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A História das Termas dos Cucos

António José de Faria, prior de São Pedro, em documento datado de Torres Vedras 17 de Junho de
1758, descrevera as qualidades terapêuticas das águas quentes do vale dos Cucos, que então
brotavam em vários olheiros na margem direita do rio Sizandro. O cirurgião Máximo Moniz de
Carvalho colocou-as ao serviço da medicina, em 1746, com notáveis efeitos na cura de sarnas,
lepras, caquexias, inchações e chagas sórdidas, gotas artéricas, convulsões, paralisias e obstruções
de olhos, servindo algumas vezes de remédio paliativo às chagas cancerosas, assim como a outras
muitas queixas. Qualidades reconhecidas pela medicina que contribuiriam para o aumento da sua
procura e para a construção, em 1787, de alguns poços cobertos com barracas, instalações
precárias que as cheias do Sizandro destruíam, ano após ano, e que levariam, em 1813, o Visconde
de Balsemão a apresentar à Academia Real das Ciências de Lisboa uma Memória, onde, pela
primeira vez, se analisavam as águas medicinais dos Cucos.

A sua primeira exploração, de iniciativa privada, coube a Miguel Lourenço Peres, proprietário da
quinta da Macheia, que construíra no sítio dos Cucos três barracas de madeira com oito banhos,
uma bomba para “choques parciais” e um depósito para a sua alimentação. O seu herdeiro, José
Lourenço Peres, mandou construir umas casas térreas de habitação, que serviriam de alojamento
para os doentes. Todavia, uma longa disputa por direitos de herança dos Cucos, travada
judicialmente entre 1782 e 1830, terminaria com a sua colocação em praça, tendo João Gonçalves
Dias Neiva efetuado a sua arrematação, em 1851.

A procura das instalações balneares aumentara, exigindo a melhoria das condições. Construíra-se
então uma muralha, para impedir que as águas do rio se misturassem com as águas cálidas dos
olhos de água, e, simultaneamente, construíram-se nove pequenas casas, onde não faltava uma
cavalariça, necessária quando as viagens se faziam sobretudo a cavalo. Em 1860, os banhos atingiam
o número mil por ano, consequência do desenvolvimento de uma consciência sanitária ao longo da
centúria de oitocentos, tendo levado a Companhia da Diligencia a estabelecer o transporte de
pessoas em carruagens entre a vila e a estância termal, bem como entre Torres Vedras e Alhandra,
ainda uma importante via de comunicação com a capital, através do Tejo.

Consideravam-se os efeitos curativos dos tratamentos das águas nos doentes, reconhecidos pelo
Dr. João Vitorino Pereira da Costa, médico do Hospital Civil de Torres Vedras, que então prescrevia
os banhos de águas e lamas tomados em barracas de madeira, quando a farmacopeia ainda
evidenciava as suas insuficiências. E, ao longo do século, a afluência aos banhos dos Cucos
aumentaria, tal era a fama das suas águas, que obrigaria à construção de um moderno
estabelecimento termal aberto em 11 de Julho de 1892, porém inaugurado oficialmente a 15 de
Maio do ano seguinte, por iniciativa do proprietário José Gonçalves Dias Neiva, do qual seria diretor
clínico outro médico, o Dr. Justino Xavier da Silva Freire.

António Jorge Freire traçara o plano da Vila Neiva dos Cucos, que compreenderia, para além do
Estabelecimento Balnear e Hidroterápico, mais de 40 moradias idênticas às duas vivendas
construídas (D. Feliciana, em 1895, e D. Maria, em 1896), uma albergaria, um hotel com 300
quartos, hospital termal, capela, mercado e casino. Uma urbanização moderna que requeria
igualmente a abertura de modernas vias: a Avenida de Torres, que cruzaria a Avenida das Termas,
atravessando o Sizandro em direção à estação do caminho de ferro, inaugurada em 30 de Dezembro
de 1886. No alto da serra da Macheia, que seria intensamente plantada com árvores provenientes
do Buçaco, projetara um solário para crianças.

Em 1896, construiu-se um casino, que funcionaria até meados do século XX, espaço de recreio e
animação nas noites da época balnear. Exteriormente, um ringue de patinagem. Não faltava a
capela, de invocação de Nossa Senhora da Saúde, numa vontade de aliar a intercessão de Maria às
qualidades taumatúrgicas das águas e das lamas. E ali se instalou um colégio, em 1932, num esforço
de rentabilização do espaço, quando as Termas se encontravam abertas apenas quatro meses de
verão, entre Junho e Setembro. Funcionaria apenas um ano. Nas termas, ainda, também se
engarrafaram águas desde finais do século XIX, em garrafões de cinco litros, vendidos em Lisboa, na
rua dos Fanqueiros.

Em 1996, as portas das Termas dos Cucos não se abriram, projetando-se a construção de um novo
balneário. O seu encerramento acabaria por se tornar definitivo, na expetativa, porém, de que as
águas dos banhos possam um dia voltar a cantar aos Cucos.

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