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Avaliação da utilização de cimento geopolimérico na produção de

concretos
Analysis of the use of geopolymer cement in the concrete production

Gabriela Mota Santos(1); Felipe Iuri Soares Lucena(2); Isabella Rayanne Miguel Patriota(3); Fred
Rodrigues Barbosa(4); João Manoel de Freitas Mota(5)

(1) Aluna de iniciação científica, UNIFAVIP – E-mail : gabisantos93@hotmail.com


(2) Aluno de iniciação científica, UNIFAVIP – Universidade do Vale do Ipojuca. E-mail:
lucena649@hotmai.com
(3) Aluna de iniciação científica, UNIFAVIP – E-mail: isabella.patriota@hotmail.com
(4) Professor do Centro Universitário do Vale do Ipojuca – UNIFAVIP; E-mail: fredrbarbosa@ig.com.br
(5) Professor Doutor do Instituto Federal de Pernambuco – IFPE; E-mail: mota.joaomanoel@gmail.com

Resumo
O concreto de cimento portland tem uma importância tão relevante no mundo moderno que se pode dizer
que o consumo de cimento para sua produção pode ser utilizado como um indicador do desenvolvimento
dos povos na atualidade. Em que pesem tais conceitos, torna-se relevante destacar que existem questões
ambientais importantes que são afetadas negativamente pelo aumento na produção do cimento portland,
tais como a quantidade de CO2 liberada durante a produção do cimento, além do elevado consumo de
recursos naturais associados quer à fabricação do cimento, quer associados aos produtos de construção a
ela associados, como é o caso dos concretos e argamassas. O presente trabalho procura apresentar uma
alternativa à utilização do cimento portland para a produção de concretos através da sua substituição por
cimentos geopoliméricos. Os concretos geopoliméricos representam uma opção interessante por possuírem
excelente resistência à compressão, baixa fluência, ótima resistência ao ataque de sulfatos e boa
resistência à ácidos. Neste sentido, apresentam-se análises comparativas de suas propriedades em relação
a concretos de cimento portland similares (CP V – ARI), mais particularmente as propriedades mecânicas,
de absorção total e módulo de deformação. Nestas análises foram utilizados 13 corpos de provas cilíndricos
(10x20 cm) para cada tipo de cimento estudado, objetivando os ensaios de compressão nas idades 24
horas, 3 e 7 dias, módulo de elasticidade dinâmico e absorção total. O uso do concreto geopolimérico
apresentou desempenho superior em relação ao concreto produzido com o cimento portland.
Palavra-Chave: Cimentos Geopoliméricos, Concreto, Ensaios Mecânicos.

Abstract
Portland cement concrete has a relevant importance in the modern world you could say that the cement
consumption to its production can be used as an indicator of development of peoples nowadays. Despite
such concepts, it is relevant to point out that there are important environmental issues that are negatively
affected by the increase in the production of Portland cement, such as the amount of CO 2 released during
the production of cement, in addition to the high consumption of natural resources associated with the
manufacture of cement, such as the own production of concrete and mortar. This article seeks to present an
alternative to the use of portland cement for concrete production through its replacement by geopolymer
cements. The geopolymer concrete represent an interesting option because they have an excellent
resistance to compression, low creep, great resistance to sulphate attack and good resistance to acids. In
this sense, are shown analysis of their properties in relation to the Portland cement or similar, more
particularly the mechanical properties, total absorption and modulus of deformation. For these analyses
were used 13 bodies of evidence (10 x 20 cm) for each type of cement studied, aiming at the compression
tests for 24 hours, 3 and 7 days, modulus of elasticity and total absorption. The use of geopolymer concrete
showed superior performance compared to concrete made with portland cement.
Keywords: Geopolymer Cements, Concrete, Mechanical Tests.

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1 Introdução

O concreto produzido com o cimento portland é o material da construção civil mais


utilizado no Brasil e no mundo, por conta da sua extensão de usos. Sua obtenção se dá
através da mistura de um aglomerante hidráulico com materiais inertes e água, podendo
contar ainda com o emprego de aditivos e adições minerais. Em que pese o enorme
potencial de utilização do cimento portland, torna-se imperativo registrar que um problema
que se pode associar à sua utilização reside na elevada quantidade de CO2 que é emitida
durante a sua produção e que decorre, fundamentalmente do processo de
descarbonização do calcário durante a clinquerização (DAVIDOVITS, 1994).

Esta condição tem motivado o estudo de diversas alternativas no intuito de minimizar os


impactos provocados pela produção do cimento, tanto no quesito de consumo de recursos
naturais, quanto no quesito de liberação de CO 2 para a atmosfera. Com tal foco, diversos
materiais vêm sendo avaliados em todo o mundo no intuito de substituir total ou
parcialmente o uso do cimento portland na produção de concretos e argamassas e com
isso contribuir para a redução da emissão de gases geradores do efeito estufa.

Mesmo sendo um produto ainda pouco conhecido no mercado quando comparado ao


cimento portland, deve-se registrar a importância de se conhecer outros produtos que
possam ter o mesmo desempenho ou até desempenhos superiores para estruturas de
grande porte.

Materiais cimentícios produzidos com baixa energia e sem impacto ambiental surgem
como uma nova classe de materiais de alto desempenho para aplicações estruturais
como aglomerante mineral capaz de substituir total ou parcialmente o cimento portland
(BIGNO, 2008).

Nesta linha de desenvolvimento surgem os geopolímeros, que se constituem em ligantes


à base de aluminossilicatos tridimensionais amorfos e foram inicialmente descobertos por
Davidovits, na França, no final dos anos 70. São frequentemente confundidos com os
cimentos alcali-ativados, que foram originalmente desenvolvidos pelo Prof. Glukhovsky na
Ucrânia durante os anos 50 (PROVIS et al., 2005).

O geopolímero tem um potencial cimentício alternativo para várias aplicações. Existem


algumas vantagens sobre o uso do concreto geopolimérico em relação ao concreto
convencional, o que o torna um produto com características muito especiais, capaz de ser
utilizado onde as propriedades do concreto convencional não são suficientes. Segundo
Joseph Davidovits, os concretos geopoliméricos representam uma nova gama de
materiais que podem ser utilizados para revestimentos e adesivos, para novos ligantes
para compostos de fibra, encapsulamento de resíduos e até mesmo como novo cimento
para concreto. As propriedades e utilizações de geopolímeros estão sendo exploradas em
muitas disciplinas científicas e industriais: química inorgânica moderna, físico-química,
química colóide, mineralogia, geologia, e em todos os tipos de tecnologias de processo de
engenharia (DAVIDOVITS 2015).
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Some-se a isto o fato de que os geopolímeros possuem baixo custo de produção, pois
são baseados em materiais aluminossilicatos que ocorrem em abundância na crosta
terrestre ou derivam de resíduos industriais. Estas características tornam o processo de
produção dos geopolímeros energeticamente econômico, quando comparado com a
produção do cimento portland. Como exemplo; considere-se que as matérias primas
empregadas na produção do portland necessitam ser aquecidas até o patamar dos 1600
o
C por 8 horas, emitindo CO2, enquanto que na produção dos geopolímeros, suas
matérias primas apenas precisam ser aquecidas a 850 oC por 2 horas e ainda emitem
neste processo apenas vapor d’água (DAVIDOVITS, 1991).

Um marco extremamente relevante para a construção civil residiu na confirmação da


aderência entre o cimento geopolimérico e o cimento portland. Com este advento, pode-
se então avaliar a obtenção de concretos estruturais especiais, que permitem não apenas
a diminuição de CO2 em seu processo produtivo, como também possibilitam encapsular
resíduos perigosos nas matrizes formadas.

Além disso, o cimento geopolimérico pode apresentar uma resistência elevada em um


reduzido período de tempo a temperatura ambiente. Na maioria dos casos estudados,
70% da sua resistência é desenvolvida nas primeiras 12h; some-se a isto o fato de que
sua utilização ainda permite a obtenção de produtos com mais baixa permeabilidade
(MAZZA, 2010).

Diante de um cenário tão favorável, este estudo procura contribuir com as pesquisas e
discussões técnicas sobre o tema, na medida em que se propõe a promover uma
avaliação comparativa entre as propriedades mecânicas para concretos produzidos a
base de cimentos geopoliméricos e um material que será tomado como referência, neste
caso o cimento portland do tipo CP V ARI. Dentre os diversos tipos de cimentos, o CP V
ARI é o cimento que mais se assemelha ao cimento geopolimérico por sua alta resistência
inicial.

2 Materiais e Metodologia
Este estudo tem como propósito uma análise comparativa entre algumas propriedades
físicas e mecânicas de concretos produzidos com o emprego de cimento geopolimérico e
cimento portland do tipo CP V ARI. Os ensaios foram realizados no laboratório da
UNIFAVIP e contaram com materiais existentes na região do Agreste Pernambucano.

2.1 Materiais
2.1.1 Cimentos

Nessa pesquisa foram utilizados dois tipos de cimentos, um cimento portland do tipo CP V
ARI e um cimento geopolimérico de base metacaulim, cujas características fornecidas
pelos fabricantes seguem apresentadas nas Tabelas 01 e 02.

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Tabela 01 – Características físicas e químicas dos cimentos utilizados

Determinação Cimento CP V ARI

Água para consistência normal (%) 29,40


3
Massa Específica (g/cm ) 2,98
Caracterização Física

Resíduo na peneira #200 (%) 0,10


Finura
Resíduo na peneira #325 (%) *NI
Início (min) 90
Tempo de pega
Fim (min) 220
3 dias (Mpa) 26,90
Resistência à
compressão 7 dias (Mpa) 32
28 dias (Mpa) 33,60
Composição potencial do Clínquer *NI
Perda ao fogo 2,90
Caracterização Química (%)

Resíduo insolúvel 0,52


Al2O3 5,34
SiO2 19,60
Fe2O3 2,99
CaO 63,90
MgO 0,73
SO3 3,44
CaO livre 2,35
Equivalente alcalino em Na2O 0,63
*NI = Não Informado
Fonte: O fabricante

Merece destaque o fato de que o cimento geopolimérico empregado nesta pesquisa foi
obtido da empresa Geo-Pol, que fornece o produto na forma bi-componete, sendo o
ativador fornecido na forma líquida e precursor na forma de pó. A Figura 01 apresenta um
detalhe da forma como estes materiais foram entregues para manuseio.

Figura 01 - Componentes do cimento geopolimérico

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Fonte: O autor

Tabela 02 – Propriedades do cimento geopolímero

Características Precursor (pó) Ativador (solução)

Pó cinza muito Líquido de tonalidade escura, do


Aparência
fino (#<100 μm) marrom ao preto

Odor Nenhum Nenhum

Ponto de fusão Não determinado Não determinado

pH ±7 ± 14 (muito alcalino)

Temperatura de
Não determinado 100ºC
ebulição

Solubilidade em
Insolúvel Solúvel
água

Ponto de fulgor Não determinado Não determinado

Fonte: O fabricante

2.1.2 Agregados

Como agregado miúdo, foi utilizada uma areia natural de natureza quartzosa, encontrada
na Região de Caruaru-PE. Para caracterização deste material foram realizados os
ensaios de granulometria e densidade de massa específica e aparente. O ensaio de
granulometria por peneiramento foi realizado de acordo com a NBR 7217:1987. A Figura
02 representa a curva granulométrica do agregado miúdo e a Tabela 03 apresenta suas
propriedades físicas.

Como agregado graúdo, foram utilizadas as britas 19mm e 12,5mm, ambas de natureza
mineralógica granítica. Esse material foi utilizado no estado seco e sem lavagem. A
caracterização destes materiais ocorreu segundo as NBR 7217:1987 (determinação da
granulometria do material) e NBR NM 45:2006 (determinação da massa unitária). A Figura
03 apresenta a curva granulométrica dos agregado graúdos e a Tabela 03 apresenta suas
propriedades físicas.

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Figura 02 – Curva granulométrica do agregado miúdo

Figura 03 – Curva granulométrica do agregado graúdo

Tabela 03 – Características dos Agregados Utilizados


Característica Unidade Areia Natural Brita 12,5 Brita 19
Dimensão Máxima Característica mm 2,36 12,5 19,0
Módulo de finura NA 2,15 NA NA
Massa unitária g/cm³ 1,4 1,5 1,6
Massa específica g/cm³ 2,56 2,56 2,56
Fonte: O autor

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2.2 Método Empregado

Para a realização deste estudo, foram desenvolvidas 2 (duas) famílias de concretos,


sendo a primeira delas produzida para a obtenção de um concreto de referência e a
segunda produzida a fim de se avaliar o desempenho do concreto geopolimérico. O
concreto de referência foi elaborado com a utilização de um cimento portland do tipo CP V
ARI.

A mistura de referência foi produzida com uma relação algomerante:agregado de 1:3,


objetivando obter um concreto com fck de 30 MPA. A Tabela 4 apresenta a
proporcionalidade dos materiais que foi empregado para o concreto de referência utilizado
neste estudo e que a partir deste momento será tratado como Traço A.

Tabela 04 – Proporcionalidade dos Materiais do Concreto de referência


Materiais Aglomerante Areia Brita 12,5 Brita 19 Água
Proporcionalidade 1,00 1,04 0,588 1,372 0,48
Fonte: O autor

O fabricante do cimento geopolimérico orientou a utilização da seguinte proporcionalidade


de materiais na produção de concretos: 56,94% de solução (ativador) e 43,06 % de pó
(precursor). Orientou ainda que não fosse empregada água na produção das misturas,
pois a massa líquida que a mistura necessita já estaria disponibilizada no ativador e
incrementos de água serviriam apenas para diminuir a alta resistência inicial que se
poderia obter com o produto.

A partir de tais considerações, as misturas de concreto geopolimérico seguiram o traço de


referência, com as adaptações propostas pelo fabricante do material, originando a família
de traço B ou família B.

A Tabela 5 apresenta as quantidades dos materiais utilizados para a confecção do


concreto geopolimérico.

Tabela 05 – Proporcionalidade dos Materiais do Concreto Geopolimérico


Solução
Materiais Pó (precursor) Areia Brita 12,5 Brita 19
(ativador)
Proporcionalidade 0,4306 0,5694 1,04 0,588 1,372
Fonte: O autor

A partir destas definições foram promovidos os ensaios de dosagem, bem como a


preparação das amostras a serem empregadas no desenvolvimento das análises relativas
a este estudo. Todos os ensaios foram realizados no laboratório da UNIFAVIP – Centro
Universitário do Vale do Ipojuca.
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O controle da dosagem foi realizado com o auxílio de balança eletrônica com precisão de
0,01g e a produção dos concretos foi realizada com o auxílio de uma betoneira. A Figura
04 apresenta um detalhe dos agregados utilizados para a produção das amostras.

Figura 04 – Detalhe dos agregados utilizados

Fonte: O autor

A moldagem dos corpos de prova foi realizada conforme a NBR 5738:2003. A Figura 05
apresenta um detalhe da preparação dos moldes e a Figura 06 apresenta um detalhe das
amostras recém adensadas.

Merece destaque a recomendação do fabricante do cimento geopolimérico em relação a


esta ativadade, tendo em vista a necessidade de utilização de folhas de acetato para
envolver a parte interna dos corpos de prova antes da inserção do material, tendo em
vista que o cimento geopolimérico apresenta um alto teor de aderência, o que tornaria
difícil a desmoldagem dos materiais, colocando em risco inclusive a reutilização dos
moldes empregados. Foi utilizado o óleo desmoldante para proteger todos os corpos de
prova.
Figura 05 - Corpos de prova envolvidos com folhas de acetato

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Figura 06 - Detalhe das amostras produzidas para o estudo: a) amostras com cimento geopolimérico; b)
amostras com cimento portland CP V ARI
a) b)

O concreto produzido com cimento geopolimérico foi desmoldado 3 (três) horas após a
execução da moldagem e colocado sobre uma bancada para cura a temperatura
ambiente. Não há necessidade de cura imersa, tendo em vista que não existem reações
de hidratação nestas misturas e uma imersão em água poderia inclusive acarretar em
diminuição de sua resistência.

O concreto produzido com cimento portland foi desmoldado com 24 horas e colocado
imerso no tanque para cura até as datas dos ensaios.

2.3 Ensaios programados


2.3.1 Resistência à compressão simples

O teste de resistência do concreto é medido através do ensaio de resistência à


compressão axial. Esse ensaio mede uma das propriedades mais importantes e
normalmente avaliadas para determinação da qualidade dos concretos. Foi utilizada a
prensa hidráulica, conforme a NBR 5739:2007.

Para a realização deste ensaio foram destinados 9 (nove) corpos de prova de cada uma
das famílias produzidas, de forma que 3 (três) deles foram destinados à avaliação do
desempenho após 24 horas de moldagem, outros 3 (três) para a mesma avaliação após 3
(três) dias da moldagem e mais 3 (três) para os ensaios na idade de 7 (sete) dias.

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2.3.2 Módulo de elasticidade dinâmico

O ensaio para determinação da velocidade de propagação da onda ultrassônica foi


realizado com o equipamento de teste ultrassônico Pundit (aparelho de ultrassom portátil
digital), nos corpos de prova para a condição seca.

O equipamento foi calibrado antes de realizar o ensaio com o auxílio de um cilindro


calibrador a 26,1µs. Posteriormente à calibração foram realizados os ensaios com os
corpos de prova objeto deste estudo. Neste caso, foram destinados 2 (dois) corpos de
prova de cada uma das amostras analisadas para a obtenção do módulo de elasticidade
dinâmico.

Como procedimento de preparação das amostras, aplica-se vaselina nas superfícies


planas do receptor e emissor, a fim de permitir melhor acoplamento nos corpos de prova e
evitar interferência na transmissão das ondas.

Registre-se ainda que neste estudo, optou-se pela utilização de transmissão direta das
ondas, procedimento recomendado pela NBR 8802:2013 por permitir que as ondas sejam
recebidas com maior intensidade.

Durante a realização do ensaio, registra-se o tempo de propagação da onda, em µs, em


cada corpo de prova e a partir deste valor pode-se obter o módulo dinâmico a partir da
equação 1.

Equação 1

Onde:
Ed = módulo de elasticidade dinâmico (MPa);
ρ = massa específica (kg/m³);
V = velocidade (km/s);
µ = coeficiente de Poisson

2.4.3 Absorção Total

O ensaio de absorção total foi realizado conforme prevê a NBR 9778:2003, a partir de 2
(dois) corpos de prova para cada uma das famílias estudadas. Este ensaio foi realizado
apenas para a idade de 7 (sete) dias.

Na idade definida para o ensaio, as amostras foram colocadas na estufa a 110°C por 72
horas para o procedimento de secagem até a obtenção de constância de massa. Neste

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momento foi registrada sua massa seca e na sequência os corpos de prova foram
deixados fora da estufa por 24 horas até seu completo resfriamento.

O ensaio foi realizado em 3 (três) etapas, consistindo a primeira na de imersão de apenas


1/3 da altura dos corpos de prova em água por um período de 4 (quatro) horas, após o
que o nível de água foi ajustado para 2/3 da altura dos corpos de prova, permanecendo
assim por mais 4 (quatro) horas e finalmente foi providenciada a completa imersão dos
corpos de prova até que se completasse as 72 (setenta e duas) horas. Após este
período, os corpos de prova foram pesados para se obter sua massa na condição
saturada. Com as massas seca e saturada, pode-se calcular a absorção total dos corpos
de prova.

3 Resultados

As avaliações desta pesquisa estiveram focadas nas análises dos resultados de


resistência à compressão simples, módulo de elasticidade dinâmico e absorção total;
contudo, também achou-se oportuno determinar as massas unitárias dos concretos
produzidos a fim de se verificar se a mudança no tipo de cimento implicaria em variações
significativas desta propriedade.

Todos os ensaios foram realizados no laboratório do Centro Universitário do Vale do


Ipojuca em Caruaru-PE, a exceção do ensaio de módulo de elasticidade dinâmico, que foi
realizado no laboratório da Universidade Católica em Recife-PE.

3.1 Massa Unitária

Para a avaliação das massas unitárias dos concretos produzidos foi providenciada a
pesagem e a avaliação das dimensões de todos os corpos de prova produzidos. A Tabela
06 apresenta as médias dos valores obtidos para as duas famílias ensaiadas, acrescidos
dos respectivos desvio padrão e coeficiente de variação.

Tabela 06 – Densidades dos corpos de prova

Massa Unitária Desvio padrão Coeficiente de variação


Família
(kg/m3) (kg/m3) (%)

A 2.402,03 7,47 0,3108


(CP V ARI)

B 2.370,93 3,40 0,1432


(Geopolimérico)

Os resultados apontam para uma condição em que o concreto produzido com cimento
portland parece ser mais denso que o concreto produzido com cimento geopolimérico,
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entretanto a variação média observada é de apenas 1%, o que torna tal variação
irrelevante sob o ponto de vista estatístico, de forma que pode-se inferir que a para os
materiais aqui estudados, não se observa influência do tipo de cimento nesta propriedade.

3.2 Resistência à compressão

A fim de se determinar o desempenho de cada uma das famílias acerca da resistência à


compressão simples foram ensaiados, para cada família, 3 (três) corpos de prova para
cada idades objeto do estudo (24 horas, 3 dias e 7 dias). A Tabela 07 apresenta a média
dos resultados do ensaio, acrescidos dos respectivos valores de desvio padrão e
coeficiente de variação.

Tabela 07 – Resultados do ensaio de resistência à compressão


Famílias
Parâmetro Idade A B
(CP V ARI) (Geopolimérico)
Resistência à Compressão Média (MPa) 19,01 38,31
Desvio Padrão (MPa) 24 horas 0,16 0,35
Coeficiente de Variação (%) 0,82 0,91
Resistência à Compressão Média (MPa) 29,19 40,94
Desvio Padrão (MPa) 3 dias 0,54 0,56
Coeficiente de Variação (%) 1,86 1,36
Resistência à Compressão Média (MPa) 33,23 49,80
Desvio Padrão (MPa) 7 dias 0,33 0,83
Coeficiente de Variação (%) 0,98 1,66

Analisando os resultados observados, pode-se concluir que o concreto produzido com


cimento geopolimérico obteve um ótimo desempenho em relação ao concreto produzido
com cimento portland em todas as idades estudadas.

Ademais, comparando-se os resultados obtidos para os concretos geopoliméricos com a


literatura estudada, observou-se total aderência com a literatura, demonstrando que os
resultados foram bastante satisfatórios. Registre-se inclusive que foi possível observar o
desenvolvimento de cerca de 70% da resistência nas primeiras horas.

Ainda em relação aos resultados, merece destaque o fato de que todas as famílias
apresentaram um desvio padrão inferior a 1 MPa e que os coeficientes de variação
encontrados ficaram abaixo de 2% para todas as famílias.

A fim de possibilitar um melhor entendimento dos resultados de resistência à compressão,


foi elaborado um gráfico com barras que apresenta a evolução deste parâmetro para os
dois tipos de cimento estudados (ver Figura 07).

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Figura 07 - Resultado do ensaio de resistência à compressão

50
45
Valores de Resistência (MPa)

40
35
30
Cimento
25 Geopolimérico

20 Cimento Portland CP
V ARI
15
10
5
0
24 horas 3 dias 7 dias

3.3 Módulo de elasticidade dinâmico

Para o ensaio de módulo de elasticidade dinâmico, foram ensaiados 2 (dois) corpos de


prova por família, ambos na idade de 7 (sete) dias. Os resultados das velocidades obtidas
e dos respectivos módulos de elasticidade seguem apresentados na Tabela 08.
Tabela 08 - Resultados do módulo de elasticidade
Família Velocidade (km/s) Módulo de elasticidade (GPa)

A
4,23 38,52
(CP V-ARI)

B
3,85 31,93
(Gepolimérico)

Os resultados deste ensaio demonstraram que o módulo de elasticidade do concreto


produzido com cimento portland foi superior ao do concreto produzido com cimento
geopolimérico, tendo este uma redução média de 17% em comparação ao primeiro.

A NBR 6118:2014 estima que um concreto com fck de 30MPa, deve apresentar o módulo
de elasticidade da ordem de 31 GPa. Considerando que nas duas famílias produzidas, já
aos 7 (sete) dias observou-se uma resistência superior ao fck estimado e considerando
ainda que o módulo de elasticidade guarda relação direta com o desempenho do concreto
à compressão; não foi surpreendente o fato de que os valores obtidos para o módulo
dinâmico mostraram-se superiores aos valores de referência indicados na norma NBR
6118:2014.

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3.4 Absorção total

O ensaio de absorção total foi realizado seguindo as prescrições da norma NBR


9778:2003, para dois corpos de prova de cada família produzida e apenas na idade de 7
(sete) dias.

Os resultados da absorção encontram-se expostos nas tabelas 09 e 10.

Tabela 09 - Resultados das absorções absolutas em gramas para cada idade


Absorção (g)
Tipo de cimento 4 horas 8 horas 24 horas 48 horas 72 horas
Geopolimérico 5,8 13,6 19,9 23 23,3
CP V-ARI 11 17,6 22,7 24,3 28,1

Tabela 10 - Resultados da taxa de absorção para cada idade


Taxa de absorção (%)
Tipo de cimento 4 horas 8 horas 24 horas 48 horas 72 horas
Geopolimérico 0,16 0,38 0,61 0,68 0,69
CP V-ARI 0,30 0,47 0,61 0,71 0,75

O comportamento da taxa de absorção mostrou-se variável durante o ensaio, assim,


durante as 8 (oito) primeiras horas de ensaio os valores observados para o concreto
produzido com cimento portland mostrou-se superior ao do concreto geopolimérico,
atingindo uma condição de igualdade com 24 (vinte e quatro) horas de ensaio, a partir do
que já se pode perceber uma constância de valores, embora o desempenho do concreto
geopolimérico tenho se mostrado superior ao do concreto de cimento portland.

4 Conclusões

Este estudo foi desenvolvido a fim de se obter informações acerca do desempenho de


concretos produzidos com cimento geopolimérico, utilizando os agregados encontrados
na região de Caruaru, mais particularmente quanto ao seu desempenho nos ensaios de
resistência à compressão simples, módulo de elasticidade e absorção total. A fim de se
estabelecer um parâmetro de comparação para os valores obtidos nos ensaios, optou-se
por empregar um concreto de cimento portland produzido com o cimento do tipo CP V
ARI.

Os ensaios de compressão simples indicaram que os concretos da família B (


confeccionados com cimento geopolimérico) apresentaram resultados superiores aos
obtidos para a família A (confeccionados com cimento portland CP V ARI) e este
comportamento foi verificado em todas as idades ensaiadas.

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Não se pode observar qualquer influência da variação do tipo de cimento na obtenção dos
valores de massa unitária dos concretos produzidos.

Em relação ao ensaio de módulo de elasticidade dinâmica, o que se observou foi que os


dois tipos de concretos apresentaram resultados satisfatórios, tendo o concreto produzido
com cimento portland apresentado um resultado cerca de 20% superior ao concreto
produzido com cimento geopolimérico.

Para o ensaio de absorção total, foi constatado que os corpos de prova produzidos com
os dois tipos de cimento obtiveram resultados semelhantes, apresentando uma diferença
de apenas 10% em favor dos concretos geopoliméricos.

Considerando os resultados dos ensaios realizados, o cimento geopolimérico pode ser


utilizado como uma alternativa para a substituição do cimento portland para várias
aplicações.

5 Referências

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Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.

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Rio de Janeiro, 2007.

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2014.

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