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Educação Unisinos
13(1):31-42, janeiro/abril 2009
© 2009 by Unisinos - doi: 10.4013/edu.2009.131.03

Políticas transversais (gênero, raça/etnia


e deficiência) e educação/qualificação
para o trabalho

Cross-sectional policies (gender, race/ethnicity,


disability) and education/qualification to work

Silvia Yannoulas
silviayannoulas@unb.br
Kelma Soares
kelmasoares@unb.br

Resumo: O artigo explora potencialidades e limites da proposta de transversalização de


políticas públicas (gênero, raça/etnia e deficiência), à luz da experiência brasileira recente
quanto à formulação e à implementação de políticas públicas de educação/qualificação para o
trabalho. Se educação e trabalho são dois tópicos importantes nas propostas dos organismos
governamentais específicos que tratam das questões transversais (CORDE, SPM e SEPPIR), a
relação entre esses grandes tópicos, isto é, a educação/qualificação para o trabalho, não consta
entre as principais preocupações contempladas nos planos e relatórios desses organismos
governamentais. Em grande medida, essa ausência relativa pode ser explicada pelos entraves
na transversalização das problemáticas ao interior das políticas sociais específicas (ou setoriais,
como são as políticas de educação e de trabalho).

Palavras-chave: deficiência, educação profissional, gênero, políticas públicas, qualificação


profissional, raça/etnia, transversalidade.

Abstract: This article explores potentialities and limits of cross-sectionalizing public policies
(gender, race/ethnicity, disability) in the light of the recent Brazilian experience in defining and
implementing public policies designed to train people for the labor market. Although education
and labor are two important topics in the proposals of government agencies (CORDE, SPM,
SEPPIR) that specifically deal with cross-sectional issues, the relation between those major
topics, i.e. professional training, is not included in the main concerns contained in the plans
and reports of those agencies. This absence is due, to a great extent, to hindrances to the
cross-sectionalizing of those issues within the scope of specific public policies (or sectorial
policies, such as education and labor policy).

Key words: disability, education/qualification to work, gender, public policies, race/ethnicity,


cross-sectionalizing.

Apresentação refletir sobre os alcances e os limites nas políticas setoriais1, especialmente


da transversalidade de problemáticas as políticas públicas de educação/qua-
O objetivo do presente artigo é como gênero, raça/etnia e deficiência lificação profissional. As reflexões aqui

1
Sobre a diferença entre policy e politics, ver Pereira (2001), Tanezini (2004). O estudo da ciência política registra uma mudança de concentração na
análise de políticas, desde os clássicos temas como eleições, partidos, governo – politics na língua inglesa, para outros aspectos que indicam ações
coletivas visando à satisfação das necessidades sociais – policy (Pereira e Stein, 2004).

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Silvia Yannoulas, Kelma Soares

contidas fazem parte das conclusões do (i) existência de dois tipos de de- para o trabalho (os escritórios no
Projeto de Pesquisa “Educação para o mandas: as tecnológicas, decorrentes Brasil da Organização das Nações
Trabalho em tempos de re-estruturação da modernização dos modelos de Unidas para a Educação, a Ciência
produtiva e participação popular: As produção – com tendência a acen- e a Cultura – UNESCO/Brasil e da
demandas tecnológicas e sociais nas tuar processos de discriminação da Organização Internacional do Tra-
políticas sociais brasileiras de Educa- população economicamente ativa e balho – OIT/Brasil)5.
ção e Trabalho (1995-2006)”2. de exclusão social; e as demandas Com relação às demandas sociais
O objetivo do Projeto “Educação sociais, emergentes da democratiza- e as políticas transversais decorren-
para o Trabalho” foi estudar a arti- ção e participação popular – com tes, foco deste artigo, foram analisa-
culação de demandas tecnológicas explicitação de questões sociais dos os loci: CORDE/Conade, SPM/
com as demandas sociais historica- específicas em diversos conselhos de CNDM e SEPPIR/CNPIR. A meto-
mente acumuladas na formulação controle social de políticas públicas dologia utilizada para desenvolver a
e implementação de políticas de visando à inclusão social (por exem- pesquisa foi de caráter qualitativo,
educação e qualificação para o plo, Secretaria Especial de Políticas baseada em análise de conteúdo
trabalho. O Projeto se inseriu numa para as Mulheres – SPM, Secretaria dos documentos coletados (funda-
linha de reflexão inaugurada por três Especial de Políticas de Promoção mentalmente legislação, planos de
pesquisas anteriores, conduzidas por da Igualdade Racial – SEPPIR, trabalho e relatórios de gestão das
Cunha (2001, 2002), Pronko (2001) Coordenadoria Nacional para a três secretarias) e das entrevistas
e Yannoulas (2004) no contexto da Integração da Pessoa Portadora de semiestruturadas realizadas junto
parceria da Sede Brasil da Facul- Deficiência – CORDE);3 a dois interlocutores de cada locus
dade Latino-americana de Ciências (ii) existência de duas instâncias estudado, seja nas esferas represen-
Sociais - FLACSO/Brasil com o do poder executivo federal que exe- tantes da sociedade civil inseridos
Ministério de Trabalho e Emprego cutam políticas de educação/quali- nos conselhos específicos, seja nas
- MTE. ficação para o mundo do trabalho esferas governamentais (funcioná-
O Projeto “Educação para o (Ministério de Educação – MEC e rios e gestores das secretarias).
Trabalho” partiu da constatação da Ministério de Trabalho e Emprego Foi constatada a preocupação das
existência de um emaranhado insti- – MTE);4 secretarias e conselhos que cuidam
tucional extremadamente complexo (iii) existência de dois organismos das políticas transversais de gênero,
no fenômeno analisado, a educação internacionais que assessoram tecni- raça/etnia e deficiência pelas questões
e a qualificação para o trabalho, es- camente aos governos federais em relativas à educação e ao trabalho. En-
pecialmente constatada pela: matéria de educação e qualificação tretanto, a ênfase do trabalho desen-

2
O Projeto “Educação para o Trabalho” foi desenvolvido pelo Grupo TEDis - Trabalho, Educação e Discriminação (cadastrado no Diretório de Grupos de
Pesquisa do CNPq), sob liderança de Silvia Cristina Yannoulas e com sede no Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília (ver site do Grupo:
www.unb.br/ih/dss/tedis). O Projeto contou com a colaboração de seis Assistentes de Pesquisa: Aline Barbosa Matos (locus CORDE), Aline Vieira (locus
MTE), Andressa Lourenço C. de Souza (locus SEPPIR), Daniella Furtado (locus MEC), Kelma Jaqueline Soares (locus UNESCO e OIT) e Tássia Barbosa
Pereira (locus SPM). O Projeto foi apoiado por: Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais/Sede Acadêmica Brasil – FLACSO/Brasil, e Universidade
de Brasília, através de: Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação – DPP/UnB, FINATEC/UnB e Diretoria de Desenvolvimento Social – DSS/UnB.
3
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) foi criado pela lei n° 7.353 de 29 de agosto de 1985, e era vinculado ao Ministério da
Justiça. A atual Secretaria Especial de Política para as Mulheres (SPM) foi criada inicialmente em 1° de janeiro de 2003 por Medida Provisória nº
103 (posteriormente Lei 10.683 de maio de 2003). Anterior ao ano de 2003, a SPM era denominada Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher. A
Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) foi criada pela lei 7.853 de 24 de outubro de 1989. O Conselho
Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE) é órgão superior de deliberação colegiada, criado pela Medida Provisória nº
1.799-6 de 1999, inicialmente no âmbito do Ministério da Justiça. Em maio de 2003, o referido Conselho, por meio da Lei nº 10.683 de 2003, passou
a ser vinculado à Presidência da República por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (CONADE, 2008). Por fim, a SEPPIR foi criada por
meio da lei 10.678, de 23 de maio de 2003. O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) também foi criado pela referida lei, e
disposto no Decreto nº 4.885, de 20 de novembro de 2003. Assim, temos três situações diferentes: (a) no caso das mulheres, o Conselho precedeu
à criação da Secretaria e conta já com uma tradição superior às duas décadas de atuação, (b) no caso dos deficientes, houve a criação de uma
coordenadoria uma década antes da constituição de um conselho de direitos associado à problemática; e (c) no caso da raça, secretaria e conselho
foram criações recentes e paralelas.
4
O MEC foi criado no ano de 1930, teve suas origens no Decreto nº 19.402 de 14 de novembro de 1930, sendo nesse momento a Secretaria de
Estado com a denominação de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. O MTE também foi criado no ano de 1930, por meio do Decreto
nº 19.433, de 26 de novembro, sendo denominado de Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
5
A estratégia adotada pelo Projeto “Educação para o Trabalho” privilegiou os organismos internacionais especializados em produzir conhecimento
técnico especializado e em propiciar acordos de cooperação técnica nas áreas de trabalho e de educação, inseridos no contexto das Nações Unidas.

32 São esses organismos: a OIT, criada no contexto da primeira guerra mundial no ano de 1919; e a UNESCO, criada em 1945 no contexto da Segunda
Guerra Mundial. O perfil de atuação do BID e do Banco Mundial, considerados originalmente pela autora Pronko (2001) como referentes em matéria
de educação para o trabalho, obedece a critérios diferentes: são organismos orientados ao financiamento de investimentos públicos. Entretanto,
existem estudos que analisam a relação entre esses organismos e o MEC, destacando sua influência quanto à determinação das orientações mais
gerais quanto às políticas de educação profissional por esse ministério (ver Oliveira, 2001).

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Políticas transversais (gênero, raça/etnia e deficiência) e educação/qualificação para o trabalho

volvido está colocada na visibilidade as semelhanças, e quais os limites Os interlocutores entrevistados nas
da problemática de gênero, raça ou à comparabilidade entre essas três secretarias e nos conselhos estudados
deficiência na educação e no trabalho, políticas transversais? Trata-se da afirmam insistentemente que essas
mais do que no desenvolvimento de quantidade ou da qualidade dos su- instâncias governamentais não de-
programas e ações específicas para a jeitos da política? senvolvem projetos de educação pro-
educação ou qualificação profissional Este artigo está dividido em qua- fissional ou qualificação profissional,
dos grupos historicamente desfavore- tro seções. A primeira seção resume que não é da competência delas e sim
cidos ou vulneráveis. as principais constatações da pes- do Ministério da Educação – MEC ou
Sobre a articulação das demandas quisa com relação ao segundo com- do Ministério de Trabalho e Emprego
sociais e das demandas advindas ponente, orientado à compreensão – MTE, respectivamente. A afirma-
da inovação tecnológica, podemos do tratamento das demandas sociais ção desses entrevistados pode ser
organizar os achados da pesquisa em historicamente acumuladas: de que relativizada, pois na documentação
torno de três eixos de reflexão: maneira CORDE/CONADE, SPM/ analisada pelo projeto verificamos
(i) A tensão universalidade ver- CNDM e SEPPIR/CNPIR se rela- que: (a) essas instâncias participam
sus focalização: desde o ponto cionam com os temas de educação/ da qualificação de gestores para lidar
de vista dos sujeitos das políticas qualificação para o trabalho? Desses com as problemáticas transversais
transversais, constatamos que os achados da pesquisa partimos para na implementação dos programas e
movimentos sociais vinculados às três tipos de análise: uma primeira das ações de educação profissional
políticas transversais defendem as análise centrada no olhar dos sujeitos e de qualificação profissional – isto
ações focalizadas como instrumento das políticas (tensão entre univer- é: qualificam profissionalmente os
de justiça social e para dar visibili- salidade e focalização das políticas gestores das políticas de trabalho e de
dade ao grupo oprimido. Entretanto, públicas), outra análise conforme a educação para lidar com as questões
é necessário refletir sobre a origem mirada do/a gestor/a (tensão entre as transversais de gênero, raça, defici-
de dois conceitos por vezes utilizados políticas setoriais e as transversais) ência; e (b) elas têm como prioridade
de maneira indistinta, porém com e, finalmente, uma última análise que outras metas relativas à questão
conotações totalmente diferentes: procura delinear os limites à com- do trabalho ou de educação, como
seletividade e focalização. parabilidade entre as três políticas veremos em continuidade, mas sem
(ii) A tensão entre políticas soci- transversais incluídas na pesquisa explicitar a articulação entre ambas
ais específicas (ou setoriais) versus (gênero, raça/etnia e deficiência). dimensões da realidade social.
políticas transversais: uma outra As três secretarias e os três con-
questão surge, na perspectiva dos Políticas de educação/ selhos correlatos se preocupam,
gestores que formulam e executam qualificação para o principalmente, com a visibilidade da
as políticas setoriais e transversais. A trabalho e diversidade sua problemática específica (gênero,
atual divisão de tarefas entre gestores raça/etnia, e deficiência). A atenção
das políticas setoriais (que imple- Promover a inclusão social e preferencial está em consolidar es-
mentam as políticas setoriais) e das reduzir as desigualdades constitui o sas problemáticas nas agendas das
políticas transversais (que estimulam primeiro dos dez grandes objetivos políticas públicas brasileiras e na
a incorporação de problemáticas es- de governo previstos no PPA e o qualificação de funcionários dos mi-
pecíficas na formulação e avaliação principal foco da Agenda Social. nistérios (que formulam as políticas
de políticas setoriais) implica vários Contudo, a redução das desigualda- sociais específicas de educação e de
questionamentos: até que ponto as des é entendida estritamente como trabalho), para lidar com os desafios
atividades que são delegadas para uma diminuição da desigualdade de que essas problemáticas impõem
agentes executores são de fato ex- renda entre os mais ricos e os mais às políticas sociais específicas ou
ecutadas? Até que ponto se tornam pobres, sem considerar a interface setoriais (neste sentido, constata-se a
apenas funções delegáveis? entre gênero, raça e pobreza. No existência de qualificação profissio-
(iii) Os limites à comparabilidade caso da escolaridade e especial- nal nestes planos). Vejamos alguns
entre os tipos de políticas transver- mente da inserção no mercado de exemplos.
sais: há diferença nas tentativas de trabalho, o sexismo e o racismo No caso do lócus da SPM, há a
incorporar questões transversais de estruturam perversas desigualda- defesa da transversalidade do gênero
gênero, de raça/etnia e de deficiência des sociais e determinam diversos nas políticas setoriais de educação e 33
ao interior das políticas setoriais? tipos e graus de exclusão social (ver de trabalho, sem se colocar a tarefa
Quais seriam as diferenças, quais INESC, 2008). de promover uma qualificação profis-

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Silvia Yannoulas, Kelma Soares

sional ou uma educação profissional coordenado pelo MTE, e a SEPPIR pois: a CORDE se preocupa
específica para as mulheres. Suas integra o Conselho Consultivo do principalmente pelas condições
funcionárias entendem que essa é Programa Nacional de Estímulo que garantam a integração/
tarefa do MTE (no caso da qualifica- ao Primeiro Emprego de Jovens inclusão dos deficientes nas es-
ção profissional) e do MEC (no caso (CCPNPE). O papel dessa Secre- colas do sistema formal (acessi-
da educação profissional). Assim, a taria no referido Conselho é o de bilidade); a SEPPIR se preocupa
SPM não pretende ofertar cursos de analisar as propostas relativas aos mais com o estabelecimento de
profissionalização para as mulheres, Consórcios Sociais da Juventude, cotas na universidade e pela
mas sim de atualização ou espe- verificando como o recorte racial incorporação da temática racial
cialização para gestores em temas foi contemplado, com vistas ao nos conteúdos do conjunto do
referentes à discussão de gênero. monitoramento e à publicação dos sistema educacional; e final-
Capacita, especialmente, gestores de resultados. A população negra repre- mente a SPM está interessada
políticas e educadores, promove cur- sentava 40% do total de jovens aten- especialmente pela inclusão
sos e assessoramento em instituições didos pelo programa. Essa forma de da problemática de gênero em
públicas de diversa natureza, com o participação da SEPPIR na dinâmica todo o sistema educacional – e
intuito de chamar a atenção desses de implementação dos programas também nas políticas de ciência
atores e muni-los com informação realizados no âmbito das políticas e tecnologia.
e teoria sobre a questão das discri- setoriais de trabalho demonstra que Entretanto, não há preocupação
minações de gênero em diferentes a proposta de atuação da SEPPIR é a específica com a relação entre as
áreas, dentre elas a educação e o de monitorar ou controlar a inserção duas dimensões da realidade (edu-
trabalho (Pereira, 2008). da questão racial na aplicação de polí- cação e trabalho) ou ainda com
Ainda que de forma pontual, ticas setoriais, e menos a de promover a articulação das políticas e dos
podem ser mencionadas algumas ações governamentais específicas na sistemas educacional e de emprego.
maneiras específicas em que as área da qualificação para o trabalho As três secretarias definem a edu-
Secretarias Especiais atuam com para as populações negras. cação profissional ou qualificação
relação ao tema da qualificação Podemos dizer que as três se- profissional como uma atribuição
profissional. Por exemplo, conforme cretarias e conselhos se preocupam dos respectivos ministérios de
Souza (2008), a SEPPIR promove em seus planos e programas com as educação e de trabalho, sem com-
projetos que potencializam ação duas dimensões da realidade social, petência própria ou específica para
empreendedora dos afro-brasileiros. trabalho e educação, e com os sis- agir nessa área ou desenvolver
No ano de 2005, a SEPPIR apoiou temas educacionais e de emprego programas específicos. Ao que
a realização dos seminários “In- correlatos: parece, esse tema é considerado
cubação de Experiências para o • Mercado de trabalho: as três um “tema menor” – o que não é
Fortalecimento de Empreendedores instâncias se preocupam com o raro, pois seria somente mais uma
Afro-Brasileiros”, nos estados de desenvolvimento de programas expressão da (des)consideração
São Paulo, Minas Gerais, Bahia, que estimulem as ações afirma- dessas temáticas no interior das
Rio de Janeiro, Amapá, Santa Ca- tivas, visando à melhoria quan- disciplinas educação e sociologia.
tarina e o Distrito Federal. Segundo titativa e qualitativa na inserção Segundo a informação obtida junto
informações recolhidas junto aos dos grupos historicamente dis- aos entrevistados nessas secretarias
funcionários da SEPPIR, os donos criminados ou vulneráveis ao e conselhos, a problemática da
das empresas incubadoras eram interior do mercado de trabalho relação entre educação e trabalho
empreendedores afro-descendentes, (com destaque para ações de não aparece explicitamente nas de-
que almejam empregar outros afro- empoderamento destinadas às liberações nos conselhos, nem está
descendentes numa perspectiva de mulheres e aos negros e cotas incluída nos planos ou relatórios
vínculo solidário. para os deficientes). das instâncias governamentais e
Outro ponto que permitiria de- • Sistema educativo: constatamos conselhos consultados. Tomando
monstrar o interesse da SEPPIR características específicas de emprestada a diferença conceitual
em dialogar com os responsáveis cada uma das três secretarias e utilizada por Madsen (2008), pode-
governamentais pela qualificação conselhos correlatos, conforme mos afirmar que a política de edu-
34 profissional é a atuação dessa se- as maneiras de manifestação da cação ou a política de trabalho no
cretaria no âmbito do estímulo ao discriminação de gênero, raça/ Brasil incorporaram parcialmente a
primeiro emprego. Esse programa é etnia e deficiência na educação, perspectiva de gênero e raça/etnia,

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Políticas transversais (gênero, raça/etnia e deficiência) e educação/qualificação para o trabalho

porém não haveria uma política de nacional e na estrutura de aparelhos discriminação (exemplos: delegacias
gênero na educação ou na qualifi- do Estado no Brasil 6. Astelarra e auditorias do trabalho, juizados do
cação profissional. (2004) analisou os relatórios relati- trabalho, entre outras instituições
Nesse sentido, se a CORDE está vos à CEDAW e os planos de igual- relevantes).
preocupada com o cumprimento da dade de oportunidades de oito países Os dois tipos de organismos pre-
cota de deficientes legalmente esta- latino-americanos (Brasil, Chile, cisam da formação de seus recursos
belecida no quadro de funcionários Colômbia, Costa Rica, Guatemala, técnicos (individual e coletivamen-
das empresas, essa preocupação El Salvador, México e Peru). Se- te), da qualificação dos recursos
ainda não se traduz no estudo da gundo a autora, a ênfase na atuação humanos para compreender, avaliar
viabilidade na aplicação da cota, dos governos desses países foi dada e atuar no combate à problemática
isto é, desde o ponto de vista das por meio de estratégias de produção da discriminação e na promoção
qualificações profissionais neces- de informação e conhecimento e da igualdade. A falta de conheci-
sárias para ingressar (e ser promo- de sensibilização e formação de mento sobre as normas nacionais
vido) nas empresas. A CORDE gestores sobre a desigualdade de e internacionais, por exemplo, foi
assessora órgãos governamentais gênero. Ainda são poucos os países reconhecida como um claro obs-
e não-governamentais na temática que colocam como objetivo alcançar táculo para a aplicação efetiva da
da deficiência, e o tema prioritário mudanças estruturais nas relações de normativa já existente. Também é
nesse assessoramento é a questão gênero no mundo do trabalho, para necessário sensibilizar e (in)formar
da acessibilidade, mencionada em além das mudanças específicas na os interlocutores da sociedade civil
todos os seus documentos. Com legislação trabalhista, pois o que organizada (trabalhadores e empre-
relação à política de educação profis- pretendem é a incorporação das sários) sobre temas de formulação,
sional vinculada ao MEC, a CORDE mulheres nos sistemas produtivos implementação e avaliação de gêne-
estabeleceu algumas parcerias com vigentes. Paralelamente, existiria ro das políticas públicas de trabalho,
a Secretaria de Ensino Superior vi- uma grande popularidade de obje- pois sua participação é estratégica
sando à acessibilidade nas universi- tivos e financiamentos destinados a junto aos gestores públicos nos or-
dades públicas federais. Além disso, melhorar a qualificação profissional ganismos tripartites e paritários de
firmou parceria com a Secretaria de das mulheres em prol de sua incor- diálogo social.
Educação Especial para trabalharem poração aos mercados com suas Nesse sentido, uma chave-mestra
conjuntamente na perspectiva da novas características. para atingir um patamar razoável no
educação inclusiva. Com relação à Os governos latino-americanos combate à discriminação no mundo
qualificação profissional a cargo do tentam combater os problemas do trabalho no século XXI estaria
MTE, suas ações não são discutidas da discriminação no mundo do constituída pela formação de diver-
com a participação ativa da CORDE. trabalho a partir de organismos sos atores estratégicos – técnicos
Assim, a atuação da CORDE e tam- públicos especializados. Esses or- governamentais, empresários, traba-
bém do CONADE aborda apenas a ganismos podem ser de dois tipos: lhadores, legisladores, entre outros,
questão do acesso à educação – prin- (a) de assessoria e promoção (por e pelo fortalecimento da capacidade
cipalmente o ensino propedêutico, e exemplo, os conselhos e secretarias institucional, por meio de diversas
ao emprego – cumprimento da cota especiais da mulher, ou coordena- estratégias e componentes, como
(Matos, 2008). ções interministeriais), que reúnem, organização de materiais indispen-
Concentraremos temporaria- publicam e difundem informação e sáveis, desenvolvimento de campa-
mente nossa atenção na questão de concedem assessoria sobre a legis- nhas de informação e sensibilização,
gênero, pois, conforme detalhado lação específica e outros elementos formulação de modelos alternativos
ao início do artigo, essa questão foi das políticas públicas (exemplos: a para a formação específica, desen-
a primeira – no sentido cronológico SPM, a SEPPIR e a CORDE); e (b) volvimento de capacidades pessoais
do término – a ser reconhecida e in- de fiscalização e punição, atuantes e institucionais. Destarte, os orga-
corporada na agenda internacional/ sobre denúncias por motivos de nismos internacionais com atuação

6
No contexto do Convênio FLACSO/TEM, essa preocupação se tornou explícita. Houve uma primeira tentativa de reflexão comparada sobre as diferentes
35
categorias incluídas na diversidade, especialmente considerando as questões de gênero e deficiência (ver Yannoulas e Garcia, 2003). As diferenças
seriam observáveis ao menos em três dimensões: origem e desenvolvimento do movimento organizado; grau de aprofundamento da teoria sobre a
problemática específica; e introdução e consolidação das questões nas agendas internacionais e nacionais.

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na região e também os governos preconceitos sexistas presentes nas Nacional de Qualificação do Tra-
de alguns países latino-americanos culturas institucionais e sistemas balhador – PLANFOR (Governo
desenvolveram múltiplos esforços cognitivos, o que significa a subes- FHC), a proposta de política de
como contrapartes ativas nos pro- timação da persistência de modelos qualificação profissional era univer-
gramas de formação implementados discriminatórios de gênero no mun- salista, buscava-se atender a todos
(ver Yannoulas, 2008). do do trabalho, no mundo educati- os trabalhadores em cinco anos
Uma consideração se faz rele- vo, no mundo da política, na vida de funcionamento do Plano (20%
vante neste ponto. Há uma diferença quotidiana. Também podem passar da PEA anualmente). Já no Plano
importante entre os funcionários do a impressão de que não são neces- Nacional de Qualificação – PNQ
MTE ou do MEC, e os funcionários sárias especialistas em questões de (Governo Lula), o atendimento é
das secretarias e conselhos que gênero, ou qualificação específica, previsto de maneira focalizada, com
atendem as demandas dos grupos nem recursos financeiros e de tempo o estabelecimento de públicos-alvo
historicamente discriminados ou específicos. Propiciados em grande específicos: as pessoas participan-
em situações de vulnerabilidade medida por agências internacionais, tes de ações afirmativas. As mais
(CORDE, SPM, SEPPIR): o grau esses manuais e programas também recentes recomendações da OIT
de engajamento com o movimento podem criar resistências nacionais também apresentam a necessidade
social organizado, o conhecimento ou locais, pois são avaliados como de políticas de formação profis-
da problemática e suas especifici- imposição de conceitos desde o sional voltadas para grupos que se
dades e desenvolvimento histórico, exterior ou desde outras culturas – configuram como minorias, grupos
e até a participação efetiva nas lutas “importação de problemas alheios”, vulneráveis ou grupos historicamen-
por serem sujeitos incluídos nesses argumento que se ouve com lamen- te discriminados7.
grupos vulneráveis ou discriminados tável frequência. Do lado das políticas de educa-
(mulheres, negros, deficientes), en- Deste primeiro tópico podemos ção, Frigotto (2004) nos oferece um
tre outros aspectos. Simplificando, derivar dois tipos de reflexões: as bom exemplo das dificuldades de
poderíamos dizer que os gestores que se relacionam com a questão lidar com a tensão universalidade e
de políticas transversais assumem da universalidade e a focalização focalização no contexto do ensino
a “defesa da causa” em maior me- nas políticas e programas (isto é: médio, nível do sistema preferen-
dida. Podemos dizer que fazem ao o olhar dos usuários dos sistemas cialmente associado à questão da
interior do aparelho do Estado um educacional e de emprego), e as educação profissional:
trabalho semelhante ao de advocacy que se relacionam com a questão
Uma política pública de ensino médio
(advogar) que realizam os movi- da setorialidade e a transversali- que articule ciência, conhecimento,
mentos sociais organizados junto ao dade das políticas públicas (isto cultura e trabalho não pode ser nem
Legislativo. é: a mirada dos gestores das po- homogeneizadora nem atomizadora
Entretanto, a qualificação dos líticas setoriais e transversais). e particularista. Para combater a
gestores de políticas setoriais nas Trataremos essas questões nos dois perspectiva do dualismo, reiterado ao
questões transversais não é um tema tópicos a seguir. longo de nossa história educacional,
simples. Por exemplo, Meentzen seja de escolas ou do conhecimento,
o desafio é que um conjunto de con-
e Gomariz (2002) afirmam que Universalidade,
ceitos e categorias básicas possa ser
os manuais e os programas para seletividade e focalização reconstruído ou produzido a partir
capacitação e desenvolvimento de da diversidade, tanto regional como
políticas institucionais e públicas Ao considerar as políticas se- social e cultural. Isso significa que
com perspectiva de gênero utiliza- toriais desenvolvidas pelo MTE os sujeitos coletivos singulares são a
dos na região registram uma ten- (qualificação profissional), e tendo referência real, ponto de partida e de
dência à simplificação da temática, em mente especialmente o quesito chegada, e que não podem ser homo-
sob o suposto de que técnicas e atendimento às demandas sociais, geneizados a priori. Ainda assim, o
instrumentos são capazes de vencer podemos afirmar que, no Plano objetivo é que, ao longo do processo,

36 7
As recomendações da OIT em matéria de qualificação profissional também refletem essa passagem de formulações universalistas (por exemplo,
convenções 100/1953 e 111/1960) para formulações focalizadas, como por exemplo a R197 e a R198 de 2006, que atribuem o termo vulnerável
aos grupos de trabalhadoras, de jovens, de imigrantes, idosos, trabalhadores da economia informal. Por exemplo, consta na R197 que são grupos
vulneráveis “los trabajadores, en particular los trabajadores de los sectores de alto riesgo y los trabajadores vulnerables, entre ellos los trabajadores
de la economía informal, los trabajadores migrantes y los trabajadores jóvenes” (OIT, 2006a, p. 2).

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Políticas transversais (gênero, raça/etnia e deficiência) e educação/qualificação para o trabalho

todos possam ter direito ao patamar ação afirmativa como instrumentos social, serviços sociais universais
possível de conhecimento nesse de justiça a serem aplicados tem- de educação e de saúde:
nível de ensino, em todo o país. Se, porariamente, como uma aposta
de um lado, a homogeneização por num futuro diferente no qual esse Uma razão histórica para a adoção
alto violenta as singularidades dos tratamento diferenciado não mais do princípio da universalidade foi o
sujeitos coletivos e sua particulari- será necessário. Assim, concorda- objetivo democrático de não discri-
dade histórica, de outro lado a escola minar cidadãos no seu acesso a bens
mos com a clássica proposição de
não pode ter como ponto de chegada e serviços que, por serem públicos,
a pulverização das particularidades,
Lyndon B. Johnson, segundo Feres são indivisíveis e deveriam estar à
mas deve desenvolver um grau de Júnior (2006): disposição de todos. Não discriminar,
universalidade histórica, construída por esta perspectiva, significa não
nessa diversidade (unidade do diver- Liberdade per se não é suficiente. Não estabelecer critérios desiguais de
so). Esse é um aspecto que merece se apagam cicatrizes de séculos profe- elegibilidade, que humilhem, enver-
atenção particular, pois não nos pa- rindo simplesmente: agora vocês são gonhem, estigmatizem e rebaixem o
rece que os equívocos das análises e livres para ir aonde quiserem e escolher status de cidadania de quem precisa
dos processos de ensino marcados por os líderes que lhe aprouver. Não se de proteção social pública (Pereira e
um universalismo abstrato e de cunho pode pegar um homem que ficou acor- Stein, 2004, p. 4).
dogmático tenham como alternativa rentado por anos, libertá-lo das cadeias,
os equívocos do culturalismo, do conduzi-lo, logo em seguida, à linha de
Segundo as autoras, devido à
multiculturalismo e do relativismo largada de uma corrida, dizer “você é
livre para competir com os outros” e
complexidade da operacionalização
das perspectivas do pós-modernismo
assim pensar que se age com justiça do princípio de universalidade na
(Frigotto, 2004, p. 60).
(Feres Júnior, 2006, p. 48-49). garantia dos direitos sociais em
Recentemente afirmamos que sociedades capitalistas em crise, o
existiria uma dupla correlação de Nesta mesma linha de pensamen- princípio da seletividade se sobrepôs
conceitos e princípios, ambos igual- to, nós acreditamos que as caracte- nos anos 1970 ao da universalidade.
mente válidos e não mutuamente rísticas e consequências negativas A seletividade ancorada na equidade
excludentes como a noção de tensão atribuídas às políticas focalizadas ainda permitiria a interpretação de que
pode sugerir (Yannoulas, 2007). De são elementos de uma gestão gover- os governos devem centrar suas pre-
um lado e baseados no princípio da namental inserida em um contexto ocupações nas necessidades sociais,
igualdade, seria imperativo pensar as de Estado mínimo. Assim, podemos por meio da identificação de grupos
políticas sociais de forma universal, pensar numa dupla correlação de sociais particulares para melhor
pensar políticas setoriais em grande conceitos e princípios, ambos igual- atendê-los. Mas, nos anos 1990, o
abrangência, no sentido de imaginar mente válidos e não mutuamente conceito mudou de rumo e de sentido:
uma (re)distribuição do conjunto de excludentes como a noção de tensão surge assim a focalização (tradução
bens e serviços, materiais e simbóli- entre universalização e focalização, de target-oriented), orientado pelo
cos, por meio de uma constelação de anteriormente mencionada, poderia enfoque de eficiência e da utilização
políticas cada vez mais inclusivas. sugerir. racional dos recursos escassos, visan-
De outro lado, e baseados na cons- Gostaríamos de aprofundar nesta do a diminuir as despesas do Estado.
tatação das diferentes condições e dupla correlação. E para tanto, uma A focalização afigura-se como um
oportunidades dos grupos, pensamos distinção se faz necessária: entre princípio antagônico ao da univer-
na execução de programas redistri- seletividade e focalização das po- salização, nos planos operacional,
butivos, que garantam o tratamento líticas sociais. Conforme Pereira e teórico e ideológico, capaz de desviar
diferente para os desiguais – isto é: Stein (2004), o princípio de univer- da atenção política a satisfação das
que efetivamente os diversos grupos salidade é o que melhor representa necessidades sociais – devido ao seu
possam atravessar as mencionadas a estreita relação entre políticas caráter complexo e multideterminado
portas de entrada para a educação, públicas (policies) e direitos sociais – para a adoção de soluções técnicas
a saúde, o trabalho, entre outros conquistados por movimentos de- tidas como inovadoras, aparentemen-
direitos, garantia de igualdade de mocráticos no curso do século XX. te neutras e facilmente controláveis
oportunidade e de resultados apesar Entre 1940 e 1970, nas democracias (Pereira e Stein, 2004).
dos diferentes pontos de partida ou avançadas, houve uma notável ex- Ao entender que um dos objetivos
das diferentes necessidades. pansão do intervencionismo estatal, das políticas sociais é redistribuir 37
Neste ponto, é necessário escla- com medidas que visavam a garantir os bens (materiais e simbólicos) e
recer que entendemos as políticas de pleno emprego, rede de segurança garantir os direitos e a satisfação das

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Silvia Yannoulas, Kelma Soares

necessidades sociais pelo conjunto novamente, com um exemplo sobre práticas discriminatórias nas rela-
da população, consideramos que as dificuldades de serem trabalhadas ções de trabalho a partir do trabalho
a universalidade é o princípio que as políticas setoriais separadamente quotidiano já desenvolvido pelas
deveria nortear as políticas públicas, das transversais: Delegacias Regionais do Trabalho
complementado por aplicação de cri- (DRTs). No contexto do programa,
térios seletivos (e até temporários) que Não se trata, também, de sujeitos sem as Delegacias criaram Núcleos de
permitam enfatizar esforços especiais rosto, sem história, sem origem de Promoção de Igualdade de Oportu-
no caso dos grupos historicamente dis- classe ou fração de classe. Os sujeitos nidades e Combate à Discriminação,
a que nos referimos são predominan-
criminados, com inferiores condições com foco na aplicação dos princípios
temente jovens e, em menor número
e oportunidades de desfrute dos bens. adultos, de classe popular, filhos de
e diretrizes das convenções nº 100 e
Nesse sentido, não haveria identidade trabalhadores assalariados ou que nº 111 da OIT ratificadas pelo Gover-
entre ação afirmativa e focalização, e produzem a vida de forma precária por no Brasileiro (Yannoulas, 2004).
sim entre ação afirmativa e seletivida- conta própria, do campo e da cidade, Uma das atribuições destes nú-
de, pois a ação afirmativa teria como de regiões diversas e com particulari- cleos é a de instituir programas edu-
proposta garantir a equidade e não dades socioculturais e étnicas. É sob cativos preventivos que garantam a
diminuir ou desenvolver eficiência no essa realidade de tempos e espaços aplicação das políticas de promoção
diversos de sujeitos coletivos (jovens
gasto público. da igualdade de oportunidades em
e adultos) reais que poderemos cons-
O princípio da universalidade matéria de emprego e profissão,
truir, na relação Estado e sociedade,
relaciona-se a políticas sociais se- Estado e movimentos sociais, uma além de estratégias de eliminação
toriais que primem pelos direitos política de ensino médio que resgate de conflitos ou punição de práticas
sociais, conforme já destacado (edu- o direito de continuação do processo discriminatórias comprovadas.
cação, trabalho, saúde, etc.). Além de escolarização para aqueles a quem Entre os princípios orientadores da
disso, entende-se aqui que a esse isso foi negado até o presente e, sobre- ação desenvolvida pelo Programa
princípio orientador de políticas pú- tudo, que a universalização da idade constam a transversalidade e a
blicas alia-se a noção de prevenção, apropriada garanta a permanência com articulação de políticas, visando à
efetiva democratização do conheci-
uma vez que possibilitaria o acesso inclusão social. Entretanto, não se
mento. Trata-se de sentidos e signifi-
a serviços da rede de proteção social cados que afetam a forma, o método verificou um tratamento sistemático
básica (Pereira e Stein, 2004). Por e o conteúdo do ensino médio. [...] das problemáticas transversais ao
outro lado, compreendemos o prin- Reconhecer a diferença, então, não é o interior do MTE, pois o programa
cípio da seletividade diferentemente mesmo que legitimar a desigualdade. historicamente passou por várias
da conotação tecnicista e eficientista, Pelo contrário, toma-se a diferença reformulações, incertezas quanto
consolidada principalmente a partir mesma, sobretudo aquela que é fruto ao seu futuro e disputas internas no
dos anos 70, e sim entendemos a da desigualdade como ponto de par- MTE quanto à dependência no orga-
tida real para a sua superação naquilo
seletividade desde o ponto de vista nograma. Outro exemplo inclusive
que diz respeito ao sistema educativo.
da complexidade das necessidades cronologicamente anterior no campo
Sabemos que a desigualdade não é
humanas. Sob esse olhar, o critério gerada na escola, mas na sociedade. das políticas de trabalho e as difi-
transversal relaciona-se com a de- A escola pode reforçá-la ou contribuir culdades de manter um tratamento
fesa da equidade nas áreas setoriais para sua superação (Frigotto, 2004, sistemático das questões transversais
como gênero, raça, deficiência, meio p. 57-58). é o Grupo de Trabalho para a Elimi-
ambiente e outros temas e questões nação da Discriminação no Emprego
que se apresentam em uma relação Se o autor refere-se ao conteúdo e na Ocupação – GTEDEO, criado
social imbricada e dinâmica. das políticas de educação profissio- em 1995 (Yannoulas, 2004).
nal, nós podemos também pensar na O caráter da institucionalidade
Políticas setoriais e gestão institucional de políticas de (secretarias, unidades e conselhos)
políticas transversais: qualificação profissional e seu grau de gênero, de raça/etnia ou de de-
entre a visibilidade de incorporação da problemática ficiência ao interior das estruturas
e a simplificação das transversal. Neste caso, podemos dos Estados para incorporar as pro-
problemáticas específicas exemplificar nosso raciocínio com blemáticas transversais nas políticas
o “Programa Brasil Gênero e Raça”, públicas setoriais foi modificado no
38 Ao considerar os sentidos da criado no âmbito do MTE em 2000. decorrer do tempo, como conse-
política pública para o ensino mé- Esse programa foi instituído com quência dos avanços no conheci-
dio, Frigotto (2004) nos presenteia, o fim de identificar e combater as mento sobre as relações de gênero

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Políticas transversais (gênero, raça/etnia e deficiência) e educação/qualificação para o trabalho

ou de raça/etnia, das transformações poração da problemática de gênero • vontade e decisão política para
sociais e econômicas nas diferentes nas políticas públicas: desenvolver afirmar a transversalidade de gê-
regiões do mundo, dos debates sobre programas específicos para atender os nero nas agendas e planejamen-
o Estado e da própria experiência problemas decorrentes das relações tos (a mencionada estratégia
institucional. desiguais de gênero (políticas das aqui se constitui num pressupos-
Guzmán (2001) oferece um bom mulheres), ou introduzir o gênero em to central deste método);
panorama dessas transformações todas as políticas públicas setoriais já • incorporação das questões de
no caso das relações de gênero e da existentes. A segunda questão, de ca- gênero na prática quotidiana dos
promoção da igualdade das mulheres, ráter metodológico-científico, seria o gestores públicos, em todos os
que, recordemos, foi a problemá- conceito de transversalidade dos anos níveis: federal, estadual e muni-
tica que primeiro se consolidou ao noventa, que significa afirmar que o cipal (a formação nas questões
interior das agendas internacionais gênero está ancorado na ação pública de gênero, que desenvolvere-
e nacionais. Nos anos 1990, o foco do Estado, na sua matriz estrutural, mos em outro tópico, constitui
foi colocado na necessidade de sem significar necessariamente que um pressuposto central desta
transversalizar as questões de gênero seja incorporada com o mesmo peso perspectiva);
(especialmente a partir da Conferên- em cada nível da estrutura ou política • disseminação de novos valores
cia Internacional de Beijing 1995). pública. culturais e políticos junto à
Assim, a institucionalidade de gênero Com efeito, a transversalidade população, corresponsável na
na atualidade teria como principal do enfoque de gênero poderia ser construção da cidadania inclu-
função coordenar a incorporação da levada à prática de maneira tão siva (a participação cidadã e a
problemática de gênero em todas as reducionista ou tecnicista (se a pre- justiça social constituem simul-
políticas públicas setoriais, opondo- ocupação somente diz respeito ao taneamente pontos de partida e
se aos mecanismos que geram desi- método científico), que minimizaria de chegada).
gualdade, implementando políticas seu caráter de ferramenta política
de caráter integral e favorecendo (estratégico-político), convertido Embora o discurso da trans-
a participação das mulheres nos num descritor e não numa ferramen- versalidade de gênero ou de raça/
espaços públicos e institucionais. ta para analisar e alterar as relações etnia já possa ser encontrado em
E é a partir desta perspectiva que a de poder. Por estar reduzida a uma alguns Ministérios e Secretarias, na
incorporação das questões de gênero operação mecânica que visa a inserir prática ele ainda não aparece muito
na formação dos gestores e gestoras a terminologia da moda, totalmente claro. De outro lado, os esforços de
de políticas públicas ganhou relevân- divorciada da construção de propos- qualificação dos recursos humanos
cia, pois o objetivo de introduzir a tas adequadas para cada contexto es- resultam ainda limitados em número
problemática de gênero em todas as pecífico, a análise de gênero (como de beneficiários/as, frente à mag-
políticas poderia ser visceralmente a de meio ambiente, ou a racial) nitude do problema. Por exemplo,
limitado pela falta de recursos huma- foi convertida em eixo temático de ao considerar o Plano Plurianual
nos qualificados para tal finalidade. numerosas agências de cooperação (PPA) 2004-2007, as analistas do
No Brasil, foi semelhante o destino internacional como requisito para a Centro de Estudos Feministas de
da questão de raça e etnia, especial- aprovação do repasse de recursos Estudos e Assessoria (CFEMEA)
mente a partir da criação da SEPPIR (ver Barrig, 2001). destacam que “[...] a proposta total
e da CNPIR. Para Bandeira (2005), a trans- da ação de capacitação em gênero
Meentzen e Gomariz (2002) rea- versalidade de gênero nas políticas de servidores federais, prevista no
lizam uma contribuição importante públicas refere-se à ideia de elaborar programa da Secretaria Especial de
ao destacar a existência de uma di- uma matriz que permita orientar uma Políticas para as Mulheres para os
ferença conceitual e principalmente nova visão de competências (políti- próximos quatro anos, atinge apenas
operacional entre transversalidade cas, institucionais e administrativas) 160 funcionários. Considerando que
como estratégia política e o gender e uma responsabilização dos ges- são 374 programas previstos no PPA,
mainstreaming como matriz estrutu- tores públicos sobre as assimetrias nem mesmo os gerentes de cada um
ral ou opção metodológica para com- de gênero nas distintas esferas do dos programas seriam capacitados”
preender o próprio Estado. A primeira governo. Portanto, a garantia para (CFEMEA, 2003).
questão, de caráter estratégico-políti- uma política de igualdade de gênero Destarte, nossa reflexão se enca- 39
co, corresponde ao debate dos anos estaria assegurada a partir de três minha na consideração da relação
oitenta sobre como resolver a incor- dimensões articuladas: entre o volume de recursos existen-

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Silvia Yannoulas, Kelma Soares

tes e os aplicados para combater as alocados, mas sim a forma como jerarquia homens brancos, mulheres
discriminações e promover popula- esses recursos são despendidos, já brancas, homens negros e mulheres
ções vulneráveis quanto à educação que os benefícios recebidos pelos negras que se afirma para os grupos
e ao trabalho. Sobre a questão dos segmentos-alvo são pouco expres- com poucos anos de escolaridade,
recursos destinados a promover o sivos perante os custos associados à altera-se ao aumentar os anos de
tratamento da deficiência na educa- manutenção institucional para a via- escolaridade considerados.
ção para o trabalho, e a destinação de bilização dessas políticas públicas. Especialmente, deverá ser ne-
recursos para a população deficiente Pereira e Stein (2004) também fazem cessário desenvolver uma atenção
em matéria de educação profissional, referência ao aumento considerável dobrada ao atravessamento entre as
ocorre relação semelhante à anterior- dos custos administrativos necessá- categorias mencionadas e à condição
mente destacada. Ao analisar os pla- rios para a coleta de informações e socioeconômica, isto é, classe so-
nos de ação e os relatórios de gestão comprovação de condicionalidades cial, considerando especialmente as
da CORDE no período 2004-2008, no caso das políticas focalizadas, situações de pobreza. Por exemplo,
verifica-se que a CORDE disponibi- diminuindo a eficácia das políticas as mulheres e os homens da mesma
lizou recursos a 35 instituições (34 na redução das desigualdades. classe social frequentam institui-
Organizações Não-Governamentais ções educativas idênticas, porém o
e uma pública-estatal). Desses pro- À guisa de conclusão rendimento obtido com a conclusão
jetos, apenas quatro tratavam da dos estudos realizados, uma vez
questão da qualificação profissional, Uma outra questão diz respeito inseridos no mercado de trabalho
o que corresponde a 12,41% das a diferentes tipos de desigualdades é completamente diferente, e por
verbas destinadas a projetos nesse comprovadas na sociedade brasi- vezes se sobrepõe aos problemas
ano (Matos, 2008). leira, e especialmente aos grupos decorrentes do racismo. Assim, o
Ainda conforme dados CFEMEA denominados vulneráveis (deficien- conceito de trajetórias diferentes em
(2008), ao comparar o montante dos tes, mulheres e negros). Existe uma circuitos educacionais semelhantes
recursos destinados às ações da SPM tendência nos documentos oficiais e se aplicaria em maior medida para
e da SEPPIR nos anos 2007 e 2008, nas falas dos funcionários e gestores as diferencias de gênero, e em con-
verifica-se que houve uma redução a reunir os diferentes tipos de discri- trapartida o conceito de circuitos
no volume de recursos destinados às minação de populações vulneráveis educacionais diferentes contribuiria
duas secretarias, com uma queda no num único conceito (o de diversi- à compreensão de diferencias oriun-
orçamento de R$ 697 mil para SPM dade) e numa única prática para seu das da classe social e da raça/etnia.
e R$ 9,67 milhões a menos para a combate através das políticas públi- Haveria, no nosso ver, uma relati-
SEPPIR. Além disso, destaca-se que cas, reunindo o escopo das políticas va proximidade entre a transversali-
dos 306 programas que integram o transversais ao tratar de políticas dade de gênero e a transversalidade
PPA 2008-2011 menos de 3% desses setoriais (por exemplo, a SECAD no de raça/etnia. Quantitativamente, em
são referentes às desigualdades de MTE trata do conjunto dos grupos ambos os casos lidamos com um pú-
gênero e/ou raça, evidência de que tidos como vulneráveis). blico numericamente significativo,
os recursos destinados para as ações Entretanto, se há semelhanças em que não constituem “minorias”, mas
setoriais são escassos. alguns pontos (por exemplo, a exis- que envolvem uma grande parcela
Uma última ressalva merece ser tência de legislação nacional e inter- da população brasileira. Segundo a
incluída antes de concluir nosso nacional que ampara os direitos des- OIT (2006b), no Brasil, as mulheres
artigo. Melo (2006), ao analisar ses grupos), é necessário aprofundar e a população negra representam
os momentos históricos da agenda no conhecimento das semelhanças e 68% da População Economicamente
política brasileira, utiliza o conceito diferenças entre as categorias socio- Ativa (PEA), o que afirma que se
de mistargeting: “a incapacidade lógicas mencionadas, bem como no trata de uma população numerica-
de as políticas alcançarem os seg- seu tratamento pela academia e seu mente expressiva embora trate de um
mentos sociais que configuram a combate pela política. Em outras grupo historicamente segregado (do
sua população-meta” (Melo, 2006, palavras: o sexismo e o racismo não ponto de vista econômico, político
p. 18). Para o autor, essa é uma das atuam sempre no mesmo sentido, e social).
características das políticas públi- com os mesmos mecanismos, o que Uma outra questão que diferen-
40 cas em tempos de redistribuição se torna evidente quando analisamos ciaria as problemáticas de gênero
conservadora. A problemática neste a relação entre anos de escolaridade e raça/etnia da problemática de
caso não é a quantidade de recursos e rendimento salarial médio, pois a deficiência é a proposta temporária

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Políticas transversais (gênero, raça/etnia e deficiência) e educação/qualificação para o trabalho

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Submetido em: 07/11/2008


Aceito em: 19/01/2009

Silvia Yannoulas
Universidade de Brasília
Departamento de Serviço Social
Instituto Central de Ciências
Campus Universitário Darcy Ribeiro
Centro, Mezanino, B1 432, Asa Norte,
70910-900, Brasília, DF, Brasil

Kelma Soares
Universidade de Brasília
Departamento de Serviço Social
Instituto Central de Ciências
42 Campus Universitário Darcy Ribeiro,
Centro, Mezanino, B1 432, Asa Norte,
70910-900, Brasília, DF, Brasil

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