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Tecnologia

de Gestão
Educacional
Princípios e Conceitos
Planejamento e Operacionalização
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Tecnologia
de Gestão
Educacional
Princípios e Conceitos
Planejamento e Operacionalização
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as bases do Modelo de Gestão


da Escola da Escolha, seus princípios e conceitos, e orientações
sobre planejamento e operacionalização.

O Caderno da Tecnologia de Gestão Educacional (TGE) está


organizado da seguinte forma:

Princípios e Conceitos

• Ciclo Virtuoso
• Educação pelo Trabalho
• Descentralização
• Delegação Planejada
• Ciclo de Melhoria Contínua
• Níveis de Resultados
• Parceria

Planejamento e Operacionalização

• Plano de Ação
• Programa de Ação
• Registros e Relatórios

Bom trabalho!
©iStock.com/andresrimaging
Tecnologia de Gestão Educacional
Princípios e Conceitos

Introdução

Retomando o que vimos no Caderno do A Tecnologia de Gestão Educacional


Modelo Pedagógico e acrescentando a (TGE) pode ser definida como a arte
esse debate a discussão da Tecnologia de integrar tecnologias específicas e
de Gestão Educacional, temos os pontos educar pessoas. No contexto da Escola
que estruturam a base de sustentação da Escolha, educar pessoas significa
do Modelo, a Escola da Escolha. Esse criar um ambiente educacional onde
sistema, fundamentado em princípios - todos, gestores e educadores, sintam-se
Quatro Pilares da Educação, Educação estimulados a aprender e pôr em prática
Interdimensional, Pedagogia da Presença seus conhecimentos a serviço do estu-
e Protagonismo - opera um currículo ple- dante e seu Projeto de Vida. O Modelo
namente integrado entre as diretrizes e Pedagógico e a TGE são indissociáveis
parâmetros nacionais e/ou locais e as e constituem o organismo que torna
inovações concebidas pelo Instituto. possível transformar a visão e a missão

COORDENAÇÃO DE PARCEIROS NA ESCOLA DA ESCOLHA


6 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

da escola em efetiva e cotidiana ação. diversidade de participantes na vida


Portanto, a TGE é a base na qual o escolar, e com os quais deverá lidar:
Modelo Pedagógico se alicerça para professores, coordenadores, estudan-
gerar o movimento e respectivo tra- tes, pais, comunidade, sindicato, par-
balho que transformará o que ele ceiros, os diversos setores da Secre-
traz enquanto “intenção”, efetiva e taria de Educação. Além disto, há um
concretamente em “ação”. enorme desafio posto para o Gestor
A missão primordial da escola é ga- na otimização do tempo voltado aos
rantir uma aprendizagem de qualidade, processos administrativos e de ges-
por meio da qual o estudante atribua tão de recursos. É essencial que o seu
sentido e significado ao conhecimento papel na escola esteja claro para toda
de modo que esta (a escola) promova a equipe escolar e para a comunidade.
seu pleno desenvolvimento em todas as O Gestor tem como responsabilidade
dimensões humanas (corpo, intelecto, principal coordenar as diferentes
espírito e emoção). áreas da escola, integrar os resul-
Assegurar que a escola cumpra sua tados gerados por todos e educar
missão é a tarefa mais complexa da sua equipe pelo exemplo e trabalho,
gestão escolar, isso porque encontra- inspirando-a na continuidade do
mos o Gestor diante de uma enorme projeto escolar.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 7

Princípios e Conceitos

Para que o Gestor e sua equipe possam Faz-se necessário pôr a sua dispo-
atuar verdadeiramente à luz dos princí- sição e de sua equipe um conjunto de
pios e conceitos da Escola da Escolha, ferramentas gerenciais que permitam
é necessário refletir quanto às condições dirigir a escola de forma estruturada
essenciais para um funcionamento pleno para atingir a visão estabelecida pelo
e às atitudes que a equipe deve cultivar município e/ou estado.
e praticar. Essa estrutura deverá garantir que
Quais são estas condições? missão, objetivos, metas, indicadores,
As condições acima colocadas so- estratégias e ações estejam todos
mente serão ativadas na direção dos alinhados e claramente definidos,
pressupostos da Escola da Escolha se em todas as instâncias da escola, de
certas atitudes forem adotadas por modo que todos possam, com clareza,
todos os envolvidos. Atitudes como compreender o seu papel e contribuir
iniciativa, determinação, comprome- objetivamente para a consecução dos
timento, flexibilidade, abertura para o resultados esperados para que sejam
novo, respeito, delegação, autodesen- medidos, avaliados e reconhecidos.
volvimento, mediação, dentre tantas Com base na TGE, a gestão escolar
outras, são essenciais na garantia de utiliza-se de importantes ferramentas
uma engrenagem fluida e cuidadosa. gerenciais, devidamente customizadas
A liderança do Gestor é, sem dúvida, ao ambiente escolar, possibilitando a
uma característica fundamental, porém harmonização de processos adminis-
isoladamente não basta. trativos e pedagógicos.

A minha escola tem as ferramentas e o apoio adequado?


8 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Histórico

A Tecnologia de Gestão Educacional quem é educado e traduz a capacidade


encontra suas origens no princípio da do educador de se fazer presente na
Educação pelo Trabalho. Trata-se, aci- vida do educando, satisfazendo, assim,
ma de tudo, de uma filosofia de vida uma necessidade vital do processo de
calcada no trabalho, complementada e formação humana.
sustentada pela dimensão educacional. A TGE foi inicialmente desenvolvida
Essa filosofia se inspira na mensagem em 2004, no Centro de Ensino Experi-
educativa de Norberto Odebrecht, em- mental Ginásio Pernambucano. Essa
preendedor e fundador da organização implantação foi tratada como um expe-
Odebrecht. O caráter humanista da rimento para as adequações e modu-
tecnologia de gestão desta organização lações iniciais, com vistas a atender às
foi fator decisivo na ocasião em que se características do projeto escolar, ou
fez necessário eleger qual o modelo de seja, considerando as especificidades
gestão que serviria de referência para a do ensino médio em tempo integral.
concepção do que se tornou a TGE. A partir daí foram agregadas as reco-
As ações de desenvolvimento hu- mendações presentes no Relatório de
mano dos colaboradores da Odebrecht Jacques Delors em virtude da natureza
são pautadas pelo princípio da Educa- do seu conteúdo, isto é, das aprendiza-
ção pelo Trabalho, que compreende gens que ele traz e propõe como sendo
um processo educativo alicerçado na fundamentais para que o ser humano
arte de influenciar e ser influenciado desenvolva conhecimentos, competên-
e apoia-se no princípio da Pedagogia cias e valores, em todas as dimensões
da Presença, concebido pelo educa- e em todas as fases da sua vida, desde
dor Antônio Carlos Gomes da Costa. a infância até a idade adulta, em qual-
Por meio desta, a formação da pessoa quer nível ou espaço de ensino e em
não se realiza apenas no e para o tra- qualquer cultura.
balho, mas fundamentalmente para a Nele há também o reconhecimento
vida, na adoção de uma atitude de não de que a aprendizagem não é apenas
indiferença em relação ao outro, aos um processo intelectual, mas o meio
problemas da vida e do seu entorno. fundamental para o desenvolvimento
Essa filosofia, centrada no trabalho e do indivíduo através de todas as dimen-
na educação, estrutura-se em torno sões da vida humana, considerando o
da atividade produtiva do ser humano, seu desenvolvimento pessoal, social
enquanto produtor de conhecimento e e produtivo e, finalmente, o indicativo
gerador de riqueza material e moral. de um ideal antropológico em termos
No âmbito escolar, a Pedagogia da de formação humana que, se perse-
Presença se materializa por meio do guido com competência e persistência,
estabelecimento de vínculos de consi- poderá contribuir sobremaneira com
deração, afeto e reciprocidade entre os as futuras gerações. (“Educação:
estudantes e os educadores. É o funda- um tesouro a descobrir”, Comissão
mento da relação entre quem educa e Internacional sobre educação para
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 9

Princípios e Conceitos

o século XXI, 8ª ed. São Paulo: Cortez 2003), usualmente conhecidas como os
Quatro Pilares da Educação.

É dispor de um conjunto de competências pessoais que


possibilitem à pessoa relacionar-se melhor consigo mesma
enquanto condição para relacionar-se com os outros e com as
APRENDER suas circunstâncias naturais, sociais, econômicas, políticas e
A SER
culturais, bem como para relacionar-se com a dimensão trans-
cendental – de natureza religiosa ou não - que alimenta de
sentido e significado a sua existência.

O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse senti-


do, valoriza-se a competência pessoal que torna a pessoa apta
APRENDER a enfrentar novas situações e não apenas a restrita qualificação
A FAZER
profissional. Ou seja, qualidades humanas que se manifestam
nas relações interpessoais e que são mantidas no trabalho
passam a ser mais apreciadas.

Desenvolver a compreensão e aceitação progressiva de si


próprio e do outro e a percepção da interdependência entre os
seres humanos no sentido do convívio, do trato, da realização
APRENDER
A CONVIVER
de projetos comuns e da preparação para aprender a gerir con-
flitos no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão
mútua e da convivência pacífica é a aprendizagem de que trata
este pilar.

Esta aprendizagem vai além do domínio do conhecimento,


ou seja, não se limita à aquisição de um acervo de saberes pro-
APRENDER priamente ditos. Ela se estende ao domínio da própria forma
A CONHECER como se adquire o conhecimento e das diversas maneiras de
cada um lidar com ele, por meio do acesso ou da sua produção.
Para Jacques Delors (1998, p. 92) “aprender a conhecer supõe,
antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a
memória e o pensamento.” A literatura trata simultaneamente
como um meio e como uma finalidade.

Em 2006, com a expansão das Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral


(assim batizadas pela Secretaria Estadual de Educação), iniciada em Pernambuco,
a TGE foi incluída como parte do processo de formação dos Gestores das escolas
de Ensino Médio e a partir de 2010 foram incorporados os Gestores das escolas
dos anos finais do Ensino Fundamental.
10 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

TGE – Uma quebra de paradigmas

Vivemos uma época de profundas e tornava-se cada vez mais clara a


constantes transformações. A socie- relação direta e imprescindível entre o
dade do século XXI, calcada no conheci- Modelo Pedagógico e o Modelo de Gestão
mento, na fluidez de relacionamentos e posto que a Tecnologia de Gestão
na adaptabilidade às mudanças, deman- Educacional se coloca como a base que
dará cada vez mais dos seus partícipes oferece os mecanismos para trans-
uma formação integral, ou seja, que formar as intenções pedagógicas em
considere várias dimensões humanas efetiva ação.
(corpo, intelecto, espírito e emoção). Em vista disso, a TGE apoia-se em
Reunir as condições para atuar diante princípios, conceitos e instrumentos,
desses cenários, exigiria cada vez mais para integrar tecnologias educacio-
a oferta de uma escola totalmente nais e contribuir decisivamente na
comprometida com sua atividade-fim, formação plena do educando. A TGE
isto é, trabalhar incansavelmente pela exige uma verdadeira desconstrução
busca e manutenção de uma educação de conceitos e paradigmas para en-
de qualidade. tender, aceitar e praticar seus postu-
Vale relembrar a lógica que orienta lados. Portanto, ela é mais consciência
este modelo. Após recuperação da infra- do que um método de gestão, porque
estrutura do Ginásio Pernambucano, requer de todos os profissionais que
iniciou-se um profundo projeto de compõem a equipe escolar a adoção de
recuperação da estrutura pedagógica posturas e atitudes que, via de regra,
e da qualidade do ensino por meio não fazem parte das práticas cotidia-
da criação de um novo paradigma na nas das escolas. Ainda que todas traba-
educação pública brasileira. Esse lhem para cumprir sua tarefa educativa
paradigma referia-se à criação de conforme preceitua a legislação brasi-
uma nova escola pública de Ensino leira, não necessariamente os resulta
Médio que equacionasse a “univer- dos são assegurados. Aqui, a adoção
salização” e a “qualidade”, fundamenta- da TGE é movida pela determinação
da num modelo pedagógico eficaz e em construir um novo paradigma para a
num modelo de gestão absolutamen- gestão escolar, criando a condição para
te comprometido com resultados. que o modelo de gestão “sirva” ao mode-
A questão paradigmática que se lo pedagógico, implicando em processos
pôs foi como introduzir inovações em que necessariamente levarão a escola a
conteúdo, método e gestão de maneira gerar os resultados comprometidos com
a assegurar que as concepções peda- a sua visão. Aqui, portanto, fala-se não
gógicas pudessem ser efetivamente apenas de cumprimento de preceitos
transformadas em ações e, por con-
sequência, nos resultados esperados
e pactuados, decorrentes do desejo A minha comunidade tem trabalhado mais pela
e dos esforços conjugados por toda
a comunidade escolar. A partir disto, universalização ou mais pela qualidade da educação?
Qual tem sido a atitude da minha comunidade?
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 11
Quais adaptações teríamos que fazer? Princípios e Conceitos
Temos educado pelo trabalho?

e pedagógicos. Todos vivenciam uma


relação “ganha-ganha” com a prática
deste modus operandi: pais, gestores
e vice-gestores, coordenadores peda-
gógicos, docentes, equipe de apoio,
parceiros, diversos setores da Secreta-
legais, mas de envolvimento numa ria de Educação, além do seu principal
perspectiva que eleva os profissionais participante, o estudante.
da escola a uma condição de corres- Teoricamente, a TGE trata do “óbvio”.
ponsabilidade, não apenas pelo proje- A prática, porém, envolve conscienti-
to escolar, mas pela própria realização zação e disposição para rever paradig-
do Projeto de Vida dos estudantes, no mas, assumir uma nova postura, trans-
qual todos se reconhecem fundamen- formar obstáculos em oportunidades
tais para a sua constituição. Portanto, de aprendizado e sucesso para todos,
ao mesmo tempo em que se reconhe- à medida em que o projeto escolar se
cem valorizados pela estatura da sua realiza e se cumpre. Essa característica
tarefa educativa, sentem-se igualmente é de fundamental importância, pois
comprometidos a realizá-la. propicia aos que dela se beneficiam uma
A TGE também se ajusta à realida- oportunidade única de desenvolvimento
de de cada escola, respeitando suas humano, entendido aqui como uma
peculiaridades, ao mesmo tempo em junção harmônica das habilidades
que direciona ações para sanar as cognitivas e socioemocionais.
demandas administrativas e pedagógi- A expressão máxima dessa abor-
cas identificadas. dagem metodológica configura-se no
Em síntese, a TGE: Projeto de Vida dos estudantes, pois
• Quanto à sua Postura, rege-se mais esse se assemelha à elaboração do
pela consciência do que pelo método. Plano de Ação da própria escola, no
• Adapta-se a cada realidade. qual estudantes, educadores e gestores
• Educa pelo trabalho, pelo fazer, portanto se utilizam da mesma linguagem e dos
vale-se mais da prática do que da teoria. mesmos instrumentos para planejar,
A Tecnologia de Gestão Educacional definir metas, gerenciar suas ativida-
constitui-se um instrumento versátil des e avaliar seus resultados.
e eficaz, na medida em que torna um
ciclo de planejamento escolar um exer- No fim, o Plano de Ação da
cício contínuo, de “ação e concepção”
(teoria e prática). Instrumentos estra-
Escola é a materialização
tégicos e operacionais dão vida à TGE de um sonho coletivo,
- os Planos e Programas de Ação - e
do Projeto de Vida de
proporcionam a “matéria-prima” para
a elaboração dos relatórios de acom- uma comunidade.
panhamento. A partir daí, inicia-se
um novo ciclo de planejamento, tendo Vamos agora aos princípios e con-
como pano de fundo a melhoria con- ceitos que norteiam a implantação da
tínua dos processos administrativos TGE no ambiente escolar.

O ICE entende como tecnologias educacionais o conjunto de conhecimentos e de


know how de cada membro da equipe escolar, incluindo a equipe de apoio (agente de
pátio, merendeira, secretária). Todos têm uma tecnologia que deve ser colocada
a serviço da escola, bem utilizada pelo diretor e, necessariamente, gerar resul-
tados porque existe numa perspectiva contributiva.
12 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Princípios e Conceitos da TGE

Voltando à definição da TGE, como a arte de integrar tecnologias específicas (di-


ferentes saberes, às diversas áreas do conhecimento) e de educar pessoas, lem-
bran-do que ela é mais consciência do que um método de gestão. A TGE demanda
uma abertura para o novo, para uma nova forma de ver, sentir e cuidar da escola.

Princípios

Ciclo virtuoso

O estudante e o provimento de uma Ele evidencia as relações existentes


educação de qualidade devem ser a entre gestão pública, escola/estudante,
centralidade da escola – o que ocupa investidores sociais e comunidade e
a mente de cada um dos membros da como estas se retroalimentam via um
equipe escolar, de acordo com suas sistema de comunicação pautado na
áreas específicas. A escola deve gerar confiança e na parceria.
resultados, satisfação da comunidade Nesta perspectiva, gestão públi-
(entenda-se sociedade) pelo desem- ca, comunidade, escola e investidores
penho dos estudantes, educadores e sociais atuam precipuamente em be-
gestores. Todos devem estar a serviço nefício da formação dos educandos,
da comunidade e devem se sentir realiza- promovendo a manutenção e perpetui-
dos pelo que fazem e pelos resultados dade de um sistema público de ensino
que obtêm. de qualidade, comprometido com os
O Ciclo Virtuoso, representado abai- conceitos e princípios da Escola da
xo, é um importante princípio da TGE. Escolha. Em vista disso, cria-se um ci-

O CICLO VIRTUOSO
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 13

Princípios e Conceitos

clo virtuoso, produtor de riqueza mate- Educação pelo trabalho


rial e moral:
• Os estudantes bem formados im- Educação pelo Trabalho é um princípio
pactam positivamente a comunidade educativo que exerce uma influência
em que vivem, nos espectros político, construtiva e deliberada na formação
econômico, social e cultural; e desenvolvimento das pessoas. Nela,
• Os investidores sociais (parceiros) a transmissão de conhecimentos, valo-
interagem e percebem claramente, ao res, princípios, atitudes, competências
longo do tempo, os benefícios socioe- e habilidades se dão em tempo e condi-
ducacionais originados da replicabili- ções reais, no dia a dia do exercício de
dade do Modelo nas demais escolas de suas atividades.
uma rede pública de ensino; A TGE traz uma visão pedagógica na
• A escola e a comunidade estabelecem qual o processo educativo deve ocorrer
um processo progressivo de aproxima- para, pelo e no trabalho. Na educação
ção, tendo no exercício de uma edu- para o trabalho, o educando aprende
cação de qualidade, o elo entre pais e para trabalhar; na educação pelo tra-
educandos; balho, ele trabalha para aprender; e na
• A gestão pública maximiza seus in- educação no trabalho, ele se auto-edu-
vestimentos sociais, empregando de ca. A Educação pelo Trabalho pode ser
maneira eficaz, eficiente e efetiva, os considerada a veia principal da TGE,
tributos angariados da sociedade. para a qual confluem as estratégias.
Por esta razão, este princípio tem a
Comunicação condição de mobilizar a escola para o
futuro, assegurando ao mesmo
Grande parte das dificuldades e confli- tempo a sua sobrevivência,
tos vivenciados na escola (e em tantas a sua expansão e a sua
outras organizações) é motivada pela sustentabilidade.
falta de comunicação com uma inten-
ção clara. É a própria fala em movimen-
to entre os interlocutores que, ao ser
recebida, gera um outro movimento,
de preferência aquilo que é necessário
e que se espera. Se não gerar isso, é
somente “falação”. O Gestor deve ter
a comunicação como foco de seu tra-
balho. Perdendo o foco, põe em risco a
sinergia da equipe.

© Centro de Ensino Experimental de Arcoverde


14 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Conceitos

Descentralização

Descentralizar significa distribuir as vimento de todos na consecução dos


responsabilidades e decisões de um objetivos comuns. A segunda caracte-
trabalho entre os protagonistas da rística da descentralização refere-se ao
ação (os seus autores). Paralelamente, respeito mútuo, balizando o relaciona-
os objetivos das ações pactuadas mento entre os diversos participantes
devem estar claros para gestores, do processo educativo.
coordenadores pedagógicos, profes- Significa, antes de tudo, um clima
sores e alunos. Com isso, criam-se de abertura que favoreça iniciativas e
condições favoráveis ao delineamento eclosão de novas ideias, independen-
do processo de delegação planejada. temente de ter partido do gestor ou do
A descentralização está assentada educando. A terceira e última caracte-
sobre a pedra angular formada pela rística da descentralização pressupõe
disciplina, respeito e confiança. a existência da confiança, que não
Disciplina não significa militarismo, deve ser imposta, mas sim, conquis-
inflexibilidade, nem intransigência. tada. Depende, por sua vez, de valores
Constitui-se, sobretudo, do envol- morais, tais como probidade e retidão.

EQUIPE ESCOLAR DESCENTRALIZADA


TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 15

Princípios e Conceitos

Adicionalmente, a competência profis- • Entendimento das expectativas refe-


sional insere-se como condição sine rentes ao desempenho.
qua non à realização de um processo • Surgimento do espírito de equipe.
de descentralização coerente com
seus propósitos.

O ciclo de melhoria contínua


Delegação planejada O Ciclo PDCA

Significa praticar a liderança acredi- O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act)
tando no potencial do outro, em sua é um conceito e um instrumento des­
competência e vontade de se desen- tinado a apoiar o processo de melhoria
volver, tendo em vista à delegação gra- contínua que considera as fases: plane­
dual de responsabilidades com base na jar, executar, avaliar e ajustar.
confiança e no alinhamento com as Constitui-se uma poderosa ferra­
concepções filosóficas da escola. O menta para acompanhamento e detec­
conceito de descentralização, confor- ção dos ajustes necessários ao final de
me visto anteriormente, exige do ges- uma aula, uma eletiva, um processo ou
tor autoconhecimento e envolvimento até mesmo de um período letivo.
com os receptores da sua ação. Os resultados proporcionados pela
utilização do Ciclo PDCA em uma
Complementarmente, a delegação organização também contribuem para
o desenvolvimento do pensamento
planejada, gradualmente dirigida crítico dos seus colaboradores. O estí-
e exercitada, pode propiciar aos mulo constante em planejar, executar,

educandos e à equipe escolar, avaliar e ajustar pode desencadear em


cada pessoa uma melhor compreensão
a execução de tarefas com graus do(s) processo(s) de que participa, pro-
crescentes de complexidade, pautadas piciando condições para o surgimento de
um ambiente criativo em toda a escola.
nas capacidades e maturidades Destacamos ainda que o Ciclo PDCA
cognitiva e emocional de cada um. pode ser aplicado tanto em processos
administrativos quanto pedagógicos.
Reflexos concretos de um processo Não importa a área, o conceito da
de delegação exitoso: melhoria contínua pode e deve permear
• Aprofundamento do senso de eficácia. toda a escola.
• Intensificação dos sentimentos de A figura a seguir ilustra o ciclo do plano
pertencimento e lealdade à escola. de gestão estratégico da Escola.
• Construção conjunta dos indicadores
de desempenho.
• Geração de sentimentos de autoestima
e orgulho coletivos.
16 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA


CICLO PDCA

1 2
PLANEJAR EXECUTAR
“Plan” “Do”

P D
A C
4 3
AJUSTAR AVALIAR
“Act” “Check”

Vamos agora à definição de cada uma onde aplicar as mudanças que incluem
das fases do Ciclo PDCA citadas acima: a melhoria do processo. Ao final de um
Planejar: estabelecer objetivos, es- período, geralmente anual, é impres-
tratégias e metas propostas. cindível proceder à correção do Plano
Executar: implantar o plano, executar de Ação da escola, ajustando estra-
o processo e coletar dados para mape- tégias, metas, indicadores e outras
amento e análise dos dados gerados. variáveis, em função da vivência de
Avaliar: (medição e análise): estudar cada um e dos resultados alcançados.
os resultados reais e comparar com Após essa fase, recomeça-se um novo
as metas, no intuito de se averiguar as Ciclo PDCA.
diferenças. O foco deve ser no desvio O exercício dos conceitos acima
da execução do plano, na análise das abordados proporcionam ao Gestor
diferenças para determinar as cau- preciosas informações acerca da esco-
sas, checando a adequação e a inte- la que administra.
gridade das ações. Dados gráficos A cultura da melhoria contínua
podem facilitar a visualização de pode contribuir, decisivamente, para
eventuais tendências. Com base nas o alcance de patamares crescentes
informações analisadas, podemos de eficiência escolar, pavimentando
passar à próxima fase. o caminho dos estudantes na cons-
Ajustar: (ações corretivas): determinar trução dos seus Projetos de Vida.

É o ciclo de melhoria contí


TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 17

Princípios e Conceitos

Níveis de resultados

As escolas existem e se consolidam em que esta escola navegue pelos dois pri-
suas respectivas comunidades como meiros níveis (Sobrevivência e Cresci-
instituição que assegura os processos mento) e então se estabeleça no nível
formais de educação das crianças e da Sustentabilidade.
dos jovens. Existem por tempo indefi- É natural e esperado que o primeiro
nido, para serem perenes, mediante a ano de implantação ainda seja de
integração sinérgica e produtiva das muitas incertezas, de erros e acertos
pessoas que lhes dão vida, ou seja, que e também de muitas descobertas com
asseguram a sua operação. É impor- as quais todos deverão aprender.
tante analisar a relação entre os resul- Já na transição para o segundo
tados alcançados e o ciclo de vida da ano, espera-se que a escola tenha
escola. Os resultados são diretamente entendido plenamente os princípios do
proporcionais ao ciclo de vida. Modelo, adquirido domínio das meto-
Podemos dizer que há distintos dologias, consolidado suas rotinas, sua
níveis do ciclo de vida da escola: forma de se organizar, de se comunicar
• Sobrevivência etc. É também no segundo ano, que a
• Crescimento equipe escolar deve estar em busca,
• Sustentabilidade cada vez mais, do autodesenvolvimento
Cada um desses níveis é suporte e do aperfeiçoamento pessoal e pro-
para o seguinte. Não são estáticos, fissional. Ao fim do terceiro ano, a ex-
eles se sobrepõem e se interligam. pectativa é que a escola se estabeleça
Vejamos, como exemplo, uma nova como centro difusor de boas práticas
escola de Ensino Médio que adere ao como reflexo dos resultados alcançados
Modelo da Escola da Escolha: e tenha condições de se tornar uma
Em condições ideais, serão necessá- Escola Tutora, apoiando a formação de
rios aproximadamente três anos para novos Gestores em novas comunidades.

CICLO DE VIDA DA ESCOLA


18 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Ela se torna sustentável porque criou as sistema público que a financia, mas ela
condições, pelos resultados que exibe, também alimenta esse mesmo sistema
de se manter operando no sistema e público porque oferece à sociedade que
demonstra para a sociedade, para o gestor a financia (pelo pagamento dos seus
público e investidores sociais a quem ela tributos) os resultados que lhes são
responde, o que se espera dela enquanto devidos. A escola é sustentável porque
instituição pública de educação, ou seja, retribui sob a forma de resultados
ela gera valor ao sistema, provando que àquele que a mantém por meio de re-
não é apenas alimentada/mantida pelo cursos advindos dos tributos.

PARCEIROS
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 19

Princípios e Conceitos

Parceria

A parceria é a manifestação do com- Por outro lado, existem parcerias


promisso e da responsabilidade com estabelecidas na dimensão da Secretaria
um objetivo comum. de Educação. Esses são os Parceiros
Na relação com a comunidade, a Institucionais. São organizações e/ou
escola pode e deve firmar alianças com pessoas que, associadas à Secretaria
Parceiros Locais (organizações e/ou de Educação, apoiam no conjunto
pessoas) que apoiam o projeto escolar de todas as Escolas da Escolha ou no
por meio de ações que atendem uma maior número possível, por meio de
determinada demanda específica. ações que beneficiam a escola no de-
senvolvimento de projetos acadêmi-
cos, científicos, culturais, artísticos
ou esportivos.
As Escolas da Escolha cumprem
com a sua responsabilidade como par-
ceiras da comunidade quanto produtor
de riqueza moral quando:
• alcançam a sobrevivência, o cresci-
mento e a sustentabilidade;
• oferecem à comunidade um ensino
público de qualidade;
• formam um patrimônio moral re-
presentado por uma geração de jovens
com valores éticos;
• criam oportunidades para o estu-
dante desenvolver outras habilida-
des além das cognitivas, as socio-
emocionais;
• contribuem para o desenvolvimento
social e econômico da comunidade
por intermédio do jovem autônomo,
solidário e competente.
©iStock.com/kali9
Tecnologia de Gestão Educacional
Planejamento e Operacionalização

Qual a relação entre gestão e escola?


Por que precisamos de um Modelo de Gestão?

Alguns autores consideram a admi- e definidas. Além disso, é uma área


nistração uma área interdisciplinar do conhecimento fundamentada em
do conhecimento, uma vez que utiliza um conjunto de princípios, normas e
métodos e saberes de diversas ciências, conceitos elaborados para disciplinar
como contabilidade, direito, economia, os fatores de produção, tendo em vista
filosofia, psicologia, sociologia etc. o alcance de determinados fins, como a
Historicamente, a necessidade de adequada prestação de serviços públi-
organizar os estabelecimentos nasci- cos (por exemplo, a oferta de um ensi-
dos com a Revolução Industrial, levou no de qualidade).
profissionais de outras áreas mais an- Portanto, como elo entre os recursos
tigas, como a engenharia, a buscar so- e os objetivos de uma escola, cabe ao
luções específicas para problemas que gestor combinar os meios na proporção
não existiam antes. Assim, a aplicação adequada e constantemente tomar
de métodos de ciências diversas para decisões num contexto de restrições,
administrar esses empreendimentos pois nenhuma organização dispõe de
deu origem aos rudimentos da “ciência recursos ilimitados e a capacidade de
da administração”. processamento de informações do ser
O termo “administração” vem do humano é, também, limitada. Adminis-
latim “administratione”, que significa trar (ou gerir) envolve a elaboração de
direção, gerência. Portanto, consis- planos, programas, relatórios e proje-
te no ato de administrar ou gerenciar tos em que é exigida a aplicação de co-
pessoas ou recursos com o objetivo de nhecimentos inerentes às técnicas de
alcançar metas previamente pactuadas administração (gestão).
22 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Como funciona a Fase de Planejamento?

Uma escola, como toda organização vol- Programa de Ação: é um instrumento


tada à consecução de um determinado operacional individual que trata dos
objetivo, necessita dispor de maneira meios e processos e que desdobram as
coordenada seus recursos (materiais estratégias traçadas no Plano de Ação
e humanos) em prol da realização da em ações no chão da escola.
sua atividade-fim. Por exemplo, formar Agenda: é o instrumento que traduz “o
cidadãos, habilitando-os para atuarem quando” do Plano de Ação para a equi-
competentemente na “sociedade do con- pe escolar.
hecimento” (empregamos esse termo PDCA: é um instrumento destinado a
ao nos referirmos à sociedade atual, apoiar o processo de melhoria contínua.
demandante de indivíduos cada vez mais
qualificados, cidadãos críticos e proposi- Como estes instrumentos operam entre
tivos e que tenham a capacidade de atuar si e a favor dos resultados esperados?
e influir consistentemente nos contextos
político, econômico, social e cultural). O Planejamento se inicia a partir
Pensar o agir constitui etapa relevan- da observância do Plano de Ação da
te de qualquer ação do Gestor ou educa- escola – sua “bússola” estratégica – e
dor. Planejar é o momento de reflexão, se desdobra nos Programas de Ação
de discutir com a equipe a visão de futu- dos profissionais que compõem a equi-
ro estabelecida pela Secretaria de Edu- pe escolar – o modus operandi – o
cação para a Escola da Escolha e de de- “fazer” de cada um. Nos Programas de
cidir como desdobrá-la em estratégias e Ação, encontramos os objetivos, metas
ações a serem operacionalizadas no dia a e indicadores que nortearão o curso
dia da Escola. Esse também é o momen- de uma ação individual para a realiza-
to de refletir sobre as expectativas da es- ção dos resultados pactuados no Plano
cola, os prazos e os responsáveis pelo le- de Ação.
vantamento de informações e dados, que Não apenas o Planejamento, mas
servirão de subsídio à elaboração dos outras ações do cotidiano da orga-
instrumentos de gestão. nização escolar devem ter como re-
ferência o que preceitua o PDCA, ou
A TGE utiliza alguns importantes seja, que a passagem atenta e plena
por todas as suas fases deve levar a
instrumentos de gestão, traduzindo organização a uma trajetória contínua
estratégia em operação, ou melhor de melhoria dos processos e, por con-
sequência, dos resultados obtidos.
dizendo, sonho em ação.
Deve-se ter em mente a carac-
Os instrumentos são: terística estratégica do Plano de
Plano de Ação: é um instrumento Ação ao subsidiar a elaboração dos
estratégico da escola que norteia a Programas de Ação. A ideia consis-
equipe escolar na busca de resultados te em desdobrar o Plano de Ação
comuns sob a liderança do Gestor. em Programas de Ação para cada

©iStock.com/track5
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 23

Planejamento e Operacionalização

membro da equipe escolar, espelhando os objetivos, metas e indicadores


que nortearão o seu curso de ação individual.

Elaboração do Plano de Ação da Escola

1 Estudo e Mobilização da Equipe Escolar


O primeiro passo do Gestor na elabora- O GESTOR E TODA A EQUIPE
ção do Plano de Ação da Escola é ter em • Com os fundamentos conhecidos,
mãos o Plano de Ação da Secretaria de podem iniciar a discussão do Plano de
Educação. Esse documento irá nortear Ação da Secretaria de Educação.
a definição das estratégias específicas • Serão necessários vários encontros
da escola e de seus desdobramentos. com a equipe para entender, discutir e
É importante ressaltar que a Visão de preparar o Plano de Ação da Escola.
futuro e as Premissas no Plano de Ação O Plano de Ação dispõe ao Gestor
da Secretaria de Educação não devem uma ferramenta gerencial específica
ser alteradas, pois se trata de uma para melhor planejar, executar, ava-
expressão da Secretaria. liar e replanejar objetivos, metas e
A preparação para a elaboração do estratégias da escola. Integra tanto
Plano de Ação da Escola é um momen- processos administrativos quanto
to importante para que o Gestor se pedagógicos, fazendo com que esses
posicione como líder de sua equipe e processos coexistam complemen-
dê o tom do trabalho que está por vir. tarmente. É aí que reside um dos
Diante da importância desta etapa diferenciais mais importantes desse
inicial, recomendamos que: Modelo, ou seja, a plena integração
entre processos de gestão a serviço
O GESTOR DA ESCOLA dos processos pedagógicos que, jun-
• Estude com a equipe escolar os funda- tos, operam para assegurar os resul-
mentos do Modelo da Escola da Escolha. tados da escola que interessam a to-
O roteiro da representação da Escola de- dos e são responsabilidade de todos.
ve apoiar o entendimento necessário para Adicionalmente, o Plano de Ação
o início da elaboração do Plano de Ação. visa a reforçar a conexão entre visões
• Reproduza a sequência que motivou a de curto, médio e longo prazo, ou seja,
criação do Modelo no contexto daquela proporciona meios de se agir no
Secretaria, daquele município ou estado. presente, mas também enxergan-
• Utilize o material de referência apresen- do os possíveis impactos. Em outras
tado nas formações já realizadas e nos palavras, o Plano de Ação alme-
materiais recomendados para estudos. ja harmonizar um dos principais
• Assegure o tempo necessário na se- desafios administrativos: com-
mana de planejamento para sessões de patibilizar as estratégias de longo
discussão e debate para o pleno enten- prazo com as ações de curto prazo de
dimento do Modelo a ser implantado. uma escola.
24 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2 Entendendo a mecânica do Plano de Ação da Escola

O Plano de Ação é a bússola que orien- de Ação. Essa reunião de esforços


ta o caminho da escola ao promover a desperta uma atitude de corresponsa-
redução do hiato entre “ser” e o “dever bilidade pelas metas a serem traçadas
ser”. Analogamente, trata-se da cons- e pactuadas.
trução da situação futura, partindo da Para tanto, o entendimento dos
situação presente. princípios e conceitos sustentará a
Toda a equipe escolar, sem exce- elaboração do Plano de Ação, composto
ção, participa da elaboração do Plano da seguinte forma:

PLANO DE AÇÃO

Como minha escola poderá colaborar com a visão do meu governante?


DISPONÍVEL PARA CÓPIA
AO FINAL DESTE CADERNO. TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 25

Planejamento e Operacionalização

2.1 Introdução

Descreve de forma sucinta um diag- de Educação. Expressa uma condição


nóstico da realidade da Escola. Deve futura ideal, sem as limitações do pre-
apresentar dados e evidências sobre a sente. A visão de futuro estabelecida
comunidade que atende e as expectati- pela Secretaria de Educação não deve
vas e anseios dos pais e famílias com a ser mudada, mas pode ser reescrita
implantação da Escola. como reafirmação da Escola no apoio
• Observa se houve uma boa adesão ao desafio de longo prazo do esforço
nas novas matrículas. da Secretaria.
• Comenta sobre o desempenho e Por exemplo, a visão do Centro de
resultados obtidos historicamente pela Ensino Experimental Ginásio Pernam-
Escola. bucano em 2007: “Ser uma instituição
• Descreve o perfil da equipe escolar, reconhecida pela qualidade, responsa-
se já está consolidada ou há novos in- bilidade e compromisso com a forma-
tegrantes. ção humana e acadêmica do jovem,
• Enumera os tipos de parcerias exis- com uma forte e duradoura relação
tentes etc. de confiança com toda a comunidade
escolar, parceiros e entidades oficiais,
VALORES resultante de elevados níveis de
satisfação e de corresponsabilidade
São convicções e crenças dominantes demonstrada.”
definidas pela Secretaria. Esses valores
devem estar naquilo em que todas as MISSÃO
pessoas envolvidas com a Escola acre-
ditam e a partir dos quais nortearão É uma reflexão sobre a razão de ser da
as suas decisões e a realização dos escola, sua essência de existir. Deve
seus trabalhos. São elementos motiva- ser clara, objetiva e desafiadora, abran-
dores que direcionam as ações, contri- gendo atividades que ela desempenha
buindo para a unidade e a coerência do e que a diferenciam. A Missão pode ser
trabalho e que devem estar presentes escrita sem perder a essência do texto
na atitude de todos. original estabelecido pela Secretaria de
Por exemplo, os valores de algumas Educação.
instituições podem ser definidos como Por exemplo, a missão da Universi-
sendo: dade Federal de Santa Maria (RS): “Ser
• Espirito público pelo bem servir. reconhecida como referência de exce-
• O respeito pelas pessoas, acima lência no ensino, pesquisa e extensão
de tudo. pela comunidade científica e pela so-
ciedade em geral”.
VISÃO A definição da missão serve de base
para orientar a tomada de decisões.
Representa um estado futuro deseja- Auxilia na definição dos objetivos, no
do para a Escola, o enunciado de uma estabelecimento das prioridades e na
intenção estabelecida pela Secretaria escolha das decisões estratégicas.
26 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.2 Premissas

As premissas são o ponto de partida comprometidos com os processos de


para a definição de objetivos, priorida- autodesenvolvimento permanente.
des e metas. Não devem ser alteradas. 3) Excelência em gestão: Premissa
Se as premissas são falsas, mesmo que ligada aos Gestores; escola com foco
o raciocínio seja correto, a conclusão nos objetivos e resultados pactuados,
ou resultado tende a ser falso, incorre- que utiliza as ferramentas de gestão e
to ou inesperado. No Plano de Ação, as fortemente orientada pela Pedagogia da
premissas são marcos que represen- Presença e pela Formação em Serviço.
tam os princípios básicos, aos quais 4) Corresponsabilidade: Premissa
se conectam objetivos, prioridades e ligada à comunidade; todas as entida-
resultados esperados. des, organizações ou pessoas compro-
As cinco Premissas do Modelo da metidas com a melhoria da qualidade do
Escola da Escolha são: Ensino.
1) Protagonismo: Premissa ligada 5) Replicabilidade: Premissa ligada
ao educando; posiciona o educando à continuidade (poder público); todas
como partícipe em todas as ações (pro- as ações planejadas e desenvolvidas na
blemas e soluções) da escola e cons- Escola devem se mostrar viáveis sob
trutor do seu Projeto de Vida. o ponto de vista pedagógico, temporal
2) Formação continuada: Premis- e econômico. É condição fundamental
sa ligada aos educadores; educadores para um experimento ganhar escala.

2.3 Objetivos

Os objetivos estabelecem e expressam o É importante incluir no Plano de Ação


cenário ideal e é a descrição daquilo que objetivos alinhados com as Premissas
se pretende alcançar. Devem ser tangí- estabelecias. Cada Premissa é voltada a
veis, claros, precisos e observáveis ao um público-chave, com exceção da última,
final de um período determinado. que atende à expansão do Programa.

2.4 Prioridades

Estabelecer prioridades significa de- elegendo como prioritários os pontos


finir o que é mais importante, o que que provocarão maior impacto nos
vem primeiro, o que fará a diferença resultados ao longo do tempo. Uma
na obtenção das metas. É importante das razões do fracasso na obtenção dos
refletir sobre cada um dos objetivos, resultados previstos se deve à perda de
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 27

Planejamento e Operacionalização

foco nas prioridades. Portanto, deve-se prioritário. As coisas se tornam urgentes


instituir e praticar uma constante ava- em função de um planejamento ineficaz
liação entre os resultados parciais vis- e insuficiente. Prioritário é aquilo que, ao
-à-vis e as metas planejadas. Tudo na ser levado a cabo, nos leva a alcançar os
escola é importante, mas nem tudo é resultados esperados.

2.5 Metas
É importante refletir sobre cada uma um poderoso indutor da eficácia esco-
das metas, elegendo aquelas que pro- lar. Exemplos de metas estabelecidas
vocarão maior impacto nos resultados. por escolas que aderiram ao Modelo da
Aqui, gestão pública (esferas estadual Escola da Escolha:
ou municipal), educadores, comunida-
de e investidores sociais necessitam Meta 1: Todos os alunos com as
estar alinhados em relação às metas competências e habilidades das
pactuadas. Por sua vez, o estabeleci- diversas disciplinas desenvolvidas,
mento de metas e prioridades conjun- com ênfase em Língua Portuguesa,
tas (contemplando curto, médio e longo Matemática e Ciências. Premissa asso-
prazo) deve refletir a missão da escola. ciada: Protagonismo.
Recursos escolares (tanto humanos
quanto materiais) quando corretamente Meta 2: Melhoria nos resultados de
alocados, tendo como pano de fundo Avaliações Externas. Premissa asso-
as metas traçadas, constituem-se em ciada: Excelência em Gestão.
28 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.6 Indicadores

A construção e a aplicação de indicado- quando o ENEM for aplicado? É muito


res é um grande desafio para as escolas. comum as escolas aplicarem avaliações
O primeiro passo é entender o que bimestrais para verificar as habilidades
significam, sua importância no dia dominadas e não dominadas dos estu-
a dia da escola e na conquista dos dantes. Este é um bom indicador de pro-
resultados esperados. cesso que permite à escola avaliar se os
O que são indicadores? São dados estudantes estão no rumo certo a cada
que representam um fenômeno e são bimestre ou se ações corretivas (melho-
usados para mensurar um processo rar a didática de sala de aula, garantir
ou seus resultados. E qual é o principal outros espaços para estudo coletivo,
objetivo do uso de indicadores na escola? realizar simulados etc) são necessárias
É monitorar as atividades da escola para para assegurar o atingimento da meta
indicar quão bem os processos se de melhoria nos resultados de avalia-
encontram, permitindo o atingimento ções externas.
das metas pactuadas. Resumindo, o indicador de processo
Existem diferentes tipos de indica- são as avaliações bimestrais que apon-
dores. Vamos focar nos indicadores de tam se os estudantes estão no rumo
processo e de resultado. O indicador certo (demonstra a tendência) para o
de processo é aquele que monitora a atingimento de melhores resultados no
tendência de uma certa meta para que ENEM. Neste caso, a nota do ENEM é
seja possível fazer mudanças durante o o indicador de resultado.
percurso, em tempo de corrigir o rumo Como podem ver, a definição de indi-
e garantir o resultado final. Por sua vez, cadores requer o conhecimento dos pro-
um indicador de resultado é aquele que cessos e de suas variáveis que influen-
mede o que foi obtido pela escola em ciam e impactam o alcance das metas.
função de ações passadas.
Vamos a um exemplo.
A escola tem como meta no Plano
de Ação, a “Melhoria dos resultados de
avaliações externas”. Um bom exemplo
de avaliação externa no ensino médio é
o ENEM. Como que a escola pode moni-
torar o avanço dos estudantes ao longo
do ano para que não tenha surpresas
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 29

Planejamento e Operacionalização

• X% dos educandos demonstrando pedagógica, especificamente as ações


domínio na resolução de problemas de reforço da aprendizagem. Nesse sen-
envolvendo operações básicas, algé- tido, a aplicação periódica de avaliações
bricas e geométricas. de aprendizagem, também conhecidas
• X% dos educandos demonstrando como “avaliações de processo”, pode
domínio de leitura, interpretação e pro- fornecer ao corpo docente valiosas infor-
dução de texto. mações sobre as habilidades dominadas
• Resultados obtidos no ENEM. e não dominadas pelos alunos.
• Resultados obtidos no IDEB (subdi- Os indicadores de desempenho tra-
vididos em “Prova Brasil” e “taxas de duzem a meta, quantificando-a e valori-
aprovação”). zando-a, ao mesmo tempo em que uni-
São exemplos de indicadores de de- formiza a linguagem por toda a escola,
sempenho que poderiam subsidiar a área facilitando o processo de comunicação.

2.7 Estratégias

É a gestão dos meios (e recursos) dis- visão da organização.


poníveis para a consecução dos objeti- É o desdobramento do conjunto de
vos da escola. A estratégia possibilita ações, detalhando em atividades,
a transformação da intenção em responsáveis e prazos de execução.
ação presente. Viabiliza e operacionaliza a estratégia,
Estratégia sintetiza e qualifica o con- sendo condição necessária para o cum-
junto das ações a serem desenvolvidas primento dos resultados esperados de
nos processos da organização, visando a curto e médio prazo. Estratégia sem
consecução dos objetivos traçados. Re- ação não passa de mera intenção. Moni-
quer, da parte dos gestores, a adminis- torar o desempenho das ações estabe-
tração adequada dos recursos e meios lecidas permite estabelecer ajustes ou
disponíveis, otimizando as interrelações mudanças nas estratégias traçadas.
existentes entre as diversas atividades O sucesso na definição das estraté-
nos setores internos e no ambiente gias está condicionado ao conhecimen-
externo, criando e potencializando ga- to da realidade atual e passada da esco-
nhos no curso das ações desenvolvidas, la e na existência de processo analítico
tornando possível o cumprimento no robusto indicando as expectativas futu-
longo prazo da missão e a realização da ras onde a escola atua ou pretende atuar. 
30 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.8 Macroestrutura

A Macroestrutura não é um organogra- Ela apresenta as seguintes carac-


ma tradicional. Consiste em uma repre- terísticas:
sentação gráfica da escola e de seu sis- • Foco nas necessidades da comuni-
tema de comunicação, demonstrando dade.
claramente o fluxo dos processos. A ma- • As relações e processos internos
croestrutura abrange também parceiros acontecem de forma horizontal, faci-
internos e externos, comunidade e inves- litando a comunicação e contribuindo
tidores sociais, que devem ser represen- para o fluxo das informações. Desta
tados no Conselho Gestor. forma, subsidia as decisões e confere
A macroestrutura representa tam- maior eficiência aos resultados.
bém um ciclo virtuoso, espelhando a • Descentralização, permitindo a par-
importância daqueles que se beneficiam ticipação de todos na concepção/
da educação de qualidade oferecida, execução e tomada de decisão,
como a comunidade, e dos que acredi- de acordo com o grau de maturida-
tam e suportam a organização, como os de profissional de cada integrante
investidores sociais. da equipe.

MACROESTRUTURA DA ESCOLA
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 31

Planejamento e Operacionalização

2.9 Papéis e responsabilidade

Com a definição de papéis e respon- resultados parciais e educando pelo


sabilidades, pretende-se criar um exemplo e trabalho.
ambiente colaborativo, com menos Coordenador Pedagógico: responsá-
gargalos para a execução de tarefas. vel pela orientação dos professores,
Todas as pessoas integrantes das auxiliando-os e assegurando o devido
áreas e seus respectivos apoios, que cumprimento da grade curricular.
ocupam posição de liderança ou que Coordenador Pedagógico de Área:
sejam responsáveis por determinado responsável pelo apoio ao coordena-
processo, devem ser relacionados. A dor pedagógico. Atua diretamente
ideia consiste em especificar as fun- com os professores nas suas respecti-
ções-chave do processo, evidencian- vas áreas de ensino e tem como foco a
do a relevância de cada membro para prática pedagógica, articulando ações
a consecução do projeto escolar, em dentro da área, entre as áreas e com a
sintonia com metas planejadas. As parte diversificada.
funções indicadas no exemplo a seguir Coordenador Administrativo Financeiro:
são mera ilustração, no intuito de auxi- responsável por todos os apoios ad-
liar a compreensão das denominações ministrativos e financeiros, de modo
utilizadas: a suportar os processos pedagógicos
Gestor: responsável por todo o proje- e garantir condições favoráveis para o
to escolar, coordenando as diversas alcance dos resultados educacionais
áreas, garantindo a integração dos propostos.

3 Acompanhamento do Plano de Ação

Para a gestão efetiva do Plano de Ação indicadores de resultado.


é necessário cumprir a etapa de acom- A periodicidade para o acompanha-
panhamento e monitoramento das mento do Plano de Ação depende da
ações realizadas e verificar o cumpri- natureza das metas e dos seus indi-
mento das metas estabelecidas. Acom- cadores. Cabe ao Gestor estabelecer
panhamento pressupõe a tomada de o processo de acompanhamento por
medidas quando as ações trabalhadas meio do monitoramento do Programa
não são efetivas para o alcance dos de Ação da equipe, cumprindo o que
resultados previstos. Ele permite cor- dita o alinhamento vertical na estrutura
reções a tempo para a recuperação nos funcional da Escola.

VER INFOGRÁFICO
“EQUIPE ESCOLAR DESCENTRALIZADA”
PÁGINA 14
32 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

4 Relatórios Parciais e Anuais

Os Relatórios Parcial e Anual dos


Resultados da Escola terão como PLANO DE AÇÃO (NÍVEL ESTRATÉGICO)
parâmetro os resultados esperados,
seus indicadores e estratégias contidas
no Plano de Ação.
O Relatório Parcial de Resultados da
Escola deve ser apresentado ao final do
primeiro semestre de cada ano com o
objetivo de verificar se as estratégias
estão no rumo certo e se ajustes serão
necessários para o segundo semestre.
Esse relatório é o ponto de partida para a
realização do ciclo PDCA do meio do ano.
O Relatório Anual, por sua vez, deve
ser apresentado no fim do ano e segue
a mesma sistemática do PDCA do meio
do ano.
O Relatório Parcial e Anual de Re-
sultados deve ser sucinto, objetivo e
oferecer subsídios para o ajuste do
Plano de Ação do ano seguinte, além de
possibilitar à Secretaria de Educação e
aos investidores sociais o acompanha-
mento dos resultados pactuados.
Uma recomendação para a elabora-
ção do relatório é ao longo dos semes-
tres ir colecionando um conjunto de da-
dos e informações, bem como imagens
relativas ao cotidiano da escola e que
se referem aos resultados das ativida-
des realizadas. Isso deverá alimentar
o conteúdo a ser sistematizado como
relatório e educa a comunidade na
constituição da memória da instituição.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 33

Planejamento e Operacionalização

PROGRAMA DE AÇÃO (NÍVEL OPERACIONAL)


34 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Desdobrando o Plano de Ação da


Escola nos Programas de Ação

O Plano de Ação é um instrumento estratégico ao definir diretrizes e servir de base


para a construção dos Programas de Ação individuais. Nesse sentido, o Programa
de Ação concentra seu foco na operacionalização dos meios e processos, que
deverão estar alinhados com as diretrizes do Plano de Ação.

Como elaborar um Programa de Ação


A construção do Programa de Ação se zaram com os professores. Ao final, o
inicia individualmente, porém há uma Coordenador Pedagógico elabora seu
sequência a ser seguida. Os primeiros a próprio Programa de Ação. O Gestor
elaborarem os Programas de Ação são por sua vez, elabora seu próprio Pro-
os professores. Ao concluírem, o Coor- grama de Ação à luz do Programa de
denador Pedagógico de Área se reúne Ação do Coordenador Pedagógico. O
individualmente com cada professor Programa de Ação do Gestor deve ser
de sua área para dialogarem sobre as um instrumento que demonstre a arti-
questões de postura e formação conti- culação do fazer pedagógico da escola
nuada, assim como para pactuarem as alinhada com suas metas e com as es-
metas individuais estabelecidas pelo tratégias da Secretaria de Educação.
próprio professor.
Ao final dessa rodada com os pro-
fessores, o Coordenador Pedagógico
Nesse contexto, o Programa de Ação é
de Área irá elaborar seu próprio uma ferramenta de diálogo constante,
Programa de Ação. Será um consoli-
entre Gestor e educador, proporcionando
dado dos apontamentos e demandas
da sua equipe, assim como uma refle- as bases para o surgimento de uma
xão sobre como seu próprio trabalho relação amparada no respeito e confiança.
colabora com o atingimento da visão
do futuro estabelecida pela Secretaria
de Educação. As funções de apoio da Escola, como
O Coordenador Pedagógico se reúne secretária, merendeiras, vigia, limpeza,
então com os coordenadores de área, agente de pátio, não precisam elabo-
seguindo o mesmo processo de diálogo rar Programas de Ação. Essas funções
e pactuação de metas que estes reali- precisam da estruturação de rotinas.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 35

Planejamento e Operacionalização

SEQUÊNCIA DE PLANEJAMENTO PARA


ELABORAÇÃO DOS PROGRAMAS DE AÇÃO
36 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

PROGRAMA DE AÇÃO DE UMA GESTORA


Exemplo real da reflexão da primeira Gestora do Ginásio Pernambucano quando se deparou com a pági
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 37

Planejamento e Operacionalização

ina em branco na elaboração do Programa de Ação.


38 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Comentários adicionais sobre o Programa de Ação

• Vale ressaltar o caráter formativo do contínuo de todos os colaborado-


Programa de Ação, no qual as reflexões res, formando-os e tornando-os aptos
ajudarão na elaboração de um “plano de a novos desafios profissionais. Esse
formação continuada”, específico para é um poderoso ingrediente para a
cada educador, e que reflita as necessi- manutenção e promoção da mo-
dades de aperfeiçoamento profissional. tivação em um ambiente escolar.
• A adoção de atitudes condizentes Dado o caráter perpétuo da sua
com os princípios do Modelo da Escola atividade, o estabelecimento de en-
da Escolha é imprescindível para o sino pode encontrar na formação de
sucesso da implantação. Ao elabo- líderes sua garantia de oferta longeva
rar o Programa de Ação, é necessário de uma educação de qualidade. Reuniões
realizar uma reflexão no aspecto indi- periódicas entre diretor, gestores, dire-
vidual do seu comportamento. Tenha tores adjuntos e coordenadores e pro-
em mente que sua atitude é um com- fessores, registradas e documentadas
promisso para consigo mesmo e em em súmulas ou textos sucintos, são
relação aos seus pares, superiores, es- uma estratégia para a implantação de
tudantes, pais, comunidade e parceiros. um processo de formação de novos
Uma autoanálise ajudará na descoberta líderes. A formação do substituto é de
de quais pontos exigem um esforço fundamental importância, seja para
pessoal adicional. substituições eventuais ou para substi-
• Fatores críticos de sucesso: uma tuição definitiva, como no caso de apo-
vez identificados antecipadamente como sentadoria, por exemplo.
“gargalos” na consecução das metas • Resultados Pactuados: Todo o
estabelecidas, será possível originar esforço da Escola gera um resultado,
ações preventivas (bem como os re- mensurado e acompanhado por meio
cursos requeridos), que integrarão o das metas planejadas. As metas conti-
Programa de Ação. Os possíveis fatores das no Plano de Ação nortearão o esta-
críticos deverão ser elencados e uma belecimento dos resultados pactuados
estratégia de equacionamento deverá dentro da equipe e de cada educador
ser direcionada para cada um deles. com o seu coordenador ou gestor. São
• Substituto: Uma boa gestão se pactuados porque resultam de uma
caracteriza pelo aperfeiçoamento análise conjunta (gestor/educador)
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 39

Planejamento e Operacionalização

da situação real, do cenário desejado • Contribuição social do salário-educação;


e da viabilidade de execução. Ao final • Artigo 212 da Constituição Federal;
de cada ano letivo, os resultados são • Programas do FNDE (Fundo Nacional
conhecidos, consolidados e divulgados. de Desenvolvimento da Educação) –
• O orçamento: deve compor o Pro- destacamos o PAR (Plano de Ações
grama de Ação do Gestor. Geralmente Articuladas) e PDDE (Programa Dinheiro
custeado por recursos oriundos de Direto na escola);
transferências do Fundo Nacional do • Incentivos fiscais (utilização do ICMS,
Desenvolvimento da Educação (FNDE), conforme artigo 158º / inciso IV, da
que podem ser classificados como ad- Constituição Federal);
ministrativos ou pedagógicos, depen- • “Royalties” do petróleo extraído da
dendo da natureza do investimento. O camada pré-sal do litoral brasileiro
FNDE é uma autarquia federal e atua (75% serão destinados à educação pú-
sob o Ministério da Educação (MEC), blica).
canalizando recursos de acordo com Para confecção do orçamento da
as políticas educacionais ditadas pelo Secretaria de Educação e/ou esco-
MEC. Atualmente, o principal veículo las, é preciso centrar atenção em um
adotado pelo Governo Federal para princípio básico de todo processo
assistência financeira às escolas con- orçamentário: adequar entradas e
siste em um programa intitulado PDDE saídas de caixa ao longo do tempo,
(Programa Dinheiro Direto na Escola). procurando direcionar os recursos fi-
As atuais fontes de recursos da edu- nanceiros, geralmente escassos, para
cação pública brasileira, à luz do Plano as demandas prementes da organiza-
Nacional de Educação (Lei 13005/14) e ção. Consequentemente, a gestão do
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação caixa (orçamento) de uma Secretaria
(Lei 9394/96) são: de Educação e/ou escola precisa se
• FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desen- balizar pelo que é essencial na conse-
volvimento da Educação Básica e de va- cução do projeto pedagógico da rede
lorização dos profissionais da educação); de ensino.
40 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Execução, Acompanhamento e Avaliação do Programa de Ação

Enquanto o Plano de Ação vislumbra o no nível de Sobrevivência, ou seja, no seu


futuro, a execução é o agir no cenário primeiro ano de implantação, é recomen-
atual sem perder de vista o cenário dado que o acompanhamento do Gestor
desejado. São os Programas de Ação em com o educador (seja coordenador pe-
prática que exigem o comprometimento dagógico com professores ou gestor
de todos. com vice-diretor) aconteça em interva-
O acompanhamento é indissociável los curtos, já que se trata de um período
da execução e da avaliação. É rotineiro de intensa transformação cultural, com
e sistemático, com registro dos pontos necessidade de ajuste e maior celeridade.
relevantes que possam afetar positiva A avaliação se inicia pelos indicado-
ou negativamente os resultados combi- res e resultados pactuados contidos em
nados. Durante o acompanhamento, o cada Programa de Ação. Esse processo
Gestor apoia e ajuda o educador a corri- de acompanhamento e avaliação oferece
gir os erros e a ajustar o rumo do que foi importantes subsídios ao Gestor em
traçado em seu Programa de Ação. Con- relação ao nível de maturidade da
siderando uma Escola que se encontra Escola no Modelo.

Algumas
recomendações
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 41

Planejamento e Operacionalização

Liderar é colocar-se a serviço do outro. É disponibilizar seu tempo, seu conheci-


mento e o seu talento para assegurar que aquilo que se objetiva seja alcançado.

Lembrar que o Programa de Ação é um instrumento de diálogo entre Gestor


e educador e que a confiança e respeito são premissas fundamentais para
a realização deste trabalho.

Definir uma agenda antecipada para a realização dos acompanhamentos.

Considerar como acompanhamento não apenas os encontros formais,


mas também aqueles momentos de conversa informais.

Registrar sempre os acompanhamentos.

A pontualidade é exigência geral: gestor, coordenadores, educadores e estudantes.

A postura de educador é elemento fundamental. Abrange do Gestor ao porteiro.


Gestor e coordenador pedagógico devem estar alinhados.

O acompanhamento deve ter como pano de fundo o princípio da Pedagogia da


Presença: tempo, presença, experiência e exemplo.

A proatividade é a forma de se antecipar aos acontecimentos, de fazer o diferencial.

Definição de prazos é a garantia de que as tarefas serão cumpridas em tempo hábil.


42 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Registros e Relatórios

O Relatório de Acompanhamento dos contemporânea requer dos seus pro-


Programas de Ação deve ser objetivo, tagonistas uma atenção voltada ao
curto e restrito à agenda. Durante o planejamento das atividades, caracteri-
acompanhamento e a avaliação infor- zado pela sistematização de processos,
mal das ações, atividades e ajustes do de forma a garantir ao ciclo educativo
dia a dia, o instrumento mais apropriado técnicas de coordenação e controle,
é o relato, feito imediatamente. Portanto, extensivos às iniciativas pedagógicas
não é necessário fazer o registro por escrito. e administrativas das escolas e/ou
As experiências nos setores pú- Secretarias de Educação. Ao lado disso,
blico e privado têm mostrado a im- é preciso mensurar continuamente
portância em desenvolver dentro os respectivos processos e atividades
das organizações uma cultura de inerentes às relações educacionais,
planejamento, execução e acom- objetivando a criação e formatação de
panhamento de projetos. Tanto o um histórico de dados analítico-peda-
Plano de Ação como o Programa gógico. De posse dos dados, analisa-
de Ação são exemplos de instru- dos e transformados em informações
mentos, estruturados sob a ótica da subsidiárias da tomada de decisão,
Tecnologia em Gestão Educacional gestores podem pilotar/administrar
(TGE) e gestados com o firme propósito com mais clareza e segurança as
de organizar processos e dispô-los organizações. Conforme a frase profe-
tempestivamente. rida pelo autor e professor americano
Como em qualquer atividade Peter Drucker: “se você não pode
empreendedora, a educação pública medir, você não pode gerenciar”.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 43

Planejamento e Operacionalização

Anotações:
Referências
Bibliográficas

COSTA, Antônio Carlos Gomes. O fu- século XXI, 8ª ed. São Paulo: Cortez
turo da cultura Odebrecht – a perpe- 2003);
tuação do espírito da TEO (Apostila).
Modus Faciendi. Jan./2006. Antônio Carlos Gomes da Costa, “Ser
Empresário”, Versal Editores, 2004;
HUNTER, James C. O monge e o exe-
cutivo: uma história sobre a essência Organizational Theory, Gareth R. Jo-
da liderança. Trad. Maria da Conceição nes, Prentice Hall, third edition, 2001;
Fornos de Magalhães. Rio de janeiro:
Sextante, 2004. 2GC Limited, Active Management,
2009 – Evolution of the scorecard into
MACHADO, Jairo. Tecnologia empre- an effective strategic performance ma-
sarial social da aliança (Tesa). Salva- nagement tool;
dor, 2005.
2GC Limited, Active Manegement,
Pontos de Referência: tecnologia em- 2009 – Examining opportunities for
presarial Odebrecht/Norberto Odebre- improving public sector governance
cht. - 2 edição - Salvador: Odebrecht. through better strategic management;
P&A Gráfica e editora, 1999
Harvard Business Review, 2007 – Ro-
Relatório Jacques Delors (“Educação: bert Kaplan and David Norton – Using
um tesouro a descobrir”, Comissão the balance scorecard as a strategic
Internacional sobre educação para o management system.
EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
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Juliana Zimmerman
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Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
Prefeito Nestor de Camargo; Centro de Ensino
Experimental de Arcoverde.

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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Introdução
às Bases Teóricas
e Metodologias
do Modelo Escola da Escolha
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Introdução
às Bases Teóricas
e Metodologias
do Modelo Escola da Escolha
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá o ponto de partida da criação


do Modelo da Escola da Escolha, assim como a sua fundamen-
tação teórica. Iniciamos a conversa apresentando por onde
tudo começou até chegarmos à centralidade do Modelo:
o estudante e seu Projeto de Vida.

Os principais temas abordados neste Caderno são:

• Afinal de contas, por onde tudo começou?


• A Escola da Escolha à luz da história
• O Modelo Escola da Escolha
• Projeto de Vida

Bom estudo!
© Ginásio Pernambucano
Afinal de contas,
por onde tudo começou?
Introdução

O Modelo da Escola da Escolha nas- Assim, os modelos pedagógico e de


ceu de uma situação peculiar de gestão foram concebidos nessa pers-
criação e de envolvimento em torno pectiva paradigmática para a:
de uma causa, originada no proces- a) resolução da equação “universaliza-
so de recuperação e revitalização de ção x qualidade;”
uma escola pública de Ensino Médio, b) criação de uma pedagogia eficaz as-
por iniciativa de um ex-aluno. Era, sociada à gestão, para gerar resultados
por si só, uma reforma emblemática verificáveis e sustentáveis.
em virtude da simbologia do edifício A partir daí, o ICE definiu um marco
que renascia no limiar do Século XXI lógico e sistêmico, ancorado em de-
para voltar a oferecer uma educação mandas reais de soluções concretas de
de qualidade depois de um longo pe- educação. Esse marco lógico nasceu
riodo de declínio. Tratava-se de um a partir de um diagnóstico situacional,
prédio de 1825, que fora referência seguido do levantamento de evidên-
na educação pública brasileira num cias que o confirmam ou o modificam,
período em que a escola proporcio- para finalmente buscar um conjunto de
nava educação de excelência, porém constatações que apoiam a construção
de baixa oferta, ou seja, a educação de uma proposição.
era de qualidade, mas não era asse- Para isso, partiu-se de uma análise
gurada a todos. de contexto, posicionando a escola
Essa revitalização se fez por meio diante dos desafios da formação
da recuperação de 2 estruturas: em pleno início do Século XXI. Os
a) estrutura fisica (o prédio), sem- resultados dessa análise orientaram a
pre a mais fácil; definição das suas diretrizes, funda-
b) estrutura pedagógica mentos e objetivos, consubstanciados
O estado da arte do Modelo se en- pelas evidências e constatações auferi-
contra na criação de um novo para- das, a serem detalhadas nos cadernos
digma na educação pública brasilei- que compõem este rico material.
ra e que se referia à criação de uma Antes, porém, vamos conhecer
nova escola pública de Ensino Médio um pouco do contexto de criação
que considerasse a “universalização” da sua primeira escola e da causa
e a “qualidade”. que a acompanhou.

Diagnóstico
situacional
Evidências e
constatações
Concepção
do Modelo
Modelo
6 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Um pouco de história

Aqui, introduzimos uma breve histó- Pela sua trajetória e pelo que
ria do percurso da criação deste representa no imaginário social da
Modelo, cujo ponto de partida se deu cultura daquele Estado, o Ginásio
no início dos anos 2000, em Recife - Pernambucano sempre foi uma refe-
PE, a partir da revitalização do secular rência na história da educação,
Ginásio Pernambucano. da cultura e da vida econômica,
O projeto de criação de um Novo social e política da sua população.
Ginásio Pernambucano tem sua origem Mas, nas últimas décadas, esse
na iniciativa de um de seus ex-alunos. status se encontrava sensivelmente
Depois de uma visita casual à sua comprometido.
antiga escola, ele se sensibilizou com A iniciativa pessoal do ex-aluno
o estado de abandono no qual se logo reuniu outros representantes
encontrava a instituição e se mobilizou, do segmento privado, como ABN
a partir desse momento, em criar meca- AMRO Bank, CHESF, ODEBRECHT
nismos para apoiar o resgate do padrão e PHILIPS. E por m eio dela foi
de excelência daquela escola pública. iniciado o processo de recuperação

© Thereza Paes Barreto

A criação do novo Ginásio Pernambucano – Um caso de corresponsabilidade


social no compromisso com a Causa da Educação Brasileira
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 7
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

e revitalização do Ginásio. transcendereram o marco da reforma


A primeira tarefa, entre 2000 e 2002, estrutural e, consolidando suas
foi resgatá-lo do estado de decadên- parcerias, iniciaram os estudos para
cia física em que se encontrava após propor um novo ordenamento
décadas de um processo sistemático politíco-institucional e pedagógico
de degradação. pa ra o G in á sio Pern a m bu ca n o,
Iniciou-se uma longa reforma restituindo o seu poder de referência
estrutural e de recuperação de todo o como parte de um processo amplo
seu acervo, envolvendo profissionais de de desenvolvimento da educação
diversas áreas, inclusive arqueólogos em Pernambuco, no Nordeste e
e historiadores, dada a riqueza de no Brasil.
elementos históricos descobertos sob Para isso foram necessárias mu-
as estruturas do edifício. danças profundas em termos de
Cumprido o objetivo inicial, a conteúdo, método e gestão, a partir
segunda etapa referia-se ao projeto de das quais se construíram as bases do
recuperação da qualidade do ensino. Modelo da Escola da Escolha, que se
A partir daí, o Instituto de Corres- estrutura na análise cuidadosa do
ponsabilidade pela Educação e o cenário contemporâneo, em escalas
Governo do Estado de Pernambuco micro e macrossociais.

Numa leitura atualizada à luz dos do-se em processos de colaboração


avanços sociais que impactam a esco- e cooperação através da definição e,
la, é possível afirmar que o Modelo – a quando necessário, da mudança de
partir dessas inovações propostas – papéis e responsabilidades, o que
carrega já em seu DNA os fundamen- impulsiona o permanente desenvol-
tos de uma escola inclusiva, na acep- vimento profissional de sua equipe
ção plena da palavra. Uma escola que técnica. Cuidando de suas pesso-
atua de forma a garantir educação de as, essa escola busca, também, ga-
qualidade para todos, independente rantir o acesso, o estabelecimento
de toda e qualquer cirucunstância que de infra-estrutura de serviços ade-
possa acometer a criança, o adoles- quados para o público com o qual
cente ou o jovem. Uma escola, que se atua, em ambientes educacionais
vale de pesquisas para saber quem são flexíveis, valendo-se de novas for-
as pessoas que compõem seu grupo. mas de avaliação. (Figueira, Emílio.
Direcionada à comunidade e parceira A escola Inclusiva in http://saci.
dos pais, atua de forma a atingir altos org.br/?modulo=akemi&parame-
padrões de desempenho, ancoran- tro=10374)
8 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

O pacto em torno de uma causa

No limiar do novo Século, diversos talização física e da concepção de um


estudos e relatórios relativos à juventu- novo reordenamento político, institu-
de brasileira já apresentavam evidên- cional e pedagógico;
cias merecedoras de atenção, alertando • apresentar esta ação à sociedade
para a necessidade de intervenções local como uma ação inscrita no marco
efetivas no âmbito educacional. Em mais amplo da causa da educação
linhas gerais, esses dados alarmantes nacional e não como algo per si.
denunciavam: Para efetivamente atuar na concep-
• altos índices de violência cometida ção e implantação de um Modelo de
contra e pelos jovens; escola inspirado e orientado por esse
• baixíssimos índices de aprendizagem; paradigma, o poder público, a socieda-
• altos índices de evasão no de civil e a iniciativa privada abriram-se
Ensino Médio. à perspectiva de construir uma nova
Em decorrência disso, pareceu per- equação de corresponsabilidade em
feitamente plausível traçar um possível torno de uma causa, a CAUSA da
perfil da juventude como sendo aquela JUVENTUDE BRASILEIRA.
com baixa perspectiva em relação ao Uma causa incorpora as condições
futuro, baixa capacidade para tomar de mobilizar pessoas e/ou instituições
decisões adequadas sobre a própria em torno de objetivos comuns, ainda
vida e baixos níveis de autoestima, que sejam imponderáveis. Foi, portanto,
autoconceito e autoconfiança, elementos no contexto de uma causa, em torno
fundamentais para uma pessoa cons- da qual todos agregam forças para
truir uma visão sobre a sua própria fazer a parte que é de todos e traba-
vida e desenvolver ações com vistas lham para gerar transformação, não
à construção de um projeto de futuro, apenas para resolver problemas pontu-
por meio da fruição das oportunida- ais, que estes segmentos – poder pú-
des que dispuser e da capacidade de blico, sociedade civil e iniciativa privada
tomar decisões. – uniram-se, com suas respectivas com-
Uma profunda reflexão levou ao ama- petências e prioridades, e desenvolve-
durecimento e à convicção de que havia ram o Modelo da Escola da Escolha.
ali uma tarefa e uma oportunidade: Ao produzir soluções educacionais
• ressignificar a instituição pública es- de reconhecida qualidade, em virtude
colar centenária, através da sua revi- dos seus resultados, a Escola da Escolha
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 9
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

consolidou-se como política pública com outras instituições e Secretarias


disseminada para a Rede Estadual de de Educação – municipais e estaduais
Ensino em Pernambuco. – apoiando a implantação nos segmen-
O “novo” Ginásio Pernambucano tos do Ensino Médio e nos anos finais
iniciou as suas atividades em 2004, do Ensino Fundamental. Atualmente
atuando como o motor de um vasto encontram-se em curso estudos para
movimento de mudanças e transfor- a implantação do Modelo nos anos
mações. Nos anos seguintes, iniciou-se iniciais do Ensino Fundamental,
o processo de expansão do Modelo, atendendo, assim, a todas as etapas
com a presença do ICE em parceria da Educação Básica.

© Ginásio Pernambucano
10 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Escola da Escolha
à luz da história
A escola diante dos desafios da formação no Século XXI

Como situar a escola diante da O mundo vive em permanente


formação das crianças e jovens e dos estado de mudanças. De acordo com o
imensos desafios trazidos por este escritor norte-americano Alvin Toffler,
século? Como nos posicionar diante a primeira transformação ocorreu há
dele, seja para modificar o seu curso, 10 mil anos, quando o homem apren-
seja para confirmá-lo? Como prepa- deu a lavrar a terra com instrumentos.
rá-los para atuar em plena sociedade A segunda, iniciada há três séculos,
dita do “conhecimento”? É necessário se deu com a Revolução Industrial e
refletir sobre estas questões por o seu legado nos trouxe ao Século XXI.
meio das inúmeras e profundas trans- A terceira ocorre agora e o que faz
formações que vimos atravessando, desse um momento singular é a abran-
deixando uma visão cartesiana de mun- gência e a velocidade com que essas
do para ler o mesmo universo, de for- mudanças vêm ocorrendo.
ma estrutural, a fim de analisar de que Duas grandes forças movimentam
maneira elas impactam as nossas vidas essa imensa revolução: a inovação
e, por conseguinte, a instituição escolar, tecnológica e o crescimento popu-
suas escolhas e seus resultados. lacional. De maneira acelerada, elas

Como que o meu currículo e o ambiente educacional poderia mudar para


fomentar um conhecimento mais interconectado, integrado e sistêmico?
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 11
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

TRANSFORMAÇÕES NO NOSSO MUNDO

O ser criativo
Reapredendo a:
População

• viver
• se relacionar
• se divertir
• consumir
• se alimentar
• aprender
• produzir
• trabalhar
• conviver

0 1 2 3
Tecnologia

Movido pelo
conhecimento:
• Interconectado
• Integrado
• Sistêmico

O mundo criativo
12 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

estão transformando o modo de viver, de dos meios de produção. Em respos-


relacionar-se, divertir-se, consumir, ta, a humanidade terá de encontrar
alimentar, aprender, produzir e tra- recursos para lidar com as consequ-
balhar. Em síntese: de ser. Essas ências dessas transformações, es-
mudanças exercerão pressão cada tabelecendo novas ordens políticas,
vez maior, entre outras questões, so- econômicas, sociais, institucionais
bre a forma de usufruir dos recursos e culturais de maneira muito mais
naturais do planeta, dos alimentos e ampliada e em várias dimensões.

POPULAÇÃO MUNDIAL


Brasil

2010: 190,7M

1º crescimento nos
últimos 30 anos
China
2º 200%
Índia

3º 4º
Brasil
EUA

Fonte: Censo 2010


INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 13
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Do pensamento cartesiano
à sociedade do conhecimento

O escritor e professor austríaco ‘intelecto’, enquanto a ação baseava-se


Peter Drucker explica que “há cem em experiência e nas habilidades dela
anos não existia a bioquímica, a gené- resultantes. Até a segunda metade do
tica e até mesmo a biologia dava seus Século XIX, toda a tecnologia estava
primeiros passos. Havia a zoologia e a separada da ciência e era adquirida por
botânica. Da mesma forma, as linhas meio do aprendizado prático. Portanto,
que antes separavam a fisiologia e a a busca do conhecimento, assim como
psicologia são cada vez menos signi- o seu ensino, têm sido tradicionalmen-
ficativas, assim como as existentes te dissociados de sua aplicação. Am-
entre economia e governo, sociologia e bos foram organizados por temas, isto
ciências comportamentais, entre lógica, é, segundo o que parecia ser a lógica do
matemática, estatística e linguística, e próprio conhecimento”.
assim por diante. A hipótese mais pro O conceito de sociedade do conheci-
vável é que cada uma das antigas mento está relacionado ao que alguns
demarcações, disciplinas e faculdades autores no final do Século XX identi-
acabarão por ser obsoletas, tornando- ficam como um novo paradigma de
-se barreiras para o aprendizado e o sociedade, que valoriza a informação e
conhecimento. O fato de estarmos pas- a comunicação como bens geradores
sando rapidamente de uma visão carte- de riqueza, que contribuem para o
siana do universo, na qual são enfatiza- bem-estar e para a qualidade de vida.
dos partes e elementos, para uma visão O acesso ao conhecimento se torna
estrutural, com ênfase no todo e nos assim uma questão prioritária para a
padrões, desafia todas as linhas que própria sobrevivência. O conhecimento
dividem os campos de estudo e conheci- hoje seria o grande capital da humani-
mento. Até o Século XIX, praticamente dade. A formação humana, a aquisição
não havia contato entre o conhecimento de conhecimentos e o desenvolvimento
e a ação. O conhecimento atendia ao de habilidades socioemocionais são
pontos estratégicos para o desenvolvi-
O filósofo francês Michel Foucault mento econômico e social.
O fator determinante para a valo-
ressalta que a razão por si mesma não rização do saber é o advento das cha-
pode redimir o sujeito, por não poder madas sociedades pós-industriais, que
se caracterizam pela predominância
modificá-lo. O homem precisa ser
extraordinariamente criativo para se
modificar e, para isso, é necessário que Quais habilidades novas têm se materiali-
ele se instrumentalize de múltiplas zado naturalmente na minha região como
habilidades, inclusive das mais sensíveis. resposta às mudanças no nosso mundo?
14 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Para tratar de maneira global a


informação e o conhecimento como
bens públicos fundamentais para
o desenvolvimento da sociedade,
a Cúpula Mundial da Sociedade da
Informação, realizada em Genebra,
do trabalho intelectual. Isso significa, em 2003, destaca no primeiro artigo
entre outras coisas, a substituição da da Declaração de Princípios de Ge-
ideia meramente executiva e mecâni- nebra: “Declaramos nosso desejo
ca de trabalho, típica das sociedades e compromisso comum de cons-
industriais, por uma concepção de truir uma Sociedade da Informação
trabalho centrada em criatividade, flexi- centrada na pessoa, integradora e
bilidade, permeabilidade e colaboração. orientada ao desenvolvimento, em
A atividade produtiva está passando que todas as pessoas possam criar,
a depender do uso de conhecimentos, consultar, utilizar e compartilhar
que exige pessoas criativas, críticas, a informação e o conhecimento,
propositivas, colaborativas e fléxiveis, para que as pessoas, as comunida-
preparadas para agir e se adaptar des e os povos possam empregar
rapidamente às mudanças dessa nova plenamente suas possibilidades na
sociedade. A empregabilidade está promoção de seu desenvolvimento
relacionada à qualificação pessoal. As sustentável e na melhoria da sua
competências técnicas deverão estar qualidade de vida, sobre a base dos
associadas à capacidade de decisão, propósitos e princípios da Carta das
de adaptação a novas situações, Nações Unidas e respeitando plena-
de comunicação oral e escrita, de mente e defendendo a Declaração
trabalho em equipe. Universal dos Direitos Humanos.”

QUANTO MAIS BAIXA A ESCOLARIDADE,


MAIOR A DISPUTA POR EMPREGO

12% 11% 26% 17% 35%


pessoas

9% 7% 20% 17% 46%


empregos

4% 3% 13% 13% 67%


renda
Anos de escolaridade
<1 1-3 4-7 8-10 11+

Fonte: PNAD 2011


INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 15
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Nesse contexto, localizar a escola de todos os aspectos da vida, que de-


nesse debate não é uma opção, mas termine a necessidade da atualização
uma necessidade urgente. A huma- constante e o desenvolvimento pleno
nidade enfrenta um dos seus desafios de todas as potencialidades. Por isso é
mais dramáticos e o melhor recurso essencial pensar no desenvolvimento
é a educação. A função primordial do de políticas públicas que enfatizem:
sistema educacional é ensinar a apren- • a importância do conhecimento asse-
der, a pensar com lógica, a formular gurado em todos os níveis, mas, sobre-
as perguntas certas, a buscar sozinho tudo, de maneira qualificada e ampliada
respostas para problemas novos que na Educação Básica;
surgirão ao longo da vida, mas tendo • e fomentem uma cultura plenamente
em vista que a lógica é apenas uma baseada no acesso, interpretação e
das múltiplas formas de pensamento. utilização do conhecimento;
De acordo com educadora Maria Nilde • e viabilizem o domínio das tecnolo-
Mascellani, é preciso “trabalhar o conhe- gias da informação e comunicação a
cimento a partir de uma pedagogia serviço da geração de novos conheci-
social, do homem comprometido com mentos e em benefício do bem comum;
o seu tempo, e de metodologia facili- • e incentivem o desenvolvimento de
tadora da formação de consciências melhores práticas políticas e sociais;
amadurecidas no sentido crítico”. • e auxiliem as sociedades a desen-
A formação humana, a aquisição de volverem suas potencialidades para
conhecimentos e o desenvolvimento melhoria da qualidade de vida.
de habilidades socioemocionais são
pontos estratégicos para o desenvol-
vimento econômico e social. Ou seja,
há a necessidade de repensar critica-
mente o papel social da educação e as
finalidades da escola, que precisa estar
cada vez mais conectada às dinâmicas
da sociedade contemporânea que se
expressam através do mundo do traba-
lho, da pesquisa, da criação, das artes,
das ciências, da inventividade, da filoso-
fia, da estética e exigem que as práticas
educativas interajam com as transfor-
mações e exigências da atualidade.
Os desafios educacionais da
pós-modernidade consistem em prepa-
rar os indivíduos para a transitoriedade
16 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Um contexto mundial
de tranformações

Na história da humanidade vivemos


profundas transformações ilustradas,
sobretudo, pela revoluções científica,
política, cultural e técnica. E nos seus
Agenda da
cursos, fundaram novas ordens econô- transformação
mica, social e religiosa no ocidente, que
nos trouxeram a uma atualidade mar- produtiva
cada por uma profusão de transforma-
ções que, tanto num cenário mundial
quanto num contexto brasileiro, atin- Conjunto de tarefas que
gem com expressiva velocidade o dia a
os governos e o setor
dia das pessoas.
Essas transformações podem ser
privado das diversas
situadas em quatro planos: econômico, nações deverão cum-
tecnológico, social e cultural. À luz do prir para melhorar a
que o seu dinamismo traz e pela for- qualidade e a produ-
ma como impactam o nosso cotidiano, tividade na geração
novas exigências são impostas às
de bens e serviços e
diversas dimensões da vida humana e
à educação, em especial. É necessário
obter melhor competi-
ler estes quatro planos considerando tividade nos mercados
os significativos avanços que ao longo interno e externo. Isso
das últimas décadas geraram uma implica em revisão do
nova cultura do conhecimento cientí- conceito de Estado e
fico e tecnológico, tidos como o mais atualização tecnológica
efetivo fator de desenvolvimento no
e organizacional do
mundo produtivo desde a era Moderna.
São estes os planos:
aparato produtivo.
1. Econômico: A globalização dos mer-
cados levou à diluição das fronteiras
econômicas entre os países, gerando
maior competitividade e maior exi- 2. Tecnológico: O ingresso na era pós-
gência sobre a qualidade comercial do -industrial e o surgimento de tecnolo-
trabalhador. Isso exige naturalmente gias cada vez mais refinadas levaram
a elevação dos níveis e da qualidade a outras formas de organização do
da produtividade, com consequências trabalho e transformações produtivas.
determinantes sobre os processos 3. Social: o desemprego e a exclusão
formativos dos profissionais e, por con- social avançam em muitos países, ao
seguinte, da educação. mesmo tempo em que as políticas de
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 17
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

ajuste estrutural pressionam pela dimi-


nuição do porte e das áreas de atuação
do Estado, o que deve ser amplamente
debatido – não pelas perspectivas
Agenda da
ideológicas previamente dadas – mas equidade social
a partir de preocupações reais com
o destino da comunidade humana em
dimensões planetárias.
4. Cultural: A pós-modernidade,
Construída ao longo das
caracterizando-se pela virtualização da duas últimas décadas
realidade, pela emergência inédita do por meio de uma série
relativismo ético e moral, do individua- de megaeventos sob
lismo, do colapso das crenças e das a responsabilidade da
convenções, do hedonismo, do narci- ONU. Suas conclusões se
sismo e do consumo desenfreado, mas
constituem como decla-
também, paradoxalmente, pela celebra-
ção ou, no mínimo, confirmação da
rações ético-políticas e
diversidade que emerge nesse novo de planos de ação, que
cenário como um valor decisivo para expressam um com-
a aproximação e o entendimento mais promisso com a vida,
profundo entre as pessoas. através da preocupação
A leitura deste quadro nos conduz
crescente da comunidade
a compreender que existem, em nível
mundial, duas agendas dramáticas:
internacional com o
a agenda da transformação produtiva meio ambiente e com os
e a agenda da equidade social. No direitos humanos.
entanto, para fazer frente a esse ce-
nário, não basta apenas investir na
transformação produtiva, na suposi-
ção de que a equidade social venha
por acréscimo. Há aqui um mensagem
importantíssima para a educação.
18 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Como o Brasil está


se inserindo nesse cenário?

Caracterizado como um país de segue neste século confrontado com


dimensões continentais, diverso e o imenso desafio de promover a con-
complexo, o Brasil cresceu e melhorou ciliação entre as agendas da trans-
seus indicadores econômicos e sociais formação produtiva e da equida-
nas últimas décadas. Apesar disso, os de social e cujos pontos nevrálgicos
esforços ainda são insuficientes e o se localizam muito distintamente em
país defronta-se com desafios muito 3 planos:
peculiares quanto ao seu desenvolvi- • no plano do desenvolvimento
mento diante do quadro de crescentes econômico, com a construção de uma
demandas de igualdade e justiça. economia mais competitiva;
É imenso o fosso entre o seu de- • no plano do desenvolvimento social,
sempenho econômico e o seu Índice de com a erradicação das desigualdades
Desenvolvimento Humano (IDH). O Brasil sociais e a perenização de políticas
se destaca negativamente em relação sustentáveis não-assistencialistas;
a outros países em patamar inferior • no plano do desenvolvimento
de desenvolvimento, inclusive dos vizi- político, com a elevação dos níveis
nhos da América Latina e Caribe como de respeito aos direitos humanos e de
Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela. participação democrática da população.
Posicionado como a 7ª maior po- A universalização da escola já é um
tência econômica, ocupando a 79ª po- fato que está cada vez mais próximo de
sição no IDH entre 187 países, ainda se consumar. A maior parte das crian-

INCOERÊNCIA ENTRE
BRASIL A TRANSFORMAÇÃO PRODUTIVA
30 ANOS DE DESENVOLVIMENTO
E A EQUIDADE SOCIAL
4,6 anos

R$ 794 Economia Índice de


5,3 anos (PIB) desenvolvimento
humano
(PIB percapita,
escolaridade e
expectativa de vida)
77%

56%
54% 7 Brasil

79 Brasil

educação educação renda


de crianças de adultos mensal
*Base 187 países

Fonte: PNUD 2010 Fonte: PNUD 2010


INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 19
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

A NOSSA MAIOR OPORTUNIDADE ESTÁ EM GARANTIR


QUE O ESTUDANTE ENTENDA QUE NESTES ANOS
O SEU PROJETO DE VIDA É DAR CONTINUIDADE AOS ESTUDOS

100%
100%

95%
Estudantes do 6º ano
que continuam no 85%
Ensino Fundamental
78%

0%
6º 7º 8º 9º
Ano de estudo

Fonte: INEP 2011

ças está matriculada no Ensino Funda- Há notadamente programas de alfa-


mental e há uma tendência crescente betização e outros que visam à supe-
de oferta de vagas no Ensino Médio. ração das distorções entre a idade e o
As condições materiais também ano em que os alunos estão matricula-
apresentam franco progresso, ainda dos. Têm o mérito de estabelecer me-
que haja muitas questões a serem tas que direcionam as ações dos siste-
resolvidas. É possível prever que, em mas públicos da educação.
médio prazo, várias metas serão cum- No entanto, ainda pesa na distância
pridas, caso haja prosseguimento dos entre a realidade educacional brasilei-
programas que visam à melhoria das ra e a equidade pretendida pelas leis
escolas. A cada ano avaliado, percebe- e pela sociedade, a baixa qualidade
se o avanço das conquistas em termos do ensino, determinada por inúmeros
de recursos e instalações. Alunos das fatores econômicos, políticos e sociais.
escolas públicas têm recebido materi- Dados do Unicef revelam que 38%
ais, uniformes, alimentação e transpor- dos jovens brasileiros vivem em situ-
te, para que seu desenvolvimento escolar ação de pobreza e, por consequência,
não seja dificultado em função da sofrem, não somente da privação de
carência desses recursos. bens materiais ou fome, mas sobre-
Quem conclui o Ensino Médio tem tudo com “a carência de direitos, de
recebido incentivo e subsídio para oportunidades, de informações, de
ingressar nas universidades públicas e possibilidades e de esperanças” (Mar-
privadas ou para cursar escolas técni- tins, 1991, p. 15). Esse fato torna-se ain-
cas, muitas de boa qualidade. da mais sério, se esses jovens tiverem
alguma deficiência.
Se considerada a população de jo-
vens brasileiros matriculados e que
Qual a taxa de evasão na minha região? concluem o Ensino Médio, essa situação
20 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

PRIMEIRO PASSO: ao mundo do trabalho e a outras


ALFABETIZAR O PAÍS instâncias de participação social.
Esse conjunto de evidências nos
ajuda a elaborar um quadro possível
de constatações frente à juventude, à
infância brasileira que sinteticamente
pode ser definido por apresentar:
• baixos desempenhos de aprendizagem;
• baixos níveis de ambição em relação
ao futuro;
• baixos níveis de autoestima, autocon-
Analfabetos ceito e autoconfiança;
18% funcionais (35M) • limitado repertório cultural e moral.
Mas essas evidências, no conjun-
7% Analfabetos (35M)
to de outras, não podem ser tomadas
como uma dificuldade individual, com
apresenta-se ainda mais aguda e atual, repercussões em insucessos pessoais.
visto que ela representa pouco mais A dimensão e a repercusão desse pro-
da metade dos jovens brasileiros, ou blema são imensas, assumindo-se que
seja, cerca de 58%. Por outro lado, estes são elementos fundamentais para
enquanto cerca de 85% dos jovens uma pessoa construir uma visão sobre
em condições economicamente mais a sua própria vida e desenvolver ações
favoráveis terminam essa etapa da edu- com vistas à construção de um projeto
cação básica, apenas 28% dos jovens de futuro.
em situação de pobreza chegam ao Diante desses desafios, a escola
mesmo resultado. está sendo inapelavelmente convoca-
No Brasil, são 35 milhões de analfa- da a se olhar e a Educação a cumprir
betos funcionais, que, apesar de do- a gigantesca tarefa de desenvolver o
minarem o sistema alfabético, não se potencial de milhões de crianças e de
apropriaram verdadeiramente da escri- jovens através da Escola. Somente
ta para uso em suas vidas. Não conse- assim a eles poderão ser asseguradas
guem ler um texto com compreensão as condições para viver e intervir no
ou produzir um texto coerente com mundo contemporâneo.
as situações que o requerem. Mesmo Sob esse ponto de vista, amadurece,
entre estudantes universitários essa então, a consciência de que a melhor
dificuldade se manifesta. São alunos perspectiva econômica do Brasil não
que leem, mas enfrentam muita dificul- é suficiente para pagar a dívida social
dade de compreensão dos conteúdos e cultural que permanece. Para realizar
dos textos, o que impõe barreiras para a grande tarefa de conciliação da agenda
a continuidade dos estudos ou para o da transformação produtiva com equi-
aprofundamento necessário ao domí- dade social que resulta em estado de
nio de habilidades que serão exigidas bem-estar social, o país precisa definir
no mundo produtivo. A escolarização políticas públicas e de solidariedade
é um elemento fundamental no acesso social para que a população tenha a
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 21
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

condição de desenvolver plenamente


a sua potencialidade.
Essas mudanças são amplas, pro-
fundas e complexas e respondem à Pesquisas em áreas que vão da
emergência de um novo paradigma, ou Neurociência, da Psicologia do
seja, um novo jeito de ver, entender e
cuidar da educação e o ICE responde a
Desenvolvimento à Economia
este desafio dedicando atenção à causa mostram cada vez mais que
da educação básica brasileira nos a melhor arma contra a
últimos dez anos, propondo inovações
em conteúdo, método e gestão. desigualdade social e os
Em consonância com todas as trans- flagelos econômicos e sociais
formações citadas, as novas demandas
é investir maciçamente em
da sociedade exigem o repensar da
educação e das escolas, pois os para- crianças nos primeiros anos de
digmas que têm dado sustentação às vida. Para James J. Heckman,
práticas educacionais não dão conta
de propiciar um desenvolvimento
Prêmio Nobel de Economia em
individual e social equânime, podendo-se 2000, se uma criança não for
verificar o aumento da miséria, da
motivada a aprender e a se
exclusão social, do individualismo, da
competitividade predadora, que segre- engajar cedo na vida, maior
gam indivíduos, grupos e nações. será a probabilidade de ela
Por outro lado, confirma-se a função
da educação como fator de desen-
fracassar na vida social e econô-
volvimento econômico e social de um mica quando se tornar adulta.
país, onde urge o imperativo dela estar
atenta às mudanças no contexto e às
exigências da sociedade do conheci- pelas novas gerações (crianças, ado-
mento, colocando-se lado a lado com o lescentes e jovens) no início de suas
progresso, acompanhando os avanços vidas. Metaforicamente a “educação
científicos e tecnológicos, formando precisa ir à escola” para responder à
pessoas dinâmicas, criativas, sensí- tarefa que é transformar DESENVOL-
veis, propositivas, colaborativas e que VIMENTO PESSOAL EM UMA SOCIE-
estejam devidamente habilitadas para DADE MAIS JUSTA E DE BEM-ESTAR
enfrentar um mundo em um processo SOCIAL.
acelerado de mudanças.
Esse enfrentamento começa na sala
de aula da Educação Básica, integrada
à família. Uma economia competitiva,
uma sociedade mais justa e um estado Oportunidades:
democrático de direito forte e consoli-
dado dependem quase que totalmen-
te da qualidade da educação recebida
22 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Por que criar um


novo modelo de escola?

A escola tem uma série de imensos va de futuro para as suas vidas, de um


desafios para apoiar o país na resolu- projeto de futuro ou aquilo que desig-
ção da equação desenvolvimento namos de Projeto de Vida.
econômico X equidade social. E precisa Os inúmeros desafios que integram
elevar não apenas os padrões da qua- a sua agenda, a convocam a respon-
lidade da educação que provê às gera- der a uma formação que projete as
ções, mas introduzir em seus currícu- crianças e os jovens para atuar numa
los a adoção de referências que tragam sociedade que, em pleno Século XXI, é
sentido e significado para a criança, chamada por teóricos como Hobsbawm
para o adolescente e para o jovem que como “a era dos extremos”.
a buscam como locus fundamental Segundo Hobsbawm, o mundo ca-
para a constituição de uma perspecti- pitalista pautou-se por um ideal de

ABRANGÊNCIA DE UMA EDUCAÇÃO INTEGRAL

Cálculo
Escolha
Resiliência Reflexão
Sentido
Valores

Percepção

Significado Permeabilidade

Sonho
Flexibilidade
Criatividade
Questionamento
Expressão
Autoestima Proposição

Colaboração Solidariedade

Individualidade
Iniciativa
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 23
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

homem muito autônomo, porém pouco provoca muitos educadores a se volta-


solidário, enquanto os países socialistas rem para a formação do homem autô-
cultivaram um homem compulsoriamente nomo e solidário, numa aproximação
solidário e muito pouco autônomo. possível dos ideais de liberdade do
O desafio de construir um novo ho- ocidente e dos ideais de solidariedade,
rizonte antropológico para a Educação que inspiraram o mundo socialista.

A motivação para a concepção do mensões da sua vida, executando o


Modelo pautou-se por novos para- projeto construído e idealizado para
digmas e aliou-se à necessidade e o seu futuro ou o seu Projeto de Vida,
urgência para responder aos desafios essência da Escola da Escolha.
e provocar mudanças que cheguem à
sociedade, na perspectiva de que se Primeiramente, para o ICE, a base
torne mais justa; que se pautem na para a formulação desse Modelo foi
cidadania para reiterar o exercício o compromisso pleno com a integral-
do direito; que fortaleçam a demo- idade da ação eductiva, entenden-
cracia para que se torne mais legí- do-se aqui uma ação muito mais
tima; que influenciem a economia ampla que apenas a formação no
para que se torne mais competitiva e âmbito acadêmico. Essa integralida-
que, finalmente, possibilitem o desen- de foi concretizada por meio:
volvimento da dignidade humana. • do Artigo 2º da LDB 9394/96 e Artigo
3º da Constituição Federal do Brasil
Nesse sentido, o ideal formativo (visão de homem e sociedade);
que se projeta no Modelo é o de um • das finalidades da Educação –
jovem que ao final da Educação bá- UNESCO;
sica tenha constituído e consolidado • do alinhamento político e conceitual
uma forte base de conhecimentos e dos documentos:
de valores, que tenha desenvolvido - Paradigma do Desenvolvimento
a capacidade de não ser indiferen- Humano (PNUD)
te aos problemas reais que estão - Códigos da Modernidade (Bernardo
no seu entorno e se apresente como Toro)
parte da solução deles e, finalmente, - Mega-Habilidades (propostas pelo
que tenha desenvolvido um conjunto CLIE – Centro Latino-americano de
amplo de competências que o permi- Investigações Educacionais basedas
ta seguir aprendendo nas várias di- nos estudos de Dorothy Rich).
24 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
do Modelo Escola da Escolha

© Escola Estadual Prefeito Nestor de Camargo


25

Modelo da
Escola da Escolha
Diante dessa tarefa, ao mesmo daquilo que se aprende, do método
tempo desafiadora e complexa, o sobre como aprender e como ensinar
Instituto de Corresponsabilidade e da gestão dos processos da escola,
pela Educação se dedicou a formular as como o uso do espaço, do tempo, das
bases para a concepção de um modelo, relações entre as pessoas e do uso
com inovações em conteúdo da ação de todos os recursos físicos, técnicos
educativa daquilo que se ensina e e materiais disponíveis.

ver
a educação de um novo jeito
significa considerar que a cuidar
realização das expectativas
do sucesso do estudante deve
ser o ponto de honra e a
porque todos os educa-
dores, todos aqueles que
sentir
interagem e que partici- deve significar que os pro-
razão de existir da escola.
pam dos processos da vida fessores recebem o reco-
escolar, se dedicam e con- nhecimento e o respeito da
jugam esforços em todas sociedade pelo trabalho que
as direções para que os realizam e sentem orgulho e
estu-dantes se realizem satisfação de ensinar porque
em todas as dimensões da se reconhecem como impres-
vida humana. cindíveis na vida dos seus
estudantes hoje e na projeção
da construção do seu futuro.
26 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Nessa formulação, os processos for-


mativos inovadores buscam assegurar
A formação se processa por
que as aprendizagens adquiridas na meio de práticas eficazes de
escola possibilitem o desenvolvimento ensino e de processos verificáveis
de múltiplas capacidades, não apenas de aprendizagem que assegu-
intelectuais, e agreguem valor às
ram o pleno domínio, por parte
dimensões da vida pessoal, social e
profissional futura do jovem ao concluir do estudante, do conhecimento
a Educação Básica. a ser desenvolvido durante a
Essas dimensões integram o ideal Educação Básica. Aqui não fala-
antropológico da educação brasilei-
mos de estudos para além desse
ra. Como definido por Anísio Teixeira,
guardam profundo alinhamento com nível de ensino, mas daqueles
as bases teóricas e legais que funda- que devem ser assegurados na
mentam o Modelo e respondem às intensidade, no tempo e na qua-
expectativas apontadas nas análises
lidade durante os anos de estu-
de contexto anunciadas nesta introdu-
ção, ou seja, aqui falamos da formação
do no Ensino Fundamental e no
de um jovem que ao final da educação Ensino Médio. Para tanto, preci-
básica deverá ter formulado um Proje- samos não só de um currículo
to de Vida como sendo a expressão da configurado pela Base Comum
visão que ele constrói de si e para si em
Nacional e pelos documentos
relação ao seu futuro e define os cami-
nhos que perseguirá para realizá-la em institucionais, mas sim valo-
curto, médio e longo prazo. rizado por uma Parte Diversi-
Essas inovações proporcionaram a ficada que não seja considera-
consolidação de um novo jeito de ver,
da apêndice do currículo, mas
sentir e cuidar da educação.
Para tanto, o projeto escolar deve parte integrada e vital para
prover 3 eixos fundamentais: assegurar o seu enriquecimento,
• FORMAÇÃO ACADÊMICA DE aprofundamento e, obviamente,
EXCELÊNCIA;
sua diversificação.
• FORMAÇÃO PARA A VIDA;
• FORMAÇÃO PARA O DESENVOL-
VIMENTO DAS COMPETÊNCIAS DO A formação que busca ampliar
SÉCULO XXI; as referências do estudante
Um dos elementos inovadores intro- relativamente aos valores e
duzidos pelo ICE é a relação de inter-
princípios que ele constitui ao
dependência guardada entre o Modelo
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 27
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

longo de sua vida nos diversos A CENTRALIDADE DO MODELO É


meios com o qual ele interage: O JOVEM E SEU PROJETO DE VIDA
famílias, amigos, igrejas, tem-
plos, clubes, centros de convi- ESCOLA DA ESCOLHA

vência etc e que contribuirá TECNOLOGIA DE GESTÃO


EDUCACIONAL (TGE)

na constituição de uma base


MODELO PEDAGÓGICO

sólida para a sua vida. Uma base


consolidada de conhecimentos
e de valores deverá apoiar o FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
estudante no processo de toma- EXCELÊNCIA

da de decisões que o acompa- O JOVEM E SEU


PROJETO DE VIDA

nhará ao longo da construção


e da execução do seu Projeto
FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
de Vida. PARA O SÉCULO XXI

A formação integral se dá não


apenas pela presença de um
currículo pleno de competên-
cias intelectuais, mas pela pre-
sença de um conjunto de outras Pedagógico e o Modelo de Gestão – es-
competências essenciais pre- truturas existentes no projeto escolar
que se alimentam mutuamente através
sentes nos domínios da emoção
dos seus conceitos, princípios e me-
e da natureza social. O seu canismos operacionais e constituem o
desenvolvimento, no conjunto organismo que torna possível transfor-
dos outros pilares, deverá mar o plano estratégico da escola em
efetiva e cotidiana ação.
contribuir construtivamente
O Modelo de Gestão – através da
para a formação de compe- Tecnologia de Gestão Educacional –
tências que impactam nos TGE, é a base na qual o Modelo Pedagó-
diversos domínios da vida gico se alicerça para gerar o movimento
humana, seja no âmbito pes- e respectivo trabalho que transformará
o que ele traz enquanto “intenção”,
soal, social ou profissional.
efetiva e concretamente em “ação”.
28 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Projeto de Vida

O Projeto de Vida reside no “coração” são que se constrói do próprio futuro é


do projeto escolar. Ele é o seu eixo, essencial para todo ser humano. As
sua centralidade e sua razão de existir. pessoas que constroem uma imagem
É fruto do foco e da conjugação de afirmativa, ampliada e projetada no futu-
todos os esforços da equipe escolar. É ro, e atuam sobre ela, têm mais possibi-
nele que o currículo e a prática pedagó- lidades de realizá-la do que aquelas que
gica realizam o seu sentido, no aspecto meramente sonham e não conseguem
formativo e contributivo, na vida do jo- projetar de forma nítida o que pretendem
vem ao final da educação básica. Deve fazer em suas vidas nos anos que virão.
ser fruto dos diversos aprendizados nas O que as diferencia é, sobretudo, que
mais distintas áreas de conhecimen- aquelas que têm uma visão estão com-
tos, do currículo que se processa nas prometidas, direcionadas, fazendo algo
várias práticas educativas (in) formais de concreto para levá-las na direção dos
e nos mais variados espaços e tempos seus objetivos. Tudo que contribui para
escolares. É fruto também da presen- que a pessoa avance na direção da sua
ça pedagógica, generosa e afirmativa, visão faz sentido para ela.
daqueles que apoiaram a trajetória do Uma visão, sem plano para realizá-
estudante nos diversos ambientes onde -la, é meramente um sonho. E sonhos
se realizou a sua passagem – colegas, não se tornam vida apenas porque os
educadores, familiares. desejamos. Assim eles não passam de
O Projeto de Vida é uma das meto- fantasias. Devemos aprender, no pre-
dologias de êxito da Escola da Escolha sente, a projetar no futuro os nossos
oferecidas aos estudantes e compõe a sonhos e ambições e traduzi-los sob
parte diversificada do currículo, tanto a forma de objetivos, traçar metas,
no Ensino Fundamental quanto no definir prazos para a sua realização e
Ensino Médio. Ela é a solução proposta empregar uma boa dose de cuidados,
pelo ICE para atribuir sentido e determinação e obstinação pessoal
significado ao projeto escolar, em para isso. Esse é um processo gradual,
resposta aos desafios advindos do lógico, reflexivo e muito necessário na
mundo contemporâneo sob o ponto de construção de sentidos para as nossas
vista da formação dos jovens, sempre vidas. É a própria experiência da
na expectativa das transformações autorrealização, ou seja, conferir sentido
pretendidas nos planos social, político, e significado para as nossas vidas no
econômico e cultural porque aposta mundo, perante nós mesmos, perante
no sonho, cuida do presente e planeja aqueles com quem nos relacionamos e
o futuro. perante os compromissos que assumi-
Projetar a vida a partir de uma vi- mos com os nossos sonhos.
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 29
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

A ARTE DO PROJETO DE VIDA

As
oportunidades

Riqueza intelectual,
Fatores
material e moral
externos

As
escolhas As dúvidas,
as colinas
de sabedoria
Os As
exemplos realizações

As terras
desconhe-
cidas
As
competências
Os
ambientes

Os
valores

A família, os O sonho
professores

Os imprevistos Os valores As pessoas

A
identidade
30 INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

No Modelo Escola da Escolha, os se aplica o que foi aprendido e de que


estudantes são levados a refletir so- forma se usufrui. O Projeto de Vida se
bre os seus sonhos, suas ambições constrói a partir de alguém que sonha,
e aquilo que desejam para as suas que tem ambição e que quer realizá-la.
vidas, onde almejam chegar e que Para isso, a essa pessoa devem ser
pessoas que pretendem ser, mas o providas as condições de uma formação
agir sobre eles, ou seja, quais etapas acadêmica de excelência, associada
deverão atravessar e mobilizá-los a em mesma escala de importância a
pensar nos mecanismos necessários uma sólida formação em valores fun-
para chegar lá, é fundamental. damentais para apoiá-la nas decisões
Não se trata de definir carreira; se que tomará ao longo da sua trajetória
trata, antes, de definir quem eles que- e, igualmente, no desenvolvimento de
rem ser; que pessoas querem ser; que competências que a permitirão transi-
valores querem construir e instituir em tar e atuar diante dos imensos desafios
sua vida como fundamentais; que co- da vida.
nhecimentos esperam ter constituído Esta é a visão idealizada de jovem da
de maneira a ter ampliado e diversifica- Escola da Escolha.
do o seu repertório e que, no conjunto,
o apoiarão na tomada de decisões so-
bre os diversos domínios de suas vi- Um jovem que deverá ser
das, ou seja, a vida pessoal, social e a
dotado da capacidade de
profissional em que se inserem, dentre
outras, a carreira que pretendem ter. iniciativa (ação), liberdade
Trata-se portanto, de pensar sobre o (opção) e compromisso
homem/mulher que se deseja, com to-
das as suas escolhas, da qual também
(responsabilidade) para
faz parte a profissional. fazer escolhas, atuando de
Para isso, um forte trabalho baseado maneira autônoma (base-
no desenvolvimento de um conjunto de
competências se torna fundamental. ando-se nos seus próprios
E aí há também um grande investimento valores, crenças e conheci-
nas competências socioemocionais,
mentos), solidária (atuando
ou não-cognitivas. A literatura tem
mostrado e evidenciado que o que como parte da solução)
mais importa no desenvolvimento de e competente (seguindo
uma pessoa desde os seus primeiros
anos de vida é menos a quantidade
na capacidade de aprender
de informações que chegam até ela a aprender) sobre os
e mais o desenvolvimento de um con-
contextos e desafios, limites
junto de qualidades ou competências
como autoconhecimento, autocontro- e possibilidades advindas
le, persistência, determinação, entre do novo século.
outras. Vale aqui não apenas o que se
aprendeu ao longo da vida, mas como
INTRODUÇÃO ÀS BASES TEÓRICAS E METODOLÓGICAS 31
DO MODELO ESCOLA DA ESCOLHA

Anotações:
Referências
Bibliográficas

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insme-newsletter/file-e-allegati/news- em agosto/2014.
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pdf/view www.todospelaeducacao.org.br/edu-
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DECLARACAO DE PRINCIPIOS DE GE- niao-analfabetismo-funcional Acessa-
NEBRA 2003 do em agosto/2014.
http://www.fbln.pro.br/downloada-
ble/pdf/CMSI_declaracaoprincipios_
Genebra2003.pdf

SITUAÇÃO DA ADOLESCÊNCIA BRA-


EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
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EQUIPE DE DIREÇÃO
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CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
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Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
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Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Modelo
Pedagógico
Princípios Educativos
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Modelo
Pedagógico
Princípios Educativos
2
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as bases do Modelo


Pedagógico da Escola da Escolha e seus princípios educativos.
Iniciamos a conversa apresentando o que é o Modelo Pedagó-
gico e detalhamos os seguintes temas:

• Protagonismo
• Os 4 Pilares da Educação
• Pedagogia da Presença
• Educação Interdimensional

Bom estudo!
©iStock.com/lilly3
A concepção do
Modelo Pedagógico

Introdução

O Caderno Introdução às Bases Teóricas e Metodológicas do Modelo da Escola da


Escolha apresenta a sua matriz histórico-conceitual, o cenário no qual foi concebi-
do, sua motivação institucional, suas expectativas e compromissos para a quebra
e a introdução de novos paradigmas na Educação Básica brasileira.
Aqui trataremos de duas estruturas - gestão e pedagogia - tecidas para operar
este Modelo:

ESCOLA DA ESCOLHA

TECNOLOGIA DE GESTÃO
EDUCACIONAL (TGE)

MODELO PEDAGÓGICO

FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
EXCELÊNCIA

O JOVEM E SEU
PROJETO DE VIDA

FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO XXI

A CENTRALIDADE DO MODELO É O JOVEM E O SEU PROJETO DE VIDA


6 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

Apesar de aqui serem consideradas


nas suas particularidades em Cadernos
específicos, essas duas estruturas,
nomeadas como Modelo de Gestão e
Modelo Pedagógico, guardam uma relação AMPLIAÇÃO DA JORNADA ESCOLAR:
de interdependência e se alimentam mu-
REFERÊNCIA OU ESTRATÉGIA?
tuamente por meio dos seus princípios,
conceitos e mecanismos operacionais.
São estruturas indissociáveis e tornam
possível transformar o plano estratégico
da escola em efetiva e cotidiana ação.
Os dois Modelos dão sustentação
para a Escola da Escolha.
O Modelo de Gestão, por meio da
Tecnologia de Gestão Educacional –
TGE, é a base na qual o Modelo Peda-
gógico se alicerça para gerar o trabalho
que transformará a “intenção educati-
va” em “ação efetiva”.
O Modelo Pedagógico é o sistema
que opera um currículo integrado entre
as diretrizes e os parâmetros nacionais
e/ou locais e as inovações concebidas
pelo ICE, fundamentadas na diversifi-
cação e enriquecimento necessários
para apoiar o estudante na elaboração
do seu Projeto de Vida, essência do
Modelo e no qual reside toda a centrali-
dade do currículo desenvolvido.
O sistema é fundamentado em qua-
tro Princípios Educativos: o Protago-
nismo, os Quatro Pilares da Educação,
a Pedagogia da Presença e a Educação
Interdimensional.
O Modelo da Escola da Escolha ope-
ra essas estruturas por meio de uma
estratégia fundamental que se carac-
teriza pela ampliação do tempo de
permanência de toda a comunidade
escolar, equipes de gestão, professores,
corpo técnico-administrativo e os estu-
dantes. Mesmo sendo uma estratégia
essencial, a modificação do tempo de
permanência de todos na escola não é
MODELO PEDAGÓGICO 7

A concepção do Modelo Pedagógico

uma referência para sua a concepção


e, sim, um mecanismo para viabilizar
o projeto escolar fundado nessas duas
estruturas. Esse é um aspecto impor-
tante, pois se trata de compreender
que o ponto de partida é a concepção
dos princípios e premissas do projeto
escolar que se materializa na prática
pedagógica através do currículo e
de estratégias definidas para a sua
operacionalização. Uma lógica inversa,
e não adotada aqui, é a que define pri-
meiramente quanto tempo o estudan-
te permanecerá na escola para depois
definir de que forma esse tempo serve
ao currículo e como ele se articula ao
projeto escolar.
8 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

A materialização do currículo se
realiza por meio de procedimentos
teórico-metodológicos que favorecem
a vivência de atividades dinâmicas,
contextualizadas e significativas nos
diversos campos das ciências, das
artes, das linguagens e da cultura cor-
poral e, exercendo o papel de agente
articulador entre o mundo acadêmico,
as práticas sociais e a realização dos
Projetos de Vida dos estudantes. Para
tanto, o Modelo da Escola da Escolha
lança mão de inovações pedagógicas
(sua Parte Diversificada) que, integra-
das ao desenvolvimento da Base Na-
cional Comum do currículo, favorecem
o pleno desenvolvimento do estudante.
A estruturação da Parte Diversificada
do currículo leva sempre em conside-
ração a identidade local ilustrada em
cada sistema educacional.
MODELO PEDAGÓGICO 9

A concepção do Modelo Pedagógico

INOVAÇÕES EM CONTEÚDO, MÉTODO E GESTÃO


10 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

O Modelo Pedagógico foi concebido claras: um modelo pedagógico eficaz


para responder à formação do jovem no e um modelo de gestão comprometi-
Século XXI, a fim de que ao final da Edu- do com resultados;
cação Básica, ele reúna as condições • dispõe de um conjunto de metodo-
para executar o seu Projeto de Vida, ide- logias que operam esses princípios;
alizado e gestado ao longo dos Ensinos • aciona estratégias para viabilizar o
Fundamental e Médio. desenvolvimento das metodologias;
À luz das questões trazidas e refletidas • demanda instrumentos cuja aplica-
no contexto da sua concepção, o Modelo ção avalia a sua efetividade.
da Escola da Escolha tem como foco: Tendo o JOVEM como foco do pro-
jeto escolar ao final da Educação Bási-
ca e a construção do seu PROJETO DE
O jovem e o seu Projeto de Vida VIDA, o Modelo se efetiva na medida
em que a escola provê, tanto no Ensino
Fundamental quanto no Ensino Médio,
Esse foco é nítido porque se assume três eixos formativos essenciais e
uma sentença: considera o estudante e suas circuns-
tâncias como sendo o alvo a partir do
qual e para o qual o Projeto Escolar se
Apenas um jovem que desenvolve constrói e se estabelece sob a forma
das relações, do currículo, das práticas
uma visão do seu próprio futuro e pedagógicas e da gestão. O foco dos
é capaz de transformá-la em realida- profissionais da escola e, consequente-
mente, de suas práticas, tem que pos-
de reunirá as condições para atuar
suir “nome e sobrenome”. Não pode ser
nas três dimensões da vida humana abstrato, tem que “ser”, tem que “exis-
– pessoal, social e produtiva – dotado tir”, tem que “ocupar espaço”. E isso
só mesmo o estudante e sua forma de
da capacidade de iniciativa (ação), interagir com o mundo podem oferecer.
liberdade (opção) e compromisso Nesse caso, o foco deve ser o estudante

(responsabilidade) para fazer esco- a quem os educadores servem com sua


dedicação, suas competências técni-
lhas, atuando de maneira autônoma, cas, seu tempo, seu talento e seu exem-
solidária e competente sobre os plo. Para atingir tal objetivo, o Modelo
proposto pelo ICE define três eixos por
contextos e desafios, limites e possi- meio dos quais a prática pedagógica
bilidades advindos deste século. se realiza. Eles não concorrem entre si,
mas coexistem, um não se sobrepõe ao
outro porque os três são imprescindí-
Na perspectiva dessa formação veis para a formação do jovem idealiza-
e na modelagem dessa concepção, do na Escola da Escolha.
tem-se claro que a Escola da Escolha:
• fundamenta-se em quatro princí-
pios e se estrutura em duas bases
MODELO PEDAGÓGICO 11

A concepção do Modelo Pedagógico

FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
EXCELÊNCIA

O JOVEM E SEU
PROJETO DE VIDA

FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO XXI

OS TRÊS EIXOS FORMATIVOS DO ESTUDANTE

FORMAÇÃO ACADÊMICA DE EX- dos na intensidade, no tempo e na quali-


CELÊNCIA – A formação que se pro- dade durante os Ensinos Fundamental e
cessa por meio de práticas eficazes de Médio. Não apenas um currículo configura-
ensino e de processos verificáveis de do pela Base Nacional Comum e pelos
aprendizagem e que asseguram o pleno documentos institucionais, mas, tam-
domínio, por parte do estudante, do co- bém, valorizado por uma Parte Diversifi-
nhecimento a ser desenvolvido durante cada que não seja considerada apêndice
a Educação Básica. Não se fala de es- do currículo, e sim parte integrada e vital
tudos para além desse nível de ensino, para assegurar o seu enriquecimento,
mas daqueles que devem ser assegura- aprofundamento e diversificação.
12 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

FORMAÇÃO PARA A VIDA – A for- e Modelo Pedagógico possibilita ainda


mação que busca ampliar as referências que uma nova cultura se instale em cada
do estudante com relação aos valores unidade escolar, baseada em valores,
e princípios que ele constitui ao longo princípios e premissas comuns a todos
de sua vida nos diversos meios com os os seus integrantes. Essa nova cultura
quais interage: famílias, amigos, igrejas, possibilita, via Projeto de Vida dos edu-
templos, clubes, centros de convivência candos, que se reconfigure a forma de
e que contribuirão para a constituição de se fazer educação, em que a tomada de
uma base sólida em sua formação. Uma decisões para todas as ações escolares
base consolidada de conhecimentos e considera seus estudantes como objeto
de valores deverá apoiar o estudante e ação de seu trabalho.
no processo de tomada de decisões e Ao esperar que o jovem atue como
de escolhas que o acompanhará ao fonte de iniciativa, de liberdade e de
longo da construção e da execução do compromisso e que ele responda aos
seu Projeto de Vida. desafios do mundo contemporâneo de
FORMAÇÃO PARA O DESENVOL- maneira autônoma, solidária e com-
VIMENTO DAS COMPETÊNCIAS DO petente, a prática pedagógica deve ser
SÉCULO XXI – A formação integral se reconceitualizada em suas ações.
dá não apenas pela presença de um E nessa reconceitualização da for-
currículo pleno de competências cog- ma de ver e considerar o estudante, a
nitivas, mas também pela presença de definição de Antonio Carlos Gomes da
um conjunto de outras competências Costa fundamenta e orienta as diretri-
essenciais nos domínios da emoção e da zes do Modelo:
natureza social. O desenvolvimento do • Ter o estudante como fonte de
estudante, no conjunto dos outros do- iniciativa: significa considerar que ele
mínios deverá contribuir para a forma- não é mero expectador dos seus pro-
ção de competências que impactam os cessos de aprendizagem e vivências de
diversos domínios da vida humana, no experiências. Ele deve situar-se na raiz
âmbito pessoal, social ou profissional. dos acontecimentos, envolvendo-se na
Nessa perspectiva, o Modelo de sua produção.
Gestão oferece ao Modelo Pedagógico • Considerar o estudante como fonte de
diretrizes objetivas de ação para que a liberdade: trata-se de reconhecer que
equipe escolar possa tomar as decisões devem ser oferecidas ao estudante as
mais assertivas e articular a Base Nacio- oportunidades para aprender a avaliar,
nal Comum e a Parte Diversificada do a decidir e a fazer escolhas. Ele deve ter
currículo (sempre costurada pelos prin- diante de si cursos alternativos de ação
cípios pedagógicos), para garantir que como parte do seu processo de cresci-
a formação de excelência, a formação mento como pessoa e como cidadão.
para a vida e a formação para as compe- • Tratar o estudante como fonte de
tências para o século XXI aconteçam no compromisso: porque ele deve se
dia a dia da escola, da sala de aula aos reconhecer como responsável por suas
espaços para o exercício do Protagonis- decisões e ações. Deve ser conse-
mo de seus estudantes. quente e responder pelo que faz ou
A articulação entre Modelo de Gestão deixa de fazer.
MODELO PEDAGÓGICO 13

A concepção do Modelo Pedagógico

PROJETO DE VIDA O EIXO PRINCIPAL DA ESCOLA

A partir dessa reconceitualização e • competente, porque deverá ser capaz


reorientação, são introduzidas inova- de projetar uma visão de si próprio no
ções em conteúdo (sobre o que ensi- futuro, amadurecendo gradativamente
nar enquanto aquilo que tem sentido e um processo decisório sobre aquilo que
valor), método (sobre como ensinar) deseja para a sua vida.
e gestão (sobre conduzir processos A seguir, apresentaremos o detalha-
de ensino e de aprendizagem tratando mento do Modelo Pedagógico e como
do conhecimento a serviço da vida) e ele está conceitualmente alinhado à
suas respectivas metodologias para visão de sociedade, escola, educa-
reorientar a prática pedagógica e os ção e currículo, infância e juventude,
seus processos educativos. Isso deve como ele se alicerça em seus princí-
assegurar que a escola forme um jovem: pios educativos e, finalmente, como é
• autônomo, porque deverá ser ca- operacionalizado por meio das suas
paz de avaliar e decidir baseado nas diversas metodologias. Isso é reiterado
suas crenças, conhecimentos, valores pelos documentos que fundamentam
e interesses; o alinhamento político e conceitual já
• solidário, porque deverá ser fonte de referenciado no Caderno Introdução
solução, de iniciativa, de ação e de com- às Bases Teóricas e Metodológicas do
promisso associado a responsabilidades; Modelo da Escola da Escolha.
14 MODELO PEDAGÓGICO
A concepção do Modelo Pedagógico

Transformação

FORMA HISTÓRICA
MODELO PEDAGÓGICO 15

A concepção do Modelo Pedagógico

Cultural da Escola

FORMA NOVA
©iStock.com/kickimages
Princípios Educativos

O sistema que caracteriza o Modelo Pedagógico está fundamentado em quatro


princípios educativos:

PRINCÍPIOS EDUCATIVOS

Esses princípios servem para o alinhamento conceitual dos referenciais filosófi-


cos às perspectivas de formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica:
autônomo, solidário e competente, capaz de desenvolver uma visão do seu próprio
futuro e transformá-lo em realidade para responder aos contextos e desafios,
limites e possibilidades trazidos pelo novo século e atuar sobre eles.

O Protagonismo

O Protagonismo foi evocado na concepção do Modelo Pedagógico pelo seu ali-


nhamento à perspectiva de educação do Modelo da Escola da Escolha quanto à
formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica.
Ele se apresenta como princípio educativo, mas, também, é tratado como
metodologia, que na escola se materializa por meio de um conjunto de práticas
e vivências.
A palavra Protagonismo, de origem grega, usada no teatro, na literatura e, mais
recentemente, na sociologia e na política para ilustração dos atores sociais como
agentes principais dos seus respectivos movimentos, empresta também à educa-
ção o seu uso. Dessa forma, os educadores passam a chamar de Protagonismo
os processos, movimentos e dinamismos sociais e educativos, nos quais os ado-
lescentes e jovens, apoiados ou não pelos seus educadores, assumem o papel
principal das ações que executam.
18 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Educar pela perspectiva do Protagonismo


“Jovem, Olha! A vida é nova... a vida é nova e anda nua, vestida apenas com o teu desejo.”
- Mario Quintana

Uma resolução aprovada pela Assem- atuando como parte da solução e, não,
bleia Geral da Organização das Nações do problema, no enfrentamento de
Unidas (de 13 de março de 1996, situações reais, na escola, na comuni-
intitulada Programa de Ação Mundial dade e na vida social mais ampla”.
para os Jovens até o ano 2000 e anos
subsequentes) reporta que em todas
A vida aspira a mais vida,
as partes do mundo os jovens desejam
participar plenamente da vida em so- e é esse o recado dos jovens
ciedade. O dado é o que permite passar de todo o mundo quando
das estereotipias às proposições.
Se os jovens querem participar da
declaram que querem
vida em sociedade, mas não o estão participar da vida social
fazendo, significa que não tem havido
de maneira plena.
espaço em que possam se expressar no
vigor de sua vitalidade. Antonio Carlos
Gomes da Costa conceitua Protagonis- Pelo cenário atual, o que o mundo
mo juvenil como sendo a designação vai exigir desses jovens é precisamente
para a “participação de adolescentes que sejam criativos.

De problema à solução

Uma breve análise histórica do século cias entre as casas no ambiente rural dei-
XIX, especificamente quanto ao xaram de existir), não necessariamente
advento da Revolução Industrial e à acompanhada de políticas adequadas
consequente e crescente onda migra- de aproveitamento desse tempo e de
tória do campo para o meio urbano canalizações dessas energias em pro-
gerada na rota desse processo, permi- veito do próprio jovem e da sociedade;
te afirmar que ela modificou profunda- o uso crescente de álcool, fumo e drogas
mente alguns dinamismos típicos do ilícitas; gravidez na adolescência; DST e
universo juvenil e criou o que se passou violência em suas diversas formas são
a chamar de “problemática juvenil” alguns dos indicadores de consequências
nas grandes cidades. A família e a es- observadas junto à população juvenil.
cola passaram a encontrar dificuldades Alguns modelos como resposta do
para lidar com os desafios da juventude mundo adulto a esse quadro surgiram
urbano-industrial em virtude das várias nos diversos âmbitos. Os primeiros,
mudanças sofridas. Por exemplo, o re- chamados programas preventivos,
lacionamento intenso do adolescente atuavam em uma perspectiva corre-
com os seus pares (as grandes distân- cional repressiva ao estilo “vigiar e
MODELO PEDAGÓGICO 19

Princípios Educativos

punir”, objetivando afastar os jovens tratar o jovem como solução do pro-


dos fatores de risco ao apresentar as blema significa extrapolar os mode-
consequências da exposição a esses los então adotados e considerar uma
fatores. Na sequência, em virtude do concepção mais ampla do ser huma-
fracasso da ação “sanitária-pedagógica”, no que abrange o próprio desenvolvi-
investiu-se na adoção de práticas pre- mento do seu potencial.
ventivas com base na afirmação da Essa perspectiva se alinha com os
identidade e da valorização da autoes- fundamentos que nortearam a concep-
tima do adolescente, logo substituídas ção do Modelo e ratifica a afirmação
pelo modelo adotado pela Organização de que todo ser humano nasce com
Mundial da Saúde (OMS), que trabalha um potencial e que tem o direito de
na perspectiva promocional da saúde, desenvolvê-lo. Para isso, é preciso ter
com enfoque no amplo bem-estar físi- oportunidades que, efetivamente, de-
co, mental, emocional e social. senvolvam potencialidades e estas se
Na perspectiva do Protagonismo, encontram nas práticas educativas.

Da potencialidade à potência: para uma juventude criativa,


solidária, autônoma e competente
“O Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ação educativa, é a criação de espaços
e condições capazes de possibilitar aos jovens envolver-se em atividades direcionadas à
solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso ”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

Na Escola, é preciso...
Conceber os educandos como fonte e não simplesmente como receptores ou
porta-vozes daquilo que os adultos dizem ou fazem com relação a eles.

Assegurar a criação de espaços e de mecanismos de escuta e participação.

Não conceber Protagonismo enquanto projeto ou ações isoladas, mas como


participação autêntica dos educandos.
20 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O Protagonismo possibilita ao educan- pública. Começa a estabelecer novos


do o exercício de práticas e vivências vínculos de compromisso com aquilo
de situações de aprendizagem por que transcende o seu próprio universo
meio das quais exercitará as condições e passa a constituir um nível mais alto
essenciais para o seu desenvolvimento e mais profundo de ação, inaugurando
pessoal e social, que tem sua base na um novo espaço de descoberta e expe-
própria construção da identidade e no rimentação social, um apelo à consci-
desenvolvimento da autoestima - marcos ência ética e ao compromisso cidadão.
fundamentais do Projeto de Vida. O Protagonismo trata também de
Ao mesmo tempo, ao problema- um dever quando implica as questões
tizar situações e decidir se envolver na ligadas ao bem comum. Tanto quanto
busca de soluções, ele está dando os sujeito que pratica a ação protagonis-
primeiros passos rumo à extrapolação ta, o educando é, ao mesmo tempo, o
do que separa a vida privada da vida objeto desta mesma ação.

Da relação educador-educando
“...eles e suas múltiplas juventudes são essenciais para as nossas vidas, são como uma
tarefa a realizar, são a nossa chance de futuro.”
- Thereza Barreto

A concepção de educação subjacente ao conceito de Protagonismo é aquela


que trata do ato de educar como sendo capaz de transformar o potencial do ser
humano em competências, habilidades e capacidades.

No Protagonismo...
O educador é um organizador, um cocriador de acontecimentos junto aos
educandos. A participação é a base na qual o protagonismo do educando se
estrutura. A cooperação educador-educando é o meio e a autonomia é o fim.

O educando deve ser visto como fonte de iniciativa (ação), de liberdade (ação) e
de compromisso (liberdade).

A presença educativa é a base da relação educador/educando, na qual há


abertura, reciprocidade e compromisso.
Colaboração é principal padrão de
comportamento na adolescência
MODELO PEDAGÓGICO 21
Autonomia não elimina o papel do
Princípios Educativos
educador como facilitador

Da potência à ação: a juventude participativa e atuante

Nas ações de Protagonismo o estudan- situações reais influenciarão no desen-


te se mobiliza em torno de atividades volvimento de sua autonomia, de sua
que extrapolam o âmbito dos seus autodeterminação, que repercutirá ao
interesses individuais e familiares, longo de sua vida familiar, profissional
e podem ter como espaço a escola, e social.
a vida comunitária (igrejas, clubes, Há uma relação direta entre recep-
associações etc), até mesmo a socie- tividade, incentivo, apoio e evolvi-mento
dade em sentido mais amplo. por parte dos adultos ou, ao contrário,
A quantidade e a qualidade das de indiferença, suspeita, censura e
oportunidades de participação que os hostilidade que despertam contra-re-
educandos usufruírem na vivência de ações por parte dos educandos, que
variam da motivação à divergência
Participação autêntica dos e apatia.

educandos é influir, por meio de A escola é lugar privilegiado para


palavras e atos, nos acontecimen- um primeiro exercício dessa partici-
tos que afetam a sua vida e a vida pação, sendo ela a primeira etapa do
de todos aqueles em relação aos ingresso das crianças e adolescentes
quais ele assumiu uma atitude de na dimensão da vida pública.
não-indiferença, uma atitude de
valoração positiva.

O Papel do Educador diante do


protagonista é......
Ajudá-lo a identificar a situação-problema e posicionar-se diante dela.

Empenhar-se para que ele não desanime e nem se desvie dos objetivos do grupo.

Favorecer o estabelecimento de vínculos entre os membros do grupo.

Zelar permanentemente para que a iniciativa dele seja compreendida e aceita


pelos outros e pelos adultos.

Colaborar como seu apoio e incentivo.


22 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

A RELAÇÃO ENTRE OS EDUCADORES E EDUCANDOS NA ESCOLA

ETAPAS DEPENDÊNCIA COLABORAÇÃO AUTONOMIA

Educadores discutem A iniciativa da ação


Iniciativa unilateral
1. A Iniciativa da ação se devem ou não assumir parte dos próprios
dos educadores
uma iniciativa educandos

Educadores planejam
2. O Planejamento Educadores e educandos Educandos planejam
sem a participação
da ação planejam juntos a ação o que será feito
dos educandos

Educadores executam Educadores e educandos


Educandos executam
3. A Execução da ação e os educandos recebem executam juntos a ação
o que foi planejado
a ação planejada

Educadores e educandos
Educadores avaliam os Educandos avaliam a
4. A Avaliação da ação discutem o quê e como
educandos ação realizada
avaliar a ação realizada

Educadores e educandos
5. A Apropriação dos Resultados apropriados Educandos se apropriam
compartilham os resulta-
resultados da ação pelos educadores dos resultados
dos da ação planejada

Os Quatro Pilares da Educação


“Sabemos o que somos, mas ignoramos no que podemos nos tornar”
- Hamlet. 4º ato, cena 5. William Shakespeare

No início da década de 1990, a Comis- Hoje, o conhecimento e a geração de


são Internacional sobre a Educação informações crescem a taxas geomé-
para o Século XXI da UNESCO criou tricas e os meios de comunicação se
uma agenda de debates relacionando tornam a cada dia uma agência de edu-
educação e sociedade. Tinha em vista cação dominante em todo o mundo,
concepções e práticas pedagógicas ainda que por vezes involuntária.
frente ao nascimento do novo sécu- Naquela década, constituiu-se uma
lo, que prenunciava a intensificação comissão composta por educadores
da oferta e meios para circulação de reconhecidos mundialmente, sob a co-
conhecimentos, armazenamento de ordenação do então Ministro da Cultu-
informações e comunicação. O conhe- ra da França, que delinearam as trilhas
cimento será sempre ampliado. Mas, pelas quais a educação deverá avan-
no passado, isso ocorria num processo çar neste início de século, assumindo
gradual e aparentemente controlável. que (a educação) “(...) surge como um
MODELO PEDAGÓGICO 23

Princípios Educativos

trunfo indispensável à humanidade na gem ao longo de toda a vida envolve o


sua construção dos ideais da paz, da desenvolvimento de conhecimentos,
liberdade e da justiça social”. competências e valores em todas as
O relatório da Comissão, intitulado dimensões e em todas as fases da vida
Educação: um tesouro a descobrir, de uma pessoa, desde a infância até a
de 1996, trouxe com força a reflexão idade adulta, em qualquer nível ou es-
e discussão em torno da busca con- paço de ensino e em qualquer cultura.
tínua “de uma concepção e de uma • O reconhecimento de que aprendiza-
prática educacionais que revelem a gem não é apenas um processo inte-
todos o valor do aprendizado ao longo lectual, mas o meio fundamental para o
da vida e possibilitem a emergência de desenvolvimento do indivíduo por meio
todos os nossos talentos, individuais e de todas as dimensões da vida humana,
coletivos”. considerando o seu desenvolvimento
O relatório convida a pensar na edu- pessoal, social e produtivo.
cação ao longo da vida como uma ma- • O indicativo de um ideal antropoló-
neira de lidar e viver no mundo contem- gico em termos de formação humana
porâneo marcado por transformações que, se perseguido com competência
rápidas e profundas, além de apoiar no e persistência, poderá contribuir so-
discernimento de quais informações bremaneira com as futuras gerações.
são relevantes entre tantas que sur- • A perspectiva filosófica e educacional
gem a cada milissegundo e de todos coloca a sociedade diante de uma nova
os cantos do planeta. Essa visão edu- proposição de formação humana edu-
cacional deve ajudar os seres humanos cativa ampliada, em que aqueles que
a usufruírem das oportunidades ao seu aprendem devem fazê-lo de modo que
alcance e ajudar a criar novas oportuni- sintam prazer em aprender, desenvol-
dades para aqueles que vierem depois. vam interesses variados e queiram nu-
Nessa visão prospectiva, a mensa- trir suas mentes para o resto de suas
gem do relatório é clara: vidas, inspirados por um ideal de
• O objetivo da educação não se res- formação a exemplo da Paideia.
tringe a assegurar a transmissão de
conhecimentos, mas a criação de um
desejo de continuar a aprender por
toda a vida a partir do reconhecimento
de que aprender é viver em transforma-
ções de si próprio e dos outros;
• A necessidade de refletir e criar as
condições para se oportunizar a con-
vivência e a gestão de conflitos no
convívio pacífico e de prática cidadã.
• O equívoco sobre a percepção de acu-
mulação de determinada quantidade
de conhecimentos da qual se possa se
abastecer indefinidamente.
• A perfeita noção de que aprendiza-
24 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

A ideia grega de Paideia estava ligada a um OS QUATRO PILARES


ideal de formação educacional, que procura- DA EDUCAÇÃO
va desenvolver o homem em todas as suas
potencialidades, de tal maneira que pudes-
se ser um melhor cidadão. O termo também
significa a própria cultura construída a par-
tir da educação. Era o ideal que os gregos
cultivavam do mundo, para si e para sua APRENDER A
juventude. Uma vez que o governo próprio CONHECER
era muito valorizado pelos gregos, a Paideia
combinava ethos (hábitos) que o fizessem
ser digno e bom tanto como governado
quanto como governante. O objetivo não era
ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade
e a nobreza. Paideia também pode ser enca-
rada como o legado deixado de uma geração
para outra na sociedade. APRENDER A
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Paideia, FAZER
acesso em 21/08/2014

Assim, o relatório indica que à


educação “cabe fornecer, de alguma
forma, os mapas de um mundo com-
plexo e em movimento constante e, ao
mesmo tempo, a bússola que permita APRENDER A
navegar nele.” E ainda, que “é neces-
CONVIVER
sário estar à altura para aproveitar e
explorar, do começo ao fim da vida,
todas as ocasiões de atualizar, apro-
fundar e enriquecer esses primeiros
conhecimentos, e de se adaptar a um
mundo em mudança”.
Para responder à visão e ao desafio
do relatório, a comissão propõe que a
educação deve se organizar em torno APRENDER A
de quatro pilares do conhecimento. SER
Isso é o contrário do que tem sido a
expressão do ensino formal, orientado
prioritariamente pelo desenvolvimento
das capacidades cognitivas.
MODELO PEDAGÓGICO 25

Princípios Educativos

Nenhum pilar se sobrepõe a outro que o primeiro, ‘aprender’, se repete


e deve ser objeto de igual atenção por em todos eles. Ele não propõe ‘apren-
parte do processo estruturado de edu- der o conhecimento’, ‘aprender o feito’,
cação. Só assim ela será uma experiên- nem ‘aprender a convivência’. Ao con-
cia a ser concretizada ao longo da vida, trário, apresenta o segundo termo
em todas as suas dimensões, tanto no também no infinitivo, conferindo-lhe
plano pessoal como no social. um dinamismo, um caráter processual
Uma nova e ampla concepção de não suportado por vocábulos estáti-
educação, passa a ser uma condição es- cos, estruturais e estruturados como
sencial para responder aos desafios do ‘conhecimento’, ‘feito’ e ‘convivência’.
novo século, no qual se supere a visão ‘Aprender o conhecimento” é ‘apren-
instrumental de educação e se passe a der o conhecido’, enquanto ‘aprender
considerá-la como o meio para a reali- a conhecer’ é participar da pesquisa
zação da pessoa em toda a sua plenitu- e do processo de construção do co-
de, ou seja, aquela que “aprende a ser”. nhecimento. ‘Aprender a fazer’ é muito
Essa percepção pode ser ilustrada mais do que aprender como é feito.
pelo fato dos autores considerarem os É também construir os modos e os
“pilares” como “aprendizagens” e não instrumentos da ‘feitura’. Finalmente,
se referirem como “competências” ou ‘aprender a conviver’ não se reduz ao
mesmo “conhecimentos”. Para ilustrar conhecimento das convivências – geral-
essa leitura, José Eustáquio Romão, mente marcadas pela competição e
em O Ensino Médio e a Omnilaterali- pelos conflitos – mas se estende à bus-
dade: Educação Profissional no século ca do conhecimento das diversidades
XXI, destaca o pensamento de Jacques étnicas, econômicas, políticas, sociais,
Delors: “insiste em conjugar – em to- religiosas e culturais e participa das
dos os sentidos da palavra – dois ver- estratégias de reconstrução da convi-
bos em cada um dos ‘pilares’, sendo vência na diferença”.

O ideal formativo do Relatório Educação:


Um tesouro a descobrir

Os Quatro Pilares são as aprendizagens fundamentais para que uma pessoa possa
se desenvolver plenamente, considerando a progressão das suas potencialidades,
ou seja, a capacidade de cada um de fazer crescer algo que traz consigo ou mesmo
que adquire ao longo da vida.
Aqui se entende com mais clareza a metáfora anunciada no título do relatório, a
de que cada pessoa traz em si um tesouro a descobrir desde que submetida a um
processo educativo, seja a Educação Básica, a Educação Profissional, a Educação
Superior, a Educação Empresarial, entre outros âmbitos nos quais se realiza uma
ação educativa.
26 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Pilar do Aprender a Conhecer

Essa aprendizagem vai além do domínio concepções cuja origem remon-


do conhecimento e não se limita à aqui- tam ao século XVIII, “transmitindo”
sição de um acervo de saberes propria- conhecimentos acriticamente só por
mente ditos. Ela se estende ao domínio estarem previamente validados com o
da forma como se adquire o conheci- estatuto científico (como se condições
mento e das diversas maneiras como subjetivas e intuitivas não estivessem
cada um irá lidar por meio do acesso ou implicadas na construção de grandes
da sua produção. Para Jacques Delors: teorias científicas e como se teorias
“aprender a conhecer supõe, antes de científicas não pudessem ser ques-
tudo, aprender a aprender, exercitando tionadas nos termos de suas proposi-
a atenção, a memória e o pensamento.” ções, como Chalmers já discutiu).
A literatura a trata como simulta-
neamente um intermédio e uma fina- “Na prática, podemos dizer que esse pilar
lidade. É meio, porque por meio dele era o centro das descobertas, das novas
se pretende que cada um aprenda a aprendizagens em sala de aula. Isso aconte-
compreender e a lidar com a complexi- cia quando associávamos conteúdos
dade do mundo e do seu entorno sob nas aulas interdisciplinares, quando des-
os seus diversos aspectos, condição
cobríamos como ter um novo olhar sobre
necessária para viver dignamente, para
um determinado assunto mesmo que já o
desenvolver possibilidades pessoais e
conhecêssemos. Além do uso das salas te-
profissionais, para desempenhar um
máticas, nos laboratórios tínhamos grandes
papel muito mais ativo na determina-
ção da verdade, beleza e bondade, que experiências de como aprender a construir

impregnarão suas próprias vidas. novos conceitos, de obtermos novos e varia-


Além da “aquisição” de conheci- dos conhecimentos.”
mento por meio de formas meramente - Olga Lucena, estudante
descritivas, isso pressupõe compre-
ender as bases e as condições em que E é fim, porque o prazer de desco-
se produzem os diferentes tipos de brir, de conhecer e de compreender
conhecimento e de pensamento. o mundo e as suas múltiplas formas
De modo geral, tratando-se de de realidade é um fundamento para a
conhecimentos científicos, por exem- aquisição da autonomia na capacidade
plo, a escola ainda põe em prática de discernir. A produção de conheci-
mento pressupõe um altíssimo traba-
lho criativo. De muitas maneiras, a es-
cola ainda faz opções distantes dessa
perspectiva.
Essa descoberta e compreensão
do mundo se dá a partir do despertar
da curiosidade intelectual e do espí-
rito crítico, da apreciação do ato de
questionar, de investigar, da alegria
MODELO PEDAGÓGICO 27

Princípios Educativos

do pesquisar, conhecer, compreender, O tema metacognição tem sido inves-


descobrir, construir e reconstruir, criar
tigado no Brasil de forma crescente.
e recriar o conhecimento e a qualidade
das relações que se estabelece com ele Tal evolução pode estar relacionada
e as possíveis formas como o conheci- às teorias do desenvolvimento cogni-
mento pode qualificar a vida humana.
Considera-se a importância de uma
tivo que evidenciam os aspectos
educação ampla, com a forte presença qualitativos dos processos e estraté-
de uma cultura geral robusta e sólida,
gias do processamento de informação.
aberta a diversos campos do conheci-
mento e que convoca diferentes visões A literatura afirma que ainda não
e metodologias para se abrirem a uma existe um consenso. Todavia, o referido
perspectiva de relações construtivas
entre as várias disciplinas.
termo é muito abordado em áreas
A Comissão considera que a Edu- como, por exemplo, Psicologia e
cação Básica será bem sucedida se Pedagogia, e neste contexto o
conseguir levar às pessoas as bases
fundamentais e o desejo para conti- conceito tem o sentido de refletir
nuar aprendendo ao longo de sua vida, sobre as experiências cognitivas.
em suas várias dimensões. Manter-se
em dia com o que acontece em distin-
tas áreas de interesse, refletir sobre É também um recurso para se permitir
os seus significados e procurar manter ser afetado pelo inédito e não temer o
atualizada a sua compreensão é funda- desconhecido.
mental. Estar alerta a respeito da pre- b) Ensinar o ensinar: é a capacidade
servação de certos hábitos de pensa- da pessoa em praticar o didatismo a
mento e ação, mesmo que cômodos, partir do domínio de conhecimentos e
e ser permeável a novas linhas de pen- de estratégias capazes de transmiti-los
samento e ação, mesmo que incômo- de forma metódica, clara, objetiva e
dos, requerem novos aprendizados e o acessível a outras pessoas, conside-
questionamento desses aprendizados. rando a sua capacidade de assimilar
Para isso, Aprender para Conhe- e interagir com esse conhecimento.
cer deve integrar os três domínios da É alguém que motiva o outro a conhecer,
metacognição: a querer conhecer e que o compro-
a) Aprender a aprender: é capacidade mete com esse processo, apoiando-o
da pessoa em praticar o autodidatismo, no desenvolvimento e na descoberta
ou seja, compreender, refletir e assimi- de suas capacidades.
lar determinado conhecimento a par- c) Conhecer o conhecer: é a capaci-
tir de si próprio e dos recursos de que dade da pessoa em praticar o cons-
dispõe. É alguém capaz de acionar os trutivismo, transitando pelo caminho
mecanismos para o aprendizado, que da construção do conhecimento, mo-
não é passivo, e que vai ao encontro bilizando a sua condição para analisar,
daquilo que deseja conhecer, desde a sintetizar e interpretar dados, textos,
sua necessidade até a sua aplicação. fatos e situações diversas.
28 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... o método científico é introduzido nos desenhos curriculares, estimulando
a capacidade de observação, a atenção e o exercício da memória associativa;

... são desenvolvidas estratégias que levam os estudantes a observar o seu


entorno e a estabelecer relações entre aqueles que os rodeiam;

...os estudantes são estimulados a questionar sobre o que não conhecem, a


buscar novas informações e aprender a selecionar o que é relevante e o que não
os ajuda a responder seus questionamentos;

... as atividades de monitoria acadêmica são encorajadas e apoiadas junto


aos estudantes.

Pilar do Aprender a Fazer

Os Pilares Aprender a Conhecer e trabalhar em equipe de modo coope-


Aprender a Fazer guardam uma re- rativo, gerenciar e resolver conflitos,
lação importante entre si, ainda que desenvolver espírito contributivo e
Aprender a Fazer esteja mais ligado ao atitude de humildade se tornam valores
âmbito da formação profissional, mas imprescindíveis ao trabalho coletivo.
não restrito a ele. Ou seja, qualidades humanas que se
As mudanças na geografia do mundo manifestam nas relações interpessoais
do trabalho contemporâneo alteram as e que são mantidas no trabalho pas-
qualificações exigidas pelos processos sam a ser mais apreciadas.
produtivos. Caracteriza-se um movi-
mento que a literatura intitula “desma-
terialização do trabalho”.
O fazer deixou de ser puramente
instrumental. Valoriza-se a competên-
cia pessoal, que torna a pessoa apta a
enfrentar novas situações, e não ape-
nas a restrita qualificação profissional.
Não basta se preparar para se inserir
no mundo produtivo. A rápida evolução
pela qual passam as profissões exige
não apenas níveis superiores de ins-
trução, mas que o indivíduo esteja apto
a enfrentar novas situações nas quais
MODELO PEDAGÓGICO 29

Princípios Educativos

“Se tivéssemos de eleger um jargão popular para ilustrar esse pilar, o mais indicado
seria pôr a mão na massa. A todo o momento éramos instigados a fazer nossos
trabalhos de forma diferente. Dentre as características e os exemplos que identificam
esse pilar, podemos destacar que a capacidade de iniciativa, a criatividade
e a autonomia dos jovens são fundamentais no processo de descoberta de como
fazer as atividades de maneira diferente do comum. Trabalhado na TESE, esse pilar
se destaca na vida dos jovens, que assimilam essa forma estruturada de agir e que
contribui nas diversas áreas de sua vida. Mais tarde, isso é refletido no seu diferencial
competitivo no ambiente profissional”
- Olga Lucena, estudante

A flexibilidade é essencial assim pectivas e refazer as próprias opiniões


como a capacidade de ter iniciativa e mediante novos fatos e informações.
de se comunicar, não apenas na reten- Aprender a fazer envolve uma série
ção e transmissão de informação, mas de competências produtivas a serem
também ampliada para a capacidade de desenvolvidas pelo domínio de habili-
interpretar e selecionar a abundância dades básicas, específicas e de gestão,
de informações, muitas vezes contra- que possibilitarão a inserção das pes-
ditórias, de analisar diferentes pers- soas no mundo produtivo.

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... os estudantes são envolvidos em processos que conduzem a resultados,
conclusões e/ou compromissos com a prática cooperativa para a geração de
resultados comuns.

Pilar do Aprender a Conviver

A aprendizagem de que trata esse ca-se cada vez mais o reconhecimento


pilar é a de desenvolver a compreensão da necessidade para fazer valer a
e aceitação de si próprio e do outro e coexistência pacífica e harmoniosa
a percepção da interdependência entre entre as pessoas e entre as pessoas e
os seres humanos, no sentido do conví- os lugares. No entanto, também se é
vio, do trato, da realização de projetos jogado diante da hostilidade gratuita,
comuns, da preparação para aprender da indiferença e da aridez do cotidiano.
a gerir conflitos respeitando valores A Filosofia, a Sociologia e outras áreas
plurais, da compreensão mútua e da do conhecimento chamam a atenção
convivência pacífica. para a natureza humana caraterizada
Nos discursos correntes, identifi- pela construção de vínculos, de laços,
30 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

de relações e pela ideia de que não narrativa. E é nesse reconhecimento


há existência humana sem que haja que se instalam as qualidades da rela-
comunicação, diálogo e que os objetos ção, seja tensa ou integradora, cons-
não existem sem que haja interação trutiva ou predadora, harmônica ou
entre eles. conflituosa, de troca ou usurpação, de
Cada um traz consigo um acervo de crescimento ou aniquilamento, de ódio
experiências, de conhecimentos, de ou compaixão, de respeito ou desprezo.
herança cultural, de valores, de carac- A sociedade partilha de um destino
terísticas e distintas formações. Nas comum. Aprender a viver junto, com
relações que se estabelecem entre as igualdades, semelhanças e diferenças é
pessoas, não são o conhecimento nem vital para que nunca se perca de vista a
os bens materiais que o sujeito carrega referência de que há uma condição que
que instalará o reconhecimento de um torna todos iguais: a consciência da
pelo outro, mas a sua história, a sua incompletude e impermanência.

“Podemos exemplificar de duas formas como aprendíamos a conviver e a trabalhar com o


outro. Conhecer o outro faz parte do processo de identificação, de respeitar as diferenças,
de saber conviver com as singularidades de cada indivíduo, de se colocar no lugar do outro,
reconhecendo a necessidade de entender suas potencialidades e seus limites. Para trabalhar
com o outro é necessário desenvolver a capacidade de reconhecer que o outro jovem é um
parceiro em sala de aula e poderá ser um parceiro profissional no futuro. É preciso aprender
a valorizar as características pessoais que contribuem para a execução de projetos comuns,
a admitir que outras pessoas possuem aptidões que às vezes não possuímos e que se traba-
lharmos em equipe, nossas habilidades se complementarão.”
- Olga Lucena, estudante

Essa aprendizagem está presente


na prática pedagógica quando...
...a escola promove e cultiva um ambiente que trata a diversidade como valor,
praticando e inspirando a tolerância e o respeito;

...as diferenças culturais, étnicas, físicas, sensoriais, intelectuais ou religiosas são


tratadas como oportunidades para aprender a compartilhar outras formas de
pensar, de sentir e de atuar;

...o conflito não é evitado ou negado, mas enfrentado a partir do diálogo que
compromete os envolvidos na sua resolução;

...a solidariedade é um valor e está presente nas relações entre a comunidade


escolar (os educadores, estudantes e suas famílias);

... os estudantes e educadores aprendem a argumentar e a defender ideias se


apoiando em fatos, conceitos, princípios e valores.
MODELO PEDAGÓGICO 31

Princípios Educativos

Pilar do Aprender a Ser


A parte mais importante dessa apren- desenvolvimento se ela for tratada
dizagem é a afirmação de que Apren- numa visão mais ampla do que sim-
der a Ser é dispor de um conjunto de plesmente a transmissão de conhe-
competências que possibilitam alguém cimentos. Fala-se aqui de educação
a se relacionar melhor consigo mesmo como meio para levar o ser humano ao
como condição para se relacionar com que Abraham Maslow considera como
os outros e com as suas circunstâncias sendo autorrealização.
naturais, sociais, econômicas, políticas
e culturais, além de se relacionar com a Em 1971, Edgar Faure presidiu a
dimensão transcendental, de natureza
religiosa ou não.
Comissão Internacional para o
A comissão adere ao postulado Desenvolvimento da Educação, uma
anunciado no relatório coordenado
das primeiras iniciativas da UNESCO
por Edgar Faure: “o desenvolvimento
tem por objeto a realização completa frente ao diagnóstico de crise na
do homem, em toda a sua riqueza e educação mundial. O relatório é con-
na complexidade de suas expressões
e dos seus compromissos: indivíduo,
siderado um marco importantíssimo
membro de uma família e de uma na história do pensamento educacio-
coletividade, cidadão e produtor, inven- nal da Organização.
tor de técnicas e criador de sonhos”.
Essa é a aprendizagem que prepara
o indivíduo para elaborar pensamentos
autônomos e críticos e formular seus
próprios juízos de valor, de modo a
poder decidir por si mesmo perante as
diferentes circunstâncias da vida. Ajuda
a desenvolver a competência pessoal,
que é a capacidade da pessoa para
agir com autonomia, responsabilida-
de e compromisso na relação consigo
próprio, na convivência com os outros
e com os meios nos quais estão e na
construção de um Projeto de Vida que
leve em conta o seu próprio bem estar
e o da comunidade.
Esse pilar conjuga as demais com-
petências na medida em que, se desen-
volvidas, contribuem para o desenvol-
vimento das potencialidades humanas
inscritas nos seus vários domínios.
A educação é o caminho para esse
32 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O que uma pessoa poderá ser, deverá ser.


“Um músico deve compor, um artista deve pintar, um poeta deve escrever, caso
pretendam deixar seu coração em paz.
O que um homem pode ser, ele deve ser. A essa necessidade podemos dar o
nome de autorrealização.”
- Abraham Maslow

Uma das mais altas necessidades do cultiva o sentimento sobre si mesmo e,


ser humano é a de se autorrealizar, por consequência, a base das compe-
que possa desenvolver as suas poten- tências sociais.
cialidades, de se tornar aquilo que tem Autoconceito: conceituar a si próprio
potencial e usufruir ao máximo daqui- pela razão e não pela emoção. Um con-
lo que pode produzir. Não preencher ceito positivo sobre si próprio se rela-
essa necessidade é como limitar a ciona com a aceitação que a pessoa
vida a um conjunto de realizações sem tem de si mesma, sua autoestima.
sentido nem significado. Autoconfiança: a convicção de ser
Nos seus estudos para identificar as capaz de realizar algo e de enfrentar
habilidades relativas a esta competên- os desafios, porque dispõe das forças,
cia, o professor Antonio Carlos Gomes das capacidades, das condições e do
da Costa elencou 12: discernimento para avaliar e decidir. Da
Autoconhecimento: numa perspecti- capacidade, também, de reconhecer
va epistemológica, quer dizer conhe- que, se necessário, saberá dispor do
cer como resultado da capacidade de apoio de outros, o que diferencia essa
pensar sobre si próprio e, numa pers- habilidade da autossuficiência e da
pectiva filosófica, ampliando a leitura prepotência.
para outras dimensões que não ape- Autovisualização: projetar a vida a
nas a razão (o logos) mas também partir de uma visão que se constrói do
a emoção (o pathos), o instinto (o eros) próprio futuro é essencial. As pessoas
e a espiritualidade (o mythos). O auto- que constroem uma imagem afirma-
conhecimento conduz à autocompre- tiva, ampliada e projetada no futuro,
ensão e à autoaceitação, que levam o e atuam sobre ela têm mais possibili-
ser humano a dizer “sim” a si mesmo. dades de realizá-las do que aquelas que
Reconhece suas forças para agir e sonham, mas, pela ausência de um
decidir nos diversos campos da sua vida, plano, não conseguem projetar de forma
fazendo uso dos seus conhecimentos nítida o que pretendem fazer. Aquelas
e das suas capacidades. Consciente que têm uma visão estão comprometi-
das suas limitações, adota a postura de das, direcionadas, fazendo algo de con-
buscar apoio e aprende a realizar junto creto para levá-las na direção dos seus
aos outros. objetivos. Uma visão sem plano para
Autoestima: relaciona-se à aceitação e realizá-la é uma fantasia, uma ficção.
à valoração que a pessoa faz sobre si Autodeterminação: a partir da pró-
próprio. É da capacidade de se aceitar pria vontade e não da vontade de
e de se compreender que nasce e se outros, determinar o rumo dos acon-
MODELO PEDAGÓGICO 33

Princípios Educativos

tecimentos sob o seu controle. A ação pressão de situações adversas e cres-


de uma pessoa que se autodetermina cer por meio delas numa perspectiva
é resultado não apenas da vontade em positiva. É proteger a integridade psi-
realizar algo, mas da capacidade de cológica e moral diante de situações
compreender o que será feito, ou seja, de extrema pressão e ser capaz de
do exercício a partir das dimensões da desenvolver posturas construtivas.
cognição, da emoção e da atitude. É resistir e crescer na adversidade.
Autoproposição: a capacidade de pro- Ela é variável, construída num processo
jetar no futuro os sonhos e ambições de interação do ser humano consigo
e traduzi-los sob a forma de um plano próprio e com o meio ambiente ao
com objetivos, com metas estabele- longo de toda a vida.
cidas, prazos para a sua realização Autorrealização: é a plenitude do de-
e ações. Não é apenas o despertar senvolvimento do ser humano consi-
sobre os sonhos, ambições e aquilo derando as suas potencialidades. É a
que deseja para a sua vida, mas o agir experiência de crescimento que atribui
sobre eles. É experiência da elaboração sentido e significado às ações para a
do Projeto de Vida, de conferir sentido sua autorrealização. É comum a ideia de
e significado para a vida, perante si autorrealização ser identificada apenas
próprio, com quem se relaciona e com como conquista do sucesso e da
os compromissos que assume. fruição do prazer, que muitas vezes se
Autotelia: a capacidade do ser humano confunde com realização profissional e
em definir a própria orientação que de status. Mas aqui se trata da autorre-
deseja afirmar para a sua vida. alização construída durante toda a vida,
Autonomia: a capacidade do ser hu- num movimento dinâmico e contínuo.
mano em tomar as próprias decisões Autotranscedência: para se realizar,
baseadas nos seus conhecimentos, o ser humano deve procurar um
crenças e valores e responder por elas. sentido para a sua vida fora de si
Autopreservação: a resiliência traduz próprio, que o transcenda, que vá
autopreservação como sendo a capa- além, tornando real todo ou parte do
cidade de o ser humano lidar com pro- seu potencial nos diversos âmbitos de
blemas, superar dificuldades, resistir à sua realidade pessoal.

Essa aprendizagem está presente na


prática pedagógica quando...
... os estudantes são estimulados, a partir de situações reais e cotidianas, a desen-
volver a capacidade de reflexão e reconhecimento da existência do outro, de domi-
nar a si próprio pelo autocontrole, de assumir as consequências da ação ou da não
ação, respondendo por aquilo que escolhe e aprende a deliberar entre alternativas.
34 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

O deslocamento dessas aprendiza- do nos seus estudos que invocamos os


gens do campo teórico para a sua apli- Quatro Pilares como um dos princípios
cação no campo metodológico ainda é educativos do Modelo Pedagógico.
um grande desafio para os educadores. Baseados nos seus estudos, po-
O professor Antônio Carlos Gomes da demos migrar da teoria e trazer os
Costa realizou esforços desde meados Quatro Pilares da Educação para a
dos anos 1990 nessa direção. É ancora- prática pedagógica.

1º - TRANSFORMAR AS APRENDIZAGENS EM COMPETÊNCIAS;

2º - IDENTIFICAR AS HABILIDADES DE CADA COMPETÊNCIA;

3º - IDENTIFICAR AS CAPACIDADES REQUERIDAS PARA O EXERCÍCIO DE CADA HABILIDADE;

4º - IDENTIFICAR OS COMPORTAMENTOS OBSERVÁVEIS CAPAZES DE PERMITIR O RECONHECI-


MENTO DA AUSÊNCIA OU PRESENÇA DE DETERMINADA CAPACIDADE.

Aprendizagem é concebida como o aprendeu. Alguém competente em al-


modo pelo qual se adquire o conheci- guma coisa é aquele que domina um
mento e como ele passa a fazer parte determinado conjunto de habilidades.
da vida. É o comportamento de entrada Capacidade é o comportamento
do conhecimento. esperado, o objetivo ao desenvolver
Competência é a forma como se uti- determinada habilidade. Alguém que
liza o que foi aprendido e se aplica nas tenha desenvolvido determinada habi-
atividades práticas nos diversos âmbi- lidade é capaz de saber fazer algo, de
tos da vida. É o comportamento de saí- realizar alguma coisa.
da daquilo que se aprende. Comportamentos observáveis cor-
Habilidade é a possibilidade da pes- respondem ao domínio ou não domínio
soa realizar algo a partir daquilo que das capacidades esperadas.
MODELO PEDAGÓGICO 35

Princípios Educativos

A Pedagogia da Presença
“Do início ao fim, a vida de cada um de nós se traduz num desejo constante de presença.”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

A Pedagogia da Presença:
um exercício pessoal, profissional e cidadão

É o terceiro princípio educativo eleito conhecimento, autoestima, autocon-


para fundamentar o Modelo Pedagógico, ceito e autoconfiança, o que possibilita
fortemente influenciado pela teoria de o aprimoramento de competências
Antonio Carlos Gomes da Costa em para relações interpessoais e exercício
sua obra. de cidadania, elementos fundamen-
Esse princípio está presente nas tais para sua formação e construção
ações de toda a equipe escolar por do seu Projeto de Vida.
meio de atitudes participativas e afir- Na prática, a presença pedagógica
mativas, ultrapassando as fronteiras se traduz em compartilhamento de
da sala de aula. Materializa-se por tempo, experiências e exemplos
meio do estabelecimento de víncu- entre educador e educando. No ato de
los de consideração, afeto, respeito e educar, educando e educador se tor-
reciprocidade entre os estudantes e os nam visíveis, perceptíveis, e se fazem
educadores. É o fundamento da relação presentes em seu meio, em seu tempo
entre quem educa e quem é educado e em suas histórias, enquanto indiví-
e traduz a capacidade do educador de duos e enquanto membros de suas
se fazer presente na vida do educando, gerações. O que torna isso possível
satisfazendo uma necessidade vital do para o jovem, como explica Antônio
processo de formação humana. Carlos Gomes da Costa, é o fato de
A essência da Pedagogia da Pre- o jovem perceber que “alguém com-
sença é a reciprocidade. O objetivo preendeu e acolheu suas vivências,
central é a mudança da forma de o sentimentos e aspirações, filtrou-os
educando se relacionar consigo mes- a partir de sua própria experiência e
mo e com os outros, no processo de comunicou-lhe com clareza a solida-
Aprender a Ser, Aprender a Conviver, riedade e a força para agir”.
Aprender a Conhecer e Aprender a
Fazer, conforme norteiam os Quatro
Pilares da Educação propostos pela
UNESCO e outro dos princípios edu-
cativos presentes neste Modelo.
O educador incorpora atitudes
básicas que lhe permitem exercer
uma influência construtiva, criativa e
solidária na vida do educando. Este,
por influência dessa relação com o
educador, amplia e desenvolve auto-
36 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Ajuda e presença para o jovem do século XXI

Sentimento de abandono, de (des)vinculação, de (des)encontro, de solidão, de


isolamento, de (in)comunicabilidade. Quem, já tendo passado pela adolescência,
pode dizer que desconhece? Falta de presença. Falta de experimentar, em algum
momento, a consciência tranquilizadora de que sua vida tem valor para alguém. Na
raiz dos casos mais complicados, aqueles que ultrapassam as fronteiras definidas
para a chamada “normalidade”, invariavelmente, estão a repetição, a intensidade e/
ou a recorrência dessas “faltas”.
É uma questão de resiliência, capacidade de superar a adversidade,
recuperar-se, readaptar-se e levar a vida adiante de maneira significativa.
Na Pedagogia da Presença, o próprio ambiente escolar pode oferecer um clima
forjador de resiliência, para o qual o psiquiatra chileno Jorge Barudy Labrin identi-
fica alguns fatores:
• afetividade e vínculos (sentir-se querido leva a responder melhor em termos de
conduta e cognitivos);
• estrutura (a escola promove a interiorização de limites);
• tomada de consciência da realidade (dar-se conta do que vive e saber que não é
culpado por isso);
• criatividade e humor (sentir-se bem graças à maneira como a escola se organiza
em função dos alunos);
• expectativas elevadas (encontrar afeto e confiança leva a se esforçar para corres-
ponder às expectativas);
• construção de uma história (refletir sobre sua vida).

Os meios da ação educativa

Tudo o que se faz para favorecer o


desenvolvimento pessoal e social do
educando é ação educativa. Isso inclui
todas as atitudes, posturas, gestos e
ações voltadas para o desenvolvimento
pessoal, social, produtivo ou cognitivo
do educando, tanto em atividades edu-
cativas (formais ou informais) como
em atividades de lazer, profissionaliza-
ção ou cultura.
MODELO PEDAGÓGICO 37

Princípios Educativos

Qual é o tempo da presença?

O tempo da presença só pode ser o presente. No entanto, o presente passa


depressa e deixa as pessoas com impressões passadas e esperanças futuras, entre
as quais, constantemente, se desloca para tecer o agora. A qualidade desse deli-
cado movimento de ir-e-vir entre o que já foi e o que será (sem esquecer todas as
diferenças existentes entre as histórias e perspectivas das pessoas envolvidas)
determina a qualidade da presença pedagógica, que não é uma situação estática,
e sim uma atividade dinâmica e incessante realizada na totalidade de um ambiente
dedicado à educação.Segundo Emerson, filósofo e escritor norteamericano do
século XIX, a conversa é um modo de se aproximar tanto de si mesmo quanto
do outro. Muito mais do que um lugar e um tempo, a presença é o resultado de
um alinhamento de disposição, estado de espírito e aprendizagens. Na criança,
uma inteligência intuitiva leva a viver intensamente o momento presente de modo
natural, e a capacidade de plena consciência é espontânea. À medida que se cresce,
as pessoas passam a antecipar e a voltar ao passado. Logo, corre-se o risco de
esquecer essa capacidade de plena consciência de presença.

Presença pedagógica é exercício ativo de


atenção, de diálogo com intensa escuta do
outro e de si próprio.
38 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Mas quais são os tempos da


presença pedagógica?
O presente, em que é preciso estar e agir de maneira plena e inquestionável.

O passado, que é preciso compreender: aprender com a experiência acumulada.

Nos planos individual e social: lembrar, analisar, sintetizar, interpretar, relacionar


dados, fatos e situações do passado e deles extrair lições e princípios para melhor
se conduzir no presente e construir o futuro.

O futuro, que é preciso visualizar e construir: quanto mais a pessoa se conhece


e percebe suas circunstâncias e sua trajetória até aqui, mais será capaz de traçar
um caminho para chegar ao ponto que gostaria de atingir.

O presente, de novo e sempre, ao qual se deve conscientemente retornar para


interagir de maneira plena e inquestionável no exercício da tarefa de educar.

Três tipos de diálogo

Para ser capaz de ir até o outro é indispensável partir de si mesmo, ou seja, estar
em si mesmo e consigo mesmo (em outras palavras, é preciso presença). O diálogo
entre indivíduos é só um esboço. E esse esboço só é preenchido quando há um
diálogo entre pessoas. Martin Buber nos traz três tipos de diálogo:
• Diálogo genuíno (falado ou silencioso): cada participante realmente tem em
mente o outro (ou os outros) em seu ser presente e particular e se volta para ele(s)
na intenção de estabelecer uma relação mútua e viva.
• Diálogo técnico: motivado unicamente pela necessidade de entender objetiva-
mente alguma coisa. Este é o mais comum na vida “moderna”.
• Monólogo disfarçado de diálogo: em que duas ou mais pessoas se encontram
no mesmo espaço e cada uma fala apenas consigo mesma de maneira tortuosa,
seguindo circuitos estranhos, mas têm a ilusão de troca. Nem para aprender algo,
nem para comunicar, nem para convencer, nem para se conectar: apenas para
confirmar ou reforçar a autoconfiança.
MODELO PEDAGÓGICO 39

Princípios Educativos

A relação de ajuda na Pedagogia da Presença:


reciprocidade na reflexão e na ação

O ICE toma por base as referências de Antonio Carlos Gomes da Costa e o modelo
de relação de ajuda desenvolvido por Robert Carkhuff, detalhado e aprofundado
por Clara Feldman e M.L de Miranda (1983).

As fases da ajuda

1. O educador atende e comunica sua 3. O educador personaliza, mostrando


disponibilidade e interesse pela pes- ao educando sua parte de respon-
soa ajudada, de maneira não-verbal. O sabilidade na situação. O educando
educando se envolve e comunica sua compreende e estabelece relações de
entrega ao processo de ajuda com a causa e efeito para definir aonde quer
expressão verbal e corporal. chegar.
2. O educador responde e comunica 4. O educador orienta, avaliando alter-
compreensão à pessoa ajudada, corpo- nativas possíveis juntamente ao edu-
ral e verbalmente. O educando explora cando. O educando age, iniciando o
avaliando a situação real em que está movimento rumo ao ponto ao qual quer
(problemas, dificuldades, insatisfa- chegar, depois de escolher o caminho a
ções) para definir em que ponto está. seguir com a ajuda do educador.

Um perfil para o exercício da Pedagogia da Presença

Presença não é dom, e é possível apren- deixar penetrar sua vida pela vida dos
der a ser/estar presente se houver outros que torna possível captar seus
a disposição interior necessária apelos e responder adequadamente a
para isso. Essa disposição interior torna suas dificuldades e impasses, pré-requi-
possível o envolvimento pleno no ato sitos para a aceitação e a reciprocidade.
de educar, pois não basta cumprir • Reciprocidade em uma interação na
um ritual de presença. Ao mesmo tem- qual os envolvidos se mostram recepti-
po, traz a consciência dos limites des- vos um ao outro, se revelam mutuamen-
se ato porque se entregar de maneira te, se aceitam e comunicam seus conte-
irrefletida e sem limites não é desejável. údos sem abrir mão de sua originalidade.
Antônio Carlos Gomes da Costa identi- • Compromisso do educador perante
fica três componentes essenciais nessa o educando, com seu envolvimento
disposição interior para a presença: integral no ato de educar. O educador
• Abertura para conhecer, compreen- assume um compromisso que vai muito
der, envolver-se de maneira sadia na ex- além da adaptação do educando a uma
periência do outro, ir além dos contatos realidade dada: ele abre espaços e com-
superficiais e da intervenção puramente partilha ferramentas para a construção
objetiva e técnica. É essa capacidade de da presença do educando, na medida
40 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

em que este amplia sua autonomia e suas bases de liberdade, escolha e compro-
misso consigo mesmo e com os outros e se torna mais competente para aproximar
e integrar seu ser (o que é) e seu querer ser/tornar-se (o que quer ser/tornar-se).

Eis alguns requisitos fundamentais


para uma presença pedagógica efetiva e
próspera, que demanda abertura, recipro-
cidade, respeito e compromisso:

Percepção alerta

Calor humano

Simplicidade

Gosto por aprender e disposição para a aprendizagem permanente

Disponibilidade e vontade sincera para o diálogo

Disposição para se fazer presente na vida do educando

Abertura

Empatia (atenção plena à mensagem da outra pessoa)

Empenho/cuidado em expressar-se com franqueza e honestidade

Disposição para compartilhar

Consciência da comunicação

Abertura para sua própria interioridade e capacidade de autoanálise

Resistência à fadiga
MODELO PEDAGÓGICO 41

Princípios Educativos

Presença pedagógica de quem?

O exercício da Pedagogia da Presença se processam práticas educativas,


é tarefa de todas as pessoas envol- todos os profissionais envolvidos
vidas em uma instituição dedicada devem atuar com coesão e cientes
à educação (pessoal técnico, como de sua corresponsabilidade pelos re-
pedagogos, professores, psicólogos, sultados educacionais na perspectiva
assistentes sociais, bibliotecários e de formação do educando. Por isso,
outros, pessoal administrativo e ges- é essencial que todos compartilhem
tores). É importante ter em mente que das mesmas visões quanto às três
não se trata de trabalho restrito a sa- questões fundamentais presentes
las de aula ou a reuniões nem a mesas nas bases do projeto escolar concebi-
de trabalho: cada pessoa presente no do a partir desse Modelo:
ambiente de educação tem também • o tipo de pessoa que se quer formar;
um papel educador, mesmo informal. • o tipo de sociedade para cuja cons-
É fundamental que cada um conheça trução se espera que essa pessoa
e apoie as atividades da comunidade contribua;
educativa. Na Escola da Escolha, em • a utilidade e o valor do conhecimento
que cada ambiente é um lugar onde na vida das pessoas.

A presença na sala de aula e na transmissão de conhecimentos

Não importa apenas a aquisição de co- profundas é tão importante quanto a


nhecimentos, mas também a mudança transmissão de conteúdos intelectuais
de atitude básica do educando diante ou o desenvolvimento de habilidades
da vida. Mesmo que isto pareça ambi- para o futuro exercício de uma ocupa-
cioso demais, quem educa de corpo ção, serviço ou profissão no mundo do
e alma tem que semear utopia, sim – e trabalho. Ao lado da transmissão de
isso é exatamente o que está na origem conhecimentos, o objetivo é trabalhar
da construção do Projeto de Vida. O para assegurar a compreensão do valor
que se espera é, em última análise, que humano do conhecimento e como apli-
a ação educativa torne possível a vida cá-lo nas dimensões da vida humana:
em comunidades que enriqueçam o pessoal, social e produtiva. Na origem
espírito humano (Berman, 1991). A única de toda ciência, havia um homem ou
coisa realmente importante é ajudar uma mulher preocupados em entender
os educandos a compreenderem a si e desvendar a estrutura da realidade.
mesmos, entenderem o mundo que os Cada tema de que um professor vai
rodeia e nele encontrarem seu lugar tratar em uma sala de aula um dia foi
(Esteve, 2003) em busca da sua pleni- investigado e organizado por alguém
tude que, em última instância, é o seu em dúvida com uma pergunta sem
Projeto de Vida. Por isso, trabalhar os resposta. A tarefa do educador em sala
sentimentos, a dimensão da corporei- de aula envolve recriar esse estado
dade, as crenças, valores e convicções de curiosidade, compartilhar com os
42 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

educandos as perguntas e dúvidas na origem dos conhecimentos transmitidos na


e pela escola, para que eles não se limitem a dirigir o olhar às páginas dos livros,
mas abarquem o mundo com seu interesse e seu pensamento crítico.

“A educação deve ensinar o que a vida significa. A escola deve preparar cidadãos urbi et orbi
(para a cidade e para o mundo). Agentes da paz, da cultura, da humanidade. Se objetivo é
educar para a democracia, deve-se educar para a verdade, para a justiça, para o saber, para
a solidariedade. Isso exige educar pessoas, formá-las para viver entre seres humanos e com
eles compartilhar preocupações e sonhos, a partir de pontos de vista diferentes e mesmo
contrários, às vezes. Por isso, é indispensável formar pessoas que aprendam a refletir e a
discordar, a descobrir as virtudes do consenso. Só se consegue isso privilegiando a formação
de espíritos críticos em liberdade. ”
- Cisneros, 2009

Armadilhas que podem minar a presença pedagógica

• A cegueira da rotina ajuda mútua);


• As formas de comunicação que im- • negação da responsabilidade:
pedem o exercício de uma presença “tenho que fazer”, “me mandaram
efetiva (Rosenberg, 2006): fazer”, “recebi ordens”, “é a política da
• julgamentos moralizadores; escola”, “estas são as regras”... Com
• comparações, que são um caminho expressões como essas – e há uma
direto para se sentir infeliz; infinidade de variantes!
• chamadas de atenção constantes, • Os rótulos
insistentes e repetitivas (recurso que • Distanciamento
se desgasta e se mostra inútil, além • Medidas disciplinares mal con-
de provocar deterioração do clima de duzidas

Comportamentos comuns que são obstáculos à


verdadeira conexão empática

O hábito pode levar a adotar alguns comportamentos que parecem empáticos, mas,
na verdade, se usados de maneira irrefletida, por costume, impedem um diálogo
verdadeiro:
• Aconselhar: “Acho que você deveria...”, “Por que é que você não fez assim?”;
• Competir pelo sofrimento: “Isso não é nada. Espere até ouvir o que aconteceu
comigo.”;
• Consolar: “Não foi sua culpa, você fez o melhor que pôde.”;
• Contar uma história: “Isso me lembra uma ocasião...”;
• Encerrar o assunto: “Anime-se. Não se sinta tão mal.”
• Solidarizar-se: “Oh, coitadinho...”.
MODELO PEDAGÓGICO 43

Princípios Educativos

A Pedagogia da Presença na prática:


um exercício de movimento

A presença é o conceito central, o cias, aptidões, capacidades, potenciali-


instrumento-chave e o objetivo maior dades, desejos) e que poderá alimentar
dessa pedagogia baseada em um um processo educativo equilibrado e
relacionamento em que as pessoas criterioso de construção da presença
envolvidas se revelam uma para a ou- do próprio educando no mundo. Mas
tra no compartilhamento de momentos é preciso também aprender a ler por
de alegria ou de tristeza. O segredo do trás das fachadas, e, para isso, o edu-
processo é manifestar a presença cons- cador precisa ganhar acesso ao mundo
trutiva e emancipadora do educador na interior do educando – o que requer o
vida do educando, mostrando que ela é estabelecimento de uma relação de
constante. Torná-la evidente e percep- reciprocidade, abertura, cuidado e
tível em gestos e atitudes simples que respeito mútuo. Um sorriso, um olhar
Antônio Carlos Gomes da Costa chama cúmplice do educando, são indícios
de “pequenos nadas” e que têm o poder para o educador do progresso de seu
de modificar inteiramente o trabalho trabalho. Cada situação de contato,
de educação: um bom-dia, um olhar, cada circunstância, é uma oportuni-
um toque, uma palavra, um incentivo, dade para que o educador comparti-
um gesto, um conselho, um sorriso... lhe com o educando algo que o ajude
Essas manifestações singelas e cálidas a compreender e aceitar melhor a si
por meio das quais, em uma linguagem mesmo e aos outros.
universal que dispensa explicação e
tradução, os humanos dizem uns aos A prática da Pedagogia da Presença
outros: estou aqui, você não está sozinho
é um exercício de movimento incessante
e tem com quem contar.
O método da Pedagogia da Presença de aproximação e distanciamento.
nada tem de misterioso, portanto: con- O educador se aproxima, estabelece
siste na escuta atenta e cuidadosa, na
observação ampla de tudo o que acon-
uma relação calorosa, empática e
tece, a cada momento, num movimento significativa que lhe permita conhecer,
de descoberta. Os comportamentos identificar manifestações, reconhecer
do educando revelam ao educador a
importância que ele atribui às coisas, pedidos de ajuda nem sempre expressos
às pessoas, aos eventos – um dos pri- com palavras e também se deixar
meiros passos para descobrir o que ele
conhecer. Num outro movimento, o
traz como bagagem pessoal (experiên-
educador se distancia criticamente
para poder ver o processo da ação edu-
cativa em sua totalidade, para melhor
refletir, avaliar, planejar, decidir e agir.
44 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Encontrar o melhor ponto de equilíbrio manipulação, chantagem afetiva,


no exercício da Pedagogia da Presença apego desmesurado e excesso de
exige do educador uma noção muito dependência. Nesse sentido, a inte-
clara do processo e agilidade para ração e a troca de experiências e
capturar cada instante (“inteligência ideias entre pares podem ser de
do instante”, nas palavras de Antônio grande ajuda.
Carlos Gomes da Costa). Cabe lembrar Mas há também de se cuidar da linha
também que bons sentimentos e boas que separa cuidadosamente aquilo que
intenções do educador não são suficien- deve ser intimamente preservado, de
tes para garantir que tudo vai dar certo: parte a parte, e que não se estabeleça
há toda uma aprendizagem a construir qualquer sinal de violação do direito
no sentido de não se deixar levar pelas de lá permanecer “silencioso”, se assim
emoções e identificar tentativas de o desejar.

A autoridade e a Pedagogia da Presença

Não cabe discutir a importância e a sociedade, e vale a pena investir energia


necessidade de ter e observar normas e atenção nesse sentido no cotidiano
e limites: é evidente que eles são da educação.
necessários para o bem de cada um O educador presente sabe que pode
e de todos. Mas não tem sentido agitar e deve agir com firmeza sempre que
ameaças e promessas como se fossem isso lhe parecer necessário. Com uma
bandeiras para convencer os educan- atitude franca, direta e clara na inte-
dos a adotarem certos comportamentos ração com os educandos, o educador
e reações e evitar outros. Muito mais do transmite os elementos que servem de
que as palavras do educador, é o modo base para estabelecer confiança – con-
como o trabalho cotidiano transcorre dição para aceitação do exercício da au-
que deve tornar evidentes essa neces- toridade. Quando o educador transmite
sidade e importância. Para que isso de verdade o melhor de si, sem subter-
aconteça, é preciso imaginar situações fúgios (o que é muito diferente de agir
concretas, acontecimentos estrutura- desta ou daquela maneira para se tornar
dores que sirvam para promover com- “popular” ou ser visto como alguém
promisso desinteressado por parte dos “legal”), o educando consegue perceber
alunos, levando-os a escolher em favor que existe algo de bom no fundamento
dos interesses e objetivos comuns. dos limites e regras transmitidos por
Não é um processo rápido, nem defini- esse adulto que lhe fala com clareza,
tivo, nem igual para todos, mas é assim consideração e respeito, e que isso pode
que as coisas se organizam em nossa ser importante para seu crescimento.

Ralph Waldo Emerson (1803-1882) foi


escritor, ensaísta, poeta e filósofo nor-
teamericano. É um dos fundadores do
movimento cultural denominado trans-
cendentalismo.
MODELO PEDAGÓGICO 45

Princípios Educativos

Ordem de prioridades na Pedagogia da Presença

Uma tarefa principal absorve o edu- “tenso, reduzido e espesso”, e no qual


cando em primeiro lugar: equacionar se sentem “amarrados por dentro”.
seus problemas de natureza pessoal, É indiscutível que o educador precisa
sem o que ele se sente subjugado pelo se empenhar para tornar possíveis
isolamento e pela solidão. Cabe ao edu- as aquisições utilitárias indispensá-
cador, portanto, apoiar o educando veis para que o educando se torne um
no sentido de encontrar a si mesmo, cidadão produtivo e aceito (aprender
explorar sua situação, compreendê-la. um trabalho rentável e socialmente
Os aspectos sociais, que viabilizam a útil e aprender boas maneiras, por
inserção e a participação do educando exemplo). Porém, esse trabalho vem
no mundo em que ele deve viver, vêm depois. Antes de viabilizar a inserção
depois. A ação educativa não tem po- e a participação do educando no
der para inverter essas prioridades, mundo em que ele deve viver, é in-
e isso é ainda mais evidente quando dispensável lembrar que ele quer e
o educador encontra educandos que precisa aprender a viver consigo mes-
vivem em um universo que Antônio mo, reconciliar-se, para, então, fazer-
Carlos Gomes da Costa descreve como -se presença.

“A Pedagogia da Presença é parte de um esforço coletivo na direção de um conceito e de


uma prática menos irreais e mais humanos de educação de adolescentes em dificuldades.
Contribuir para o resgate da parcela mais degradada, em termos pessoais e sociais, de
nossa juventude é, sem dúvida alguma – embora apenas um número reduzido de pessoas
realmente acredite nisso – uma das grandes tarefas do nosso tempo.”
- Antônio Carlos Gomes da Costa

A Educação Interdimensional
“O Século XXI será ético e espiritual ou não será.”
- André Malraux

A perspectiva apontada pela UNESCO, ser preparado, em especial pela edu-


em seu Relatório sobre a Educação cação que recebe na juventude, para
para o Século XXI destaca a necessi- elaborar pensamentos autônomos e
dade de conceber e tratar a educação críticos, bem como para formular seus
na sua dimensão mais ampla: “a edu- próprios juízos de valor, de modo que
cação deve contribuir para o desenvol- possa decidir, por si mesmo, como agir
vimento total da pessoa – espírito, cor- nas diferentes circunstâncias da vida”.
po, inteligência, sensibilidade, sentido Não é diferente no ordenamento da
estético, responsabilidade pessoal e Educação Brasileira, de acordo com o
espiritualidade. Todo ser humano deve Art. 2º da LDB:
46 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

“A educação, dever da família e do iniciando-se no Renascimento, tornan-


Estado, inspirada nos princípios de do-se a força hegemônica a partir do
liberdade e nos ideais de solidariedade Iluminismo, para culminar na moderna
humana, tem por finalidade o pleno Civilização Industrial, emite sinais de
desenvolvimento do educando, seu esgotamento. Esse esgotamento se
preparo para o exercício da cidadania revela na incapacidade da modernida-
e sua qualificação para o trabalho”. de nascida do Iluminismo em cumprir
Para o Professor Antonio Carlos as promessas que marcaram o seu
Gomes da Costa, a relação do ser hu- nascimento: Liberdade, Igualdade e
mano consigo mesmo, com o outro, Fraternidade. A Razão, a Ciência e a
com a natureza e com aquilo que o Técnica foram desenvolvidas e conti-
transcende vive paradoxalmente uma nuam a se desenvolver cada vez mais.
crise e também uma oportunidade: No entanto, basta olhar o noticiário
“A razão analítico-instrumental, que para perceber o quanto nos afastamos
imperou ao longo dos últimos séculos, desses ideais”.

O PARADOXO DA CRISE X OPORTUNIDADE

Na relação consigo mesmo...


• O homem parece cada vez mais marcado pelo solipsismo, a ansiedade e o medo,
entregando-se aos anestésicos da cultura de massas.
• Parece estar emergindo com intensidade inédita na história um desejo humano
de autocompreensão, autoaceitação, autoestima, autoproposição e autodeter-
minação, na busca da autorrealização e da plenitude humana. Este movimento
reflete a busca do encontro do homem consigo mesmo, como condição para
encontrar os demais.

Na relação com os outros…


• Individualismo, a competição, a exploração e o uso instrumental do ser humano
marcam as relações interpessoais, enquanto que, no plano das relações coletivas,
dentro das nações e entre as nações, o cinismo e a força bruta parecem ganhar
cada vez mais espaço.
• Constata-se uma busca de ressignificação dos laços interpessoais na família,
na escola, no trabalho, nas relações afetivo-sexuais. Por outro lado, na vida social
mais ampla, no plano das relações com o bem-comum, a incorporação dos direitos
humanos individuais e coletivos, como novo eixo estruturador dos processos de
desenvolvimento, propicia o surgimento e a ainda incipiente, mas gradual, afirma-
ção do Paradigma do Desenvolvimento Humano como a grande via para a constru-
ção de um progresso com um rosto verdadeiramente humano.
MODELO PEDAGÓGICO 47

Princípios Educativos

Na relação com a natureza…


• A quebra sistemática dos ecossistemas vai desequilibrando as bases dos
dinamismos que sustentam a vida, gerando consequências como a diminuição da
biodiversidade, os buracos na camada de ozônio, comprometendo o direito à vida
das gerações futuras.
• A emergência do conceito de sustentabilidade vai fazendo surgir uma nova ótica
e uma nova ética, que têm como fundamento a noção de que cada geração deve
legar às gerações vindouras um meio-ambiente igual ou melhor do que aquele
recebido das gerações anteriores.

Na relação com o transcendental da vida…


• Verifica-se uma forte crise de sentido, que resulta numa cada vez mais evidente
perda de respeito pela dignidade e a sacralidade da vida em todas as suas mani-
festações naturais e humanas.
• Registra-se uma grande fome de sentido existencial. Pessoas, grupos, comuni-
dades e organizações de todo tipo cada vez mais se empenham na busca de novas
fontes de significado para o seu ser e o seu fazer neste mundo, isto é, para sua
presença entre os homens de seu tempo e de sua circunstância.

No paradigma educacional domi- humanos. Mas não se reduz a isso. Sem a


nante no Brasil e no mundo, a instrução construção/reconstrução de sentidos e
toma com frequência o lugar da educa- de sentimentos, valores e avaliações, ela
ção. Esse paradigma está tão voltado simplesmente se restringe à instrução,
para os meios, as aprendizagens porque deixa de promover aprendiza-
basicamente cognitivas, que as apren- gens indispensáveis à finalidade máxima
dizagens essenciais (existenciais ou da vida, que na Grécia antiga, Aristóteles
metacognitivas) relacionadas com dizia ser a vida em plenitude, a felicidade
a finalidade última da educação sim- ou a sua própria busca. Nessa perspecti-
plesmente não são tratadas na prática va, é necessário pensar numa educação
pedagógica como essenciais. que transcenda o domínio da racionali-
A educação inclui a construção de dade (do logos) e incorpore os domínios
conhecimentos relevantes, significa- da emoção (pathos), da corporeidade
tivos, úteis e duradouros para os seres (eros) e da espiritualidade (mytho).
48 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

Logos – a dimensão do pensamento desejo, da corporeidade.


e do conceito ordenador e dominador No Modelo da Escola da Escolha,
da realidade por meio da razão. a Educação Interdimensional se-
Mythos – a dimensão transcendental, ria capaz de equilibrar as relações
da relação do homem com o mistério e entre essas quatro dimensões, o
o sentido da vida. que não significa prescindir da edu-
Pathos - a dimensão do sentimento, cação simbolizada pela dimensão
da relação do homem consigo mesmo e da razão analítico-instrumental (o
com os outros. logos), mas não se sobrepondo às
Eros – a dimensão das pulsões, do demais dimensões.

“ Essas dimensões, nos estudos realizados pelo Prof. Antonio Carlos Gomes da Costa, estão
presentes nos conceitos e práticas que presidiram a construção do ideal do homem grego
que posteriormente se fundiram aos conceitos e práticas do mundo judaico-cristão, dando
origem à civilização ocidental. ”

- http://associacaopelafamilia.org.br/aspf/cat/POR%20UMA%20EDUCA%C7%C3O%20
INTERDIMENSIONAL%20II.pdf , acesso em 25/08/2014

A dimensão prática da Educação Interdimensional

No alinhamento entre essa perspectiva e as aprendizagens dos Quatro Pilares da


Educação, é possível referenciar e fundamentar metodologias capazes de superar
a presença dominante dos aspectos cognitivos e se abrir para práticas e vivências
de natureza social, existencial e produtiva que integrem as quatro dimensões.
A seguir, um quadro sintético dos indicadores relativos a cada uma das dimen-
sões, verificáveis no contexto da prática pedagógica e alinhados com as compe-
tências dos Quatro Pilares.

ESSES INDICADORES SÃO REGISTROS DE


DIVERSAS REUNIÕES COM O PROF. ANTÔNIO
CARLOS GOMES DA COSTA ACRESCIDOS DE
INFORMAÇÕES EM SUAS OBRAS, ADAPTA-
DAS PARA UTILIZAÇÃO NESTE MATERIAL.
MODELO PEDAGÓGICO 49

Princípios Educativos

LOGOS INDICADORES

a) Capacidade • Saber concluir um raciocínio • Classificar, comparar e concluir


de raciocínio • Ordenar suas ideias na exposição oral ideias, materiais e fatos
lógico e escrita • Justificar suas posições de maneira
• Saber construir e resolver situações- fundamentada
problema
• Desenvolver um ponto de vista
ou ideia

b) Habilidades • Explicar com suas palavras o que leu, • Criar hipóteses baseadas em infor-
de compreensão ouviu, estudou e/ou pesquisou mações
e análise • Construir frases, textos e histórias • Realizar a leitura de mapas, locali-
• Retirar do texto informações solici- zando-se neste espaço
tadas • Estabelecer relações entre os
• Pesquisar informações e resumir o fenômenos naturais e elementos da
texto coletivo natureza
• Formular perguntas sobre o assunto • Identificar diferenças entre as pes-
estudado soas, fatos, dados e situações
• Descrever um fato com detalhes
• Expressar frases estruturadas

c) Indicadores • Retirar a ideia central de um texto • Associar as informações para formar


de habilidades • Saber fazer anotações um novo texto, criar histórias e dialógos
de síntese • Saber tirar conclusões acerca de fatos

d) Indicadores • Organizar suas tarefas e materiais • Gostar de auxiliar os colegas


de capacidade • Escrever de forma legível • Contribuir com material de pesquisa
de trabalho para o grupo
metódico • Saber ouvir e respeitar as opiniões
dos colegas

e) Indicadores • Aceitar trabalhar em grupo • Apresentar as suas ideias sem receio


de atividades • Enfrentar as dificuldades sem desanimar • Desenvolver as atividades demons-
favoráveis ao • Incentivar os colegas trando satisfação
desenvolvimento • Criar o espírito de cooperação • Relacionar-se com os colegas e pro-
cognitivo fessores de maneira fraterna
• Mostrar-se persistente nas tarefas
que realiza
50 MODELO PEDAGÓGICO
Princípios Educativos

EROS INDICADORES

Corporeidade • Aceitação do próprio corpo • Atende corretamente as suas neces-


• Demonstra capacidade de autocui- sidades de descanso
dado com as suas condições de saúde • Demonstra ritmo e harmonia corpo-
(alimentação, higiene e condiciona- ral em atividades como dança e ativi-
mento físico) dades grupais
• Zela pela sua aparência pessoal • Procura preservar-se dos riscos
• Usa a expressão corporal para comu- relacionados às doenças sexualmente
nicar sentimento e disposição interior transmissíveis, ao cigarro, ao álcool e
• Envolve-se em dinâmicas, jogos e outras drogas
esportes individuais e coletivos. • Mantém-se atento às regras de
• Mantém-se atento e procura corrigir segurança no trânsito
as posturas inadequadas e prejudiciais • Busca conscientemente o equilíbrio
ao próprio corpo entre o corpo, a mente e suas emoções.

MYTHO INDICADORES

Espiritualidade • Respeitar a dignidade e a sacralidade • Valorizar a paz, a justiça e a


da vida em todas as suas manifestações sociedade como bases universais
• Abrir-se para indagação às práticas e do convívio humano
às vivências quanto ao significado e ao • Saber dar e pedir perdão
sentido da vida • Meditar e contemplar as questões
• Realizar atividades que ampliam e relativas à dimensão transcendente
enriquecem a sua interioridade da vida
• Refletir sobre o sentido da missão da • Envolver-se em ritos que expressam
sua presença no mundo suas crenças e valores mais profundos
• Vivenciar, identificar e incorporar • Saber apreciar, admirar, valorizar
valores positivos à sua existência e incorporar à sua vida, as lições e
• Abrir-se e dispor-se para o diálogo exemplos de sabedoria e santidade
com as diversas religiões das diversas tradições religiosas
• Indagar sobre as grandes questões da • Respeitar e valorizar a diversidade
existência humana humana em todas as suas manifes-
• Desenvolver com profundidade tações
sentimento de mundo e de pertenci- • Cultivar a tolerância e saber lidar
mento à família com conflitos, conviver com a dife-
• Procurar manifestar em atos concre- rença de ideias, valores, pontos de
tos a sua relação com o transcendental vista e interesses.
MODELO PEDAGÓGICO 51

Princípios Educativos

PATHOS INDICADORES

Afetividade • Demonstrar autoaceitação, autoestima • Sensibilidade às manifestações


e autoconfiança artísticas
• Sabe dar e receber afeto • Demonstrar interesse em aprimorar
• Demonstrar preocupação com os outros a sua capacidade de fruição das
• Demonstrar capacidade de empatia, obras de arte buscando aprimorar a
mostrando disposição de colocar-se no sua educação estética
lugar do outro • Aceitar envolver-se no fazer
• Expressar de forma equilibrada suas artistico
emoções • Demonstrar o desenvolvimento de
• Ser capaz de assertividade, ou seja, sua capacidade criativa
não ser passivo sem agressivo nos • Reconhecer as atividades em que
seus relacionamentos desempenha melhor e procurar apro-
• Sabe lidar de forma equilibrada com fundar-se nelas
as frustrações na vida familiar, escolar • Valorizar a prática de boas maneiras
e comunitária e da urbanidade na vida familiar,
• Canalizar construtivamente a tendência escolar e comunitária
à agressividade própria dos adolescentes
• Olhar com esperança para o futuro
(visão, projeto de vida)
Referências
Bibliográficas

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EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
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EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
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Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Modelo
Pedagógico
Conceitos
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Modelo
Pedagógico
Conceitos
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá os conceitos que sustentam


o Modelo Pedagógico. Iniciamos a conversa detalhando os
seguintes temas:

• Sociedade
• Escola e Currículo
• Educação
• Infância e Juventude

Bom estudo!
©iStock.com/JodiJacobson
Conceitos

Sociedade

O Homem é um ser gregário por natu- no domínio de um grupo por outro,


reza. Sua capacidade de sobrevivência, hoje elas ocorrem de modo mais sutil,
diferente dos outros animais, não está por meio da disseminação de valores e
na força, na capacidade de se mimeti- costumes que muitas vezes são recebi-
zar ou nas garras. O ser humano carece dos como “os verdadeiros” pelos grupos
da inteligência e do grupo social para economicamente menos poderosos.
se adaptar às condições de vida. Nas- Ao olhar para a sociedade brasileira,
ce com capacidades latentes, providas seu desenvolvimento tecnológico e suas
pelo desenvolvimento da espécie, mas expectativas de crescimento, pode-se
que só se manifestam e atualizam na observar o quanto das conquistas e
convivência com seus pares. anseios se aproximam dos modelos de
Quando vem ao mundo é imerso outras nações. A escola, como entidade
em uma cultura pronta, em que as social, passa, então, a lidar com uma
pessoas interagem sob determinados realidade desafiadora sob o ponto de
costumes, regras, valores. A intera- vista da multiplicidade dos sujeitos que
ção e a imitação são procedimentos compõem seu cenário.
fundamentais para viver na sociedade Mudanças são possíveis?
da qual faz parte. Dessa forma, cada
sujeito é fortemente marcado pelos
ensinamentos e pressões exercidos Sociólogo polonês, residente
durante o processo de socialização. O na Inglaterra, grande pensador
ser humano vive em constante conflito
da modernidade.
na construção da identidade: pertencer
ao grupo, pela identificação, tornar-se
único, pela individuação. Zygmunt Bauman usa o termo “so-
No entanto, a sociedade é constru- zinhos na multidão” (condição da vida
ída pelos próprios seres que forma, atrelada à ideia de sucesso imediato
em uma relação dialética em que o causado pelo consumo de bens cada
indivíduo é ao mesmo tempo formado vez mais descartáveis) para analisar
e formador. Para a análise de qualquer a situação comum de se estar ao lado
sociedade é preciso se tomar os con- dos outros, mas não com os outros. A
textos sociais como parâmetro. ilusão de que consumir pode tornar as
Atualmente, nenhuma sociedade pessoas mais felizes faz com que mui-
está isenta das influências de outras. tas pessoas dediquem grande parte de
Enquanto no passado essas influências seu tempo para garantir a propriedade
eram determinadas pela potência bélica de bens para si ou sua família. A convi-
6 MODELO PEDAGÓGICO
Conceitos

vência se tornou fato incomum, mesmo professores e demais profissionais da


nos ambientes de trabalho nos quais as educação no papel de facilitadores da
pessoas passam muitas horas do dia, aprendizagem, capazes de orientar os
pois as situações profissionais estão educandos a se envolverem ativamente
mais mediadas pela tecnologia do que na sua educação, descobrindo e utili-
pelas relações interpessoais. Bauman zando seus estilos de aprendizagem e
afirma que a educação pode traçar um múltiplas inteligências para aprender
novo caminho para a sociedade ao fo- a adquirir e produzir conhecimentos,
mentar a resistência e o espírito crítico, lidar com informações e com pesso-
enfatizando que é pela escola que se as, resolver problemas. Deseja-se que
deve recomeçar. educadores e educandos construam
Considerando as afirmações do so- uma escola capaz de criar um clima de
ciólogo, um projeto de escola que pro- respeito mútuo diante da diversidade
voque transformações nas relações humana e das diferenças individuais.
entre as pessoas, necessariamente, Trata-se de uma escola que rompe
promove o desenvolvimento das di- com ideia de criar um produto padrão
mensões humanas de autonomia, (um educando único), indo muito além
solidariedade e competência em todos da concepção de ser um espaço de
os seus educandos, independente de transmissão de conhecimentos. Currí-
quaisquer características pessoais, culo, metodologias, formas de avaliar
sociais ou de desenvolvimento. Trata- devem ser repensadas na direção da
se do estabelecimento de uma esco- construção de uma nova forma se fazer
la inclusiva cujo objetivo é colocar os professor e educando.

Escola e currículo

A função socializadora da escola

Os indivíduos têm seu processo inicial ceituais, mas também pela formação
de socialização no convívio com a integral de todos os indivíduos.
família, em cujo contexto começam
a receber os primeiros ensinamentos
sobre como as relações interpessoais
e as instituições sociais funcionam, de
acordo com regras e valores do grupo
familiar restrito, mas, que em sua base,
refletem regras e valores que perpas-
sam o ambiente social mais amplo. No
entanto, a socialização é estendida e
prolongada pela mediação que ocorre
nas instituições escolares, responsá-
veis não apenas pelos conteúdos con-
MODELO PEDAGÓGICO 7

Conceitos

De acordo com Lino de Macedo, a todos. Do ponto de vista da aprendi-


escola deve assumir três compromis- zagem, esses compromissos se rela-
sos básicos: cionam diretamente com o Aprender a
Científico: transmissão do conhe- Conhecer, Aprender a Fazer, Aprender
cimento socialmente produzido, por a Conviver e Aprender a Ser. Os ensi-
meio do ensinamento de fatos, concei- namentos não se restringem apenas
tos e princípios; à transmissão dos conteúdos, mas
Filosófico: promoção dos aspec- implicam a reconstrução de todos
tos que complementam os indivíduos os conteúdos pelos educandos de
como seres humanos e que dão razão acordo com seus conhecimentos
e sentido ao conhecimento científico, prévios, suas capacidades cognitivas,
por meio do ensinamento de normas, suas experiências.
atitudes e valores; Trata-se de se ter o espaço escolar
Articulação dos dois anteriores: como favorecedor de processos inclu-
objetivos, resultados e meios para al- sivos, que se veja como parte cons-
cançá-los, por intermédio do ensina- trutora de uma sociedade que atue de
mento de procedimentos, habilidades. modo a acolher todas as pessoas inde-
Saber ser, saber conviver e saber pendente das diferenças individuais.
fazer são conhecimentos que se Para buscar a maior plenitude humana
constroem por meio de situações pe- é necessário valorizar cada um de seus
dagógicas que têm, explícita e implici- membros (Sassaki, 2005).
tamente, essa finalidade. O desenvol- O domínio dos conteúdos concei-
vimento do Protagonismo é uma delas. tuais não é suficiente para garantir a
Ser protagonista é ser capaz de se colo- formação integral, cujas dimensões
car como sujeito construtor do seu Pro- preveem a autonomia, a solidariedade
jeto de Vida e de se ver como elemento e a competência. Para se ter autono-
que contribui para a solução dos desa- mia é necessário que o sujeito tenha
fios individuais e coletivos. interesse de conhecer o mundo, a fim
O Protagonismo não evolui espon- de poder analisar a realidade e tomar
taneamente, como um processo decisões, com base na investigação de
natural. Os estudantes carecem de seu cotidiano e dos valores construídos
orientação e de oportunidades du- em seu meio social. Mas, ter autono-
rante a vida, desde os anos iniciais. mia acarreta a solidariedade, já que a
Para que se desenvolvam, é preciso autonomia só acontece na relação com
que a escola promova condições em o outro (Aprender a Ser). Ser solidário
que seus alunos vão, progressivamen- é ser capaz de se descentrar, de ter o
te, tomando consciência dos próprios outro presente nas decisões e de ter
processos de aprendizagem, de seus consciência de que o desejo individual
recursos internos, da capacidade de não pode se sobrepor ao bem estar da
tomar decisões para si e para o bem coletividade (Aprender a Conviver).
comum. Por sua vez, ser competente requer
Do ponto de vista da dinâmica que o sujeito tenha conhecimento, seja
escolar, isso significa criar um am- capaz de discernir o que é favorável à
biente socialmente solidário para integridade de todos e de cada um dos
8 MODELO PEDAGÓGICO
Conceitos

que dela participam (Aprender a Aprender e Aprender a Fazer).


Assim, torna-se óbvio que o domínio dos conhecimentos básicos das ciências
não basta à formação do sujeito. Autonomia, solidariedade e competência são
condições fundamentais para a construção, o desenvolvimento e a realização
do Projeto de Vida. A função socializadora da escola transcende os conteúdos
formais das ciências, pois está a serviço de uma visão do tipo de sociedade e de
pessoa que pretende formar.

A concepção de currículo

A Escola da Escolha, que tem como Alinhada a essa perspectiva, o cur-


foco a formação integral do educando rículo é plenamente integrado entre as
para construção do seu Projeto de Vida, diretrizes e parâmetros nacionais e/ou
integra três eixos: formação acadêmi- locais e as inovações concebidas pelo
ca de excelência, formação para vida ICE, fundamentadas na diversificação
e formação para o desenvolvimento e enriquecimento necessários para
das competências do século XXI. Sem apoiar o estudante na elaboração do
predominância de uma sobre a outra, seu Projeto de Vida, essência do Modelo
juntas elas devem prover as condições e no qual reside toda a centralidade
necessárias para que o educando pos- do currículo desenvolvido. Para essa
sa se posicionar de forma autônoma, diversificação e enriquecimento, são
solidária e competente. introduzidas inovações em conteúdo (o
Assim, longe de ser apenas um rol que ensinar enquanto aquilo que tem
de disciplinas, o currículo funciona sentido e valor), método (como ensi-
como um elo entre a teoria educacional nar) e gestão (condução dos processos
e a prática pedagógica. Estabelece a de ensino e de aprendizagem tratando
relação entre as competências de apren- do conhecimento a serviço da vida) e
dizagem e as competências de ensino suas respectivas metodologias de êxito
com a finalidade de integrar indivíduo e para reorientar a prática pedagógica
sociedade. Nessa perspectiva, extrapola e os seus respectivos processos educa-
o espaço da sala de aula e até mes- tivos, assegurando que a escola possa
mo da escola em busca de ambientes formar um jovem autônomo, solidário
educacionais flexíveis, que contribuam e competente.
com o processo de ensinar e de apren- Essa é a dimensão na qual o currícu-
der de todos os educandos e que dessa lo na Escola da Escolha deverá atuar.
maneira realize a missão projetada no Para tanto, ele deve ser:
Plano de Ação da escola. • contemporâneo, suficientemente am-
O Modelo da Escola da Escolha cria plo e flexível;
novos paradigmas para a educação • sequencialmente estruturado, organi-
pública brasileira, concebido a partir zado e equilibrado;
de uma pedagogia eficaz, associada • integrador das experiências, oportu-
à gestão, para gerar resultados verifi- nidades e atividades de forma contínua,
cáveis e sustentáveis. consistente e coerente para permitir ao
MODELO PEDAGÓGICO 9

Conceitos

educando persegui-las continuamente significância dos conteúdos conceitu-


por meio de uma dinâmica processual ais, procedimentais e atitudinais para
e estrategicamente organizada; o educando. A construção do Projeto
• organizado em torno de um eixo cujos de Vida, para a qual confluem todas as
conhecimentos, valores, atitudes e ações do Modelo, requer que os conte-
habilidades façam sentido na formação údos trabalhados sejam significativos,
de um adolescente/jovem autônomo, não só do ponto de vista do sujeito que
solidário e competente; aprende, mas, especialmente, do ponto
• formulado de maneira que pressupo- de vista das expectativas e das necessi-
nha e requeira a participação ativa dos dades da sociedade.
educandos em diversas etapas do seu Dessa forma, conteúdos conceituais
desenvolvimento promovendo ações são selecionados e aprendidos para
de autêntico Protagonismo. que se construa a competência aca-
• uma referência epistemológica que dêmica, necessária a qualquer atuação
leva a uma abordagem e a uma inves- consciente, seja no âmbito pessoal, no
tigação de problemas que vão além dos social ou no profissional. O conhecimento
recortes disciplinares e que ajudam a permite a ampliação das possibilidades
compreender o mundo na sua com- de análise das situações e, consequen-
plexidade; temente, das possibilidades de escolha.
• uma matriz a partir da qual o professor A existência de Disciplinas Eletivas
atuará não apenas transmitindo conhe- e das Práticas e Vivências em Prota-
cimentos, informações, dados e ideias gonismo no currículo permite ao aluno
aos educandos, mas estará compro- observar suas preferências e tendên-
metido em provocar neles a capacidade cias, experimentá-las e descobrir-se,
de pensamento reflexivo, investigativo, em um processo, em médio prazo, que
curioso, em que o desejo de aprender solidifica sua capacidade de escolha. A
se revele uma constante para educado- criança e o jovem são pessoas em ple-
res e educandos. no desenvolvimento, cuja curiosidade
As metodologias integradoras da necessita conhecer e experimentar para
Escola da Escolha descritas no Caderno compreender o mundo em que estão
Modelo Pedagógico: Metodologias de inseridos. A possibilidade de vivenciar
Êxito da Parte Diversificada do Currí- escolhas, concluir se foram adequadas
culo têm como objetivo a proposição ou não, favorece o processo de autor-
de situações pedagógicas pautadas na regulação e o do Aprender a Aprender.
10 MODELO PEDAGÓGICO
Conceitos

Os componentes do currículo

Tendo em vista as fontes que orientam Quando ensinar?


a elaboração do currículo e as ações O currículo deve prever como or-
concretas que precisam ser definidas, ganizar e ordenar temporalmente as
Coll propõe que o currículo responda intenções educativas, a fim de estabele-
às seguintes questões: cer boas sequências de aprendizagem.
O que ensinar? Coll afirma que, após o estabele-
Coll enfatiza que o currículo deve partir cimento dos objetivos gerais de cada
da seleção de quais aspectos do cresci- área do conhecimento, é preciso anali-
mento pessoal do educando a educação sar quais aprendizagens específicas fa-
escolar tratará de promover. vorecem a aquisição das capacidades
Se a função primordial da escola é estipuladas pelos objetivos gerais. Para
contribuir para a formação integral do isso é preciso considerar as condições
educando, ou seja, o crescimento pes- de aprendizagem dos educandos em
soal em todos os seus aspectos – cog- consonância com as singularidades de
nitivo, social, moral, corporal, afetivo – a cada área de conhecimento. É necessá-
decisão sobre o que ensinar precisa con- rio também que haja a garantia de con-
siderar conteúdos de diferentes ordens. tinuidade e progressão dos conteúdos
A visão de homem e de sociedade é dentro de um mesmo ano, de um ano
o ponto de partida e o de chegada de para outro, dentro de cada segmento
qualquer projeto pedagógico. Esse ide- e/ou entre os diferentes segmentos da
ário de sociedade estabelece os objeti- escolarização, a depender de como os
vos, os conteúdos, as formas de ação e sistemas de educação se organizam e
de avaliação. se estruturam.
A intenção de que a escola seja um Ele alerta que os conteúdos das dis-
meio para o desenvolvimento de recur- ciplinas não podem ser considerados
sos internos que favoreçam a constru- unicamente como meios de se atingir as
ção de um Projeto de Vida é um guia intenções educativas. As intenções são
para o planejamento de ações e ativida- alcançadas quando objetivos gerais e
des que promovam o desenvolvimento conteúdos formam um conjunto, no qual
da autonomia, que, por sua vez, só é as relações estabelecidas são de inter-
possível na relação com o outro. Desse dependência entre os dois aspectos.
modo, ser autônomo, intelectual e mo-
ralmente, implica necessariamente ser
solidário, cooperativo e ativo. Não há
como esperar que os educandos se de-
senvolvam nesses aspectos se a escola
não permite a participação, a autoava-
liação, a tomada de decisões, a toma-
da de consciência dos procedimentos
para a aprendizagem e a iniciativa de
buscar respostas e confrontá-las com
outras possíveis.
MODELO PEDAGÓGICO 11

Conceitos

Como ensinar? precisa ser ressignificado por quem


Os conceitos de Protagonismo e aprende para que seja compreendido,
Projeto de Vida se referem à formação valorizando a concepção de que não
de um sujeito ativo, capaz de tomar há uma única forma de se aprender e
decisões e fazer escolhas embasadas de se elaborar a percepção do mundo.
no conhecimento, na reflexão, na con- Um exemplo simples disso é a diferen-
sideração de si próprio e do coletivo. ça entre entender uma multiplicação e
Essa formação depende de uma ação a memorização da tabuada. Se o edu-
pedagógica constante, que permita ao cando compreende os conceitos da
educando o desenvolvimento de habi- multiplicação, poderá encontrar solu-
lidades e competências que vão muito ções pela utilização de suas próprias
além da memorização ou do treina- estratégias, caso tenha se esquecido
mento de respostas corretas. de algum resultado da tabuada. Entre-
Uma metodologia que cumpra com tanto, se ele apenas tiver memorizado
essas exigências se compromete com a tabuada, não conseguirá recorrer a
a proposição de situações didáticas estratégias pessoais para resolver uma
em que os educandos sejam desafia- situação problema.
dos a refletir, a elaborar hipóteses, a O que, quando e como avaliar?
buscar soluções e a validar as respos- Avaliação é um procedimento fun-
tas encontradas. damental para acompanhar o desen-
As capacidades cognitivas carac- volvimento de qualquer projeto. Para
terísticas de cada etapa de desen- saber se as intenções educativas pro-
volvimento, os conhecimentos que postas na formulação do currículo
os educandos já têm construídos por estão sendo atingidas é essencial que
meio de suas experiências escolares e o próprio currículo contenha as for-
extraescolares, além dos conceitos, mas de avaliar antes, durante e após
procedimentos e valores são a base todo processo percorrido.
para qualquer intervenção pedagógica. O ato de avaliar vai muito além da
Em uma metodologia que procura ana- atribuição de notas ou conceitos ao
lisar os conhecimentos prévios, as dife- desempenho dos educandos. Ele per-
renças individuais se tornam visíveis ao passa a necessidade de pensar novas
educador. Ele precisa conhecer os pa- formas de avaliação para atender a
tamares de cada sujeito e estabelecer a todos os educandos, inclusive as es-
mediação para que todos avancem em pecificidades daqueles que têm algu-
relação ao que já sabem. ma deficiência. Numa concepção mais
Uma concepção fundamental é a de tradicional de educação, o processo de
que o conhecimento não é adquirido avaliar assume um caráter mais pon-
como uma “fotografia” ou cópia exata tual (com datas estanques e pré-de-
do que foi ensinado. A compreensão finidas) para que se investigue “quem
é possível se o sujeito reelaborar as aprendeu e quem não aprendeu”. Numa
informações transmitidas e as relações perspectiva mais inclusiva, a avaliação
estabelecidas entre elas. O conheci- ganha outra dimensão: torna-se pro-
mento existe nas ciências, nas artes, cessual, contínua ao processo de ensi-
nas experiências da humanidade, mas no e de aprendizagem. Inúmeras fontes
12 MODELO PEDAGÓGICO
Conceitos

de leituras podem ser utilizadas para gico: inicial, formativa e somativa.


compor a leitura do desenvolvimen- A avaliação inicial permite ao pro-
to do educando na escola e fornecem fessor conhecer o que seus alunos já
pistas para corrigir as estratégias tanto sabem com a finalidade de planejamen-
de ensino como de aprendizagem. Nes- to das intervenções pedagógicas.
ta perspectiva, a avaliação atua para A avaliação formativa remete ao
manter o educando em sua turma com processo de aprendizagem e favorece
respeito aos processos individuais de as decisões quanto à ajuda pedagógica
aprendizagem de cada um. necessária para que as expectativas de
Avaliar deve ser uma ação de ques- aprendizagem sejam alcançadas.
tionamento da escola sobre o que ela A avaliação somativa verifica até
deve fazer para atender da melhor que ponto as intenções educativas
forma possível cada um de seus edu- foram favorecidas pelas intervenções e
candos. Há três modalidades de avalia- mede o grau de êxito ou de fracasso do
ção que respondem à necessidade de processo educacional.
acompanhamento do projeto pedagó-

Educação
“Exercício de uma influência construtiva e deliberada de um ser humano
sobre outro ser humano.”
- Antonio Carlos Gomes da Costa

Todo processo civilizatório, ou seja, a nomia, a dissociação entre o pertenci-


inserção das pessoas na sociedade de mento e a diferenciação individual, têm
forma que interajam de acordo com a semente posta no âmbito familiar.
seus princípios, regras e valores, re- A construção da autonomia só pode
quer educação mediada pelas institui- ser favorecida pela escola quando os
ções sociais. alunos vivenciam situações em que suas
A primeira delas é a família, âmbito escolhas e decisões sejam experimenta-
em que a criança começa a vivenciar das, situações que o ajudem a construir
e aprender como seu grupo social se estratégias de autoavaliação e autorre-
organiza e como as relações inter- gulação, a ser sujeito em seu processo
pessoais acontecem. Dali se originam de aprendizagem e não estar apenas
e são construídos valores sociais e “sujeito a” determinações externas.
morais que permanecerão ativos por O conceito de autonomia implica o
toda vida. Crenças, valores, princípios de solidariedade, pois ser autônomo é
morais, hábitos, relações, são for- levar o outro em consideração e tomar
temente marcados como resultado decisões que beneficiem a coletivida-
dessa interação. O desenvolvimento de, acima dos desejos individuais que
da autonomia, consonância entre as podem comprometer o bem comum.
necessidades de pertencimento e de O incentivo e a vivência da coope-
diferenciação individual, ou da hetero- ração nas relações entre adultos, en-
MODELO PEDAGÓGICO 13

Conceitos

tre adultos e crianças/jovens e entre é a da corresponsabilidade. Na esfera


crianças/jovens e seus pares permitem da convivência e da construção da
o estabelecimento de vínculos afetivos sociedade, todos são corresponsá-
e racionais que tendem ao ser solidário. veis pela forma como as relações
Por outro lado, o incentivo à compe- acontecem, sejam elas pessoais, ins-
tição, em particular à competição indi- titucionais, políticas ou sociais.
vidual, sem o devido ensinamento de A educação terá sua continuidade na
que o outro é tão parte do todo como escola. A responsabilidade de socializa-
a própria pessoa, será um fator impor- ção é estendida à outra instituição social,
tante de manutenção dos moldes de que apresenta uma parte mais ampla
funcionamento da sociedade competi- da sociedade. O contato com pesso-
tiva atual. as que não são os familiares, as regras,
Tanto autonomia como solidarieda- com princípios e valores que formam a
de são reflexos da construção do espí- cultura do ambiente escolar, suscitam
rito ético e da responsabilidade sobre novos comportamentos, expectativas
si e sobre a coletividade. Nenhum deles e relacionamentos, que ampliam os co-
pode ser transmitido apenas pela pa- nhecimentos desenvolvidos até então e
lavra ou pelo constrangimento. A ética deverão fornecer, ao estudante, o desen-
é apreendida muito mais pelas ações volvimento de suas potencialidades.
observadas do que por falas ou aulas A educação escolar, embora de
destinadas especificamente a essa modo menos enfático, é corresponsá-
finalidade. Se os adultos a pregam, mas vel pela formação do ser e tem como
não a praticam, a tendência é de que obrigatoriedade legal (Constituição
haja um esvaziamento do discurso. Federal e LDB) promover o pleno
Da mesma forma, a responsabilidade desenvolvimento do educando. Mas, o
se aprende pelos modelos observados. que significa pleno desenvolvimento?
Responsabilidade inclui consciência Formar para a plenitude humana sig-
dos direitos e dos deveres individuais e nifica assegurar as condições e as opor-
coletivos. Ter a responsabilidade sobre tunidades para que a pessoa desenvolva
os próprios atos, como sobre a garantia as suas potencialidades, que trouxe
do bem coletivo, só pode se constituir consigo ao vir a este mundo. É aquilo
a partir de vivências que demonstram que ainda não é, mas que traz em si a
como se faz isso. condição para se tornar, desde que
Relações de cooperação, em que as tenha a oportunidade para se desenvolver.
pessoas trabalhem em conjunto, tomem
decisões coletivas, contribuam umas
com as outras com o que têm de melhor,
que respeitem as diferenças e procurem
o consenso pela maioria desde que traga
benefícios coletivos são a melhor meto-
dologia para a apreensão do que signifi-
ca cooperação e solidariedade.
Uma premissa essencial ao Modelo
que traduz as relações de cooperação
14 MODELO PEDAGÓGICO
Conceitos

Infância e juventude

Infância e juventude têm suas carac- vas e o desenvolvimento corporal pas-


terísticas e capacidades próprias nos sam por transformações substanciais.
diferentes âmbitos: cognitivo, social, A perspectiva de futuro está cada vez
afetivo, moral e físico. mais “presente”.
A infância é um período de pleno Mendez, em seminário latino-ameri-
desenvolvimento. Nessa fase, a criança cano pelos direitos da infância, afirma:
desenvolve as capacidades de cami- “em primeiro lugar, que a percepção
nhar, de falar, de compreender a reali- da infância como sujeito pleno de di-
dade de forma cada vez mais abstrata, reitos constitui um processo de cará-
de se relacionar, de entender a exis- ter irreversível no seio da comunidade
tência de regras morais, de comparti- internacional e, em segundo lugar, que
lhar vivências, de elaborar hipóteses, o continente latino-americano precisa
de tomar iniciativas, enfim, inúmeras hoje, mais do que nunca, de utopias
competências que serão a base para os positivas concretas para elaborar um
períodos vindouros. futuro melhor”.
Vygotsky e Luria afirmam que “no A visão da infância como um período
processo de seu desenvolvimento, a de pleno desenvolvimento construída
criança não só cresce, não só amadu- recentemente na história da humanida-
rece, mas, ao mesmo tempo – e isso é de foi, na prática, aplicada às crianças
a coisa mais fundamental que se pode de determinadas classes sociais. Até
observar em nosso análise da evolução há bem pouco tempo, a infância das
da mente infantil -, a criança adquire crianças abandonadas não era vista
inúmeras novas habilidades, inúmeras com o mesmo cuidado prescrito pelos
novas formas de comportamento. No conhecimentos da psicologia, da socio-
processo de desenvolvimento, a crian- logia e da pedagogia. Nem sociedade
ça não só amadurece, mas também se civil nem Estado se sentiam responsá-
torna reequipada. É exatamente esse veis por elas, avaliando o abandono e/
‘reequipamento’ que causa o maior ou a infração por parte dos menores
desenvolvimento e mudança que como condições pessoais, em que as
observamos na criança à medida que vítimas deveriam assumir a culpa por
se transforma num adulto cultural. suas próprias mazelas.
É isso que constitui a diferença mais O descaso com a infância das clas-
pronunciada entre o desenvolvimento ses mais pobres – em que o desam-
dos seres humanos e o dos animais”. paro, muitas vezes provocado pelas
A juventude é, ao mesmo tempo, condições de sobrevivência de algu-
continuidade e ruptura da infância. mas famílias – não é apenas simbólico,
Continuidade porque todas as compe- mas tem reflexos até mesmo na forma
tências juvenis têm sua origem no que como a escola a recebe. Como um bra-
foi construído durante os primeiros ço do Estado ou da sociedade, reafirma
anos de vida. Ruptura porque é uma a não responsabilidade pelo proces-
outra forma de estar no mundo. As es- so de socialização da criança que não
truturas cognitivas, as relações afeti- venha de uma família razoavelmente
MODELO PEDAGÓGICO 15

Conceitos

estruturada, que não corresponda à Retarda-se cada vez mais a incorpora-


imagem idealizada da pessoa que tem ção dos adolescentes ao estado adulto,
direito de “sentar-se nos bancos es- tornando-se cada vez mais frequente
colares”. Mas a Constituição Federal encontrarmos pessoas física e psico-
afirma que todos têm direito à edu- logicamente adultas, mas não assim
cação, direito consagrado como ir- consideradas socialmente, pois conti-
restrito e inalienável. nuam na dependência dos pais, não se
A adolescência não é um fenômeno incorporam ao mundo do trabalho, não
universal, como a puberdade. O termo podem formar uma unidade familiar
representa uma concepção construída própria, etc, não porque não desejem
culturalmente, em muitas sociedades, ser independentes [...], mas porque as
mas não em todas. Segundo Coll, difíceis condições sociais para ascen-
Palacios e Marchesi, a adolescência der ao mundo laboral, o prolongamen-
é uma das etapas da vida em que se to da escolaridade, o custo de vida, etc,
está mais atento ao próprio corpo, a tornam impossível a materialização
suas características e a suas seme- desses desejos”.
lhanças e diferenças com o corpo Consideram, ainda, que esse pro-
dos outros. longamento artificial pouco ajuda os
Ao mesmo tempo em que trans- adolescentes no desenvolvimento de
formações físicas acontecem, tantas uma nova identidade, que só pode ser
outras mudanças ocorrem no desen- atingida pelo desempenho de novos
volvimento psicológico, com a amplia- papéis e pela aquisição do estatuto
ção das capacidades cognitivas, os social de sujeito adulto.
interesses afetivos, a tomada de cons- A emancipação familiar e a interação
ciência sobre a própria personalidade, intensa com os pares são processos
a aproximação das decisões que necessários para a construção da iden-
o adolescente deverá tomar em tidade. No entanto, as barreiras sociais
relação a seu futuro pessoal, social impostas à emancipação dificultam
e profissional. ainda mais a construção das represen-
Alguns especialistas definem a ado- tações que os adolescentes fazem de
lescência como um período de tran- si mesmos.
sição entre a infância e a vida adulta. O Protagonismo e a construção
Outros, no entanto, a destacam como do Projeto de Vida se tornam a pos-
uma etapa significativa na qual há uma sibilidade real dos jovens assumirem
efervescência de ideias, teorias, conhe- papéis que os aproximam do mundo
cimentos, sentimentos. Coll, Palacios e adulto. Assumir-se como participante
Marchesi analisam que: “em todo caso, da solução de problemas, analisar suas
convém destacar que a maneira como vivências e planejar o futuro, ainda que
as coisas se apresentam, para muitos provisoriamente, são ações que impli-
adolescentes, em nosso meio cultural, cam autonomia, solidariedade e com-
pouco contribui para uma boa tran- petência, necessárias ao desempenho
sição da adolescência à idade adulta. consciente na vida adulta.
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EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
Prefeito Nestor de Camargo; Centro de Ensino
Experimental de Arcoverde.

APOIO
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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Modelo
Pedagógico
Metodologias de Êxito da
Parte Diversificada do Currículo

Componentes Curriculares
Ensino Médio
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Modelo
Pedagógico
Metodologias de Êxito da
Parte Diversificada do Currículo

Componentes Curriculares
Ensino Médio
3

Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as Metodologias de Êxito da


Escola da Escolha, o que são, para que servem e uma introdu-
ção sobre como colocá-las em prática.

Os componentes curriculares deste caderno estão organiza-


dos da seguinte forma:

• Projeto de Vida
• Práticas e Vivências em Protagonismo
• Disciplinas Eletivas
• Estudo Orientado

Bom trabalho!
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Metodologias de Êxito da Parte
Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

O que são as Metodologias de Êxito


da Parte Diversificada do currículo?
O Modelo Pedagógico juntamente com lação das Metodologias de Êxito do
o Modelo de Gestão são a base do Mo- Modelo será sempre a Base Nacional
delo Escola da Escolha. Esse último Comum e o Plano de Ação da Escola. É
modelo foi concebido para responder à nesse documento que se encontram as
formação do jovem para que ao final da metas a serem atingidas pela escola,
Educação Básica reúna as condições pactuadas entre a equipe escolar e a
para executar o seu Projeto de Vida, Secretaria de Educação.
idealizado e gestado ao longo do Ensi- As Metodologias de Êxito funcio-
no Fundamental e do Ensino Médio. nam no currículo por meio de proce-
A articulação entre Modelo Peda- dimentos teórico-metodológicos que
gógico e de Gestão cria no ambiente favorecem a experimentação de ativi-
escolar as condições para que a escola dades dinâmicas, contextualizadas e
ofereça excelência acadêmica, forma- significativas nos diversos campos das
ção para a vida através da consolidação ciências, das artes, das linguagens e da
de valores e competências necessárias cultura corporal. Exercem o papel de arti-
para o Século XXI. A partir dessa arti- culadores entre o mundo acadêmico, as
culação, as Metodologias de Êxito da práticas sociais e a realização dos Proje-
Parte Diversificada do currículo com- tos de Vida dos estudantes. Sua prática
põem a tecedura do fazer pedagógico. cotidiana, planejada e apoiada pela equipe
Elas não são elementos à parte ou com- escolar conduzirá os estudantes ao exercí-
plementares do currículo escolar. cio das competências fundamentais para a
A base para a mobilização e articu- construção dos seus Projetos de Vida.

Como operam as metodologias de êxito


da Parte Diversificada do currículo?
As Metodologias de Êxito serão apre- e Modelo de Gestão, que garantirá o
sentadas a seguir, em sua individuali- foco no que se deseja e em como cada
dade, neste Caderno. É imprescindível Metodologia de Êxito poderá contribuir
que a equipe escolar as conheça e que com o sucesso da escola.
dedique tempo de estudo a cada uma, Uma proposta educativa formulada
tendo como norte a identidade e o a partir dessa perspectiva expõe a
contexto de sua escola. urgência de uma revisão da prática pe-
O sucesso deste trabalho existirá dagógica com mudanças em conteúdo
somente se as Metodologias de Êxi- (o que ensinar enquanto aquilo que
to estiverem articuladas com a Base tem sentido e valor), método (como
Nacional Comum em seus desdobra- ensinar) e gestão (condução dos pro-
mentos diretos ou indiretos e se forem cessos de ensino e de aprendizagem
implementadas considerando o Plano tratando do conhecimento a serviço da
de Ação da Escola, que sinalizará o que vida), profundamente alinhadas com o
se quer/precisa atingir. É fundamental ideal de formação de uma pessoa autô-
a articulação entre Modelo Pedagógico noma, solidária e competente.
©iStock.com/Maica
Componentes Curriculares:

AULAS DE PROJETO DE VIDA

Uma leitura crítica sobre a história des- ‘’Diante das manifestações inquie-
venda que nenhuma sociedade se torna tantes do educando – impulsos agres-
exitosa se não investir em todas as áre- sivos, revoltas, inibições, intolerância
as da convivência humana. Tampouco a qualquer tipo de norma, apatia, cinis-
um país atinge pleno desenvolvimento mo, alheamento e indiferença – deve
se não promover condições para uma o educador situar-se num ângulo que
vida digna e de qualidade para todos. lhe permita ver, além dos aspectos ne-
Nesse cenário, a educação tem papel gativos, o pedido de auxílio de alguém
fundamental. A escola é o espaço no que, de forma confusa, se procura e
qual se deve favorecer o acesso para a se experimenta em face de um mun-
construção do conhecimento e o desen- do, a seus olhos, cada vez mais hostil
volvimento de competências a todos. e ininteligível”. – Antonio Carlos Comes
É no dia-a-dia escolar que crianças e de Costa.
jovens têm acesso aos diferentes con- No entanto, não basta assegurar o
teúdos curriculares da Base Nacional acesso e a permanência do estudante
Comum, que devem ser organizados na escola. Antes, esse lugar tem que
de forma a efetivar a aprendizagem. se revelar dotado de sentido e signifi-
(Ministério da Educação, Secretaria de cado para a sua vida. O educando pre-
Educação Especial, 2004. p.7) cisa reconhecer na escola o lugar onde
O Brasil é um dos países que mais encontrará as condições, as pessoas e
garantem o acesso às escolas para as as formas através das quais se consti-
crianças, adolescentes e jovens, po- tuirá como alguém capaz de atuar no
rém ainda está longe de ser o ideal em mundo a partir do seu próprio repertó-
assegurar sua permanência. Alguns rio, enriquecido pelo que a escola lhe
sintomas desse contexto são os altos assegurar sob a forma de oportunida-
índices de abandono escolar de uma des e escolhas.
população que se exibe com cada vez A escola deve apostar no direito ao
mais acentuada baixa autoestima, desenvolvimento das potencialidades
declínio de expectativa em relação ao do estudante, no seu sonho, e apoiá-lo
futuro e a inexistência de autonomia na na construção de uma visão dele pró-
capacidade para tomar decisões ade- prio no futuro, numa perspectiva inter-
quadas sobre a própria vida. A escola dimensional porque ele vive e atua num
não tem conseguido reverter comple- mundo em permanente e acelerado
tamente esse quadro. processo de transformações.
8 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

Afinal de Contas, o que é Projeto de Vida?

O Projeto de Vida é uma das Metodologias de Êxito da Escola da Escolha ofereci-


das aos estudantes e compõe a parte diversificada do currículo, tanto nos anos
finais do Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio.
Ele é o caminho traçado entre aquele que “eu sou” e aquele que “eu quero ser”.

O PROJETO DE VIDA
É o traçado entre o “ser” e o “querer ser”
MODELO PEDAGÓGICO 9

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

Durante séculos, as escolas têm tido tir da apropriação da história de vida


a missão de formar crianças, adoles- pessoal e do que já é no presente,
centes e jovens para “ser alguém na podendo traçar roteiros sobre os
vida”. Partem do pressuposto de que próprios desejos de atuação no
os estudantes “ainda não sejam al- mundo. Desse ponto de vista, o
guém”, mas que sejam apenas uma desejo não é um atestado do que não
tábula rasa ou uma página em branco se é, não é o lugar de uma falta, mas
na qual o professor escreve o que julga a manifestação de uma sede criativa
adequado e suprime o que for inconve- de ser mais.
niente, o que resulta, na impressão dos O lugar onde se fala e se age está
dias de hoje, que se educa para suprir sempre no tempo presente. Por isso,
uma suposta falta, ou seja, partem da um Projeto de Vida parte da percep-
ideia de que o estudante “ainda não é ção de onde se está para onde se quer
alguém” e que deve ser educado em chegar. Isso envolve uma reflexão cui-
conformidade com aquilo que a escola dadosa da bagagem que é preciso levar
define “para finalmente ser alguém”. e como adquiri-la: os valores que serão
As práticas pedagógicas são proje- fundamentais nessa travessia permea-
tadas para o tempo futuro, descon- da de escolhas, os conhecimentos, re-
siderando o presente, o lugar onde o pertórios culturais e morais que serão
jovem está e onde de fato já é necessários para a tomada de decisões
alguém, com a sua história, seus sonhos, nas três dimensões da vida humana
suas possibilidades e seus limites. (pessoal, social e produtiva) e, final-
O que se faz nesse tempo presente? mente, o sentido da própria existência
O que se faz com o estudante que já é quando se pensa na autorrealização.
ou ainda nem sabe que é, mas poten- Projeto de Vida não é um “projeto
cialmente poderá ser? E o que se faz de carreira” ou o resultado de um tes-
dele para projetá-lo como uma chance te de vocações. A vida se realiza em
de futuro – que não seja fruto das ex- dimensões onde a carreira profissio-
pectativas e decisões de outra pessoa nal é um dos elementos fundamentais
que não o próprio jovem? pelos quais é necessário decidir, assim
Uma educação alinhada com a con- como o estilo de vida que se quer ter,
temporaneidade compreende que se os valores que nortearão os relaciona-
educa para o estudante se tornar aquilo mentos que se estabelecerão ao longo
que se é, ou seja, uma educação focada da vida pessoal e social, dentre tantos
na potência de cada indivíduo, que cui- outros, que se ordenam e reordenam
da autonomamente dos próprios atri- nos cenários de cada um e que requer
butos, observa a excelência de si e se uma margem para rever roteiros, mu-
autorrealiza “no encontro entre “aquele dar estratégias, acrescentar ou supri-
que é” com “aquele que quer ser”. mir metas, atentar ao que aumenta ou
O que dá sentido ao futuro é a proje- diminui a potência de si, questionar
ção que o ser humano faz de si, a par- as formas de viver e decidir por quais
10 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

COMPETÊNCIAS TRABALHADAS NAS


AULAS DE PROJETO DE VIDA

Autodetermi- Planejamento Otimismo Autonomia


nação

Espírito Responsabili-
Perseverança
Gregário dade

Respeito
Projeto Solidariedade
de Vida

Autoconheci- Autoconfiança Iniciativa Capacidade de


mento fazer escolhas

Outros
Outros
Outros
MODELO PEDAGÓGICO 11

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

vias seguir para a plenitude e a alegria projeto da sua vida.


de viver. Um projeto é a representação daqui-
Por isso, a sua elaboração exige uma lo que é diante daquilo que potencial-
formação em que os elementos cogniti- mente será. E Projeto de Vida na Escola
vos, socioemocionais e as experiências da Escolha é uma espécie de “primeiro
pessoais devem constituir uma base a projeto para uma vida toda”. É uma
partir da qual o jovem consolide seus tarefa para a vida inteira, certamente a
valores, conhecimentos e competên- mais sofisticada e elaborada narrativa
cias para apoiar-se na construção do de si, que se inicia nesta escola.

Por que desenvolver Projeto de Vida na escola?

É preciso cuidado para não repetir os num curto, médio e longo prazo.
padrões, dizer para o jovem “o que Isso deve ser fruto de um processo
ele deve ser” ou o que ele “deve fazer no qual o jovem aprende a projetar no
para ser alguém”. futuro os seus sonhos e ambições e a
Mas há a necessidade de incentivá- traduzi-los sob a forma de objetivos,
-lo e apoiá-lo no processo de reflexão de metas traçadas, de prazos definidos
sobre “quem ele sabe que é” e “quem para a sua realização.
gostaria de vir a ser” e ajudá-lo a pla- A escola oferece, então, a partir do
nejar o caminho que precisa construir e seu projeto escolar, um conjunto de
seguir para realizar esse encontro. ações educativas alinhadas com a fa-
Ao final do Ensino Médio, cada jovem mília, mas cabe ao jovem empregar
deverá ter minimamente traçado aqui- uma boa dose de cuidados, determi-
lo que deseja construir nas dimensões nação e obstinação pessoal para a
pessoal, social e produtiva da vida, sua realização.
12 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

A CENTRALIDADE DO MODELO É
O JOVEM E SEU PROJETO DE VIDA

ESCOLA DA ESCOLHA

TECNOLOGIA DE GESTÃO
EDUCACIONAL (TGE)

MODELO PEDAGÓGICO

FORMAÇÃO FORMAÇÃO
ACADÊMICA DE PARA A VIDA
EXCELÊNCIA

O JOVEM E SEU
PROJETO DE VIDA

FORMAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
PARA O SÉCULO XXI

E como se transforma sonho em realidade?

No Modelo Escola da Escolha o foco é suas vidas e no desenvolvimento de


o jovem e o seu Projeto de Vida. Isso competências, que os permitirão tran-
significa que todos reúnem os esfor- sitar e atuar diante dos imensos desa-
ços para a sua realização por meio do fios e possibilidades que encontrarão.
Projeto Escolar, que se estrutura para Esse conjunto deverá criar as condi-
esse fim, porque a escola provê as con- ções e apoiar o estudante nas decisões
dições para a oferta de uma formação relativas à continuidade dos seus
acadêmica de excelência associada a estudos, reconhecendo a imprescin-
uma sólida formação em valores fun- dibilidade dos processos educativos
damentais para apoiar os estudantes para a construção de um projeto para
nas decisões que tomarão ao longo das a sua vida.
MODELO PEDAGÓGICO 13

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

O fato de existir no currículo uma dimensões e circunstâncias da vida.


metodologia específica não prescinde O trabalho ao longo desses anos
toda a equipe de educadores de se en- deve levar o jovem à crença no seu
volver com a sua realização, na medida potencial e que ele se sinta motiva-
em que o Projeto de Vida do jovem é o do e capaz de atribuir sentido à cria-
foco do projeto escolar. ção do projeto que da perspectiva ao
As aulas estruturadas, minis- seu futuro.
tradas nos dois primeiros anos dos Esse processo, realizado na especi-
anos do Ensino Médio, oferecem ficidade dessa metodologia, mas pre-
subsídios para que os jovens ini- sente na prática pedagógica de todos
ciem um processo gradual, lógico os educadores, existe para apoiar
e reflexivo por meio de temáticas o jovem:
fundamentais, que se relacionam - no reconhecimento da importância
e se complementam entre si, auxi- e da imprescindibilidade da educação
liando na construção da sua iden- ao longo de todas as etapas da vida;
tidade (o ponto de partida) e o seu - na construção de valores que pro-
posicionamento diante das distintas movam atitudes de não indiferença em

REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DAS AULAS DE


PROJETO DE VIDA NOS DOIS ANOS DO ENSINO MÉDIO

1º ano 2º ano
“O autoconhecimento, eu no mundo” “O Futuro: os planos e as decisões”

As Bases do Construção/
Introdução Revisão
Conhecimento Vivência

a. Autoconhecimento a. As competências dos 4 Introdução ao planeja- Introdução ao planeja-


b. Reconhecer as suas po- Pilares do Conhecimento mento do Projeto de Vida; mento do Projeto de Vida;
tencialidades e fragilidades b. A presença das com- A criação: A elaboração:
c. Identificar, desenvolver e petências socioemocionais – da visão – do cronograma
integrar as competências na vida pessoal, social – das premissas – do acompanhamento
para a vida pessoal, social e produtiva A definição: e revisão
e produtiva c. A integração das com- – das metas
d. Relacionar valores às ati- petências na vida pessoal, – das ações
tudes e decisões de social e produtiva
sua vida
14 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

relação a si próprio, ao outro e ao seu de Vida ganham sentido porque são


entorno social; estruturadas com base na Tecnologia
- na sistematização do produto dos de Gestão Educacional – TGE e é por
seus aprendizados e reflexões, que meio de suas metodologias que o
deverão subsidiar a elaboração do pro- jovem aprende sobre a criação de ob-
jeto de sua vida; jetivos, definição de metas, prazos etc.
As aulas se estruturam a partir de Tomando decisões e planejando mi-
três eixos essenciais: nhas ações: Escolhe-se sempre a partir
• 1º ano: dedica-se ao eixo “O auto- do contingente e provisório. É um jogo
conhecimento, eu no mundo”, ao vivo em que virtualização e atualização se
reconhecimento da importância dos tensionam incessantemente, movendo o
valores, à existência de competências sujeito a encontrar respostas ou, mais
fundamentais que se relacionam e se importante, formular novas perguntas,
integram etc. sempre em perspectiva, participando
Autoconhecimento: Conhecer a si ativamente da narrativa do mundo, aber-
mesmo não significa fazer um “mergulho to ao ineditismo e à imprevisibilidade
interior”, rendendo-se a especulações dos encontros que o afetam, mobilizan-
subjetivas, o que é uma tarefa sem fim. do e propondo novos posicionamentos.
Conhecer-se é algo que se dá na medi- Não é, portanto, a perspectiva de em-
da em que o sujeito se modifica, agindo pregabilidade ou desemprego o que
no mundo, se posicionando diante das deve orientar, sobretudo num mundo
questões em que é convocado a se ma- em que, ao valorizar o trabalho inte-
nifestar, interagindo com o diverso, em lectual e criativo, como ocorre nas so-
situações inéditas. Conhecer-se é impos- ciedades pós-industriais, convoca-se e
sível sem as relações de alteridade e é na desafia-se a atuar em dimensões inter-
medida em que se age que se elabora a disciplinares. Escolhe-se não a partir de
si mesmo, uma vez que é uma ocasião um dever ser exterior, mas de um querer
de se manifestar como se é ou como se ser manifestado no agora.
deseja ser. Muitas vezes, é o outro que • 3º ano: dedica-se ao Acompanha-
nos revela a nós mesmos. mento do seu Projeto de Vida. Os
• 2º ano: dedica-se ao eixo “O Futuro: estudantes não recebem aulas estru-
os planos e as decisões”. Nessa etapa, turadas, mas se dedicam inteiramente
os jovens documentam suas reflexões e à vida escolar e ao acompanhamento
tomadas de decisões no Guia Prático para do seu Projeto de Vida, suas metas e
a Elaboração do Projeto de vida. objetivos estabelecidos no ano anterior.
Futuro: os planos e as decisões. O material de registro do estudante
Trata-se de desenvolver quais os dese- se intitula Guia Prático para a Elabo-
jos que o jovem tem hoje e elaborá-los ração do Projeto de Vida e é de uso
de maneira concreta, planejando as exclusivo do adolescente, ou seja, é
formas de realizá-los. É pela perspec- fundamental que o educador tenha
tiva do que se almeja agora, porque os acesso apenas mediante a sua concor-
desejos e aspirações são passíveis de dância e permissão. Ali existirão regis-
serem modificados ao longo do tempo. tros pessoais e sua privacidade deve
As ações do Planejamento do Projeto ser respeitada.
MODELO PEDAGÓGICO 15

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

Professor de Projeto de vida

Não existe um “perfil perfeito” para professores das aulas de Projeto


de Vida, entretanto esses docentes devem possuir a capacidade de
inspirar o jovem, de fazer corpo através da Pedagogia da Presença,
sendo afirmativos em suas vidas. Também devem estar dispostos
a mergulhar num processo transformador, que lidará com muita
subjetividade e objetividade, pois, ao mesmo tempo em que deverão
provocar nos jovens o despertar sobre os seus sonhos, suas ambi-
ções, aquilo que desejam para as suas vidas, onde almejam chegar
e que pessoas que pretendem ser, deverão levá-los a refletir sobre a
ação, sobre as etapas que deverão atravessar e sobre os mecanismos
necessários para chegar lá. O foco é o estudante, independente de
suas circunstâncias.
Professores de Projeto de Vida sabem que essa é uma experiência
única, que certamente também os transformará, porque significa se
encontrar com dimensões do adolescente que foi e acolher o jovem que
está diante dele, cheio de sonhos, de desejos, de planos, de vida e de suas
múltiplas juventudes.
Professores de Projeto de Vida são parceiros de uma construção
única, de uma tarefa a realizar junto ao jovem que deve ser encarado
como a nossa rara “chance de futuro”.

O QUE É O QUE NÃO É


• Apoio para a construção da identidade do adolescente como • Direcionar e influenciar unicamente para
ponto de partida para a elaboração do seu Projeto de Vida. a escolha da carreira profissional
• Estímulo àqueles que nem ousam sonhar. do jovem.
• Aquisição, ampliação e consolidação de valores e princípios • Determinar o que o jovem tem ou não tem
necessários à vida pessoal, social e produtiva dos estudantes. que realizar na sua vida pessoal, social
• Oferta de condições para que o estudante crie expectativas e produtiva.
em relação ao futuro e construa uma visão de si próprio. •Realização de testes vocacionais
• Fomento à responsabilidade pessoal de cada estudante para e psicológicos.
que desenvolvam suas potencialidades e tomem a decisão de • Preparação para o mundo do trabalho.
serem os principais condutores dos seus Projetos de Vida. • Elaboração de um projeto coletivo.
Romilda Santana – 28 anos

Sou ex-aluna da primeira Escola de Tempo Integral de Pernambuco, o Ginásio Pernambucano


(2004-2006). Nasci em Nazaré da Mata, pequeno município da zona da Mata de Pernambuco.
Aos dois anos, fui com a minha família morar em Recife, pois naquele momento buscávamos me-
lhores condições de vida. Filha de mãe solteira, empregada doméstica e analfabeta, desde muito
cedo eu ouvia minha mãe dizer “estude para não ter o mesmo futuro que eu”. Essa foi a frase que
mais me motivou a querer ter um futuro diferente, pois algo deveria estar errado na vida da minha
mãe, que trabalhava de domingo a domingo e ainda assim, nos faltava o básico para viver (casa,
alimentação, vestimenta, lazer...).
Com extrema dificuldade, cursei todo o Ensino Fundamental em escolas públicas das periferias
da cidade do Recife e apenas aos 12 anos fui alfabetizada, fruto, obviamente, das inúmeras vezes
em que me faltaram as aulas das disciplinas de Português, Matemática, Ciências etc. Quando
estava na 8ª série (atual 9º ano), ouvi no noticiário que iria abrir no centro da cidade uma escola em
que os estudantes passariam o dia inteiro. Prontamente eu quis me integrar, embora não soubesse
ao certo qual era a proposta da escola, mas sabia que teriam três refeições e isso me ajudaria
muito, pois eu seria um custo a menos na minha casa, além do fato de estudar no centro da cidade
que já é, por si, uma mudança de status para quem mora na periferia.
Me inscrevi sem muitas esperanças e ingressei na escola pelo mérito das minhas notas do
histórico escolar dos anos anteriores, o que parecia uma contradição, pois elas não correspondiam,
em nada, ao conhecimento que eu dominava.
Ao entrar no Ginásio Pernambucano, o porte de sua estrutura física já me dizia que eu não
pertencia àquele mundo. No alto dos meus quase 18 anos, me encontrava com autoestima zerada
e baixa perspectiva de futuro. Quando começaram as aulas pensei em desistir na primeira semana,
pois não entendia nenhum conteúdo ministrado nas aulas.
Mas algo de diferente aconteceu já no primeiro dia, pois fui acolhida por uma equipe sorridente,
que falava em sonhos o tempo inteiro, que me dizia que eu seria aquilo que eu quisesse ser! De início
achei que todos estavam loucos e que era tudo combinado só para atrair os novos estudantes,
dada a minha incredulidade em relação à escola.
Com o apoio e incentivo dos educadores daquela escola, após um longo e doloroso processo
de mudança, decidi ser alguém e fiz a escolha de permanecer, não saindo para trabalhar
naquele momento.
Não fui uma estudante brilhante, tipo nota 10. Não contribuí positivamente com as metas
acadêmicas da escola, nem fui aprovada nos vestibulares das universidades públicas. No entanto,
durante os três anos em que fiquei na escola, me tornei competente em outras áreas, pois participei
de vários projetos por meio dos quais desenvolvi meu espírito de trabalho em equipe e minhas
características de liderança. Por meio disso, recuperei a minha autoestima e projetei a minha vida.
Ingressei em uma faculdade privada do Recife e me graduei em Pedagogia, profissão da qual me
orgulho. Em 2011, fiz um Mestrado em Comunicação com Fins Sociais na Universidade de Valladolid,
na Espanha, e exerço a minha profissão, por meio da qual me mantenho satisfatoriamente.
Hoje eu acredito no poder de transformação que a educação tem na vida dos estudantes. Não
bastou eu querer ter um futuro diferente, isso muitos também querem. O que mudou o jogo foi a
escola estar preparada, não apenas do ponto de vista de estrutura física, mas para atuar de
maneira efetiva, garantindo a minha formação integral.
Me orgulho muito da minha história e sou eternamente grata a todos que me incentivaram
a acreditar que eu poderia ter um Projeto de Vida bem sucedido.
18 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

PRÁTICAS E VIVÊNCIAS EM PROTAGONISMO

Abordamos, nos capítulos que tra- e socioemocionais.


tam sobre Protagonismo, Biblioteca, Uma educação alinhada com a con-
Espaços de Convivência e Projeto de temporaneidade compreende que se
Vida, os diversos aspectos em que educa para um tornar-se aquilo que se
está implicado o conceito de Pro- é, ou seja, para o cuidado com a potên-
tagonismo (construção de valores, cia de cada indivíduo, seus próprios
responsabilidade, autonomia, cria- atributos e excelência. O que confere
tividade, aumento da potência de si, sentido ao futuro é a perspectiva que
criação de novas formas de sociabili- se tem de si a partir da apropriação da
dade etc.) e as múltiplas formas como história de vida pessoal e do que já se
os espaços escolares e o seu entorno é no presente momento, podendo-se
social podem ser palcos abertos para assim traçar possíveis roteiros, respei-
gestos compatíveis com o vigor e a tando os próprios desejos de atuação,
potência dos estudantes. Nessa pers- de protagonismo, no mundo. Desse
pectiva, a escola é o lugar preparado ponto de vista, o desejo não é um ates-
para a emergência e a excelência de tado do que não se é, não é o lugar de
si. O que implica o trabalho e o refi- uma falta, mas a manifestação de uma
namento de competências cognitivas sede criativa de mais ser.

Afinal de contas, o que são Práticas


e Vivências em Protagonismo?

São práticas educativas providas pela tes no espaço escolar e no seu entorno
própria escola e/ou por algumas de social. Isso significa que um aspecto
suas instituições parceiras, bem como essencial do Protagonismo, a ação que
pelos próprios estudantes que objeti- se empreende para buscar soluções
vam, por meio de oportunidades edu- concretas para os problemas identifi-
cativas, o desenvolvimento de valores e cados, é algo que a docência por si só
competências pessoais e sociais, bem não comporta. Cabe à escola propiciar
como a ampliação do repertório de oportunidades e espaços para essas
conhecimento e valores necessários ao atitudes e criar condições para os estu-
processo de formação do ser autôno- dantes mobilizarem saberes para suas
mo, solidário e competente - elementos práticas. Com isso, os estudantes podem
fundamentais para a construção de um extrair dessas práticas mais conheci-
Projeto de Vida. mento e qualificar o meio social com
São ações concretas e intencionais suas contribuições para o mundo,
empreendidas por toda equipe escolar desenvolvendo atitudes que mobilizem
considerando a presença dos estudan- saberes necessários à vida em socie-
MODELO PEDAGÓGICO 19

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

Fonte de Iniciativa significa


dade, a sua qualificação profissional que o educando deve agir,
futura e ao pleno desenvolvimento de ou seja, não deve ser apenas
suas potencialidades. um espectador do processo
Tendo em vista esses resultados é educativo. Ele deve situar-se
que se fomentam as características
na raiz dos acontecimentos,
essenciais para as práticas de Prota-
envolvendo-se na sua produção.
gonismo, como perfil empreendedor,
capacidade de liderança, atitude pro-
ativa, responsabilidade, habilidades na Fonte de liberdade significa
resolução de problemas, entre outras. que o educando deve ter diante
É por meio das práticas e vivências de si cursos alternativos de
que o estudante tem a possibilidade de ação, deve decidir, fazer
experimentar novas experiências, de
opções, como parte do seu
crescer como sujeito mais competente
processo de crescimento
e seguro de si mesmo, de intensificar
suas relações com a escola e seu en- como pessoa e cidadão.
torno e de desenvolver uma autonomia
mais responsável, deixando de ser um Fonte de compromisso
receptor passivo para ser uma fonte significa que o educando deve
autêntica de iniciativa, compromisso e
responder pelos seus atos,
liberdade. Ou seja, a partir de algumas
deve ser consequente nas suas
experiências, os estudantes criam no-
vas necessidades de aprendizagem, ações, assumindo a responsa-
tão essênciais para a construção dos bilidade pelo que faz ou deixa
seus Projetos Vida. de fazer.(...).”
Quando a escola abre espaço para
que o estudante problematize e inter-
fira em questões da própria escola,
ela está fazendo com que ele adquira
compromisso, não só com a escola, Quais práticas e vivências seriam
mas com a própria vida. Isso ajuda na
formação de sua identidade, na capa- perfeitas para a minha escola?
cidade de compartilhar e comunicar
seus sonhos e em uma experiência
de aprendizagem que está intima-
mente ligada à construção do Projeto
de Vida.
20 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

E como criar condições para que as


Práticas e Vivências em Protagonismo
sejam significativas para os estudantes?

As práticas e vivências dependem do


engajamento dos estudantes em sua Um exemplo de ação protago-
dinâmica diária e do apoio dos educa- nista realizada por estudantes
dores. Elas surgem da ação dos estu-
foi a criação de um Clube de
dantes no ambiente interno e externo
da escola, executadas conjuntamente
Protagonismo intitulado JAP –
com os professores e equipe escolar. Jovens em Ação pelo Patrimô-
Geralmente algumas dessas ações nio. Esse Clube nasceu a partir
partem da atitude dos estudantes na da explosão de um artefato
solução de problemas da escola e se caseiro que, ao contrário de
tornam projetos escolares.
causar danos ao patrimônio,
Estudantes dos Anos Finais do Ensi-
fez brotar o desejo de um
no Fundamental têm em seu currículo
a disciplina Protagonismo, na qual são grupo de jovens para proteção
abordadas e discutidas histórias exem- dos ambientes físicos da
plares que suscitam o entendimento escola, combate ao mau uso dos
e o interesse por essas práticas, além mobiliários e equipamentos e
dos elementos conceituais, teóricos e pela cultura de paz no am-
históricos das atividades protagonis-
biente escolar, considerando
tas. Isso é reforçado com orientação,
apoio e experiências em Clubes e/ou
aí o patrimônio humano e não
outras vivências durante o período mais apenas a defesa do patri-
escolar. Desde esse período, os estu- mônio físico. O Clube se tornou
dantes poderão propor soluções para responsável por desenvolver
problemas identificados na escola ou campanhas e ações para
ações que acrescentem qualidade para
conscientização dos estudantes,
a vida da comunidade escolar.
educadores e visitantes quanto
Para que essas práticas não se con-
fundam com situações de lazer e não à conservação e utilização dos
se desvinculem do currículo como ati- espaços e recursos da escola.
vidades acessórias, cabe ao professor De acordo com o Plano de Ação
orientar o estudante no planejamento do Clube, os estudantes se
e na execução, oferecendo o máximo reuniam semanalmente para
de apoio conforme a sua posição de
executar as ações relativas
adulto responsável. Mas é importan-
te que os desejos do estudante e suas
ao trabalho pelo qual se consi-
perspectivas sejam as molas propulsoras deravam corresponsáveis.
dessas ações. As práticas devem asse-
MODELO PEDAGÓGICO 21

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

gurar uma participação autêntica dos


estudantes desde a concepção, plane-
As situações de Protagonismo
jamento, execução, avaliação e apro- devem atender a todos os estudantes
priação dos resultados das práticas e da escola. Para tanto é recomendável
vivências apreendidas. garantir que as ações considerem
Na escola, as Práticas e Vivências a possível presença de estudantes
podem se estruturar a partir de organi-
com deficiência por meio de acesso
zações como os Clubes de Protagonis-
ao conteúdo de reuniões ou traba-
mo, o Conselho de Líderes e o Grêmio
Estudantil ou ainda por meio de ações lho via presença de intérprete de
de mobilização de estudantes em torno libras, textos em Braille ou acessíveis
de situações específicas do cotidiano em sistemas digitais como Jaws
escolar, como campanhas contra o ou Dos Vox. O emprego de recursos
desperdício de alimentos ou pela pre- de comunicação suplementar e
servação do patrimônio, dentre outras.
alternativa podem ser importantes
Uma vez no Ensino Médio, tendo o
estudante se tornado mais autônomo,
formas de garantir a participação
a tutela do professor será cada vez me- de todos nas ações protagonistas.
nos desejada, respeitando naturalmen- A ação de inclusão de todos colocará
te os limites do papel de cada docente, em circulação uma série de
desempenhado na comunidade esco- habilidades e competências socio-
lar. Nesse estágio, são preservadas to-
emocionais, tanto junto aos estu-
das as condições para a construção
dantes com deficiência quanto aos
das práticas em Protagonismo, mas
não são necessárias as aulas específi- estudantes sem deficiência.
cas, como no Ensino Fundamental.

O QUE É O QUE NÃO É


• Atuação dos estudantes no cotidiano • Tempo destinado ao lazer e recreação
escolar e não escolar provocando no- dos estudantes.
vas questões, situações de aprendiza- • Componente curricular de menor
gem e desafios para a participação na importância por não implicar em apro-
resolução de problemas. vação ou reprovação do estudante ou
• Construção de processos de aprendi- acessórios das práticas educativas.
zagem significativa, conectando a expe- • Exercício da ausência de disciplina e
riência dos estudantes e os seus reper- organização nos espações escolares em
tórios com questões e experiências que nome da autonomia em protagonismo
possam gerar novos conceitos e signifi- dos estudantes.
cados para atuação no mundo.
• Trabalho integrado de educadores
e estudantes com o objetivo de gerar
conhecimento articulado à mudança
de atitudes e a uma prática educativa
transformadora.
22 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

DISCIPLINAS ELETIVAS
Afinal de contas, o que são as Disciplinas Eletivas?

São disciplinas temáticas, oferecidas semestralmente, propostas pelos professores


e/ou pelos estudantes e objetivam diversificar, aprofundar e/ou enriquecer os conte-
údos e temas trabalhados nas disciplinas da Base Nacional Comum do currículo.

Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma base


nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino
e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia
e da clientela (Art. 26 da LDB).

Por que oferecer Disciplinas Eletivas na escola?

A base curricular organizada por áreas tudante aprofunde conceitos ao longo


de conhecimento exige um processo do Ensino Médio, diversifique e amplie
mais global de aprendizagem, articu- o seu repertório de conhecimentos e
lado com várias dimensões do desen- descubra o prazer de seguir em busca
volvimento pessoal do estudante. A de mais conhecimentos ao longo da
Escola da Escolha incorpora ao seu vida. Sempre numa perspectiva ampla,
currículo as Disciplinas Eletivas. Atra- considerando as diversas áreas da
vés da sua oferta, objetiva-se que o es- produção humana.
MODELO PEDAGÓGICO 23

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

Como se dá a associação
com Projeto de Vida?

As Disciplinas Eletivas são escolhidas porque não se reconhecem capazes de


pelos estudantes, a partir do interesse tomar decisões sobre o próprio futu-
demonstrado na apresentação dos te- ro, pois sequer enxergam o presente.
mas pelos professores. Na Escola da Es- Oferecer Eletivas que apenas se rela-
colha, os componentes curriculares são cionem aos seus declarados interesses
elementos fundamentais do processo é limitar a possibilidade de ampliar e
de formação e de construção do Projeto diversificar suas experiências e refe-
de Vida e as Eletivas são uma oportuni- rências, restringindo o seu repertório e
dade para a ampliação do seu repertó- encurtando, portanto, seu horizonte
rio de conhecimentos. O diálogo que se de escolhas.
pretende entre as Eletivas e o Projeto de A diversificação se aplica também
Vida está na possibilidade de ampliação ao aspecto metodológico utilizado pelo
do menu, de “coisas para se pensar a professor, pois nas Disciplinas Eletivas
respeito”, “de coisas para se desco- há a oportunidade de aplicar uma grande
brir” e, assim, iniciar um processo de variedade de opções e recursos didáticos.
enriquecimento e diversificação do
repertório de conhecimento e vivências
culturais, artísticas, esportivas, científi- COMPETÊNCIAS TRABALHADAS
cas, estéticas, linguísticas etc. NAS DISCIPLINAS ELETIVAS
No Ensino Médio, os estudantes ini-
ciam um processo que deverá ajudá-los
na construção de definições mais con-
cretas e robustas em relação à visão
Capacidade de Espírito Entusiasmo
que têm de si próprios no futuro. Ma-
Planejamento Gregário
nifestam muitos interesses em rela-
ção aos seus Projetos de Vida, mas
ainda há muita dificuldade em termos
de foco. Para muitos, as escolhas que
naturalmente fazem parte dessa fase Capacidade Disciplinas Foco
da vida dizem respeito aos trajetos pro- de iniciativa
fissionais, via de regra marcados pela
Eletivas
condição financeira prévia que trazem,
o que termina por antecipar fases e tor-
nar precoces um conjunto de decisões.
Outros decidem com base num reper- Autoconheci- Curiosidade Esforço
mento
tório muito restrito de opções, certa-
mente em função das suas próprias
trajetórias pessoais ou mesmo pela
insuficiência de dados e informações.
Mas há muitos que tomam decisões,
Autodidatismo Resolutividade Outros
Outros
Outros
24 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

E como se organizam as Disciplinas Eletivas na escola?

O planejamento Culminância (sobre a qual trataremos


a seguir). A metodologia de projetos é
As Disciplinas Eletivas são executadas uma recomendação, não uma regra. O
semanalmente, em duas horas de aulas estímulo à atuação protagonista deve
sequenciadas. São oferecidas a cada ser uma constante em qualquer que
semestre a partir de um “cardápio” seja a opção metodológica, uma vez
de temas propostos pelos professores que a Escola da Escolha trata o edu-
e/ou pelos estudantes. cando como fonte de iniciativa, capaz
Ao considerar as proposições dos de ações afirmativas em direção do
estudantes, a equipe escolar deve as- autodidatismo.
segurar que eles compreendam o que O título da Eletiva deve ser atraente,
são as Eletivas, conceitual e opera- que chame a atenção do estudante,
cionalmente (para que são, quais os provoque a curiosidade em torno do
objetivos e como funcionarão). Elas tema e desperte o desejo de “começar
também podem ser propostas a partir a conhecer” ou de “conhecer mais” so-
de temas alinhados às necessidades de bre o que está sendo proposto.
aprendizagem dos estudantes, sobre- A oferta de Eletivas com os seus
tudo aquelas identificadas nas avalia-
ções diagnósticas realizadas no início Como em qualquer situação
do ano letivo. didática, ao se planejar uma
Durante a semana de planejamento,
Disciplina Eletiva, os professo-
os professores iniciam as suas dis-
res devem considerar a
cussões em torno das áreas/temas/
conteúdos exploradas, das metodolo- diversidade de estudantes que
gias utilizadas, dos recursos didáticos compõe a turma. Seus diferentes
requeridos etc. perfis são a maior riqueza
A abordagem interdisciplinar pro- que este encontro singular,
porcionará um momento rico, permeado
mediado pelo professor,
pelo debate das diferentes percepções
pode proporcionar.
das áreas sob os mesmos temas, tendo
um objetivo comum: o estudante.
No aspecto metodológico, a reco- Esses perfis de aprendizagem
mendação é optar por uma dimen- podem revelar, inclusive, dife-
são prática, onde o estudante “viva” rentes dificuldades que podem
literalmente a aplicação do conheci- ser superadas ou minimizadas
mento que produziu.
a partir de estratégias de
Um produto final como resultado
trabalho (pela escola e na sala
material que expresse a síntese da Ele-
tiva ao final do semestre deve ser con- de aula, particularmente, pelo
siderado no planejamento. Isso será professor). Tal cuidado oferece
valioso para as exposições durante a a condição para todos possam
MODELO PEDAGÓGICO 25

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

professores de áreas/disciplinas dife-


Exemplo
rentes formados em duplas (professo-
Título: O que Einstein disse ao
res de áreas/disciplinas diferentes), é
seu cozinheiro?
um desenho que enriquece, mas não é
Disciplinas envolvidas:
uma exigência. Para o planejamento,
Física, Química e Português.
é essencial que professores das distin-
Produto Final: Dramatização
tas áreas que se relacionam ao tema
cujos roteiros terão como ob-
estejam envolvidos, mas para a sua
jeto os diálogos entre Einstein
execução isso não é uma exigência
e o seu cozinheiro sobre os
mandatória. Ou seja, podem ser pla-
fenômenos físicos e químicos
nejadas pelos vários professores (que
no cotidiano, numa ótica muito
se relacionam com aquela Eletiva) e
peculiar de um “gênio”.
executada por apenas um professor,
que eventualmente contará com a pre-
sença do seu colega em determinado E, então, tem nota?
dia que fora planejado, conforme cro-
nograma. Para isso, a Coordenação E o controle de frequência
Pedagógica deverá assegurar que as do estudante?
atividades do professor sejam atendi-
das sem prejuízo. As Disciplinas Eletivas são compo-
nentes previstos na matriz curricular
aprender respeitando seus e se submetem, portanto, aos regi-
estilos e suas possibilidades mentos legais. A frequência deve ser
registrada e contabilizada para efeito
de aprendizagem, sem rotular
da frequência geral do estudante.
ninguém no espaço escolar,
A parte diversificada não implica em
valorizando a potencialidade reprovação do estudante, conforme
de todos os estudantes. prevê a legislação, mas isso não signi-
fica que não devam existir mecanismos
Nessa direção, recomenda-se de avaliação. Uma ponderação: como
há o objetivo de assegurar a integra-
que o currículo das Disciplinas
lização entre a Parte Diversificada e o
Eletivas, permita que todos
Núcleo Comum, recomenda-se que o
os estudantes da turma desenvolvimento dos estudantes nas
sejam capazes de participar Eletivas deva ser considerado na ava-
ativamente de seu processo liação das disciplinas com as quais ele
de ensino-aprendizagem, por está mais diretamente ligado. Ou seja,
meio de atividades que pro- que o desempenho do estudante na
Eletiva durante o semestre possa in-
porcionem múltiplos meios de
fluenciar o resultado da avaliação das
representação, ação, expressão
disciplinas X ou Y.
e de envolvimento. Assim, todos Por exemplo, “A farsa metadramática
aprenderão com todos, de modo e a ode ao absurdo” é uma eletiva que
verdadeiramente inclusivo. reúne Filosofia, Sociologia, Português
26 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

e História. Os estudantes criam pe- Os registros semanais dos professores e


quenos filmes cujos personagens são a adoção de um caderno/diário persona-
Eugene Ionesco, Luigi Pirandello, Bertold lizado para as Eletivas é recomendável.
Brecht participando de um talk-show
mediado por Salvador Dali. Eles discu-
tirão temas contemporâneos na ótica e
na perspectiva que esses dramaturgos A Divulgação
conceberam suas obras. Nessa Eletiva,
o desempenho dos estudantes poderá Definidas as Eletivas, inicia-se a fase de
ser considerado nas três disciplinas a divulgação para a comunidade escolar,
partir de critérios estabelecidos e pac- que consiste em expor uma lista com
tuados entre os professores, estudan- os temas em local de ampla visibilidade
tes e coordenação pedagógica, obser- na escola e na “propaganda” individual
vado o sistema de avaliação vigente na feita pelos professores nos intervalos e
Secretaria. Alguns critérios comumen- nas salas de aula durante a semana de
te utilizados são: qualidade da partici- inscrição, conforme previsto no planeja-
pação do estudante nos processos de mento. Há muitas maneiras de realizar
planejamento, execução e avaliação essa divulgação e algumas muito criati-
das atividades, envolvimento pessoal e vas como o recurso da “mídia humana”,
disposição em contribuir com o grupo, no qual os professores encarnam os per-
pontualidade, domínio do conteúdo e, sonagens relativos às Eletivas que ofere-
principalmente, a aplicação prática da cerão (já imaginou o Bono Vox, líder da
aprendizagem sobre o que aprendeu. banda U2, conversando sobre a paz com
Barack Obama, presidente dos EUA, em
pleno pátio da escola?). Outra forma é a
Para a elaboração da Eletiva “Feira das Eletivas”, onde os professo-
res organizam no pátio da escola suas me-
1. TÍTULO (Deve ser atraente e despertar
sas, expõem materiais ilustrativos (folders,
o interesse dos estudantes) cartazes etc.) e apresentam aos estudan-
2. DISCIPLINAS (áreas do conhecimento tes os conteúdos e objetivos propostos.
envolvidas)
3. PROFESSORES
As Inscrições
4. JUSTIFICATIVA
5. OBJETIVO
Após o processo de divulgação, ocorre
6. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS A o período de inscrições, no qual os
SEREM DESENVOLVIDAS estudantes se inscrevem em até três
7. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO eletivas de livre escolha. A coordena-
8. METODOLOGIA ção pedagógica é responsável por or-
9. RECURSOS DIDÁTICOS NECESSÁRIOS ganizar e distribuir os estudantes de
acordo com os seus interesses e a dis-
10. PROPOSTA PARA A CULMINÂNCIA
ponibilidade de vagas.
11. AVALIAÇÃO
Os estudantes não são organiza-
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS dos em séries ou turmas, mas pelas
MODELO PEDAGÓGICO 27

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

Eletivas que definiram. Isso significa estudantes são orientados a esco-


que os grupos serão formados por lher entre outras opções apontadas
estudantes de várias turmas e de várias na inscrição. O importante é que,
séries, indistintamente. Aí reside mais ao final, todos participem de uma
um elemento de extrema riqueza desta Eletiva e tomem conhecimento pela
Metodologia de Êxito: possibilitar a divulgação dos resultados.
multiplicidade de convivência de perfis A cada semestre, o processo se
em termos de maturidade, de histórias repete e os estudantes devem optar
de vida, de experiências, de repertó- por Eletivas diferentes das que viven-
rios, de perspectivas, de limites e de ciaram no semestre anterior, mesmo
possibilidades em torno de um objeto que algumas delas sejam oferecidas
em comum. novamente, sobretudo quando elas
Se o número de inscrições for foram muito procuradas no semestre
superior ao de vagas oferecidas, os anterior.

Casos – O sucesso de fecção de maquetes dos ambientes


uma Eletiva que agrega onde passam a maior parte do seu
Matemática e Artes tempo, como suas casas, a escola etc.
Eletiva: “O mundo que cabe A Eletiva foi muito bem sucedida e,
na palma da minha mão” no semestre seguinte, aprofundou
conhecimentos levando os estudan-
tes a trabalharem com conteúdos
e objetos gráficos em geometria
Logo após a divulgação do resultado computacional. Esse é um exemplo
da avaliação diagnóstica (que de Eletiva que apoiou o nivelamento
revelou o baixo desempenho em das aprendizagens não adquiridas
Matemática), os professores e a nas séries anteriores e identificadas
Coordenação Pedagógica identifi- na avaliação diagnóstica, levou
caram nos estudantes a ausência ao domínio dos conteúdos e das
de conhecimento em Geometria. competências exigidas para aquela
A partir disso, foi proposta, pelos série e, posteriormente, enriqueceu
professores de Matemática e de e aprofundou o conhecimento que
Artes, uma Eletiva cujo objetivo era os educandos traziam. Nessa escola
estudar estética, relações métricas, havia 200 estudantes dos quais 80 se
proporcionalidade, espaço, figuras inscreveram na primeira vez em que
planas e sólidas por meio da con- a Eletiva fora oferecida.
28 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

A Culminância rada, compartilhando conhecimentos,


valores, atitudes e habilidades que lhes
A finalização da Eletiva ocorre num mo- permitam transformar o seu “querer
mento que se chama “Culminância”. ser” em “ser”.
É um dia, no final do semestre, no qual
a escola se prepara para expor para
toda a comunidade escolar o que foi Perfil do educador
produzido, em clima de compartilha-
mento de conhecimentos, de experi- • É curioso, idealista, criativo, pró-ativo,
ências, de aprendizados e de propo- apaixonado pela construção do conhe-
sições de desafios para avançar nos cimento e anseia por novidades;
próximos períodos. • Gosta de inovações, de pesquisa, de
Os produtos, sob a forma de rela- colocar em prática ideias diferentes.
tórios de projetos de pesquisa, jogos, Profissionalmente está sempre aberto
robôs, experiências cientificas, jornais, a novas perspectivas e novas experi-
dramatizações, músicas, reportagens, ências, enxergando-se como um eter-
HQ, curta-metragem etc., não são ape- no aprendiz;
nas apresentados, mas expostos à crí- • É capaz de estimular a curiosidade
tica pública. Todos têm a oportunidade dos estudantes, cria oportunidades de
de falar sobre o que aprenderam, as aprendizagem variadas, possibilitan-
bases acadêmicas que construíram, as do descobertas e novas experiências;
escolhas que fizeram e os valores que • Entende que seu papel é de educar o
consolidaram. É um exercício rico de estudante como um todo, em todas as
competências, que deverá ter sentido e suas dimensões, estimulando o conhe-
significado por meio do conhecimento cimento teórico e prático, o pensamen-
gerado pelo e para os estudantes, nas to crítico, analítico e propositivo, a inicia-
diversas dimensões da vida. tiva, o foco no futuro e desenvolvendo
inclusive as habilidades não-cognitivas;
• É sensível às necessidades variadas
O Papel do Educador dos estudantes e suas diferentes ba-
gagens e está comprometido com o
O papel do professor nas aulas das sucesso de todos;
Eletivas é desafiar e estimular os estu- • Acredita que a troca de conhecimen-
dantes. Assim, planejar a aula significa to entre professores, professores e
buscar formas criativas e estimulantes estudantes e entre estudantes é funda-
de criar novas estruturas conceituais. mental para o enriquecimento do pro-
A metodologia deve ter como foco cesso de aprendizagem;
gerar questionamentos, dúvidas e cer- • Está ciente de que a parceria com
tezas temporárias, criar a necessidade a família maximiza o aprendizado
nos estudantes pela busca de respos- dos estudantes;
tas, sendo ele o próprio empreendedor • Tem uma visão otimista do mundo,
dessa busca. tolera incertezas e ambiguidades;
O professor contribui no desenvolvi- • É entusiasta do trabalho em uma comu-
mento dos estudantes de forma delibe- nidade de aprendizagem colaborativa;
MODELO PEDAGÓGICO 29

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

• Acredita que a escola deve utilizar as no- • É capaz de trabalhar de um modo


vas tecnologias como ferramentas para integrado com outras disciplinas por
melhorar a qualidade da aprendizagem; meio do planejamento e da realização
• É capaz de planejar atividades e itine- de atividades compartilhadas ou pela
rários formativos que exploram elos e integração de conteúdos afins.
possibilidades de trocas entre conteú-
dos disciplinares;
• Reconhece a importância de avalia- Atuação do educador
ções constantes do desempenho dos
estudantes e professores com o objetivo O Educador atua como um arquiteto
de ajustar o processo de aprendizagem da aprendizagem, um líder, um orga-
e de alcançar as metas estabelecidas; nizador e um coautor de acontecimen-
• A partir de diferentes interpretações tos, atuando junto aos jovens, ofere-
e críticas, se interessa por outras pers- cendo-lhes espaços e condições para o
pectivas além da sua e é capaz de rever desenvolvimento pleno de seu poten-
e expandir sua própria visão; cial nas dimensões da racionalidade,
• Proporciona ampliação na visão de da afetividade, da corporeidade e da
mundo dos estudantes, auxiliando-os espiritualidade.
no processo de se tornarem indivídu-
os autônomos;

O QUE É? O QUE NÃO É?


• Proposição de desafios ao alcance • Espaço de continuidade dos traba-
dos estudantes. lhos já desenvolvidos em sala de aula.
• Possui temáticas de estudo que dia- • Ambiente individualizado de aprendiza-
logam com os resultados assumidos gem ou fechado em pequenos grupos.
pela escola. • Desenvolvimento dos conteúdos de
• Explora a liberdade metodológica de forma descontextualizada das demais
ensino dos professores – Inovação. áreas de conhecimento.
• Espaço de estímulo à ampliação de • Metodologia de ensino sem corres-
ideias, experimentação e desenvolvi- pondência com as necessidades dos
mento de projetos. estudantes.
• O professor, assim como os estudan-
tes, torna-se pesquisador.
• Espaço de práticas pedagógicas
interdisciplinares.

O que me faz ser um bom candidato para


educador de Projeto de Vida?
30 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

ESTUDO ORIENTADO
Afinal de contas, o que é Estudo Orientado?

O Estudo Orientado é uma Metodologia bilidade pessoal. Não deve ser con-
de Êxito que objetiva oferecer um tem- fundido com “tempo para realizar as
po qualificado destinado à realização tarefas”, mas para realizar quaisquer
de atividades pertinentes aos diversos atividades relativas às necessidades
estudos. Inicialmente orientado por um exigidas pelos estudos, entre elas as
professor, o estudante aprende méto- próprias tarefas.
dos, técnicas e procedimentos para O Estudo Orientado surgiu da ne-
organizar, planejar e executar os seus cessidade de ensinar os estudantes a
processos de estudo visando ao auto- estudar por meio de técnicas de estu-
didatismo, à autonomia, à capacidade do e da importância de criar uma ro-
de auto-organização e de responsa- tina na escola que contribuísse para a

ESTUDO ORIENTADO:
Estímulo ao desenvolvimento de competências cognitivas

Esta metodologia estimula o desen- didáticas. Hoje, na era do conheci-


volvimento de competências cogni- mento, é vital, por exemplo, formar
tivas, a exemplo da capacidade de substitutos nas organizações de
compreensão, análise e síntese e da trabalho, repassando conhecimen-
capacidade de trabalho metódico tos e habilidades para as equipes de
e sistematizado. Pode ser ilustra- profissionais, instigando-os a enri-
da nas aprendizagens do Pilar do quecer seus horizontes vitais
Aprender a Aprender e suas respec- e estimulando-os ao desenvolvimento
tivas habilidades metacognitivas: contínuo de seus potenciais ao longo
da vida.
• Aprender a aprender (autodidatismo)
- diz respeito à busca permanente e •Conhecer o conhecer (construtivis-
insaciável de conhecimento mo) – Trata-se de preparar o ser hu-
pelo homem. Relaciona-se, por mano para produzir conhecimentos,
exemplo, com aprendizagem para, não apenas para assimilá-los, tirá-lo
pelo e no trabalho. da reduzida e fragmentada dimensão
de aplicador de conhecimentos, con-
• Aprender o ensinar (didatismo) vidando-o a dar um salto qualitativo
– relaciona-se com as habilidades para produtor de conhecimentos. (...)
MODELO PEDAGÓGICO 31

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

melhoria da aprendizagem. Quando o centiva-se também a cooperação, so-


educando estuda, está criando outras cialização e solidariedade entre os es-
oportunidades de aprender, desenvol- tudantes. Como o ambiente de estudo,
vendo novas habilidades e praticando a sala de aula, é comum a todos, isso
o exercício do “aprender a aprender”, possibilita a troca de conhecimento e
fundamental para o cultivo do dese- experiências. É uma oportunidade para
jo de continuar a aprender ao longo estimular uma das mais genuínas práti-
da sua vida. cas do jovem solidário e do jovem pro-
É necessário facultar um tempo tagonista: as atividades de monitoria.
específico para o educando estudar e Quando um jovem é estimulado e co-
fazer suas tarefas, que regularmente loca à disposição de um colega aquilo
faria em casa, como demonstração que sabe, aliado ao seu tempo e talen-
que o hábito de estudar deve estar to, está se dispondo a fazer parte (com
presente tanto na escola como em o que sabe) da solução do problema do
outros ambientes, admitindo que essa seu colega (que ainda não sabe). Por-
postura é requisito importante para o tanto, são desenvolvidas não apenas
seu autodesenvolvimento. competências cognitivas, mas também
Por meio do Estudo Orientado, in- competências socioemocionais.

COMPETÊNCIAS TRABALHADAS
NAS AULAS DE ESTUDO ORIENTADO

Autonomia Espírito Entusiasmo


Gregário

Orientação
Autogestão Foco
para o Estudo

Planejamento Autodidatismo Esforço

Responsabi-
Outros
lidade
Outros
Outros
32 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

Por que oferecer este previamente determinados pela esco-


espaço para Estudo la, sendo recomendado um mínimo de
Orientado na escola? quatro aulas semanais para cada tur-
ma. Um conjunto de aulas é regido por
Estudo Orientado apoia o Projeto de um professor e objetiva instalar a roti-
Vida porque desenvolve competências na de organização e planejamento de
que permitem ao estudante aprender estudos na vida dos estudantes pelo
a fazer escolhas, priorizar ou direcionar domínio de algumas competências.
sua aprendizagem de acordo com os As aulas podem ocorrer fora da
seus interesses e necessidades. sala de aula, em diferentes espaços
Além de organizar a rotina de estudo da escola (biblioteca, laboratórios,
e ensinar o estudante a estudar, o Estu- pátios etc.) desde que asseguradas
do Orientado permite, a partir do exer- as condições adequadas para a sua
cício do planejamento, da organização realização, ajustadas de acordo com
e da execução de atividades, condições as necessidades de cada turma. Orien-
que contribuem para a elaboração do tamos que o professor fique atento às
Projeto de Vida. Por meio disso, o es- dificuldades dos estudantes para que
tudante conhece melhor suas dificul- possa fornecer sempre o apoio neces-
dades e pode encontrar apoio para a sário. Ao final das aulas, espera-se que
realização dos seus ideais. os estudantes consigam aperfeiçoar
seus horários de estudos a partir do
que aprenderam e consigam estudar
de forma autônoma.
E como o Estudo Orientado
Para que as aulas de Estudo Orienta-
acontece na escola? do apoiem cada aluno em suas neces-
sidades, é preciso que os professores
O Estudo Orientado se realiza, sema- conheçam, ainda que minimamente,
nalmente, em cada série em horários os estilos de aprendizagem de seus
MODELO PEDAGÓGICO 33

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

estudantes. É preciso buscar de forma professor incentivar a atividade intelec-


criativa modos de atender a todos sem tual deles, estimulando-os a descober-
que com isso alguns possam ser estig- tas dentro dos seus próprios recursos
matizados no processo. Propor ativida- mentais e ritmo pessoal.
des baseadas no desenho universal da
aprendizagem é um caminho para isso,
por meio de atividades que considerem Estratégias de sala de aula
os perfis de como cada um aprende.
Para tanto, é interessante que as ati- A cooperação em sala de aula pode
vidades propostas pelos professores ser um fator importante para a inclu-
possibilitem: múltiplos meios de repre- são das pessoas com deficiência, pois
sentação, de ação e expressão e de permite interação e troca entre os
envolvimento dos estudantes. estudantes. O desenvolvimento de es-
A organização dos horários de estu- tratégias pode ser decisivo para criar
do de cada turma, sob a orientação de esse ambiente de cooperação em que os
um mesmo professor ou mais de um, é estudantes que têm mais habilidades
determinada pela distribuição de carga em alguma matéria possam ajudar
horária feita pela escola. Assim, uma aqueles com menos habilidades.
turma pode ter vários professores de
Estudo Orientado e outras apenas um.
Caso seja necessário, o professor de
Estudo Orientado pode encaminhar um Uma dificuldade comum aos
estudante para outro professor para jovens é não saber como
que este possa esclarecer suas dúvidas administrar o próprio tempo,
referentes a outras disciplinas, desde
de entender e aceitar a necessi-
que ele esteja disponível no mesmo ho-
rário. Além disso, pode também permi-
dade de estabelecer rotinas em
tir que os estudantes acessem outros sua vida. Assim, sempre que o
espaços da escola para pesquisa (bi- professor achar necessário,
blioteca e laboratórios). Por isso, antes é importante criar espaços nos
do início das aulas de Estudo Orienta- horários de estudo para que
do, é importante que os estudantes
todos falem sobre o seu tempo:
conheçam os espaços da escola e as
se faltou tempo para fazer o que
condições de uso de cada um deles,
ou seja, como funcionam e qual o ho- foi pedido, se alguma matéria
rário que podem ter acesso. Além das tomou muito tempo, se conse-
condições físicas, é necessário explicar guiram fazer todas as tarefas
como todas as pessoas que trabalham da semana, se foi fácil dar conta
na escola podem apoiá-las nas condi- das tarefas, como estudou, se o
ções de estudo adequadas (professo-
estudo foi produtivo e, princi-
res, Coordenador, Gestor, etc.).
O foco principal da aplicação do Estudo
palmente, se eles conseguiram
Orientado neste projeto é a aprendiza- perceber o que aprenderam.
gem dos estudantes. Portanto, cabe ao
34 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Componentes Curriculares – Ensino Médio

Atuação dos Líderes de Turma


nos horários de Estudo Orientado

Nos horários de Estudo Orientado, de favorecer o desenvolvimento de


de sua turma, o Líder pode assumir, competências como planejamento,
com apoio e supervisão do profes- flexibilidade, organização etc. Ao final
sor, a condução de uma atividade de do horário de estudo, o líder entrega
extrema importância, caracterizada a pasta à Coordenação Pedagógica,
pelo alto nível de corresponsabilidade encarregada de fazer os encaminha-
e compromisso: a liderança do Plano mentos posteriores necessários.
de Atividades ou Plano de Estudos Assim, com o apoio do professor,
da Turma. Trata-se de uma pasta com o líder deve se encarregar de fazer o
o nome de todos os estudantes para o registro de todas as demandas das
registro da frequência. Além de salien- disciplinas (trabalhos, provas, pesqui-
tar aos colegas a responsabilidade do sas etc.) para assegurar que os profes-
uso adequado do horário de estudo, sores preservem o devido equilíbrio ao
os líderes de turma comunicam aos prescreverem as atividades, sem so-
professores desses horários a agen- brecarregar os estudantes. O Plano de
da de atividades de sua turma e sobre Estudo é um importante instrumento
a distribuição das tarefas/provas e de diálogo/negociação entre os pro-
trabalhos da semana. É uma maneira fessores e estudantes.

DIAS DA SEMANA

DISCIPLINAS 2a 3a 4a 5a 6a

Responder
Português questionário
da pág. 10

Resolver
Matemática Prova Bloco I exercícios do
capítulo II

Ler e resu-
História Prova Bloco I mir texto do
capítulo V

Fazer pesqui-
Biologia Prova Bloco I sa sobre os
seres vivos.
MODELO PEDAGÓGICO 35

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Componentes Curriculares – Ensino Médio

O QUE É? O QUE NÃO É?


• É suporte didático para a compreen- • Não é um momento em que estudar
são dos conteúdos e para a progressão se resume a fazer tarefas, ler ou copiar.
dos estudos dos estudantes. • Não é permitir que os estudantes se
• É momento em que aprender a estu- mantenham “soltos” nas atividades de
dar deve ser o centro da prática de en- estudo.
sino do professor orientador de estudo. • Não é orientar os estudantes sem se
• É criação, por parte dos estudantes, basear no Plano de Estudo ou de Ativi-
de hábitos de estudo de forma inde- dades da turma.
pendente e criativa. • Não é trabalhar sem se alinhar com as
• É oportunidade de acompanhamento demandas das outras disciplinas.
sistemático por parte do professor so- • Não é permitir que os estudantes
bre o processo de aprendizagem dos descansem, brinquem ou destinem o
estudantes. tempo ao lazer.
• É condição para o estudante estabe- • Não é para o professor fazer outras
lecer relações entre o conhecimento e tarefas que não seja apoiar o estudo
sua aplicação na vida cotidiana. dos estudantes.
• É oportunidade para o professor veri- • Não é aceitar que as aulas terminem
ficar a eficácia do seu próprio trabalho sem a entrega de um produto final
na condução do ensino e trabalhar arti- (resultado do trabalho de estudo).
culando sua prática com as demandas • Não é propor atividades pedagógicas
das outras disciplinas. descoladas dos resultados pactuados
• É uma metodologia que deve favore- pela escola em seu Plano de Ação.
cer o desenvolvimento da autoconfian-
ça dos estudantes.
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VOLVOVSKI, J. R. et al. The Who, the


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trate the Secret Sidekicks of History.
EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
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Experimental de Arcoverde.

APOIO
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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Modelo
Pedagógico
Metodologias de Êxito da
Parte Diversificada do Currículo

Práticas Educativas
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Modelo
Pedagógico
Metodologias de Êxito da
Parte Diversificada do Currículo

Práticas Educativas
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as Metodologias de Êxito da


Escola da Escolha, o que são, para que servem e uma introdu-
ção sobre como colocá-las em prática.

As práticas educativas deste caderno estão organizadas da


seguinte forma:

• Acolhimento
• Tutoria

Bom trabalho!
©iStock.com/fotostorm
Práticas Educativas

ACOLHIMENTO

Afinal de Contas, o que é Por meio dessa metodologia, os


o Acolhimento? estudantes terão a oportunidade de
estabelecer os primeiros vínculos, sen-
É uma metodologia desenvolvida pelo tindo-se recebidos e pertencentes à
Modelo Escola da Escolha que ob- escola desde os primeiros dias do ano
jetiva apresentar as bases do projeto letivo. É um momento também para
escolar para diferentes públicos. É a que vivenciem situações nas quais se-
porta de entrada dessa forma inovado- rão conduzidos à reflexão sobre os seus
ra de conceber a educação e de trans- sonhos e sobre as expectativas em tor-
formar a escola. Uma ação deliberada e no da sua realização, a partir do apoio
intencionada, destinada a quatro situa- deste novo tempo, nesta nova escola.
ções distintas:
Por que fazer o Acolhimento
• Acolhimento dos estudantes
dos Estudantes na escola?
• Acolhimento diário
• Acolhimento da equipe escolar Assim como todas as outras metodo-
• Acolhimento dos pais ou responsáveis logias desenvolvidas, o Acolhimento
se integra ao currículo como uma das
práticas e vivências oportunizadas pelo
E o que é o Acolhimento projeto escolar, a fim de criar as con-
dos Estudantes? dições essenciais para a realização da
sua tarefa mais importante: o Projeto
O Acolhimento é a estratégia por meio de Vida dos estudantes por meio de
da qual são apresentadas aos novos uma formação integral.
estudantes as bases do projeto es- No Acolhimento, os estudantes
colar, para que eles percebam de que iniciam as primeiras práticas como
maneira essa estrutura se colocará protagonistas em atividades cuja pro-
à disposição da construção do seu gramação é considerada o “marco
Projeto de Vida. zero” do Projeto de Vida.
6 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

Perante tudo isso, é esperado que


as famílias se preocupem com o Aco-
“Na implantação do Programa,
lhimento a ser realizado nessa nova
o ICE realiza o Acolhimento dos
fase escolar. Ciente dessa realidade e
estudantes por intermédio dos de todas as mudanças que ocorrerão
Jovens Protagonistas – jovens com os estudantes na dinâmica da
egressos de escolas onde o Mode- Escola da Escolha, é preciso que a equipe
lo foi implantado e que hoje já escolar se planeje para esse momento,
se encontram em plena execu- para que todos, família e estudantes,
sintam-se acolhidos e compreendam a
ção dos seus Projeto de Vida.”
proposta do Projeto escolar.
Esse planejamento deve estar per-
É realizado pelos estudantes da meado pela presença pedagógica. Na
própria escola, sem interferência da Escola da Escolha, a Pedagogia da
equipe escolar, que os apoia nas ne- Presença deve ser vivenciada todos os
cessidades que eventualmente pos- dias, em pequenos gestos, de forma a
sam encontrar na sua execução. Seu estar presente na vida do educando de
foco principal é provocar os estudantes maneira construtiva, por um relaciona-
a refletirem sobre seus sonhos, seus mento respeitoso e de muita reciproci-
valores e o que pensam sobre o futuro dade entre ambos.
que cada um poderá construir. Essa
metodologia busca despertar o desejo O Acolhimento no início do ano letivo:
de conhecer e de fazer parte da vida marco “0” do Projeto de Vida!
do outro e da escola e a confiança no O Acolhimento é um marco na vida dos
projeto escolar. estudantes que ingressam na escola
Um aspecto muito importante a ser por demonstrar, desde os primeiros
considerado nos Anos Finais do Ensino dias do ano letivo, a importância de
Fundamental é a condição dos estudan- cada pessoa no processo de constru-
tes dos 6º anos. Por volta dos 11 anos, ção, autodesenvolvimento e de reali-
eles ingressam em um mundo cheio de zação do seu Projeto de Vida, além de
mudanças, seja do ponto de vista bio- garantir a troca de experiências e inte-
lógico, por meio das transformações gração entre todos da escola.
do corpo com a chegada da puberda- Para a escola, o Acolhimento tem
de, seja psíquico, pois estão saindo grande importância, pois é por meio
do mundo infantil e entrando na ado- dele que toda a equipe escolar tem
lescência. Nesse ritual de passagem é contato com os primeiros registros
cobrado um conjunto de adaptações dos sonhos dos estudantes, apresen-
às quais, muitas vezes, eles ainda não tados ao final das atividades. É por
estão preparados para responder. Se- meio da sistematização desses regis-
gundo Costa (2000), a adolescência tros que a escola traça as suas princi-
pode ser encarada, do ponto de vista pais metas de trabalho para o ano leti-
do desenvolvimento pessoal e social, vo, fazendo com que o projeto escolar
como uma transição da heteronomia da esteja alinhado com os projetos de vida
infância à autonomia do mundo adulto. dos estudantes.
MODELO PEDAGÓGICO 7

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

O produto do Acolhimento, alinhado Desde o Acolhimento, os estudantes


aos resultados da análise dos questioná- são estimulados a pensar sobre o pa-
rios socioeconômicos dos estudantes, pel que lhes cabe como protagonistas
apontará diretrizes importantes para de suas vidas, como agentes ativos de
o planejamento e para a execução do transformação e renovação da socie-
Plano de Ação da escola. dade, sobre a necessidade de deixar de
ser expectador da vida para ser promo-
tor das próprias ações e a se perceber
“Questionários socioeconômicos como fonte de iniciativa, de liberdade e
e de expectativas são aplicados de compromisso.
no início do ano e servem de Uma das atividades propostas e que
possibilita essa reflexão é a Oficina
referência para a definição de
“ Varal dos Sonhos ”. Nela, os estu-
estratégias no Plano de Ação.” dantes expõem seus sonhos e traçam
várias etapas numa escala, projetando
o que é preciso para a sua realização.

Quantos dos nossos


estudantes sonham?
Quantos não sonham?
Com o que sonham?

Possíveis respostas a essas perguntas ATIVIDADES


poderão ser encontradas após a siste-
matização do material proveniente do
PROPOSTAS NO
Acolhimento. Os sonhos dos estudan- ACOLHIMENTO
tes estão alinhados às expectativas
que seus pais têm em relação à escola
e ao seu futuro? São muito díspares ou Assim como as aulas de
convergentes? É possível vislumbrar Projeto de Vida, as ati-
quais ações poderão ser desenvolvidas
vidades do Acolhimento
para apoiar os pais na crença no poten-
abordam questões sobre
cial sonhador de seus filhos? Mais uma
vez, são muitos os questionamentos a construção da identi-
que esta ação demanda no sentido dade dos estudantes e
de garantir o direito ao sonho de seus do seu universo de
estudantes. valores na relação
Essas respostas, refletidas no Plano consigo mesmo, bem
de Ação da escola, serão um importan-
como estimula a refle-
te “sinalizador” para que as equipes
xão sobre a importância
escolares se mobilizem e organizem
as metodologias do Modelo, tendo de ter planos e sonhar.
em vista o foco no jovem e no seu Pro-
jeto de Vida.
8 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

PLANEJAMENTO
Uma questão de máxima importân-
DO ACOLHIMENTO cia para o Acolhimento é identificar se
nas turmas haverá estudantes com
“O detalhamento sobre as atividades alguma deficiência. Nesse caso, as
desenvolvidas durante o Acolhi- especificidades e necessidades des-
ses estudantes devem ser levadas em
mento, bem como todo o material
conta durante o planejamento do Aco-
necessário, encontra-se na Cartilha
lhimento para que, verdadeiramente,
do Acolhimento - material encami- todos participem da ação. Presença de
nhado à equipe da Secretaria de intérprete de libras para o dia e horário
Educação durante o planejamento em que um estudante com deficiência
da implantação o Programa.” auditiva estiver participando da ação,
material em braille para estudantes
O Acolhimento realizado no pri- com deficiência visual, consideração
meiro ano de funcionamento da es- da presença do cuidador durante o
cola e de implantação do Programa é Acolhimento são exemplos de atitudes
executado por Jovens Protagonistas, que garantirão a plena participação e
egressos de escolas que já operam no protagonismo de todos os educandos.
Modelo Escola da Escolha, sob a coor- Para tanto, os profissionais da esco-
denação do ICE. la que conhecem o tema da deficiência
A partir do ano seguinte, o Acolhi- (professores de sala de recursos, pro-
mento dos novos estudantes será rea- fessores de atendimento educacional
lizado pelos próprios estudantes da es- especializado, professores itinerantes
cola (9º anos) e estudantes que tenham ou outros profissionais da própria equi-
concluído no ano anterior, replicando pe escolar ou de apoio da Secretaria
o conceito de corresponsabilidade e de Educação, por exemplo) devem
exercitando diversas competências orientar os Jovens Protagonistas, ofe-
importantíssimas como planejamento, recendo informações básicas de como
capacidade de execução, resolução de proceder junto a esses estudantes e se
problemas etc. colocando à disposição, caso seja ne-
A seleção, tanto dos atuais estudan- cessário algum apoio durante a ação
tes como dos egressos (ainda estu- de Acolhimento.
dantes), deve considerar aqueles
que, ao longo de sua experiência esco-
lar, desenvolveram algumas competên- “É preciso apostar nos jovens!
cias cognitivas, pessoais e sociais que Orientá-los adequadamente e
os colocam na posição de protagonis- investir na sua ação protagonista.
tas na experiência escolar como, por Porém, sabe-se que algumas pessoas
exemplo, bom relacionamento com
com deficiência podem, durante
os colegas e equipe escolar, efetiva
a ação, necessitar de apoios para
participação nas atividades propostas
e executadas pela escola, bons resulta- os quais os jovens que realizam
dos tanto acadêmicos como comporta- o Acolhimento não dispõem de
mentais, entre outros. repertório. Por isso, recomendamos
que esses profissionais estejam de
sobreaviso para apoiar os Jovens
Protagonistas caso necessário.”
MODELO PEDAGÓGICO 9

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

(...) Educar é criar espaços. Essa afir- Durante o Acolhimento, a participa-


mação nos remete à visão do educador ção da equipe escolar consiste exclu-
como criador de condições para que sivamente em fornecer apoio relativo
a educação aconteça. Criar espaços, aos espaços, materiais, condições de
nesse sentido, não é apenas a atuação acessibilidade física e atitudinal, se for
do educador na escolha e estruturação necessário, além de recursos físicos.
do lugar em que o processo educati- Não atua, portanto, na execução e nem
vo vai se desenvolver. Criar espaços na definição dos trabalhos.
é criar acontecimentos. É articular O Acolhimento é encerrado com as
espaço, tempo, coisas e pessoas para apresentações dos estudantes, atra-
produzir momentos que possibilitem vés das estratégias definidas por eles
ao educando ir, cada vez mais, assu- próprios (dramatizações, coreografias
mindo-se como sujeito, ou seja, como etc), comunicam suas mensagens para
fonte de iniciativa, responsabilidade toda a equipe escolar como declaração
e compromisso (...). de confiança de que contam com todos
– Antônio Carlos Gomes da Costa. para realizarem os seus sonhos.

O QUE É O QUE NÃO É


• Estudantes e jovens protagonistas • Atividade recreativa para entreteni-
integrados em todas as atividades mento dos estudantes.
propostas, contribuindo para a instalação • Interferência da equipe escolar no
de um clima escolar harmonioso e de desenvolvimento das atividades
trocas de experiências. dos Jovens Protagonistas durante
• Sentimento de pertencimento dos o Acolhimento.
estudantes em relação à escola desde • O impedimento dos espaços e
os primeiros dias do ano letivo e recursos necessários para a
confiança no apoio oferecido pela realização das atividades.
equipe escolar na construção de • A desvalorização da experiência e
seus Projetos de Vida. capacidade dos Jovens Protagonistas
• Apoio da equipe escolar em todas na liderança dos estudantes.
as direções para assegurar o sucesso • A ausência de estímulo e motivação
das atividades. para a idealização do futuro e das
• Incentivo à participação dos estu- perspectivas positivas a respeito dele.
dantes nas atividades desenvolvidas, • A imposição da participação de todos
respeitando suas possibilidades os estudantes nas apresentações de
de engajamento. Culminância do Acolhimento.
• Ter como foco de todas as ações
do Acolhimento os estudantes e seus
Projetos de Vida.
• Valorização e respeito a todas as
formas de expressão dos estudantes
sobre seus sonhos.
10 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

ACOLHIMENTO DIÁRIO DOS ESTUDANTES

Os conceitos subjacentes ao Acolhi- tamentos, a percepção de que algum


mento se estendem do início do ano estudante chegou de forma diferente
letivo para o cotidiano escolar. O do trivial para a jornada escolar. O
Acolhimento Diário deve ser realizado compartilhamento desse olhar sobre o
de forma planejada, intencional e estudante, de modo que ele possa real-
fundamentado nos princípios da Peda- mente ser visto em sua interdimensio-
gogia da Presença. nalidade, fará com que essa informa-
O Acolhimento Diário deve ser en- ção circule de forma ética pela equipe
tendido como algo além do ato de re- escolar de modo que seu tutor possa se
ceber os estudantes. É, para muitos, a aproximar, acolher o estudante e exer-
primeira oportunidade da escola come- cer a esperada e necessária presença
çar a fazer sentido e de ser o lugar onde pedagógica, capaz de proporcionar um
finalmente ele é reconhecido, visto, dia de aula mais tranquilo e produtivo
ouvido, respeitado e acolhido. ou a tomada de novos encaminhamen-
Trata-se daquele momento em que tos, se for o caso.
a equipe escolar, responsabiliza-se Essa primeira hora do dia servirá
pelo acompanhamento da chegada dos para afinar a comunicação entre todos
estudantes. É o momento da primei- da equipe escolar, sendo que o foco
ra troca do dia, de pequenos, porém é esse “bem vindo”, comunicado por
fundamentais gestos: o sorriso que palavras e gestos.
acolhe, o bom dia verdadeiro, a busca O Acolhimento Diário também é
pela compreensão de possíveis embo- momento de “recados” da gestão
escolar ou dos educadores, em geral.
Nele, ocorrem as celebrações das con-
quistas dos estudantes ou da equipe de
educadores por algum resultado alcan-
çado. Também é momento para refle-
xão coletiva sobre algum episódio que
necessite da consideração por parte
de todos.
O ambiente escolar é alimentado
pelo envolvimento dos estudantes, que
podem ser responsáveis pela “sono-
rização do dia” por meio das músicas,
da leitura de mensagens, cantos, ou seja,
aqueles devem ser envolvidos no plane-
jamento e execução da acolhida diária.
MODELO PEDAGÓGICO 11

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

ACOLHIMENTO DA EQUIPE ESCOLAR

O Acolhimento da equipe escolar é uma metodologia executada pelos pró-


prios estudantes e/ou Jovens Protagonistas com o objetivo de sensibili-
zá-la frente aos novos desafios de ver, sentir e cuidar do estudante, a partir de
novas perspectivas conceituais e práticas trazidas pelo Modelo da Escola da
Escolha. É realizado durante um dia, na própria escola, e deve ter a presença de
toda a equipe escolar: professores e demais profissionais.

Por que realizar o Acolhimento posturas de seus educadores no exer-


cício de suas funções, sempre na pers-
da Equipe Escolar?
pectiva de serem influências constru-
tivas na vida dos seus estudantes.
O Acolhimento cria espaços para a
reflexão da equipe escolar sobre a ne- E como o Acolhimento da equi-
cessidade e as oportunidades educa-
pe escolar acontece na escola?
tivas que atendam às expectativas de
desenvolvimento dos estudantes.
É no Acolhimento que todos os in- O Acolhimento estabelece um “elo” en-
tegrantes da equipe escolar falam so- tre os educadores, os estudantes e a es-
bre suas experiências profissionais e cola. É por ele que toda a equipe escolar
expectativas diante dos desafios do pactua, junto aos Jovens Protagonistas,
Modelo Escola da Escolha, refletindo o compromisso com a formação e cons-
sobre a necessidade de não apenas trução dos Projetos de Vida dos estu-
compreenderem do que se trata o Mo- dantes. Assim como no Acolhimento
delo, mas efetivamente refletindo so- dos Estudantes, a partir do segundo ano
bre aceitá-lo, assumindo a correspon- de funcionamento da escola, o Acolhi-
sabilidade pela sua execução. mento dos Educadores é realizado por
O Acolhimento da equipe escolar é, uma equipe composta pelos estudantes
portanto, um espaço para refletir e ex- da escola (9º ano) e estudantes que o
plicitar a imprescindibilidade de novas tenham concluído o ano anterior.

O QUE É O QUE NÃO É


• Momento de integração da equipe • Reunião para informes gerais
escolar a favor do novo projeto escolar. sobre a escola.
• Momento de reflexão sobre a impor- • Momento para discussão sobre as
tância de estarem ali, envolvidos dificuldades de trabalho ou problemas
e comprometidos com a realização da educação em geral.
dos Projetos de Vida dos estudantes
e sobre os mecanismos necessários
para sua contribuição, no plano
coletivo e individual.
12 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

ACOLHIMENTO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

É uma metodologia que tem como obje- tas, sobre a importância de apoiar os
tivo orientar as famílias e sensibilizá-las estudantes na construção dos seus
em torno dos mecanismos de apoio e Projetos de Vida, provendo as condi-
acompanhamento do Projeto de Vida ções necessárias para isso. Ou seja,
dos estudantes. o acolhimento permite que os pais e
A ação de acolher os pais tem dois responsáveis desenvolvam ações/
objetivos principais: apresentar o pro- estratégias que contribuam para a
jeto escolar e refletir, por meio da formação dos estudantes em todas as
experiência de Jovens Protagonis- suas dimensões.

Por que fazer o Acolhimento dos pais ou responsáveis na escola?

Partimos do pressuposto que é impor- Assim como a escola, a família pos-


tante que pais e responsáveis conhe- sui um contexto de conhecimentos,
çam o projeto escolar para que possam atividades, regras e valores apren-
oferecer apoio necessário ao pleno didos pelos estudantes. Por isso, é
desenvolvimento do estudante. A família importante que cada uma das partes
viabiliza e potencializa a aprendizagem tenha clareza sobre as suas funções
dos estudantes quando entende os no processo de desenvolvimento dos
objetivos educativos da escola e se tor- estudantes. O pais não realizam as
na sua parceira. tarefas e nem os estudos dos seus
É fundamental orientar os pais e res- filhos, mas criam condições para
ponsáveis sobre como podem prover que eles os façam, os estimulam e
meios, estimular e orientar estudantes demonstram interesse pelas suas rea-
no estabelecimento de sua rotina e con- lizações e conquistas, bem como pre-
dições de estudos. Ter apoio da família é ocupações pelas suas dificuldades.
imprecindível e isso não significa trans-
ferir para os pais e/ou responsáveis as
tarefas inerentes à escola. Há muitas Além do Acolhimento, há outras
maneiras de apoiá-los e não são neces- formas de interação da escola junto
sários recursos para isso se conside- aos pais/responsáveis, por exemplo,
rarmos, por exemplo, que os filhos não
Culminância das Disciplinas Eletivas,
faltem às aulas nem cheguem atrasados
festas culturais, datas comemorativas,
por que dormiram em horário inadequa-
do; que não deixem de realizar seus es- reuniões bimestrais, associação de pais,
tudos por que priorizaram as brincadei- estudantes e mestres etc. Cabe à escola
ras ou porque foram mobilizados para oportunizar espaços para a participação
executar as tarefas domésticas. das famílias e criar as condições para o
seu engajamento, estabelecendo relações
de qualidade nessa convivência.
MODELO PEDAGÓGICO 13

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

E como o Acolhimento Da mesma forma que no Acolhi-


mento dos Estudantes e das Equipes
dos pais ou responsáveis
Escolares, a partir do segundo ano
acontece na escola? de funcionamento da escola, o Aco-
lhimento dos Pais ou Responsáveis
O Acolhimento dos pais e responsáveis é realizado por uma equipe (Equipe
acontece, geralmente, no turno da noi- de Jovens Protagonistas) composta
te e tem duração máxima de 2 horas. pelos próprios estudantes da esco-
Por meio de slides e vídeos, os Jovens la (9º ano) e estudantes que tenham
Protagonistas apresentam às famílias, concluído o ano anterior.
aos professores e aos funcionários da
escola suas experiências de vida como
jovens egressos de escolas que ope- É preciso, também,
ram do Modelo da Escola da Escolha e a avaliar a presença
forma como foram apoiados pelos seus de pais de estudantes
pais e famílias em geral. Muitos relatam
com deficiência na
que encontraram em casa o estímulo
escola e buscar adaptar/
necessário para continuar os estudos
e construir seus projetos ou descrevem acessibilizar a atividade
um pouco do que precisaram vencer da mesma forma pro-
para não deixar que seus sonhos e posta para os estudantes
estudos fossem interrompidos. sem deficiência. Tal
O Acolhimento é encerrado com a atitude revela zelo,
distribuição de uma cartilha intitulada:
cuidado e empatia no
Pais, escola e filhos, dez atitudes que
favorecem o sucesso dos filhos na sala
que se refere à presença
de aula e na vida, elaborada por Antônio desses pais na escola.
Carlos Gomes da Costa.

O QUE É O QUE NÃO É


• Momento de compartilhamento da • Momento para questionamentos
visão e missão da escola. Estratégia acerca dos problemas dos pais no
para estimular o engajamento dos pais processo educacional dos filhos ou
e responsáveis no seu desenvolvimento. da própria organização familiar.
• Oportunidade para os pais e respon- • Oportunidade para os pais criarem
sáveis conhecerem outras maneiras situações de ingerência sobre
de apoiar os seus filhos. o projeto escolar.
14 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

TUTORIA
Afinal de contas, o que é Tutoria?

De acordo com a literatura, usa-se a ferem pensar, um dom, uma caracte-


palavra tutoria para intervenções tão rística pessoal intransferível, algo pro-
diversas quanto exercer tutela, ampa- fundo e incomunicável. Ao contrário, é
rar, proteger, monitorar, supervisionar, uma aptidão possível de ser aprendida
dirigir, representar, governar, orientar, desde que haja, da parte de quem se
incentivar, educar, ensinar, dar aulas propõe a aprender, disposição interior,
particulares... Um ponto, porém, é co- abertura, sensibilidade e compromisso.
mum a todas essas acepções: a palavra Tutoria e Pedagogia da Presença
tutoria se refere a uma situação de in- são pares indissociáveis no Modelo
teração, em que uma pessoa dá apoio Escola da Escolha. Tutoria é um
a outra para tornar possível que ela método para realizar uma interação
desenvolva e/ou ponha em ação algum pedagógica em que o educador (tutor)
direito, dever, conhecimento, compe- acompanha e se comunica com os estu-
tência ou habilidade. dantes de forma sistemática, planejan-
Segundo Antônio Carlos Gomes da do seu desenvolvimento e avaliando a
Costa, a capacidade de se fazer presen- eficiência de suas orientações de modo
te na realidade do educando de forma a resolver problemas que possam ocor-
construtiva não é, como muitos pre- rer durante o processo educativo.
MODELO PEDAGÓGICO 15

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

Intuição e Tutoria: na orientação do currículo e na partici-


o que isso tem a ver? pação ativa na vida escolar. Faz parte
de suas atribuições interagir com outros
educadores que trabalham com o gru-
As palavras “intuição” e “tutoria” nas- po, fornecendo-lhes as informações
ceram da mesma semente (ou raiz, necessárias sobre cada estudante,
como diz a gramática): a palavra latina assim como com as famílias. Numa
tueri, que significa olhar, vigiar. Intueri, situação ideal, o tutor é chamado a par-
de onde vem o verbo intuir, é “olhar ticipar e a se manifestar em tudo o que
para, considerar, avaliar”. Tutore, que diz respeito a esse grupo. Com relação
originou tutor, é “guarda defensor, ao contato com os pais/responsáveis,
protetor”. Também é “aquele que tem um papel de mediação na troca
ampara e protege”, assim como os de informações entre eles e a escola e
“tutores” usados em agricultura – de incentivar e favorecer a participa-
estacas ou varas cravadas no chão para ção familiar nos processos de decisão
dar apoio, amparo e orientação a plan- do educando.
tas com caules muito frágeis e flexíveis. Tutorias técnicas: a equipe ges-
tora atribui a um docente, que não é
Os tipos de Tutoria tutor de um grupo, responsabilidades
Tutoria individual: o educador/ como coordenação de experiências
tutor procura conhecer a situação de pedagógicas, atividades de formação
cada estudante/tutorado e ajudá-lo permanente, reforço de planos de ação
pessoalmente. Essa ajuda envolve de Tutoria, organização e manutenção
orientação no planejamento e na exe- de laboratórios, bibliotecas, recursos
cução de tarefas, na escolha de estudos audiovisuais e outros.
e profissões, segundo suas capacida- Tutoria da diversidade: esse é um
des e interesses. A tutoria individual dos maiores desafios da educação
tem forte potencial de impacto positivo atual, em razão da pluralidade presente
sobre a autoestima do estudante e sua no ambiente educativo. A ênfase está
percepção de si mesmo. Consequente- nos dispositivos de comunicação e
mente, o educando tenderá a respon- métodos pedagógicos, ajudas e méto-
der com mais independência, autono- dos de aprofundamento. Na Tutoria da
mia, responsabilidade, disposição para diversidade, é preciso levar em consi-
enfrentar desafios, maior tolerância a deração que não existe uma pedago-
frustrações e segurança. A Tutoria indi- gia do estudante médio ou “padrão”: é
vidual favorece e reforça o Protagonismo. indispensável considerar cada educando
Tutoria de grupo: o educador/ em seu ritmo, estilos de aprendizagem e
tutor trabalha com um grupo de edu- em suas potencialidades, necessida-
candos (em geral, a classe), ajudá-os des e capacidades.
16 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

Quando falamos de diversidade é estudantes e assistir a filmes que dis-


necessário recortarmos a presença cutam o tema da diversidade. A incor-
dos estudantes com deficiência nas poração desse tema ao currículo es-
escolas. Esses meninos e meninas colar pode contribuir para o apren-
ainda são invisíveis nos sistemas edu- dizado dos estudantes e também
cacionais. Para esse grupo, a Tutoria para construção de sua cidadania.
deve considerar estratégias e ações
a serem feitas “com” os estudantes e Ao discutir temas como o da acessi-
não “para” os estudantes. Essa pos- bilidade física nas cidades (melhoria
tura do tutor (e de todos na escola) das calçadas, necessidade de ram-
contribuirá para que os estudantes pas, respeito às vagas de estaciona-
com deficiência também sejam pro- mento reservadas etc.), o professor
tagonistas de suas histórias. contribui para uma maior consciên-
cia sobre o tema, quebra preconcei-
Seus estudantes conhecem o tema tos e traz informações sobre a defi-
da diversidade? ciência. A diversidade é um assunto
Recomenda-se trabalhar em sala muito amplo e abrange a deficiência,
de aula com histórias infantis, usar a pobreza, as questões raciais e ou-
músicas e brincadeiras da região, tras. É preciso trabalhar todos es-
encenar peças teatrais com seus ses aspectos com os estudantes.
MODELO PEDAGÓGICO 17

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

Tutoria empresarial: este tipo de Barudy (psiquiatra chileno especializado


Tutoria ocorre dentro da dinâmica organi- em resiliência), os educadores podem as-
zacional, na qual, em geral, é chamada sumir o papel de “tutores de resiliência”
mentoring. Quando funciona da ma- e atuar como pessoas capazes de inte-
neira esperada, permite reconhecer, grar e otimizar o desenvolvimento dos
prestigiar, potencializar e disponibilizar estudantes, apesar dos eventuais trau-
a sabedoria que um profissional acu- mas ou condições de vida difíceis por
mulou ao longo do tempo, com base eles enfrentados.
numa relação de confiança mútua.
Os efeitos podem ser muito positivos
para o desenvolvimento do profissional
que é tutorado e também para o clima
da organização. Por que desenvolver
Tutoria intercultural: o incremento Tutoria na escola?
das migrações e dos deslocamentos
favorecidos pela globalização ou pro- A Tutoria é adequada a qualquer nível
vocados por conflitos e catástrofes na- de ensino, pois o tutor é quem assu-
turais resultou em um aumento signi- me a sua condução como articulador
ficativo de grupos sociais minoritários do trabalho pedagógico. Todo profes-
em muitos países e regiões. No âmbi- sor tem ou deveria ter algo de tutor. O
to da educação, essa modalidade de próprio estudante pode exercer uma
Tutoria se mostrou uma das iniciativas função tutorial, com acompanhamento
mais adequadas para facilitar a integra- e supervisão do professor. É o que ocorre,
ção social e cultural, favorecer relações por exemplo, quando o professor con-
entre diferentes etnias, evitar conflitos ta com a ajuda de estudantes-tutores
entre maiorias e minorias, combater a para apoiar o ensino formal. Nas
segregação e tornar o ensino universi- universidades e em aulas de comple-
tário mais igualitário. mentação de atividades ou em labora-
Tutoria em EAD: na educação a tórios, a presença do tutor-estudante é
distância (EAD), que, graças à Internet comum. O estudante que se encontra
e ao desenvolvimento de novas ferra- em nível mais avançado auxilia os nova-
mentas de informação e comunicação, tos, esclarecendo dúvidas e reforçando
hoje abarca todos os níveis de forma- a aprendizagem.
ção e se desenvolve cada vez mais no No Modelo da Escola da Escolha, a
Brasil e no mundo todo, um tutor pode tutoria acadêmica, com características
acompanhar o desenvolvimento e a de monitoria, tanto ocorre nos Anos
aprendizagem de cada estudante e lhe Finais do Ensino Fundamenal quan-
dar um retorno pertinente em termos to no Ensino Médio. É um exercício de
de orientação, estímulo e percepção a protagonismo juvenil, no qual o estu-
partir do que dele recebe. dante é parte da solução do problema
Tutoria de resiliência: a escola do seu colega, porque naquele mo-
pode proporcionar uma barreira mento domina um conhecimento que o
de proteção para os estudantes em outro ainda não domina e se coloca à
contextos vulneráveis. Na visão de sua disposição para ajudá-lo.
18 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

Mas o trabalho de Tutoria é muito


mais amplo do que a busca de melho-
res resultados escolares e o apoio para “Entretanto, o avanço da luta
alcançá-los. Como autêntico apoio na
das pessoas com deficiência no
construção do Projeto de Vida do estu-
mundo todo evidenciaram que
dante, cabe ao professor/tutor auxiliá-lo
a descobrir as direções que quer tomar essa não é a melhor forma de se
e a fazer o necessário para concreti- referir a esse grupo populacional,
zar suas intenções em cada etapa de a maior minoria do mundo.
seu desenvolvimento. A Tutoria torna O Brasil, signatário da Convenção
possível ao estudante ampliar a visão Internacional dos Direitos da Pessoa
que tem de si mesmo, do mundo, das
com Deficiência, passou a adotar
oportunidades, das estratégias e pos-
sibilidades para tomar em suas mãos
o termo ‘pessoa com deficiência’
sua própria vida. No Modelo Escola da ao se referir a esse contingente da
Escolha, o estudante dos Anos Finais população. ‘Necessidades especiais’
do Ensino Fundamental registra essas todos e qualquer um de nós tem/
descobertas no Diário de Vivências. teve ou mesmo poderá vir a ter em
algum momento da vida, porém,
características singulares que
Os pontos nos iii sobre advindas da presença de uma
“educação especial” deficiência e constitutivas da
e “necessidades especiais” identidade do sujeito é algo bem
diferente disso. É exatamente isso
Segundo o Relatório Warnock, publi- que deve ser levado em conta ao se
cado em Londres em 1978, 20% dos
trabalhar com essas singularidades
jovens em algum momento de sua vida
escolar têm necessidade de educação
em qualquer ação educacional,
especial. O conceito de necessidade inclusive na ação tutorial.”
de educação especial foi adotado pela
Unesco em 1994 e é bastante amplo. minorias culturais ou étnicas, os des-
Seu grande mérito é se afastar das favorecidos ou marginais, os que apre-
noções exclusivamente centradas em sentam problemas de conduta ou de
deficiência e recuperação, passando ordem emocional).
a englobar todas as crianças e jovens Essa abrangência mostra que as
cujas necessidades envolvem deficiência dificuldades decorrentes do desen-
ou dificuldades de aprendizagem de volvimento na adolescência também
qualquer natureza (os menores em si- justificam um trabalho “especial”. É
tuação de desvantagem, os chamados nesse contexto que a Tutoria se revela
superdotados, os moradores de rua ou especialmente adequada e coerente.
em situação de risco, os menores que E. Erikson, em seu livro Identidade,
trabalham, os que pertencem a grupos juventude e crise (1968), destaca como
nômades ou populações remotas, as as duas principais tarefas evolutivas
MODELO PEDAGÓGICO 19

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

da adolescência na busca de integra- O modelo adotado deverá ser


ção do eu: a formulação de perguntas objeto de discussão e definição em
sobre si mesmo e sua relação com os virtude das condições existentes, ou
outros e o desenvolvimento de relações seja, se será adotado o modelo de um
satisfatórias com seus pares, temas Tutor para determinado número de es-
fundamentais que atravessam todo o tudantes, de um Tutor para cada turma
processo de construção do Projeto de ou ainda se a Tutoria ocorrerá entre
Vida do estudante. aqueles que desejarem ser tutorados e
os que desejarem ser tutores.
E como desenvolver Tutoria? Para qual quer que seja a defini-
ção, é fundamental assegurar que os
A estratégia de Tutoria adotada no estudantes tenham a liberdade de fa-
Modelo Escola da Escolha é um método zer a escolha sobre aquele que será o
para efetivar uma interação pedagógi- seu tutor.
ca. Tutores acompanham e se comu-
nicam com seus estudantes de forma Perfil do tutor
sistemática, planejando o seu desen-
volvimento e avaliando a eficiência de O especialista em Recursos Humanos,
suas orientações com vistas ao desen- Jair Moggi, considera que a Tutoria,
volvimento do Projeto de Vida, nos âm- pode ser descrita como uma ativida-
bitos pessoal, acadêmico e produtivo. de próxima à do professor: um bom
A depender da estrutura adotada professor é alguém reconhecido pela
pela Secretaria de Educação, a Tutoria comunidade como uma pessoa com
será adequada para o modelo que me- conhecimentos, habilidades e atitudes
lhor responder às suas condições. coerentes e diferenciadas numa deter-
Operacionalmente, a Tutoria não minada área. Logo em seguida, o tutor/
demanda tempo específico definido mentor que é quase um professor, é
na matriz curricular da escola e pode comparado a um mestre: quando uma
ser realizada em diversos momentos pessoa tem necessidade de aprender
em que haja disponibilidade do tutor ou se desenvolver, procura um mestre,
e necessidade do tutorado. Isso signi- procura alguém com um passado irrefu-
fica que a ação tutorial pode ser ajus- tável, apaixonado pelo que faz, que sou-
tada em virtude dos horários possíveis be transformar seus conhecimentos e
e das demandas existentes, podendo experiências em sabedoria e que esteja
ocorrer, por exemplo, mediante con- disposto a compartilhar tudo isso.
cordância das partes antes do início E o que caracteriza, então, um tutor
das aulas, no horário do intervalo, ou mentor? Para Moggi, é:
após o almoço (e mesmo durante) e • alguém que tem disponibilidade
após o final das aulas. para servir;
• alguém desprendido, que tem
genuíno interesse em ver o próximo
atingir seus objetivos.
São pessoas que conseguem co-
locar os outros à vontade, a partir de
20 MODELO PEDAGÓGICO
Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo
Práticas Educativas

uma relação de confiança mútua e de Finalidades da Tutoria


afinidade com foco na ampliação da junto ao estudante e
consciência das pessoas com as quais ao seu Projeto de Vida
interage, numa relação caracterizada
pelo ‘mestre que caminha ao lado do A oferta de Tutoria junto ao estudante
aprendiz’ e não pelo ‘mestre que fica o apoiará nas seguintes dimensões:
no alto da cátedra’.” Orientação pessoal: para propor-
cionar ao educando uma formação
integral e facilitar seu autoconheci-
As qualidades de um Tutor
mento, sua adaptação e a tomada de
Arnaiz sintetiza em três tipos as quali- decisões, apoiando e orientando as
dades que um tutor deve ter: mudanças advindas da evolução do seu
Qualidades humanas (o ser do tutor): Projeto de Vida.
empatia, maturidade intelectual e afe- Orientação escolar ou acadêmica:
tiva, sociabilidade, responsabilidade e para ajudar o educando a superar suas
capacidade de aceitação. dificuldades quanto a hábitos e méto-
Qualidades científicas (o saber do tu- dos de estudo, integração com o grupo,
tor): conhecimento da maneira de ser mediação junto aos professores etc.
do estudante e dos elementos pedagó- Orientação profissional: para aju-
gicos que tornam possível conhecê-lo e dar o educando a conhecer melhor
ajudá-lo. a si mesmo e as opções de estudos e
Qualidades técnicas (o saber fazer oportunidades existentes no âmbito
do tutor): capacidade de trabalhar profissional; para favorecer escolhas
com eficácia e em equipe, participando acadêmicas e profissionais coerentes
de projetos e programas estabelecidos com sua personalidade, suas aptidões
de comum acordo para a formação dos e seus interesses.
estudantes.
Esse conjunto de qualidades parece
O exercício do Tutor
suficientemente abrangente e aberto
para que se perceba que não se trata Elementos fundamentais para o exer-
de algo irrealizável. cício do Tutor, segundo Polly Lowe,
com estudantes adolescentes da faixa
etária que corresponde aos Anos Finais
O papel de tutor do Ensino Fundamental e ao Ensino
Entre as inúmeras definições do papel Médio:
do Tutor e da Tutoria encontradas na • criação de um ambiente tutorial orga-
literatura especializada nos parece nizado, que possibilite que a aprendiza-
especialmente clara e suficientemente gem aconteça;
abrangente para ser usada como refe- • uso de várias estratégias de observa-
rência a que nos inspira Arnaiz: ção para acompanhamento e monito-
“Tutor é um orientador da aprendi- ração dos estudantes;
zagem, dinamizador da vida socioafe- • identificação de necessidades;
tiva do grupo-classe e orientador pes- • registro de realizações e progressos;
soal, escolar e profissional dos alunos.” • registro e comparação de informações
MODELO PEDAGÓGICO 21

Metodologias de Êxito da Parte Diversificada do Currículo


Práticas Educativas

relevantes sobre os estudantes; Tutoria, mais possibilidades há de que


• tradução das solicitações externas o efeito-tutor se manifeste. Já o efeito
feitas aos estudantes, tais como uma sobre o tutorado funciona segundo o
escolha entre opções, a interpretação princípio oposto: quanto mais espon-
das normas escolares e o esclareci- tâneo o modo de funcionamento da
mento de situações negativas envol- Tutoria, mais a aprendizagem do tuto-
vendo um estudante; rado é facilitada.
• participação no assessoramento indi-
vidual e de grupo;
Na Tutoria, considerar:
• estímulo à resolução de problemas;
• ampliação da experiência tutorial • o estado “adolescente” e as muitas
mediante o emprego de destrezas de “juventudes”;
Tutoria no contexto educativo. • o mundo em permanente estado
de mudanças;
• a velocidade do mundo do trabalho
O Efeito Tutor
e suas rápidas e profundas transfor-
Uma das consequências mais interes- mações;
santes da Tutoria é a existência de • a identidade na sua singularidade;
um efeito-tutor. Ao praticá-la, o tutor • os muitos paradoxos da juventude;
também aprende e se desenvolve. • os tempos internos e próprios de cada
Ajudando alguém a melhorar sua prá- um (biológico, psíquico, cognitivo e
tica, o tutor melhora a sua própria. emocional) X o mundo em movimento;
O tipo de interação tutorial e seu nível • os naturais conflitos intergeracionais;
de estruturação determinam o efei- • a permanente crença na potencialida-
to-tutor: quanto mais estruturada a de do tutorado.

O QUE É O QUE NÃO É


• Oferta de apoio para reflexão e orien- • Estabelecimento de uma relação
tação das múltiplas aprendizagens familiar entre tutor e tutorado.
do estudante. • Julgamento das escolhas, dos
• Atuação generosa com claros limites valores e das decisões do tutorado,
de atuação pautada pela ética nem da sua família.
profissional. • Sessão psicoterápica.
• Convivência confusa e desordenada
em que não há respeito à territorialida-
de do tutor e do tutorado.
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EXPEDIENTE
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Ambientes de Aprendizagem
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá os Ambientes de Aprendi-


zagem da Escola da Escolha, suas implicações pedagógicas
e dicas sobre como explorá-los. Iniciamos a conversa dialo-
gando sobre o pátio e os corredores da Escola e detalhamos
os seguintes temas:

• Espaços de convivência
• As Salas Temáticas
• Os Laboratórios
• A Biblioteca

Bom trabalho!
© Escola Estadual Prefeito Nestor de Camargo
Os Espaços
de Convivência

Introdução

Todo espaço é constitutivo de proces- típicas fileiras das salas de aula, por
sos de subjetividade, não no sentido exemplo, produz nos estudantes e pro-
de uma identidade fixa, mas como fessores a percepção de que se torna-
uma complexa rede de enunciação ram outras pessoas, pois outras são as
em que se é convocado a um posicio- possibilidades de relação. A formação
namento e em que se age (Barbosa e humana não se restringe a enunciados
Rodrigues, 2009). Por não existir atitu- intelectuais pois aprende-se com o
de sem corpo, a relação com o espaço corpo todo! Existe, pois, uma “arquite-
diz muito dos nossos valores e das tura da pedagogia”.
escolhas que fazemos na vida. O espaço Refletir sobre espaços de convi-
se organiza conforme a nossa percep- vência no contexto escolar implica
ção de mundo e, inversamente, interagir levar em conta o modo como as abor-
com o espaço, modificando-o, produz dagens pedagógicas se distribuem
em nós percepções novas. É assim que no espaço interno da escola e o modo
qualquer mudança educacional signifi- como ela se insere no entorno social.
cativa refletirá na postura física daque- A escola dialoga com o espaço que
le que aprendeu. A mera disposição das ocupa na sociedade como equipamento
carteiras de forma circular, em vez das de educação e cultura.
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MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA COMO CRIAÇÃO DE UM


ETHOS NO CONTEXTO ESCOLAR

Uma pesquisa rápida sobre espaços investimento de afetos por parte das
de convivência em contextos escolares pessoas que ali convivem, tornando-os
evidencia um foco na normatização e convidativos e abertos às expressões
na criação de regras de convivência. singulares. Em suma, um lugar onde
Não como competências básicas que se aprende a “ser” a partir das próprias
assegurem a sociabilidade saudável descobertas do outro e com o outro.
necessárias em qualquer espaço, mas Na vida adulta, não é necessária a
como algo enfático em primeiro plano, estridência dos “sinais sonoros” con-
como se ao se chamar a comunidade vocando para compromissos. Importa,
escolar para refletir sobre o uso do es- pois, questionar se faz sentido o uso
paço, o que surge primeiramente não é de “sirenes” pontuando o início e o tér-
a sua melhor utilização, mas uma opor- mino das atividades escolares. Nesse
tunidade de incutir normas e regras de sentido, cabe o questionamento: justifi-
convivência. Isso resulta, em última ca-se tamanho barulho nos espaços so-
instância, em uma configuração prévia ciais onde o que deveria vir para primei-
e condicionante das relações escola- ro plano é o refinamento dos sentidos?
res, dificultando precisamente a ela- Quando alguém se dirige de um
boração de usos criativos e inovadores agrupamento a outro, quando se apro-
desses espaços. Em vez da confiança xima o horário dos compromissos, exis-
na criatividade, foca-se na desconfian- te um movimento corpóreo típico, que
ça controladora. sinaliza essa passagem. Pode ser uma
Aprende-se a conviver convivendo, palavra de despedida, um titubeio entre
e se é a escola o lugar por excelência um recuo ou avanço do corpo, a indeci-
de aprendizagem, o que importa é criar são entre reduzir ou apressar o passo,
oportunidades de relações saudáveis um retorno súbito para o interlocutor
que possam, no exercício educacional, para proferir uma última palavra no
ser capazes de criar coletivamente um último instante... Enfim, recursos mais ou
ethos que expresse acima de tudo o menos refinados – a depender do grau
pertencimento dos que ali interagem. de intimidade que se tem com os inter-
No lugar de regras estabelecidas sem locutores e o grau de etiqueta aí espera-
a possibilidade de diálogo, o principal do – que regulam as interações. Posto
é propiciar o usufruto dos espaços isso, é inevitável questionar se são jus-
como abertura à criatividade, ao refi- tificáveis mecanismos como os sinais
namento das interações, ao zelo pelos sonoros, cortando o fluxo das interações
locais de convivência, ao encorajar um de modo brutal e verticalizado.

Do grego, “hábito”, “costume”. Cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:


“Conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento
(instituições, afazeres, etc.) e da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos
de uma determinada coletividade, época ou região”.
MODELO PEDAGÓGICO 7

Ambientes de Aprendizagem

IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS DOS


ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA ESCOLARES

Muitas pessoas não frequentam equi- que “não se está em aula”. Para mui-
pamentos públicos de cultura – como, tas escolas, as salas de aula não são
por exemplo, bibliotecas e centros espaços exclusivos, nem privilegiados,
culturais – por imaginarem que esses de aprendizagem. A configuração das
espaços não foram feitos para elas. salas de aula (que pode se modificar
Dar o primeiro passo para mudar esse continuamente, conforme as neces-
conceito é parte da missão pedagógica sidades) vai depender das disponibili-
da escola. Por outro lado, nesse mes- dades corpóreas e simbólicas, do nível
mo contexto em que, muitas vezes, os de diálogo, de contato e de trocas que
estudantes esperam tão pouco – ou se quer propiciar. Esse mesmo critério
nada – das instituições de ensino, não pode, inclusive, implicar em aborda-
“ousando” sequer sonhar com um mí- gens pedagógicas fora dessas salas,
nimo alargamento de seus horizontes, para além dos espaços tradicionais de
com a projeção de si próprios no futu- aprendizagem. Portanto, o que se pre-
ro, quando eles se deparam com uma tende abordar aqui é a qualificação dos
escola de educação integral realmente chamados “espaços de convivência”,
transformadora, descobrindo que ali o entendidos como espaços usuais nos
foco é a valorização da vida de cada um, momentos de ócio na unidade escolar,
algo acontece. E esse “primeiro algo” isto é, aqueles momentos em que não
que acontece é, precisamente, de na- se está “em aula”.
tureza espacial: a escola se mostra um Nessa perspectiva, a Biblioteca apa-
espaço novo, pensado nos mínimos de- rece como um espaço muito especial.
talhes para as aspirações dos estudan- Isso porque, mesmo nas escolas em
tes, e isso refletirá em novas disponibili- que a ênfase da docência incide sobre
dades corpóreas para a aprendizagem. as salas de aula, a Biblioteca consegue
É a partir dessa primeira disponibili- conjugar “naturalmente”, em termos
dade corpórea que os estudantes serão de importância, tanto os momentos em
chamados, na Escola da Escolha, desde que se “está em aula” como os momen-
o primeiro dia do ano letivo, à constru- tos em que “não se está”. É um territó-
ção e às práticas em Protagonismo, rio aberto e flexível de múltiplas passa-
porque serão recebidos para uma prá- gens. Por essa razão – e pelos valores
tica chamada “Acolhimento”. A escola e recursos mobilizados pela promoção
se torna então o lugar, por excelência, da leitura, como alteridade, hospitali-
do gesto e, como tal, precisa encorajar dade, ludicidade, ócio criativo, etc. – a
cada vez mais essas disponibilidades, Biblioteca é uma forte aliada na qualifi-
valorizando os espaços de convivência cação dos espaços de convivência. Não
como espaços abertos. impondo a leitura, mas utilizando esses
O que se quer estabelecer aqui é espaços para a expressão e os gestos
a ampliação dos espaços de apren- típicos das atividades da Biblioteca,
dizagem, mesmo nos momentos em oferecendo opções criativas e contan-
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MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

do sempre com o envolvimento dos pelos estudantes. Para tanto, é neces-


estudantes para os momentos de ócio sário que estejam abertos, ou seja,
no contexto escolar. disponíveis para além dos aspectos
Contudo, não se quer defender aqui meramente funcionais para os quais
que é preciso estar sempre “aconte- foram pensados, possíveis para outras
cendo alguma coisa”, deliberadamente, disponibilidades e expressões corpo-
nesses espaços. Garantir também con- rais que ultrapassem as “típicas” pos-
dições para o aconchego, para a soli- turas exigidas nas escolas.
dão e para o silêncio, é extremamente Naturalmente, essa ampliação do
importante para que os estudantes, uso dos espaços de convivência se re-
que ficam o dia inteiro fora de casa e fletirá para além do domínio do prédio
muitas vezes não têm essa possibili- escolar. Em uma relação de mútuos
dade de trabalho interior no ambiente reflexos, o que se aprende dentro da
doméstico, possam ter seus momen- escola se aplica também fora dela, e
tos de devaneio tranquilo, de sonho, de o que se aprende fora da escola pode
pequenas trocas subjetivas em grupos também qualificá-la nas dimensões
reduzidos, elaborando suas percepções aqui tratadas. Esse é um fator que não
pessoais. Entre os estudantes, sempre pode ser desconsiderado, uma vez que
vai haver aquele cantinho favorito de põe em jogo a apropriação do direito
determinados grupos, ou mesmo de um ao usufruto de todos os espaços dis-
único indivíduo. E tanto quanto os mo- poníveis na cidade – praças, teatros,
mentos de trocas coletivas entre todos centros culturais, bibliotecas etc. – e
os estudantes, esses pequenos agen- na demanda por políticas públicas para
ciamentos e aconchegos mais restritos que se criem outros. Além disso, põe
devem ser respeitados. em questão em que medida as esco-
Onde, afinal, “estaria” isso que te- las podem contribuir para que outras
mos chamado de “espaços de con- pessoas da comunidade na qual elas
vivência?”. Ora, esse local estaria se inserem usufruam dos seus equipa-
em tudo aquilo que todas as escolas, mentos como bem culturais. E isso será
pelo simples fato de serem um pré- possível de diferentes formas, como
dio escolar, já possuem: corredores, convidando as pessoas para os eventos
quadras, pátios, refeitórios, quios- escolares, possibilitando – por meio de
ques, antessalas, salas ociosas etc. funcionários disponíveis ou estudantes
E mesmo naquelas escolas em que, voluntários – a abertura da Biblioteca
durante a elaboração do projeto arqui- aos finais de semana, a concessão do
tetônico, foram pensados espaços es- uso da quadra às pessoas da comuni-
pecialmente para essas interações em dade, oferta de atividades recreativas
momentos de ócio, todos os outros para as crianças da “vizinhança”, ofici-
espaços continuam a demandar in- nas de todos os tipos, ministradas por
vestimentos criativos e afetivos como estudantes ou por pessoas da comuni-
lugares de encontro que são. Importa dade que queiram contribuir com seus
muito que todo o projeto espacial da talentos e múltiplas habilidades.
escola esteja à disposição das múlti- Com toda essa abertura necessária
plas intensidades possíveis propostas às demandas criativas da comunidade
MODELO PEDAGÓGICO 9

Ambientes de Aprendizagem

escolar, novos espaços poderão ser esclarecimentos sobre determinados


criados ou reconfigurados, de forma assuntos do momento ou de utilidade
fixa ou provisória. Por exemplo, a pública, jogos, circulação de jornais
construção de um jardim, de uma horta, escolares, fixação de quadros informa-
brinquedotecas, galerias para mostras tivos, audições musicais, instalações
diversas, ateliês para diferentes ofi- e performances artísticas, projeções
cinas, acervos itinerantes, postos de audiovisuais etc.

DICAS PARA OS ESPAÇOS


DE CONVIVÊNCIA NA ESCOLA:

São inúmeros os estudos sobre a Aqui consideramos apenas os ambi-


“arquitetura da pedagogia” com relação entes que não foram tratados no
a estratégias, metodologias e tecnolo- Caderno Modelo Pedagógico:
gias para a promoção do ensino e do Metodologias de Êxito da Parte
aprendizado, dentre outros. Mas são
Diversificada do Curriculo
restritos os estudos que tratam da in-
fluência da arquitetura na educação, considerar a imensa influência da esco-
de modo particular, a escola como am- lha dos materiais, a natureza e as suas
biente arquitetônico e sua interferên- cores no comportamento humano.
cia no processo de aprendizagem e de A arquitetura tem a responsabili-
desenvolvimento de pessoas, conside- dade de construir esses espaços con-
rando a influência das estruturas espa- siderando que eles interferirão por
ciais sobre o comportamento humano. gerações na vida das pessoas. E a
Ainda que restritos, esses estudos pedagogia deve interagir para criar um
indicam a existência de uma área que ambiente estética e pedagogicamente
vem ganhando importância entre os agradável e estimulante para toda a
educadores quando se analisa o pro- comunidade escolar.
cesso educacional como um todo:
o bem-estar do estudante e sua Os corredores, seus murais,
relação com o ambiente escolar.
painéis… e plantas!
O papel do meio físico, da estrutura
onde se dá o ensino, onde se proces- As paredes destes ambientes devem
sam as inúmeras interações, onde se abrigar murais e painéis que comunicam
convive e onde todos passam grande informações, campanhas, projetos e
parte do seu tempo, fez surgir o que a simultaneamente revela ideias e valores
literatura chama de Arquitetura Escolar. da escola, tornando ainda mais presente
Espaços coletivos são concebidos a escrita na rotina escolar. Os corredores
e edificados por meio do domínio do são ambientes que, além de serem pas-
conhecimento técnico (da arquitetura, sagens e espaços de comunicação, apro-
das engenharias) e nessa concepção ximam as pessoas, favorecem a inte-
há que se ter a responsabilidade de gração da comunidade e estimulam a
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MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

criação da própria identidade escolar. de outros recursos para mobilidade, a


Nesse sentido, humanizá-los e torná-los exemplo da bicicleta. Portanto, deve ser
agradáveis é fundamental. Para tanto, assegurada área para bicicletário.
temos que observar: Observar:
• a altura onde são afixados os painéis e • o espaço destinado para a permanên-
murais, tendo atenção com o tamanho das cia dos automóveis não deve ser localiza-
letras, a harmonia das imagens e das cores; do próximo às janelas das salas de aula,
• atualizar periodicamente os informati- para impedir tanto os ruídos como a cria-
vos, avisos etc. Informação de interesse ção de reflexo da luz nos pára-brisas, que
público com data vencida passa a men- ofuscarão os usuários das salas;
sagem de descuido com a comunicação • algumas prefeituras disponibilizam
e de desinteresse pelas pessoas; bicicletários móveis em estrutura
• o mural na entrada da escola é um bom metálica, que podem ser destinado
local para afixar um grande quadro com às escolas.
as imagens, os nomes e suas respec-
tivas atribuições de todas as pessoas O jardim das plantas...
que compõem a equipe escolar; e das pessoas!
• dispor vasos de plantas ao longo dos
corredores nem sempre significa custo A existência de jardim é altamente reco-
para o orçamento escolar. Pode-se mendável na escola e, se possível, também
promover uma grande campanha na se deve criar uma área cultivável onde
escola para torná-la “verde” por meio poderão ser desenvolvidos projetos de
da doação desde “estudantes, educa- educação ambiental e de valorização da
dores e visitantes”, de vasos, sementes fauna e flora locais.
e mudas de fácil plantio. Além disso, Observar:
as atividades de regar e podar são ex- • é necessário especificar o tipo de
celentes oportunidades para integrar vegetação (trepadeira, hera, arbusto,
a comunidade e corresponsabilizá-la sombreiro, flores, grama etc.), impe-
pela manutenção da “vida verde” que dindo o cultivo de plantas cujas raízes
foi concebida coletivamente; possam, ao longo do tempo, danificar
• nos corredores também podem ser a estrutura predial ou que não ofereçam
dispostos os armários (escaninhos) dos áreas sombreadas. Nesse caso, priori-
estudantes, organizados de maneira que zar a indicação de plantas de fácil culti-
não obstruam as passagens. vo e que ofereçam demanda mínima em
termos de rega, poda e adubação.
O estacionamento dos auto-
móveis e bicicletas também! A sala dos professores
Em geral, o estacionamento para auto- A sala dos professores tem a dupla fun-
móveis prioriza professores, gestores, ção de servir de sala de estar e convivên-
funcionários e visitantes, devendo re- cia dos professores durante os intervalos
servar vagas para pessoas com defici- das aulas, bem como local para estudo
ência e idosos, conforme legislação. deles próprios, preparação de aulas, ava-
Mas é importante estimular a adoção liação de trabalhos e provas etc.
MODELO PEDAGÓGICO 11

Ambientes de Aprendizagem

Observar: A entrada da escola: A primeira


• que a sua localização seja privilegiada impressão é a que fica
em relação às salas de aula, favorecen-
do o acesso dos estudantes aos seus A entrada da escola, seus portões,
professores, além de ampliar as possi- muros e calçadas contam muito na
bilidades de integração desses grupos; hora de acolher alguém. E a escola
• que seja um ambiente confortável, é esse ambiente que acolhe para a
agradável, arejado, provido com vida que se processa a cada instan-
condições para que as pessoas sejam te, em cada canto e em todos que
estimuladas a conviver e também dis- nela habitam.
ponham da condição de estudar e de Observar:
trabalhar juntos. • para que não existam resíduos de
obras, lixo de qualquer natureza ou
O refeitório é de todos quaisquer outros objetos que não
componham a “paisagem” da entrada
É o ambiente destinado ao consu- da escola;
mo das refeições pelos estudantes, • é sempre uma boa estratégia man-
educadores e gestores. É também ter pincel e balde de tinta disponíveis
um espaço de convivência e de apren- para eventualmente ter de “apagar”
dizagem, devendo oferecer infra- uma sujeira feita por alguém que
estrutura para que todos façam as não aprendeu ainda que não se deve
refeições sentados. sujar as paredes ou muros. Lim-
Observar: par imediatamente o que foi sujo,
• no refeitório também se aprende. além de educar, passa uma mensa-
Ele deverá dispor de paredes para a gem positiva de cuidado e respeito
colocação de murais, que divulgarão pelo patrimônio;
comunicações relativas à rotina de • a recepção da escola é local de
utilização do espaço e de outras de encontro e também de espera. As-
caráter pedagógico e que estimulem segurar que existam assentos (ca-
a natureza educativa desse ambien- deiras ou bancos) adequados para
te, como as campanhas de bem es- as pessoas que necessitam espe-
tar e qualidade de vida, alimentação rar pelo atendimento é importante.
saudável, contra o desperdício de Disponibilizar um cesto com revis-
alimentos etc.; tas, jornais e livros é uma excelente
• disponibilizar baldes com sacos oportunidade para comunicar que
plásticos para os resíduos das refei- ali todos são convidados a se man-
ções, que serão depositados pelos terem bem informados;
usuários do refeitório; • os troféus, homenagens, pre-
• aderir aos depósitos para coleta se- miações recebidas pela escola são
letiva de lixo é recomendável. Mas não m ot iv o de orgu lh o e dev em ser
adianta estimular os estudantes no re- compartilhados. Uma vitrine para
feitório se nas salas de aula e demais exposição colocada na recepção
dependências da escola não for adota- valoriza a conquista e a torna um
da a mesma prática. prêmio de/para todos.
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MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

AS SALAS TEMÁTICAS

Afinal de contas, o que


são as Salas Temáticas? A organização das Salas Temáti-
cas deve considerar a presença
As Salas Temáticas representam uma e as necessidades de estudantes
ruptura no tradicional aproveitamento com deficiência. O exemplo mais
do espaço da sala de aula. São am- simples é quando há estudantes
bientes onde se realizam as aulas pre- cegos. Nesse caso, é interessante
vistas no currículo escolar e deverão
que eles sejam informados caso
ser equipadas com recursos tecnoló-
haja mudanças de móveis, equipa-
gicos e ambientadas de acordo com a
mentos ou objetos para que a troca
disciplina que abrigarão. Seu funcio-
namento é aquele em que o estudante não signifique obstáculos. Além
é quem muda de sala conforme a aula, disso, devem ser disponibilizados
o que o impele a ter senso de corres- máquina de escrever em braille,
ponsabilidade e protagonismo com o sorobã e pranchas de comunica-
fazer pedagógico. ção suplementar. Na presença de
alunos com autismo ou Síndrome
de Asperger, vale consultar suas
Durante uma sessão de acompa- famílias ou terapeutas de apoio
nhamento escolar, na reunião para saber como se portar frente
com os líderes de turmas e às especificidades desses estudan-
presidentes de Clubes, questio- tes em ambientes que se reconfi-
nou-se o porquê da mudança guram rotineiramente. Esses são
apenas alguns exemplos.
de sonoridade da escola (de um
ambiente agitado, nervoso e
Recomenda-se que o próprio estu-
barulhento para um que revelava dante com deficiência, em primei-
a presença e o movimento das ro lugar, sua família e seus apoia-
pessoas, que ali estavam). Para dores (terapeutas, por exemplo)
um dos estudantes, o motivo possam ser consultados nos casos
havia sido a implantação das em que a mudança possa gerar
algum desconforto a ele. O impor-
Salas Temáticas, que significa-
tante é ressaltar que a presença de
va, no olhar dos estudantes, que
estudantes com deficiência não é
o movimento agora era de ir à um obstáculo para a implantação
sala do professor e não de das Salas Temáticas. Ao contrário,
recebê-lo no seu espaço, movi- eles se beneficiarão desse recurso,
mento que pedia mais respeito e como os demais estudantes.
parceria com os mestres.
MODELO PEDAGÓGICO 13

Ambientes de Aprendizagem

Porque implantar • o cultivo do respeito pelo espaço


Salas Temáticas na escola? público na circulação onde outros
estejam realizando atividades que
A sala de aula é um dos locais onde se requerem silêncio e atenção;
processa o ensino e a aprendizagem e, • o uso cuidadoso do patrimônio esco-
por consequência, de estabelecimento lar, tanto mobiliários quanto ambien-
de relações de troca, de reciprocidade tes, que não se restringe ao da sua pró-
entre o educador e o educando. Nesse pria sala de aula;
ambiente, todos estão juntos e são ex- • o desenvolvimento de senso de res-
postos igualmente aos mesmos estímu- ponsabilidade e de percepção de grupo;
los educativos, seja pelas trocas realiza- • a potencialização de vivências de
das ou pelos recursos disponíveis em comportamentos socioemocionais, co-
seu ambiente. mo autocontrole, perseverança, obsti-
Com as Salas Temáticas e a adequa- nação, entre outros.
da utilização dos recursos, os estudan-
tes terão mais estímulos por meio de
um ambiente mais funcional, ajustado SALAS TEMÁTICAS
ao desenvolvimento das aulas e atrati-
vo ao aprendizado.
Para os educadores, as Salas Temá-
ticas possibilitam:
Respeito Espírito Espírito
• a organização do próprio espaço ali- Gregário Gregário
nhado aos conteúdos;
• a liberdade e diversificação de
metodologias de ensino;
• a otimização do tempo pedagógico;
• a criação de um ambiente mais fun- Salas
Autogestão Entusiasmo
cional, que dialoga por meio de recur- Temáticas
sos variados com a disciplina e/ou área
de conhecimento que acomoda;
• a potencialização do tempo pre-
visto de aula, já que os materiais/
recursos tecnológicos estão previa- Autoregu- Iniciativa Esforço
lação
mente disponíveis;
• a observação de determinados com-
portamentos socioemocionais que
estão sendo mobilizados nos alunos
frente às demandas de autogestão e
Responsabi- Foco Outros
autorregulação. lidade
Para os estudantes, a movimenta- Outros
ção gerada pela troca de salas contri- Outros
bui para:
• o desenvolvimento da autorregula-
ção do seu tempo;
14
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

As Salas Temáticas dão subsídios As Salas Temáticas devem perma-


necessários à aprendizagem dos estu- necer abertas durante os intervalos, o
dantes para a construção dos Projetos que favorece a criação de um ambiente
de Vida. São espaços coletivos e indi- social mais respeitado e respeitoso
viduais para eles desenvolverem suas pelos estudantes.
capacidades, intensificarem suas rela- O aprendizado dessa dinâmica por
ções com a escola e seus recursos e de- toda a equipe escolar e estudantes é
senvolverem autonomia de forma mais muito importante para assegurar o su-
responsável, deixando de ser um recep- cesso da sua implantação. As primei-
tor passivo, se tornando um ser cons- ras semanas de aula são fundamentais
trutor do seu próprio conhecimento. para iniciar a rotina que será vivida por
todos a partir de então. Isso deman-
dará a implantação de estratégias, a
avaliação da sua efetividade e, se for
o caso, a definição de outros recursos
E como são implantadas
que envolvam os próprios estudantes.
as Salas Temáticas na escola?

As salas deverão ser ambientadas com


os recursos relacionados à respecti-
A comunicação visual
va disciplina. Cada professor, apoiado existente nas escolas deve
pela gestão escolar, deve caracterizar ser compreendida por
suas salas e solicitar outros materiais, pessoas com todos os
de acordo com as suas especificidades tipos de deficiência.
e recomendações, conforme previsto
Os quadros de avisos
nos Guias de Aprendizagem e Progra-
e placas de sinalização
mas de Ação. A participação dos es-
tudantes na caracterização das salas e orientação de usuários
também possibilita maior integração devem ter textos curtos,
e corresponsabilização no desenvolvi- com letras grandes,
mento da rotina das Salas Temáticas. acompanhados de símbo-
A implantação das Salas Temáticas los e devem ser colocados
deve ser feita no início do ano letivo,
no nível dos olhos de uma
desde o primeiro dia de aula. É im-
portante assegurar boa comunica-
pessoa em cadeira de
ção visual na escola, garantindo que rodas. Devem ser instalados
os estudantes aprendam a circular sinais de alerta com luz
adequadamente entre os ambientes. para avisar aos usuários
Deverão ser afixados nas portas de surdos de eventuais
cada sala os nomes dos seus respec-
emergências
tivos ambientes (Sala de Matemática,
Sala de Geografia etc.), seja por pintu-
ra, adesivo ou outro meio que comuni- (http://saci.org.br/pub/livro_educ_
que visualmente. incl/redesaci_educ_incl.html)
MODELO PEDAGÓGICO 15

Ambientes de Aprendizagem

A ambientação

É recomendável ambientar as salas com: • lápis de cor, giz de cera, tesouras,


• quadros decorativos, calendários, tubos de cola etc., além de armários
mapas e figuras ilustrativas, que confi- para guardar esses materiais;
gurem estímulos visuais atraentes; • ventiladores em quantidade suficien-
• relógio de parede; te para atender a todos;
• quadro branco; • conjunto de estantes/armários (es-
• smart TV de pelo menos 50’ com caninhos) para revistas, dicionários e
entrada para pen drive; materiais de referência, que permanece-
• aparelho de som com entrada rão na sala para atendimento imediato
para CD; das necessidades dos estudantes;
• aparelho de DVD; • conjuntos de mesas e cadeiras para
• estante com acervo de referência os estudantes.
da respectiva disciplina, como livros,
revistas, dicionários etc.

© Escola Estadual Prefeito Nestor de Camargo


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MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

OS LABORATÓRIOS DE CIÊNCIAS

Os laboratórios de Ciências são espaços escolares privilegiados para a experiência


prática dos conhecimentos teóricos aprendidos pelos estudantes em sala de aula
e para o desenvolvimento de competências fundamentais para a sua vida.

Introdução
A busca do desenvolvimento social das as ideias humanas, é uma história
com equidade tem sido um objetivo de sonhos irresponsáveis, de teimo-
permanente das civilizações. Para se sias e de erros. Porém, a ciência é uma
atingir essa visão, sabe-se hoje que das raras atividades humanas, talvez a
existe uma série de pressupostos: única, em que os erros são sistemati-
• Desenvolvimento Social pressupõe camente assinalados e, com o tempo,
desenvolvimento econômico. constantemente corrigidos”.
• Desenvolvimento Econômico pressu- É evidente que as Ciências Naturais
põe desenvolvimento tecnológico. e o método científico contribuíram para
• Desenvolvimento Tecnológico pres- o desenvolvimento dos múltiplos sabe-
supõe desenvolvimento do conheci- res da humanidade: mede-se, pesa-se
mento. e se analisa o Sol, avalia-se o número
• Desenvolvimento do Conhecimento de partículas que constituem o univer-
pressupõe uma educação de qualidade. so, decifra-se a linguagem genética que
Uma Educação Tecnológica de qua- informa e programa toda organização
lidade pressupõe o ensino das Ciências viva, domestica-se a energia nuclear e,
Naturais calcado em uma sólida base assim, atingem-se progressos tecnoló-
matemática, de forma que teoria e prá- gicos em todos os domínios da ativida-
tica se complementem, e o estudante de humana. A Ciência é esse esforço
se estimule e se excite ao descobrir que natural da condição humana e o cien-
entender os fenômenos da natureza é tista é a figura que pode ser educada
entender a própria essência da vida. em todos.
A beleza da ciência reside na ideia É a tecnologia que hoje permite a
de que a certeza teórica deve ser comunicação entre indivíduos prati-
abandonada para dar lugar ao que camente em tempo real, possibilita
afirma o austro-húngaro Karl Popper, as múltiplas formas de entretenimen-
um dos grandes filósofos liberais to sem sair de casa, fornece o acesso
da Ciência do Século XX: há um pro- rápido à informação acumulada pela
gresso que pode ser ultrapassado e humanidade no decorrer de toda sua
que permanece incerto. Hoje, à luz de história, oferece diagnósticos médicos
todas as descobertas produzidas pela cada vez mais precisos, aumentando a
humanidade, há de se concordar que qualidade e a expectativa de vida das
“a história das ciências, como a de to- pessoas. Some-se a esse conjunto de
MODELO PEDAGÓGICO 17

Ambientes de Aprendizagem

conquistas a comprovação de que os área, as verdades são temporais.


anos de escolaridade tecnológica de Tais práticas são também uma opor-
uma população são um dos principais tunidade para a escola promover ativi-
definidores do seu PIB per capita. dades e observar como os princípios
A escola é o espaço que agrega o pedagógicos do Modelo estão sendo
binômio ciência-formação, segundo movimentados no cotidiano escolar.
a interação educador-estudante. A
Escola da Escolha define estratégias
para estimular no estudante e em seus A Natureza Pedagógica
professores a vontade de fazer ciência dos Laboratórios de Ciências
e felicitá-los pela oportunidade de po-
derem ser o sujeito nessa aventura de Ao considerar a escola como um
descortinamento do mundo por meio laboratório de ensino-aprendizagem,
de seu exercício. Aprender Ciências sig- compreende-se que os Laboratórios
nifica, por um lado, aproximar-se das de Ciências são potencialmente mais
grandes linhas do pensamento cientí- que recursos didáticos. São espaços
fico e, por outro, desenvolver o pensa- privilegiados de ressignificação da
mento lógico. É assim que se torna ca- experiência.
paz de analisar uma situação, identificar A importância da experimentação
aspectos relevantes e secundários e, prática é inquestionável no ensino das
dessa forma, elaborar uma explicação, Ciências e deve ocupar lugar desta-
descobrir implicações, estabelecer suas cado na sua condução. No entanto,
inter-relações, levantar hipóteses para, o aspecto formativo das atividades prá-
então, confirmá-las ou negá-las. Assim, ticas experimentais tem sido, de ma-
as pessoas se tornam observadoras de neira geral, negligenciado ao caráter
fenômenos para poder reproduzi-los, superficial, mecânico e repetitivo, em
traduzi-los sob a forma de equações detrimento dos aprendizados teórico-
matemáticas e, assim, identificar suas -práticos que se mostrem dinâmicos,
aplicações práticas. processuais e significativos.
Este material busca estimular nos Dessa maneira, a formação de uma
professores de Ciências a convicção atitude científica está intimamente
de que as práticas desenvolvidas nos vinculada ao modo como se constrói o
laboratórios permitem uma ampliação conhecimento. As práticas executadas
do grau de compreensão do mundo nos laboratórios contribuem para o de-
que cerca o estudante no seu cotidia- senvolvimento de conceitos científicos,
no, dando suporte conceitual e proce- além de permitir que os estudantes
dimental para enxergar o seu entorno aprendam como abordar objetivamente
e encontrar explicações. O estudante fenômenos e como desenvolver solu-
deve ser levado a entender que nas ções para problemas complexos. As
ciências não existem perguntas proi- aulas práticas de Ciências proporcio-
bidas nem pessoas ou coisas acima de nam espaços de vital importância para
qualquer crítica ou isenta de questiona- que o estudante seja atuante, cons-
mentos, mas buscas permanentes. A trutor do próprio conhecimento, des-
Ciência é o entendimento de que, nessa cobrindo que a Ciência é mais do que
18
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

aprendizagem de fatos. global de cada disciplina. Além do rela-


Por sua característica interdiscipli- tório, outros elementos são considera-
nar, no ensino de Ciências Naturais, dos para a avaliação, como liderança,
a atividade experimental exerce impor- concentração, desenvolvimento das
tante papel na superação de problemas rotinas e obediência às regras de segu-
na educação científica fundamental, rança.
proporcionando desenvolvimento inte-
gral, dinâmico e globalizado, superan- Trabalhos em grupo: Nas atividades
do a visão de ciência compartimenta- ligadas ao Protagonismo, há trabalhos
lizada, estanque em relação a outros especiais que usam o ambiente e os
conhecimentos, dissociada, portanto, do materiais do laboratório. Grupos de
mundo e da vida. estudantes desenvolvem essas ati-
Ao lidar com o mundo científico vidades sob a supervisão de profes-
nesta perspectiva, os laboratórios são sores e/ou monitores. Entre essas
espaços potenciais para o fomento e a atividades, destacamos os grupos
visualização de como possíveis compe- que fazem preparação específica para
tências socioemocionais estão sendo Olimpíadas de Matemática, Física,
desenvolvidas nos estudantes e pelos Química, Robótica e Astronomia.
estudantes. É por meio da resolução
de problemas científicos e de suas rela- Aulas experimentais de demons-
ções diretas com o mundo em que vive tração: Determinados equipamentos
que cada um pode vislumbrar seu pa- são adequados para aulas demons-
pel no mundo e aprender quais forças trativas, preferencialmente realizadas
deverá movimentar para dar sua con- nas Salas Temáticas, onde há uma
tribuição ao universo ao qual pertence. ambientação que envolve o estudan-
te e cria uma atmosfera específica
Funcionamento dos para temas relativos à determinada
Laboratórios disciplina.

Os Laboratórios do Modelo Escola da As aulas de experimentação nos


Escolha dão suporte a três atividades laboratórios são distribuídas na grade
principais: curricular dos estudantes, conforme
definição local. Geralmente compõem
Aulas experimentais com manipu- um percentual da nota da disciplina
lação: Turmas teóricas em Biologia/ (Biologia, Química, Física, Matemática,
Química e Física/Matemática: os expe- Ciências), como definido pela equipe
rimentos do semestre são elaborados escolar. São ministradas pelo profes-
e os grupos se revezam a cada sema- sor da disciplina, antecedidas sempre
na, completando, ao final, um conjunto de aulas teóricas sobre os conteúdos
previsto para o período, conforme o trabalhados.
desenvolvimento teórico. Os estudan- O professor é responsável por pla-
tes realizam as experiências com base nejar todas as atividades ou exercí-
nas diretrizes existentes e elaboram cios práticos, ajudando o estudante a
um relatório que vale para a avaliação estabelecer relações entre a teoria e os
MODELO PEDAGÓGICO 19

Ambientes de Aprendizagem

experimentos. É necessário estabele- Laboratório de Ciências


cer rotinas metodológicas para integrar e Projeto de Vida
as atividades práticas aos conteúdos
dados em sala de aula, como, por exem- A associação com o Projeto de Vida
plo, integrar trabalhos de pesquisa se dá pela valorização dos conheci-
em biblioteca, vídeos, filmes, estudo de mentos prévios dos estudantes, do
caso, tarefas escritas, entre outros. desenvolvimento da autoestima e
O trabalho no laboratório pode ser do autoconhecimento, do estímulo
usado para demonstrar um fenômeno, à reflexão, do levantamento de hipó-
ilustrar um princípio teórico, coletar teses e da contextualização a partir
dados, testar uma hipótese etc. da sua realidade e de seu cotidiano.
O importante é que a prática leve os Os laboratórios são espaços vitais
estudantes a descobertas de manei- para que o estudante vivencie e teste
ra cada vez mais autônomas e por suas capacidades e seja construtor
meios diversificados. do seu conhecimento.

O QUE É? O QUE NÃO É?


• Experimentação como prática cientí- • As atividades práticas não são meras
fica. demonstrações.
• União entre a teoria e a prática. Elo en- • O centro das atenções não é o profes-
tre o abstrato das ideias e o concreto. sor e sim o experimento.
• Apoio à interdisciplinaridade e à trans- • Justaposição de conteúdos.
disciplinaridade dos conteúdos. • Resolução de problemas imaginários.
• Resolução de situações-problema • Repetição dos conteúdos da aula
do cotidiano. “teórica”.
• Construção de conhecimentos e re- • Teoria e prática desarticuladas.
flexão sobre diversos aspectos e suas
inter-relações.
• Indissociabilidade entre teoria e prática.

© Ginásio Pernambucano
20
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

A BIBLIOTECA DA ESCOLA
A Biblioteca da Escola e sua tarefa Pedagógica

A Biblioteca, por ser parte da escola, relações mediadas pelas atividades


tem importância capital no processo de leitura de maneira dialógica, estão
de formação de todos os estudan- também implicadas as dimensões do
tes, sobretudo quando integrada ao Aprender a Fazer, Aprender a Conviver
conjunto de ações do projeto escolar. e Aprender a ser. Nesta perspectiva de
Dessa forma, promove a leitura para espaço/ação, a Biblioteca e seu acervo
além do espaço-aula e se afirma como devem ser acessíveis a todos, conside-
mediadora da construção do conhe- rando as especificidades dos estudan-
cimento, dando suporte à realização tes com deficiência matriculados na
de pesquisas, estimulando a leitura, a unidade escolar.
escrita, a argumentação, a formação Tendo isso em vista, a ampliação e
de repertório cultural, a interação dia- diversificação dos instrumentos e das
lógica, dentre outras competências. A fontes de acesso à informação e ao
Biblioteca se destaca, sobretudo, conhecimento, bem como a multipli-
dada a amplitude de seu acervo e das cidade de abordagens metodológicas,
diferentes mídias disponibilizadas, devem ser praticadas por todos os edu-
como uma articuladora de processos cadores que atuam no projeto escolar,
interdisciplinares de formação. dentre os quais o bibliotecário, junto a
É nela que todos os estudantes se todo o alunado da escola.
aprofundam nos temas do currículo Recomenda-se, pois:
escolar e conhecem outros assuntos Currículo – Sob a orientação da Coor-
correlatos a esse tema inicial, muitas denação Pedagógica, os professores
vezes para além dos domínios da disci- devem estimular a leitura de textos di-
plina em que tal tema foi proposto. versos relacionados às especificidades
Por meio de suas dinâmicas próprias, de suas disciplinas.
da conjugação de diferentes saberes Professores – Estimular o uso da
de áreas diversas que se mobilizam Biblioteca Escolar pelos professores na
simultaneamente no ato de pesquisa, condição de usuários, de maneira que
a Biblioteca da escola exerce um papel seus estudantes possam identificá-los
fundamental na perspectiva dos Qua- também como bons leitores.
tro Pilares da Educação, principalmen- Parceiros – Identificar, captar e man-
te o “Aprender a Conhecer”. Mas por ter parcerias com instituições que
outras dinâmicas características desse apoiem e desenvolvam práticas de
equipamento, como a qualificação das incentivo à leitura e à escrita.

Como as nossas bibliotecas passarão a ser mais


valorizadas neste século de conteúdo virtual?
MODELO PEDAGÓGICO 21

Ambientes de Aprendizagem

Metodologias de de ampliar seu repertório literário.


É importante que o professor valorize a
promoção de leitura
Biblioteca e a torne sua aliada no fazer
pedagógico, transformando-a em uma
A dimensão não cognitiva extensão da sala de aula.
implicada nas práticas de g) Promover encontros lúdicos perió-
dicos de promoção de leitura com pais
leitura, sobretudo literárias,
e familiares de estudantes e funcioná-
será abordada adiante. rios da escola.
h) Orientar os estudantes na Pesquisa
a) Desenvolver uma agenda de ativida- Escolar.
des de suporte ao projeto pedagógico i) Considerar os estudantes com de-
da escola. Essa ação deve ser planejada ficiência. É recomendável um serviço
em conjunto com os professores e a de orientação estimulante e adequa-
coordenação. As atividades de promo- do às necessidades dos diversos tipos
ção da leitura devem envolver aspectos de usuários, ampliação do prazo para
culturais e de aprendizagem. Existe devolução de títulos e outros mecanis-
uma ligação direta entre o nível de lei- mos, como cartões autorizando outra
tura e o desempenho escolar. pessoa que não o próprio estudante a
b) Realizar eventos para ampliação, retirar e devolver livros.
atualização e divulgação frequente das j) O bibliotecário precisa estabelecer
aquisições do acervo, tanto de livros, um relacionamento estreito com os
periódicos acadêmicos e científicos estudantes, com os professores, com
quanto de jornais, revistas, vídeos etc. os profissionais de apoio e demais fun-
c) Formar o bibliotecário para atuar em cionários e os pais ou responsáveis
um ambiente que fomente a criação dos estudantes. É imprescindível que
da cultura da leitura juntamente com visite regularmente as salas de aula, di-
todos os estudantes, articulando dife- vulgando as atividades da Biblioteca e
rentes aspectos do repertório cultural. que, ao longo da sua atuação, se torne
d) Criar ambientes confortáveis e um rosto amigável e conhecido na co-
adequados à leitura, de fácil acesso munidade escolar, pois um dos princí-
ao acervo. pios da Biblioteca é a de ser um lugar
d) No caso de bibliotecários e demais de hospitalidade.
funcionários da Biblioteca, participar
das reuniões pedagógicas e dos even-
tos da escola, considerando sua atua-
ção como educador.
f) Desenvolver atividades específicas
para os professores com o objetivo
22
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

A BIBLIOTECA DA ESCOLA
E A PROMOÇÃO DA LEITURA

A convivência com livros de literatura possam fazer uso da livre escolha, con-
em locais variados é essencial para a forme seus interesses – que podem ser
aproximação do leitor e para a desmis- inúmeros, inclusive os aparentemente
tificação da Biblioteca como espaço banais, como gosto pela capa ou inte-
privilegiado de “intelectuais”. Tornando-o resse pelo título. Ao lerem obras de fic-
um elemento rotineiro na vida das pes- ção e de não ficção que correspondam
soas, objeto familiar e de pronto aces- às suas necessidades, os estudantes
so, a Biblioteca se transforma em um são estimulados em seu processo de
ambiente acolhedor e verdadeiramente socialização e no desenvolvimento de
democrático. Ainda nessa perspectiva, sua identidade.
é essencial definir espaços temporários Contudo, é preciso também ter em
em locais estratégicos na escola, em conta que existe, sim, um aspecto nem
que os livros possam estar ao alcance um pouco simples na formação literá-
imediato do leitor (incluindo, mais uma ria. Sendo o ato de ler um gesto social,
vez, as necessidades específicas dos a construção de uma cultura extrema-
estudantes com deficiência), estabele- mente sutil e elaborada, nem tudo é
cendo assim que todo lugar é convida- uma questão só de gosto. Ou se é, pode
tivo à leitura de todos, aumentando os ser problematizado: gosto é também
pontos de contato de estudantes, pro- algo que se ensina, se aprende, se mo-
fessores, funcionários e familiares com difica, se transmite, se problematiza,
esses objetos. Alguns desses pontos como qualquer outro construto social.
podem ser lúdicos e temáticos, valen- Além disso, não gostar de certos auto-
do-se do elemento surpresa e de temas res não é o mesmo que não ser capaz
atuais, mas é importante também que de lê-los. Uma coisa é, provido de reper-
outros desses pontos continuem sendo tório razoável, o leitor preterir determi-
o que são: refeitório, pátio, banheiro, nado autor. Outra coisa é preterir um
sala de professores, recepção, corre- autor por não ser capaz de apreendê-lo.
dor etc., para que não se passe a im-
pressão que o espaço do livro deva ter
uma “aura especial”. É importante que Para se formar repertório, no
se demonstre que lugar de livro é em entanto, é necessário que se acesse o
todo lugar e que a sua mera presença conteúdo dos livros para “além de sua
é o bastante para qualificar os espaços, capa”. A presença de intérpretes de
sem “enfeites” ou acessórios que ve-
Língua Brasileira de Sinais, assistentes
nham a mistificá-lo.
Além de desenvolver atividades
de leitura ou leitores para cegos
de promoção de leitura, é essencial auxiliam na criação do vínculo entre
organizar os livros de forma que os o aluno com deficiência e o universo
estudantes tenham fácil acesso a eles e do livro e da Biblioteca Escolar.
MODELO PEDAGÓGICO 23

Ambientes de Aprendizagem

PRÁTICAS DE LEITURA NA BIBLIOTECA DA ESCOLA


Contação de histórias não é atividade de leitura

Não se trata de desqualificar a con- interessa é o enredo, a narrativa. Sen-


tação de histórias, cuja importância do assim, além da própria voz, pode-
é indiscutível desde os primórdios da mos usar recursos diversos, como
história humana – prática por meio da fantoches, técnicas teatrais, caracteri-
qual, aliás, nos humanizamos. Tam- zação de personagens, sonoplastia etc.
bém não se trata de sugerir que os Já em se tratando de leitura, há uma
projetos de contação de história não mudança sutil, mas substancial. Ao
podem ser realizados na Biblioteca e ler-se um conto, não se muda nenhum
que devem ser substituídos por ati- ponto. Até porque a função da escrita
vidades de leitura. A intenção aqui é é preservar não só a história, mas tam-
apenas diferenciar essas duas práti- bém a forma como ela está registrada.
cas, justamente para que a confusão Na leitura está em questão o estilo do
entre ambas não resulte na preterição autor, o seu trabalho singular com a
daquela considerada mais difícil, que é linguagem, em seu ritmo próprio, sua
a prática de ler. sonoridade, sua laboriosa construção
Contar histórias é uma prática imagética etc. A história do livro Ava-
antiquíssima e eficaz para fortificar e lovara, de Osman Lins, por exemplo,
perpetuar a cultura, por meio da trans- pode ser contado de inúmeras formas,
missão de valores éticos ou morais, mas só quando pronunciada da ma-
de técnicas essenciais à manutenção neira exata como o autor a escreveu é
da comunidade, dos vínculos, dos ri- que se estará em contato de fato com
tos de passagem inerentes aos ciclos a obra. Quando a atividade é leitura,
da vida etc. Passadas de geração para respeita-se cada ponto, cada vírgu-
geração, de “boca em boca”, se ajus- la e a inteireza de cada frase, mesmo
tam e se transformam conforme as quando o que se lê é apenas um frag-
necessidades do momento e do con- mento da obra. É na forma como um
texto. Como a palavra também cura texto é escrito que reside a estética
– pode alegrar, comover, acalentar, literária, e está na singularidade des-
entreter, fazer rir, consolar, enfim, ser sa criação a potência de afetar o leitor
condutora de múltiplos afetos – con- pela linguagem.
tar histórias tem muito de improviso
e adaptação ao contexto e à função a
que se destina, dependendo muito da
impressão que se quer imprimir na Sessão de cinema não
alma daquele que ouve. “Quem conta é atividade de leitura
um conto aumenta um ponto”, e isso
vale mesmo para as histórias escritas. Mesmo quando o filme em questão é
No ato de contar, o material escrito baseado em uma obra literária, assis-
não precisa estar presente, pois o que tir a um filme não é a mesma coisa que
24
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

ler o livro. E aqui não está em questão apossa do corpo do leitor para atingir e
se a obra original é menos ou mais fascinar o público.
interessante: simplesmente não podem Temos um bom exemplo. Qualquer
ser comparadas, uma vez que são lin- um de nós pode dizer que, do alto de
guagens distintas. Ainda que o filme um voo de avião, as coisas aqui embaixo
seja fidelíssimo ao livro, executado da parecem tão minúsculas que um
forma mais exuberante, não é leitura homem, um cavalo e um boi se tornam
e as linguagens continuam sendo dis- verdadeiras formiguinhas. Mas existe
tintas. Dada a especificidade da leitura um outro jeito de dizer isso que só pode
literária desenvolvida acima, compre- ser dito por Guimarães Rosa. Veja só
ende-se que assistir a um filme não é esta pérola do conto ‘As margens da
garantia de que o livro seja mais aces- alegria’: ‘Se homens, meninos, cavalos e
sível ao leitor, pois a experiência cine- bois – assim insetos?’. (Adriano, 2014)
matográfica não é a mesma da litera-
tura. Se, ao final do filme, o livro que o 2. Ler com os outros
inspirou é sugerido aos alunos, trata- “Mediador e participantes se acomo-
se, obviamente, de uma sugestão de dam em círculo. A disposição em círcu-
leitura potencializada pelo filme, mas los é importante, pois aí não há espaço
isso não significa que houve ativida- privilegiado, todos podem se ver mu-
de de leitura. Pode ser, de forma algo tuamente, numa posição favorável às
remota, um ato de incentivo à leitura, trocas. Cada integrante recebe cópias
mas a promoção de leitura só se efetiva do texto a ser utilizado (ou exemplares
por meio da experiência de ler. do livros, previamente selecionados
pelo mediador). Um participante come-
ça a ler um parágrafo em voz alta e pas-
Dois exemplos de sa a vez para o colega imediatamente
atividade de leitura próximo, para que leia o parágrafo
seguinte, e assim por diante.
1. Ler para os outros O mediador conduz as discussões,
“Nessa modalidade de leitura, em- sugerindo, perguntando e, ao final da
bora o enredo da história seja o foco leitura, cada um é convidado a dizer o
principal, uma vez que é o que sustenta que mais o tocou, compartilhando as
a atenção do público diante do leitor, primeiras impressões com o grupo.
a forma como a história foi contada é Ressalte-se que, a qualquer momento,
igualmente relevante e cabe ao leitor mesmo quando do andamento da lei-
respeitar cada palavra, do jeitinho que tura, há espaço para intervenções dos
o autor a escreveu. Diferente da con- participantes, seja manifestando rea-
tação de histórias, que têm muito do ção ao texto, seja levantando dúvidas.
improviso e das invenções de quem Todas as falas devem ser valorizadas,
conta, aqui o livro está presente e cada mesmo as aparentemente ‘ingênuas’;
palavra, cada vírgula e cada ponto traz a função do mediador é estender ao
a marca, não de quem lê, mas do au- máximo seus significados, articulan-
tor do texto. O leitor empresta o corpo do-as com elementos do texto. Os
ao texto do outro; o texto do outro se participantes devem ser estimulados e
MODELO PEDAGÓGICO 25

Ambientes de Aprendizagem

Para que uma atividade como a


proposta atenda estudantes sem e
com deficiência, é imprescindível
resultar em teatro, música, contação
que os materiais gráficos distribuídos
de histórias etc. será uma consequên-
contemplem as especificidades e
cia natural e não a finalidade ou supos-
necessidades de todos os partici- to “ponto de chegada” que por ventura
pantes. Assim, recursos como se pretende com o ato de ler.
escrita ampliada, escrita em braille, Outro aspecto é que a promoção de
presença de intérprete de Libras, leitura não deve estar sujeita a deman-
livro ou texto adaptado com recur- das quantitativas, mas sim qualitativas.
O que se busca é a qualidade da leitura
sos de comunicação suplementar ou
e da relação que se estabelece entre
alternativa são fundamentais para os leitores. Se é tarefa da escola e da
que todos os estudantes sejam, de Biblioteca ampliar o acesso e a fruição
fato, envolvidos na ação. do patrimônio cultural humano, isso se
dá de forma cuidadosa e em um tempo
encorajados à livre associação, a mani- próprio em que as intensidades emer-
festar suas impressões sem receios; e jam – um tempo, pois, diferente dos
o mediador tem o cuidado de articulá- artigos culturais de massa e da cultura
-las com aspectos que, paulatinamen- de indústria. Não é a quantidade o dado
te, vão se ampliando. primeiro, é a qualidade do que está
Ao final de cada encontro, cada par- sendo disponibilizado para leitura. Evi-
ticipante é convidado a dizer qual o dentemente, à medida que incorporam
aspecto da discussão ou do texto que essa cultura leitora, as pessoas pas-
mais o fez pensar. Geralmente este é sam a ler mais – porém sempre esse
um ponto surpreendente, pois ques- “mais” se dará por vias qualitativas e
tões já levantadas podem emergir com não quantificáveis.
formulações totalmente novas, além Naturalmente, as práticas de leitura
de se poder relembrar o percurso que, não precisam – e nem devem – se dar
partindo da leitura, fizemos até a for- de forma sisuda. Devem ser espaço de
mulação das ideias. alegria, de reflexão, de introspecção,
Ao final de cada encontro lemos um do riso, do choro, da ludicidade, do
poema, repetidas vezes, em várias vo- questionamento, enfim, de impressões
zes e tons, para que se apreendam a múltiplas, no tempo próprio exigido
sonoridade, o ritmo, a musicalidade... pelos diferentes tipos de leitura.
Além disso, um poema é fácil de Com isso, não se pretende descar-
memorizar, propõe pausas, sutilezas, tar a leitura de “entretenimento puro”,
respiros”. (Ibidem) mas importa notar que as ações de
Os exemplos acima visam a apenas entretenimento não requerem os es-
reforçar o fato de que, se o que está em forços específicos da formação do
questão é a promoção de leitura, ler leitor no sentido profundo e é por isso
deve ser a prática central e não uma ati- que não estão sendo levadas em con-
vidade superficial ou acessória. Sendo ta aqui, quando o que se quer enfatizar
assim, a leitura aparece como o fazer são práticas pedagógicas transforma-
em si. Caso essa atividade, por força da doras e focadas no Protagonismo e na
criatividade que desperta nos alunos, autonomia plenos dos estudantes.
26
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

A BIBLIOTECA DA ESCOLA E O
PROTAGONISMO: OUTRAS RELAÇÕES

Partindo do pressuposto de que não duas amigas durante o tempo em que


existe leitura sem Protagonismo, uma estiveram confinadas. Ler tem muito de
vez que o engajamento subjetivo é o que habitar mundos outros. Não como fuga
torna o ato de ler uma experiência de si da realidade, como geralmente se diz,
no jogo de múltiplos afetos disparados mas como abertura de rotas possíveis
pelo livro, percebe-se que a leitura em em que, apesar das adversidades do
profundidade implica na elaboração de presente, narramos a nós mesmos.
uma narrativa de si mesmo por parte de “A literatura é mais que diversão.
cada leitor. É pela perspectiva de uma O texto e a leitura literária se supõem
narrativa da própria vida, uma recria- irresponsáveis, mas não no sentido do
ção de significados e abertura de novas esquecimento de si e dos problemas da
possibilidades de mundo, que a leitura vida para poder continuar vivendo-os
é uma experiência fundante: uma reela- naturalmente, mas no sentido de pen-
boração e reorganização constante do sar para nada, pensar para ser, ler para
mundo, em um jogo de atualização e ser, inventar para viver, ler para inven-
virtualização simultâneos. tar, num movimento contínuo, sempre
“A produção literária tira as palavras a estimular e a incomodar. Essa fanta-
do nada e as dispõe como todo articula- sia de que falava Bartolomeu Campos
do. Este é o primeiro nível humanizador, de Queirós. A fantasia de poder mentir
ao contrário do que se pensa. A organi- e mentir-se e construir mundos fantás-
zação da palavra comunica-se ao nosso ticos, e sofrer a dor e a alegria de ser
espírito e o leva primeiro a se organi- outra, sendo eu mesmo. A fantasia de
zar; em seguida, a organizar o mundo”. Queirós é pura contemplação. É esse
(Candido, 2004, p. 177) gesto desinteressado que interessa
Essa é a principal razão por que a quando falamos em direito à leitura:
literatura costuma ser tão evocada em o direito de ser no mundo e de, sendo,
situações as mais adversas. Conta-se, fantasiar e fantasiar-se”. (Britto, 2012)
por exemplo, que em 1940, a jovem Leitores gostam de contar o que se
Milena, amada do escritor Franz Kafka, passou consigo na experiência de lei-
foi enviada a um campo de concentra- tura. São sedentos de alteridade e de
ção junto a uma amiga. Para resistir ao
horror, ambas recorriam aos livros lidos A biblioteca é lugar de livro, mas,
muitos anos antes, mas que ainda tra- acima de tudo, é lugar de gente. É o espaço
ziam de alguma forma organizados na por excelência de encontros que se
memória. Um dos textos mais rememo-
qualificam e se intensificam pela
rados por elas era “Nasce um homem”,
de Maxim Gorki. A história de um jovem
leitura. Propiciar esses encontros para
que ampara uma mulher grávida e fa- todos e estimulá-los frequentemente é
minta, foragida das misérias de seu vi- o que caracteriza a Biblioteca como um
larejo, que foi o universo habitado pelas dos mais nobres espaços de convivência.
MODELO PEDAGÓGICO 27

Ambientes de Aprendizagem

encantamento do mundo. A Bibliote- horizontais, nas quais diferentes mati-


ca como mediadora dessas relações é zes de vozes se encontram e qualificam
também um vetor de formação para a em intensidade essas relações.
autonomia. É parte da cultura leitora, E não se lê apenas para não leitores:
não só o ato de ler, mas o de trocar ex- leitores também gostam de ouvir os ou-
periências de leitura ao mesmo tempo tros lerem, pois a leitura é uma forma
em que se fala de si e em que se ouve a de relação criativa. Nesta perspectiva,
narrativa do outro. Participar de comu- numa atividade inclusiva em que to-
nidades de leitura, pessoalmente ou em dos leiam, leitores com deficiência vi-
ambientes virtuais, favorece a constru- sual podem ler para leitores videntes e
ção de pertencimento e Protagonismo, vice e versa.
tão caros aos adolescentes. Quando As práticas de leitura podem extra-
incorporadas como cultura, essas so- polar os espaços físicos da Biblioteca,
ciabilidades sofisticadas, com todas as se estendendo para diversas áreas de
delicadezas que põem em jogo, regu- convivência da escola. Além disso, pode
lam por si mesmas os encontros, uma ser uma forma bastante hospitaleira de
vez que são inspiradoras da construção aproximação dos pais e familiares dos
de um ethos na comunidade em que a alunos. Ler para os pais é uma ótima
Biblioteca está. forma de inseri-los, por meio de uma
E se mais duas palavras ainda cabem relação genuína, no espaço de aprendi-
sobre a ampliação das possibilidades zagem dos filhos. A esse público podem
de narrar que a leitura propicia: se somar moradores da comunidade de
O que é um Projeto de Vida senão a todo o entorno escolar. Mostrar as di-
construção de uma narrativa de si? versas possibilidades de leitura (como
O que é uma Biblioteca senão o es- braile ou em comunicação suplemen-
paço em que se qualifica e se encoraja tar ou alternativa, ou, ainda, a presença
para o Protagonismo? de intérprete de Língua Brasileira de
Sinais) pode ser um importante exer-
cício de prática inclusiva cujo fim é a
A mediação de leitura oferta de leitura.
e a leitura pública Lê-se também para analfabetos,
para idosos nos asilos, para pessoas
como Protagonismo
hospitalizadas, para cegos não leitores
A leitura, quando efetivamente traba- e leitores, para pessoas que passeiam
lhada, se multiplica. Se a condição pri- pelos parques, pelas praças, em rádios
meira para se promover a leitura é ser comunitárias... Lê-se para todo mundo.
leitor, crianças e adolescentes que leem Inúmeras atividades poderiam ser
são ótimos multiplicadores das práticas acrescentadas em suas múltiplas for-
aprendidas na Biblioteca. Assim, ado- mas: sessões de leitura em voz alta,
lescentes podem ler para os estudan- rodas de leitura, cantinho de leitura
tes menores e os estudantes menores para bebês, leitura compartilhada,
também podem ler para os adolescen- varal de livros, programas de incentivo
tes – não existe hierarquia nas rela- às famílias para frequentar a Biblio-
ções entre leitores, trata-se de relações teca... Organizar saraus e inseri-los
28
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

como parte permanente das progra- de um diário ou de “rabiscos” aparen-


mações culturais da escola também temente aleatórios nas páginas de uma
abre portas para diferentes formas agenda, seja na incursão em grupos de
de Protagonismo. jovens escritores anônimos que prolife-
Privilegiam-se ações de leitura pro- ram nas mídias sociais...
priamente ditas, mas outras ações, vol- Cumpre ainda observar que a Biblio-
tadas para o fortalecimento da cultura teca, sendo esse espaço fabuloso de
leitora, podem e devem ser conduzi- encontro com os outros e consigo mes-
das: seminários, debates, workshops, mo, precisa propiciar tempo e condi-
oficinas etc. ções adequados para os momentos de
Cumpre ainda salientar que, feitas silêncio, às vezes de “solidão leitora”
as distinções entre leitura e contação dos alunos, algo absolutamente ne-
de histórias, contar histórias é também cessário para o trabalho sofisticado da
uma atividade formidável para Bibliote- subjetividade. Em uma realidade como
cas e outras dependências da escola. a brasileira, em que milhões de crianças
Não se trata de trocar uma atividade e adolescentes não têm privacidade em
pela outra, apenas ter em vista os seus casa, nem “direito ao silêncio” nas dinâ-
aspectos próprios – razões pelas quais micas familiares, é forçoso que esse as-
elas não se substituem. pecto seja levado em conta. Assim, não
Convidar autores para conversa- só a Biblioteca, mas também outros
ções na Biblioteca ou para ministrar espaços da escola, podem ser peque-
oficinas de escrita criativa permite que nos nichos para essas introspecções
os leitores percebam que escritores em que se conversa consigo mesmo,
são pessoas como todo mundo. E com em que o silêncio só quer se preencher
isso descobrem que todos podem usar com a melodia literária, com as dimen-
a palavra para além da sua função sões do poético.
meramente comunicativa. Nem todos A relação entre Biblioteca e Protago-
serão escritores, e não é isso que está nismo é vastíssima. Algumas relações
em questão, mas todos podem ela- ainda estão para serem inventadas, e
borar seus afetos em níveis criativos certamente serão, nos espaços onde
de escrita. Ao se apropriarem dessas ideias e práticas são bem vindas. Parti-
outras possibilidades linguísticas, se cipar ativamente da prosa e da poética
apropriam de outras “experiências de do mundo é uma das formas mais po-
si”, seja na prática secreta da escritura tentes de Protagonismo.

A FUNÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR

A riqueza e a qualidade dos recursos importância dispor de pessoal com boa


da Biblioteca dependem dos recursos formação e alta motivação.
humanos disponíveis dentro desse Entender como uma Biblioteca é or-
espaço. Por este motivo, é de grande ganizada traz independência ao leitor,
MODELO PEDAGÓGICO 29

Ambientes de Aprendizagem

para que procure sozinho o livro deseja- Programa de Ação.


do, ou se for alguém que necessite de au- • Desenvolver, acompanhar, avaliar e
xilio para tal ato, saiba quem procurar na sistematizar práticas educacionais,
mesma medida que esta pessoa saberá estudos, consultas e pesquisas, no
como auxiliar. A ideia é que a Biblioteca âmbito da Biblioteca.
da escola forme leitores para serem futu- • Atuar em atividades de orientação e
ros usuários da Biblioteca Pública, que se apoio aos estudantes, para utilização
sintam à vontade nesse ambiente e que o de recursos de Tecnologia da Infor-
percebam como fonte contínua de aces- mação e Comunicação nas áreas de
so à informação e à cultura. pesquisa e produção de materiais em
mídias digitais.
• Subsidiar e orientar programas de
Principais Atribuições preservação e organização da memória
da escola e da história local.
do bibliotecário na
• Incentivar a participação dos pro-
Escola da Escolha: fessores em atividades pedagógicas
• Elaborar o seu Programa de Ação na Biblioteca.
com os objetivos, metas e resultados • Atuar em parceria com outros profis-
a serem atingidos, conforme Plano de sionais, da Biblioteca Escolar ou não,
Ação da Escola. como forma de garantir a participação
• Planejar e executar suas atividades dos estudantes com deficiência na roti-
de forma colaborativa e cooperativa. na desse espaço.
• Desenvolver o Plano de Atividades da • Coordenar, executar e supervisionar
Biblioteca alinhado ao Plano de Ação o funcionamento da Biblioteca, cui-
da Escola. dando da organização e do controle
• Buscar parcerias para o desenvolvi- patrimonial do acervo e das instalações.
mento de projetos e serviços. • Organizar, na escola, ambientes de
• Orientar indicação de acervo es- leitura alternativos, além do espaço
pecífico de acordo com a demanda da Biblioteca.
da escola. • Promover ações inovadoras, que in-
• Incentivar e apoiar as inovações do centivem a leitura e a construção de
Modelo, como por exemplo as Práti- canais de acesso a universos culturais
cas e Vivências em Protagonismo e mais amplos.
o desenvolvimento do Projeto de Vida • Orientar a comunidade escolar e local
dos estudantes. para o conhecimento e valorização da
• Participar das reuniões de planeja- leitura, estimulando a escrita, a criativi-
mento pedagógico, a fim de promo- dade e o senso crítico.
ver sua própria integração e articu-
lação com as atividades dos demais
professores.
• Participar das orientações técnico-
-pedagógicas relativas à sua atuação
na escola e de cursos de formação con-
tinuada, conforme apontado em seu
30
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DA BIBLIOTECA DA ESCOLA

Acessibilidade

As Bibliotecas Escolares, assim como jovem com deficiência de modo a con-


todos os espaços de uso público e tribuir verdadeiramente com o Prota-
coletivo, devem atender ao que propõe gonismo e o empoderamento de todas
o Decreto federal 5296/04, ou seja, as crianças e jovens, sem distinção.
deve ser um lugar acessível a todas A comunicação visual deve ser
as pessoas. compreendida por todas as pessoas
A quebra de barreiras físicas deve que compõem a escola, incluindo os
estar sempre atrelada à quebra das estudantes com deficiência, por meio
barreiras atitudinais traduzidas, por de quadros de avisos e placas de si-
exemplo, no modo como todos olham nalização ou de circulação com textos
e se relacionam com as pessoas com curtos, letras grandes, acompanhados
deficiência. Pensando na autonomia do de símbolos e colocados no nível dos
usuário e no local como espaço verda- olhos de uma pessoa em cadeira de
deiramente democrático de acesso à rodas. Devem ser instalados sinais de
informação e à cultura, é imprescindível alerta com luz para avisar aos usuários
que a Biblioteca seja pensada de acordo surdos de eventuais emergência.
com a ABNT NBR 9050 e os princípios Para que a Biblioteca Escolar seja
do Desenho Universal. Mesmo que a es- um portal para a aventura do conhe-
cola não tenha estudantes, professores cimento para as pessoas com defici-
e funcionários com deficiência, é impor- ência, é preciso que seu acesso físico
tante que todos os espaços, inclusive a seja sem desníveis ou catracas, que as
Biblioteca, estejam prontos para rece- mesas de seu espaço encaixem cadei-
ber esse tipo de usuário. ras de rodas, que se promova o aces-
É fundamental que se atente à im- so virtual (via computador e internet)
portância que a leitura tem para a ao acervo, que se tenha acervo em
criança com deficiência e, sempre que braile, fitas cassete e CD-ROM, lupas
possível, se estimule a comunidade es- ou lentes de aumento, além da presen-
colar, a Associação de Pais e Mestres ça de salas de vídeo com televisores
ou a Biblioteca Pública de sua cidade com sistema de legendas ocultas para
a se adaptar para acolher a criança e o seus usuários surdos (closed caption).

ABNT NBR 9050: norma que regulamenta acessibilidade a edificações, mobiliário,


espaços e equipamentos urbanos – www.abnt.org.br.
Desenho Universal: forma de conceber produtos, meios de comunicação e ambientes
para serem utilizados por todas as pessoas, o maior tempo possível, sem a necessi-
dade de adaptação, beneficiando pessoas de todas as idades e capacidades.
MODELO PEDAGÓGICO 31

Ambientes de Aprendizagem

Espaço Físico a pessoas idosas e com deficiência.


f) Localização central, preferencial-
O tamanho sugerido para uma Biblio- mente em piso térreo.
teca Escolar deve ser pensado de g) Acessibilidade e proximidade, fican-
acordo com o número aproximado de do perto das salas de aula.
leitores que irão utilizá-la, o número h) Dimensão adequada, possibilitando
de livros já existentes e uma previsão espaço para livros de ficção, não ficção,
de crescimento. de diferentes formatos e para diferen-
O espaço da Biblioteca deve ser um tes faixas etárias, conforme o público
ambiente agradável, sinalizado e ade- ao qual se destina, audiobooks, livros
quado para acomodar o mobiliário, o em Braille, jornais e revistas, almoxa-
acervo, o espaço para pesquisa, leitura rifado, mesas de estudo, áreas de lei-
e cantos temáticos, bem como para a tura, postos de pesquisa com compu-
promoção de eventos relacionados aos tadores, áreas informais e um balcão
projetos desenvolvidos na escola para de atendimento.
aproximar a comunidade escolar do i) Espaço para estudos com conjuntos
ambiente literário. de mesas para pequenos grupos, gran-
É importante lembrar de cuidar de des grupos e uma turma inteira em si-
fatores ambientais, como acessibili- tuação de aula formal e que garanta a
dade física, iluminação, temperatura, participação, por exemplo, de alunos
acústica e cores. Atenção especial às com cadeiras de rodas.
cores, pois algumas hiperestimulam as j) Espaço para a produção de trabalho
crianças e os jovens, o que dificulta o em grupo, inclusive para acesso a equi-
convívio na Biblioteca. pamentos multimídia.
As seguintes considerações devem k) Espaço para a equipe administrativa
ser analisadas no processo de planeja- com balcão de empréstimo e trabalho.
mento de organização da Biblioteca: l) Equipamentos específicos para pes-
a) As paredes podem ser coloridas, po- soas com deficiência, como programas
rém em tons claros, pois isso contribui para leitura de telas, entre outros.
para refletir a luz e aumentar o grau de m) Espaço flexível, que permita a
visibilidade. As janelas devem permitir multiplicidade das atividades e futu-
a entrada de luz natural. ras alterações.
b) Os livros devem ficar em local areja-
do e com pouca incidência do sol. Mobiliário
c) O piso deve ser de material resisten-
te e de fácil manutenção e limpeza. Uma Biblioteca Escolar bem equipada
d) Lâmpadas fluorescentes são as mais deve apresentar as seguintes caracte-
indicadas, não só pela economia de rísticas:
energia, mas porque têm baixo poder a) Segurança.
de aquecimento e causam menos da- b) Concepção que permita acomodar
nos ao acervo. mobiliário durável e funcional, propor-
e) Para facilitar o controle e a circulação cionando espaços específicos.
do público, a Biblioteca deve ter somen- c) Concepção que corresponda às ne-
te uma entrada, que deve ser acessível cessidades específicas da comunidade
32
MODELO PEDAGÓGICO
Ambientes de Aprendizagem

escolar, como a presença de alunos, dades agendadas, regulamento, espa-


professores ou funcionários com ço para estudo etc.
alguma deficiência. c) Técnica: Identificação das estan-
d) Concepção que se ajuste às mudan- tes e livros para rápida localização
ças nos programas da Biblioteca, na pelos usuários.
gestão curricular da escola, bem como
às inovações tecnológicas (áudio, ví- Horário de Funcionamento
deo, multimídia).
e) Estrutura e gestão que proporcio- Uma Biblioteca Escolar aberta em
nem acesso equitativo e oportuno a um período integral, durante as férias
acervo organizado e diversificado. escolares, nos fins de semana, feria-
f) Incluir sinalizações claras e acessíveis. dos, à qual a comunidade escolar e do
Para que a Biblioteca se torne um lo- entorno tenha acesso para desfrutar
cal onde se queira ficar, é preciso que de uma boa leitura é o cenário ideal.
haja espaços para sofás e poltronas Sabendo das dificuldades enfrentadas
confortáveis e grandes almofadas, para pelas escolas hoje, sugerimos que a
que o leitor possa confortavelmente Biblioteca ofereça um amplo horário
escolher como melhor desfrutar da leitu- e que permaneça aberta o maior tem-
ra. Quanto mais confortável ele estiver, po possível.
mais em casa se sentirá e com o passar
do tempo a Biblioteca se tornará um
Regulamento
local de referência pessoal.
É essencial um regulamento que orien-
Sinalização te sua comunidade, que seja claro e
divulgado em locais de grande circula-
Deve ser pensada cuidadosamente ção. Perceber a importância de seguir
para que o usuário tenha o máximo de o Regulamento da Biblioteca Escolar
autonomia possível. Recomendamos ajuda a formar futuros usuários de Bi-
que as normas da ABNT 9050 e os prin- bliotecas Públicas. Mas é importante
cípios do desenho universal sejam con- ressaltar que o que forma um usuário
siderados. É importante levar em conta de Biblioteca é o fato de ele ter adquiri-
a faixa etária dos estudantes, adequando do a cultura leitora. Portanto, é preciso
a sinalização ao seu campo de visão. A cuidar para que o regulamento não se
Biblioteca, sendo um espaço de acesso à torne um entrave burocrático, que difi-
informação, deve ser um exemplo. culte o acesso dos usuários e a qualida-
a) Externa: Ajuda no acesso à Biblio- de das relações entre os leitores.
teca, além de posicioná-la como espaço Recomenda-se que se considerem
relevante dentre os outros ambientes especificidades sobre o empréstimo de
da escola. títulos aos estudantes com deficiência.
b) Interna: Deve estar estrategicamen-
te posicionada na entrada, de forma a Processamento Técnico
rapidamente orientar os usuários em
como acessar os serviços oferecidos, Para que os usuários da Biblioteca
informações sobre atendimento, ativi- Escolar tenham acesso aos livros que
MODELO PEDAGÓGICO 33

Ambientes de Aprendizagem

buscam, é necessário que eles estejam A Biblioteca Digital


organizados tecnicamente nas estantes
por um profissional habilitado. É essa Hoje, com a disseminação da internet
organização que proporcionará agili- e novas formas de acessar o livro,
dade e rapidez na busca pelo livro, re- além de seu estado físico, encontram-
vista ou qualquer outra informação de se, em formato digital gratuito, livros
que se necessite. raros ou localizados em outras partes
do mundo.
Um bom exemplo de como isso fun-
Gestão do Acervo, Usuário ciona no Brasil é o site da Biblioteca Na-
e Empréstimos cional sem Fronteiras, que dá acesso a
um programa que objetiva democra-
É aconselhável que a Biblioteca mante- tizar o acervo da Biblioteca Nacional,
nha a gestão do acervo, empréstimos composto de coleções digitais temáti-
e usuários eletronicamente. Caso a cas, com foco nas diferentes áreas de
Biblioteca não tenha uma plataforma atuação da organização e, em especial,
de gestão própria, sugere-se o software seus tesouros. É possível, também,
livre para a gestão eletrônica da Biblio- visualizar obras digitalizadas em alta
teca BIBLIVRE, que comporta peque- resolução e fazer pesquisas por pala-
nas, médias e grandes Bibliotecas. vras nos documentos.
O programa tem como objetivo
informatizar Bibliotecas dos mais varia-
Acervo
dos portes e propiciar a comunicação
entre elas. O programa enfatiza as O acervo de uma Biblioteca pode ser
rotinas e sub-rotinas dos principais pro- constituído por diferentes tipos de mate-
cedimentos realizados em Bibliotecas, rial (livros, periódicos, CDs, DVDs etc.).
tais como: a pesquisa, a circulação Para que o acervo atenda à deman-
mediante o controle do acesso para da de seu público, é importante enten-
consulta, a reserva, o empréstimo e a der a comunidade escolar (estudantes,
devolução de exemplares do acervo, a pais, funcionários, educadores), suas
catalogação de material bibliográfico, necessidades e suas especificidades.
de multimídias e objetos digitais, in- Além disso, a seleção e atualização do
clusive com controle de autoridades acervo devem estar alinhadas com a
e de vocabulário, além da rotina de política de ensino da instituição.
controle do processo de aquisição de Para uma Escola de Ensino Funda-
novos itens para o acervo. Há uma mental Anos Finais e Ensino Médio, o
relação de relatórios pré-formatados ICE recomenda a aquisição de um acer-
disponíveis para impressão ou grava- vo específico voltado para o aprofun-
ção de arquivos gerados pelo sistema. damento das temáticas inerentes ao
Além disso, a catalogação de livros entendimento dos princípios e concei-
é facilitada por um dispositivo que tos da Escola da Escolha, assim como
possibilita a inserção de dados a par- suas metodologias. A bibliografia está
tir do acesso ao catálogo online da disponível ao final de cada Caderno que
Fundação Biblioteca Nacional. compõe este material formativo.
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EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
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PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
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Juliana Zimmerman
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Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
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Experimental de Arcoverde.

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1ª Edição | 2015

© Copyright 2015 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação.


“Todos os direitos reservados”
Modelo
Pedagógico
Instrumentos e rotinas
Propriedade de:

Data:

Anotações:
Modelo
Pedagógico
Instrumentos e rotinas
3

Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá alguns instrumentos e


rotinas do Modelo Pedagógico, seus conceitos e operação.
São eles:

• Avaliacão, Organização e Conselho de Classe


• Práticas da Coordenação Pedagógica
• Guia de Aprendizagem

Bom trabalho!
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Instrumentos e rotinas

Avaliação, Organização e Conselho de Classe

O aprendizado é o principal alvo da escola e a


avaliação está a serviço da aprendizagem.

Para atender as demandas educacio- de educação, que possa ser traduzido


nais do Século XXI, a Escola da Escolha em prática pedagógica. Nesse sentido,
busca responder às mudanças sociais, no Modelo Escola da Escolha, a ava-
inserindo inovações em conteúdo, mé- liação é prática processual, que se
todo e gestão. Nessa perspectiva, o põe a serviço da aprendizagem dos
Modelo se fundamenta em conceitos estudantes a partir da identificação
e princípios alinhados ao desenvolvi- dos seus avanços e retenções. Deve
mento das competências pessoais, estar comprometida com o processo
sociais e produtivas dos estudantes, de formação nas várias dimensões
utilizando métodos e conteúdos sele- humanas, assegurando que o estudan-
cionados mediante as necessidades de te compreenda o mundo em que vive
cada um e de estratégias que assegu- para usufruir dele e esteja preparado
rem o aprendizado nas várias dimen- para nele atuar.
sões da formação humana, não apenas Conduzida pelo professor, a prática
no âmbito cognitivo. avaliativa deve ter um olhar ampliado e
A avaliação é um processo que não concreto sobre o processo de aquisição
se dá nem se dará num vazio conceitual, das aprendizagens. Não apenas sobre
mas dimensionada por um modelo teó- o que foi adquirido, mas sobre o que os
rico de mundo e, consequentemente, estudantes serão capazes de aprender.
6 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

Numa escola inclusiva, como é a (para a sala de aula, para as aulas de


Escola da Escolha, o foco da avaliação Estudo Orientado, para as aulas de
não deve estar unicamente no estu- Eletiva, para as ações de Tutoria,
dante. A avaliação é tratada como entre outras ações) convirjam para o
um processo dialógico que envolve mesmo objetivo: que todos os estu-
todos que fazem parte da rotina dantes se desenvolvam em sua inte-
pedagógica dos estudantes, com gralidade da melhor forma possível.
deficiência ou não. Mediados e sus-
tentados pela articulação do Modelo Em outras palavras, é necessário
de Gestão e do Modelo Pedagógico, o que o professor, apoiado pela equipe
professor, na sua disciplina, e escolar, faça uso de estratégias de
o coordenador pedagógico, na escola, aprendizagem que contemplem
deverão se perguntar: “O que é diversos recursos sensoriais e
preciso fazer para que se atenda da cognitivos dos estudantes. “Operacio-
melhor forma possível as especifici- nalizar” os 4 Pilares da Educação no
dades do aprender do estudante?”. âmbito da sala de aula é um cami-
nho interessante e importante nesse
Norteados pela avaliação pedagógi- sentido, de modo que diferentes
ca e, se for o caso, munidos de con- formas de aprender dos estudantes
tribuições que profissionais de áreas possam ser contempladas. Portanto,
como a saúde ou o serviço social se há múltiplas formas de aprender,
podem dar, além da valiosa contri- há de haver múltiplas formas de en-
buição da família, tal pergunta sinar, de monitorar a aprendizagem
deverá ser feita em todo o processo e de avaliar seus ganhos no percurso
de aprendizagem dos estudantes e no final de cada etapa/processo
para que os planos de trabalho educacional.

Quais são as melhores oportunidades


para melhoria do ensino na minha escola?
MODELO PEDAGÓGICO 7

Instrumentos e rotinas

Caso a rede tenha a figura do Professor construção e desenvolvimento pessoal e so-


Coordenador de Área (PCA), a mesma per- cial. A inteligência é um fenômeno de múlti-
gunta deverá ser feita a cada área. plos fatores. Há pessoas que têm uma grande
capacidade verbal e de comunicação. Outras
“A contribuição dos profissionais da área de têm um raciocínio lógico aguçado. E, outras,
saúde está relacionada a sugestões de medi- ainda, resolvem problemas práticos com
das para melhorar a condição geral da pes- grande facilidade. E há pessoas que têm limi-
soa, seu rendimento e, consequentemente, tações no raciocínio abstrato, por exemplo. As
seu desempenho na área educacional (…).” pessoas com deficiência intelectual também
Guia prático: O direito de todos à educação. têm alguns tipos de inteligência mais desen-
Diálogos com promotores de Justiça do volvidos que outros. Portanto, aprendem e se
Estado de São Paulo. P. 47 desenvolvem segundo suas características,
limitações e potencialidades. Esse direito de
“Atualmente, sabemos que as condições de explorar seu potencial o mais amplamente
aprendizagem dependem de outros aspec- possível está garantido na Constituição da Re-
tos como motivação, memória, atenção, ati- pública, no seu art. 206, inciso I – igualdade
tudes, valores, aspectos emocionais, sociais de condições para o acesso e permanência
e de saúde que, articulados à inteligência, na escola – e art. 208, inciso V - acesso aos
desenharão um perfil pessoal da capacidade níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
de cada um de construir conhecimento. Além da criação artística, segundo a capacidade de
disso, a educação está longe de restringir-se cada um. - Guia prático: O direito de todos à
aos aspectos de transmissão de informação. educação. Diálogos com promotores de Justi-
Desejamos uma educação voltada para a ça do Estado de São Paulo. P. 47

O professor: • o esforço do estudante na condução


de seu desenvolvimento e outros as-
• usa as informações para reorganizar pectos não especificados no currículo;
o trabalho pedagógico e, a partir dis- • os vários momentos e situações em
so, atua no coletivo ou individualmente que certas capacidades e ideias são
junto àqueles que necessitam; usadas e que poderiam ser classifica-
• reconhece a relação direta entre o das como “erros”, mas que fornecem
desenvolvimento da aprendizagem do informações diagnósticas;
estudante e a sua própria prática; • todas as dimensões da aprendizagem:
• usa as informações do processo para cognitiva, afetiva, psicomotora, social.
o seu próprio desenvolvimento.
O estudante
O que considera a avaliação:
• é o principal usuário das informações
• o progresso individual que tem como fornecidas pela avaliação para a melho-
referência a posição na qual o estu- ria da aprendizagem;
dante se encontra em seu processo de • exerce papel central, devendo atu-
aprendizagem, em termos de conteú- ar ativamente em sua própria apren-
dos, competências e habilidades; dizagem;
8 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

• progride quando compreende suas


potencialidades e fragilidades e sabe
A avaliação é concebida como
como se relacionar com elas.
um instrumento de gestão do
ensino e da aprendizagem e
O que requer
deve demonstrar até que ponto
• que todas as dimensões do trabalho as intenções educativas e os
escolar sejam avaliadas – estudante e
objetivos dos educadores, em
professor – com o objetivo de identifi-
todos os níveis, foram alcança-
car as lacunas e dificuldades a serem
superadas; dos. Ela possibilita o ajuste do
• uma ação mediadora, emancipatória, apoio pedagógico adequado às
dialógica, integradora e participativa; características e necessidades
• a comunicação enquanto eixo norte- de cada um dos estudantes e
ador para a reorientação dos trabalhos se compromete com a melho-
do professor e do estudante;
ria contínua dos processos de
• o exercício da corresponsabilidade,
aprendizagem e dos resultados.
na medida em que estudante e pro-
fessor se comprometem com o que Requer a elaboração cuidadosa
fazem, ou seja, com o desenvolvimento do seu planejamento e imple-
da aprendizagem. mentação para apoiar o controle
e a revisão do Plano de Ação da
CICLO PDCA escola e respectivos Programas
de Ação da equipe escolar.

1 2 Elemento integrante do processo


PLANEJAR EXECUTAR de ensino e aprendizagem, for-
“Plan” “Do”
nece informações importantes,

P D apoia e orienta as ações do pro-


fessor, do estudante e da própria
escola. Oferece aos gestores e
suas equipes ferramentas geren-
ciais que permitem não apenas

A C agir sobre os resultados medidos


(indicadores consequentes), mas
sobre os processos (indicadores
4 3 antecedentes), assegurando uma
AJUSTAR AVALIAR
“Act” “Check” previsibilidade com alto grau de
acerto do resultado esperado.

É o ciclo de melhoria contínua!


MODELO PEDAGÓGICO 9

Instrumentos e rotinas

DIFERENTES TIPOS DE AVALIAÇÃO APLICADOS NA


ESCOLA DA ESCOLHA E SEUS PRINCIPAIS OBJETIVOS

Inicial - Deve ser realizada na abertura trabalhos em grupo, apresentações


do ano letivo. A avaliação inicial tem a etc É um importante instrumento
função de diagnosticar as aprendiza- para acompanhar, identificar eventu-
gens adquiridas, contribuindo para o ais problemas e dificuldades, verificar
planejamento do professor; a necessidade de retomar aspectos
Deve ser realizada na introdução de não compreendidos pelos estudantes
cada conteúdo, para verificar os conhe- e, especialmente, corrigi-los antes
cimentos prévios dos estudantes. Pode de avançar.
ser feita oralmente. Somatória - no final de cada etapa de
Formativa ou processual - é a prática trabalho, para indicar se os resultados
de examinar a aprendizagem ao lon- esperados estão sendo atingidos e
go das atividades realizadas em sala se há necessidade de aula diferencia-
de aula, a exemplo dos exercícios, da, que ocorrerá no próprio contexto
produções de textos, comentários, da aprendizagem.

Avaliação Diagnóstica Externa


Para que a avaliação cumpra suas nóstica para identificar:
funções, é necessário que ela ocorra • no início de cada processo, os conhe-
de modo contínuo e organizado, não cimentos que os estudantes têm sobre
apenas em momentos isolados. Em os conteúdos com os quais vão intera-
alguns casos, é necessário se sub- gir (avaliação diagnóstica inicial);
meter a avaliações externas, que po- • ao final da aprendizagem de uma
dem contribuir com uma perspectiva sequência didática ou de um ciclo
fora do dia a dia. (nivelamento, reforço ou recuperação),
A avaliação diagnóstica externa traz o que foi de fato aprendido (avaliação
aos educadores informações e indi- diagnóstica final ou de saída).
cadores imprescindíveis para a conti- Na Escola da Escolha, a avaliação –
nuidade do projeto escolar. Subsidia e como outros processos pedagógicos
influencia a tomada de decisão sobre o – carrega em sua prática a articulação
processo de desenvolvimento do ensi- entre o Modelo Pedagógico e o Mode-
no e da aprendizagem de cada turma lo de Gestão: a gestão, por meio dos
de estudantes, do conjunto de turmas processos de monitoramento da ação
da escola, do conjunto de escolas inte- (ciclo PDCA e o trabalho com indica-
grantes do projeto por coordenadorias dores, por exemplo) iluminará a práti-
ou por secretarias. ca pedagógica na expectativa de que
A avaliação externa pode ser os estudantes alcancem a excelência
denominada e entendida como diag- acadêmica.
10 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

Para que esses aspectos possam


subsidiar em tempo hábil os ajustes
que favorecerão a aprendizagem dos
INDICADORES – estudantes, algumas especificidades
Garantem o alinhamento precisam ser observadas:
entre as ações de cada educa-
1. Elaboração das avaliações
dor e dos estudantes com as
diagnósticas de aprendizagem
ações e estratégias da escola.
As questões ou itens das avaliações
Garantem também os resul- elaborados pela equipe externa às
tados esperados, previstos no escolas deverão considerar as
Plano de Ação da escola. matrizes de competências e
habilidades desejáveis para cada
ano em curso, sendo:
a. INICIAL (por exemplo, em Língua
Externa à escola, a avaliação diag-
Portuguesa e em Matemática): logo no
nóstica é complementar ao trabalho
escolar, pois oferece subsídios para início do ano letivo, o que se espera que
uma formação docente articulada com o estudante domine ao chegar ao ano
o aperfeiçoamento imediato da prática que cursa. Ou seja, competências ou ha-
do professor na sala de aula. Isso sig- bilidades relativas aos conteúdos do
nifica dizer que o professor continua a ano ou anos imediatamente anteriores;
desenvolver a avaliação de seus estu- b. FINAL: o que foi aferido na avalia-
dantes de acordo com o seu plano de ção inicial, embora com questões ou
ensino, em sua classe, mas as avalia- itens diferentes, mas mantendo-se a
ções externas o auxiliarão na identifi- similaridade e grau de dificuldade,
cação de competências e habilidades.
pois o que se quer verificar é o impac-
Esses resultados também subsidiarão
to das ações de nivelamento, reforço
o apoio que deverá receber dos de-
ou recuperação na aprendizagem
mais especialistas em educação para
dos estudantes;
que sua prática em sala de aula seja
mais eficiente. c. DE PROCESSO: quando, ao longo da
A avaliação externa não substitui implementação de um programa ou
a avaliação do professor. No entanto, projeto, busca-se verificar o impacto
deve ser “indutora” de mudanças, ao das ações implementadas, quer sejam
originar expectativas por parte das de formação de professores, quer
escolas avaliadas e ao possibilitar a sejam de atividades de reforço.
análise de resultados e a interpretação Deverá ocorrer ao final de cada se-
do significado pedagógico desses re- mestre letivo (última quinzena), pau-
sultados pelos educadores de cada es- tando-se nas competências e habilida-
cola e pelos especialistas que estão na
des ou expectativas de aprendizagem
secretaria de educação, nas coordena-
elencadas para o final do semestre,
dorias ou nas equipes que assessoram a
em cada uma das disciplinas.
implementação de projetos nas escolas.
MODELO PEDAGÓGICO 11

Instrumentos e rotinas

2. Análise dos resultados das


Tendo como subsídios os resul-
avaliações pelos educadores:
tados de cada processo avaliativo, o
a. especialistas em educação (nível
Plano de Ação da escola e os Progra-
secretaria, coordenadoria e assesso- mas de Ação dos educadores deve-
rias de instituições parceiras): o rão ser sempre revistos pela equipe
que os resultados demonstram em escolar com o objetivo de verificar se
relação ao ensino e à aprendizagem todas as metas foram atingidas, extra-
do conjunto de escolas de cada poladas ou se um plano corretivo será
região, de cada coordenadoria, em requerido, caso as metas não tenham
cada escola; sido alcançadas.
b. equipe gestora (nível escola): o O paradigma de gestão implantado
que os resultados demonstram em por esse Modelo identifica uma série
de processos para uma gestão de qua-
relação ao ensino e aprendizagem do
lidade das escolas e, a cada processo,
conjunto de turmas de cada ano, de
associa um conjunto de atributos a se-
cada turma, do conjunto de turmas
rem avaliados. Resumidamente, alguns
de um professor;
desses atributos se fundamentam:
c. professor (nível escola): o que os 1. na qualidade da gestão escolar;
resultados demonstram em relação 2. na postura e proficiência da equi-
ao aprendizado de suas turmas e de pe de apoio e corpo docente;
cada estudante. 3. na adequação e o gerenciamento
dos recursos de infraestrutura e mate-
3. Procedimentos e encaminha- rial didático-pedagógico;
mentos para o plano estratégico ou 4. na capacidade de manter e am-
de replanejamento: pliar parcerias com entidades e organi-
a. estabelecimento de prazos e metas zações da sociedade;
5. na forma de planejamento ado-
de aprendizagem pelo professor das
tada pela gestão quanto à sua aderên-
turmas, pelas equipes gestoras das
cia aos propósitos do Projeto Escolar
escolas e especialistas da coordena-
e sua efetividade no alcance dos
doria, secretaria e assessorias do
seus resultados.
projeto. Essas metas orientarão
as ações de apoio ao professor de
cada turma e/ou disciplina – sob
a responsabilidade dos especialis-
tas da escola, das coordenadorias,
secretaria de educação e instituições
parceiras – em cada área de atuação e
em consonância com as diretrizes do
projeto escolar;
b. acompanhamento e avaliação
do Plano de Ação da escola e dos
Programas de Ação dos professores.
12 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

CONSELHO DE CLASSE

A partir de uma perspectiva baseada mentos de ensino e de aprendizagem,


em suas características históricas e constituindo-se como elemento de
possibilidades práticas, o Conselho de gestão fundamental para o processo
Classe é um órgão colegiado, institu- de melhoria contínua dos resultados
cionalizado e representativo, responsá- da escola.
vel pelo estudo e planejamento, debate Ele é instância privilegiada de refle-
e deliberação, acompanhamento, con- xão e avaliação sobre o trabalho pe-
trole e avaliação periódica do desem- dagógico e desempenho dos sujeitos
penho dos estudantes. avaliados – estudante e professor – a
No entanto, alinhado aos conceitos e partir de 2 eixos:
princípios que fundamentam o Modelo - participação direta, efetiva e con-
Escola da Escolha, o Conselho de Clas- sequente;
se agrega características e funções que - o foco do trabalho é a centralidade
ampliam sua presença nos procedi- da avaliação.

Por que implantar este


Conselho de Classe na escola?

O Conselho de Classe é parte integran- sor sobre o seu próprio trabalho é um


te da rotina pedagógica da escola e sua importante instrumento de aprendiza-
importância é assegurar a mobilização, gem e de formação em serviço, porque
análise e discussão do processo de permite a ele se colocar diante de sua
trabalho da sala de aula que se efetiva própria realidade de maneira crítica,
concretamente e, consequentemen- apontando alguns dos problemas exis-
te, provocar outro nível de reflexão e tentes nas suas opções metodológicas,
de ações. Isso deverá agregar maiores na adequação dos conteúdos bimes-
esforços de todos os envolvidos para trais da escola e/ou na utilização dos
alterar o rumo da situação identificada, instrumentos de avaliação, que ajudam
numa mediação ativa entre professo- nas mudanças e encaminhamentos pe-
res-estudantes, estudantes-estudan- dagógicos necessários. Essa reflexão
tes, estudante-família, escola-família. deve levá-lo a uma postura ativa diante
A prática do professor também é ob- de um universo onde mudanças são
jeto dessa reflexão, pois quando avalia necessárias para melhorar.
o estudante, ele se autoavalia, diagnos- O trabalho resultante do Conselho
tica a situação de ensino e de aprendi- de Classe permite alinhar a aprendi-
zagem e colhe elementos para o seu zagem dos estudantes aos seus inte-
aperfeiçoamento, incluindo a alteração resses e necessidades, indo além do
dos seus procedimentos didáticos. aspecto classificatório ou seletivo.
Essa reflexão realizada pelo profes- A participação dos Líderes de Turma
MODELO PEDAGÓGICO 13

Instrumentos e rotinas

em determinadas fases da reunião do Diagnóstico (1º Conselho)


Conselho possibilita o seu comprome-
timento com a comunicação da auto- • analisa os mapas elaborados a partir
avaliação realizada pela sua turma e dos questionários socioeconômicos e
a corresponsabilização pelos encami- de expectativas aplicados junto aos es-
nhamentos pactuados, que deverão tudantes e suas famílias;
ser observados por todos os envolvidos • caracteriza e organiza as necessidades
a quem as ações se destinarem. de aprendizagem e ensino;
Esse é um legítimo exercício de Pro- • reconhece e situa questões emergen-
tagonismo, no qual os estudantes se co- tes da relação professor-estudante;
locam a serviço da melhoria dos resul- • levanta e pactua procedimentos para in-
tados de aprendizagem de sua turma, tervenção efetiva do que foi apresentado.
confirmando sua atitude solidária em
não ser indiferente e fazer parte da
solução dos problemas identificados. Acompanhamento
(2º, 3a e 4º Conselhos)

E como se implanta o • aprecia os resultados identificados ao


Conselho de Classe? longo do período;
• avalia a efetividade dos procedimentos
O Conselho de Classe é liderado pelo adotados e pactuados no Conselho anterior;
Coordenador Pedagógico da escola e • identifica necessidades e possibilida-
conta com a presença dos conselheiros des de outras intervenções;
natos – todos os professores, equipe • assume coletivamente as responsa-
de apoio pedagógico (quando houver), bilidades do acompanhamento e das
Líderes de Turma e respectivos vice-lí- ações estabelecidas.
deres. Também podem ser convida-
dos para o Conselho de Classe outros
Promocional (5º Conselho)
educadores que tenham elementos a
contribuir com a pauta definida, como • decide coletivamente sobre a pro-
o Bibliotecário, o Laboratorista, o Me- moção ou retenção do estudante, ana-
rendeiro, o Coordenador de Pátio etc. lisando os resultados apresentados
A frequência do Conselho de Classe e sua relação com os procedimentos
está ligada ao que os sistemas das de acompanhamento assumidos nos
Secretarias de Educação definem. Conselhos anteriores;
No entanto, na perspectiva forma- • define previamente estratégias cole-
tiva do Modelo Escola da Escolha, o tivas e individuais para o acompanha-
Conselho de Classe ocorre cinco vezes mento e intervenção posteriores junto
ao ano, tem focos distintos em cada aos estudantes promovidos e em quem
período e é organizado com base nas se reconhece a necessidade de acom-
necessidades emergentes. panhamento efetivo no ano seguinte;
14 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

• orienta o curso a ser perseguido pela lidade pela sua própria aprendizagem
escola e seus atores, seja redimensio- e os corresponsabiliza pelo ambiente e
nando sua prática, seja ratificando-a. condições adequadas para que o traba-
No início do primeiro semestre e final lho pedagógico ocorra.
do último, são aplicadas pela escola al-
gumas avaliações diagnósticas (Portu-
guês e Matemática), que servem como Segundo momento: Conselho
instrumentos de adequação do ensino
às necessidades dos estudantes. Assim, A participação dos Líderes de Turma
o primeiro e o último Conselho de Clas- durante os Conselhos de Classe con-
se tomam como estudo do resultado siste em 2 fases:
dessas avaliações, pois elas servem para • na apresentação, pelos Líderes, dos
orientar o planejamento dos professo- resultados da avaliação realizada junto
res e posterior nivelamento das séries. às suas respectivas turmas, conside-
rando os critérios definidos por toda a
comunidade escolar. É também o mo-
Nivelamento: prevê o uso de estratégias mento em que são apresentados os
paralelas ao desenvolvimento do currículo, resultados da autoavaliação da turma
inserindo ações reparadoras dos conte- e os compromissos que eles propõem,
údos defasados dos anos anteriores. de parte a parte, para a superação das
dificuldades que eventualmente te-
nham sido identificadas;
O Protagonismo presente • na apresentação, pelos professores,
no Conselho de Classe do perfil e desempenho acadêmico ge-
ral da turma, bem como a avaliação,
Para o Conselho de Classe existem três que fazem parte do nível de compro-
momentos distintos e articulados: misso que coletivamente manifestaram
pré-conselho, conselho e pós-conselho. ao longo do período, relacionando esse
Eles objetivam a avaliação e a recondução resultado ou não ao desempenho geral
do processo de ensino-aprendizagem. da turma.
Após a realização dessas fases,
são discutidos e pactuados entre os
Primeiro momento: Conselheiros e estudantes os encami-
Pré-conselho nhamentos para a superação das difi-
culdades e/ou aperfeiçoamento dos
Faz parte do planejamento do Con- procedimentos identificados como
selho de Classe a elaboração de uma bem sucedidos.
pauta pelos estudantes, na qual cada Os Líderes de Turma não participam
turma avalia os itens: relação profes- da discussão sobre a avaliação indivi-
sor x estudante, metodologia utilizada, dual de cada estudante com relação ao
procedimentos de avaliação de cada seu desempenho em cada disciplina,
disciplina e a autoavaliação da turma descrição de comportamentos, postu-
– um procedimento que encoraja os ras diante dos estudos e construção
estudantes a assumirem a responsabi- dos seus projetos de vida.
MODELO PEDAGÓGICO 15

Instrumentos e rotinas

Terceiro momento: cialidades e que os pais e responsáveis


recebam os resultados a partir dos pró-
Pós-conselho
prios professores para que garantam,
Finalizado o Conselho de Classe de em casa, as intervenções que forem
todas as turmas, o Coordenador Pe- necessárias.
dagógico alinha com os Tutores o pro- Todas as etapas do Conselho men-
cesso de devolutiva individualizada dos cionadas fazem parte do ciclo de
resultados para os estudantes e seus operacionalização alimentado pelo
responsáveis. É de grande importân- Modelo, que consiste no planejamento,
cia que os estudantes tomem conhe- execução, acompanhamento e avalia-
cimento de suas fragilidades e poten- ção dos resultados da escola.

PDCA do Coordenador Pedagógico


para o Conselho de Classe

Conselho
de Classe
• Solicitar a síntese das avaliações realizadas pelos
professores no bimestre.
• Reunir os documentos necessários para apoiar • Liderar o Conselho (abertura, objetivos, pauta
a pauta. e encaminhamentos).
• Elaborar a pauta. • Definir o relator.
• Definir o horário. • Mediar as falas dos participantes.
• Definir o local de realização. • Acordar os encaminhamentos (o que, quem
• Verificar se a sala está adequada. e quando).
• Assegurar os materiais e equipamentos • Enviar os resultados do bimestre para
necessários. a escrituração na Secretaria.
• Convocar os participantes e divulgar a pauta.

P D
• Recolher a síntese dos pontos a serem tratados
pelos Líderes de Turma.

• Analisar e avaliar o desenvolvimento do processo,


incluindo a reunião (frequência dos partici-
pantes, consistência das informações trazidas,
A C
a qualidade dos debates, a isenção das • Acompanhar a execução dos
posições dos participantes; exequibilidade dos encaminhamentos acordados.
encaminhamentos acordados). • Identificar as situações nas quais a execução
• Avaliar a efetividade dos encaminhamentos não está sendo assegurada.
executados. • Oferecer apoio aos responsáveis pelas ações
• Listar os “o que fazer” e os “o que não fazer” que não estão sendo executadas.
como fruto da análise e avaliação. • Registrar a memória das ações executadas e
• Alimentar o próximo ciclo com as conclusões dos seus resultados.
definidas neste processo.
16 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

Responsabilidades de
acordo com as funções revisão de estratégias pedagógicas e
da equipe escolar: autorreflexão enquanto profissional.
• Estudantes - avaliar a própria
aprendizagem e atuar como protago-
• Coordenação Pedagógica - orga- nista também no processo educativo.
nizar e coordenar as reuniões dos • Pais - acompanhar a aprendizagem
Conselhos e analisar as condições no que diz respeito aos resultados qua-
institucionais que interferem na litativos e quantitativos dos seus filhos.
aprendizagem. • Tutores - apresentar a devolutiva
• Professores - analisar o percur- dos resultados e acompanhar os
so de cada estudante com base no estudantes em seus processos de
Guia de Aprendizagem e no Plano superação de defasagens e melhoria
de Ação da escola, favorecendo a da aprendizagem.

O QUE É? O QUE NÃO É?


• Momento de avaliação reflexiva e não • Espaço de julgamento ou de rotula-
de juízos pessoais dos professores. ções subjetivas a respeito do estudante.
• Avaliação pedagógica, individual e • Instância para cultura de punição
coletiva do trabalho escolar pelos edu- dos estudantes.
cadores e estudantes. • Fórum privilegiado de equaciona-
• Ferramenta fundamental para o esta- mento dos problemas pedagógicos
belecimento de estratégias que visam dos estudantes. O foco das discussões
o melhor desempenho da aprendiza- não é, em si, os problemas, e sim a
gem dos estudantes. busca de soluções a partir de um
• Via de avaliação mais eficaz do ensino- diagnóstico coletivo.
-aprendizagem.
• Espaço de reflexão e discussão sobre
as dificuldades de ensino-aprendiza-
gem, adequação dos conteúdos, do
currículo, das metodologias emprega-
das e competências a serem desenvol-
vidas pelos estudantes.
• Espaço interdisciplinar, de trocas de
conhecimento e crescimento da equipe
escolar e estudantes.
MODELO PEDAGÓGICO 17

Instrumentos e rotinas

GUIA DE APRENDIZAGEM

Afinal de contas, o que é o por consequência, apoiem a constru-


Guia de Aprendizagem? ção dos seus Projetos de Vida.
Nesse sentido, o Guia de Aprendi-
Guia de Aprendizagem é um recurso zagem inova ao ser simultaneamente
metodológico que se destina a orientar um recurso que atende 3 níveis dis-
processos de planejamento e acom- tintos desse processo de formação
panhamento pedagógico de maneira (professores, estudantes e famílias) e
objetiva em três âmbitos distintos: articula planejamento e comunicação,
Junto ao professor: para o planeja- dimensões fundamentais nos mecanis-
mento e desenvolvimento das ativi- mos de melhoria contínua dos proces-
dades pedagógicas da disciplina que sos pedagógicos.
ele ministra. Sua implementação no cotidiano da
Junto ao estudante: para apoiar o escola contribui para o rompimento de
desenvolvimento da capacidade de uma estratégia há muito utilizada pelas
autorregulação da sua aprendizagem, escolas, que é a de que “somente” o
pois fornece informações sobre os professor sabe o que vai ser ensinado
componentes curriculares (objetivos, num determinado período (bimestre ou
atividades didáticas, fontes de consul- trimestre, por exemplo) e o estudante
ta etc), que eles necessitarão para criar “somente” recebe essas informações.
os seus próprios mecanismos de plane- O Guia compartilha com os interessa-
jamento de estudos. dos (estudantes e familiares) o quê e
Junto às famílias: para complemen- como será o acesso ao conhecimento
tar os mecanismos de comunicação de historicamente acumulado. Esse movi-
que a escola já dispõe e apoiá-las no mento possibilita que a Presença Peda-
acompanhamento de ensino/aprendi- gógica, a Educação Interdimensional, o
zagem dos estudantes. Protagonismo e os 4 Pilares da Educa-
ção sejam movimentados no cotidiano
da sala de aula, no chão da escola.
As Metodologias de Êxito, bem
Por que usar o Guia como os instrumentais oferecidos
de Aprendizagem? neste Modelo, são parte dos recursos
propostos para tornar “ação” aquilo
O Modelo, nas suas inovações, pro- que é apresentado enquanto princípio
põe a adoção por parte da escola de educativo. Assim, na sua relação dire-
mecanismos que assegurem a eficá- ta com o currículo escolar, os Guias de
cia da gestão dos processos peda- Aprendizagem guardam uma relação
gógicos, com vistas à obtenção dos estreita e direta com o desenvolvimen-
resultados pretendidos relativos à to das competências preconizadas nos
formação dos estudantes (excelência Princípios Educativos deste Modelo,
acadêmica, formação em valores, com- conforme tratados no Caderno Mode-
petências para o Século XXI) e que, lo Pedagógico: Princípios Educativos e
18 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

Conceitos. Eles estimulam o desenvol- me tratado no Caderno Tecnologia de


vimento de habilidades relativas à: Gestão Educacional.
Competência pessoal (Aprender a A elaboração do Guia de Aprendi-
Ser), como a autorregulação, a corres- zagem deve contemplar dois aspectos
ponsabilidade, a responsabilidade pes- para o desenvolvimento do currículo à
soal etc. luz das bases do Modelo:
Competência cognitiva (Aprender 1) “o que ensinar”, ou seja, quais
a Conhecer), como o didatismo e conteúdos/habilidades e competên-
o autodidatismo; cias estão previstos para aquele perío-
Competência social (Aprender a Con- do à luz dos documentos vigentes;
viver), como as atividades de didática 2) “como ensinar”, ou seja, como
cooperativa, entre outras. os princípios pedagógicos serão tra-
duzidos em ação. Trata-se de a equipe
escolar e, de forma mais focada, o pro-
fessor, evidenciar como a Pedagogia
E como se elabora um da Presença, a Educação Interdimen-
Guia de Aprendizagem? sional, o Protagonismo e os 4 Pilares
da Educação comporão o fazer didá-
No período que antecede cada tico de cada disciplina, as estratégias
bimestre , o educador é orientado pela de ensino, as mediações de aprendiza-
Coordenação Pedagógica ou, a depen- gem e as avaliações.
der da macroestrutura da escola, pelo Tais considerações são funda-
Coordenador da Área de Ensino da qual mentais, uma vez que todo o enredo
faz parte, na elaboração do Guia de e a trama propostos pelo Modelo de
Aprendizagem relativo à disciplina sob Escola da Escolha precisam ser ope-
sua responsabilidade. racionalizados em cada fazer do am-
Para essa orientação, serão utiliza- biente escolar, e o espaço da sala de
dos os documentos de referência vi- aula é privilegiado para essa nova for-
gentes (sejam parâmetros, diretrizes ma de fazer escola e educação.
ou referências curriculares) relativos Outro aspecto importante que o Guia
àquela disciplina, bem como o Progra- de Aprendizagem deve incorporar é a
ma de Ação daquele professor. reflexão dos professores frente à pre-
Esses documentos de referência sença dos estudantes com deficiência
curricular variam de acordo com as na sala de aula. Numa perspectiva in-
diretrizes de cada Secretaria. Já o Pro- clusiva, o processo de aprendizagem
grama de Ação é o documento que deve ser feito, desde seu planejamento
orienta a atuação do professor alinha- até a avaliação, para que os estudantes
do ao Plano de Ação da escola, confor- não sejam alijados do fazer pedagógico.

É preciso considerar que algumas redes organizam seus tempos escolares de ma-
neira diferente. O Guia deve atender à lógica proposta para cada rede ou sistema
(como bimestre, trimestre ou outras formas de arranjos curriculares).
MODELO PEDAGÓGICO 19

Instrumentos e rotinas

Os Guias de Aprendizagem ancoram O Guia de Aprendizagem deve


não somente elementos do Modelo Pe- ser de conhecimento de todos os
dagógico, mas também elementos do públicos envolvidos. Assim,
Modelo de Gestão (TGE), como o moni-
é preciso cuidado com sua
toramento da relação previsão x execu-
ção do currículo a ser trabalhado para
apresentação no que se refere à
o período, suas necessárias correções possível presença de estudantes,
e, posteriormente, o desenvolvimento pais, professores ou membros da
do novo Guia de Aprendizagem para o equipe pedagógica com alguma
período seguinte. Nessa direção, a ar- deficiência. Comunicação em
ticulação entre Modelo Pedagógico e
Braille, programas de compu-
Modelo de Gestão visa garantir que a
escola entregue excelência acadêmica,
tador como DOSVOX, Virtual
formação de valores e competências Vision, Jaws, recursos de tecno-
para o Século XXI. logia assistiva, formas de aces-
A aplicação do ciclo PDCA na elabo- so à Língua Portuguesa
ração do Guia de Aprendizagem e sua para os estudantes Surdos ,
posterior utilização como ferramenta respeitando suas especi-
de monitoramento torna-se funda-
ficidades e o uso da Libras
mental para que a escola consiga en-
tregar os resultados pactuados em seu
como forma de comunicação
Plano de Ação. devem ser considerados ao
Após a sua elaboração, os Guias de publicar o Guia.
Aprendizagem devem ser de conheci-
mento dos demais professores, além
dos estudantes e de seus familiares.
Em algumas situações, observa-se Não basta afixar os Guias de Apren-
uma grande variação de idade e esta- dizagem nos murais/paredes da escola
tura entre os estudantes. Isso deve ser ou das salas de aula. É fundamental en-
levado em consideração ao definir o sinar os estudantes a usar esse instru-
local e a altura em que os Guias serão mento como recursos de orientação,
afixados, caso seja essa a estratégia de acompanhamento e de avaliação
de comunicação para os estudantes. do seu próprio processo de desenvolvi-
A adequação da linguagem, para que mento para a construção do seu Proje-
os estudantes compreendam o conteú- to de Vida. Ao atuar dessa forma, Pro-
do do documento também é fundamen- tagonismo e Corresponsabilidade, dois
tal. Sobre isso, considere as recomen- importantes aportes do Modelo, são
dações do Caderno Modelo Pedagógico: movimentados junto aos estudantes a
Ambientes de Aprendizagem. partir de questões reais e próximas.

Pelo Decreto Federal 5626/05 a Libras passa a ser considerada como a primei-
ra língua da Pessoa Surda http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/decreto/d5626.htm (consulta realizada em 09/11/14 as 10:18)
20 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

Com relação às famílias, os Guias tos, que são elaborados e renovados a


de Aprendizagem precisam ser conhe- cada bimestre.
cidos para se tornarem referência na Os Guias de Aprendizagem devem
comunicação da escola sobre o que apresentar:
está sendo oferecido aos estudantes 1. objetividade no que se pretende;
em cada período letivo, bem como para 2. clareza na forma de detalhar;
favorecer o acompanhamento do de- 3. concisão sem prejuízo do significado;
senvolvimento dos estudantes sobre 4. simplicidade e praticidade no se-
aquilo que foi prescrito. Também serve quenciamento.
para orientá-las sobre recursos de que Na utilização do Guia, deve existir
eventualmente os estudantes possam necessariamente:
precisar e que se encontram descritos • compromisso na relação entre
no Guia de Aprendizagem. professor e estudante;
Dependendo das estratégias defi- • cumplicidade na relação entre
nidas no Plano de Ação da escola, o professor e família;
Guia de Aprendizagem pode ser tema • amizade na relação entre os
de discussão nas primeiras reuniões entre estudantes;
a escola e as famílias, estabelecendo-se • solidariedade entre estudantes
as formas de comunicar esses documen- e comunidade.

A VIDA NA ESCOLA O QUE É


Escolas com bom provimento • O Guia é orientação objetiva do pro-
de internet, exploram e cesso ensino-aprendizagem de cada
disciplina.
potencializam o Guia de
• É instrumento que apresenta ativida-
Aprendizagem, assegurando
des de docência, atividades de grupo e
a sua comunicação perma- estudos individuais.
nente por meio de site, blog, • Considera as necessidades, os inte-
comunidade social etc. resses e os propósitos dos estudantes.
• É indicação das fontes de referência
e pesquisa destinadas aos estudantes.
Exemplos:
• É indicação das Atividades Comple-
• EEEI Jardim Botânico Piraci-
mentares, Temas Transversais e os Va-
caba-SP. Programa de Educa- lores a serem trabalhados no período.
ção Integral ICE/SEE/SP.
• EREM Arcoverde. Programa
de Educação Integral ICE/SE- O QUE NÃO É
DUC/PE. • Não substitui o Plano de Aula do
professor.
(para mais informações, ver as
• Não é um Planejamento anual.
Referências Bibliográficas)
MODELO PEDAGÓGICO 21

Instrumentos e rotinas

O conteúdo deve ser A seleção de objetivos


apresentado sobre um tripé:
MÍNIMOS ESSENCIAIS
Conceitos: Temas que serão de- (didatismo)
senvolvidos e trabalhados durante
o período. • Lista de Objetivos Instrucionais Gerais
Procedimentos: Estratégias, métodos com o nível mínimo de competências a
e técnicas, que serão necessários para atingir e que garantam o aprendizado
a apreensão do conteúdo (fontes e re- necessário, bem como os pré-requisi-
ferências de consulta e pesquisa, ativi- tos para as aprendizagens posteriores.
dades complementares).
Atitudes: Observáveis, esperadas e
resultantes das estratégias, métodos e AVALIAÇÃO DO NÍVEL
técnicas aplicados durante o processo DE DESENVOLVIMENTO
ensino-aprendizagem. (autodidatismo)

• Cada estudante mostra diferentes


A seleção e a aplicação de graus de progresso.
atividades complementares: • Depende de um período de desenvolvi-
mento, que varia de um estudante para
• Apenas aquelas que complementam outro; será diferente para cada um.
o conteúdo de forma clara e explícita. • O trabalho desenvolvido na escola
• Devem ser incorporadas ao contexto deve ajudar o estudante a se aproximar
da unidade do bimestre. de seu objetivo.
• Autodidatismo é a oportunidade de
se traçar objetivos de desenvolvimento
Tipos de atividade para os estudantes e o Estudo Orien-
complementar tado deve ser o espaço para apoiar
esse processo.
C – CONSOLIDAÇÃO:
• Atividades dirigidas a acentuar a im-
portância de temas ou conceitos trata- O NIVELAMENTO
dos em aula. (didática cooperativa)
R – REFORÇO:
• Atividades que motivem, estimulem e • Todos são convidados a ensinar o que
ajudem a melhor compreensão e acei- sabem mais àqueles que sabem menos.
tação do conteúdo ou itens dele. • Os estudantes que recebem a orien-
A – AMPLIAÇÃO: tação para o “nível de desenvolvimen-
• Atividades que, por sua amplitude ou to” devem se comprometer a ensinar
características, não podem fazer parte os outros, podendo assim movimentar
diretamente da docência em sala de importantes habilidades e competên-
aula, mas que por sua importância e cias socioemocionais nessa ação.
atualidade devem ser conhecidas pe- • Os professores devem orientar todo
los estudantes. o processo.
22 MODELO PEDAGÓGICO
Instrumentos e rotinas

GUIA DE APRENDIZAGEM – 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL– 2014


Colégio Sobralense de tempo integral Maria Dorilene de Arruda Aragão - CSTI

PROFESSOR DISCIPLINA BIMESTRE - MÊS


Iolanda dos Santos Fernandes Artes 1º Bimestre

Justificativa da unidade

Tendo em vista que o ensino de Artes Visuais não era uma prática em nossas escolas, faz-se necessário iniciarmos a introdução da
disciplina buscando desenvolver a percepção, a imaginação, a capacidade crítica e o estímulo à valorização da linguagem artística.

Atividades Prévias Atividades Didáticas - Conteúdos


Roda de conversa sobre conhecimentos em ARTES VISUAIS
Artes, desenho livre, produção de textos Introdução à Historia da Arte; Elementos da composição visual: ponto, plano, forma, textu-
sobre Artes. ra, linha; Impressionismo - Pontilhismo; Cores (primárias, secundárias, complementares
e análogas); Arte Indígena; Arte Abstrata e Figurativa; Modernismo (sugestão: Tarsila do
Fontes e Referências
Amaral, Cândido Portinari, Anita Malfati)
PARA O PROFESSOR
PROENÇA, Graça. História da arte. Ed. Ática, DANÇA
São Paulo, 2008. Interrelação entre os fatores do movimento no processo coreográfico; Reconhecimento
OLIVEIRA, Jô, Explicando a arte: uma inicia- da expressão no processo coreográfico; Danças populares brasileiras; A dramaticidade
ção para entender e apreciar as nas danças populares.
artes visuais/ Jô Oliveira e Lucília Garcez –
Rio de Janeiro, Ediouro, 2004. TEATRO
MACENA, Lourdes/ Marcos Lopes. Cader- Jogos Dramáticos; Encenação – Expressão corporal
no de orientação para professores de artes
visuais do 6º ao 9º ano do Ensino Funda- MÚSICA
mental 2. SEMS. 2014. Primeiras manifestações musicais do Homem; Música na Antiguidade - Canções Indíge-
nas, Música Medieval, Renascentista e Barroca; Formação de repertório; Poluição sonora:
Atividades Autodidáticas causas, efeitos, prevenção, cuidados e modificações nas atitudes cotidianas.
Aulas dialogadas, expositivas, exibição de ví-
deos, audição de músicas, leituras coletivas.

Atividades Didático - cooperativas Temas Transversais


Dramatizações, montagens de musicais e Contextualização dos diversos períodos da História confrontando com a História atual.
espetáculos, oficinas em artes, pesquisas
em grupo.
Valores
Atividades Complementares
Apreciação da Arte; Valorização da cultura local; Respeito à diversidade cultural.
Excursões pedagógicas a espaços de Artes
na cidade, encontros com artistas locais,
Objetivos Específicos
exposições de trabalhos realizados pelos
estudantes. • Propiciar momentos de estudo, debates e reflexão sobre as diversas modalidades
e linguagens artísticas.
Critérios de Avaliação
• Propiciar momentos de estudo, lazer, descontração e socialização das crianças
O sistema de avaliação contará com a parti- e adolescentes.
cipação de todos os envolvidos, se dará de • Identificar e fomentar o desenvolvimento de habilidades artísticas e culturais.
forma participativa, processual e serão con- • Estimular e desenvolver a capacidade de auto-expressão do público-alvo em atividades
siderados para verificação dos resultados e de artes, dança, música e teatro.
objetivos, propondo os seguintes indicado- • Criar laços de afinidade, respeito, espírito de grupo, solidariedade e companheirismo
res: observação do desenvolvimento das entre as crianças e adolescentes envolvidos.
habilidades artísticas, nível de interesse e • Desenvolver a percepção, imaginação, sensibilidade e produção artística individual e
participação desses nas atividades propos- em grupo.
tas, nível de melhoria no cotidiano escolar e • Conhecer materiais e instrumentos variados em artes (Artes Visuais, Dança, Música,
avaliações das apresentações culturais. Teatro) para utilizá-los nos trabalhos pessoais e identificá-los culturalmente.

*DISPONÍVEL EM BRANCO AO FINAL DESTE CADERNO


MODELO PEDAGÓGICO 23

Instrumentos e rotinas

GUIA DE APRENDIZAGEM – 1º ANO DO ENSINO MÉDIO – 2008


Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano – CEEGP

PROFESSOR DISCIPLINA BIMESTRE - MÊS


Mônica Medeiros de Albuquerque e Mello Filosofia 1º Bimestre

Justificativa da unidade
Com base nos elementos estudados referentes ao filosofar e a conhecimentos sobre a condição da existência humana, trabalharemos
fundamentos necessários para o entendimento do ser humano enquanto ser social e político, utilizando metodologias que contribuam para
ampliar a compreensão do significado e a importância da cultura para a existência da sociedade humana, considerando todos os aspectos
relevantes para o processo de transformação do mundo natural no artificial.

Atividades Prévias Atividades Didáticas - Conteúdos


Questionamentos sobre o que é cultura;
Debates sobre a transformação da biosfera; FONTES E REFERÊNCIAS PARA O ESTUDANTE:
Pesquisas sobre diferentes culturas.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003.
Fontes e Referências
SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.
PARA O PROFESSOR CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofan-
do. São Paulo: Moderna, 2003.
CHAUI, Marilena, Convite à filosofia. São
Paulo: Ática, 2000.
ABBAGNANO, Nicola. História de filosofia -
vol. I. Lisboa: Editorial Presença, 1991.
Diálogos/Platão (Os Pensadores). São Pau-
lo: Abril Cultural, 1979.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filo-
sofia: história e grandes temas. São Paulo:
Saraiva, 2002.

Atividades Autodidáticas
Aulas expositivas;
Debates.

Atividades Didático - cooperativas Temas Transversais


Seminários; pesquisas; produção de pai-
néis; dramatizações; análise e produção de Política e Cidadania; Humanismo; Ética; Liberdade.
textos diversos; audição, leitura e análise de
músicas.
Valores
Atividades Complementares
Solidariedade; Consumo sadio/racional; Respeito à diversidade.
Consolidação; Exposição oral dos conteú-
dos trabalhados individualmente e por equi-
pe; Reforço; Exercícios escritos e relatórios; Objetivos Específicos
Ampliação; Exibição de vídeos e produção
teatral. Compreender e problematizar conceitos de cultura, numa perspectiva de espaço de rela-
ções e intervenções especificamente humanas.
Critérios de Avaliação
Serão considerados vários aspectos do pro- • Ampliar a compreensão do significado e a importância da criação e da transformação
cesso de desenvolvimento dos estudantes: cultural por meio de uma perspectiva/”leitura histórica do cenário local e mundial”;
o nível de interação com o grupo, a partici- • Sensibilização para os aspectos positivos e negativos da ação humana na biosfera para
pação e o desenvolvimento dos trabalhos/ a criação e transformação da sociedade humana.
exercícios, debates, a apreensão dos conte-
údos/ desenvolvimento conceitual. A ava-
liação será instrumentalizada por meio dos
trabalhos realizados durante o processo
ensino-aprendizagem, considerando a coe-
rência na argumentação, o aprofundamen-
to na reflexão e a organização das ideias
apresentadas.

*DISPONÍVEL EM BRANCO AO FINAL DESTE CADERNO


Anotações:
GUIA DE APRENDIZAGEM

PROFESSOR DISCIPLINA BIMESTRE - MÊS

Justificativa da unidade

Atividades Prévias Atividades Didáticas - Conteúdos

Fontes e Referências

Atividades Didáticas

Temas Transversais
Atividades Didático - cooperativas

Valores
Atividades Complementares

Anotações

Critérios de Avaliação
Referências
Bibliográficas

BOURDIEU, Pierre; CHAMPAGNE, Patrick. Imprensa Oficial do Estado de São


Os excluídos do interior. Em: Escritos de Paulo. Educação inclusiva : o que
Educação. Maria Alice Nogueira e Afrânio o professor tem a ver com isso?
Catani (organizadores) – Petrópolis, RJ: / Marta Gil, coordenação ; texto
Vozes, 6a edição. 1998 pp 217-228 de apresentação do Prof. Hubert
Alquéres. - - São Paulo : Impren-
BLACK, Paul & WILLIAM, Dillan. Asses- sa Oficial do Estado de São Paulo :
sment and Classroom Learning. In: Ashoka Brasil, 2005.
Assessment Education. v. 5, nº 1. Lon-
don, 1998. p. 7-74. GAMA, Z.J. Avaliação na escola de 2º
grau. Campinas: Papirus, 1993.
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cação Nacional:Lei n. 9.394/96. Disponí- MAGALHÃES, Marcos. A juventude
velem: http://portal.mec.gov.br/arquivos/ brasileira ganha uma nova escola –
pdf/ldb.pdf >Acesso em: 20 Set. 2014. Pernambuco cria, experimenta e apro-
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DALBEN, A.I.L.F. Conselho de classe.
In:OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Ensi-
VIEIRA, L.M.F. DICIONÁRIO: trabalho, nando a turma toda - as diferenças
profissão e condição docente. Belo na escolar
Horizonte: UFMG/Faculdade de Educa-
ção, 2010. CDROM. ________, Maria Teresa Eglér. Uma
Aula Inclusiva ou “Como Ensinar Por-
DALBEN, Angela. Conselhos de Clas- centagens na Escola?”
se e avaliação: perspectivas peda-
gógicas na gestão pedagógica da Manual Operacional do ICE: Modelo
escola. 2004, Papirus. SP. de Gestão – Tecnologia Empre-
sarial Socioeducacional (TESE).
FAIRBROTHER, B. & HARRISON C. Recife: ICE, 2010.
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Open University Press – Buckingham, 2001.
Orsati FT. Acomodações, modifica-
FREITAS, Luiz Carlos de (Org.). Avalia- ções e práticas efetivas para a sala
ção: construindo o campo e a crítica. de aula inclusiva. Temas sobre Desen-
Florianópolis: Insular, 2002. volvimento 2013; 19(107):213-22.
PERRENOUD, Philippe. Não mexam https://sites.google.com/a/derpira-
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zido de http://www.udlcenter.org/ ção Integral ICE/SEDUC/PE.
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br/2010/03/guia-de-aprendizagem-i-
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Público. Guia prático: o direito de to-
dos à educação: diálogo com os Pro-
motores de Justiça do Estado de São
Paulo/Ministério do Estado de São
Paulo – São Paulo: MP-SP,2011

VILLAS BOAS, Benigna. Avaliação: Po-


líticas e Práticas. 2002, Papirus. SP.

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http://www.planetaeducacao.com.
br/portal/artigo.asp?artigo=1249
19/11/14 8:55

http://direitoadiferenca.files.wor-
dpress.com/2010/05/ensinando-a-
-turma-toda.pdf - 19/11/14 8:53

EEEI Jardim Botânico Piracicaba-SP. Pro-


grama de Educação Integral ICE SEE/SP.
EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
Prefeito Nestor de Camargo; Centro de Ensino
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1ª Edição | 2015

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