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jusbrasil.com.br
18 de Janeiro de 2018
Decisão Monocrática
Recorrente: BANCO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO S.A. - BANESTES
D E C I S Ã O
seguintes fundamentos:
"EMENTA:
DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS
Nos termos da Lei 8.212, a empresa não pode alegar omissão para se eximir do
recolhimento, devendo, se não efetuou o recolhimento na época própria, ser
responsabilizada pelo pagamento das contribuições. No entanto, as contribuições teriam
sido efetuadas, mesmo havendo o pagamento na época própria. Assim, deve o reclamante
arcar com o pagamento da contribuição providenciaria EM SEU VALOR HISTÓRICO,
ficando a cargo dá empresa o pagamento de juros, multa, etc.
1-RELATÓRIO
Custas às fls.766 .
2- FUNDAMENTAÇÃO 2.1-CONHECIMENTO
Rejeito.
O juiz decidiu a lide nos limites em que foi proposta; os requisitos essenciais da sentença
estão presentes e o juiz proferiu sentença corretamente, não havendo condenação em
quantidade superior ou em objeto diverso do pedido.
A integração deve ser feita pela média das horas extras, mesmo que ultrapasse duas
horas. O raciocínio da empresa é fantástico. A lei, no seu entendimento, só pode ser
aplicada em seu benefício. Para ela, o trabalhador pode laborar, por exemplo, uma média de
03 (três) horas extras mas a integração deve ser feita com base em 02 (duas) horas, eis que
deve ser aplicado o disposto no artigo 59, da CLT. Ou seja, o trabalhador pode "burlar" a lei
trabalhando mais de duas horas por dia, mas na hora do pagamento, o negócio é diferente.
Deve-se seguir à risca a lei...
Correta a aplicação da multa prevista na cláusula 44ª da Convenção, eis que o reclamado
descumpriu várias cláusulas como a cláusula T - fls331 - já que houve trabalho em jornada
extraordinária, trabalho que não foi remunerado.
Nego provimento.
Conforme argumenta JOÃO ORESTE DALAZEN, Juiz Togado do TRT da Região, "O
Direito do Trabalho é campo fértil em que viceja o dano, seja patrimonial, seja moral."
Se, pois, o dano guarda íntima relação com o contrato de trabalho, ou porque implica
infringência de cláusulas acessórias implícitas deste, ou porque deriva diretamente de sua
execução; se o dano ou até mesmo a responsabilidade por repará-lo pode pressupor, no caso
do empregado, um exame das cláusulas explícitas do contrato de emprego; se o dano,
enfim, mantém uma relação direta, de causa e efeito, com o contrato de emprego, mostra-se
inarredável, em conclusão, a competência da Justiça do Trabalho para o conseqüente
dissenso entre empregado e empregador em torno da obrigação de indenizar.
No que tange à lide entre empregado e empregador referente a indenização civil por dano
moral, cuidando-se também de infração à obrigação contratual implícita de respeito a honra
e dignidade do outro contratante, ou de lesão provocada por empregado a empregador e
vice-versa, em virtude do contrato de trabalho, afigura-se também competente a Justiça do
Trabalho, ante o comando dos artigos 652, inc. IV, da CLT e 114, da CF/88.
Conforme tese exposta pela 44ª JCJ/ Rio de Janeiro, o empregado, na construção de sua
própria vida, como da própria sociedade, tem como princípio a criação de um ambiente de
trabalho social e equilibrado, onde lhe propicie felicidade. No desequilíbrio não há
construção de nada.
Deve, ainda, ser ressaltado magnífico trabalho realizado pelo brilhante e culto
Magistrado CLÁUDIO ARMANDO COUCE DE MENEZES, acerca de pronunciamento do
Ilustre Juiz do Trabalho da 3^ Região (publicação na LTr, ano 58, abril de 1994)
"Uma das finalidades fundamentais do Direito do Trabalho é a de assegurar o respeito da
dignidade do trabalhador, pelo que a lesão que em tal sentido se lhe inflija exige uma
separação, quer entendida esta expressão em sentido lato ou no de pena.
O dano moral trabalhista pode ser reparado através de sanção in numa retratação, numa
contra publicação, numa publicação de sentença. Mas não retrotai de modo a restabelecer o
danificado na situação anterior ao dano moral, pois não apaga os efeitos deste produzidos
naquele período. A única sanção eficaz para o dano moral é, reconhecidamente, a
indenização por perdas e danos.
O dano moral pode ser infligido na fase contratual e o é quando o empregador deixa de
cumprir certas obrigações derivadas do contrato de trabalho, como as de higiene e
segurança do trabalho e de respeito à dignidade do trabalhador como pessoa humana.
Também este pode ser autor de dano moral ao patrão se descumprir a sua obrigação,
derivada da relação empregaticia, de tratá-lo, igualmente assim como aos seus
representantes, com respeito a personalidade e dignidade de todos eles."
É evidente que o ressarcimento dos danos não se limita apenas às lesões à integridade
corporal. Se houver ofensa aos direitos do autor, à honra da pessoa, aos bens que integram
sua intimidade, ao seu nome à sua imagem ou a sua liberdade sexual, ter-se-á dano moral
que poderá traduzir, também, um dano patrimonial indireto se impedirem ou dificultarem,
de qualquer modo, a atividade profissional da vítima.
Aduz a renomada jurista que "O dano moral vem a ser a lesão de inteÂsses não
patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato lesivo."
DANO MORAL
No caso, o dano é latente. As cópias dos principais jornais da cidade comprovam o
alegado na inicial. O presidente do Banco concedeu entrevista à emissora de maior
audiência no Estado, como é público e notório, confirmando as assertivas contidas nos
jornais.
Para análise do dano, deve ser feito um exame das condições pessoais do empregado bem
como do meio ambiente em que a infração é cometida. A conduta do homem é
condicionada por sua posição na sociedade e pelo ambiente em que se encontra. O
empregado, como ser humano que é, não faz exceção.
Devemos ser honestos: Vitória não é uma metrópole, onde o cidadão é apenas mais um...
Aqui, todos se conhecem, um sabe o que o outro faz...Imagine o funcionário de um banco
do Estado se preparando para trabalhar e lendo no jornal que serão dispensados os
funcionários problemáticos, relapsos...Liga a televisão e assiste ao presidente do Banco
afirmando que seriam dispensados os funcionários com problemas administrativos... "Bom"
- pensa o empregado - "Nunca fui punido, trabalhei por vários anos, não corro perigo..." No
final do dia, volta para casa. Foi dispensado... Arrasado, procura emprego sob os olhares
desconfiados de colegas, clientes, Bancos, vizinhos e, quem sabe, da própria família...
Nego provimento.
Fora das hipóteses acima elencadas NÃO PODEM SER DESCONTADAS DOS
SALÁRIOS QUAISQUER OUTRAS IMPORTÂNCIAS, MESMO QUE O EMPREGADO
TENHA AUTORIZADO POR ESCRITO, isto, em obediência aos Princípios de
Integralidade e Intangibilidade Salarial. O legislador assegura a intangibilidade dos salários.
Os descontos autorizados se restringem a adiantamentos e permissões decorrentes de
dispositivos legais ou de contratos coletivos. Assim, pouco importa se o reclamante
percebeu as normas de trabalho, como alega a reclamada, eis que não devem ser
considerados descontos impostos ao hipossuficiente que os aceita sob coação do poder
econômico.
Devem ser restituídos os valores descontados à título de seguro de vida, uma vez que tal
desconto não está inserido nas hipóteses previstas no artigo 462, da CLT. Ademais, ao
contrário do alegado pela reclamada, tal matéria não é estranha ao contrato de trabalho e
sim, no caso específico dos bancários, está intimamente ligado àquele, de vez que a
instituição financeira capta uma clientela (de um modo geral jovem e sadia) para filiar-se à
uma empresa de seguro pertencente ao mesmo grupo econômico, ocorrendo até mesmo a
concorrência desleal em relação a outras seguradoras. ASSIM, DOU PROVIMENTO AO
APELO.
Nego provimento.
Nos termos do Enunciado 241 do C. TST, o vale-refeição tem natureza salarial, pois
previsto em convenção coletiva, que passa a integrar os contratos individuais de trabalho.
Não pode a convenção ou o acordo coletivo dispor contra a lei.
Nem se diga que a Lei 6321/76, que instituiu o programa de alimentação do trabalhador
excluiu a ajuda alimentação do salário, pois o artigo 3° da indigitada lei apenas determina
que o valor da alimentação não se inclui NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO, isto é, não
há incidência de contribuições à previdência social, e apenas isto. Ademais, o empregador já
foi bastante beneficiado com a lei citada que, inclusive, concede incentivos em relação ao
imposto de renda.
Dou provimento.
Nos termos da Lei 8.212, a empresa não pode alegar omissão para se eximir do
recolhimento, devendo, se não efetuou o recolhimento na época própria, ser
responsabilizada pelo pagamento das contribuições. No entanto, as contribuições teriam
sido efetuadas, mesmo havendo o pagamento na época própria. Assim, deve o reclamante
arcar com o pagamento da contribuição previdenciária EM SEU VALOR HISTÓRICO,
ficando a cargo da empresa o pagamento de juros, multa, etc.
Não poderá o reclamado deduzir dos valores a serem pagos, a verba relativa ao imposto
de renda, exceto no caso explicitado no parágrafo seguinte. Com efeito, houvesse pago o
que devia nas épocas próprias, não haveria incidência do imposto, já que os valores se
encontrariam na faixa de isenção. Não se pode impor prejuízo ao trabalhador decorrente de
ato negativo de seu empregador. Com fulcro no conceito traduzido pelo artigo 159 do
Código Civil, a responsabilidade por tais artigos não poderá ser repassada ao reclamante.
Dou provimento.
Cabíveis honorários advocatícios, ante a sucumbência (art.20 do CPC) e por força dos
artigos 1°, I, e 22 da Lei 8.906/94, em perfeita consonância com o art. 133 da Constituição
Federal, E EM RAZÃO DA PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS DA LEI 5584/70.
DEFIRO 15%.
Cumpridos os requisitos exigidos pela lei, fl. 17, defiro a assistência judiciária. 3-
CONCLUSÃO
1. RELATÓRIO
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1. CONHECIMENTO
2.2. DO MÉRITO
Dou provimento parcial apenas para esclarecer que não foi determinado que a reclamada
efetue o recolhimento do imposto de renda relativo ao reclamante, aliás conforme consta do
acórdão, de resto, o não acatamento das argumentações contidas na contestação ou no
recurso não implica em cerceamento de defesa ou omissão nos pontos suscitados, posto que
ao julgador cabe-lhe apreciar a questão de acordo com o que ele entender atinente à lide.
Inexiste norma legal que impeça o Magistrado, ao proferir sua decisão, que a mesma
tenha como fundamentação outro julgado, e, até mesmo, que o Juízo ad quem não se apoie,
no todo ou em parte, em decisões outras prolatadas no mesmo feito que se analisa. Destarte,
não está obrigado o Magistrado a julgar a questão posta a seu exame de acordo com o
pleiteado pelas partes, mas, sim, com o seu livre convencimento (art. 131, do CPC),
utilizando-se dos fatos, provas, aspectos pertinentes ao tema, jurisprudência pacificada e da
legislação que entender pertinentes ao caso concreto.
4. Inexiste norma legal que impeça o Magistrado, ao proferir sua decisão, que a mesma
tenha como fundamentação outro julgado, e, até mesmo, que o Juízo ad quem não se apoie,
no todo ou em pane, em decisões outras prolatadas no mesmo feito que se analisa. Destarte,
não está obrigado o Magistrado a julgar a questão posta a seu exame de acordo com o
pleiteado pelas panes, mas, sim, com o seu livre convencimento (art. 131, do CPC),
utilizando-se dos fatos, provas, aspectos perfinentes ao tema, jurisprudência pacificada e da
legislação que entender perfinentes ao caso concreto.
8. Inteligência dos arts. 16,17, IV e VII, e 18, do CPC. Multa de 1% (um por cento) sobre
o valor da causa, corrigida monetariamente até seu efetivo pagamento, caracterizadora da
litigância de má-fé da embargante, mais honorários advocatícios no patamar de 20% sobre o
valor da condenação, assim como a devolução de todas as despesas efetuadas pela parte
contrária, devidamente atualizadas monetariamente.
9. Embargos rejeitados
TST E-RR 92.875/93.5 Ac. SDI 321/96 Rei. Min. Indalécio Gomes Neto. <ii>ln<fi>
Revista LTr de agosto de 1996 -fls.1132/1135.
Pelo exposto, conheço dos embargos e lhes dou parcial provimento. 3. CONCLUSÃO
ACORDAM os Juizes do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 1T Região, por
unanimidade, conhecer dos embargos declaratórios e dar-lhes provimento, sem efeito
modificativo, nos termos do voto do Relator"
Publique-se.
Emmanoel Pereira
Ministro Relator
fls.
Firmado por assinatura digital em 19/03/2009 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho,
Firmado por assinatura digital em 19/03/2009 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho,