Sei sulla pagina 1di 29

Aquecimento Global

Entenda o Aquecimento Global, Efeito Estufa, conseqüências, aumento da


temperatura mundial, degelo das calotas polares, gases poluentes, Protocolo
de Quioto, furacões, cliclones, desertos, clima

Poluição atmosférica: principal causa do aquecimento global

Introdução
Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes
climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial.
Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido
nos últimos anos.

A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados,
ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de
desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias
regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode ocasionar
o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O que pode estar provocando tudo
isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está
relacionado a todos estes acontecimentos.

Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está


ocorrendo em função do aumento de poluentes, principalmente de gases derivados
da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel etc), na atmosfera. Estes gases
(ozônio, gás carbônico e monóxido de carbono, principalmente) formam uma
camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. O
desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este
processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta
camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da
temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas
grandes cidades, já se verifica suas conseqüências em nível global.

Conseqüências do aquecimento global


- Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo,
está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas
dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades
litorâneas;
- Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a
morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas.
Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de
países tropicais (Brasil, países africanos), a tendência é aumentar cada vez mais as
regiões desérticas em nosso planeta;
- Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com
que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos
de catástrofes climáticas;
- Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondas
de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de
calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

Protocolo de Quioto
Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos
poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16
fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura
global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite
poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o
desenvolvimento industrial do país.

Acessar a área de Geografia

Copyright © 2005 Sua Pesquisa.Todos os direitos reservados. Este texto não pode ser
reproduzido
sem autorização de seu autor. Só é permitida a reprodução para fins de trabalhos escolares.

O Efeito Estufa e o Aquecimento Global


O aquecimento global é o aumento da temperatura terrestre (não só numa zona
específica, mas em todo o planeta) e tem preocupado a comunidade científica cada vez
mais. Acredita-se que seja devido ao uso de combustíveis fósseis e outros processos em
nível industrial, que levam à acumulação na atmosfera de gases propícios ao Efeito Estufa,
tais como o Dióxido de Carbono, o Metano, o Óxido de Azoto e os CFCs.

Há muitas décadas que se sabe da capacidade que o Dióxido de Carbono tem para
reter a radiação infravermelha do Sol na atmosfera, estabilizando assim a temperatura
terrestre por meio do Efeito Estufa, mas, ao que parece, isto em nada preocupou a
humanidade que continuou a produzir enormes quantidades deste e de outros gases de
Efeito Estufa.

A grande preocupação é se os elevados índices de Dióxido de Carbono que se têm


medido desde o século passado, e tendem a aumentar, podem vir a provocar um aumento na
temperatura terrestre suficiente para trazer graves conseqüências à escala global, pondo em
risco a sobrevivência dos seus habitantes.

Na realidade, desde 1850 temos assistido a um aumento gradual da temperatura global,


algo que pode também ser causado pela flutuação natural desta grandeza. Tais flutuações
têm ocorrido naturalmente durante várias dezenas de milhões de anos ou, por vezes, mais
bruscamente, em décadas. Estes fenômenos naturais bastante complexos e imprevisíveis
podem ser a explicação para as alterações climáticas que a Terra tem sofrido, mas também é
possível e mais provável que estas mudanças estejam sendo provocadas pelo aumento do
Efeito Estufa, devido basicamente à atividade humana.

Para que se pudesse compreender plenamente a causa deste aumento da temperatura


média do planeta, foi necessário fazer estudos exaustivos da variabilidade natural do clima.
Mudanças, como as estações do ano, às quais estamos perfeitamente habituados, não são
motivos de preocupação.

Na realidade, as oscilações anuais da temperatura que se têm verificado neste século


estão bastante próximo das verificadas no século passado e, tendo os séculos XVI e XVII
sido frios (numa escala de tempo bem mais curta do que engloba idades do gelo), o clima
pode estar ainda a se recuperar dessa variação. Desta forma os cientistas não podem afirmar
que o aumento de temperatura global esteja de alguma forma relacionado com um aumento
do Efeito Estufa, mas, no caso dos seus modelos para o próximo século estarem corretos, os
motivos para preocupação serão muitos.

Segundo as medições da temperatura para épocas anteriores a 1860, desde quando se


tem feito o registro das temperaturas em várias áreas de globo, as medidas puderam ser
feitas a partir dos anéis de árvores, de sedimentos em lagos e nos gelos, o aumento de 2 a 6
ºC que se prevê para os próximos 100 anos seria maior do que qualquer aumento de
temperatura alguma vez registrado desde o aparecimento da civilização humana na Terra.
Desta forma torna-se assim quase certo que o aumento da temperatura que estamos
enfrentando é causado pelo Homem e não se trata de um fenômeno natural.

No caso de não se tomarem medidas drásticas, de forma a controlar a emissão de


gases de Efeito Estufa é quase certo que teremos que enfrentar um aumento da temperatura
global que continuará indefinidamente, e cujos efeitos serão piores do que quaisquer efeitos
provocados por flutuações naturais, o que quer dizer que iremos provavelmente assistir às
maiores catástrofes naturais (agora causadas indiretamente pelo Homem) alguma vez
registradas no planeta.

A criação de legislação mais apropriada sobre a emissão dos gases poluentes é de


certa forma complicada por também existirem fontes de Dióxido de Carbono naturais (o
qual manteve a temperatura terrestre estável desde idades pré-históricas), o que torna
também o estudo deste fenômeno ainda mais complexo.

Há ainda a impossibilidade de comparar diretamente este aquecimento global com as


mudanças de clima passadas devido à velocidade com que tudo está acontecendo. As
analogias mais próximas que se podem estabelecer são com mudanças provocadas por
alterações abruptas na circulação oceânica ou com o drástico arrefecimento global que
levou à extinção dos dinossauros. O que existe em comum entre todas estas mudanças de
clima são extinções em massa, por todo o planeta tanto no nível da fauna como da flora.
Esta analogia vem reforçar os modelos estabelecidos, nos quais prevêem que tanto os
ecossistemas naturais como as comunidades humanas mais dependentes do clima venham a
ser fortemente pressionados e postos em perigo.
O planeta terra está esquentando!

Os dias mais quentes foram registrados durante esta última década. A previsão é de que até
o ano de 2100 as temperaturas estarão destinadas a aumentarem até seis graus, o que
poderia trazer conseqüências devastadoras.
Os cientistas dizem que alguns fenômenos naturais como erupções vulcânicas possuem um
efeito temporário sobre o clima. Porém, afirmam também que o clima está sofrendo
mudanças por causa do aquecimento global.

Qual a causa do aquecimento da terra?

Em geral, é a liberação de gases e vapores produzidos através de queimadas nas matas,


poluição provocada por carros e industrias, que são os grandes culpados disso tudo. Com
isso eles destroem “camada de Ozônio“ que tem a função de proteger a terra dos raios
solares. Com a destruição dessa camada a terra fica mais exposta ao sol, e
conseqüentemente, a temperatura aumenta.
Quando o sol esquenta a terra, alguns gases da atmosfera atuam como um vidro de uma
estufa, absorvendo o calor e conservando o planeta quente o suficiente para manter a vida
na terra. O problema acontece devido às concentrações excessivas dos “gases estufa” que
isolam a terra evitando que o calor escape, o que faz com que a temperatura do planeta
aumente assustadoramente.
Que conseqüências o aquecimento da Terra pode provocar?

Alguns cientistas calculam um aumento de seis graus centígrados durante este século.
Se isso acontecer, as conseqüências em 2050 seriam catastróficas.
As geleiras (calotas polares) derreterão e com isso o nível do mar subirá causando
inundações colocando em risco a vida da população das zonas costeiras, inclusive as
grandes cidades; grandes alterações climáticas, em relação às chuvas e secas, provocando
muitos prejuízos a agricultura; o avanço do deserto através da Europa; terremotos; ondas
gigantescas (Tsunamis, como aconteceu recentemente na Ásia). E ainda, a falta de água
mundial, o que significa o fim, já que sem a água, não há vida na terra. Estes são apenas
alguns dos desastres que poderiam acontecer.
Existe algo a fazer?

Para reverter os efeitos do aquecimento global é preciso reduzir a quantidade de carbono e


de outros gases químicos destruidores lançados na atmosfera em todo o mundo.
Em 1997, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou o tratado de Kioto, assinado no
Japão. Este tratado obriga legalmente a todas as nações industrializadas a diminuir em 5,
2%, entre 2008 e 2012, o lançamento dos gases estufa na atmosfera. Porém, os Estados
Unidos, responsável por cerca de 30% de todos os poluentes lançados na atmosfera, não
assinaram o protocolo. O pior, é que talvez nem os países que assinaram consigam cumprir
as metas de diminuição.

Os gases lançados na atmosfera podem permanecer por lá durante um ou mais séculos. Para
que houvesse uma mudança significativa, deveria haver uma diminuição de 60% desses
gases lançados.
O aquecimento global, não é um problema individual. É preciso haver logo uma
conscientização da população mundial para que ainda se possa fazer algo. É uma luta
contra o tempo, como se uma “bomba do tempo” estivesse ativada, correndo o risco de
explodir a qualquer momento.

Bibliografia :

http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0179/aberto/aquecimento.shtml

http://www.discoveryportugues.com/tormenta1/feature14.shtml

www.ecoambiental.com.br/mleft/aquecglobal.htm

www.comciencia.br/reportagens/clima/clima11.htm

Texto de Cássia Nunes revisado por Ivana Silva

Os efeitos são sentidos.


E não há saída

Antes do esperado, o fenômeno


começou a mudar vida na Terra

Conseqüências trágicas: mais furacões,


como o Rita em 2005
Pesquisadores já alertavam havia várias décadas que o planeta sentiria
no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. As
previsões, contudo, diziam que os efeitos só surgiriam daqui a mais
trinta ou quarenta anos. Sinais recentes, como ondas de calor inéditas e
furacões avassaladores, mostram que a catástrofe causada pelo
aquecimento global já teve início. E o pior: a ciência não sabe como
reverter esses trágicos sintomas. A saída para a geração que quase
destruiu a sua espaçonave Terra é adaptar-se a secas, furacões, cheias
e incêndios florestais.

Aquecimento Global

Isaac Epstein

"O mínimo que é cientificamente necessário


para combater o aquecimento global excede
de muito o máximo que é politicamente viável"
Al Gore1
"Os Estudos da Ciência têm mostrado porque
a ciência e a tecnologia não conseguem
resolver sempre os problemas técnicos no domínio
público. Em particular, a velocidade do pro-
cesso de tomada de decisão política é mais
rápida do que a velocidade da formação do
consenso científico"
Collins,HM & Evans, R2

Até cerca de cinqüenta anos atrás, havia uma crença, mais ou menos generalizada,
rubricada pelo empirismo lógico, corrente epistemológica hegemônica na época, que a
arena apropriada para avaliar a veracidade das teorias científicas nas ciências naturais era
delimitada pelo chamado contexto da justificação. Vale dizer que tanto os critérios de
verificação (Hempel) como os de falsificabilidade (Popper) envolviam operações
essencialmente internas ao sistema da ciência.

Nesta ótica, a validação das teorias era um processo que não poderia sofrer nenhuma
injunção social, política, econômica ou de qualquer outra natureza, fatores estes que se
consideravam completamente irrelevantes na retificação ou ratificação dessas teorias. Estes
e demais fatores pertenciam à jurisdição do contexto da descoberta, externo ao julgamento
epistemológico das teorias científicas.
Essa situação se modificou após a aparição do texto de Kuhn3 no início da década de 60 e,
mais tarde, com a evolução das disciplinas ligadas ao campo denominado de "Estudos
Sociais da Ciência"4. Atualmente fala-se (ou se recusa a falar) na "guerra das ciências"5 ,
entre os "realistas" que ainda acreditam na objetividade e independência dos fenômenos
estudados pelas ciências naturais e os "construtivistas"6 que acreditam na "construção"
desses fenômenos, isto é, a noção que o conhecimento científico é uma criação humana
realizada com os recursos materiais e culturais, e não a revelação de uma ordem natural e
independente da ação humana. Entre estes dois limites se situam vários contextos
epistemológicos, entre as quais o da Sociologia do Conhecimento Científico7.

De qualquer modo, mesmo sem entrarmos nesta "guerra", pode-se observar que quando as
observações, experimentos e teorias não são suficientes, ou são contraditórios, abre-se um
vazio ou um espaço que é preenchido por fatores extra científicos para colocar um
fechamento nos debates.8

Isto significa que quando existe um dissenso ou incerteza entre os próprios cientistas num
determinado setor, o espaço aberto pela subdeterminação das teorias propostas abre um
campo fértil para a intromissão de fatores externos sejam eles políticos, econômicos, sociais
ou mesmo éticos. Isto se torna tanto mais evidente quanto maior é o alcance e impacto
econômico, social e político do campo de fenômenos estudados. A pergunta que importa
fazer é então: "Como se tomam decisões que devem supostamente ser baseadas em
conhecimento científico antes que haja um consenso científico?"9

Ora, o exame de um fenômeno climático de alcance planetário e de enorme importância


para as gerações futuras pode ilustrar o que foi dito acima.Trata-se do aquecimento global
do planeta causado por um aumento dos gases chamados "de estufa", principalmente o C02,
que bloqueiam a irradiação do calor de volta, da Terra, para o espaço. O aquecimento
global é um fenômeno natural, mas cuja cota de exacerbação antropogênica (emissões de
gases produtos de combustíveis fósseis, principalmente carvão e derivados de petróleo, de
indústrias, refinarias, motores etc.) tem sido amplamente discutida. A previsibilidade e o
grau do aquecimento global, inclusive as suas conseqüências, envolvem questões
complexas sobre as quais os próprios especialistas ainda não formaram um consenso. Esta
complexidade imbrica questões de ordem científica (previsões de mudanças climáticas),
econômica (custos dos prejuízos e custos da prevenção destas mudanças) políticas
(pressões de lobies interessados e conseqüências eleitorais das medidas econômicas
propostas), éticas (deve a geração atual pagar a conta do aquecimento global para evitar
suas conseqüências desastrosas para as gerações futuras?). Para analisar a problemática do
aquecimento global realizaram-se várias conferências internacionais10 e um acordo foi
proposto em 1997, o Protocolo de Quioto.

Em termos objetivos as projeções obtidas por modelos simulados pelos especialistas em


comutadores prevêem um aumento de temperatura média no planeta entre 1.40° C e 5.8° C
no final do século XXI11. As conseqüências desastrosas deste aquecimento incluem, em
geral, um clima mais quente e mais úmido com mais enchentes12 em algumas áreas e secas
crônicas em outras. O aquecimento dos mares provocará um aumento do nível dos oceanos
e conseqüente inundação de certas áreas litorâneas e a desaparição de certas geleiras. A
umidade e o calor provocarão um aumento do número de insetos com o correlato aumento
de algumas doenças por eles transmitidas, como a malária. É prevista uma redução das
colheitas na maior parte das regiões tropicais e subtropicais onde a comida já é escassa.
Como se isto não bastasse, haveria um decréscimo da água disponível e, por outro lado,
maior risco de enchentes em determinados locais. Como resultado, as partes mais pobres do
globo serão as mais vulneráveis pela sua escassa capacidade de Adaptação. Estas pelo
menos são algumas das conclusões do Terceiro Relatório do IPCC13.

O Protocolo de Quioto (1997) estipula que as emissões de poluentes causadores de


aquecimento global deverão começar a ser reduzidas entre 2002 e 2012 em média 5.2% em
relação aos níveis de 199014. Isto equivale a uma redução de 42% no nível atual de
emissões. Foi também aprovado o chamado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, MDL,
através do qual os países que precisam reduzir suas emissões podem comprar direitos dos
países que têm créditos porque não emitiram o que teriam direito. Para entrar em vigor o
protocolo precisa adquirir força legal, e para isto, precisa ser ratificado por pelo menos 55
países. É, porém, exigido que nesse grupo, estejam aquelas nações responsáveis por, no
mínimo, 55% das emissões de gases. Como os Estados Unidos são responsáveis por cerca
de mais de 30% das emissões, a sua omissão em ratificá-lo pode acarretar um bom atraso,
uma vez que dos restantes 70% das emissões, países responsáveis por 55% precisariam
ratificá-lo, isto é, praticamente a totalidade. Em verdade, praticamente, os Estados Unidos
pouco precisam para dispor do poder de veto nesse protocolo.

A problemática do aquecimento global "aquece" também vivas polêmicas em torno de seus


prováveis efeitos. Um pesquisador dinamarquês, Lomborg, escreveu uma obra com mais de
mil páginas e milhares de notas em que faz uma análise dos dados ambientais. Suas
conclusões contrariam as previsões usualmente mais pessimistas de seus colegas, inclusive
do IPCC. O livro de Lomborg causou uma enxurrada de críticas, algumas dirigidas à sua
própria competência16. A polêmica no âmbito da pesquisa científica envolve também
enorme interesse econômico (o Instituto Americano de Petróleo avalia o custo de cortar as
emissões de gases de acordo com o Protocolo de Quioto entre 200 a 300 bilhões de dólares
por ano), e conseqüente intervenção de potentes lobis econômicos ligados às indústrias
poluidoras. O custo do corte das emissões, de outro lado, aumentaria o preço de
determinados produtos e certamente influenciaria negativamente boa parte do eleitorado
norte-americano. Em verdade as equações custo-benefício da aprovação do Protocolo de
Quioto variam de país a país, mas é inevitável que a carga maior deve cair sobre o país que
mais polui que são os Estados Unidos.

Voltamos aqui ao ponto inicial deste pequeno texto, isto é que o tempo da decisão política é
muitas vezes mais escasso que o tempo da decisão científica a partir do consenso. No caso
da problemática do aquecimento global isto ficou óbvio na decisão do presidente Bush, o
ano passado, de não ratificar o protocolo de Quioto, e após 11 meses, propor um plano
alternativo.17

Malgrado a evidência científica a favor de providências imediatas para reduzir a emissão de


poluentes tenha sido convincente para a maioria dos pesquisadores, algumas vozes
influentes exprimiram o ponto de vista contrário18. É possível que pesquisas futuras, com
simulações climáticas feitas por computadores mais poderosos e a obtenção de dados mais
precisos, possam contribuir para o "fechamento" da questão no registro científico. De
algum modo, parece que o "tempo" científico desta questão ainda não maturou
suficientemente.

Mas o "tempo" político do Presidente Bush e seus partidários "fecha" nas próximas eleições
presidenciais onde os lobis financiando a campanha, e o eleitor norte-americano votando,
decidem para quem vai o poder.

Aproveitando-se de uma possível indeterminação científica na problemática do


aquecimento global e premido por circunstâncias econômicas e políticas o presidente da
mais potente nação do planeta toma uma decisão que poderá favorecer a economia de seu
país em curto prazo mas que, possivelmente, irá causar enorme prejuízo e sofrimento, em
escala planetária, às futuras gerações.

Isaac Epstein é engenheiro e pesquisador em filosofia, comunicação e linguagem. É


professor do Programa de Pós-graudação em Comunicação da Universidade Metodista de
São Paulo.

Brasil age para reduzir o efeito estufa

Suavizar os efeitos que desenham um futuro do planeta marcado por mudanças climáticas
devido às atividades humanas, é o objetivo do que tem se chamado de medidas mitigadoras
do clima. A busca é a de restabelecer as concentrações dos
gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, mensurados em
1990. Para alcançar essa meta, são focalizados dois aspectos: a
redução das emissões e o aumento de captura dos GEE. A
obtenção de recursos para a implementação das medidas
mitigadoras, está, em grande medida, vinculada à aprovação do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Esse
mecanismo cria a possibilidade de países desenvolvidos
patrocinarem projetos de redução e captura dos GEE em países
em desenvolvimento, cumprindo assim parte de seus
compromissos.

A previsão de que milhões de dólares estarão disponíveis para


a pesquisa e implementação de projetos de mitigação tem
agitado a comunidade científica, ONGs e empresas em todo o
mundo, seja na elaboração de projetos que atendam aos
critérios do MDL, seja na discussão em diferentes fóruns sobre
a aplicação desses recursos e suas conseqüências. Em termos Absorção de carbono
de um impacto no sistema global atmosférico parece não se dá em reservas
existir diferença entre investir em redução e remoção de GEE, naturais como a
mas quando se consideram aspectos políticos, econômicos e Amazônia. Foto de
sociais, ainda há muitas incertezas quanto à equivalência entre Alessandro Piolli -
Acre
redução e remoção, como medidas mitigadoras, e os benefícios que podem apresentar para
países como o Brasil.

A redução de emissões no Brasil


Um primeiro grupo de medidas mitigadoras visa à redução das emissões de GEE, propondo
mudanças nas fontes de obtenção de energia, priorizando investimentos em pesquisa e
implementação de fontes que não liberam carbono, como a energia proveniente do sol,
eólica e hidrogênio, e de fontes como a cana-de-açúcar, a mandioca e o babaçu, que apesar
de também liberarem carbono, este é reabsorvido à medida que novas plantas se
desenvolvem.

A maior parte dessas medidas já é conhecida, como o Programa Proálcool. O álcool ainda é,
na opinião de Gilberto Januzzi, professor e pesquisador da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), um grande potencial brasileiro que, no futuro, pode até ser exportado
para outros países que procurem tecnologias "limpas" devido às mudanças climáticas. O
aproveitamento dos subprodutos gerados na produção do álcool, como o bagaço de cana, na
co-geração de energia, também deverão ter destaque nas políticas energéticas. O Proálcool,
como outros programas desenvolvidos pelo governo brasileiro no campo das medidas que
reduzem emissões, tem grandes possibilidades de obter certificação. Aliás, a busca de
certificação já começou antes mesmo da aprovação do MDL em Joanesburgo, por meio dos
chamados mecanismos pré-Quioto. A COPPE, por exemplo, já encaminhou alguns projetos
ao comitê gestor do MDL, entre eles o uso do biodiesel como combustível, a partir da
reciclagem de óleo vegetal, e a coleta de gás metano e seu uso como combustível, cuja
experiência piloto será no Aterro de Gramacho e na Usina do Caju, com a produção de
biogás a partir do lixo.

Os cientistas são unânimes ao falarem que o Brasil já dispõe há muito tempo de potencial,
conhecimento e tecnologia para fazer uso das energias renováveis. A razão dessas medidas
não terem sido implementadas até o momento com maior êxito, segundo Gilberto Januzzi, é
porque "trata-se de uma conjuntura de desenvolvimento econômico que escolheu os
combustíveis fósseis como seu eixo principal". Bilhões e bilhões de dólares giram em torno
dos energéticos originados de combustíveis fósseis, e as indústrias apresentam muitos
subsídios. "A questão dos Estados Unidos não estarem ratificando o Protocolo de Quioto,
ocorre porque isso não interessa economicamente" (veja texto sobre a posição norte-
americana). Em meio a uma teia de relações a idéia de que a causa das mudanças climáticas
são os GEE torna-se difusa, assim como a possibilidade de minimizar o possíveis
problemas anunciados apenas com o investimento em redução de emissões.

O professor e pesquisador Fernando Martins, do Departamento de Botânica da


Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que a gasolina não é o produto mais
nobre que se obtém da destilação do petróleo. À nossa volta são inúmeros os produtos -
alimentos, embalagens descartáveis e eletrodomésticos - que contém derivados de petróleo
em sua composição. Ter alternativas que também reduzam a necessidade desses destilados
do petróleo é fundamental, na opinião de Fernando Martins, que sugere pesquisas e
investimento na "xiloquímica, uma área da química que pesquisa como os destilados da
madeira, em certa medida, podem substituir os destilados do petróleo".
Além disso, alguns problemas identificados nos últimos anos com o Proálcool, como a falta
do combustível devido à alta cotação do açúcar no mercado internacional, decorrentes da
centralização e dependência da produção de energia em função de uma única alternativa,
precisam ser abrandados para que a cena não se repita. O uso associado da energia
proveniente dos ventos, das pequenas centrais hidrelétricas e do bagaço de cana seria uma
opção vantajosa para o Brasil na opinião de Maurício Tolmasquim, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "É interessante saber que os ventos
sopram mais intensamente no período de seca, assim como a safra de cana-de-açúcar se dá
na seca, exatamente nos períodos que os reservatórios estão baixos. Nós temos três fontes
que se complementam".

Potencial brasileiro em energias renováveis

Pequenas
Bagaço da
Eólica Centrais
Cana
Hidrelétricas
5.000 MW
140.000 MW
equivalente a
equivalente a
7.000MW cerca de três
cerca de 12
usinas de
Itaipus
Angra 3
Dados aproximados cedidos por Maurício
Tolmasquim, da UFRJ

Tolmasquim alerta para o fato de essas fontes serem mais caras e pouco competitivas, e
informa que atualmente existe uma lei que determina que no prazo de dois anos sejam
instalados mecanismos de geração de energia eólica, do bagaço de cana e pequenas centrais
hidrelétricas. Porém, "não basta existir a lei, é preciso que se viabilize a implementação,
tornado-a realidade. O importante é que a implementação seja acompanhada por uma
política científica e tecnológica que incentive e viabilize a produção dos equipamentos no
País", conclui Tolmasquim.

Apesar da produção de energia a partir da cana-de-açúcar e outras culturas ser considerada


renovável, o Greenpeace tem chamado a atenção para as conseqüências que podem
decorrer da transferência do uso dos combustíveis fósseis para os ecossistemas terrestres,
uma vez que a demanda por terras aumenta - lembrando que essas têm capacidade limitada
- além de competir com o crescimento populacional.

O quadro desenhado pelos cientistas sugere que talvez seja necessário pensarmos sobre o
que o poeta, dramaturgo e romancista José Saramago diz, em um trecho de sua obra
História do Cerco a Lisboa: "certos autores aborrecem a evidência de não ser sempre linear
e explícita a relação entre o que chamamos causa e o que, por vir depois, chamamos efeito".
Comentando sobre essa frase de Saramago e as medidas para mitigar a mudança no clima,
Gilberto Januzzi diz que "existe uma grande relação entre sistemas energéticos e mudanças
climáticas, mas que realmente não é uma relação linear. Não é de causa e efeito". Para ele, a
maneira como produzimos e consumimos energia modifica o clima, e as questões
climáticas modificam o sistema energético. "Efeito e causa se perdem, não se sabe quem é
o efeito e quem é a causa" comenta, e toca numa questão que acredita ser muito importante,
mas silenciada, "precisamos questionar a maneira como estamos sendo escravos do
conforto, de determinados padrões de consumo que podem ser incompatíveis com as
mudanças necessárias". Tolmasquim acredita que a mobilização da comunidade científica,
do governo, ONGs e da sociedade em geral em torno da questão das mudanças climáticas
"parece possibilitar uma revisão do padrão de desenvolvimento, principalmente nos países
industrializados", mas chama a atenção "com um modelo que mimetize esses padrões de
desenvolvimento, o planeta não suportará".

Não se coloca em dúvida a importância de se investir em medidas que possam reduzir as


emissões de GEE e que poderão também gerar empregos e, a longo prazo, diminuir custos
ambientais e sociais. Porém, as experiências brasileiras anteriores sugerem cautela, já que o
contexto no qual nos encontramos hoje não parece resultar apenas da falta de
financiamentos para medidas mitigadoras, mas de uma teia de relações sociais, políticas,
econômicas e culturais.

Seqüestro de carbono
Outro grupo de medidas visa a retirar o excesso de carbono da atmosfera. O seqüestro de
carbono também se baseia em um fenômeno já conhecido, a fotossíntese realizada por
plantas e algas. Nesse sentido alguns projetos de "seqüestro de carbono" começaram a ser
desenvolvidos no Brasil com o financiamento de empresas e ONGs internacionais criando
reservas naturais e atuando na recuperação de áreas degradadas. As ONGs da Amazônia e
entidades como World Resouces International (WRI) e Union of Concerned Scientists
(UCS) têm se manifestado a favor da inclusão das florestas e do reflorestamento no MDL,
acreditando que essa inserção viabilizará o desenvolvimento de importantes projetos no
âmbito da conservação da natureza.

Porém, as políticas para o aumento da absorção do carbono, por meio do reflorestamento e


das unidades de conservação, têm encontrado resistências, e ainda não há consenso quanto
à sua introdução no MDL. Em parte, essas resistências devem-se à necessidade de serem
desenvolvidos métodos (veja texto sobre o assunto) que avaliem de forma eficiente a
absorção de carbono. Essa tem sido a busca nos últimos dez anos do professor e
pesquisador Roberto Hosokawa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O pesquisador
destaca que a estocagem de carbono pelas plantas está relacionada a diversos fatores que
precisam ser mapeados: condições edafo-climáticas (solo, temperatura etc.), diversidade de
espécies, manejo da produção, dimensão da área, idade das plantas, povoamentos etc. A
complexidade da dinâmica dos ecossistemas exerce uma pressão sobre o seqüestro de
carbono como medida mitigadora o que dificulta a tão almejada eficácia nas medições.

Mas as incertezas também apresentam outros motivos. O Greenpeace e a WWF têm


alertado para o fato de que os investimentos em absorção de carbono podem ser menores do
que em redução. Isso pode resultar numa opção dos investidores dos países desenvolvidos
por essas medidas, deixando de lado o compromisso com a redução das emissões. É o que
mostra a pesquisa de doutorado de Christiano Pires de Campos, pela COPPE-UFRJ
defendida em dez-2001, que analisou os projetos de "seqüestro de carbono" desenvolvidos
no Paraná, Tocantins e Mato Grosso. Focalizando as mudanças climáticas, conservação
florestal e o MDL o pesquisador formulou alguns cenários possíveis para cada projeto,
levando em consideração diferentes fatores. Os resultados da pesquisa levantam algumas
inquietações. Dependendo do cenário que se escolha para o cálculo do investimento em
reflorestamento e conservação o custo pode ser muito reduzido ou exorbitante. Qual será o
cenário escolhido? Quais fatores serão privilegiados e desconsiderados? Outro aspecto
ressaltado por Christiano Campos é que geralmente esses projetos desconsideram os
chamados vazamentos de carbono, que resultam do acesso limitado às terras, alimentos,
combustíveis e recursos madeireiros, sem oferecer alternativas às comunidades locais. Para
considerar a conservação e recuperação de matas e florestas como alternativas mitigadoras,
as pesquisas terão que ultrapassar os limites da área preservada e do projeto. (veja também
os possíveis cenários criados pelo IPCC)

"Não estamos falando com leigos, mas com representantes de todos os países. Essa idéia de
que eu poluo aqui e vou plantar florestas lá na África, como se o planeta não fosse um
sistema único, é um problema", a fala da professora e pesquisadora Dionete Santin, do
Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp mostra como um
princípio tão belo e caro à discussão dos problemas ambientais contemporâneos, a idéia do
planeta como um grande sistema interligado, transforma-se agora em justificativa para que
países não alterem seus modelos e bases de desenvolvimento, reduzindo suas emissões, e
possam investir em projetos "limpos" em outras partes do mundo.

Um dos problemas que Hélcio de Souza, especialista em políticas públicas do Instituto de


Estudos Sócioeconômicos (INESC) em Brasília, destaca em relação a essa questão é o
caráter mais econômico e ambiental do que social desses mecanismos. "O MDL está
inserido numa lógica de mercantilização que pode acarretar num aumento da desigualdade
social". Adverte ainda que os recursos de financiamento para reflorestamento podem
"favorecer o financiamento de grandes indústrias de papel e celulose, em detrimento de
populações tradicionais que dentro dessa lógica financeira estão prestando um serviço, uma
vez que realizam, por exemplo, a agricultura familiar e preservam ecossistemas como a
Mata Atlântica, mas que não terão acesso a esses recursos" (leia resenha sobre a
participação das comunidades tradicionais na questão). O especialista ressalta ainda que ter
como bases de sustentatibilidade um mecanismo financeiro, que tem como marca a
instabilidade, é bastante preocupante.

Assim como as populações tradicionais mencionadas por Hélcio de Souza espalhadas pelo
Brasil, inúmeras pessoas, isoladamente ou em grupos, ligadas ou não a ONGs, associações
de bairro, partidos, movimentos populares, têm reduzido seus gastos com água e energia,
têm separado o seu lixo e buscado destiná-lo ao reaproveitamento e reciclagem, têm
plantado árvores, recuperado praças e matas ciliares. Têm buscado conquistar novos
adeptos espalhando panfletos, organizando eventos, elaborando projetos e propondo
parcerias. São crianças, professores, médicos, agricultores, caiçaras, sem-terra, índios,
cientistas, que se movimentam ora pelo amor a natureza, ora por uma consciência
ecológica, ora pelo aperto no bolso. O valor dessas "pequenas ações" não serão
recompensadas com créditos de carbono, talvez não exista método eficaz para mensurá-las,
mas poucos de nós duvidaria da parcela de contribuição dessas ações, depois de lembrar do
recente esforço, empenho e dos brasileiros na redução de gastos com energia na Era
Apagão.

Calor mata no mundo; anos mais quentes ocorreram desde 98

Os primeiros seis meses de 2006 foram os mais quentes já anotados nos


EUA desde o início dos registros nacionais, em 1895

Carlos Orsi e Alexandre Barbosa, com agências internacionais

SÃO PAULO - As temperaturas recorde registradas no Hemisfério Norte


durante o verão deste ano deixam vítimas: pelo menos 40 mortes foram
anotadas só na França, e 50 outras, nos Estados Unidos. Esses não são, no
entanto, os únicos países a registrar perda de vidas para o calor: Holanda,
Espanha e Alemanha já reportaram mortes. Segundo as autoridades
holandesas, o total de falecimentos no país, na primeira semana do mês,
ficou em 200 pessoas acima da média esperada. No período, os termômetros
atingiram 35º C. Supõe-se que várias das mortes estejam relacionadas à
temperatura.

Segundo a Administração Nacional de Oceano e Atmosfera (NOAA), dos


EUA, os primeiros seis meses de 2006 foram os mais quentes já anotados
em território americano desde o início dos registros nacionais, em 1895. O
Reino Unido experimentou a temperatura mais alta já registrada em um mês
de julho para o país. A localidade de Wisley, no condado de Surrey, registrou
36,5º C no dia 19. Antes, o recorde era da cidade de Epson, também em
Surrey, com 36º C, em 1911.

O ano mais quente já registrado no mundo foi 2005, com uma temperatura
global média 14,6º C. Os cinco anos mais quentes já registrados, desde que
a média mundial passou a ser computada, em 1880, ocorreram, todos, desde
1998: foram o próprio 98, além de 2001, 2002, 2003 e 2005. A temperatura
média global em 1905 era 13,78º C, ou quase um grau inferior à de 2005.

Embora a perda de vidas humanas seja o efeito mais trágico do calor, a


temperatura também traz outros problemas, como escassez de energia, com
o consumo batendo recordes, por exemplo, do Estado da Califórnia (EUA).
Em Nova York, a situação parece ter começado a voltar ao normal nesta
terça-feira, após nove dias de blecaute parcial. Servidores de internet
também sucumbem ao calor, o que levou a instabilidades no site de
comunidades MySpace, que ficou fora do ar no início da semana.
Aquecimento global
Não existe consenso científico que permita atribuir a atual onda de calor ao
aquecimento global causado pela atividade humana - principalmente, pela
emissão de gases produzidos pela queima de combustíveis fósseis - mas
não parece mais haver dúvida de que o clima da Terra está sendo afetado
pelo comportamento humano.

Relatório divulgado em maio, por um grupo de pesquisa federal americano,


conclui que "os padrões de mudança (climática) observados ao longo dos
últimos 50 anos não podem ser explicados por processos naturais apenas,
nem pelos efeitos de constituintes atmosféricos de pequena duração, como
aerossóis ou ozônio".

Mais recentemente, cientistas de diversas partes do mundo ligaram o


aquecimento global à intensificação dos incêndios de verão em florestas na
Rússia, Canadá, EUA e Austrália. Nos caso específico dos Estados Unidos,
as temperaturas mais elevadas provocaram um derretimento precoce da
neve nas montanhas e, conseqüentemente, um verão mais seco, gerando
um fator determinante dos grandes incêndios que vêm atingindo o oeste
americano nos meses de verão, já há três décadas.

Vários outros ecossistemas são afetados pelo aquecimento. Os recifes de


coral, por exemplo, sofrem "embranquecimento" - a morte das algas
simbióticas que dão cor às comunidades de corais, provocada pela elevação
da temperatura do oceano - e enfraquecem por conta do aumento da acidez
dos mares, causada pela maior concentração de CO2 na água. O CO2 é o
principal gás responsável pelo aquecimento global, e é emitido em grandes
quantidades pela queima de combustíveis.

Aquecimento é irreversível e pode chegar a 4 graus neste século, diz ONU

02/02 - 07:51 - Redação com agências internacionais

O relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em


inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado na manhã desta
sexta-feira, afirma que o aquecimento climático da Terra é irreversível devido
às emissões de gases do efeito estufa na era industrial, e, em função da
ação humana, o aumento ficará, neste século, entre 1,8 e 4 graus Celsius,
embora não esteja descartado outro salto ainda maior, até 6,4 graus.

 "Aquecimento não permite empurra-empurra", diz Marina Silva


 Relatório climático pode gerar ações judiciais, dizem advogados
 Parte da Amazônia pode virar cerrado, alerta cientista
 Jornal de Debates: O que fazer diante do aquecimento global?
 Entenda o impacto do aumento da temperatura
 Site ajuda a calcular emissão de carbono
 As principais conclusões do relatório do IPCC sobre mudança
climática
 Pequenas ações podem reduzir emissões em 1/3, diz WWF

"Agora temos uma certeza maior do que está acontecendo" que no estudo
anterior, de 2001, afirmou a co-presidente do grupo encarregado do trabalho,
Susan Solomon.

Na mais otimista das estimativas, sob a condição de haver uma rápida mudança
nas estruturas econômicas para torná-las sustentáveis, o aumento seria de 1,1
grau até 2100 comparado às temperaturas constatadas no período 1980-2000,
abaixo do limite de 2 graus, a partir do qual os cientistas consideram que as
conseqüências seriam incontroláveis.

Mas, se a população e a economia continuarem crescendo rapidamente e se for


mantido o consumo intenso das energias fósseis, a alta poderia chegar a 6,4
graus Celsius.

Nível dos oceanos

O texto ainda afirma que o nível médio dos oceanos do mundo deve subir até 59
centímetros ao longo deste século, mas é possível que o aumento seja ainda
maior dependendo do degelo da Groenlândia e da Antártida. Além disso, o
documento culpa a ação do homem pelo aquecimento global e prevê um cenário
de catástrofe ambiental, se medidas urgentes não forem adotadas.

De acordo com o texto, o mar deve subir entre 18 e 59 centímetros, uma previsão
menos vaga que a de 2001, que previa um aumento de 9 a 88 centímetros. O
relatório diz que agora há uma melhor compreensão da expansão da água devido
ao aquecimento.

O relatório ainda informa que “valores maiores não podem ser excluídos”, e que é
impossível apresentar uma estimativa melhor do aumento do nível do mar por
causa da falta de compreensão sobre as camadas de gelo que cobrem as terras
da Antártida e da Groenlândia.

De acordo com os especialistas do IPCC, o aquecimento do planeta se deve, com


90% de probabilidade, às emissões de dióxido de carbono causadas pelo homem.

O IPCC afirmou ainda que as emissões passadas e futuras de CO2 continuarão


contribuindo para o aquecimento global e a elevação do nível dos mares durante
mais de um milênio, levando em consideração sua permanência na atmosfera.
A reunião na capital francesa de 500 especialistas do grupo, criado em 1988 pela
ONU e a Organização Meteorológica Mundial com o objetivo de servir de
mediador entre os cientistas e os governantes, é a conclusão de mais de dois
anos de trabalho.

As previsões descritas no "Resumo para os Formuladores de Políticas", que


integra a primeira parte do relatório "Mudanças Climáticas 2007" devem orientar
os comportamentos dos Estados em termos de meio ambiente nos próximos anos.

Panorama assustador

Os cientistas montaram um quadro assustador para os próximos cem anos com


as conseqüências das mudanças climáticas, com variações que vão de um a cinco
graus.

Com um aumento de um grau, por exemplo, os cientistas prevêem a morte de 80


por cento dos recifes de coral, em especial a Grande Barreira de Corais.

Com dois graus a mais, a previsão é de 40 milhões a 60 milhões de pessoas a


mais expostas à malária na África.

Os cientistas calculam Entre 1 milhão e 3 milhões de pessoas a mais morrem de


desnutrição para um aumento de três graus e até 80 milhões de pessoas a mais
expostas à malária na África com aumento de quatro graus.

Um aumento de cinco graus ameaçaria, pela elevação dos oceanos, as pequenas


ilhas, as áreas costeiras como o Estado da Flórida e grandes cidades como Nova
York, Londres e Tóquio.

O que fazer diante do aquecimento global?

Nesta sexta-feira (2/02), a Organização das Nações Unidas divulgou um


preocupante relatório sobre a situação do planeta. De acordo com o documento, o
aquecimento climático da Terra é irreversível devido às emissões de gases do
efeito estufa na era industrial. O relatório afirma que, em função da ação humana,
o aumento ficará, neste século, entre 1,8 e 4 graus Celsius, embora não esteja
descartado outro salto ainda maior, até 6,4 graus (leia mais). Com base nas
recentes constatações, o Jornal de Debates pergunta: o que fazer diante do
aquecimento global?

Greenpeace propõe nova matriz energética para o País


02/02 - 16:47 - Agência Estado

Na esteira dos alertas pessimistas com relação ao futuro ambiental do


planeta após a divulgação do Painel Intergovernamental para Mudança
Climática (IPCC), hoje em Paris, o Greenpeace lançou, também hoje, o
relatório "Revolução Energética - Brasil", onde propõe uma nova matriz
energética para o País com ênfase em fontes de energias renováveis como
eólica, biomassa e fotovoltaica. "O IPCC nos questionou duas coisas: o
desmatamento da Amazônia e a nossa matriz energética.

Estamos tentando dar a segunda resposta", conta o diretor de campanha do


Greenpeace, Marcelo Furtado. O relatório foi realizado em parceria com o Grupo
de Engenharia de Energia e Automação de Elétricas/ POLI-USP (GEPEA), com
um programa de software da Europa, baseado no aumento populacional,
crescimento do PIB e fontes e tecnologias de energia disponíveis.
O estudo do Greenpeace exclui fontes sujas de energia - óleo, carvão e nuclear.
Em 2005, segundo o Greenpeace, a matriz energética se constituía desta forma:
84% hidrelétrica, 4% biomassa, 4% gás natural, 4% diesel e óleo combustível, 3%
nuclear. No cenário de Revolução Energética da entidade, em que se trabalha
com 50% de energia renovável, projeta-se para 2050 uma outra matriz, sendo
38% hidrelétrica, 26% biomassa, 20% eólica, 12% gás natural e 4% solar
fotovoltaica (energia solar). Um cenário, diz Furtado, que "respeita os limites
naturais".

Questionado se o projeto é de fato possível, respondeu: "Sim, acho que é


possível. Sei que é uma visão ambientalista, mas o próprio sistema de software
que usamos nos apontava 'otimismos excessivos' quando não era viável."
Entretanto, ressalta: "Precisamos de políticas públicas e vontade do governo para
isso. E também de investidores. Trabalhamos com um ambiente que depende do
governo e do investidor."

Economia

Furtado pondera que embora o custo inicial da energia renovável seja mais alto
que o da convencional, no longo prazo a relação se inverte gradualmente, devido
aos custos adicionais das emissões de CO2 dos combustíveis fósseis. A ênfase
em medidas de eficiência energética, avalia o Greenpeace, resulta na economia
de 413 TWh/ano (Terawatt hora por ano) - o equivalente à capacidade de geração
de mais de 4 usinas como Itaipu.

A entidade sustenta que o seu modelo é mais econômico do que a matriz


projetada pelo governo a partir de dados da Empresa de Planejamento Energético
(EPE), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia. Segundo o Greenpeace, o
modelo governamental custaria R$ 530 bilhões por ano. "A matriz que
constituímos tem um custo de R$ 350 bilhões. Desses R$ 180 bilhões de
diferença, R$ 70 bilhões virão de eficiência energética, aquela energia
economizada que não precisou gerar, e o restante (R$ 110 bilhões) pelo simples
fato de termos conseguido fontes de energia com custo final mais barato", avalia
Furtado.

Eficiência

De acordo com o Greenpeace, os resultados do estudo global indicam que, sob o


cenário de Revolução Energética, a demanda mundial de energia pode ser
reduzida em até 47% em 2050, com forte ênfase em medidas de eficiência
energética. E diz que o setor de eletricidade será o pioneiro na utilização em larga
escala de energia renovável.

"Em 2050, cerca de 70% da eletricidade global será produzida a partir de fontes
renováveis. Uma capacidade instalada de 7.100 GW produzirá 21.400 TWh/ano
de eletricidade em 2050. No setor de aquecimento, a contribuição das renováveis
pode chegar a 65% até 2050", considera o relatório, lembrando, ainda, que os
combustíveis fósseis serão substituídos por tecnologias mais modernas,
particularmente biomassa, coletores solares e geotérmicos.

Furtado finalizou considerando que há espaço para se obter essas conquistas e


que o Brasil precisa trabalhar sua independência energética o quanto antes. "Há
espaço para a gente economizar energia se tivermos um plano de economia bom.
É importante se criar geradores de energia independentes. Afinal, não sabemos
como estará a situação com os países que exportam energia para nós daqui até
2050", pontua.

Unicamp e Embrapa acabam de


concluir estudo
que projeta cenários para cinco
culturas agrícolas

Pesquisa antevê efeitos


do aquecimento global

MANUEL ALVES FILHO

Ao mesmo tempo em que entrava em


vigor o Protocolo de Kyoto, no último
dia 16 de fevereiro, pesquisadores da Embrapa Informática
Agropecuária e do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas
Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp concluíam uma pesquisa
pioneira sobre as conseqüências do aquecimento global, causado pelo
efeito estufa, para cinco importantes culturas agrícolas perenes no
Brasil. De acordo com o cenário traçado pelos especialistas, café, arroz,
feijão, milho e soja terão suas áreas de cultivo reduzidas praticamente
pela metade assim que a temperatura média da Terra estiver 5,8 graus
Celsius acima da atual, situação prevista para ocorrer num prazo de 50
a 100 anos. O objetivo do trabalho, que já está à disposição dos
interessados no site www.agritempo.gov.br/cthidro, é alertar as
autoridades públicas e a comunidade científica para a necessidade da
adoção de medidas que evitem o que pode vir a ser uma tragédia para a
agricultura e a economia do país.

O estudo foi dividido em duas partes. A primeira, concluída em meados


de 2003, cuidou apenas do café. O produto foi escolhido para iniciar o
trabalho em razão da sua importância econômica, pois responde por
cerca de 5% do PIB do agronegócio nacional (cerca de R$ 20 bilhões), e
porque faz uma espécie de representação de outras culturas perenes.
Na ocasião, os especialistas estabeleceram um modelo de predição que
permitiu projetar os possíveis impactos das mudanças climáticas sobre
aquele produto agrícola. Foram considerados, para tanto, dados gerados
por diversos organismos, entre eles os próprios centros que
coordenaram a pesquisa. Assim, os cientistas analisaram informações
como produtividade, área plantada, tipo de solo, volume de chuvas,
entre outras.

Foram utilizados, ainda, prognósticos feitos pelo Painel


Intergovernamental sobre Mudança do Clima, cuja sigla em inglês é
IPCC. De acordo com o órgão, a temperatura média da Terra deve
aumentar até 5,8 graus Celsius entre os próximos 50 e 100 anos.
Ressalte-se que, atualmente, já há pesquisadores considerando esta
previsão tímida. Cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra,
falam em um aquecimento da ordem de até 11 graus Celsius no
período. De toda forma, ao cruzarem os dados elencados, os
especialistas da Unicamp e da Embrapa conseguiram prever, de forma
gradual e por meio de mapas e gráficos, como o café será afetado caso
essas condições sejam confirmadas. A conclusão não poderia ser mais
preocupante. Conforme o estudo, com a temperatura 5,8 graus Celsius
mais quente do que a atual, o café simplesmente desapareceria dos
estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

A tendência, conforme o diretor-associado do Cepagri, Hilton Silveira


Pinto, é que as plantações de café sejam transferidas cada vez mais
para o Sul. "Se as previsões de aquecimento se confirmarem, no futuro
nós vamos tomar café produzido na Argentina", afirma. A migração
deverá ocorrer, diz o especialista, porque as plantas "buscarão" uma
espécie de equilíbrio climático em regiões consideradas frias atualmente.
Validado o modelo de predição com o café, os pesquisadores passaram
a analisar as demais culturas. Infelizmente, os resultados das
simulações foram igualmente preocupantes. De acordo com o
pesquisador da Embrapa Informática e coordenador da pesquisa,
Eduardo Assad, à medida que a ferramenta simula uma elevação de
temperatura, menor se torna a área passível de cultivo desses produtos
(confira mapas).

No caso do arroz, o acréscimo de apenas 1 grau Celsius na temperatura


do planeta faria com que a área cultivável, com plantio em data
adequada, caísse de 4,8 milhões para 4,6 milhões de quilômetros
quadrados. No pior dos cenários considerados, com 5,8 graus Celsius a
mais, a área seria reduzida para somente 3 milhões de quilômetros
quadrados. Em relação ao feijão, milho e soja, os resultados obtidos
pelo estudo não foram muito diferentes. De acordo com Assad, com a
temperatura alcançando o limite máximo tomado para análise, as áreas
aptas para a produção dessas culturas ficam drasticamente reduzidas,
algumas delas em mais de 50%, como o caso da soja, que passaria dos
3,4 milhões de quilômetros quadrados atuais para algo em torno de 1,2
milhões de quilômetros quadrados, quando plantada nas datas mais
adequadas. "Isso seria uma tragédia para o país, pois traria importantes
impactos econômicos e sociais", afirma o pesquisador da Embrapa
Informática.

Entenda-se como impactos econômicos e sociais a descapitalização dos


agricultores, o desabastecimento do mercado, a elevação do preço dos
produtos e o crescimento do desemprego em toda a cadeia formada
pelo agronegócio, apenas para ficar nos exemplos mais pronunciados.
Assad e Silveira Pinto destacam que esse tipo de predição não é um
mero exercício de futurologia. Concebida com extremo rigor científico, a
ferramenta constitui um valioso instrumento para auxiliar no
planejamento de ações com capacidade de reverter ou pelo menos
minimizar os problemas que podem advir do aquecimento global. Para
os especialistas, essas medidas têm basicamente dois objetivos: a
mitigação e a adaptabilidade, com maior ênfase para esta última.

Na opinião de Assad, o Brasil não poderá prescindir dos avanços


proporcionados pela biotecnologia. A busca por plantas mais resistentes
ao calor, por exemplo, será condição indispensável para que o país não
tenha a sua produção agrícola comprometida. "Possivelmente, a nossa
melhor alternativa estará nos organismos geneticamente modificados",
arrisca. A esta medida, acrescenta Silveira Pinto, deverão ser somadas
outras, como a substituição de culturas em determinadas regiões e a
ampliação da irrigação. O cenário está traçado. Restam agora duas
opções: enfrentar os desafios com competência ou encarar os possíveis
reflexos do aquecimento do planeta como uma fatalidade. A pesquisa
conjunta da Embrapa e Cepagri consumiu cerca de R$ 250 mil. Os
recursos vieram do fundo setorial CT-Hidro/CNPq, Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT) e Finep, também vinculado ao MCT.

Entenda o protocolo de Kyoto

O que é?

É um acordo internacional que estabelece metas de redução de gases


poluentes para os países industrializados. O protocolo foi finalizado em
1997, baseado nos princípios do Tratado da ONU sobre Mudanças
Climáticas, de 1992.

Quais as metas?

Países industrializados se comprometeram em reduzir, até 2012, as


suas emissões de dióxido de carbono a níveis pelo menos 5% menores
do que os que vigoravam em 1990. A meta de redução varia de um
signatário para outro. Os países da União Européia, por exemplo, têm
de cortar as emissões em 8%, enquanto o Japão se comprometeu com
uma redução de 5%. Alguns países que têm emissões baixas podem até
aumentá-las.

As metas estão sendo atingidas?

O total de emissões de dióxido de carbono caiu 3% entre 1990 e 2000.


No entanto, a queda aconteceu principalmente por causa do declínio
econômico nas ex-repúblicas soviéticas e mascarou um aumento de 8%
nas emissões entre os países ricos. A ONU afirma que os países
industrializados estão fora da meta e prevê para 2010 um aumento de
10% em relação a 1990. Segundo a organização, apenas quatro países
da União Européia têm chance de atingir as metas.

Por que os Estados Unidos ficaram de fora do acordo?

O presidente George W. Bush retirou-se das negociações sobre o


protocolo em 2001, alegando que a sua implementação prejudicaria a
economia do país. O governo Bush considera o tratado “fatalmente
fracassado”. Um dos argumentos é que não há exigência em relação aos
países em desenvolvimento, para que também diminuam suas
emissões. Bush disse ser a favor de reduções por meio de medidas
voluntárias e novas tecnologias no campo energético.

Kyoto vai fazer uma grande diferença?


A maioria dos cientistas que estudam o clima diz que as metas
instituídas em Kyoto apenas tocam a superfície do problema. O acordo
visa a reduzir as emissões nos países industrializados em 5%. É
praticamente consenso entre esses especialistas que, para evitar as
piores conseqüências das mudanças climáticas, seria preciso uma
redução de 60%. Os defensores do acordo dizem que o tratado fez com
que vários países transformassem em lei a meta de reduções das
emissões e que, sem o protocolo, políticos e empresas tentando
implementar medidas ecológicas teriam dificuldades ainda maiores.

Qual a situação do Brasil e de outros países em


desenvolvimento?

O acordo diz que os países em desenvolvimento, como o Brasil, são os


que menos contribuem para as mudanças climáticas e, no entanto,
tendem a ser os mais afetados pelos seus efeitos. Embora muitos
tenham aderido ao protocolo, países em desenvolvimento não tiveram
de se comprometer com metas específicas. Como signatários, no
entanto, eles precisam manter a ONU informada do seu nível de
emissões e buscar o desenvolvimento de estratégias para as mudanças
climáticas. Entre as grandes economias em desenvolvimento, a China e
Índia também ratificaram o protocolo.

O que é o comércio de emissões?

O comércio de emissões consiste em permitir que países comprem e


vendam cotas de emissões de gás carbônico. Dessa forma, países que
poluem muito podem comprar "créditos" não usados por aqueles que
geram pouca poluição. Depois de muitas negociações, os países agora
podem ganhar créditos por atividades que aumentam a sua capacidade
de absorver carbono, como o plantio de árvores e a conservação do
solo.

No ar

A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto é uma boa


iniciativa contra os problemas causados pelo aquecimento
global, mas não será suficiente para erradicá-los. A
opinião é do diretor-associado do Centro de Pesquisas
Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura
(Cepagri), Hilton Silveira Pinto. Segundo ele, o acordo,
firmado por 141 países, sendo 30 industrializados,
estabelece o compromisso dos signatários em reduzir as
emissões de CO2, gás que contribui para o efeito estufa,
em 5,2%, tendo como padrão os níveis de 1990. A meta
é alcançar o resultado no período de 2008 a 2012. O
especialista do Cepagri lembra, porém, que as ações
consideram apenas o que está por vir e levam em conta
um índice relativamente tímido. “Os gases que já foram
jogados na atmosfera continuarão produzindo efeitos
danosos ao clima. Além disso, 95% da carga poluidora
permanecerá sendo lançada no ar”, assinala.

Outro aspecto que precisa ser levado em consideração,


adverte o pesquisador do Cepagri, é o fato de os Estados
Unidos, nação mais industrializada do mundo, não ter
aderido ao Protocolo de Kyoto. Sozinho, o país do
presidente George W. Bush responde por 25% do volume
mundial de emissão de CO2. "Isso significa que o acordo
tem um alcance limitado e que os países precisarão
buscar alternativas adicionais para reduzir o efeito estufa
e impedir a progressão do aquecimento global. O Brasil
tem trilhado um bom caminho ao ampliar as pesquisas
em torno dos biocombustíveis. O álcool, por exemplo,
pode ser uma boa solução para o mundo", afirma.

A negativa dos EUA em aderir ao esforço mundial para o


controle da poluição está baseada, oficialmente, em
argumentos econômicos. De acordo com as autoridades
norte-americanas, o país não pode prescindir do
crescimento, sustentado em grande parte por indústrias
que emitem gases prejudiciais à atmosfera. Mas existe
quem defenda a tese de que há um outro interesse por
trás desta decisão. Com o aquecimento do planeta,
algumas regiões gélidas dos EUA, que hoje não são
agriculturáveis, poderiam vir a ser. De qualquer maneira,
ao não se tornar signatário do documento, a pátria de
Bush não só ficou dispensada de reduzir suas emissões
em 7%, como planeja ampliá-las em 35% até 2012.
Escolha semelhante foi feita pela Austrália, que também
ficou de fora do grupo preocupado com as conseqüências
do aquecimento do planeta.

Potrebbero piacerti anche