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MANUAL DO CAFÉ

Implantação de cafezais
(Coffea arábica L.)
MANUAL DO CAFÉ
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS

BELO HORIZONTE
EMATER-MG
ABRIL DE 2016
FICHA TÉCNICA
Autores: Fotos e desenhos:
Engenheiro Agrônomo Arquivo da Emater–MG
Carlos Magno de Mesquita
Revisão
Engenheiro Agrônomo Lizete Dias
Edmundo Modesto de Melo Ruth Navarro
Engenheiro Agrônomo
Projeto Gráfico e Diagramação
João Eudes de Rezende
Cezar Hemetrio
Engenheiro Agrônomo
Tiragem:
Julian Silva Carvalho
10.000
Engenheiro Agrônomo
Marcos Antônio Fabri Júnior Emater–MG
Av. Raja Gabaglia, 1626. Gutierrez -
Engenheiro Agrônomo
Belo Horizonte, MG.
Niwton Castro Moraes
www.emater.mg.gov.br
Técnico Agrícola
Pedro Tavares Dias
Engenheiro Agrônomo
Romulo Mathozinho de Carvalho
Engenheiro Agrônomo
Willem Guilherme de Araújo

Série Ciências Agrárias


Tema Fitotecnia
Área Culturas

MESQUITA, Carlos Magno de et al. Manual do café:


implantação de cafezais Coffea arábica L. Belo
Horizonte: EMATER-MG, 2016. 50 p. il.

CDU 633.73(021)
APRESENTAÇÃO
O café é o principal produto da adotadas, é fundamental ter padrões e
pauta de exportações do agronegócio informações tecnológicas que se adap-
de Minas Gerais. É um importante gera- tem às várias condições, testados e
dor de emprego, renda e, principalmen- aprovados em campo e resguardados
te, um meio de vida para milhares de pela pesquisa.
agricultores mineiros. A série de Manuais do Café, escrita
A cafeicultura tem papel estraté- por extensionistas da Emater–MG com
gico para a Emater–MG. Os extensio- larga experiência em assistência técnica
nistas da Empresa, presentes em todas e extensão rural na cafeicultura, propor-
as regiões do Estado, são responsáveis ciona aos produtores e técnicos o aces-
por disseminar informações técnicas, so a práticas agronômicas, que buscam
que colaboram para que a atividade melhorar a eficiência na condução das la-
cafeeira seja conduzida de maneira lu- vouras. O uso de tecnologias adequadas
crativa e sustentável. torna a atividade competitiva e sustentá-
Em um território com sistemas de vel, além de garantir a oferta de produtos
produção diversificados, regiões com de qualidade aos consumidores e, como
relevos distintos, tamanho variado de consequência, a geração de melhores
propriedades e diferentes tecnologias condições de vida para agricultores.

Amarildo Kalil
Presidente da Emater–MG
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................7 ALARGAMENTO DO SULCO.......28
PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO ENCHIMENTO DA COVA.............29
DE LAVOURA CAFEEIRA.....................8 PLANTIO...........................................30
ESCOLHA DA ÁREA............................9 QUALIDADE DAS MUDAS...........30
TEMPERATURA..............................9 ÉPOCA DE PLANTIO....................30
PRECIPITAÇÃO...............................9 PREPARO DAS MUDAS E
VENTOS..........................................9 PLANTIO......................................31
UMIDADE RELATIVA......................9 OUTROS CUIDADOS...................33
ALTITUDE.....................................10 REPLANTIO..................................34
TOPOGRAFIA...............................10 ALGUMAS CAUSAS DE INSUCESSOS
SOLO............................................10 NA FORMAÇÃO DE CAFEZAIS:........34
LINHA DE GEADA.........................12 ADUBAÇÃO DE PÓS-PLANTIO........35
PLANTIO EM ÁREAS DE CONDUÇÃO DA LAVOURA
CAFEZAIS ERRADICADOS............13 NO 1º E 2º ANO PÓS-PLANTIO........36
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL............13 AMOSTRAGEM DE SOLO EM
ESPAÇAMENTOS PARA LAVOURAS IMPLANTADAS.........36
O CAFEEIRO.....................................13 ADUBAÇÃO DE 1º E 2O ANO
TOPOGRAFIA...............................13 PÓS-PLANTIO..............................36
INSOLAÇÃO.................................13 TRATOS CULTURAIS........................38
INCIDÊNCIA DE PRAGAS DESBROTAS..................................38
E DOENÇAS .................................14 MANEJO DO MATO....................39
ESCOLHA DE CULTIVARES...............14 PRAGAS........................................41
PREPARO DA ÁREA E DOENÇAS.....................................42
CORREÇÃO DO SOLO.....................18 MANEJO INTEGRADO DE
LIMPEZA DO TERRENO................18 PRAGAS E DOENÇAS...................42
AMOSTRAGEM DE SOLOS PARA A MANEJO ADEQUADO
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS......18 DO MATO....................................43
CALAGEM ...................................19 EQUILÍBRIO NUTRICIONAL.........43
GESSAGEM...................................20 EQUILÍBRIO AMBIENTAL.............44
LOCAÇÃO DO CAFEZAL..............20 CONTROLE QUÍMICO.................44
CORREÇÃO E ADUBAÇÃO QUEBRA-VENTOS........................44
DE PLANTIO ....................................27 CULTURA INTERCALAR....................45
FECHAMENTO E ARBORIZAÇÃO DE CAFEZAIS...........48
INTRODUÇÃO
A implantação da lavoura cafeeira do-se todo o parque cafeeiro, para ve-
é um dos pilares da sustentabilidade da rificar se há algum talhão que necessita
cafeicultura, pois, sendo uma cultura de renovação ou erradicação. É reco-
permanente, uma vez estabelecido, no mendável buscar informações e apoio
cafezal dificilmente será possível se fa- técnico, para auxiliar na tomada de de-
zerem correções. cisões sobre o sistema de produção a ser
O plantio de café envolve uma sé- adotado: se mecanizado ou não, se or-
rie de aspectos, no qual pequenos de- gânico ou convencional, disponibilidade
talhes assumem importância decisiva. Na de mão de obra, dentre outros.
maioria dos casos, as falhas cometidas Enfim, valendo-nos da contribuição
refletirão por toda a vida útil da cultura, de colegas extensionistas, de trabalhos
influenciando a sua longevidade, a quali- de pesquisadores e de experiências de
dade do produto, a produtividade da la- cafeicultores de todo o Estado, aos quais
voura, os custos de produção e, por con- rendemos nossas homenagens e agra-
sequência, a rentabilidade da atividade. decimentos, pretende-se, neste Manual,
Antes de tudo, deve-se fazer um abordar o tema Implantação da Lavoura
bom planejamento das ações, avalian- Cafeeira, de forma prática e objetiva.
MANUAL DO CAFÉ
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS
Coffea Arábica L.
PLANEJAMENTO DA pontos fracos e fortes da propriedade,
como: aptidão das terras, existência de
IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA
infraestrutura adequada, existência de
CAFEEIRA fornecedores de insumos e serviços, dis-
ponibilidade e qualificação da mão de
O planejamento faz parte da ad- obra, possibilidade de diversificação e ou
ministração de um empreendimento e adoção de atividades complementares,
consiste em tomar decisões e progra- de acordo com o potencial da proprie-
mar ações sobre: que, por que, quando, dade. Devem-se, ainda, avaliar aspectos
quanto, como e onde fazer. A comer- legais para uso do solo, da água e de ou-
cialização da produção é outro aspecto tros recursos naturais, bem como zonea-
fundamental a ser considerado, pois, mento agroclimático para a cafeicultura.
para produzir, é conveniente saber, an- Uma vez tomada a decisão pela
tecipadamente, para quem e onde ven- implantação, dependendo do porte
der o produto final. do empreendimento, deve-se adotar
A resposta a todas essas questões um plano de ação para antecipar al-
envolve, também, a busca de informa- gumas providências como a definição
ções sobre a conjuntura cafeeira, iden- de quais cultivares a serem plantadas,
tificando ameaças e oportunidades do assegurando o suprimento de mudas
ambiente econômico, bem como os em tempo e em quantidade.

8 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


O conhecimento técnico e geren- Ventos
cial aplicado nas diversas etapas do A incidência de ventos pode causar
planejamento e na implantação e con- grandes problemas ao cafeeiro, devido
dução da lavoura é fator de sucesso do a danos mecânicos, principalmente nas
empreendimento. folhas e nos ramos, favorecendo a in-
fecção por fungos e bactérias. Nesses
casos, apenas o controle químico não
ESCOLHA DA ÁREA
tem se mostrado eficiente. Ventos ex-
cessivos podem provocar, ainda, injúrias
Para a implantação da lavoura ca-
na região do coleto, devido à frequente
feeira, é necessário analisar parâmetros
que visem atender uma proposta, antes fricção do caule com o solo, levando,
de tudo, econômica e que mantenha as em casos extremos, ao tombamento de
condições de equilíbrio do sistema, den- plantas novas.
tro de um conceito de uma cafeicultura Para minimizar tais efeitos, deve-se
moderna e de alta produtividade. Al- planejar a utilização de quebra-ventos,
guns são fundamentais para a atividade que poderão ser temporários (feijão-
e devem ser analisados: -guando, milho, etc.) e permanentes (gre-
vílea, bananeira, cedro- australiano, etc.).
Temperatura
É um fator limitante para a cafeicul- Umidade relativa
tura. A temperatura média de aptidão O cafeeiro e a qualidade do café
para o cafeeiro arábica está entre 18ºC produzido podem ser prejudicados tan-
e 23ºC. to com alta, quanto com baixa umidade
relativa do ar.
Precipitação Os locais com alta umidade relativa
O regime de chuvas considerado favorecem a incidência de pragas, do-
ideal está entre 1.200 mm e 1.800 mm enças e fermentações indesejáveis. Esta
anuais, para permitir a exploração co-
condição ocorre geralmente próximo a
mercial da cultura. É importante que a
represas, grotas sombreadas, etc.
precipitação esteja distribuída de forma
Os locais com baixa umidade re-
que atinja os períodos de desenvolvi-
lativa favorecem o ataque de algumas
mento vegetativo e frutificação. O ca-
pragas e a redução do desenvolvimento
feeiro da espécie arábica pode suportar
um déficit hídrico de até 150 mm, sem do cafeeiro.
grandes prejuízos, desde que ocorra no Os efeitos da umidade relativa po-
período de repouso vegetativo. Em re- dem ser minimizados por meio do pla-
giões marginais, pode ser necessária a nejamento de ações em todas as fases
utilização da irrigação. da cultura.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 9


Altitude físicas, químicas e biológicas necessárias
No café arábica, recomenda-se o para o bom desenvolvimento da plan-
plantio em áreas entre 600 m e 1.200 ta. A profundidade efetiva mínima deve
m de altitude, pela influência que exer- ser de 120 cm e com boas condições de
ce na longevidade, na produtividade da textura e estrutura.
lavoura e na qualidade da bebida. Limitações de natureza física,
como: adensamento do solo, pedras,
cascalho, prejudicam o aprofundamen-
Topografia
to e desenvolvimento das raízes das
Influencia diretamente na escolha
plantas. Se o solo estiver compactado, é
das cultivares, no sistema de plantio, no
necessário que se faça uma subsolagem
espaçamento e na mecanização dos tra-
e ou um coveamento mais profundo,
tos culturais e colheita. ultrapassando essa camada. Do ponto
de vista químico e biológico, o solo, na
Solo sua fertilidade natural, pode apresentar
O solo deve propiciar um ambiente restrições a um desenvolvimento inicial
favorável ao pleno desenvolvimento do satisfatório do cafeeiro. A análise de so-
cafeeiro. Deve possuir as características los irá mostrar as correções necessárias.

Solos profundos, sem limitação física ao desenvolvimento radicular.

10 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


O sistema radicular do cafeeiro é res- dicular. Em muitas situações, as causas
ponsável, em grande parte, pelo sucesso podem ser atribuidas às características do
das práticas de manejo de uma lavoura. solo, associadas ou não à qualidade da
Quando tem início o declínio de um ca- muda, preparo do terreno, cuidados no
fezal, marcado pela seca de ponteiros, plantio etc. Quando os problemas estão
principalmente em decorrência da altas relacionados às raízes, qualquer medida
cargas, é necessário, antes de qualquer que venha a ser adotada torna-se ine-
intervenção para contornar o problema, ficiente ou antieconômica, ou, quando
uma avaliação o estado do sistema ra- muito, de eficácia temporária.

01 - Raiz pivotante (pião)


02 - Raiz axial
03 - Raiz lateral
04 - Suporte das raízes
absorventes
05 - Raízes absorventes

3
1

4
2

4 5

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 11


Linha de geada cultura, pela alta incidência do fenô-
Em regiões de ocorrência de gea- meno.
das, a demarcação da linha de geada A possibilidade de ocorrência de
é um fator importante a ser considera- geada pode ser verificada por meio de
do na implantação da lavoura. É uma informações e histórico da área ou de
linha imaginária que delimita a faixa sintomas observados em plantas indica-
considerada inapta ou restrita à cafei- doras, sensíveis ao frio intenso.

12 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Plantio em áreas de cafezais erradica- Plantios em sistema motomecanizado:
dos Deve ser respeitado o mínimo de
Para a implantação em terrenos espaço exigido para o trânsito das má-
anteriormente ocupados com cafezais, quinas que irão trabalhar na área. As-
deve-se verificar o histórico da ocor- sim, o espaçamento entre as linhas do
rência de pragas das raízes (cigarras, cafeeiro poderá ser de 3,5 a 4,0 metros.
moscas e cochonilhas-de-raiz), ado-
tando-se medidas de controle. Aten- Plantios em sistema não mecanizado:
ção especial deve ser dada à presença De modo geral, para as cultivares
de nematoides, posto que sua ocor- de pequeno porte, recomendam-se es-
rência poderá inviabilizar a exploração paçamentos entre as linhas de 2,4 a 3,0
econômica. metros. Para cultivares de maior porte,
. que normalmente têm maior diâmetro,
Legislação ambiental aumentar 0,5 m nos limites da faixa.
Outro fator importante que deve Espaçamentos menores que os das
ser observado é a correta ocupação do faixas citadas podem ser adotados, des-
solo, segundo a sua aptidão agrícola, de que sejam previamente planejadas as
em consonância com o que é definido podas, pois haverá, naturalmente, fe-
pela Legislação Ambiental. chamento das ruas.
Para o espaçamento entre as plan-
ESPAÇAMENTOS PARA O tas na linha, independente do sistema
CAFEEIRO de plantio, recomenda-se: 0,50 m a
0,70 m para cultivares de porte baixo
Os aspectos a serem analisados e, maior que 0,70 m para cultivares de
para a definição do espaçamento na im- porte alto.
plantação do cafezal são: Quando se planeja colher com der-
riçadoras manuais motorizadas, deve
Topografia utilizar-se de espaçamentos nas entre-
As características topográficas do linhas que permitam o manuseio pleno
terreno são o ponto de partida para a da máquina.
definição do espaçamento, uma vez que
a possibilidade ou não de motomecani- Insolação
zação dos tratos culturais e, principal- A radiação solar é fundamental para
mente, da colheita condicionará essa todas as plantas. Quando na intensidade
escolha, e, a partir daí, outros aspectos, adequada, tem efeitos sobre o cafeeiro
igualmente importantes, passam a ser que podem se traduzir em maior ativida-
considerados. de fotossintética, floração abundante e

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 13


maturação mais uniforme. Por isso, para capital investido. Contribui ainda para a
evitar o autossombreamento, principal- conservação do solo com melhoria das
mente em maiores altitudes, recomen- condições físicas, químicas e biológicas,
da-se adotar espaçamentos mais largos redução de capinas, redução da biena-
e, se a topografia local permitir, preferir lidade, melhor aproveitamento de fer-
o alinhamento das linhas de plantio pa- tilizantes. Em condições de superaden-
ralelas ao deslocamento do Sol. samento, acima de 10.000 plantas, o
A insolação excessiva, por outro alto índice de área foliar pode acarretar
lado, especialmente em altitude menor, um aumento excessivo no consumo de
pode ser danosa ao cafeeiro, provo- água pelas plantas, agravando o proble-
cando redução na diferenciação floral, ma em épocas de estiagem.
abortamento das flores e escaldadura
das folhas. Nesse caso, recomenda-se
ESCOLHA DE CULTIVARES
planejar a arborização como forma de
amenizar tais efeitos.
Existe mais de uma centena de
cultivares registradas no Ministério da
Incidência de pragas e doenças Agricultura Pecuária e Abastecimen-
As condições microclimáticas exer- to – Mapa, cada uma reunindo uma
cem influência na ocorrência e na severi- série de características desejáveis,
dade com que pragas e doenças atacam proporcionando, no ato do planeja-
o cafeeiro. Assim, por exemplo, espaça- mento, um leque de opções, que vão
mento menor nas entrelinhas propicia a ao encontro dos objetivos do empre-
maior ocorrência de ferrugem e broca, endimento. Assim, como não há uma
enquanto espaçamento maior favorece recomendação oficial, na escolha da
o ataque de ácaros, bicho-mineiro e cer- cultivar devem-se considerar aspectos,
cosporiose. como: porte e arquitetura da planta,
Finalmente, resta considerar que, índices de produtividade, qualidade de
quanto mais fechados os espaçamen- bebida, tolerância a pragas e doenças,
tos, há uma tendência para uma dimi- adaptabilidade às condições climáticas
nuição do custo de produção por saca do local, além do nível tecnológico a
produzida e um retorno mais rápido de ser adotado.

14 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Tolerância Pragas/Ne- Cor do Tamanho
Cultivares Linhagens Porte Doenças Maturação Vigor
à seca matóides fruto do fruto

LCJ 2
Bourbon LCJ 9 Alto - Susceptível Susceptível Precoce Amarela Médio Médio
LCJ 10

IAC - 376 - 4
Média a
Mundo Novo IAC - 379 - 19 Alto - Susceptível Susceptível Vermelha Médio Alto
precoce
AC - 388 - 17

Média Vermelha
MG-2945
Resistente à Média a
Icatu MG-2944 Alto - Susceptível Amarela Médio Alto
Ferrugem tardia
MG-3282
Precoce Amarela

Acaiá Cerrado MG - 1474 Alto - Susceptível Susceptível Média Vermelha Graúdo Alto

Resistente à
Canário P 500 Alto - Susceptível Precoce Amarela Médio Bom
ferrugem

IAC 15/44/99/144 Tardia Vermelha


Catuaí Baixo - Susceptível Susceptível Médio Bom
IAC 47/62/86 Tardia Amarela

Resistente à
Susceptível Média Amarela
Phoma
2 SL Susceptível susceptível precoce vermelha
Catucaí 20/15 cova 476 Baixo Tolerante médio Bom
785 / 15

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Resistente à Resistente à
Precoce Vermelha
ferrugem M. exigua

15
16
Tolerância Pragas/Ne- Cor do Tamanho
Cultivares Linhagens Porte Doenças Maturação Vigor
à seca matóides fruto do fruto

Topázio MG - 1190 Baixo - Susceptível Susceptível Média Amarela Medio Alto

Resistente à
Oeiras MG - 6851 Baixo - Susceptível Precoce Vermelha Graúdo Médio
ferrugem
Resistente à
Paraíso MG H 419 - 1 Baixo - Susceptível Tardia Amarela Graúdo Médio
ferrugem
Resistente à
IAC RN 1669-13 Resistente à M. exigua
Tupi Baixo - Precoce Vermelha Graúdo Baixo
IAC 1669-33 ferrugem
Susceptível
Vermelha

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


IAC 1669-20 Resistente à
Obatã Baixo - Susceptível Tardia Graúdo Médio
AC 4739 ferrugem Amarela
Resistente à Resistente à
IAPAR 59 IAPAR 59 Baixo - Precoce Vermelha Médio Baixo
ferrugem M. exigua
Resistente à Resistente à Muito
Acauã Baixo Tolerante Vermelha Médio Alto
ferrugem M. exigua Tardia
Resistente à
Sabiá Baixo - Susceptível Tardia Vermelha Pequeno Bom
ferrugem

Palma I Resistente à
IBC Palma Baixo Tolerante Susceptível Média Vermelha Médio Bom
Palma II ferrugem

Resistente à
Eparrey Eparrey Alto - Susceptível Vermelha Graúdo Alto
ferrugem
Tolerante à
Katipó Katipó Baixo - Susceptível Precoce Vermelha Graúdo Médio
ferrugem
Tolerância Pragas/Ne- Cor do Tamanho
Cultivares Linhagens Porte Doenças Maturação Vigor
à seca matóides fruto do fruto
Tolerante à Vermelha
Bem te vi Bem te vi Baixo - Susceptível Tardia Médio Alto
ferrugem e Amarela
Vermelho e Ama-
- Susceptível
relo
Rubi MG-1192 Baixo - Susceptível Susceptível Média Vermelha Médio Bom
Resistente à
Araponga MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Alto
ferrugem
Susceptíve
MG 1 Resistente a
Resistente à
Catiguá MG 2 Baixo - M. exigua Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
MG 3 (Catiguá
MG3)
Resistente à
Sacramento MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
Resistente à
Pau Brasil MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Médio
ferrugem
Resistente à
IPR 98 IPR 98 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
Travessia MGS Travessia Baixo - Susceptível Susceptível Média Amarela Médio Bom

IAC H -5010- Vermelha


5 (Verde)
Ouro Baixo - Susceptível Susceptível Média Vermelha Médio Bom
IAC 4925 (Bronze)
IAC 4397 (Amarelo) Amarela

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Resistente à Tolerante ao vermelha/
Siriema 842 Baixo - Precoce Médio Bom
ferrugem bicho-mineiro amarela

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PREPARO DA ÁREA E A erradicação deve ser feita com
CORREÇÃO DO SOLO todo critério, independentemente da
declividade, para minimizar o impacto
Após a escolha da área, inicia-se o da água das chuvas.
preparo do terreno para a implantação
do cafezal. Amostragem de solos para a implanta-
Todos os procedimentos nesta eta- ção de cafezais
pa têm importância fundamental no As características predominantes
estabelecimento de uma lavoura de fá- do solo no local de implantação da la-
cil manejo, produtiva e com adequada voura são de grande importância para
conservação do solo. o sucesso do empreendimento. O solo
é um ambiente extremamente dinâmi-
Limpeza do terreno co, sendo que suas propriedades físicas,
A limpeza compreende a retirada químicas e biológicas influem significati-
da vegetação rasteira e das raízes que vamente na eficiência da absorção dos
dificultam o trabalho de demarcação, nutrientes.
abertura de sulcos ou covas. Na erra- A análise de solos é uma ferra-
dicação de lavouras para novo plantio, menta indispensável no planejamento,
devem ser feitos o arranquio, a retirada na implantação e durante toda a vida
ou leiramento de tocos e raízes rema- produtiva do cafezal, pois está ligada à
nescentes, o que pode ser realizado ma- produtividade, aos custos, à longevida-
nual ou mecanicamente. de da lavoura, à conservação do solo,
enfim, é parte integrante de um sistema
de produção sustentável. Além de ser
necessária como uma prática rotineira
na atividade cafeeira, a amostragem
de solo exige critérios na sua obtenção,
para melhor refletir suas características.

Divisão da área
Para que a amostra do solo seja
representativa, a área a ser amostrada
deve ser o mais homogênea possível,
levando-se em conta o histórico de uso
e manejo (vegetação, cultura anterior,
etc.), a posição topográfica, a exposição
do terreno (faces soalheira ou noruega)

18 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


e as características perceptíveis do solo Época da amostragem
(cor, textura, etc.). Considerando que a calagem deve
Assim, os limites de uma gleba de ser feita com antecedência mínima de
terra para amostragem não devem ser 90 dias da época prevista para o plantio,
definidos apenas pelo tamanho da área, a amostragem de solos deve ser feita em
mas, principalmente, pelas característi- tempo hábil.
cas citadas, que determinam sua homo-
geneidade. Calagem
Para um bom monitoramento da A calagem promove a neutraliza-
cada área, recomenda-se que o seu ção do alumínio e do manganês tóxicos,
tamanho não ultrapasse 10 ha. Desse contribui para correção do pH do solo,
modo, glebas muito grandes, mesmo fornece cálcio e magnésio às plantas e
que homogêneas, devem ser divididas proporciona melhoria na disponibilidade
em glebas menores. da maioria dos nutrientes necessários ao
. desenvolvimento do cafeeiro.
Profundidade A incorporação do corretivo, ante-
Para cada área homogênea, a riormente ao plantio, é vital para a pro-
amostragem deverá ser feita nas pro- dutividade e longevidade da lavoura. A
fundidades de 0-20 e 20-40 cm. aplicação localizada no sulco ou na cova
é a única oportunidade de colocá-lo em
maior profundidade, propiciando o de-
senvolvimento do sistema radicular.
A calagem em área total visa cor-
rigir a camada de solo de 0 a 20 cm de
profundidade, aplicando-se a quantida-
de de calcário necessária para elevar a
60% o índice de saturação de bases na
referida camada. Pode ser feita em duas
etapas, compreendendo a distribuição
seguida da incorporação do corretivo.
A forma de incorporação dependerá da
disponibilidade de máquinas e da to-
pografia do terreno, sendo que a mais
utilizada é a incorporação por meio da
aração e da gradagem.
Nas regiões montanhosas, a incor-
poração é feita com operações manuais

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 19


de coveamento, capinas, etc., ficando, quando a saturação desse na CTC do
por isso, limitada, nos primeiros anos, solo for maior que 30%.
a uma camada menor que os 20 cm Uma vez recomendado o uso do
pretendidos, sendo recomendada a re- gesso, sua aplicação ainda deverá ser
dução proporcional na quantidade de viável, do ponto de vista operacional e
calcário calculada, para evitar a superca- econômico, e pode ser anterior, simul-
lagem. Uma alternativa seria a redução tânea ou posterior à do calcário. Se na
da quantidade de calcário calculada pela adubação de cova ou sulco for preco-
metade, supostamente considerando a nizado o uso de superfosfato simples
correção no perfil de 0 a 10 cm. como fonte de fósforo, pode-se dispen-
sar a aplicação do gesso, já que esse se
Gessagem encontra em teor de aproximadamente
O gesso agrícola possui teor de 17 50% no referido adubo.
a 20% de cálcio e 14 a 17% de enxo-
fre e não é considerado corretivo de Locação do cafezal
solo, portanto não substitui o calcário. Compreende a marcação das nive-
O gesso tem a propriedade de perco- ladas básicas dos carreadores em nível
lar no perfil do solo, fornecendo cálcio, e das estradas de acesso e contorno da
enxofre, neutralizando o alumínio nas lavoura.
camadas mais profundas do solo, pro-
01 - Marcação das niveladas básicas
movendo ali a melhoria do ambiente
As niveladas básicas são linhas pro-
radicular. Sua utilização, entretanto,
visórias, em nível, definidas com auxí-
deve ser criteriosa, especialmente em
lio de instrumentos, como clinômetro
terrenos de fertilidade baixa, pois, além
ou nível topográfico. Também podem
do cálcio, pode haver o arraste de outras
ser usados o nível pé-de-galinha ou de
bases, como magnésio e potássio, para
mangueira, que são de construção sim-
as camadas mais profundas, com a di-
ples e de precisão satisfatória. À medida
minuição desses nutrientes das camadas
que a nivelada básica for sendo locada,
superficiais. A utilização do gesso fica
o seu traçado deve ficar identificado
condicionada aos resultados da análise por estacas, que irão orientar, poste-
de solos na camada de 20 a 40 cm de riormente, a construção dos carreado-
profundidade. A gessagem é indicada, res em nível, bem como a demarcação
segundo a 5a Aproximação, quando, das linhas de plantio. As niveladas bá-
na referida profundidade, os níveis de sicas são distanciadas de 20 a 30 me-
cálcio estiverem abaixo de 0,4 cmolc/ tros, em regiões montanhosas, e 40 a
dm³ e ou quando o teor de alumínio for 70 metros, em áreas mecanizáveis. Em
maior que de 0,5 cmolc/dm³ ou, ainda, cada um desses intervalos, adotar os

20 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


valores menores para maiores declivi- arrastado sobre o sulco já pronto, servi-
dades e vice-versa. rá de guia para orientar o deslocamento
Quando se planeja utilizar de “ca- do trator. Quando for necessário, abrir,
nhões” nas pulverizações, as distâncias no final do carreador em nível, uma área
deverão ser ajustadas, de acordo com o mais alargada para a descarga e depósi-
alcance do equipamento. As niveladas to de materiais, manobras de máquinas
básicas devem ser numeradas de cima e veículos. Repetir esses procedimentos
para baixo, tomando-se as ímpares como em todas as niveladas básicas pares até
referência para a marcação das linhas de o ponto mais baixo da gleba. Posterior-
plantio. Uma vez concluída a demarca- mente serão abertos, conforme descrito
ção da nivelada e percebendo-se que o mais adiante, os carreadores pendentes.
traçado ficou com vértices muito pro- Dependendo das condições de topogra-
nunciados, recomenda-se fazer peque- fia e da infraestrutura da propriedade,
nas correções, suavizando as curvas. poderão ser empregadas outras alterna-
As niveladas pares serão utilizadas tivas para a execução dos trabalhos, in-
para locar os carreadores em nível, os clusive usando equipamentos de tração
quais serão ligados entre si por carre- animal.
adores pendentes, desencontrados e
distribuídos em pontos estratégicos, de 03 - Marcação das linhas de plantio
modo a facilitar o trânsito de máquinas, Após a abertura dos carreadores e
transporte de insumos e do café colhido. com o espaçamento já definido, inicia-
-se a marcação das linhas de plantio,
02 - Marcação e abertura de carreado- a partir das niveladas básicas ímpares,
res em nível para cima e, em seguida, para baixo,
A marcação dos carreadores em ní- dentro de cada talhão. À medida que
vel é feita abrindo-se sulcos rasos sobre forem sendo determinadas, as linhas
as linhas das niveladas básicas pares, deverão ter seu traçado no terreno mar-
com o centro do trator acompanhan- cado por piquetes ou enxadão.
do a trajetória das estacas. No retorno, Nas lavouras a serem mecanizadas,
marca-se o outro lado do carreador, nos terrenos mais inclinados, a abertu-
usando-se uma vara de bambu com ra de carreadores que serão utilizados
medida igual à largura programada 4 a como terraços de base larga e ou estra-
7 metros, dependendo do tamanho da das poderão deixar barrancos na borda
máquina que se pretende usar na me- inferior do talhão. Recomenda-se, nessa
canização da colheita. O bambu utiliza- situação, iniciar a marcação das linhas
do deve ter uma corrente ou pêndulo de plantio a partir da parte de baixo do
preso em sua extremidade que, ao ser talhão, usando, como referência, o pró-

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 21


22 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais
prio carreador em nível, evitando, assim,
que as ruas “morram” nos barrancos,
impedindo a entrada de máquinas.
Para controle da erosão, recomenda-
-se a abertura de cordões em contorno,
cuja finalidade é interceptar e reter a água
das chuvas na área compreendida entre
um terraço e outro. Recomenda-se apro-
veitar a própria nivelada básica de ordem
ímpar para tal finalidade. Ainda com o
locação e o sulcamento, em linhas re-
propósito de controlar a erosão, recomen-
tas, paralelas, tendo com referência dois
da-se a abertura de caixas de retenção,
pontos, um no início e outro no final da
em pontos estratégicos às margens dos
linha, feitos talhão por talhão, de modo
carreadores, cuja finalidade é promover
que o final da linha em um talhão coin-
a captação das águas que se concentram
cida com o início da linha em outro, fa-
nesses locais. Em regiões de topogra-
cilitando, assim, os tratos culturais e a
fia mais plana, as caixas de retenção são
colheita.
substituídas por bacias de captação.
Em terrenos com topografia favo-
04- Subsolagem
rável e, principalmente, para facilitar a
Antes de iniciar o sulcamento, deve
colheita mecanizada, podem-se fazer a
ser feita uma avaliação das condições físi-
cas do solo para verificar possível ocorrên-
cia de compactação, relacionada ao uso
inadequado de implementos, como arado
e grade, no preparo do terreno, tráfego
intenso ou de adensamento, relacionado
às características naturais do solo.
Para facilitar o desenvolvimento
radicular do cafeeiro e a infiltração de
água em solos com esses tipos de bar-
reiras, é feita a subsolagem, utilizando-
-se de subsoladores de 3 ou 5 hastes.
Essa operação pode ser realizada so-
mente no sulco de plantio, por ocasião
da incorporação do corretivo de solo e
fertilizantes ou, se necessário, em toda
a área.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 23


À medida que a operação de sulca-
mento estiver sendo realizada, o alinha-
mento poderá sair do nível. O tratorista
experiente corrige essas distorções, au-
mentando ou diminuindo gradativamen-
te a largura das ruas nos encontros com
as linhas dos carreadores ou das estradas
perimetrais. É importante que as ruas de
café não terminem “subindo” nas estra-
das e nos carreadores, evitando, assim,
a entrada de enxurradas, que acarretam

Subsolador de 3 hastes

05. Abertura de sulcos ou covas


A fase seguinte consiste em efetu-
ar a abertura de sulcos ou covas, opção
que é decorrente da possibilidade ou
não da mecanização. Sempre que a de-
clividade permitir, deve-se preferir o sul-
camento, que pode ser feito até mesmo
com arado animal. Isto se deve ao maior
rendimento operacional.

5.1. Sulcamento
Após a marcação das niveladas bá-
sicas e dos carreadores em nível, é feito
o sulcamento do terreno. Normalmente
são necessárias duas passadas do sulca- Sulcador
dor, a primeira mais rasa e a segunda
aprofundando o sulco. Nesse caso, o
bambu usado como medida da largura
das ruas deve ficar posicionado apenas
de um lado do trator. A largura e a pro-
fundidade do sulco devem ser de, no
mínimo, 40 centímetros, podendo ser
aumentadas, dependendo dos equipa-
mentos e das máquinas disponíveis.
Solo raso

24 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


5.2 - Abertura dos carreadores pendentes
Carreadores pendentes são estra-
das que ligam e permitem o acesso de
máquinas e veículos entre os carreado-
res em nível. Dependendo do relevo da
área, a construção desses carreadores
pode ser feita de duas formas distintas,
a saber:
erosão nos sulcos de plantio, podendo
até arrancar as mudas plantadas.
5.2.1. Áreas mecanizáveis
Como alternativa ao sistema meca-
Depois de sulcar a área, marcam-
nizado, há a opção da abertura dos sul-
-se os carreadores pendentes, procu-
cos, utilizando mecanização de tração
rando deixá-los desencontrados e em
animal, que atende, inclusive, as áreas
diagonal, em relação ao alinhamento
montanhosas.
da lavoura.
A abertura desses carreadores pen-
dentes é feita desfazendo os sulcos no
trecho marcado, usando uma grade, lâ-
mina traseira ou qualquer implemento
disponível na propriedade.

5.2.2. Áreas montanhosas


Nessas áreas, os carreadores pen-
dentes deverão ter a sua inclinação sua-
Como alternativa ao sistema mecanizado,
vizada o suficiente para facilitar o acesso
há a opção da abertura dos sulcos utilizan-
do mecanização tração animal, que atende, de máquinas e veículos entre os carrea-
inclusive às áreas montanhosas dores em nível.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 25


5.3. Coveamento me de 64 litros, que podem ser preen-
O bom dimensionamento da cova chidos com quantidades balanceadas de
é importante no sentido de proporcio- matéria orgânica, corretivo de solo, ma-
nar um maior volume de terra adubada, cro e micronutrientes, bem misturados à
conforme análise de solos, e, assim, ga- terra de enchimento.
rantir à muda maior volume de solo a A marcação das covas é feita sobre
ser explorado pelas raízes e expandir o a linha de plantio já demarcada, com
seu crescimento em grau desejável. As auxílio de um enxadão, conforme espa-
dimensões básicas recomendadas são çamento entre as plantas, previamente
de 40x40x40 cm, totalizando um volu- determinado.

26 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Nos pontos marcados, é feita a
CORREÇÃO E ADUBAÇÃO DE
abertura da cova, geralmente com PLANTIO
enxada valeira ou enxadão. Para uma Para propiciar à muda uma condição
boa padronização das dimensões das favorável ao seu enraizamento abundan-
covas, pode-se empregar um gabarito te e profundo, é preciso disponibilizar no
ambiente radicular, durante o período de
(foto abaixo).
formação, os nutrientes necessários, com
Outra modalidade de coveamento
base na interpretação da análise de solos,
consiste no emprego da perfuradora
conforme a 5ª Aproximação.
manual motorizada (trado ou broca). A estreita relação de alguns nutrien-
As dimensões, nesse caso, ficam altera- tes com o desenvolvimento radicular, com
das, dependendo do diâmetro do equi- destaque para cálcio e fósforo, sugere um
pamento, porém, com profundidade cuidado especial no adequado suprimen-
de até 50 centímetros. to desses elementos desde o plantio.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 27


O cálcio, de mobilidade restrita Com relação aos micronutrientes,
na planta e de baixa mobilidade no destaca-se a eficiência do boro via solo,
solo (normalmente alcançado por in- o que justifica o seu uso no plantio,
terceptação das raízes), precisa estar preferencialmente pelas formulações
misturado em todo o volume de terra comerciais fosfatadas contendo boro.
da cova ou sulco, para assegurar a sua Quanto ao zinco e cobre, cuja eficiência
absorção em quantidade satisfatória. via solo, especialmente os argilosos, tem
Portanto, mesmo que se tenha feito a sérias restrições, recomenda-se a aplica-
correção do solo em área total, é in- ção via foliar.
dispensável a sua complementação de Caso tenham sido feitos anterior-
forma localizada. mente cultivos sucessivos com milho,
Quanto ao fósforo, que também é com utilização de formulações conten-
de mobilidade baixíssima no solo, mas do zinco e boro, podem ocorrer altos
níveis residuais desses microelementos,
que é de translocação alta dentro da
principalmente de zinco, acarretando
planta, é admissível até mesmo a sua lo-
retardamento no desenvolvimento das
calização de forma pontual. Entretanto
mudas. No entanto, isto pode ser veri-
algumas pesquisas mostram melhores
ficado com antecedência, por meio da
resultados, quando misturado em todo
análise de solos.
o volume da cova ou sulco.
O uso da matéria orgânica no plan-
Existem diversas fontes de fósforo
tio deve ser recomendado, quando seu
indicadas para a adubação de plantio
teor no solo for menor que 2%. Deve-
do café, cuja solubilidade é bastante
-se levar em conta o seu alto custo de
variável, a saber: os fosfatos naturais,
aquisição, quando não tiver disponível
os fosfatos naturais reativos e os ferti-
na propriedade.
lizantes fosfatados. Cada um deles se
destacando em alguma característica Fechamento e alargamento do sulco
desejável. Dentre os mais recomenda- No preparo do sulco para plantio, o
dos, ressalta-se o superfosfato simples fechamento (enchimento), após a distri-
que, além de ser o mais barato, possui buição de calcário, adubo e matéria or-
aproximadamente 50% de gesso em gânica, pode ser feito com a passagem
sua composição. Outra fonte bastante do subsolador de três hastes, o qual rea-
utilizada são os fosfatos reativos, cuja liza, simultaneamente, incorporação dos
formulação promove a liberação lenta insumos, alargamento e fechamento do
do fósforo. É uma alternativa tecnica- sulco, cuja superfície pode ser aplainada
mente válida, que deve ser avaliada com uma enxada rotativa, lâmina trasei-
quando seu custo se justificar. ra ou o próprio pneu traseiro do trator.

28 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Enchimento da cova
Esta operação deve ser feita co-
locando na borda da cova as porções
previamente calculadas e medidas de
calcário, adubo e, se for o caso, matéria
orgânica, misturando-os à terra de en-
chimento, o que deve anteceder o plan-
tio em pelo menos dois meses.
Recomenda-se encher a cova aci-
ma do nível do solo de forma abaulada,
para evitar, posteriormente, a forma-
ção de depressão em seu leito, devido
à compactação normal da terra, que é
um dos fatores causadores do “afoga-
mento” (enterramento parcial do caule
prejudicial ao cafeeiro).
Ainda nesta etapa, podem-se ado-
tar medidas complementares, para faci-
litar a infiltração das águas das chuvas,
através da formação “banquetas”. As
“banquetas” são degraus que se for-
mam no terreno, imediatamente acima
da linha de plantio, como resultado da
retirada de terra “gorda” para o preparo
da mistura de enchimento das covas.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 29


sa fase há, muitas vezes, o risco de com-
prometer o estabelecimento do cafezal,
consequentemente, a produtividade e a
longevidade da lavoura.

Qualidade das mudas


As mudas de café devem atender
os padrões técnicos e normativos, de-
finidos pelo órgão de fiscalização da
produção de mudas. Destacam-se as
seguintes características:

• Serem produzidas em viveiros


registrados.

• Terem de 3 a 6 pares de
folhas definitivas, apresentado
desenvolvimento normal.

• Terem sido aclimatadas por um


período de pelo menos 30 dias.

• Estarem livres de doenças, como:


cercosporiose, rizoctoniose e
nematoide.

• Apresentarem, no máximo, 5% de
“pião torto”.

Época de plantio
PLANTIO A época ideal para o plantio não
irrigado, para a maioria das regiões ca-
Quando adequadamente implanta-
do, o cafezal responde melhor aos tratos feeiras, compreende o período de outu-
culturais, reage melhor às adversidades bro a dezembro, desde que o solo tenha
climáticas e à demanda produtiva. Nes- umidade suficiente.

30 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Preparo das mudas e plantio
As mudas devem sair do viveiro
acondicionadas em caixas e transporta-
das com cuidado até a área do plantio,
o que diminui sobremaneira o destorro-
amento, sem prejuízos para o sistema
radicular.
Procede-se à abertura das covetas, Em áreas onde não é possível a
utilizando-se de um enxadão estreito ou entrada de carretas ou veículos nos ta-
cavadeira, de forma que fiquem bem ali- lhões, as mudas são distribuídas manu-
nhadas no centro do sulco ou da cova, almente ao longo da linha de plantio,
para facilitar, posteriormente, os tratos ao lado das covas. Proceder ao corte de
culturais e a colheita mecanizados. Mo- aproximadamente 1 cm do fundo do sa-
mentos antes do plantio, fazer uma rega quinho e retirar cuidadosamente o res-
abundante ou imersão em água. tante do plástico.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 31


Ao concluir o plantio, fazer o re-
colhimento dos saquinhos de plástico
espalhados pela área, dando a correta
destinação a eles.

Em áreas de topografia favorável,


utilizar-se da plataforma plantadora
acoplada a um trator, que abre peque-
nos sulcos na linha de plantio, com o
auxílio de um marcador, que determi-
na o espaçamento entre as plantas. Na
plataforma, as mudas, já com os fundos
dos saquinhos cortados, são distribuí-
das, e, logo após, outros trabalhadores
efetuam o plantio manualmente. Há,
A seguir, colocar a muda na cove- ainda, os casos em que a operação é to-
ta, bem aprumada e ao nível do solo, talmente mecanizada.
pois, se muito profunda, resultará em
“afogamento” do caule. Se muito rasa,
com exposição do bloco, pode levar as
mudas a tombarem, principalmente sob
efeito de ventos, predispondo, ainda, ao
ressecamento excessivo nas estiagens.
Após a colocação das mudas na cove-
ta, deve-se pressionar levemente a ter-
ra apenas lateralmente, sem pressionar
o bloco, o que poderia comprometer o
sistema radicular, causando o chamado
“pião torto”.

32 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Em grandes áreas, é recomendável
02
a formação de equipes constituídas por
fiscais e encarregado da distribuição de
mudas, da abertura das covetas e do
plantio. Uma equipe bem dimensionada
é composta de 26 pessoas e (de) um en-
carregado da fiscalização. Normalmente,
o rendimento operacional de uma equipe
é de 300 a 400 mudas por pessoa/dia.

03

Outros cuidados
Pequenos cuidados são importan-
tes e podem fazer a diferença, tanto no
bom “pegamento” das mudas, quanto
nas fases subsequentes.

04
01

01 - “Acabamento” no sulco.
02 - Banquetas.
03 - Afogamento.
04 - Queimadura provocada pleo contato
com restos de sacola

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 33


Replantio as mudas mortas ou debilitadas. O re-
Após 30-40 dias da realização do plantio de 3 a 5% das mudas é consi-
plantio, inicia-se o replantio nas falhas derado normal e deve ser planejado no
que porventura ocorrerem, substituindo suprimento de mudas para o plantio.

01A Algumas causas de insucessos na


formação de cafezais:

01A e 01B - Afogamento do colo


02 - Pião Torto (Mudas repicadas e/ou
manuseio incorreto.
03 - Depauperamento precoce devido a
problemas nas raízes. (Planta da direita)

01B 02

03

34 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


ADUBAÇÃO DE PÓS-PLANTIO A dose de potássio e de nitrogênio
a ser fornecida via adubação é indicada
Os macroelementos mais exigidos em tabelas da 5ª Aproximação, interpre-
pelo cafeeiro são o nitrogênio e o po- tadas e recomendadas por um técnico.
tássio. Serão adicionados à adubação Existem formulações nitrogenadas
de cobertura no pós-plantio, de forma de liberação lenta, que permitem forne-
parcelada, devido à alta lixiviação de cer a dose necessária do nutriente em
ambos no perfil do solo e da alta vo- uma única aplicação no plantio, em subs-
latilidade do nitrogênio. A adubação é tituição aos parcelamentos usuais, e pro-
realizada após 20 a 30 dias do plantio, porcionam maior eficiência na absorção
quando em condições normais de umi- e economia em serviços, podendo ser
dade, a muda apresentará pegamento, usadas desde que seu preço justifique.
ao mesmo tempo em que as raízes terão Os micronutrientes cobre, boro e
alcançado o solo além do bloco. zinco são indispensáveis ao cafeeiro e pre-
Uma primeira adubação em co- cisam ser supridos via adubação, a menos
bertura deve ser feita nesse período, que seus teores no solo sejam significati-
colocando o adubo nas proximidades vos, o que normalmente não acontece.
da muda, a 10 cm do caule, portanto Quando adicionados ao solo via aduba-
ao alcance das raízes, para maior rapi- ção, o cobre e o zinco estarão sujeitos a
dez e eficiência na absorção desses nu- restrições em sua disponibilidade, nota-
trientes. Outros 2 ou 3 parcelamentos damente em solos argilosos. Nesse caso,
devem ser feitos até o final do período devem ser fornecidos por via foliar, em
chuvoso, mantendo a mesma distância pulverizações em número de 3 a 4 por
do caule. ano, de preferência no período chuvoso.

CLASSES DE FERTILIDADE

TEORES DE POTÁSSIO NO SOLO - mg / dm3


Dose de N
BAIXO MÉDIO BOM MUITO BOM g / cova
por
< 60 60 - 120 120 - 200 > 200
aplicação
DOSES DE K O - g / cova / ano 3-5
2

30 20 10 0

Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais 5ª Aproxi-


mação.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 35


CONDUÇÃO DA LAVOURA • local da amostragem: sob a saia do
NO 1º E 2º ANO PÓS-PLANTIO cafeeiro e fora dos limites da cova
ou sulco, para se evitarem resultados
No primeiro e segundo anos após o “contaminados” pela adubação
plantio, há uma série de tratos a serem residual de plantio.
efetuados, os quais irão dar prossegui-
mento a um bom desenvolvimento do Adubação de 1º e 2o ano pós-plantio
cafeeiro. São eles: No período subsequente à im-
plantação da lavoura, e ainda na fase
Amostragem de solo em lavouras im- de formação, compreendido entre o
plantadas 1º e 2º ano pós-plantio, recomenda-
Os procedimentos devem seguir as
-se aplicar o nitrogênio e potássio nas
recomendações já feitas para a implan-
dosagens sugeridas a seguir, em 3 a 4
tação da lavoura, com as seguintes par-
parcelamentos durante o período chu-
ticularidades:
voso. Os fertilizantes recomendados
• época da amostragem: cerca de 60 devem ser aplicados na superfície do
dias após a última adubação; solo, espalhados sob a “saia” do ca-
• profundidade de amostragem: de 0 feeiro, região onde está a maior parte
a 20 centímetros; das raízes absorventes.

CLASSES DE FERTILIDADE

TEORES DE POTÁSSIO NO SOLO - mg / dm3


Dose de N
BAIXO MÉDIO BOM MUITO BOM g / cova
por
< 60 60 - 120 120 - 200 > 200 aplicação
3-5
DOSES DE K2O - g / cova / ano

30 20 10 0

Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais 5ª Aproxi-


mação.

36 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


No primeiro e segundo anos do Em lavouras bem implantadas, é
pós-plantio do cafezal, fica dispensa- comum os cafezais apresentarem pers-
pectivas de colheita comercial aos 2
da a adubação fosfatada, desde que o
anos e meio de idade. Nesse caso, ado-
fósforo tenha sido fornecido nas doses tar as recomendações de adubação para
recomendadas, no plantio. lavoura já em produção.

Cobertura após o pegamento

Cobertura no 1º e 2º ano

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 37


TRATOS CULTURAIS ladrões”) e manter uma arquitetura
ideal ao cafeeiro. O cafeeiro arábica é
A lavoura de café recém-implan- via de regra monocaule; entretanto fa-
tada demanda uma série de cuidados, tores adversos, como o estresse hídrico,
que, embora simples e de fácil execu- inclinação da haste principal, desfolha
ção, são indispensáveis para promover excessiva por pragas e doenças, corte da
a continuidade do desenvolvimento, gema apical (“capação”) por formigas e
devendo ser realizados em tempo há-
grilos, provocam a emissão desordena-
bil. Dentre os tratos culturais recomen-
da de brotações, que, sem intervenção,
dados, destacam-se desbrotas, manejo
trazem as consequências indesejadas do
do mato, manejo de pragas e doenças e
envassouramento.
manutenção das estradas, carreadores,
cordões e caixas de retenção. As desbrotas devem ser feitas quan-
do for necessário, o mais cedo possível,
Desbrotas pois sua execução tardia pode causar
Tem por finalidades eliminar os ra- alterações na arquitetura da planta e in-
mos ortotrópicos indesejáveis (“ramos júrias no caule.

Desbrota: na formação, eliminar brotos no ramo ortotrópico.

38 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Manejo do mato de roçadas nas entrelinhas, sendo a linha
O conceito até pouco tempo en- de plantio mantida sempre no limpo,
tendido como controle do mato propõe, por meio de enxada ou pela aplicação
atualmente, ser trabalhado como ma- de herbicidas. A largura da trilha deve
nejo do mato, com todos os aspectos ser de pelo menos 40 cm de cada lado,
positivos que isso acarreta. Este novo devendo ser aumentada, acompanhan-
enfoque, dentro de princípios técnicos e do a expansão da projeção da copa.
econômicos, tem demonstrado redução Durante o período seco, o mato
de serviços com capinas, menor incidên- nas entrelinhas deve ser mantido baixo,
cia de pragas, melhor conservação do para reduzir a transpiração e, por conse-
solo, além de um ambiente mais equi- guinte, a concorrência por água. Já no
librado, favorecendo a produtividade e período chuvoso, quando a disponibili-
reduzindo o custo de produção. dade de água não é limitante, admitem-
A capina de forma sistemática e em -se roçadas mais leves, sem prejuízos
área total tem sido substituída pelo uso para o cafeeiro.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 39


Dano mecânico: imperícia no uso de roça-
deira manual motorizada.

40 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Pragas
A lavoura está sujeita, desde o
plantio, ao ataque de pragas, tanto de
solo como da parte aérea.
O bicho-mineiro e o ácaro, em
determinadas regiões onde a ocorrên-
cia se dá de forma endêmica, causam
prejuízos, provocando atrasos no cres-
cimento de cafeeiros jovens. Cocho-
nilhas, grilos, formigas-cortadeiras e
outras pragas podem ser constatadas
eventualmente, causando danos em
nível econômico, porém de forma lo-
calizada. Planta atacada por bicho mineiro

Planta atacada por ácaro vermelho.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 41


Doenças além das lesões causadas nos ramos
Em lavouras recém-implantadas, novos.
a cercosporiose (também conhecida O controle sistemático das doenças
por “olho pardo” ou “olho de pom- deve ser realizado logo após o “pega-
ba”) merece destaque pela frequên- mento” das mudas, podendo ser asso-
cia e intensidade de sua ocorrência e ciado às pulverizações de micronutrien-
pela alta porcentagem de desfolha, tes, como: o zinco e o boro.

Manejo integrado de pragas e doenças série de práticas que o cafeicultor pode-


rá adotar, após a implantação da lavou-
O manejo integrado de pragas e ra e uma integração dos manejos cultu-
doenças consiste na interação de uma ral, biológico e químico.

42 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Manejo adequado do mato mover melhoria na infiltração de água,
Além de proteger o solo da expo- oferece abrigo aos inimigos naturais
sição excessiva às intempéries e pro- das pragas.

via solo, carecem de suplementação via


Equilíbrio nutricional foliar. A aplicação de fungicidas cúpri-
As doenças em geral, e em espe- cos já satisfaz a necessidade nutricional
cial a cercosporiose, têm relação inversa de cobre da planta. O zinco pode ser
com o estado nutricional das plantas. A acrescentado à calda de pulverização
nutrição completa do cafeeiro pressu- na forma de sais ou quelatos. Em re-
põe o fornecimento em quantidade e giões onde há problemas de deficiên-
proporções adequadas de macro e mi- cia de manganês, devido à alcalinida-
cronutrientes. de do solo, provocada, muitas vezes,
Esses últimos, notadamente o zin- pelo excesso de calcário, aconselha-se
co e cobre, normalmente não supridos acrescentar esse micronutriente.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 43


Equilíbrio ambiental
Em propriedades cafeeiras, com
áreas de cultivos extensos, onde predo-
mina a monocultura do café, algumas
pragas e doenças têm a sua severidade
potencializada, reduzindo a possibilida-
de de uma condução dentro de princí-
pios mais agroecológicos.
Controle químico
No momento em que a interação
dos fatores acima se torne insuficiente
para manter, em níveis economicamen-
te aceitáveis, os danos provocados pelas
pragas e doenças, caberá, então, o recur-
so do controle químico, em caráter com-
plementar, mediante monitoramento.
Quebra-ventos
Sua importância é tanto maior
quanto mais frias sejam as correntes de
vento que atingem o cafezal, principal-
mente quando associadas a invernadas.
Ação do vento (1 ano após o plantio)

44 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


CULTURA INTERCALAR Uma desvantagem é a possibili-
dade de a cultura intercalar hospedar
Muito usada, principalmente pelos pragas do cafeeiro. Isso ocorre ape-
agricultores familiares, a cultura interca- nas eventualmente e é largamente
lar em cafezais apresenta vantagens e compensado pela contribuição para
desvantagens.
o equilíbrio no ambiente, quando se
Destacam-se como vantagens o uso
leva em conta que a cultura interca-
mais intensivo das áreas agricultáveis
lar é também hospedeira de inimigos
da propriedade rural, a conservação do
solo, o uso como quebra-ventos tempo- naturais. Outra desvantagem é a com-
rários, a incorporação de nitrogênio ao petição da cultura intercalar com o ca-
solo quando se plantam leguminosas e feeiro por água, luz e principalmente
a possibilidade de renda adicional. nutrientes.

Café x Feijão

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 45


Cultivos intercalares: inhame, amendoim e arroz de sequeiro

46 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


As culturas intercalares mais usa- minimizar a competição, considerar
das são arroz, milho, feijão, amendoim, o comprimento que o ramo baixeiro
mandioca, inhame, girassol e soja. Para da saia terá, ao final do ciclo da
tornar mais objetiva a definição do nú- cultura intercalar (3 a 6 meses após
mero de linhas da cultura intercalar que plantio).
pode ser plantada nas ruas do cafezal,
• - Tecnicamente, o espaçamento
com um mínimo de competição, de-
entre as linhas da cultura intercalar
vem-se levar em conta, entre outros, as
solteira considera que, naquela
características morfológicas do sistema
distância, a produtividade econômica
radicular do cafeeiro e da cultura inter-
é maximizada.
calar, considerando o seguinte:
• Quando intercalada ao café,
• - As raízes absorventes do cafeeiro mantém-se raciocínio análogo para
situam-se, em sua grande maioria, definir a distância que deverá ser
sob a copa, mantendo certa mantida entre a linha do cafezal e a
sincronização com o crescimento dos primeira linha da cultura intercalar.
ramos plagiotrópicos. Portanto, para Assim, pode-se propor uma fórmula:

Ec - Dc - 0,5
QLi =
Ei
Sendo que:

QLi: quantidade de linhas da cultura intercalar;

Ec: espaçamento entre as linhas do café;

Dc: Diâmetro da saia do cafeeiro;

Ei: espaçamento entre as linhas da cultura intercalar.

Obs: medidas em metro.

Ressalta-se, por fim, que a cultura intercalar pode criar limitações de ordem
operacional, que dificultam ou impedem, temporariamente, a execução dos
tratos culturais.

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 47


ARBORIZAÇÃO DE CAFEZAIS Com a descoberta de valor comer-
cial para o grão de café, a cultura foi
Arborização é a técnica de cultivar sendo submetida a condições de inten-
o cafeeiro em condições de sombrea- sificação do manejo, visando o aumento
mento esparso, especialmente nas regi- de produtividade. No Brasil, dentre as
ões consideradas marginais (não aptas práticas adotadas, introduziu-se o culti-
ao cultivo do café) ou quando se dese- vo a plena luz solar, pois promovia flo-
jam condições menos estressantes de radas e safras abundantes.
cultivo (mais ecológicas). Em decorrên- O cafeeiro, entretanto, ainda man-
cia das adversidades climáticas ocorridas tém grande parte de suas características
nos últimos anos, essa técnica é uma genéticas originais e, quando submeti-
alternativa que pode ser utilizada na im- do à exposição excessiva ao Sol, pode
plantação ou em lavouras implantadas, apresentar, em maior ou menor grau,
objetivando minimizar esses efeitos. consequências negativas, como: acen-
O cafeeiro (Coffea arábica L.) tem tuação da bienalidade, maior incidência
sua origem nas montanhas da África, de algumas pragas, doenças e esgo-
em clima tropical de altitude, onde evo- tamento precoce, que, em situações
luiu em condições de sub-bosque, ou extremas, pode chegar ao depaupera-
seja, em clima ameno e à sombra. mento irreversível.

48 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


O cafeicultor que for utilizar essa viamente estabelecidos, de modo a se
técnica de arborização deve considerar ter entre 10 e 30% de sombra na área.
as espécies que serão utilizadas. Essas O sombreamento superior a 30% causa
deverão trazer algum tipo de retorno reduções importantes de produtividade,
econômico. não sendo recomendado do ponto de
Os espaçamentos devem ser pre- vista econômico.

Arborização até 30% de área sombreada

Sombreamento: não recomendado economicamente

MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais 49


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ES TADO DE MINAS GERAIS -


CFSMG - Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas
Gerais -Viçosa - 1999 - 359 p.

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MATIELLO, J.B. ; SANTINATO, R. ; GARCIA, A.W.R. ; ALMEIDA, S.R.; FERNAN-


DES, D.R. Cultura de Café no Brasil: Novo Manual de Recomendações. Rio de
Janeiro - RJ e Varginha - MG , Setembro, 2005. p. 57 – 72.

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E DO COMÉRCIO. Instituto Brasileiro do Café. Dire-


toria de Produção: Cultura de Café no Brasil - Pequeno Manual de Recomen-
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RENA, A. B.; MAESTRI, M. Genetica e Melhoramento do cafeeiro. In: RENA, A. B.;


MALAVOLTA, E.; ROCHA, M. & YAMADA, T. (Eds.). CULTURA DO CAFEEIRO
-Fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, POTAFOS. 1986. p 87-106.

RENA, A. B.; MAESTRI, M. Fisiologia do cafeeiro. In: RENA, A. B.; MALAVOLTA,


E.; ROCHA, M. & YAMADA, T. (Eds.). CULTURA DO CAFEEIRO. Fatores que
afetam a produtividade. Piracicaba, POTAFOS. 1986. p 13-86.

50 MANUAL DO CAFÉ - Implantação de cafezais


Ciências
Agrárias

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