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2008
Resumo
Autores | Authors
O objetivo do presente trabalho foi produzir cervejas utilizando cevada
Roberto Abdallah CURI como adjunto de malte e compará-las, quanto às características físico-químicas
Universidade Estadual Paulista (UNESP) e sensoriais, com cerveja padrão produzida com 60% de malte e 40% de maltose
Faculdade de Ciências Agronômicas de milho. Além disso, verificou-se a possibilidade de quantificar cada uma das
Departamento de Gestão e Tecnologia
Agroindustrial matérias-primas (malte, cevada e maltose de milho) empregadas na fabricação
e-mail: robcuri@lpnet.com.br das bebidas pela metodologia de isótopos estáveis dos elementos químicos
carbono (13C) e nitrogênio (15N). Foram produzidas cervejas do tipo Pilsen, com
Waldemar Gastoni VENTURINI diferentes quantidades de malte e cevada, porém foi fixada a proporção de maltose
FILHO de milho. O mosto foi inoculado com levedura cervejeira de baixa fermentação.
Universidade Estadual Paulista (UNESP) A fermentação transcorreu a 10 °C e foi acompanhada com medições diárias
Faculdade de Ciências Agronômicas até o valor de 1°Brix acima da atenuação limite. Quando atingiu esse valor, a
Departamento de Gestão e Tecnologia cerveja foi engarrafada manualmente e levada ao freezer à temperatura de 0 °C
Agroindustrial
Caixa Postal: 237 por 15 dias, para que ocorresse a maturação. A carbonatação ocorreu na própria
CEP: 18610-307 garrafa, através da fermentação do açúcar residual presente na cerveja, por ação
Botucatu/SP - Brasil de leveduras remanescentes. No 16º dia, iniciaram-se as análises. Verificou-se
e-mail: venturini@fca.unesp.br
que, com a utilização crescente de cevada como adjunto de malte na formulação
da cerveja, houve queda na intensidade da cor da bebida e a aceitabilidade foi
Carlos DUCATTI menor. Com a utilização da metodologia dos isótopos estáveis dos elementos
Universidade Estadual Paulista (UNESP) químicos carbono (13C) e nitrogênio (15N), foi possível identificar e quantificar as
Instituto de Biociências de Botucatu
Centro de Isótopos Estáveis Ambientais fontes de carbono C3 e C4 utilizados na fabricação das bebidas. Este método não
e-mail: ducatti@ibb.unesp.br permitiu a identificação da cevada em relação ao malte.
Palavras-chave: Bebida; Fermentação; Qualidade; Isótopos; Fraude.
Toshio NOJIMOTO
Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Faculdade de Ciências Agronômicas Summary
Departamento de Gestão e Tecnologia
Agroindustrial
e-mail: toshio@fca.unesp.br
The aim of this work was to produce beers using barley as a malt adjunct,
and compare them with standard beers produced with malt (60%) and corn
Autor Correspondente | Corresponding Author maltose (40%) with respect to their physicochemical and sensory characteristics.
Recebido | Received: 14/05/2007 In addition, the possibility of quantifying each raw material (malt, barley and
Aprovado | Approved: 20/10/2008 corn maltose) used in the beer production by way of carbon (13C) and nitrogen
(15N) isotopic analyses was checked. Pilsen beers were produced with different
amounts of malt and barley, but the proportion of corn maltose was fixed. The
wort was inoculated with bottom yeast. Fermentation occurred at 10 °C and was
followed by daily measurements until a value of 1 °Brix above the attenuation
limit. When it reached this value, the beer was bottled manually and placed in a
freezer at 0 °C for 15 days to mature. Beer carbonation occurred in the bottle by
fermentation of the residual sugar by the action of remaining yeast cells. The beers
were analysed as from the 16th day. It was shown that as the amount of barley used
as a malt adjunct in the beer formulation increased, so the colour intensity and
acceptability decreased. The use of the carbon (13C) and nitrogen (15N) isotopic
analyses allowed for the identification and quantification of the C3 and C4 carbon
sources used in the beer production, but did not allow for the identification of
barley in relation to malt.
Key words: Beverage; Fermentation; Quality; Isotopes; Adulteration.
www.ital.sp.gov.br/bj
2.2.2 Elaboração das cervejas construída em aço inoxidável, encamisada e com sistema
de aquecimento e isolamento térmico, por 60 min, sendo
As quantidades de malte, cevada e maltose de
que, logo no início, introduziu-se a maltose de milho em pó
milho em pó utilizadas na produção das cervejas estão
e, após 30 min, o lúpulo em péletes. Terminada a fervura,
apresentadas na Tabela 1. Foram utilizados, ainda, 32 kg
realizou-se o whirlpool, durante 5 min. Após esse período,
de água em cada fabricação. Sendo 12 kg na mosturação
ocorreu repouso de mais 60 min para a retirada do trub,
e 20 kg para a lavagem do bagaço (torta de filtro).
por decantação.
O malte utilizado nos quatro tratamentos foi tritu-
O mosto clarificado foi, então, transferido para
rado em moinho de dois rolos, a seco. Para a fabricação
o fermentador, provido de controlador e indicador de
das cervejas do tratamento 1, foi adicionada água ao
temperatura e, neste, resfriado à temperatura de 10 °C,
malte moído e mosturado em tanque de aço inoxidável,
em aproximadamente 4 h. Quando o mosto atingiu
provido de agitador, aquecimento, controlador e indicador
essa temperatura, seu teor de extrato foi corrigido para
de temperatura e isolamento térmico, pelo processo de
12 °Brix, através de adição de água. Posteriormente, o
infusão, conforme a Figura 1.
mosto foi inoculado com levedura cervejeira (centrifu-
Com o término do processo de mosturação, gada) na proporção de 1% m/m e iniciou-se o processo
realizou-se o teste do iodo, para confirmação da sacarifi- de fermentação.
cação do amido. O mosto foi, então, separado do bagaço
Logo após o seu preparo, 100 mL de mosto
de malte através de filtração convencional sob pressão
(12 °Brix) foi inoculado com aproximadamente 10 g
atmosférica, na mesma tina de mosturação, equipada,
de fermento cervejeiro centrifugado e colocado para
também, com fundo falso ranhurado, usando o próprio
fermentar em temperatura ambiente até a estabilização
bagaço de malte (torta) como elemento filtrante. Após
do teor de extrato (atenuação limite).
a filtração do mosto primário, a torta foi lavada com
água à temperatura de 80 °C, em três etapas de 20 min A fermentação foi acompanhada com medições
cada, obtendo, assim, o mosto secundário. A mistura do diárias até o valor de 1 °Brix acima da atenuação limite.
primário com o secundário resultou no mosto misto. Com Quando atingiu esse valor, a cerveja foi engarrafada
o final da filtração, o mosto misto foi fervido em equipa- manualmente em garrafas com capacidade de 600 mL,
mento denominado fervedor de mosto ou tina de fervura, que foram levadas ao freezer à temperatura de 0 °C por
15 dias, para que ocorresse a maturação. A carbona-
tação ocorreu na própria garrafa, através da fermentação
Tabela 1. Quantidade de malte, cevada e maltose de milho em do açúcar residual presente na cerveja, por ação de
pó utilizada na fabricação das cervejas.
leveduras remanescentes. No 16º dia, iniciaram-se as
Tratamento Malte Cevada Maltose de
análises.
milho
(kg) (%) (kg) (%) (kg) (%) Nos tratamentos (2, 3 e 4) em que a cevada foi
T1 2,4 60 0,0 0,0 1,6 40
usada como adjunto, a mosturação foi realizada pelo
T2 2,0 50 0,4 10 1,6 40
processo de infusão de duas massas, conforme a
Figura 2.
T3 1,6 40 0,8 20 1,6 40
T4 1,2 30 1,2 30 1,6 40
100 Ebulição
30 min 80 °C
100 75 70 °C
Temperatura (°C)
80 °C 1 °C/min 30 min
75 70 °C 40 °C 1 °C/min
50
Temperatura (°C)
30 min 38 °C
30 min
30 min
50 25
40 °C 1 °C/min
30 min
25
0 30 60 90 120 150 180 210
0 Tempo (min)
0 25 50 75 100 125
Adjunto (cevada) Malte
Tempo (min)
Figura 2. Relação de tempo e temperatura na mosturação pelo
Figura 1. Relação de tempo e temperatura na mosturação pelo processo de infusão de duas massas para a produção das
processo de infusão para as cervejas do tratamento 1. cervejas dos tratamentos 2, 3 e 4.
Foram utilizados dois tanques para a produção metria) e teor de extrato (densimetria), conforme EBC
do mosto cervejeiro. No tanque denominado “cozedor (1987). Na maltose de milho em pó, foram realizadas as
de cereal”, ocorreu a adição de pequena quantidade de determinações de umidade (gravimetria), teor de extrato
malte moído (10% em relação à massa do adjunto) em (densimetria), odor (olfato) e pH (potenciometria) EBC
água a 38 °C, permanecendo em maceração durante (1987).
30 min. Em seguida, adicionou-se a cevada e elevou-se No mosto, foram analisados o teor de extrato
a temperatura da massa até a ebulição, que foi mantida (densimetria), pH (potenciometria), cor (espectrofoto-
por mais 30 min. Após o período de fervura, essa mistura metria, 430 nm), fermentabilidade [F = (12 - teor extrato
(adjunto/malte/água) foi transferida para a tina de fermentado/12) x 100] e amargor (extração de subs-
mosturação, onde estava a massa principal de malte, e tâncias amargas com iso-octano e espectrofotometria,
mosturada como descrito anteriormente. 275 nm), segundo EBC (1987) e acidez total (titulometria
com soda 0,1 N), de acordo com ASBC (1958).
2.2.3 Produção dos padrões de referência da análise
isotópica As análises realizadas nas cervejas foram: extrato
aparente (densimetria); extrato real (densimetria), fermen-
O padrão de malte foi produzido utilizando-se 50 g tabilidade aparente [FA = (12 – teor extrato aparente/12)
de malte previamente moído, ao qual foram adicionados x 100], fermentabilidade real [F R = (12 – teor extrato
200 g de água destilada a 40 °C. A mistura permaneceu real/12) x 100], álcool (método da destilação e densi-
em repouso por 30 min e, posteriormente, elevou-se a metria), pH (potenciometria), cor (espectrofotometria,
temperatura à taxa aproximada de 1 °C por minuto até 430 nm) e amargor (extração de substâncias amargas
atingir 70 °C. Neste momento, foram adicionados mais com iso-octano e espectrofotometria, 275 nm), conforme
100 g de água destilada (70 °C) à mistura, que perma- EBC (1987), acidez total (titulometria com soda 0,1 N) e
neceu em repouso por 60 min. Em seguida, elevou-se a CO2 (tabela pressão-temperatura e correção do volume
temperatura a 80 °C e procedeu-se ao resfriamento da
de ar com soda), de acordo com ASBC (1958), espuma
mistura à temperatura ambiente, num intervalo de 15 min.
(tempo de colapso), através de De Clerk (1958) e turbidez
A filtração foi realizada em papel de filtro comum, para
(nefelometria com suspensão de formazina), de acordo
retirar o bagaço de malte. Em seguida, ferveu-se o mosto
com EBC (1987).
por 60 min, sendo que, a cada 15 min, completava-se o
volume inicial com água destilada (EBC, 1987). A seguir, 2.2.5 Análise sensorial
o teor de extrato foi corrigido para 12 °Brix e adicionou-se
levedura cervejeira de baixa fermentação. A fermentação A análise sensorial das cervejas foi realizada em
foi conduzida à temperatura de 10 °C, dando origem ao cabinas apropriadas, sob luz branca, longe de ruídos
fermentado puro malte, que passou a ser considerado e de odores. Foi aplicado o teste de aceitação global
padrão de referência de fonte de carbono C3. (escala hedônica estruturada), com pontos variando de
um (1 = desgostei extremamente) a nove (9 = gostei
Como padrão de fonte de carbono C4, foi utilizada
extremamente), de acordo com Stone e Sidel (1985). O
a maltose de milho diluída em água (12 °Brix). Esse mosto
painel sensorial foi composto por 30 provadores de ambos
foi fermentado nas mesmas condições que o mosto de
malte. os sexos. As amostras (codificadas com 3 dígitos) foram
servidas em copo de vidro e estavam à temperatura de
Os valores isotópicos (δ13C) do padrão de malte
5 °C.
(C3) e do padrão de maltose de milho (C4) foram usados
no cálculo da percentagem de carbono C 3 e C 4 nas 2.2.6 Análise estatística
cervejas.
Para a análise sensorial, foram recrutados trinta
2.2.4 Análise físico-química provadores que não foram necessariamente os mesmos
nos três blocos (trinta repetições por bloco e trata-
No malte, foram realizadas as seguintes determina-
mento).
ções: umidade (gravimetria), teor de extrato (sacarificação
enzimática do amido do malte e densimetria), odor O efeito de tratamento, para cada variável, foi estu-
(olfato), fermentabilidade [F = (teor extrato mosto - teor dado utilizando-se Análise de Variância para experimento
extrato fermentado/teor extrato mosto) x 100], velocidade em blocos, (Tabela 2) com repetição (trinta no caso das
de sacarificação (tempo de sacarificação), velocidade de variáveis sensoriais e duas no caso das variáveis físico-
filtração (tempo de filtração), poder diastático (hidrólise químicas) conforme Vieira e Hoffman (1989).
enzimática de solução padrão de amido por enzimas Em todas as análises (sensorial e físico-química),
do malte e quantificação de açúcares redutores por foram calculadas as estatísticas F e p para verificar efeito
iodometria) e pH (potenciometria), de acordo com EBC de tratamento. As médias dos tratamentos foram compa-
(1987). Na cevada foram determinados umidade (gravi- radas pelo teste de Tukey.
Tabela 7. Resultados estatísticos da análise físico-química das Tabela 8. Análise sensorial das cervejas pelo teste de escala
cervejas. hedônica.
Variáveis QM QM Estatística Tratamentos Blocos Médias dos
tratamento resíduo B1 B2 B3 tratamentos
Álcool (ºGL) 0,09611 0,00250 F = 38,44a T1 8,2 ± 0,8 8,0 ± 1,0 7,9 ± 0,8 8,0a
Extrato real (ºBrix) 0,11333 0,06167 F = 1,84 T2 6,8 ± 1,7 6,5 ± 1,3 6,6 ± 1,1 6,6b
Fermentabilidade real (%) 7,87966 4,27316 F = 1,84 T3 6,6 ± 1,4 6,7 ± 1,4 6,6 ± 1,3 6,6b
Extrato aparente (ºBrix) 0,11778 0,10611 F = 1,11 T4 4,2 ± 1,3 4,5 ± 1,5 4,1 ± 1,7 4,3c
Fermentabilidade 8,17656 7,36591 F = 1,11 Médias dos 6,5 6,4 6,3 -
aparente (%) blocos
pH 0,02390 0,00302 F = 7,92 Letras diferentes indicam diferenças significativas entre tratamentos
pelo teste de Tukey (p < 0,05).
Acidez total (%m/v) 0,00104 0,00013 F = 7,79
Cor (EBC) 10,48375 0,01875 F = 559,13a
Amargor (UA) 0,21833 0,02500 F = 8,73
Turbidez (EBC) 0,01056 0,02750 F = 0,38 Tabela 9. Resultados estatísticos da análise sensorial das
Espuma (s) 17,11100 36,33300 F = 0,47 cervejas pelo teste de escala hedônica.
CO2 (v/v) 0,20370 0,03710 F = 5,49 Variável Tratamento Resíduo Estatística
a
Diferença estatística significativa (p < 0,05); GL tratamento = 3; e GL QM GL QM
GL resíduo = 12.
Avaliação 3 221,084 348 1,680 F = 131,58*
global
cerveja com sabor áspero. Este pode ter sido um dos * Diferença estatística significativa (p < 0,05).
fatores que influenciaram os provadores, que atribuíram
notas mais baixas às cervejas fabricadas com maiores
quantidades de cevada. resultados deverá impossibilitar a identificação do malte
em relação à cevada e vice-versa, nas cervejas fabri-
3.5 Análise isotópica cadas.
A maltose de milho apresentou valor médio de δ13C
3.5.1 Análise das matérias-primas igual a –11,53‰, característico de plantas C4. Esse resul-
tado deverá possibilitar sua identificação nas cervejas
Os valores obtidos para o δ13C e δ15N nas amostras que fizeram uso deste adjunto. Essa matéria-prima, que
de malte e cevada estão relacionados na Tabela 10. é constituída basicamente de carboidratos [C x(H2O)y],
A diferença de 1,01‰, observada na Tabela 10, não apresentou valores isotópicos para o nitrogênio,
entre o δ15N da cevada e do malte pode ser indicativo conforme previsto.
de que essas matérias-primas não tenham a mesma Os valores médios de δ13C e δ15N apresentados
origem. na Tabela 10 estão em conformidade com os valores
As médias do δ13C do malte e da cevada apre- citados por Brooks et al. (2002), Schmidt et al. (1980) e
sentam valores muito próximos. Essa proximidade de Sleiman (2006).
Tabela 10. Valores médios de δ13C e δ15N nas amostras de malte, Tabela 12. Valores médios da análise isotópica de δ13C e as
cevada e maltose de milho em pó utilizados na fabricação das respectivas porcentagens de matéria-prima encontrada nas
cervejas. cervejas.
Amostra δ13C (‰) δ15N (‰) Amostra δ13C (‰) Cervejaa
Média D. M. Média D. M. T1B1 -20,07 54% de C3 e 46% de C4
Malte (C3) -27,40 0,02 3,91 0,03 T1B2 -20,16 55% de C3 e 45% de C4
Cevada (C3) -27,19 0,07 2,90 0,15 T1B3 -20,10 54% de C3 e 46% de C4
Maltose de milho -11,53 0,01 - - T2B1 -20,10 54% de C3 e 46% de C4
em pó (C4) T2B2 -20,30 56% de C3 e 44% de C4
D.M. – desvio médio (média dos desvios em valor absoluto); C3 – planta T2B3 -20,34 56% de C3 e 44% de C4
do ciclo fotossintético C3; e C4 – planta do ciclo fotossintético C4.
T3B1 -20,11 55% de C3 e 45% de C4
T3B2 -20,16 55% de C3 e 45% de C4
T3B3 -20,30 56% de C3 e 44% de C4
Tabela 11. Valores médios da análise isotópica de δ13C e δ15N T4B1 -20,55 58% de C3 e 42% de C4
nas cervejas. T4B2 -20,14 55% de C3 e 45% de C4
Amostra δ13C (‰) δ15N (‰) T4B3 -20,14 55% de C3 e 45% de C4
Média D. M. Média D. M.
a
Para o cálculo das porcentagens de carbono C3 e C4, encontrados nas
cervejas, foram utilizados os valores médios de δ13C dos fermentados
T1B1 -20,07 0,20 3,19 0,05 padrões (cerveja puro malte = -26,81‰ e cerveja puro milho =
-12,07‰). C3 – Planta do ciclo fotossintético C3. C4 – Planta do ciclo
T1B2 -20,16 0,14 2,93 0,03 fotossintético C4. T – Tratamento; e B – bloco.
T1B3 -20,10 0,17 2,91 0,03
T2B1 -20,10 0,16 2,97 0,01
T2B2 -20,30 0,03 3,03 0,02
T2B3 -20,34 0,18 2,99 0,02 4 Conclusões
T3B1 -20,11 0,09 2,90 0,06
Dentro das condições experimentais deste
T3B2 -20,16 0,17 3,05 0,10
trabalho, pode-se concluir:
T3B3 -20,30 0,01 2,91 0,08
T4B1 -20,55 0,15 3,04 0,04 • O uso de cevada como adjunto de malte inter-
T4B2 -20,14 0,08 2,93 0,08
fere negativamente na qualidade sensorial da
cerveja;
T4B3 -20,14 0,10 2,98 0,04
D.M. – desvio médio (média dos desvios em valor absoluto); • Não se recomenda o uso de cevada como
T – Tratamento; e B – Bloco.
adjunto de malte na fabricação de cervejas tipo
Pilsen; e
• A metodologia baseada na razão isotópica do
3.5.2 Análise das cervejas carbono é adequada para estimar a proporção
de carbono de origem C3 e C4 na cerveja, mas
Os valores da análise isotópica de δ13C e δ15N estão
não permite identificar a presença de cevada
relacionados na Tabela 11.
na bebida.
A média dos valores de δ13C encontrados indica a
presença da maltose de milho, fonte de carbono C4, que
Referências
foi utilizada na formulação das cervejas. Porém, não foi
possível diferenciar a cevada em relação ao malte nas ALMEIDA e SILVA, J. B. Cerveja. In: VENTURINI FILHO,
bebidas produzidas. W. G. (Coord.). Tecnologia de bebidas: matéria-prima,
Os valores médios da análise isotópica de δ13C e processamento, BPF/APPCC, legislação e mercado. São Paulo:
as respectivas porcentagens de carbono C3 e C4 encon- Edgard Blücher, 2005. cap. 15, p. 347-382.
trados nas cervejas estão apresentados na Tabela 12. AMERICAN Society of Brewing Chemists. Wort. In: ______
O erro de 2 a 6% observado para a concentração Methods of analysis of the American Society of Brewing
de carbono C3 nas cervejas pode ser atribuído à perda de Chemists. Madison: ASBC, 1958. cap. 8, p. 183-198.
carboidratos, das fontes de carbono C3 (malte e cevada),
AMERICAN Society of Brewing Chemists. Beer. In: ______
ocorrida durante o processo de filtração do mosto. Neste
Methods of analysis of the American Society of Brewing
caso, uma parcela dos carboidratos na forma solúvel
Chemists. Madison: ASBC, 1958. cap. 2, p. 17-66.
(açúcares e dextrinas) e insolúvel (amido) foi perdida na
torta de filtração (bagaço de malte). Isto explica porque BRADEE, L. H. Adjuntos. In: BRODERICK, H. M. (Dir.). El
os valores de concentração de C3 são sempre inferiores cervecero en la practica: un manual para la industria cervecera.
a 60% (proporção das fontes C3 na formulação). 2 ed. Lima: AMCA, 1977. cap. 4, p. 53-82.
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Regulamenta a Lei n. 8.918, de 14 de julho de1994, que dispõe The practical brewer: a manual for the brewing industry. 2 ed.
sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a Madison: MBAA, 1978. cap. 6, p. 99 - 116.
produção e a fiscalização de bebidas. Boletim IOB, São Paulo, REINOLD, M. R. Manual prático de cervejaria. São Paulo:
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