Bíblia e
aproveitou para, aos poucos, ir colocando suas próprias ideias e sair do anonimato. Nascido em 8 de novembro de 1869 em
Morgan County, no Missouri, de uma família batista, Rutheford era um homem de temperamento duro e irascível, não
esperando uma segunda oportunidade para acusar e insultar seus adversários. Foi ele quem deu o nome definitivo da seita
("Testemunhas de Jeová") e a ele se deve parte do louco ódio a todas as religiões. É curioso notar que, durante muito
tempo, o trabalho missionário das Testemunhas de Jeová foi subvencionado pela maçonaria norte-americana.
Extremamente proselitista e sectária, tal seita, Testemunhas de Jeová, nega a Trindade, a divindade de Cristo, a
espiritualidade da alma, ergue-se contra todas as religiões, principalmente a católica, e todas as religiões são, para ela,
obras de Satanás.
Segundo Rutheford "... a religião foi introduzida pelo demônio. É qualquer forma de culto praticado em
reconhecimento de algum poder mais alto... Todos os padres e clérigos são do demônio, inimigos de Deus e anti-cristos",
e divulgar esta verdade é o primeiro dever do fiel da seita, desde sua fundação com Russel.
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Mas muitos não concordavam com o estilo duro de Rutheford e acabaram por sair. Este, por sua vez, deixa de
publicar os livros e panfletos de Russel, os quais já estavam desatualizados, e uma nova série de periódicos passa a ser
publicada. Sob a direção de Rutheford, o catolicismo foi o principal objeto de ataque das Testemunhas. Em 1920 anunciou
que o fim do mundo se daria de fato em 1925. "... Podemos esperar, em 1925, ser testemunhas do regresso de Abraão, de
Isaac e de Jacó e de outros crentes do Antigo Testamento, despertados e reencarnados numa humanidade perfeita, para
serem os representantes visíveis do novo sistema de coisas na Terra" (Conferência de 25 de setembro de 1920). No fim de
1924, entretanto, Rutheford revela que Deus tinha decidido adiar um pouco a data do fim...
Rutheford morreu rico em um palácio de dois andares e dez compartimentos, fora os jardins, por ele construído
em San Diego, na Califórnia, em 8 de janeiro de 1942.
As Testemunhas de Jeová não acreditam no inferno, mas, com tipos de desequilibrados como esses, quem precisa
de inferno?
IGREJA CATÓLICA LIBERAL
É a versão ocultista-teosófica da Igreja Cristã. Pouco conhecida no Brasil, tem vários adeptos em outros países.
Arnold Harris Matthews ordenou-se em 1877 no Catolicismo, para 12 anos depois abandonar o sacerdócio e se
casar. Dava a si mesmo o nome de Reverendo Conde Povoleri di Veneza. Em 1908 foi ordenado bispo pelo Dr. Gérard
Gul, chefe da Igreja Católica-Velha da Holanda, uma Igreja formada com os restos da heresia Jansenista.
Junto com dois sacerdotes que ele mesmo ordenou, funda em 1911 a Igreja Católica Ortodoxa do Ocidente, a qual
iria mudar várias vezes de nome e se separar tanto do Arcebispado da Holanda como reafirmar sua separação de Roma. No
mesmo ano é excomungado formalmente pela Santa Sé. Em 1913 o nome de sua igreja era Igreja Católica-Velha da Grã-
Bretanha e da Irlanda, e muitos teosofistas eram também seus membros, entre eles Ingall Wedgwood, secretário-geral da
seção inglesa da Sociedade Teosófica.
Percebendo a influência crescente da Teosofia em sua igreja, o Arcebispo Mathieu, como agora Matthews era
chamado, expulsou Wedgwood e os teosofistas. Querendo tornar-se bispo, Wedgwood aproximou-se de outro bispo
herege, pertencente aos Nestorianos, mas não teve sucesso. Conseguiu finalmente seu intento em 1916, com o Monsenhor
Frederick Samuel Willoughby, ordenado por Mathieu, mas expulso mais tarde. Neste mesmo ano, Willoughby se
arrepende e submete-se à Igreja Católica, mas Wedgwood viaja para a Austrália, onde consagra, como bispo Charles
Leadbeater, um dos líderes da Sociedade Teosófica e ex-sacerdote anglicano. Juntos, fundam a Igreja Católica Liberal em
1918. Como afirma Wedgwood: Sua igreja "... trabalha para difundir os ensinamentos teosóficos no Cristianismo; a parte
mais importante de sua missão consiste em reparar os corações e os espíritos dos homens para a vinda do Grande
Instrutor". Este grande instrutor, para os teosofistas, viria em breve e seria recebido pelos teosofistas; porém, as duas
tentativas de "trazer" o "Messias" à Terra falharam, para desespero dos seus quase-discípulos.
MOVIMENTO CARISMÁTICO UMA NÓDOA DENTRO DO CATOLICISMO
Não poderíamos deixar de comentar aqui um movimento que vem se alastrando dentro da Igreja Católica, um
lugar que deveria ser o primeiro a ter identificado seus perigos, mas que, infelizmente, tem repetidamente fechado os
olhos. Trata-se do Movimento Carismático, ou Renovação Carismática, uma tentativa infeliz de "competir" com os
movimentos protestantes e atrair fiéis. A expansão da Renovação Carismática no seio da Igreja é uma mácula que muitos
padres conscientes já notificaram, mas que continua se expandindo, trazendo as características protestantes para dentro
mesmo da Igreja de Cristo.
Como vimos anteriormente, o Pentecostalismo começou quando um americano chamado Charles Parham sentiu-
se batizado pelo Espírito Santo. Esta descarga energética, inteiramente do campo da sentimentalidade e sem nenhum
conteúdo verdadeiramente espiritual, atraiu várias pessoas que se sentiam aliviadas, pacificadas e, assim, "abençoadas".
Algo como a tensão que a torcida acumula em um jogo de futebol e que é aliviada quando o gol acontece. Podem imaginar
a torcida dizendo que aquele alívio de tensão acumulada é obra do Espírito Santo? Pois qual a diferença real que há entre
isso e as manifestações pentecostais?
Porém, certos setores da Igreja Católica, não conseguindo compreender o sentido de sua própria tradição, e
predominantemente emotivos, começaram a procurar no Pentecostalismo essa "emoção" de se sentirem tomados pelo
"Espírito". O mais estranho é que, ao invés de aprofundarem sua superficial compreensão do Cristianismo, e fazendo-se
uso dos ritos disponíveis dentro da tradição, tais católicos começaram a buscar no Protestantismo Pentecostal essa "bênção
do Espírito"! E algumas autoridades eclesiásticas, percebendo nisto uma forma de cativar os fiéis que saíam das igrejas em
busca de "consolos" e alívios emocionais, houveram por bem apoiar tais iniciativas, o que é ainda mais aterrador. Isto
mostra uma fraqueza em certos setores da Igreja Católica que não podemos deixar de omitir, pois fere a ortodoxia e a
aproxima perigosamente das seitas protestantes e, mais ainda, das seitas mais grosseiras doutrinalmente falando, que são as
Pentecostais.
O mais lamentável foi terem ido buscar fora da Igreja as práticas de conquista de fiéis! Diz Kevin Ranaghan: "...
Não se pode relatar corretamente a história da efusão do Espírito Santo entre os católicos romanos nos últimos quatro
anos sem referir-se constantemente à impressionante contribuição dos pentecostais protestantes... Não houve apenas

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união e camaradagem no trabalho, muitas vezes o Senhor utilizou o serviço de irmãos e irmãs em Cristo de outras
denominações para iniciar, alimentar e amadurecer a efusão do Espírito Santo entre os católicos romanos". O que
pensariam os cristãos antigos ouvindo isto? Que estado lamentável e humilhante o Catolicismo teve que chegar para
precisar ser ajudado por heresias para encontrar o Espírito?
Vejamos algumas comparações entre as afirmações cristãs e aquelas do Movimento Carismático:
1) Fé para os Carismáticos é uma sentimentalidade vaga num certo "Espírito", do qual não têm a menor ideia, pois
os Carismáticos recusaram o conhecimento doutrinal sólido em favor de emoções.
2) Mas, para Santo Tomás de Aquino, fé é o "... ato do intelecto concordar com uma Verdade Divina em
razão do movimento da vontade, que por sua vez é movida pela graça de Deus". Isto implica conhecimento da
doutrina. Sem conhecimento doutrinal, não há no que ter fé!
1) Para os Carismáticos, a "liberação do poder" do Espírito só manifesta pelo "dom das línguas", que, segundo
eles, é "... um dom carismático no qual um indivíduo fala em voz alta numa língua não conhecida" ou ainda, "... uma
resposta vaga e emotiva ao impulso do Espírito". Ou seja: um balbuciar de palavras sem sentido que os carismáticos e os
evangélicos dão imenso valor. Para nós, uma cisão do subconsciente, tal como acontece em muitas sessões espíritas, onde
o médium fala palavras soltas e julga estar em contato com "espíritos". A mesma experiência os pentecostais creditam ao
(seu) "Espírito Santo", no que seguem os Carismáticos.
2) Mas para a Enciclopédia Católica de 1908, a "glossolalia" (o dom das línguas) é "histórica, articulada e
inteligível". E o cardeal Alexis Lépicier, O.S.M., em sua crítica ao espiritismo, afirma que: "... o dom de falar várias
línguas, tal como é concedido por Deus, envolve sempre alguma utilidade para os ouvintes e nunca se verifica sem
que a pessoa que recebe tal dom compreenda aquilo que diz" (O Mundo Invisível, Tavares Martins, 1957).
1) Os Carismáticos fazem uso deste seu "dom das línguas" dentro das igrejas.
2) Mas São Paulo instrui para que não se empregue o dom das línguas dentro da Igreja, a menos que todos fossem
capazes de entender (o que não é, evidentemente, o caso entre os carismáticos). Do contrário, aqueles que assim
procederem serão como "bárbaros" (1Cor 14).
1) Para os Carismáticos, a oração independe da inteligência ou inteligibilidade das palavras envolvidas. Não
entender este "sinal" do (seu) Espírito Santo é a própria indicação de que se foi batizado e abençoado.
2) Mas para São Paulo: "... Orarei com o meu espírito, mas hei de orar também com minha inteligência.
Cantarei com meu espirito, mas cantarei também com a minha inteligência" (1Cor 14,15). E pergunta como alguém
pode dizer "Amém" "... à ação de graças (de Deus), visto que não sabes o que dizes?" (1Cor 14,16).
1) Os Carismáticos dão a maior importância a esta manifestação, que julgam ser um carisma.
2) São Paulo coloca este carisma em penúltimo lugar na lista de oito dons.
1) Os Carismáticos fazem da aquisição desta experiência o objetivo de seu culto, pois, segundo eles, isto é o
próprio contato com o "Espírito".
2) Já para os santos, tais dons nunca deveriam ser alvo do desejo ou buscas individuais, para que os fiéis não
fossem iludidos por poderes satânicos.
1) Palavras soltas e sem sentido que têm lugar na Renovação Carismática não têm aparecimento na história cristã,
e nunca se manifestaram em nenhum santo católico canonizado.
2) Por outro lado tem-se notícia de ter aparecido entre duas heresias no século XVII: os huguenotes de Cevennes
e os jansenistas suplicantes. Além disso, aparece também entre grupos como os Quakers e os Mórmons, os quais já
mencionamos.
Enfim, deixamos ao leitor tirar suas próprias conclusões. Ao leitor verdadeiramente católico e cristão, deixamos a
admoestação do arcebispo Robert J. Dwyer: "... o Pentecostalismo é uma das tendências mais perigosas na Igreja de
nosso tempo, intimamente aliado em espírito com outros movimentos separatistas e discordantes, que ameaçam sua
unidade e causam danos a um número incalculável de almas".
OUTROS MOVIMENTOS PROTESTANTES
Seria impossível fazer uma lista de todos os movimentos protestantes que hoje existem no mundo. Uma de suas
características básicas é a contínua geração de novas seitas, seguida de divisões em outras tantas. Daremos, no entanto,
mais alguns nomes, fazendo notar algumas de suas curiosidades.
Quakers - Fundada em 1646 por George Fox, esta seita será citada no capítulo referente ao Espiritismo. Seu nome
provém das sacudidelas e tremores que se dão em seus membros durante as reuniões de culto, bem aquilo que antigamente
se chamava de possessão, mas que seus aderentes julgam ser o contato com o Espírito Santo. Os Quakers não aceitam
nenhum sacramento, recusam qualquer autoridade da Igreja, apesar de se dizerem cristãos e seguirem a Bíblia, numa
interpretação totalmente literalista.
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Shakers - As origens dos "Agitados" vêm de uma entidade fundada na Inglaterra no século XVIII, cujos diretores
foram John Wardley e sua esposa. Esta última fez a profecia de que Jesus Cristo viria novamente e na forma de uma
mulher, daí o nome que mais tarde os partidários norte-americanos deram ao movimento: "Sociedade Unida dos Crentes
na Segunda Vinda de Cristo". Foi Ann Lee, uma fervorosa adepta britânica, que levou o movimento aos EUA em 1774, o
qual foi bem acolhido por vários protestantes.
Agapemonitas - É um grupo que hoje se dedica à caridade, principalmente na Inglaterra, mas que, outrora, formou
uma verdadeira "igreja". Fundada por Henry James Prince em 1859, dela se originou uma igreja chamada "Arca da Nova
Aliança", cujos cultos eram oficiados pelo reverendo J.H. Smith-Pigott, ex-pastor anglicano e que em 1902 declarou ser
Jesus Cristo.
Igreja Cristã Universal - Fundada por George Roux em 1903 na França. Seu fundador cria ser a reencarnação de
Cristo e poder curar qualquer um por imposição de mãos. Dizia: "... Sou capaz de fazer instantaneamente, de qualquer um
que queira seguir-me, uma pessoa capaz de curar ou diminuir os sofrimentos de seus irmãos, mais e melhor que qualquer
outro estudioso da ciência humana".
Ciência Cristã ou "Christian Science" - Fundada por Mary Baker Eddy nos Estados Unidos, é um tipo de
positivismo mental aplicado à religiosidade. Afirmam curar as doenças através do pensamento positivo. Nenhuma
medicina é útil, mas somente as orações do doente e dos ministros da igreja. E a oração é simplesmente importante pelo
efeito que tem na mente do fiel, nada mais. Mme. Baker Eddy anunciou que ressuscitaria seis meses depois de morrer.
Alguém quer arriscar adivinhar o que ocorreu? Outro grupo semelhante são "Os Cientistas Mentais", também conhecidos
como "Deniers" ("Negadores") por crerem que as doenças desaparecerão pelo simples fato do adepto negá-las. Muitos
outros movimentos do gênero pululam por todo o mundo, alguns com tendências mais "cristãs", outros mais "científicos",
como um tal de "Método Silva de Controle Mental", um empreendimento milionário espalhado pelo mundo.
Cientologia - É uma das maiores seitas americanas. Uma de suas características mais interessantes é possuir um
aparelho, o eletrômetro Hubbard ou E-meter, que mede o Ph ou a tensão superficial da pele, indicando o progresso
espiritual do crente. Fundada em 1954 na Califórnia, por Lafayette Ron Hubbard quando tinha 43 anos, a Cientologia
começou como uma forma de terapia através de meios pseudo-científicos, bem ao gosto de muitos californianos. Hubbard
a chamava de "Dianética - Tecnologia de Reabilitação das capacidades do Ser". Pouco a pouco, foi se tornando mais
sectária e "religiosa", com especulações místicas e transcendentais, e chegou a sofrer vários processos na França, Estados
Unidos e Inglaterra por atividades suspeitas envolvendo política e manipulação da consciência popular. Ron Hubbard
dirige sua seita de seu iate e, como vários outros "grandes" da espiritualidade moderna, como Rajneesh ou o pastor Billy
Graham (o qual diz ter vindo ao "... mundo para ajudar seus irmãos a se salvarem"), já passou por vários escândalos de
enriquecimento ilícito. Misturando um Espiritismo com um Ocultismo, ele concebeu o "thétan", o "equivalente
cientológico" da alma, o qual reencarna-se sucessivamente na Terra em busca de perfeição. Como detalhe curioso,
devemos dizer que Lafayette Hubbard era engenheiro e escritor de ficção científica!
Meninos de Deus - Este movimento de inspiração protestante foi fundado em 1968 pelo pastor David Brandt
Berg, um pastor metodista, o qual adotou o nome de "Moisés". Acusada já de um sem-número de atentados aos bons
costumes pelas cortes de justiça de vários países, seu trabalho de doutrinação ideológica é bastante intenso, sendo que seus
membros são obrigados a abandonar a família, a profissão e os estudos para ir morar nas comunidades que a seita possui.
As características comuns do messianismo e profetismo dos movimentos protestantes também são encontradas neste
movimento. Moisés David na passagem do cometa Kohoutek previu "... o total desmoronamento da América, o colapso do
sistema econômico, um caos mundial e uma guerra atômica que poderá aniquilar o curso da história do mundo", mas
após sua passagem, onde nada de extraordinário aconteceu, corrigiu: "...as mudanças mais importantes ocorreram no
campo espiritual".
Cada membro recebe um nome bíblico (o que dificulta serem encontrados por seus pais e a polícia), e todos são
fortemente proselitistas, apesar do movimento já ter sido proibido em muitos países. Cada grupo de Meninos deve dar uma
cota semanal em dinheiro. Os que conseguem são chamados de Shiners (brilhantes), os outros de Shamers (desonrados,
vergonhosos). Só o líder de cada grupo sabe para onde mandar as rendas. Daí o dinheiro é agrupado e mandado para outro
lugar ainda mais secreto.
Um de seus livros é Ensinamentos Radicais e Táticas para nossos Revolucionários Cristãos. Várias acusações de
assassinatos já foram imputadas a eles. Um de seus adeptos confessou certa vez: "... Se meus superiores me pedissem para
matar alguém, era preciso que eu o fizesse... estamos acima das leis e não somos responsáveis senão diante dos nossos
chefes que, por sua vez, são responsáveis por todos nós diante de Deus". (Relatório do procurador-geral de Nova Iorque
Louis J. Lefkowitz a pedido do governador Rockefeller em 1973 sobre as atividades da seita). Francamente contrário ao
Catolicismo, Moisés David certa vez afirmou: "... o Deus da Igreja Católica que é o Diabo e o 'Anticristo'" (A Amendoeira
- carta destinada aos dirigentes, de 18 de março de 1972). Outra acusação comum é o estupro e seviciação de adolescentes.
Em suas cartas, Moisés David elogia o incesto e os casamentos coletivos. O estupro de jovens, e mesmo de crianças, por
parte de alguns dirigentes, é justificado como sendo uma forma de fazer nascer crianças que sejam novos adeptos do
movimento. A prostituição também é uma forma de angariar recursos para o movimento, e recentemente (setembro de
1993) um escândalo foi descoberto na Argentina, envolvendo esta seita. Prostituição de menores para aumentar a renda da
seita, produção de vídeos com crianças desfilando nuas, sexo grupal e o uso de livros com ilustrações sexuais para ensinar
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as crianças da seita a lerem... foram algumas das acusações, sendo inclusive mostrado um dos livros da seita: El Libro de
Davidito. Atualmente os Meninos de Deus mudaram seu nome e são conhecidos como A Família. Em Lê Petit Poisson
Flirteur, o "Moisés" declara que "... é preciso utilizar todas as iscas de que se dispõe para trazer a Deus as almas
tresmalhadas".
Santo Daime - Esta manifestação popular do Protestantismo nasceu, ao que parece, nas aldeias de colonos imersos
na selva amazônica. Pode ser definido como uma manifestação de pietismo popular, combinado com dança e a ingestão de
um chá, o Santo Daime, o qual provoca alterações perceptivas. A este chá, composto de uma mistura de duas plantas
nativas da selva amazônica, atribui-se um poder milagroso de abrir a visão e o caminho espiritual. É uma versão popular,
"cristianizada" (nos moldes protestantes) e à Ia brasileira das imersões de Carlos Castañeda na droga mexicana. Na
medida em que a planta tem propriedades alucinógenas, mas não reconhecidas pelas autoridades competentes do país, é
fácil entender o porquê do sucesso deste movimento. Um meio legal de "curtir um barato", porém com um "fundo"
espiritual, ou, melhor diríamos, sentimental. Com exceção da ingestão da droga, o movimento segue os mesmos moldes do
Protestantismo mais popular, principalmente nas suas versões mais sertanejas e interioranas. Os líderes são chamados de
"padrinhos", os homens vestem-se de branco, com listras verdes nas calças, e as mulheres com um vestido longo branco e
azul, tipo daqueles que se vai em quermesses de interior, e ainda por cima usam uma tiara na cabeça de modo a parecerem
anjinhos caídos do céu ou noivas à espera do pretendente. Há intenso uso de canções e danças ritmadas, sem muita
originalidade ou arte. As canções louvam as "virtudes" da planta considerada sagrada, enquanto as danças servem para
levar seus adeptos a um estado de torpor semiconsciente.
Este movimento surgiu na década de 30 com Raimundo Irineu de Souza, conhecido como Mestre Irineu, um filho
de escravos que chegou a trabalhar para o marechal Rondon como "mateiro". Nas matas conheceu a planta com a qual diz
ter tido uma visão da Virgem Maria. As visões são chamadas de "mirações", e através delas Raimundo foi sendo instruído
nas preces e na ingestão das plantas alucinógenas pela Virgem. Quiséramos nós saber por que a Mãe de Deus não revelou
este caminho há muitos séculos atrás, já que plantas alucinógenas dos mais variados gostos sempre existiram por todas as
partes. Raimundo compôs, então, vários hinos que são cantados pêlos membros, elogiando a planta e pedindo uma série de
coisas. Aliás o nome vem daí. Daime vem de "dai-me amor, dai-me luz, dai-me paz, dai-me isso, dai-me aquilo", uma
verdadeira "pedição" que os adeptos não cansam de entoar.
Há outras influências neste movimento além do Protestantismo. Filho de escravos, Raimundo Irineu impregnou o
movimento com ritmos e cânticos inspirados em cultos afro-brasileiros de que tinha memória. Também o espiritismo
kardecista e o Ocultismo puderam marcar sua presença. Muitos dos adeptos, talvez a maioria, pertencem ou já pertenceram
a um dos movimentos e seitas constantes neste livro. No altar, em torno do qual dançam, há uma cruz e o retrato do Mestre
Irineu. Todo o ritual consiste apenas em cantar os hinários louvando o Daime e dançar monotonamente por toda a
madrugada, parando apenas para beber o chá, o que é feito várias vezes por noite. Muitos artistas e ex-hippies fazem parte
do movimento, talvez ansiando pelas soluções fáceis de um caminho que incentiva a alteração da percepção, o auto-
hipnotismo comunitário e a absoluta falta de qualquer doutrina ou embasamento teórico firme, como métodos de sair da
mesmice da vida diária.
Legião da Boa Vontade - Fundada por Alziro Elias David Abraão Zarur, um filho de imigrantes sírios no Brasil, a
LBV é um misto de evangelismo messiânico, espiritismo e pregações morais e sentimentais, uma mistura bem ao gosto do
sincretismo brasileiro. Anunciando ter "... recebido de Jesus Cristo a missão de revelar um novo mandamento", cria a
LBV com a finalidade de unir todas as religiões, uma velha estória que abordaremos exaustivamente na seção sobre o
Ocultismo, e que sempre termina na fundação de uma nova religião, no caso de Zarur, a "Religião do Novo Mandamento
de Jesus" Diz. ele que recebeu plenos poderes (de Deus) para "... como único maio de manter assegurado o amparo da lei,
dar forma jurídica à religião que já vinha sendo simbolicamente praticada na LBV, com a Cruzada do Novo
Mandamento, fazendo nascer, assim, a Religião do Novo Mandamento de Jesus". Esta religião, segundo ele, já foi
conhecida pela humanidade desde há dois mil anos, mas "... só que ninguém sabia ler". Claro que Zarur era aquele que
sabia!
A LBV é reencarnacionista e crê que os homens sempre estão progredindo até chegar à perfeição. Para Zarur, esta
é a única filosofia que faz sentido. Cita frequentemente Jesus, mas nega sua redenção. Nega a utilidade dos sacramentos e
diz que cada membro da Legião é seu próprio sacerdote. Fica claro, assim, que tem a mesma característica dos
movimentos ocultistas e espíritas de elogiar o Cristianismo (um Cristianismo bem vago e abstrato) ao mesmo tempo que
negam todas as suas características.
Não deixa de ser no mínimo curioso o poema que o próprio Alziro Zarur publicou na Revista Legião da Boa
Vontade e citado em O Lar Católico de 09.09.1950. Chama-se "Poema do Irmão Satanás": "... Amigos meus, oremos por
Satã - Amemo-lo de todo o coração - E respondamos sempre com perdão - Aos males que nos faça, hoje e amanhã - Por
mim, com honra, eu amo Satanás - Meu pobre irmão perdido nos infernos - Com este amor dos sentimentos terrenos -
Para que ele também receba a paz". Pode-se facilmente supor o conhecimento teológico do Sr. Zarur e sob que influência
escreveu tal "poema". A intensa propaganda por rádio e tv, juntamente com o lema de que "... Cristo colocará o Brasil na
vanguarda do mundo", faz com que seu proselitismo atinja largos resultados nas camadas mais ignorantes e mal
informadas do povo brasileiro. Atualmente, seu presidente é José de Paiva Netto, o qual continua o trabalho disseminador
da religião da Legião de Zarur.

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