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Data: 03/2017
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
Escola de Direito FGV DIREITO RIO
LLM em Direito Empresarial
Data: 11/03/2017
INTRODUÇÃO 1
1 REFERENCIAL TEÓRICO 4
1.1 O mercado de capitais e a CVM 4
1.2 Dosimetria de pena no direito penal 9
1.3 Dosimetria de pena no direito administrativo sancionador 11
1.4 Atuação Sancionadora da CVM 18
2 METODOLOGIA UTILIZADA 21
3 RESULTADOS ENCONTRADOS 24
3.1 Circunstâncias Judiciais 24
3.2 Circunstâncias Agravantes 25
3.3 Circunstâncias Atenuantes: 27
3.4 Dados Complementares 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS 31
REFERÊNCIAS 33
1
INTRODUÇÃO
Por outro lado, mesmo o próprio Código Penal Brasileiro, que fixa as
circunstâncias judiciais, atenuantes e agravante, e busca traçar um caminho para a
análise da dosimetria trazendo uma certa objetividade ao cálculo, é constantemente
criticado quanto à limitação dos parâmetros que o integram.
1
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Jurisprudência do STJ. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/>.
Acessado em: 30 jan. 2017.
2
possuírem alto teor técnico. Porém, os recursos contra os votos do Colegiado da CVM,
que são avaliados pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional
(CRSFN), também conhecido como “Conselhinho”, costumam questionar o quantitativo
das sanções e evocar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, princípios
estes intimamente relacionados à dosimetria das penas.
Para tanto, após reunir todas as decisões publicadas pela CVM em 2016,
buscou-se identificar, de forma análoga ao Código Penal Brasileiro, tanto as
Circunstâncias Judiciais, quanto as Circunstâncias Atenuantes e Agravantes presentes
no corpo dos votos emitidos pelo Colegiado da Autarquia. Complementarmente, foram
analisados também os tipos de pena aplicados e os respectivos quantitativos (valor da
multa e/ou anos de pena restritiva), em contraste com os máximos permitidos.
de análises objetivas. Como bem colocado por Rossi et al2, “apenas as pesquisas
empíricas são capazes de demonstrar efetivamente como a CVM exerce a sua função
punitiva ao aplicar as penalidades previstas em lei”.
2
ROSSI, Maria Cecília; PRADO, Viviane Muller; SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da; MARTINS,
Leandro; PEREIRA, Thomaz Henrique Junqueira de Andrade. Decisões da CVM em matéria societária
no período de 2000 a 2006. In: Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais: RDB, v. 10, n. 37,
jul./set. 2007.
4
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 O mercado de capitais e a CVM
3
MOSQUERA, Roberto Quiroga. Os princípios informadores do Direito do Mercado Financeiro e de
Capitais. Aspectos atuais do Direito do Mercado Financeiro e de Capitais. São Paulo: Editora Dialética,
1999, p. 270.
4
BM&FBOVESPA. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/market-
data/historico/>. Acesso em: 3 fev. 2017.
5
ANBIMA. Disponível em: <http://www.anbima.com.br/pt_br/assuntos/fundos-de-investimento.htm>.
.Acesso em: 7 fev. 2017.
5
6
Há em tramitação no Senado Federal um projeto de lei (PLS 495/2015) que propõe a possibilidade de
destituição desses dirigentes diante de iniciativa do Presidente da República, mediante decisão do Senado.
Tal proposta coloca em risco a estabilidade do Colegiado da CVM e, se aprovada, aumentará o poder de
influência política em suas decisões.
7
VETTORAZZO, Lucas. CVM condena União por uso político da Eletrobras. Folha de São Paulo, Rio
de Janeiro, 26 mai. 2015. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1634075 -
cvm-condena-uniao-por-uso-politico-de-eletrobras.shtml> Acesso em: 15 fev. 2017.
8
No caso em questão, para a CVM a União atuou contra os interesses financeiros da Eletrobras durante o
processo de redução das tarifas de energia a partir de 2002.
9
DUBEUX, Julio Ramalho. A Comissão de Valores Mobiliários e os principais instrumentos
regulatórios do mercado de capitais brasileiro. Dissertação (Mestrado). Rio de Janeiro: Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2005, p. 29. Disponível em:
6
I. advertência;
II. multa;
III. suspensão do exercício do cargo de administrador ou de
conselheiro fiscal de companhia aberta, de entidade do sistema de
distribuição ou de outras entidades que dependam de autorização
ou registro na Comissão de Valores Mobiliários;
IV. inabilitação temporária, até o máximo de vinte anos, para o
exercício dos cargos referidos no inciso anterior;
V. suspensão da autorização ou registro para o exercício das
atividades de que trata esta Lei;
VI. cassação de autorização ou registro, para o exercício das atividades
de que trata esta Lei;
VII. proibição temporária, até o máximo de vinte anos, de praticar
determinadas atividades ou operações, para os integrantes do
sistema de distribuição ou de outras entidades que dependam de
autorização ou registro na Comissão de Valores Mobiliários; e
VIII. proibição temporária, até o máximo de dez anos, de atuar, direta ou
Dentre essas oito penalidades, cinco delas (incisos IV a VIII) são aplicadas
para os casos de infração grave, conforme definido em normas emitidas pela CVM11.
Tais penalidades, que restringem a atuação dos participantes do mercado por meio de
suspensões, inabilitações, cassações e proibições, também podem ser aplicadas em caso
de reincidência, único agravante específico contido na respectiva Lei.
11
O art. 11, §3º da Lei nº 6.385/76 dispõe que: “Ressalvado o disposto no parágrafo anterior, as
penalidades previstas nos incisos III a VIII do caput deste artigo somente serão aplicadas nos casos de
infração grave, assim definidas em normas da Comissão de Valores Mobiliários.”
12
OSÓRIO, Fábio Medina. Devido processo administrativo sancionador no sistema financeiro nacional.
In: Direito Sancionador. Sistema Financeiro Nacional. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007, p. 28.
13
EIZIRIK, Nelson. Reforma das S/A e do mercado de capitais. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1998,
p. 227.
14
O Termo de Compromisso foi incorporado à Lei nº 6.385/76 pela Lei nº 9.457, de 5.5.1997. Art. 11
§§5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº 6.385/76.
8
15
Vale ressaltar que, no ato da intimação ao acusado, deve conter a advertência de que o acusado poderá
propor a celebração de termo de compromisso, exceto quando da apuração de irregularidades relacionadas
com a Lei nº 9.613/98 (Lavagem de Dinheiro).
16
O art. 12 da Lei nº 6.385/76 dispõe que: “Quando o inquérito, instaurado de acordo com o § 2º do art.
9º, concluir pela ocorrência de crime de ação pública, a Comissão de Valores Mobiliários oficiará ao
Ministério Público, para a propositura da ação penal.”
17
O §9º do art. 11 da Lei nº 6.385/76 dispõe que: “Serão considerados, na aplicação de penalidades
previstas na lei, o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior ou a circunstância de qualquer
pessoa, espontaneamente, confessar ilícito ou prestar informações relativas à sua materialidade.”
18
O CRSFN foi criado a partir da promulgação do Decreto nº 91.152, de 15 de março de 1985.
9
probatório das decisões recursais com mais qualidade técnica, criou-se o CRSFN19.
19
BRASIL. Ministério da Fazenda. Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).
Histórico e Competência do CRSFN. Disponível em: <http://fazenda.gov.br/orgaos/colegiados/crsfn/
institucional/historico-e-competencia> Acesso em: 14 fev. 2017.
20
PUIG, Santiago Mir. Derecho Penal, apud BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal:
Parte Geral 1. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 34.
21
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral 1. 19ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2015, p.
17.
10
22
MAIA FILHO, Napoleão Nunes; MAIA, Mário Henrique Goulart. O Poder Administrativo
Sancionador: origem e controle jurídico. Ribeirão Preto: Migalhas, 2012, p. 100.
23
Ibid., p. 104. Napoleão Maia Filho e Mário Maia concluem ainda que o Julgador não deve deixar-se
influenciar somente pelo seu resultado lesivo, pois o efeito produzido pela ação do agente, até mais do
que a sua causa, toma conta da função dosimetradora, sendo certo que os efeitos dos ilícitos são sempre
revoltantes.
24
DOBRIANSKYJ, Virgínia de O. R. O Princípio da Proporcionalidade como Critério da Aplicação
da Pena. Dissertação. São Paulo, 2009, p. 87. Disponível em:
11
Por mais que se busque a objetividade para a definição das sanções, haverá
sempre uma carga subjetiva que é indissociável ao voto. Como exemplo, Alessandro
Baratta cita o apontamento de pesquisas empíricas para as temíveis diferenças de
atitudes de juízes, em face de indivíduos pertencentes a diversas classes sociais. Ou seja,
há uma tendência inconsciente de juízos diversos em razão da posição social do réu26.
Osório32 afirma ainda que, por sua força dogmática, por sua elevada
sofisticação processual e pelo horizonte das Agências Reguladoras nos modelos
europeus e anglo-saxônicos, o Direito Administrativo Sancionador é o instrumento que
haverá de substituir um grande espaço hoje reservado ao próprio Direito Penal
Econômico, dado o caráter fragmentário que se deveria reservar a essa disciplina
jurídica.
29
OSÓRIO, Fábio Medina. Direito Administrativo Sancionador. 5ª ed (rev). São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2015, p. 27.
30
EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariádna B.; PARENTE, Flávia; HENRIQUES, Marcus de Freitas. Mercado
de Capitais: Regime Jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 286.
31
CASTRO, Daniel Guimarães Medrado de. Direito administrativo sancionador: reflexões sobre a
aplicabilidade do princípio da insignificância. In: Revista da AJURIS, Porto Alegre, v. 42, n. 137. Março
2015. Disponível em: <http://www.ajuris.org.br/OJS2/index.php/REVAJURIS/article /view/381>. Acesso
em 3 fev. 2017.
32
OSÓRIO, Fábio Medina. Op. Cit., p. 28.
13
33
NOBRE JUNIOR, Edilson Pereira. Sanções Administrativas e Princípios do Direito Penal. In: Revista
do Direito Administrativo, Rio de Janeiro, n. 219, jan/mar, 2000, p. 127-151. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/47499/45245>. Acesso em: 2 fev 2017.
34
OSÓRIO, Fábio Medina (Cord.). Devido processo administrativo sancionador no sistema financeiro
nacional. In: Direito Sancionador. Sistema Financeiro Nacional. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007,
p. 13.
35
É importante destacar que, neste trabalho de conclusão de curso, focou-se as semelhanças e paralelos
do direito administrativo sancionador e o direito penal. As sanções penais e as sanções administrativas
possuem particularidades que as diferem, mas que não serão objeto do presente estudo.
36
BERTRAN, Maria Paula Costa. Dosimetria das sanções no direito antitruste: análise da nova
jurisprudência brasileira sob a perspectiva da deterrência. In: Revista de Direito Mercantil Industrial,
Econômico e Financeiro, São Paulo, v. 133, p. 94-192, 2004.
37
VALLADARES, Hugo Emmanuel D Gonçalves. Dosimetria da pena de multa em cartéis no âmbito do
CADE. Dificuldades e perspectivas comparadas aos EUA e à Comissão Europeia. In: Revista da Defesa
da Concorrência, Brasília, v. 1, nº 2, novembro, 2013, p. 45-73. Disponível em:
<http://revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/84>. Acesso em 2 fev.
2017.
14
38
Idem, ibidem, p. 46.
39
OSÓRIO, Fábio Medina. Devido processo administrativo sancionador no sistema financeiro nacional.
In: Direito Sancionador. Sistema Financeiro Nacional. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007, p. 25.
40
EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariádna B.; PARENTE, Flávia; HENRIQUES, Marcus de Freitas. Mercado
de Capitais: Regime Jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 349.
15
sejam mitigados.
41
OSÓRIO, Fábio Medina. Devido processo administrativo sancionador no sistema financeiro nacional.
In: Direito Sancionador. Sistema Financeiro Nacional. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2007, p. 39.
42
EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariádna B.; PARENTE, Flávia; HENRIQUES, Marcus de Freitas. Mercado
de Capitais: Regime Jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 349-350.
43
VALLADARES, Hugo Emmanuel D Gonçalves. Dosimetria da pena de multa em cartéis no âmbito do
CADE. Dificuldades e perspectivas comparadas aos EUA e à Comissão Europeia. In: Revista da Defesa
da Concorrência, Brasília, v. 1, nº 2, novembro, 2013, p. 45-73. Disponível em:
<http://revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/84>. Acesso em 2 fev.
2017.
44
VERZOLA, Antonio Carlos. Processos Sancionadores nos Mercados Financeiros e de Capitais:
BACEN e CVM. Rio de Janeiro: Renovar, 2012, p. 213.
16
45
CALVIÑO, Nadja. Public enforcement in the EU apud PINTO, Gabriel Moreira. A dosimetria das
multas impostas em resposta às infrações contra a ordem econômica: uma análise da lei de defesa
da concorrência e de sua aplicação pelo Cade. Prêmio SEAE de Monografias 2010. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Dosimetria_multas_impostas.pdf>. Acesso em:
20 jan. 2017.
46
BRASIL. Ministério da Fazenda. Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN).
Relatórios Anuais de 1998 a 2008 e 2012 a 2014. Entre 2009 e 2011 não houve a publicação de relatórios
anuais. Disponível em: <http://fazenda.gov.br/orgaos/colegiados/crsfn/institucional/ relatorios-
gerenciais>. Acesso em 3 fev. 2017.
17
Por fim, Eizirik et al49 ressalta que, ainda que as sanções administrativas
sejam diversas das sanções penais, como em ambas prevalece a atuação punitiva do
Estado, as justificações de penas e as isenções, consagradas pelo Direito Penal, também
47
CHICARELLI, Milena Abdalla. O uso da interpretação extensiva, análoga e econômica à luz do
direito positivo. In: Jusbrasil, 2015. Disponível em: <https://miabdalla.jusbrasil.com.br/
artigos/144373867/o-uso-da-interpretacao-extensiva-analoga-e-economica-a-luz-do-direito-positivo>.
Acesso em: 16 jan. 2017.
48
OSÓRIO, Fábio Medina. Direito Administrativo Sancionador. 5ª ed (rev). São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 2015, p. 123.
49
EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariádna B.; PARENTE, Flávia; HENRIQUES, Marcus de Freitas.
Mercado de Capitais: Regime Jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 287.
18
Fonte: CVM
50
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Parecer de Orientação nº 006/1980. Disponível em:
<http://www.cvm.gov.br/legislacao/pare/pare006.html>. Acesso em: 10 fev. 2017.
51
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Relatório Anual CVM 2015. Disponível em:
<http://www.cvm.gov.br/publicacao/relatorio_anual.html>. Acesso em: 7 fev. /2017.
19
Advertências 7 10 37 6 20 80 7,70
Suspensões 0 0 1 0 1 2 0,20
Inabilitações 2 5 11 5 9 32 3,08
Cassações 0 0 0 0 0 0 0
Proibições 0 0 1 2 9 12 1,15
Informações Periódicas 1 0 10 1 5 17
52
Até a conclusão deste trabalho, a CVM ainda não havia publicado o Relatório Anual referente a 2016.
20
demanda/manipulação de preços/operações
fraudulentas/práticas não equitativas
Assembleias gerais 0 3 10 6 4 23
Insider Trading 5 5 3 5 9 27
Auditoria 2 1 1 0 1 5
Outros 10 13 25 20 20 88
Fonte: CVM
53
EIZIRIK, Nelson; GAAL, Ariádna B.; PARENTE, Flávia; HENRIQUES, Marcus de Freitas. Mercado
de Capitais: Regime Jurídico. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011, p. 300.
21
2 METODOLOGIA UTILIZADA
Sobre esse conflito, Medina Osório54, resume bem quando diz que:
Como os votos da CVM nem sempre possuem uma área própria para
demonstrar as diversas circunstâncias que levaram o relator a definir a dosimetria da
pena, foi necessário buscá-las em todo o texto do voto. Apenas a título de complemento
das análises, também foram realizadas pesquisas da palavra “dosimetria” dentro dos
votos.
55
Processo Administrativo Sancionador RJ 2014/4608.
23
3 RESULTADOS ENCONTRADOS
Circunstâncias
Quantidade encontrada %
Judiciais
Antecedentes 44 37,93%
56
NIETO, Alejandro. Derecho administrativo apud OSÓRIO, Fábio Medina. Direito Administrativo
Sancionador. 5ª ed (rev). São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2015, p. 374.
57
PAS RJ 2015/6319, PAS RJ 2015/9385, PAS RJ 2015/3231 e PAS RJ 2015/3103.
25
● Conduta Social;
● Personalidade do agente; e
● Comportamento da vítima.
Essas três circunstâncias não identificadas nos votos possuem uma carga
subjetiva significativa e são matérias constantes em debates sobre a relevância das
mesmas para o cálculo de dosimetria de penas. Talvez a ausência dessas circunstâncias
também se dê em função das particularidades de um processo administrativo. Como os
processos sancionadores da CVM apuram irregularidades que geralmente se restringem
a deveres e práticas no meio profissional, tais circunstâncias acabam ficando em
segundo plano.
Penal, que foram identificadas nos votos, estão discriminadas na Tabela 4 a seguir:
Quantidade
Circunstâncias Agravantes %
encontrada
Reincidência 4 3,45%
Quantidade
Circunstâncias Atenuantes %
encontrada
Procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, 14 12,07%
antes do julgamento, reparado o dano
Cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a
1 0,86%
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima
Circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora
44 37,93%
não prevista expressamente em lei
Fonte: Elaborado pelo autor
Diante desse quadro fático, parece-me que ele sequer tinha total
consciência das atividades restritas a agentes autônomos e, muitas
vezes, atuava cumprindo ordens de superiores, esses sim os
principais responsáveis pelo quadro de ilegalidade. (grifo próprio)
58
Processo Administrativo Sancionador SP 2013/292.
29
Foi avaliado o seu nível de aplicação das penas diante da aplicação máxima
permitida pela Lei nº 6.385/76. Ou seja, sabendo que a multa pecuniária máxima é de
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), uma multa de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais)
representa 60%. O resultado foi resumido na Tabela 6 a seguir:
Percentual
Total Máxima Mínima Média médio sobre
pena máxima
Porém, a grande maioria das multas são aplicadas com base no art. 11, §1º,
inciso I da lei supracitada, com o limite de R$ 500.000,00, pois para a aplicação dos
incisos II e III, que se baseiam em valores envolvidos no ilícito, é necessário que haja
um cálculo rigoroso e preciso. Dos 92 réus que sofreram a condenação de multa
pecuniária, 88 (95,6%) foram enquadrados com base no inciso I.
59
O total de 117 tipos de pena aplicados a cada acusado, ao invés dos 116 réus observados, se deu em
função de uma aplicação de pena de multa e uma pena restritiva a uma das partes do processo
RJ2012/13605.
30
rigorosas que as penas de multa aplicadas, já que representam, em média, 40% do total
permitido, ante 31% referentes às multas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma proposta seria a destinação de uma parte exclusiva no voto para que o
relator possa desenvolver todos os fatores que o levaram a definir o valor da pena.
Dessa forma, além de promover maior transparência das razões trazidas pelo julgador,
uma área específica para discriminação da dosimetria fará com que ele busque uma
maior reflexão e aprofundamento sobre seus critérios.
60
TORRES, Fernando. Reguladores querem bala na agulha. Valor Econômico. São Paulo, 20 dez. 2016.
Disponível em: <http://www.valor.com.br/valor-investe/casa-das-caldeiras/4813816/reguladores -
32
Espera-se que este estudo abra e promova mais espaço para pesquisas no
tema, que ainda é reduzido. A metodologia utilizada pode ser aplicada aos demais
órgãos que possuam processos administrativos sancionadores, como do Banco Central
do Brasil e CADE, permitindo, assim, uma comparabilidade.
REFERÊNCIAS
ANBIMA. Disponível em: <http://www.anbima.com.br/pt_br/assuntos/fundos-de-
investimento.htm>. Acesso em: 7 fev. 2017.
BERTRAN, Maria Paula Costa. Dosimetria das sanções no direito antitruste: análise da
nova jurisprudência brasileira sob a perspectiva da deterrência. In: Revista de Direito
Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, v. 133, p. 94-192, 2004.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Parte Geral 1. 19ª ed. São Paulo: Ed.
Saraiva, 2015.
EIZIRIK, Nelson. Reforma das S/A e do mercado de capitais. 2ª Ed. Rio de Janeiro:
Renovar, 1998, p. 227.
PUIG, Santiago Mir. Derecho Penal, apud BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de
Direito Penal: Parte Geral 1. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
ROSSI, Maria Cecília; PRADO, Viviane Muller; SILVEIRA, Alexandre Di Miceli da;
MARTINS, Leandro; PEREIRA, Thomaz Henrique Junqueira de Andrade. Decisões da
CVM em matéria societária no período de 2000 a 2006. In: Revista de Direito
Bancário e do Mercado de Capitais: RDB, v. 10, n. 37, jul./set. 2007.
TORRES, Fernando. Reguladores querem bala na agulha. Valor Econômico. São Paulo,
20 dez. 2016. Disponível em: <http://www.valor.com.br/valor-investe/casa-das-
caldeiras/4813816/reguladores -querem-bala-na-agulha>. Acesso em 15 fev. 2017.
VETTORAZZO, Lucas. CVM condena União por uso político da Eletrobras. Folha de
São Paulo, Rio de Janeiro, 26 mai. 2015. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/05/1634075-cvm-condena-uniao-por-
uso-politico-de-eletrobras.shtml> Acesso em: 15 fev. 2017.