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RIBEIRO, Carlos. À luz das narrativas: escritos sobre oras e autores.

Salvador: EDUEBA, 2009

O instante que permanece

A crônica

Efemeridade X Perenidade

 “O gênero inclui textos contundentes, às vezes ácidos em suas


denúncias de nossas mazelas sociais”.

 “A crônica brasileira tem sido uma trincheira contra a mercantilização da


nossa cultura e dos seres, reduzidos a meros objetos”.

 “O cronista é como um homem solitário, talvez um Quixote que combate,


não moinhos de vento, mas a reificação da natureza e dos seres”.

 “Os cronistas levaram para as páginas dos jornais o tom informal, às


vezes confessional, da conversa de pé-de-ouvido, temperado pela ironia
e pelo humor”.

 “A crônica não se trata somente de um gênero híbrido, localizado na


fronteira da literatura e do jornalismo, já que é publicada originalmente
nas páginas de jornal e revistas, mas também múltiplo”.
 Segundo Massaud Moisés (1995) “A crônica pode assumir a forma de
alegoria, necrológio, entrevista, invectiva, apelo, resenha, confissão,
monólogo, diálogo, em torno de personagens reais e/ou imaginários etc.”

 “A crônica deu um passo decisivo do registro histórico para o literário


quando passou a valorizar mais as qualidades de estilo”.

 “A crônica tem como elemento preponderante do gênero a adesão ao


real”.

 “Ligada ao jornalismo, a crônica está presa, quase sempre, ao


circunstancial”.

 “Nela, o autor pode carregar o leitor para suas microaventuras diárias,


cujas fronteiras com a ficção são muitas nebulosas, como nas crônicas/
contos de Fernando Sabino. Ou, como Raquel de Queiroz, desvelar um
mundo vasto de episódios, costumes e anedotas do sertão nordestino- e
seu flagrante contraste com o mundo cosmopolita”.

 “Mas, de um modo ou de outro, lá estão, o homem e o meio,


perfeitamente disponíveis em suas peculiaridades, em suas
particularidades”.

Agregação ou Segregação

 “A crônica poderia estar ligada, para usar uma expressão de Antônio


Cândido, a uma arte de agregação”.
 “A crônica se opõe uma arte de segregação, que se preocupa em
renovar o sistema simbólico, criar novos recursos expressivos e, para
isto, dirige-se a um número ao menos inicialmente reduzido de
receptores, que se destacam, enquanto tais, da sociedade”.

 “Principalmente, a partir dos movimentos de vanguarda do início do


século 20, privilegia-se a linguagem polissêmica, a crônica passa a ser
considerada um gênero menor”.

 “O próprio Cândido, no entanto, objeta que a agregação e a segregação


são aspectos constantes de toda obra”.

Máscaras da objetividade
 “Pode-se observar, portanto, que a abordagem de elementos comuns do
cotidiano de uma grande cidade- uma das marcas principais da crônica
brasileira desde o final do século 19- não obedece, apesar de sua
vinculação ao jornalismo, a uma abordagem meramente referencial”.

 “Na crônica, ao contrário da reportagem factual, sua vizinha na coluna


ao lado, a realidade chega ao leitor transfigurada pelo olhar do cronista
que, por meio do uso de metáforas e metonímias, muitas vezes negadas
aos jornalistas do nosso tempo, procura romper os limites de uma
referencialidade meramente circunstancial, para sondar, como poeta, o
cerne da realidade multifacetada da cidade desumanizada”.

 “É, portanto, ao tirar a máscara da objetividade que o cronista consegue


expressar, da forma mais eficaz, a realidade das coisas- realidade que
não se esgota na descrição física de objetos e cenas, nem na ilusória
pretensão de mostrar a vida como ela é”.
 “A escrita do cronista não se limita ao registro do real, e sim uma
modificação da forma como o percebemos”.

 “Uma boa crônica vale tanto quanto um bom texto em qualquer outro
gênero”

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