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eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Profa. Yara Maria Gomide Gouvêa
EQUIPE EAD
COORDENADOR DO CURSO DE GESTÃO E TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS – MBA - USP
GIL ANDERI DA SILVA
PP - PROFESSORES PRESENCIAIS
YARA MARIA GOMIDE GOUVÊA
TUTOR
EDUARDO TOSHIO SUGAWARA
FILMAGEM E EDIÇÃO
JORGE MÉDICI DE ESTON
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
AULA 1 - INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO ESTUDO:
Esta primeira aula faz uma exposição sobre a hierarquia das normas legais,
sua interpretação, análise de sua vigência e eficácia, diferentes formas de
responsabilidade, bens públicos, princípios aprovados na ECO92 e princípios
constitucionais de interesse para o meio ambiente.
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Aula 1. Introdução
1. INTRODUÇÃO
Constituição Federal
(Emendas)
Lei Complementar
Lei Ordinária - Lei Delegada - Medida Provisória
Decretos Legislativos
Decreto
Portaria – Resolução
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Aula 1. Introdução
Constituição
Pode ser definida como: um sistema de normas jurídicas escritas que regula
a forma do Estado, de seu governo, o modo de aquisição e do exercício do poder, a
distribuição de competências entre os poderes, os limites de sua ação, o sistema
tributário, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias, bem como
seus deveres. É a lei maior, com a qual todas as demais devem se conformar.
Seu art. 5.º II, diz que: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei (grifamos);
Lei
o Lei Complementar
As leis complementares são leis que não gozam da rigidez dos preceitos
constitucionais, mas também não comportam a revogação ou modificação por força
de qualquer lei ordinária superveniente. Ao estabelecer que determinadas matérias
devem ser disciplinadas por lei complementar, o constituinte buscou resguardar
certas matérias de mudanças apressadas ou casuísticas. A lei complementar ser
aprovada pela maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
(Constituição, art. 69) e esse quorum especial exigido para sua aprovação, dificulta
sua modificação.
o Lei Ordinária
A lei ordinária não exige quorum especial para sua aprovação. Como as
demais normas, deve estar de acordo com as disposições constitucionais. Somente
por LEI podem ser estabelecidas restrições ao exercício dos direitos dos cidadãos,
assim também como somente a lei pode estabelecer penalidades ou tributos.
Entretanto, é comum a expedição de decretos tratando de matéria reservada à lei e
que, em razão disso, se a questão for levada ao Poder Judiciário, podem ser
declarados inconstitucionais e perder sua validade. Na área ambiental uma grande
quantidade de decretos e resoluções têm passado por essa discussão e
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Aula 1. Introdução
Medida Provisória
A Medida Provisória é um ato normativo com força de lei que pode ser
editado pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. (art. 62 da
Constituição Federal).
Decreto Legislativo
Decreto
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Aula 1. Introdução
o Decretos Regulamentares
Portaria
Resolução
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Aula 1. Introdução
Além dos atos legais e administrativos acima elencados, podemos citar ainda:
• Autorização
i1
É o ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração
faculta ao particular o desempenho de atividade material ou a prática de ato que,
sem esse consentimento, seriam legalmente proibidos.
• Licença
A licença se configura como ato vinculado porque o agente público não pode
agir com discricionariedade no caso mas apenas conferir se o empreendimento
atende ou não às normas, exigências e padrões da legislação. E parte do
pressuposto de que o direito do administrado preexiste à licença. Esta nada mais faz
do que reconhecê-lo, quando conforme com a lei. Por exemplo o direito de construir
uma casa, num terreno urbano, atendendo a legislação de zoneamento, as posturas
municipais etc. Nesse caso, o direito preexiste ao pedido e o agente público pode
apenas conferir sua adequação às normas legais. Não cabe aqui, um julgamento da
oportunidade ou conveniência dessa edificação naquele local.
Alvará
1
Discricionário não significa “arbitrário”, ou seja, o agente público não age baseado
apenas na sua vontade, mas sempre dentro dos parâmetros legais, complementando,
dentro desses parâmetros, a vontade legal.
2
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 1992, p.172.
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Aula 1. Introdução
Outorga
Circular
Despacho
HIERARQUIA
Constituição Federal
(Emendas)
Lei Complementar
Decretos Legislativos
Decreto
Portaria – Resolução
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Aula 1. Introdução
I - resultar:
Se quisermos nos referir ao “número 2” acima, ele deverá ser citado como: “número
dois, da alínea “b”, do inciso I, do parágrafo primeiro, do art. 15, da Lei....
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Aula 1. Introdução
ou
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
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Aula 1. Introdução
ou
Esta lei entra (ou entrará) em vigor no prazo de X dias de sua publicação.
Algumas leis são auto-aplicáveis, pois contêm, em seu texto, todas as normas
e regras necessárias à sua aplicação, dispensando a necessidade de
regulamentação. Em geral são leis que não têm caráter técnico e que, pelo assunto
de que tratam, não necessitam de maior detalhamento. Uma vez entrando em
vigor, têm plena condição de aplicação imediata de todos os seus dispositivos, sem
necessitar de esclarecimento ou complementação. Ou seja, plena eficácia, vigência
imediata.
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Aula 1. Introdução
encontram ou não se sentem ainda preparados para fazê-lo. Outras, têm alguns
dispositivos eficazes e outros que aguardam pela regulamentação.
REVOGAÇÃO
Ou
Ou ainda:
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Aula 1. Introdução
Embora esta questão diga respeito mais de perto à matéria sobre penalidades
e responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, matéria objeto de
outra aula, está sendo abordada nesta primeira aula porque, ao longo do curso,
várias vezes teremos que nos referir às diferentes formas de responsabilidade, pelo
que esse assunto deve ser entendido já de início.
Culpa: quando o agente não quis o resultado mas concorreu para que este
acontecesse. E concorreu porque agiu com:
Imprudência,
Imperícia, ou
Negligência.
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Aula 1. Introdução
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Aula 1. Introdução
Princípio 2
Princípio 10
Princípio 15
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Aula 1. Introdução
Princípio 16
Princípio 17
Direito à informação
Art. 5 º
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
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Aula 1. Introdução
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social,................
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Aula 1. Introdução
VI - o mar territorial;
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Aula 1. Introdução
No caso dos recursos hídricos, o fato das águas serem, em alguns casos, de
domínio da União e em outros, de domínio dos Estados, determina quem faz o
enquadramento dessas águas (vide aula sobre recursos hídricos), quem outorga o
direito de uso ou de captação desses recursos e agora, diante da cobrança por esse
uso, quem faz a cobrança: a União, dos recursos hídricos de seu domínio, e os
Estados, daqueles que lhes pertencem.
Por outro lado, não se deve confundir “domínio” com “ação de proteção
ambiental”. Embora, por exemplo, os recursos minerais pertençam à União (são de
domínio da União), são os órgãos ambientais estaduais (ou municipais) que expedem
licença ambiental para atividades minerarias. À União, como detentora do domínio
sobre os recursos minerais, cabe dar a concessão para sua exploração, porém sem
prejuízo do exame, pelo órgão ambiental competente, da possibilidade dessa
exploração, face às normas ambientais.
a) bens de uso comum do povo. São os destinados a uso geral como as ruas,
praças, estradas, bem como os rios e as praias. O uso geral desses bens subordina-
se à disciplina administrativa. Ou seja, nesse caso, o “domínio” se limita a disciplinar a
forma como esses bens podem ser utilizados. No caso dos rios, por exemplo, esse
domínio se expressa pela disciplina de seu uso, pela outorga, etc.
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Aula 1. Introdução
19
Aula 1. Introdução
o
§ 5 . - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos
Estados por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais;
o
§ 6 . - As usinas que operam com reator nuclear deverão ter sua
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
O § 4o desse artigo diz que a Mata Atlântica, a Serra do Mar e a Zona Costeira
(dentre outros) são Patrimônio Nacional. Diz mais: sua utilização far-se-á na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais.
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Aula 1. Introdução
COMPLETE OS QUADROS:
Quadro 1.2: Quais são as três categorias em que se dividem os bens públicos? E o que cada
uma estabelece?
c) bens dominiais:
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Aula 1. Introdução
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Ocorre que o Constituinte nem sempre foi muito claro ao fazer essa distribuição
de competências, em especial no que se refere à "competência comum" de que trata
seu artigo 23, o que vem gerando uma série de dúvidas e conflitos na atuação das
três esferas de poder.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
IV - águas, energia,.........................................................................;
I - direito ........................................................................................
urbanístico;
3
Embora a Constituição atribua à União a competência para instituir o sistema nacional
de gerenciamento de recursos hídricos e, no artigo 22, IV, atribua competência privativa
à União para legislar sobre águas, os Estados-membros vêm legislando sobre seus
recursos hídricos, uma vez que, conforme se verá no item referente aos bens da União e
dos Estados, as águas também podem pertencer aos Estados que então, disciplinam os
bens de seu domínio.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Verifica-se que nas matérias aqui elencadas a ação da União deve limitar-se a
normas gerais (cujo conteúdo possível é sempre objeto de grandes discussões entre
os juristas). No exercício de sua competência suplementar, os Estados devem
respeitar as normas gerais fixadas pela União, podendo estabelecer normas ou
padrões complementares ou mais restritivos. Não podem, porém, ser menos
exigentes do que foi a norma federal. Esta questão é extremamente importante para a
interpretação das normas legais e, principalmente, para a identificação da quais são
aplicáveis em caso de conflito. Como regra geral de natureza prática, diante de um
conflito entre normas, aplica-se a mais restritiva. Se o conflito é apenas entre algumas
disposições dessas normas, aplicam-se as mais restritivas de cada uma delas. A
regra pode conter exceções, mas vão dizer respeito a discussões sobre competência
que não estão sendo abordadas nesta aula.
Observa-se que o Município não foi mencionado no art. 24, como detentor de
competência concorrente para disciplinar as matérias ali elencadas. Isto não significa,
contudo, que a mesma lhe tenha sido vedada, pois dispõe o texto constitucional:
E ainda:
VI -
.............................................................................................................
..........................
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Essa falta de uma definição clara de competências vem causando uma série de
dúvidas e conflitos entre os órgãos ambientais dos três níveis (IBAMA, órgãos
estaduais e municipais). E em alguns casos de possível conflito, quando estes entram
em acordo sobre a competência, o Ministério Público pode discordar, e entrar com
ação em juízo exigindo a atuação daquele que entende ser o órgão responsável pela
providência ou ação, ainda que esta não seja a opinião dos agentes desse órgão. Isso
ocorre em várias situações, mas principalmente no licenciamento ambiental. A
questão relativa a esse conflito será abordada em várias aulas, com exemplos do tipo
de situações que ocorrem ou podem ocorrer.
Com relação à atuação dos três níveis de poder na defesa do meio ambiente,
deve ser observado que na história brasileira do controle da poluição ambiental os
fatos precederam a legislação, determinando comportamentos que acabaram sendo
assumidos pela lei. Assim, embora a constituição de 1967/69 fosse extremamente
centralizadora, a atuação efetiva no controle da poluição teve início nos Estados
(como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais), com a
elaboração de legislação e principalmente, a instalação de estruturas governamentais
para efetuar esse controle, com a criação de órgãos especializados, implantação de
laboratórios, treinamento de pessoal etc. A título de curiosidade, observa-se que a
legislação estadual baseou-se, nessa época, justamente na competência concorrente
que tinham os Estados para legislar sobre saúde pública.
Com isso, quando finalmente a União, resolveu atuar nesse cenário, encontrou o
espaço ocupado pelos Estados e respeitou a realidade existente consagrando-a
legalmente e reservando, para a União, apenas a ação supletiva. Este assunto será
examinado mais detidamente na aula sobre a Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
QUADRO POLÍTICO
A Lei nº. 6.938, de 31.8.81 pode ser considerada um dos marcos mais
importante, senão o mais importante, da legislação ambiental brasileira, não apenas
por se tratar da primeira norma a cuidar do meio ambiente de uma forma global
(pois até este então era tratado apenas setorialmente), como pelos inúmeros e
significativos avanços e inovações que trouxe para a disciplina da questão
ambiental.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Benjamin, Antonio Hermann - Dano Ambiental Prevenção, Reparação e Repressão. –
São Paulo, 1993, Editora Revista dos Tribunais – p. 71
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
perfeição à Lei 6.938/81, pois na realidade foi ela, bem antes da Constituição, que
conferiu ao meio ambiente a qualidade de um bem jurídico dotado de contornos
próprios e de autonomia, ao declará-lo um patrimônio público a ser assegurado e
protegido tendo em vista o uso coletivo. A constituição, posteriormente, veio
referendar esse “status” já conferido ao meio ambiente, protegendo-o para as atuais
e futuras gerações.
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
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ob.cit. pág. 78
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
DESCENTRALIZAÇÃO
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Deve ser observado também que esta "ação supletiva" que a lei atribuiu ao
IBAMA, na prática nunca foi e ainda não é uniforme em todo o território brasileiro e,
embora as regras do relacionamento União/Estado estejam legalmente definidas, o
conceito de "omissão" (do Estado ou Município que ensejam a atuação supletiva do
IBAMA) acaba tendo um alto grau de subjetividade fazendo com que, em alguns
Estados exista uma verdadeira ação articulada entre ambos (com o IBAMA
efetivamente apenas suprindo deficiências da atuação estadual), em outros o IBAMA
tenha uma atuação intensa, praticamente ignorando e, com isso, duplicando a ação
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
No caso União/Estado, a lei deixou claro que a União atua supletivamente. Mas
não existe qualquer regra prevista para disciplinar a atuação Estado/Município, ou
seja, se com a ação deste último, o Estado passa, ou não, a ter apenas uma atuação
supletiva. O que se tem verificado em muitas situações, é uma ação duplicada, com
Estado e Município agindo em paralelo, o que muitas vezes pode trazer problemas
para o administrado e para a própria Administração. Em alguns Estados esta situação
vem sendo solucionada através da celebração de convênios que buscam articular
esta atuação. Com relação ao licenciamento ambiental a Resolução CONAMA 237/97
tentou eliminar estes conflitos de competência, porém não se constitui ainda em
norma suficiente para terminar, de vez, com todas as dúvidas, pelos motivos que
serão examinados ao tratarmos do licenciamento ambiental.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Sem dúvida um dos maiores avanços da Lei 6.938/81 foi ter consagrado a
responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental.
..........................................................................................................................
.........
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
º
O art. 3 da Lei 6938/81 contém as definições cujo conhecimento e
compreensão são essenciais para o entendimento e aplicação da legislação ambiental
brasileira. Dispõe esse artigo:
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
6
Coimbra ,José de Ávila Aguiar, - O Outro Lado do Meio Ambiente – São Paulo, CETESB,
1985, p 29
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
7
Milaré, Edis – A ação Civil Pública na Nova Ordem Constitucional, São Paulo, Saraiva,
1990, p.24/25
8
O Prof. Samuel Murgel Branco, em sua excelente obra “Poluição”, Rio de Janeiro, ao
Livro Técnico (1972), diz que “Poluição, no seu sentido mais amplo, pode ser entendida
como qualquer modificação de características de um ambiente de modo a torná-lo
impróprio às formas de vida que ele normalmente abriga.” e acrescenta: “isso significa
que a modificação do ambiente, para ser realmente considerada poluição, deve afetar, de
maneira nociva, direta ou indiretamente, a vida e o bem estar humano”.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Assim, enquanto as alíneas “a” a “d” definem poluição a partir de uma clara
relação de causa e efeito entre a ação humana e suas conseqüências adversas
para o meio ambiente, a alínea “e” cuida especificamente de padrões ambientais.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
ilicitude do ato, mas sim da efetiva ocorrência do dano. Daí que, se ultrapassado um
padrão, haverá ilícito administrativo, independentemente do dano, poderá haver
crime mas, se não houver dano, não haverá responsabilidade civil, ou dano a
reparar.
No caso das alíneas “a” a “d” do mesmo inciso III, há que se demonstrar a
existência, efetiva ou potencial, dos danos ali descritos para que se configure a
infração, ou seja, a relação de causa e efeito entre a ação humana e o dano
causado. Estes dispositivos são utilizados principalmente nos casos em que não
foram fixados padrões ou normas específicas de proteção aos bens ali descritos. É
o caso, por exemplo, do controle da poluição do ar que conta com poucos padrões
de emissão, ou da poluição por resíduos, para a qual não foram estabelecidos
padrões.
No Brasil, assim como em outros países, não se trabalha com “padrão zero”.
Há sempre um nível de tolerância quanto às substâncias que podem ser lançadas
no meio ambiente ou às alterações que nele podem ser feitas. Esta tolerância está
expressa nos padrões fixados. Quando estes não existem, como no caso de
resíduos sólidos, os projetos devem ser elaborados de maneira a não causar a
poluição do meio ambiente ou a afetá-lo o mínimo possível, atendendo às suas
peculiaridades.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Também o disposto no inciso VII deste mesmo artigo exige uma ação
normativa disciplinando os meios e formas de recuperação e/ou indenização dos
danos causados ao meio ambiente e, principalmente, para estabelecer a forma de
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
II - o zoneamento ambiental;
9
Como observa José Afonso da Silva a lei não conceitua o zoneamento
ambiental, mas podemos, grosso modo, dizer que se trata de um procedimento por
meio do qual se instituem zonas de atuação especial com vista à preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental.
9
Silva, José Afonso, Direito Ambiental Constitucional, São Paulo, Malheiros Editores,
1994.
10
Ob.cit. pag. 126
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
I - Plenário;
II - Comitê de Integração de Políticas Ambientais - CIPAM;
III - Câmaras Técnicas;
IV - Grupos de Trabalho; e
V - Grupos Assessores.
O Ministério do Meio Ambiente foi criado pela Lei 8.490, de 19.11.92 e teve
sua denominação e atribuições alteradas algumas vezes, tendo se denominado
Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, posteriormente Ministério do
Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal e atualmente passou a
denominar-se simplesmente Ministério do Meio Ambiente.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Deve ser ressaltado que não existe relação de hierarquia entre os órgãos
federais, estaduais e municipais do meio ambiente. Ou seja, os Órgãos Seccionais
não são subordinados ao IBAMA, assim como os Órgãos Locais também não são
subordinados aos Órgãos Seccionais ou ao IBAMA. Destarte, não pode o órgão
federal determinar ao Estado que licencie ou negue licença a um empreendimento
ou que aplique uma penalidade ao infrator, assim como não pode cancelar ou
modificar licença por ele expedida ou penalidade por ele imposta etc. O mesmo
ocorre na relação IBAMA/Município e na relação Estado/Município.
COMPETÊNCIAS DO CONAMA
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Estas normas estabelecidas pelos Estados, como diz a própria lei, são
supletivas e complementares, não podendo ser menos restritivas do que aquelas
estabelecidas pelo CONAMA. O mesmo ocorre com as normas estabelecidas pelos
Municípios que, além de respeitar as normas do CONAMA, deverão também
considerar aquelas que tiverem sido estabelecidas pelos Estados.
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Este assunto será examinado em aula específica, razão pela qual não é
abordado mais extensamente agora.
PENALIDADES
COMPLETE OS QUADROS:
Quadro 2.1: O que você entende por responsabilidade civil objetiva em matéria ambiental?
Quadro 2.2: Explique, com suas próprias palavras, em que caso os municípios podem
legislar e atuar administrativamente sobre o meio ambiente e os recursos naturais?
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
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Aula 2. Política Nacional do Meio Ambiente
Conforme disposto no Artigo 3º da Lei 6938/81, complete o quadro 2.4, com relação a
alguns conceitos ambientais:
I - meio ambiente:
III - poluição:
IV - poluidor:
V - recursos ambientais:
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Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
Esta aula faz uma exposição sobre Gestão e Controle da Poluição dos
Recursos Hídricos.
O aluno é convidado à compreensão da Política Nacional de Recursos
Hídricos (com referência ao Sistema de Gestão dos Recursos Hídricos; os Comitês
de Bacias Hidrográficas; a Agência Nacional de Águas; os instrumentos de outorga,
cobrança e enquadramento dos corpos d’água), e a legislação para águas
subterrâneas. Estuda também as normas que disciplinam o controle de poluição
das águas.
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Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
- Histórico.
- Águas Subterrâneas
- Águas Costeiras
- Sistema Nacional de Recursos Hídricos.
- Controle da poluição das águas[
- Enquadramento.
- Outorga.
- Cobrança.
- Outras normas legais sobre a matéria
HISTÓRICO
A rigor o controle efetivo da poluição das águas teve início nos Estados na década
de 70, sendo executado pelos órgãos estaduais de controle da poluição ambiental.
Até então, a nível federal, apenas algumas poucas, raras e esparsas normas
objetivavam esse controle. Destacava-se apenas uma lei bastante curta (Lei
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Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
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Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Por sua vez, as “águas costeiras”, não foram incluídas dentre as águas
disciplinadas pela Política Nacional dos Recursos Hídricos. Tais águas, geralmente
salobras e salinas embora tenham seu enquadramento e padrões de qualidade
disciplinados por norma do CONAMA, ainda não são objeto de gestão pelo Sistema
Nacional de Gerenciamento dos RH, através de instrumentos como outorga,
cobrança etc. A integração entre as águas costeiras e o Sistema, foi prevista na Lei
9.433/97 dentre as diretrizes gerais de ação para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos porém não está definida, embora seja objeto de
estudos por Câmaras Técnicas. E, como dito, não há ainda uma definição legal
sobre a outorga de uso das referidas águas, sua cobrança etc gerando um campo
ainda cheio de dúvidas e questionamentos. Existem convenções internacionais
sobre poluição do mar, das quais o Brasil é signatário e lei específica sobre o
controle da poluição provocado por navios, portos, terminais e plataformas
marítimas porém nada que integre este controle ao Sistema Nacional de
o.
gerenciamento de recursos hídricos. Esta lei, n 9.966, de 28.04.2000 é
examinada no final desta apostila.
60
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Sendo um recurso limitado e dotado de valor econômico, seu uso passa a ser
passível de cobrança, o que já está ocorrendo no país.
Observa-se, porém, que embora a lei tenha sido inovadora na esfera federal,
estes princípios já constavam de legislação de alguns estados, já vigentes quando
de sua promulgação.
Recordando o que dispõe a Constituição federal sobre o domínio das águas:
São bens da União, dentre outros: os lagos, rios e quaisquer correntes de água
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais; o mar territorial; os potenciais de
energia hidráulica;
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Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
5.1. Cada curso d'água, desde a sua foz até a sua nascente, será
considerado como unidade indivisível, para fins de classificação quanto ao
domínio.
5.2. Os sistemas hidrográficos serão estudados, examinando-se as suas
correntes de água sempre de jusante para montante e iniciando-se pela
identificação do seu curso principal.
5.3. Em cada confluência será considerado curso d'água principal aquele cuja
bacia hidrográfica tiver a maior área de drenagem.
5.4. A determinação das áreas de drenagem será feita com base na
Cartografia Sistemática Terrestre Básica.
5.5. Os braços de rios, paranás, igarapés e alagados não serão classificados
em separado, uma vez que são considerados parte integrante do curso
d'água principal.
Agências de Água
“federais” mais importantes. Cumpre observar que não existe “bacia hidrográfica
federal” ou “bacia hidrográfica estadual”, em sua totalidade. Um rio de domínio da
União pode ter a maioria ou até mesmo todos seus afluentes de domínio dos
Estados, enquanto um rio estadual pode ter afluentes de domínio da União. Dessa
forma, estes comitês são instalados em bacias cujo rio principal é federal, podendo
ser citado, como exemplo, o Rio São Francisco.
Da União;
64
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
A Lei nº. 9.984, de 17 de julho de 2000 (Alterada por: MP 2.216; MP 155; Lei
n. 10.871/04; MP 437; Lei n. 12.058/09) veio dispor sobre a criação da Agência
Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional
de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos, estabelecendo regras para a sua atuação, sua estrutura
administrativa e suas fontes de recursos.
11
Outorgar, por intermédio de autorização , o direito de uso de recursos
o
hídricos em corpos de água de domínio da União, observado o disposto nos art.s 5 ,
o o o
6 , 7 e 8 dessa lei;
Supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do
cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos e fiscalizar os
usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;
Elaborar estudos técnicos para subsidiar a definição, pelo Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, dos valores a serem cobrados pelo uso de recursos
hídricos de domínio da União, com base nos mecanismos e quantitativos sugeridos
pelos Comitês de Bacia Hidrográfica.
Implementar, em articulação com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a
cobrança pelo uso de recursos hídricos de domínio da União;
Arrecadar, distribuir e aplicar receitas auferidas por intermédio da cobrança
pelo uso de recursos hídricos de domínio da União, na forma do disposto no art. 22
da Lei no 9.433, de 1997;
Promover a elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos
financeiros da União em obras e serviços de regularização de cursos de água, de
alocação e distribuição de água, e de controle da poluição hídrica, em consonância
com o estabelecido nos planos de recursos hídricos;
11
A lei fala em outorga, por intermédio de “autorização”, que é ato administrativo que não se confunde
com a “licença”. Vide a primeira aula, que fala dos tipos de normas e atos administrativos, e também
a aula sobre licenciamento ambiental, onde esses atos administrativos são examinados em maiores
detalhes.
65
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
O sistema de classificação das águas adotado pelo Brasil teve início no Estado
de São Paulo no ano de 1955, mas somente foi adotado efetivamente, e a nível
federal, com a Portaria 13, do Ministério do Interior, em 1975.
CLASSIFICAÇÃO
66
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Assim, no caso das “águas doces”, assim consideradas aquelas que têm
salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰ , a “classe especial”, a mais exigente de todas,
reúne águas destinadas:
A classe 2 (dois) que é aquela onde se encontra a maior parte dos rios brasileiros
pode ser destinada :
67
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
• à navegação; e
• à harmonia paisagística.
As águas salinas, que são águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰ ; são
assim classificadas:
à pesca amadora; e
à recreação de contato secundário.
à navegação; e
à harmonia paisagística.
As águas salobras, que são águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰
; são assim classificadas:
à pesca amadora; e
à recreação de contato secundário.
à navegação; e
à harmonia paisagística.
PADRÕES DE QUALIDADE
Dentro desse sistema, para cada classe foram estabelecidos padrões de qualidade
que as águas deverão possuir para atender àqueles usos, padrões esses que vão
se tornando menos restritivos para classes destinadas a usos menos nobres.
Evidentemente, para atender aos usos previstos para a classe 1 (um), a água deverá
ter uma qualidade muito boa, pelo que são estabelecidos padrões de qualidade
bastante restritivos e exigentes. Á medida em que as classes vão reunindo usos
menos nobres, os padrões de qualidade para elas também vão se tornando mais
tolerantes. A Resolução 357/05 apresenta uma lista de padrões para cada substância
que podem estar presentes nas águas de cada classe, ou seja, uma lista para cada
classe. E dentro dos padrões estabelecidos para cada classe, a norma inseriu
algumas variáveis, na dependência de alguns usos específicos que podem ser feitos
da água.
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
69
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
PADRÕES DE QUALIDADE
70
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
ENQUADRAMENTO
Cada corpo d'água (ou trecho de corpo d'água) deverá ser enquadrado em
uma das classes já estabelecidas (classificação), de acordo com seu uso
preponderante atual ou futuro. Ou seja, a autoridade competente (atualmente os
Conselhos de Recursos Hídricos federal e estaduais) determina em qual das classes
cada corpo d’água (ou trecho de corpo d’água) deverá ser enquadrado. A partir daí ele
passa a pertencer, a uma das classes estabelecidas, donde dizer-se, por exemplo,
que “o rio X é classe II”, ou que o trecho do rio Y, do ponto “a” ao ponto “b” é classe III
etc. Deve ser ressaltado que esse enquadramento não leva em conta,
necessariamente, a condição atual das águas, mas a qualidade que deverão possuir
para atender aos usos estabelecidos e desejados. Ao estabelecer que “o rio X é
classe Y”, está sendo definido a que padrões de qualidade esse rio deverá atender.
71
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
• Diagnóstico
• Prognóstico
• Propostas de metas relativas às alternativas de enquadramento, e
• Programa de efetivação
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Assim como ocorre com as águas superficiais, nos casos em que a condição
de qualidade da água subterrânea estiver em desacordo com os padrões exigidos
para a classe do seu enquadramento, deverão ser empreendidas ações de controle
ambiental para a adequação da qualidade da água à sua respectiva classe, exceto
para as substâncias que excedam aos limites estabelecidos devido à sua condição
natural.
72
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Por sua vez, a adequação gradativa da condição da qualidade das águas aos
padrões de sua classe a ser aprovada pelo órgão ambiental competente deverá ser
definida levando em consideração as tecnologias de remediação disponíveis, a
viabilidade econômica, e o uso atual e futuro do solo e das águas subterrâneas.
Caso essa adequação não seja possível, deverão ser realizados estudos visando
seu reenquadramento.
73
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
PADRÕES DE EMISSÃO
74
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
produtivos, constantes ou não dos padrões de emissão por ela fixados, seja no
licenciamento da atividade ou por norma específica, objetivando o cumprimento das
metas estabelecidas para o enquadramento do corpo de água. Se o
empreendimento estiver sujeito ao EIA/RIMA deverá apresentar estudo de
capacidade de suporte do corpo receptor.
DA OUTORGA
A outorga dos direitos de uso dos RH é o ato administrativo que faculta o uso
das águas a particulares e a prestadores de serviço público, em condições pré-
estabelecidas e por tempo determinado. É o ato que faculta um direito de uso de um
bem público, não se confundindo com a licença ambiental. E o que é outorgado é
apenas um direito de uso de um bem que pertence à sociedade, não se conferindo,
ao beneficiado pela outorga, qualquer domínio sobre as águas.
Independem de outorga:
§ 1º A outorga não implica alienação total ou parcial das águas, que são
inalienáveis, mas o simples direito de uso.
76
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
77
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
78
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
79
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Muito se tem discutido sobre a destinação dos valores arrecadados. Pela Lei
federal 9.433/97, eles deverão ser aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica
em que foram gerados e serão utilizados no financiamento de estudos, programas,
projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos; podem ser utilizados
também no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (este, limitado a 7,5% do valor arrecadado).
80
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
Na verdade, essa lei veio preencher uma lacuna na legislação sobre essas
fontes poluidoras e regulamentar convenções internacionais há muito ratificadas
pelo Brasil mas não disciplinadas internamente, a não ser por normas da Diretoria
de Portos e Costas do Ministério da Marinha. São elas – Marpol 73/78: Convenção
Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios; CLC/69:
Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por
Poluição por Óleo, de 1969 e OPRC/90: Convenção Internacional sobre Preparo,
Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo.
Decreto n. 4.871, DE 06.11.03. Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para
o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional.
81
Aula 3. Gestão e Controle da Poluição dos Recursos Hídricos
COMPLETE OS QUADROS:
82
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
Esta aula faz uma exposição sobre alguns instrumentos básicos da gestão
ambiental para o Controle da Qualidade do Ar e os seus padrões de qualidade e de
emissões estabelecidos.
São mostradas também algumas regulamentações específicas e normas
relativas ao controle da poluição do ar.
83
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
4. CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR
POLUIÇÃO DO AR
Aquecimento global,
Formas de Controle
PRONAR – Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar
Padrões de Qualidade do Ar
Episódios Críticos de Poluição do Ar
Padrões de Emissão
Regulamentações Específicas
AQUECIMENTO GLOBAL
A preocupação com a poluição do ar, até há alguns atrás mais restrita aos
grandes centros urbanos e às regiões industrializadas, tomou corpo e se estende
hoje a todo o planeta, por conta dos riscos trazidos pelo aquecimento global e, há
mais tempo atrás, pelo buraco na camada de ozônio.
FORMAS DE CONTROLE
84
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
85
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
86
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
Como norma programática que é, esta Resolução não fixa normas ou padrões
mas estabelece as estratégias e instrumentos para consecução dos objetivos nela
previstos.
87
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
PADRÕES DE QUALIDADE DO AR
• monóxido de carbono,
• ozônio e
• dióxido de nitrogênio.
89
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
90
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
PADRÕES DE EMISSÃO
91
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
93
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
94
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
Estes limites poderão ser mais restritivos, a critério do 0rgão ambiental local,
em função dos seguintes fatores:
I - capacidade de dispersão atmosférica dos poluentes, considerando as
variações climáticas e de relevo locais; ou
95
Aula 4. Gestão e Controle da Poluição do Ar
97
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
Após esta aula, o aluno estará apto a compreender a importância que é dada aos
resíduos sólidos perante as demais formas de poluição.
Serão também apresentadas as responsabilidades e as regulamentações específicas
para o controle da poluição por resíduos.
98
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
Aspectos Gerais
Responsabilidades
Resíduos Urbanos
Regulamentações Específicas
ASPECTOS GERAIS
Classe I = perigosos;
Classe II = não perigosos, subdivididos em:
De acordo com esta norma da ABNT, os resíduos perigosos são aqueles que
apresentam uma ou mais destas características:
• INFLAMABILIDADE
• CORROSIVIDADE
• REATIVIDADE
• TOXICIDADE
• PATOGENICIDADE
Por sua vez os resíduos não inertes são aqueles que, embora não perigosos,
podem causar poluição, pois apresentam propriedades como: biodegradabilidade,
solubilidade em água, combustibilidade etc.
100
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
Essa questão do passivo ambiental vem sendo objeto de muita atenção por
parte dos órgãos ambientais e do Ministério Público, que estão acionando
fortemente os responsáveis para que façam a remediação da área e recuperem as
águas subterrâneas. E o país tem uma quantidade enorme de áreas contaminadas,
até por conta da pouca preocupação que se dedicou ao assunto no passado (e não
apenas no Brasil), fazendo com que as empresas “empurrassem o lixo para baixo
do tapete”, ou seja, simplesmente enterrassem seus resíduos, sem qualquer
preocupação com as consequências e sem que os órgãos ambientais, na época,
fizessem maiores exigências quanto a esse assunto.
RESPONSABILIDADES
102
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
103
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
104
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
vezes, sobre o gerador dos resíduos e também sobre o atual proprietário da área ou
do empreendimento.
Deve ser lembrado também que “passivo ambiental” não é apenas resultante de
resíduos depositados indevidamente no solo. A própria instalação industrial com suas
paredes, telhado e equipamentos contaminados, tanques de matéria prima ou
produtos com vazamentos e infiltração etc. pode constituir um passivo ambiental cuja
destinação, após desativação ou demolição, deve ser objeto de cuidados específicos.
Por tudo o que foi exposto, é que se costuma dizer que a responsabilidade
(principalmente a civil) do gerador por seus resíduos vai “do berço ao túmulo”, já que
responde por eles em todas as fases, desde sua geração até sua disposição final e
mesmo depois desta, pelas consequências de uma disposição inadequada.
Porém é importante que essa definição contratual seja feita para resguardar o
direito daquele que vier a ser acionado, de cobrar posteriormente do outro, que
assumiu a responsabilidade, as multas e despesas com que foi onerado.
RESÍDUOS URBANOS
Até algum tempo atrás, havia grande dificuldade em punir, ou induzir uma
municipalidade que não dispusesse adequadamente seus resíduos, a adotar as
soluções tecnicamente recomendadas ou mesmo a desativar um lixão ou recuperar
uma área degradada. As penalidades previstas na legislação ambiental, mais
voltadas para o produtor, empreendedor ou responsável por atividade econômica,
pouco se aplicavam quando o infrator era uma prefeitura. A participação do
Ministério Público nesse cenário veio modificá-lo, diante da propositura de Ações
106
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
o.
A Resolução CONAMA n 404, de 11.11.08. disciplina o Licenciamento Ambiental
de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em
municípios de pequeno porte e de obras de recuperação de áreas degradadas pela
disposição inadequada de resíduos (lixão).
Embora, como dito de início, não existam normas estabelecendo padrões para
resíduos (padrões de qualidade do ambiente, padrões de emissão etc), há normas
dos diferentes níveis disciplinando o acondicionamento, tratamento, transporte e
disposição final de alguns tipos de resíduos.
107
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
o.
• A Resolução CONAMA n 313, DE 29/10/02 Estabeleceu a obrigatoriedade
das indústrias geradoras de resíduos enquadradas nos critérios nela
estabelecidos, apresentarem, ao órgão ambiental competente, informações
sobre a geração, características e destino final de seus resíduos. As
informações previstas nesta Resolução deverão ser prestadas ao órgão
estadual de meio ambiente, e atualizadas a cada vinte e quatro meses, ou em
menor prazo, de acordo com o estabelecido pelo próprio órgão. As indústrias,
a partir de sessenta dias da data de publicação dessa Resolução, passaram
a ser obrigadas a registrar, mensalmente, e manter na unidade industrial, os
dados de geração e destinação dos resíduos gerados para efeito de obtenção
dos dados para o Inventário Nacional dos Resíduos Industriais. A exigência
de apresentação de inventário de estoques se estendeu às concessionárias
de energia elétrica e empresas que possuíssem materiais e/ou equipamentos
contaminados com PCBs ou estoques e/ou equipamentos fora de uso
contendo óleos ascaréis. Revogou a Resolução CONAMA n. 6, de 15/6/88
que tratava da mesma matéria.
Aprovada pelo Decreto Legislativo n. 34, de 16/6/92, foi promulgada pelo Decreto
n. 875, de 19/7/93. A disciplina da matéria de que trata esta convenção foi feita,
internamente, através de diversas portarias do IBAMA e Resoluções do CONAMA.
Atualmente, ao lado de algumas normas que tratam de temas específicos, está em
vigor a:
112
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
PÓS CONSUMO:
115
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
116
Aula 5. Controle da Poluição por Resíduos
Quadro 5.3: Explique porque o controle dos resíduos sólidos é mais complexo do
que as outras formas de poluição.
Quadro 5.4: O que você entende por “responsabilidade pós-consumo”? Quais são
as dificuldades encontradas para sua implementação?
117
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
118
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Aspectos Gerais
ASPECTOS GERAIS
Interessante notar que a lei, tanto em sua redação original como naquela
alterada, mencionou apenas algumas categorias de unidades de conservação
omitindo todas as demais, já previstas por legislação específica e largamente
utilizadas no Brasil, como é o caso por exemplo, dos Parques e Reservas
Biológicas.
119
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
120
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
ZONA DE AMORTECIMENTO
122
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
123
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
PLANO DE MANEJO
124
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
• Estação Ecológica;
• Reserva Biológica
• Parque Nacional;
• Monumento Natural;
• Refúgio de Vida Silvestre.
ESTAÇÕES ECOLÓGICAS
Sua base legal foi dada, inicialmente, pela Lei 6.902, de 27.4.81 e podem ser
criadas pela União, pelos Estados e pelos Municípios, em terras de seu domínio.
Constituem-se em áreas representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à
realização de pesquisas básicas aplicadas à Ecologia, à preservação do ambiente
natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista.
125
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Para cada Parque Nacional este decreto prevê que deverá ser elaborado um
Plano de Manejo que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, estabeleça seu
zoneamento e para cada uma das suas zonas proponha o seu desenvolvimento
físico de acordo com suas finalidades. O Decreto nº. 84.017/79 previu a criação das
seguintes zonas:
III - Zona de Uso Extensivo - constituídas em sua maior parte por áreas
naturais e já apresentando alterações antrópicas. Deve ali ser mantido um ambiente
natural com mínimo impacto humano, porém deve oferecer acesso e facilidade
públicos para fins educativos e recreativos;
127
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
MONUMENTOS NATURAIS
129
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
§ 1o. ............................................................................................
Seu art. 2º prevê que APA's deverão ter sempre um zoneamento ecológico-
econômico, que estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais
bióticas, geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrativistas, culturais dentre outras.
Ou seja, observadas algumas restrições relativas a alterações significativas do
ambiente e aquelas decorrentes do zoneamento, todos os tipos de atividades
podem ser desenvolvidas em APA, não havendo, a priori, nenhuma atividade
proibida nessas áreas.
Art. 4º - Todas as APA's deverão ter zona de vida silvestre nas quais
será proibido ou regulado o uso dos sistemas naturais.
130
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
132
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
RESERVAS EXTRATIVISTAS
133
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
134
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
RESERVA DA FAUNA
135
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
§ 1º.........................................................................................
I - a pesquisa científica;
136
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Muitos indagam qual o interesse que pode ter um proprietário para gravar
perpetuamente uma área que não mais poderá explorar, já que os benefícios são
pequenos, se comparados com o gravame, pois implicam quase que somente na
isenção do ITR. Eventualmente possibilitam também a cobrança para acesso na
área, realização de caminhadas etc. Nota-se, entretanto, que a maioria o faz por,
realmente, querer preservar uma floresta ou outras áreas naturais de sua
propriedade e não por interesse econômico. Já foram criadas, no país, RPPNs em
número muito superior ao inicialmente esperado.
RESERVA DA BIOSFERA
137
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Ocorre, porém, que a Lei 9.985/2000, além de não fazer qualquer referência
às reservas ecológicas, expressamente revogou o art. 18 da Lei, 6.938/81 pelo que
elas não mais existem em nosso sistema normativo. Por sua vez, a Resolução
CONAMA 4/85 foi revogada e substituída pela Resolução n. 303, de 20 de março de
2002 que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação
Permanente, também sem fazer qualquer referência às Reservas Ecológicas.
ÁREAS TOMBADAS
138
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Uma das características que deve ser destacada no Tombamento, pela sua
importância na prevenção de danos durante o processo de tombamento, é que tem
efeitos provisórios, previstos no art. 10 do Decreto-Lei nº. 25/37 já que a partir da
notificação do proprietário, não mais podem ser feitas modificações no bem a ser
tombado.
COMPENSAÇÃO AMBIENTAL
Prevê ainda que deverão ser instituídas, no âmbito dos órgãos licenciadores,
câmaras de compensação ambiental, compostas por representantes do órgão, com
a finalidade de analisar e propor a aplicação da compensação ambiental, para a
aprovação da autoridade competente, de acordo com os estudos ambientais
realizados e percentuais definidos.
140
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Uma das questões que vinha sendo objeto de críticas e objeções, em especial por
parte dos empreendedores, era o fato da lei estabelecer um percentual mínimo
(0,5% do valor do empreendimento), independentemente do impacto por ele
causado, mas não um valor máximo, ficando este a critério do órgão licenciador,
sem o estabelecimento de qualquer limite.
O Supremo Tribunal Federal - STF, (conforme publicado no D.O.U de 15.04.08 -
Pág. 1) - julgou Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI/3378 - proposta pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) que contesta a obrigação prevista no art.
36 da Lei 9.985/00. O pleno da Corte, por maioria, acatou parcialmente o pedido da
entidade ao considerar inconstitucional essa obrigação, no que se refere ao valor
mínimo de 0,5%.
Pela decisão, as empresas deverão compensar os danos não mitigáveis
efetivamente apurados, não mais destinando, já por princípio, 0,5% do valor do
empreendimento a unidades de conservação. Dessa forma, as empresas não
ficaram isentas da obrigação de compensar os danos, tendo apenas sido eliminado
um valor mínimo. A partir dessa decisão, deverá ser feita a avaliação efetiva dos
danos para que seja fixada a compensação.
A RESOLUÇÃO CONAMA N. 371, DE 5 DE ABRIL DE 2006 veio estabelecer as
diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e
controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental.
• INSTALAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA
141
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
• INDENIZAÇÕES
I - (VETADO)
II - (VETADO)
III - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Poder Público;
IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;
V - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos;
VI - as áreas que não tenham provas de domínio inequívoco e anterior à
criação da unidade.
VIl e as de Uso Sustentável, além de algumas exigências do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.
COMPLETE OS QUADROS:
142
Aula 6. Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Quadro 6.3: Como a Lei 9.985/2000 trata do entorno das Unidades de Conservação
143
Aula 7. Fauna e Flora
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
144
Aula 7. Fauna e Flora
• Aspectos Gerais
• Área de Preservação Permanente
• Reserva Legal
• Servidão Florestal
• Exploração de Florestas
• Uso do Fogo
• Gestão de Florestas Públicas
• Mata Atlântica
• Fauna
O CÓDIGO FLORESTAL
Lei 4.771, de 15.9.65 (com alterações feitas pelas Leis n. 5.106/66; 5.870/73;
7.803/89; 9.985/00; Medida Provisória n. 2.166; Lei n. 11.284/06; Lei n. 11.428/06;
11.934/09).
ASPECTOS GERAIS
145
Aula 7. Fauna e Flora
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso de água desde o seu nível mais
alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:
146
Aula 7. Fauna e Flora
148
Aula 7. Fauna e Flora
E de acordo com o art. 4o., VI, do Código Florestal alterado pela MP n. 2.166-
67, de 24.08.01 na implantação de reservatório artificial é obrigatória a
desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação
permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão
definidos por resolução do CONAMA.
DUNAS
A inclusão das dunas não vegetadas entre as APP’s não é pacífica. O Código
Florestal se referia apenas à vegetação de preservação permanente como a
vegetação de restinga enquanto fixadora de dunas. Assim, as dunas, desprovidas
de vegetação, vinham sendo objeto de questionamento quanto a se tratar ou não de
área de preservação permanente, uma vez que o Código Florestal somente se
refere à vegetação de restinga fixadora da duna e não à duna não vegetada – em
geral, duna móvel. E tanto assim é que o Código considerava de preservação
permanente, pelo só efeito da lei, apenas a vegetação de restinga que a recobria.
149
Aula 7. Fauna e Flora
ÁREAS URBANAS
150
Aula 7. Fauna e Flora
151
Aula 7. Fauna e Flora
I - utilidade pública:
e) pesquisa arqueológica;
II - interesse social:
153
Aula 7. Fauna e Flora
Há que lembrar, entretanto, duas situações não cogitadas nas obras escritas
pelos que defendem essa tese: a primeira é que essa previsão poderia ter a função
de disposição transitória, alcançando aquelas áreas já desmatadas ou cobertas por
cultura quando da promulgação do Código Florestal.
RESERVA LEGAL
155
Aula 7. Fauna e Flora
O art. 44 da Lei 4.771/65, com a redação dada pela MP estabelece que, caso
a reserva legal existente numa propriedade seja inferior ao estabelecido, ou já não
mais existir, seu proprietário deverá:
156
Aula 7. Fauna e Flora
Este dispositivo, criticado por alguns ambientalistas, pode ter efeitos positivos
ou negativos para o meio ambiente, na dependência da aplicação que se dê a ele.
Se bem utilizado, possibilitará, por exemplo, que a reserva legal no caso previsto
acima, seja averbada em área de extensos maciços florestais que, sem isso
poderiam ser desmatados na proporção permitida pela lei, enquanto na área já
comprometida por outros usos, ainda se teria que esperar por seu reflorestamento.
Poder-se-ia, assim, preservar áreas com espécies de maior interesse ecológico,
com grandes benefícios para o meio ambiente. Entretanto, se mal utilizado, se
houver deficiência de fiscalização etc poderá ser uma forma do proprietário da área
desmatada atender à legislação com o menor custo possível e sem preocupação
com o meio ambiente ou uma efetiva compensação das funções dessa reserva legal
em outra propriedade.
AVERBAÇÃO
A Lei 4.771/65, com as alterações que foram sendo introduzidas por medidas
provisórias, exige a averbação da reserva legal à margem da inscrição de matrícula
do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua
destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título ou de desmembramento da
área.
SERVIDÃO FLORESTAL
O Art. 44-A do Código Florestal (acrescentado por Medida Provisória) diz que
o proprietário rural poderá instituir servidão florestal, renunciando, em caráter
permanente ou temporário, os direitos de supressão ou exploração de vegetação
nativa, localizada fora da reserva legal e da APP.
Assim como a reserva legal, esta “servidão” deverá ser averbada à margem
da inscrição de matrícula do imóvel, após anuência do órgão ambiental estadual
competente, sendo vedada, durante o prazo de sua vigência, a alteração da
destinação da área, nos casos de transmissão a qualquer título, de
desmembramento ou de retificação dos limites da propriedade.
A Lei 11.284, de 02.03.06, que dispõe sobre a gestão das florestas públicas
para a produção sustentável, em seu art. 84 alterou a redação da Lei 6.938/81
modificando o inciso XIII de seu art. 9 º, e com isso, passando a incluir, dentre os
157
Aula 7. Fauna e Flora
Por sua vez, o art. 44-B institui a Cota de Reserva Florestal – CRF, como
título representativo de vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de RPPN
ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os
percentuais exigidos pela legislação para a reserva legal. Esta disposição ainda não
foi regulamentada.
EXPLORAÇÃO DE FLORESTAS
Este dispositivo, assim como outros do Código Florestal (artigos . 12, parte
final, 15, 16, 20 e 21) foi regulamentado pelo Decreto n º 5.975, de 30.11.06 que
disciplina as formas de exploração, de manejo sustentável e de reposição florestal,
USO DO FOGO
160
Aula 7. Fauna e Flora
MATA ATLÂNTICA
Esta lei, assim como ocorria com o Decreto 750/93 é bastante restritiva,
quanto às possibilidades de corte ou supressão das formações florestais nativas e
ecossistemas associados integrantes do Bioma Mata Atlântica, disciplinando a
162
Aula 7. Fauna e Flora
E ao longo de seu texto, a Lei nº. 11.428/06 passa a tratar das diferentes
possibilidades de intervenção e de supressão de vegetação integrante do Bioma
Mata Atlântica, considerando os estágios em que se encontra. Nesse aspecto, a lei
é muito mais detalhada do que o decreto 750/93, tratando especificamente de cada
estágio e do que pode ser ou não autorizado nessas áreas. Assim:
E:
163
Aula 7. Fauna e Flora
E ainda
Esta definição já havia sido feita pelo CONAMA, pela Resolução nº. 10 de
01.10.93, que estabeleceu os parâmetros básicos para análise dos estágios de
sucessão da Mata Atlântica. E a Resolução CONAMA nº. 388 de 23 de fevereiro de
2007 veio convalidá-la para os fins do disposto no citado art. 4º da lei, pelo que
dispomos das necessárias definições para fins de aplicação da nova lei.
A lei, em seu art. 18, possibilita no Bioma Mata Atlântica a livre coleta de
subprodutos florestais, como frutos, folhas, sementes ou realização de
atividades de uso indireto, desde que não coloquem em risco as espécies da
flora e da fauna, com as restrições ali estabelecidas;
No que se refere às atividades minerarias, a lei, em seu art. 32, diz que a
supressão de vegetação secundária em estágio avançado e médio de
regeneração somente poderá ser admitida para tais fins mediante
licenciamento ambiental condicionado à apresentação de EIA/RIMA,
comprovando a inexistência de alternativa técnica e locacional ao
empreendimento. Exige também a adoção de medida compensatória que
inclua a recuperação de área equivalente à área do empreendimento,
independentemente da compensação prevista na Lei 9.985/00 (Lei do SNUC)
.
OUTRAS NORMAS SOBRE VEGETAÇÃO
Uma das críticas que se faz à legislação brasileira sobre vegetação é que, enquanto
vem disciplinando, através de leis, decretos, resoluções do CONAMA etc, mais
largamente a Mata Atlântica e a floresta amazônica, pouco tem cuidado de outras
formas de vegetação, como o cerrado, a caatinga etc.
Como observamos no início desta aula, tanto as explicações como as normas legais
aqui citadas não esgotam a matéria relativa à legislação que disciplina a matéria
pelo que, para um exame mais aprofundado, principalmente a nível setorial, se faz
necessária uma pesquisa completa das inúmeras normas, principalmente do
IBAMA, que regem a exploração, transporte e utilização de matéria vegetal no país.
Lembre-se que além das normas sobre exploração de determinadas espécies, há
também sobre plantas ornamentais, comércio internacional de espécies vegetais,
listas de espécies em extinção etc.
166
Aula 7. Fauna e Flora
FAUNA
Ensina José Afonso da Silva que: Em sentido lato, a palavra “fauna” refere-se
ao conjunto de todos os animais de uma região ou de um período geológico,
abrangendo aí a “fauna aquática”, a “fauna das árvores e do solo” (insetos e
microorganismos) e a “fauna silvestre” (animais de pelo e de pena). Não é de se
incluírem os animais domésticos ou domesticados, nem os de cativeiro, criatórios e
de zoológicos particulares, devidamente legalizados.
E conforme acentua Paulo Affonso Leme Machado: fauna “silvestre” não quer
dizer exclusivamente a fauna encontrada na selva. A indicação legal para diferenciar
a fauna doméstica da não domesticada é a vida natural em liberdade, ou “fora do
cativeiro”.
Diz esse artigo que a fauna silvestre, seus ninhos, abrigos e criadouros
naturais são propriedade do Estado. Não se trata aqui de bem dominial, ou seja, o
Estado não detém sua propriedade enquanto domínio privado, mas enquanto
detentor do direito/dever de administrar e fiscalizar esse bem, que a ele pertence
enquanto bem público e não como mero domínio eminente da União, na lição de
José Afonso da Silva.
167
Aula 7. Fauna e Flora
Já de início, em seu artigo 2o, veda a caça profissional, sem exceções. Aliás,
a título de comentário, vale citar que a Constituição do Estado de São Paulo proíbe,
expressamente, a caça, a qualquer título não limitando, portanto, essa vedação, à
caça profissional.
Já no que respeita à caça amadorista, a Lei previu em seu art. 6º, o estímulo
à formação a o funcionamento de clubes e sociedades amadoristas de caça e de
tiro ao vôo. Portanto, não apenas não vedou essa atividade como chegou a
incentivá-la. Não é o que ocorre na prática, com várias organizações não
governamentais fazendo campanhas contra esse esporte o opondo-se até a criação
de Parques de Caça, previstos no art. 5º, que assim preceitua:
a).....................................................................................................................
.............
A lei 5.197 permite a “caça” com fins científicos, prevendo em seu artigo 14
que poderá ser concedida, em qualquer época, licença especial para a coleta de
material destinado a fins científicos, a cientistas pertencentes a instituições
científicas oficiais ou oficializadas. Seu parágrafo 1º estabelece que, no caso de
cientistas estrangeiros, deverão ser credenciados pelo país de origem e o pedido de
licença ser encaminhado por intermédio de instituição científica oficiais do país.
168
Aula 7. Fauna e Flora
169
Aula 7. Fauna e Flora
Aliás, esta caça ilegal e altamente predatória foi uma das principais razões
que levaram às alterações procedidas na Lei 5.197/67, pela Lei n. 7.653, de
12.02.88, para inclusão dos dispositivos penais, inclusive de seu art. 34 que
declarou tais crimes inafiançáveis.
Estes crimes são agora tratados pela Lei 9.605/98, a ser apreciada em outra
aula.
170
Aula 7. Fauna e Flora
COMPLETE OS QUADROS:
Quadro 7.1: De acordo com o art. 44 da Lei 4.771/65, se acaso a reserva legal
existente numa propriedade seja inferior ao estabelecido, ou já não mais existir, o
proprietário deverá tomar certas medidas. Quais são estas medidas?
171
Aula 7. Fauna e Flora
172
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
173
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
ASPECTOS GERAIS
12
Machado, Paulo Affonso Leme, Direito Ambiental Brasileiro, São Paulo, Malheiros Editores, 1998, p.202
175
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
É verdade que, na área ambiental, nem sempre a questão é assim tão clara e
objetiva, na medida em que em diversas situações, há necessidade de uma análise
técnica do projeto, em casos em que não existem padrões preestabelecidos, não se
conta com um zoneamento urbano ou ambiental etc. E essa análise, bem como a
decisão de que até que ponto é admissível uma intervenção no meio ambiente,
quando não existem normas precisas, acaba dependendo do entendimento técnico
e conclusões dos agentes encarregados do licenciamento. E essas decisões e
conclusões, na falta de padrões, não deixam de ser tecnicamente discricionárias,
pois exigem um julgamento de valor da aceitação ou não daquele impacto sobre o
meio ambiente, considerando as definições constantes da legislação ambiental (vide
art. 3o. da Lei 6.938/81). Daí, como observado acima, muitas vezes há receio por
parte do agente na tomada de decisão.
13
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella, Direito Administrativo, São Paulo, Atlas, 1992, p.172.
14
Milaré, Edis, Direito do Ambiente, São Paulo, Ediora Revista dos Tribunais, 2000, p.316
15
Ob. Citada, pag. 202
176
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
O sistema de licenciamento ambiental foi criado, a nível federal, pela Lei 6.938
de 31/8/81, alterada pela Lei 7.804/89 e seu Regulamento, aprovado pelo Decreto
99.274/90 (que substituiu seu primeiro regulamento, aprovado pelo Decreto nº
88.351/83).
A licença ambiental não foi definida por essa lei, o que somente veio a ocorrer
com a Resolução CONAMA n º 237/97:
177
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
Entretanto, deve ser ressaltado que ela não confere certeza absoluta de que o
empreendedor irá obter as licenças de instalação e de operação, já que estas
dependerão do exame do projeto executivo e das medidas mitigadoras que deverão
ser adotadas, a serem ainda apresentados pelo empreendedor nas fases seguintes.
Daí que poderá ocorrer que, embora dispondo de uma LP, o requerente posa
ver negado seu pedido de LI se a análise do projeto executivo demonstrar que não
foram equacionados e resolvidos os problemas relacionados com o controle da
poluição ou a degradação do meio ambiente.
OUTRAS EXIGÊNCIAS
A Resolução CONAMA nº. 237/97, em seu art. 12, veio dar maior flexibilidade
ao sistema de licenciamento, possibilitando que se dê tratamento adequado a
situações diferentes. Até então, a menos que legislação estadual tivesse previsto de
outra forma, os empreendimentos sujeitavam-se sempre a um mesmo tipo de
procedimento para o licenciamento ambiental, independentemente de seu porte,
características etc. Com isso, no caso de atividades de pequeno porte ou de
pequeno potencial poluidor, as exigências acabavam se mostrando excessivas e
inadequadas. Por outro lado, havia situações não contempladas na legislação e que
exigiam um tratamento especial.
180
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
COMPETÊNCIAS
As licenças são expedidas, a nível federal, pelo IBAMA e agora, também com a
participação do Instituto Chico Mendes, quando envolve matéria de sua
competência. A nível estadual, pelos órgãos ambientais ou por colegiados estaduais
conforme estabelecido na legislação de cada estado.
181
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
182
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
o o
b) previu ainda a mesma Resolução no parágrafo 2 . de seu artigo 4 , que o
IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos Estados o
licenciamento de atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional,
uniformizando, quando possível, as exigências.
183
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
184
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
art. 7o. de que o licenciamento se dê em mais de uma esfera de poder pode impedir
que exista uma maior segurança no licenciamento ambiental.
185
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
PUBLICIDADE
186
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
E para o meio ambiente, porque impede que se prolonguem situações que não
mais convêm ao meio ambiente – seja a implantação, muitos anos depois, de um
empreendimento que obteve a LI mas que não mais é conveniente, do ponto de
vista ambiental, seja a manutenção de equipamentos e padrões tecnológicos já
ultrapassados.
No Estado de São Paulo isto não ocorria pelo que as licenças expedidas pela
CETESB não tinham, em princípio, limite de validade, somente podendo ser
suspensas ou cassadas por infringência à legislação ambiental. Alterações recentes
na legislação fixaram prazo de validade para as licenças concedidas por esse órgão
ambiental.
187
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
Este dispositivo não exige que o requerimento seja feito, obrigatoriamente, com
antecedência mínima de 120 dias. Ou seja, quem não o faz, não é punido nem está
operando irregularmente. E pode requerer essa renovação, até a véspera de seu
vencimento. Entretanto, se assim o fizer, perde a garantia, bastante importante, de
ter o prazo da licença automaticamente prorrogado até manifestação do órgão
ambiental. Como esta muitas vezes demora, corre o sério risco de ficar sem LO
após seu vencimento e, portanto, em situação completamente irregular, caso não
188
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
189
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
IBAMA, não terá a quem recorrer, já que não há quem atue supletivamente ao
IBAMA.
PREÇOS
190
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
191
Aula 8. Sistema de Licenciamento Ambiental
192
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVOS DO ESTUDO:
140
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
ASPECTOS GERAIS
142
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
ESTUDOS AMBIENTAIS
143
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
CONTEÚDO DO EIA/RIMA
144
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
145
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
A questão do sigilo industrial sempre provoca muita polêmica porque ele não
se presume. Assim, a Resolução preceitua que este deve ser demonstrado pelo
interessado. A existência do sigilo não pode ser invocada para que se negue à
146
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
administração o fornecimento dos dados por esta exigida. Porém, uma vez
fornecidos estes dados, fica o administrador responsável por manter as informações
em sigilo, não podendo divulgá-las.
A Resolução CONAMA n. 09 de 03/12/87 (somente publicada quase três anos
depois, ou seja, em 05/7/90) estabeleceu que a realização de audiências públicas é
obrigatória se solicitada pelo Ministério Público, por entidade civil ou por, no mínimo,
50 cidadãos. Poderá ser realizada mais de uma audiência, em diferentes locais,
para o mesmo empreendimento, caso ele afete uma área muito grande propiciando
a participação de todos os atingidos.
Deve ser ressaltado que na audiência pública não se faz a aprovação ou
reprovação do projeto nem se decide sobre o licenciamento ou não do
empreendimento, pois esta decisão cabe ao Poder Público, através do órgão
ambiental competente. Vale dizer, não são os presentes a uma audiência pública
que votam e decidem sobre o licenciamento. Mas discutem o projeto, apresentam
suas objeções técnicas, fazem críticas ao estudo ou, ao contrário, manifestam-se
favoravelmente ao mesmo, etc. No entanto, as objeções, conclusões e
recomendações feitas durante a audiência devem constar de ata e ser consideradas
pelo órgão competente ao proceder ao licenciamento ambiental. E muitas vezes
motivam a exigência de complementação do Estudo, da realização de novos
estudos, retificação de dados e informações e outras medidas decorrentes do que
foi apresentado na audiência pública. E estas críticas ou objeções podem ser de tal
monta e tão bem fundamentadas que podem levar até mesmo à negativa do
licenciamento por parte do órgão ambiental.
Em alguns Estados exige-se também a realização de uma audiência pública
para discutir o termo de referência que irá nortear a elaboração do EIA/RIMA.
Complete os quadros
(9.1) O que deve ser contemplado em um Estudo de Impacto Ambiental?
147
Aula 9. Avaliação de Impactos Ambientais
148
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
eAB - 004
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
OBJETIVO DO ESTUDO
149
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
OBS: Esta matéria foi vista na primeira aula. Está sendo repetida aqui para fins
didáticos.
Culpa: quando o agente não quis o resultado mas concorreu para que este
acontecesse. E concorreu porque agiu com:
Imprudência,
Imperícia, ou
Negligência.
150
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
151
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
PENALIDADES ADMINISTRATIVAS
Ao contrário das sanções penais, cuja imposição somente pode ser feita pelo Poder
Judiciário, as penalidades administrativas são impostas aos infratores pelos
próprios órgãos da administração direta ou indireta da União, dos Estados e dos
Municípios, integrantes do Poder Executivo.
Esta atuação direta do Estado decorre de seu Poder de Polícia Administrativa, cujo
conceito se encontra no art. 78 do Código Tributário Nacional que assim dispõe:
152
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
I – LEGISLAÇÃO FEDERAL
a) A Lei Federal nº 6.938, de 31.8.81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente tinha elencado, em seu art. 14, as penalidades a que se sujeitavam os
transgressores das normas de defesa e proteção ao meio ambiente. Este dispositivo
foi revogado tacitamente pela Lei Federal 9.605, de 12.2.98, conhecida como Lei dos
Crimes Ambientais. Esta nova lei, além de matéria penal (crimes), trata também das
responsabilidades e penalidades administrativas na área ambiental, estabelecendo
sanções e disciplinando o procedimento para sua imposição, bem como para os
recursos a serem apresentados pelos infratores contra as penas a eles impostas.
O § 1º. desse artigo estendeu, aos órgãos ambientais das três esferas (federais,
estaduais e municipais) a competência para imposição das penalidades aí
previstas, como segue:
153
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
Este parágrafo primeiro é o que dá suporte à aplicação dessa lei, pelos órgãos
ambientais estaduais e municipais. Nem sempre a situação é clara, porque em
geral os Estados (mas poucos municípios) já dispõem de legislação
estabelecendo penalidades e alguns aplicam, alternativamente e segundo sua
conveniência, as penalidades previstas ora em uma (estadual) ora em outra
(federal), o que não me parece correto. Isso poderia ser feito nos casos de
infrações para as quais a legislação estadual ou municipal não estabeleceu
penalidades e aí, no vazio da lei, seria utilizada a norma federal. Entretanto,
ocorre também quando há penalidade estabelecida exatamente para a mesma
infração e, como o valor da multa federal é mais elevado, a autoridade às vezes
opta por ela.
A norma federal prevê a imposição das penalidades aos infratores, que vão da
advertência, passando pela multa simples de, no mínimo, R$ 50,00 e no máximo R$
50.000.000,00, interdição, apreensão de instrumentos, produtos e animais, etc. São
elas, de acordo com o Decreto 6.514/08:
I - advertência;
II - multa simples;
X - restritiva de direitos.
154
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
Conforme disposto no artigo 74 da Lei, a multa terá por base a unidade, hectare,
metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico
lesado.
Art. 29. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) por indivíduo.
......................................................................................................................................................
Art. 37. Exercer a pesca sem prévio cadastro, inscrição, autorização, licença, permissão ou
registro do órgão competente, ou em desacordo com o obtido:
Multa de R$ 300,00 (trezentos reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), com acréscimo de R$
20,00 (vinte reais) por quilo ou fração do produto da pesca, ou por espécime quando se tratar de
produto de pesca para ornamentação.
.......................................................................................................................................................
.
Art. 44. Cortar árvores em área considerada de preservação permanente ou cuja espécie seja
especialmente protegida, sem permissão da autoridade competente:
Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) por hectare ou fração,
ou R$ 500,00 (quinhentos reais) por árvore, metro cúbico ou fração.
155
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
biodiversidade:
Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas após
laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano
decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto.
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconforto
respiratório ou olfativo;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lançamento de substâncias, efluentes,
carreamento de materiais ou uso indevido dos recursos naturais;
VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução
ou contenção em caso de risco ou de dano ambiental grave ou irreversível; e
Parágrafo único. As multas de que trata este artigo e demais penalidades serão aplicadas
após laudo de constatação.
.......................................................................................................................................................
.
Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e
regulamentos pertinentes:
I - constrói, reforma, amplia, instala ou faz funcionar estabelecimento, obra ou serviço sujeito a
licenciamento ambiental localizado em unidade de conservação ou em sua zona de amortecimento,
sem anuência do respectivo órgão gestor; e
E assim como ocorria com a Lei nº 6.938/81, também a Lei nº 9.605/98 prevê que:
Art. 12. O pagamento de multa por infração ambiental imposta pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a aplicação de penalidade
pecuniária pelo órgão federal, em decorrência do mesmo fato, respeitados os limites
estabelecidos neste Decreto.
a) o órgão estadual impõe a penalidade pela manhã, o infrator tem 20 dias para
pagar a multa mas, horas depois, chega o agente federal e, como o autuado
ainda não efetuou o pagamento, entende que pode impor a multa federal já que
a estadual “ainda não foi paga”.
b) o infrator, sabedor de que cometeu infração grave e será multado pelo agente
federal, busca se fazer multar, antes, pelo órgão local, com multa de valor baixo,
corre para pagá-la e assim afasta a penalidade federal.
Vale observar que a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil
pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor,
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
º º
(examinada em seguida) já previa, no § 6 de seu artigo 5 que:
157
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
158
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
SANÇÕES PENAIS
Com a nova Constituição, muito se falou sobre o "crime ecológico", face aos
termos do disposto no parágrafo terceiro de seu artigo 225. A Lei 9.605, de
12.02.98 veio definir os crimes contra a flora e contra a fauna, os crimes de
poluição, os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural e os crimes
contra a administração ambiental.
Portanto, não basta que um ato tipificado como crime tenha sido praticado
por uma empresa. Há necessidade da demonstração de que sua direção, de alguma
forma, foi responsável pelo ato. Obviamente não se espera encontrar uma ata de
reunião de diretoria, ou uma correspondência interna determinando ou aprovando a
prática do ilícito. Mas pode ser demonstrada a relação entre uma ação ou omissão
de seus dirigentes e o crime e o benefício que isso trouxe à empresa, como a
economia que fez não adquirindo os equipamentos necessários, ou o lucro que
obteve com um desmatamento ilegal, por exemplo.
Ou seja, o fato da pessoa jurídica ser processada, não impede que as pessoas
159
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
No crime ambiental, assim como ocorrem com os demais tipos de crimes, será
sempre feito um inquérito para identificar a existência ou não do crime, quem são os
autores, colher provas etc. Não é como na esfera administrativa onde tudo se passa
sem a participação do autuado que pode apenas apresentar um recurso, e não
interagir no processo. O inquérito policial poderá identificar um único criminoso ou a
cumplicidade de outros. Tudo deverá ser cuidadosamente apurado.
I - multa;
II - restritivas de direitos;
160
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter
subsídios, subvenções ou doações.
161
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
162
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
culpa, segundo o princípio esculpido no art. 18, parágrafo único, do Código Penal, a
teor de que “salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.16
II –
............................................................................................................................
16
Milaré, Edis. Direito Ambiental Brasileiro 2ª edição, Editora Revista dos Tribunais. P.
448 e 449
163
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
Observe-se que a lei previu, nesse caso, a modalidade culposa, pelo que um
servidor público poderá ser punido se, ainda que sem dolo, tiver agido com
imprudência, imperícia ou negligência. Esta cominação tem feito com que muitos
servidores passem a fazer exigências até excessivas para um licenciamento
ambiental ou se manifestem pela negativa da licença, pelo receio de ser acusados
e terem que enfrentar um processo penal.
RESPONSABILIDADE CIVIL
164
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
Outro aspecto importante diz respeito a quem responde pelos danos. A cada
dia mais, os órgãos ambientais, o Ministério Público e o próprio Poder Judiciário
estendem essa responsabilidade, não apenas ao agente que diretamente praticou o
165
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
ato, mas a seus sucessores e àqueles que concorreram para essa prática. Nesse
sentido, já há uma preocupação bastante grande por parte de bancos e órgãos
financiadores, seja ao exigir a comprovação da regularidade ambiental do
empreendimento (licenças ambientais etc), seja até ao acompanhar a operação do
próprio empreendimento. Isto porque já se discute (e em alguns lugares já se aplica)
a teoria de que, ao conceder o financiamento, o banco contribuiu para a ocorrência
do dano e se a empresa não tem meios para responder por ele, o órgão financiador
poderá ser chamado a fazê-lo. Da mesma forma, nenhuma empresa responsável
adquire, atualmente, outra empresa, um galpão industrial ou às vezes até mesmo
uma terreno, sem realizar uma auditoria ambiental, para verificar se, junto com
aquela aquisição, não está adquirindo um passivo ambiental pelo qual poderá ser
chamada a responder.
166
Aula 10. Sanções Administrativas e Penais - Responsabilidade Administrativa - Ação do Ministério Público
167