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Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP .

CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA


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EDIÇÃO Nº 1185 – Ano 28; 1ª semana Abril 2014.


EUA e Rússia isolam a Europa .

JOSÉ MARTINS.
A crise ucraniana é apenas um capítulo do monopólio geopolítico global
que Estados Unidos e Rússia estão protagonizando de maneira
absolutamente desprovida de sentimentos morais.

A crise ucraniana navega nas águas profundas da antiguíssima Realpolitik.


Presentes todos os ingredientes de uma diplomacia de guerra baseada antes de
tudo em considerações práticas de poder militar interestatais e sonantes fatores
materiais. E muito menos baseada em diferenças ideológicas ou premissas éticas
e morais – essas bobagens moralizantes ficam por conta apenas da mídia popular.
EUA e Rússia são descaradamente os únicos protagonistas, os demais são
coadjuvantes. Uma ditadura geopolítica. As velhas potências europeias procuram
seguir (ou pelo menos entender) o que as duas potências militares estão tramando
na Ucrânia. E decifrar o futuro incerto que lhes aguarda. A única coisa que
podem ver é que a situação evolui com rapidez. Tanto no terreno da guerra
propriamente dito quanto nas particulares conversações diplomáticas entre
Washington e Moscou. Só esse monopólio de protagonismo já ensina muito
sobre a atual situação europeia e seus próximos desdobramentos.

FRONT DE GUERRA – Na última semana de Março, as preocupações das


agências de espionagens dos EUA com uma possível invasão do exército russo
no leste da Ucrânia atingiram pontos próximos da ebulição. A revista norte-
americana Foreign Policy informava com estardalhaço que “os responsáveis do
governo Obama foram avisados que aumentaram bastante as evidências que a
Rússia está instalando as peças no terreno para uma invasão do leste da Ucrânia,
e que a possibilidade de um assalto imediato não poderia ser descartado”. 1
Oficialmente, os EUA estimam que cerca de 40.000 soldados russos
encontram-se posicionados próximos da fronteira ucraniana e satélites espiões
norte-americanos detectaram carregamentos de comida e materiais médicos para
abastecer essas tropas. Na quarta-feira, 26, a Voz da América relatava que o
exército russo havia montado um hospital de campanha na região de Bryansk,
cerca de 20 km da fronteira com a Ucrânia, e que vagões de trem tinham chegado
1
Foreign Policy – “ U.S. Intel Sources: Russian Invasion of Eastern Ukraine Increasingly Likely” – Março
27, 2014. http://www.foreignpolicy.com
muito próximo da fronteira com mantimentos para a tropa. Esses movimentos
indicam, segundo os serviços de inteligência dos EUA, que os russos estão
considerando a permanência das tropas no terreno por um longo período e sendo
abastecidas com alimentos, roupas, serviços médicos, etc.

TELEFONEMAS DE PAZ – De repente, as sombrias perspectivas de invasão e


guerra foram subitamente alteradas. Inesperadamente, na noite de sexta-feira, 28,
depois da tensa semana de informações e contrainformações, Putin pegou no
telefone e ligou a Obama para, segundo a Casa Branca, responder à proposta
apresentada pelos Estados Unidos para ultrapassar a atual crise: “O Presidente
Obama sublinhou que os EUA continuam a apoiar uma solução diplomática”,
mas “deixou claro que isso só será possível se a Rússia retirar as suas tropas [da
zona de fronteira] e não adotar mais passos que violem a integridade e a
soberania da Ucrânia”, adianta um comunicado divulgado em Washington. 2
A versão do Kremlin é um pouco divergente. Adianta que Putin telefonou
a Obama para, em conjunto, “examinarem medidas que a comunidade
internacional possa dar para ajudar a estabilizar a situação”. Apesar das
diferentes interpretações, houve um importante resultado prático: os dois
presidentes combinaram um novo encontro dos respectivos chefes da diplomacia
para discutir “parâmetros concretos de um trabalho em comum”. O secretário de
Estado, John Kerry, que acompanhava Obama na visita à Arábia Saudita, adiou o
regresso a Washington para se deslocar a Paris, onde deveria reunir-se domingo,
30, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

QUANDO OS PONTOS DE VISTA APROXIMAM-SE – A Rússia, mais uma vez, se


adianta e entreabre a porta a uma possível saída negociada para a crise desde que
o degelo leve em conta seus interesses. Quais são esses interesses? Agora, depois
de ter garantido a reintegração da Ucrânia como um fait accompli (fato
consumado) os russos sentem-se encorajados a avançar nas negociações para
reestabelecer o status de potência dominante sobre a Ucrânia, tal como ocorria
até antes do recente golpe de Estado naquele país. Como? Não será invadindo o
território do vizinho. Sábado, 29, em entrevista à televisão russa, Lavrov
assegurou que Moscou “não tem intenções de invadir o Leste da Ucrânia”, mas
sugeriu, adiantando mais uma vez os “parâmetros concretos das novas
conversações”, que a “federalização” da Ucrânia é a única solução capaz de
acomodar os interesses de todas as partes. “Francamente não vejo nenhuma outra
forma para o desenvolvimento sustentado do Estado ucraniano que não passe por
uma federação”, em que cada região possa decidir sobre “as ligações econômicas
e culturais com as regiões e os países vizinhos.” Mesmo sem nunca ter sido uma

2
Reuters – “Russia sees no need for Ukraine incursion, Lavrov to meet Kerry” – Março/29/2014.
potência econômica, os russos sempre souberam fazer guerra e diplomacia como
ninguém. Desde Catarina, a Grande, e Pedro, também o Grande.
Neste domingo, 30 de março, será uma de muitas reuniões entre o norte-
americano Kerry e o russo Lavrov, desde que o ex-presidente ucraniano Viktor
Ianukovich foi derrubado por um golpe de Estado e a população russa da Crimeia
pediu a intervenção de Moscou. Mas o tom desta vez parece ser que os dois estão
em vias de concretizar o ambicioso plano que buscam desde o início. “Os nossos
pontos de vista aproximam-se”, garantiu Lavrov, mesmo que, oficialmente, o
governo russo afirme que “não há um plano único” em cima da mesa.
Mas o que ele quer dizer com isso, que seus pontos de vista aproximam-
se? Ora, exatamente o avanço daquele ambicioso projeto de uma ditadura
geopolítica global que estamos ressaltando nos últimos boletins – sobre a Europa,
em primeiro lugar, e sobre o resto do mundo, de maneira geral.

Em 2014, estamos completando 27 ANOS DE VIDA.


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