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TEMPORALIDADE E NARRATIVA NAS TESES SOBRE O CONCEITO DE

HISTÓRIA DE WALTER BENJAMIN

Aluno: Romano Scroccaro Zattoni – Doutorado em Filosofia


Prof. Dr. Paulo Vieira Neto

Resumo.

Introdução

Em novembro de 2013, na cidade de Atenas, o filósofo italiano Giorgio Agamben


foi entrevistado por jornalistas de diversas nacionalidades com relação ao seguinte tema:
“o que é a política”?1 O cenário político na época girava em torno da expectativa com
relação às eleições para o parlamento europeu de 2014, assim como da iminência de
irrupção de diversas crises que viriam a atingir o continente europeu nos anos seguintes,
ao exemplo da questão dos refugiados vindos do oriente médio e da possibilidade de
desintegração da União Europeia. Um dos fios condutores da fala de Agamben foi o
argumento de que, para poder pensar adequadamente a “situação política”, se faz
necessário antes averiguar se a própria sociedade na qual se situa a discussão é uma
sociedade política em primeiro lugar. A efetivação do processo de despolitização da
sociedade atual, diz Agamben, conteria em si a urgência da “mudança para uma nova
semântica”; em contextos onde os cidadãos deixam de votar, logo perdem sua atividade
democrática, se faz necessário poder pensar outros modos de compreender o que de fato
pode se considerar por uma “ação política”.
Essa necessidade de criação de novas formas de pensar a política se reflete
metodologicamente em Agamben de forma peculiar. No lugar de uma investigação que
tem como ponto de partida a exegese ensaios consagrados de doutrina política, o filósofo
italiano volta sua atenção para outros contextos, como por exemplo, para tratados
medievais sobre a natureza dos anjos, tal como o faz em sua obra O Reino e a Glória.
Esta pesquisa de caráter arqueológico teria como objetivo a extração de conceitos
teológicos com o intuito de os fazerem funcionar no âmbito político. É precisamente neste
contexto que Agamben identifica a importância da obra de Walter Benjamin, da qual ele
foi tradutor e intérprete.
Agamben afirma que uma das mais importante contribuições de Benjamin para a
política foi a sua introdução das noções de tempo messiânico e escatologia da concepção.
A relevância da reflexão benjaminiana tem seu fundamento na afirmação radical de que
a própria concepção de temporalidade implícita à narrativa histórica haveria de ser
reformulada para que se possa pensar a ação política em outros termos, ação que, como
se verá, deve ser compreendida como ato revolucionário, para o qual se impõe
radicalmente a questão da possibilidade de surgimento do que é novo a partir daquilo que
se determina no tempo.

Teses sobre a história e a crítica à linearidade cronológica

Temporalidade

1
Nota com a referência da entrevista.
Trata-se, nesse último texto, de pensar um tempo histórico pleno, tempo da salvação do
passado e, inseparavelmente, da ação política no presente. Esta relação entre passado e
presente não pode ser pensada, segundo Benjamin, no modelo de uma cronologia linear,
sucessão continua de pontos homogêneos, orientados ou não para um fim feliz, pois nesse
caso passado e presente não entreteriam nenhuma ligação mais consistente; mas
tampouco pode essa relação ser pensada como uma retomada do passado no presente no
modo da simples repetição, pois nesse caso também não haveria essa transformação do
passado na qual a ação política também consiste (1997, 101-102).

Progresso

Tese 9

O progresso é a ideia que impede que o passado se resgate, e ele é uma das
propriedades, mais sedutoras do capitalismo. O tempo messiânico é um tempo que se
distingue do progresso.

Tese 11

O desenvolvimento técnico se confunde com avanço político.


A moral protestante do trabalho se seculariza na era do serviço.
Em todo o caso, o trabalhador jamais recebe o benefício do produto de seu
trabalho.
O progresso da dominação da natureza mascara o retrocesso da organização social
(Er will nur die Fortschritte der Naturbeherrschung, nicht die Rückschritte der
Gesellschaft wahr haben).
A linearidade do tempo, ou além disso, a vetorização absoluta de seu passar
contém o perigo. Diante desta espécie de organização temporal que Benjamin propõe seu
conceito de momento de perigo.
O final da tese onze se endereça de forma crucial à ideologia positivista de uma
concepção de exploração, para a qual a natureza se dispõe gratuitamente. Onde ela se
dispõe em sua matéria primordial. Ao homem parece não bastar o material secundário da
criação, as sobras de deus. Ele quer os materiais primeiros.

Tese 13

A teoria e prática social-democrata depende de um conceito de progresso que é de


natureza muito mais dogmática do que vinculada com a realidade.
Progresso ligado a perfectibilidade infinita do ser humano.
A ideia de progresso depende da ideia de um avanço em um tempo vazio e
homogêneo. Esse ponto é importante para a compreensão da noção de tempo, que se
associa diretamente à noção de narrativa e depende do cronista. A noção de um progresso
que é da sociedade como um todo, ou da humanidade, está imbuída em uma noção de
totalidade que é própria do capitalismo e da qual a social-democracia não consegue
escapar.

Crítica ao progresso e introdução da temporalidade messiânica

Tese 5. A imagem verdadeira do passado é fugidia. Ela que está presente por um
pequeno momento no presente, sempre ameaça se dissipar. Essa imagem do passado não
fica clara no presente. É necessário prestar atenção ao momento, pois a imagem do
passado pode não retornar.

Tese 14

Na tese 14 ele Benjamin se endereça novamente ao problema anterior. Ele afirma


que a história se constrói em um tempo que não é vazio e homogêneo, mas sim saturado
de “agoras” (Jetztzeit). Essa é a categoria que interessa a Benjamin.
O passado pode ser recuperado como em um salto de tigre para um momento do
passado, da mesma forma que a moda recupera e reedita modos de vestir do antigamente.
Essas são imagens que Benjamin utiliza para representar o que o ato revolucionário
representa para Marx. Vale a pena aqui notar dois aspectos, o primeiro é a utilização de
símiles para a comunicação de noções políticas e filosóficas e a segunda é a noção de que
a revolução, que é por excelência algo que se lança ao futuro e pressupõe o novo, mas
que todavia se compreende paradoxalmente como um ato de salto e recuperação de algo
do passado. De fato, o ato revolucionário se expressa melhor de forma paradoxal, como
um retorno para frente, sendo que a resolução do paradoxo implica imediatamente na
perda de qualidades essenciais. Aqui poderia-se estabelecer um longínquo, mas
interessante paralelo com o processo de tornar-se o que se é de Nietzsche, que instaura
um paradoxo de mesma natureza e que também é um símbolo da possibilidade de criação.
Quando se fala em segunda gênese, também se fala de uma reedição singular que, ao
mesmo tempo, compactua e rompe com um modo de criar passado.

Tese 15

A quebra do continuum da história é a capacidade da classe revolucionária. Talvez


valha a pena colocar uma nota com relaçao à noçao de acontecimento do Deleuze e da
criação da diferença por meio da repetição (figura do quarto de Schulz).
Diferença entre o modo de tratar o tempo no calendário e no relógio.
O ato de quebrar o continuum da história foi materializado pelo ato de atirar contra
os relógios.

Tese 16

Um conceito de presente que não é transição, mas sim que se imobiliza. De tal
noção de presente o materialista histórico não pode renunciar.
Diferenças com o historicismo, para o qual o passado é eterno e externo. Das teses
principais do texto é que o materialismo necessita de uma distinta concepção de tempo.

Tese 17

“O historismo culmina legitimamente na história universal”. Uma das


características do materialismo é o fato de que o pensamento imobiliza o tempo (essa
noção de imobilidade se faz importante). Noção de acontecimento histórico enquanto
mônada, fora do continuum.
Agora vem uma frase importante: “Nessa estrutura, ele reconhece o sinal de uma
imobilizaçaõ messiânica dos acontecimentos, ou, dito de outro modo, de uma
oportunidade revolucionária de lutar por um passado oprimido”.
No instante está compreendida a transcendentalidade do tempo.
Tese 18

A comparação do agora messiânico com a história da humanidade frente ao


universo é tão absurdamente momentânea que parece que a comparação não precisa ser
compreendida cronologicamente. Ela está aí para comunicar o instantâneo e sua essência.

Apêndice 1

O historismo se contenta em estabelecer nexos causais entre os acontecimentos


históricos. (Seria interessante para a tese repensar o conceito de causalidade na história).
O historiador funda um conceito de presente como o “agora” que contem traços
do messiânico.

Apêndice 2

Na tradição judaica o futuro é desencantado. Cada segundo é potencialmente uma


porta de entrada do Messias.

Narrativa

Tese 2. O materialista histórico deve ter em mente que a cada um é dada uma fraca
(precária) força messiânica, mas que no entanto, não deve ser tomada levianamente. Dann
ist uns wie jedem Geschlecht, das vor uns war, eine schwache messianische Kraft
mitgegeben, an welche die Vergangenheit Anspruch hat. Billig ist dieser Anspruch nicht
abzufertigen. Der historische Materialist weiß darum.

Tese 3. A força messiânica é a força da narrativa.


Papel do cronista ao contar a história sem diferenciar grande de pequeno é
libertador. O tempo do juízo final é o tempo em que cada um será lembrado.

Tese 6. Articular o passado não é fazê-lo como realmente foi, em referência direta
ao positivismo histórico alemão. É apoderar-se de uma lembrança no momento de perigo.
Esse momento de perigo é a categoria que Benjamin introduz ao pensamento
político.
A captura dessa súbita imagem do passado é papel do materialista histórico.
Apenas ao escritor da história é atribuída a capacidade de resgatar a esperança do passado
e dos mortos, que não estão livres do perigo da perda da experiência.
O perigo da perda da experiência, da capacidade de narrar e de ser sujeito é
análogo ao ato de se tornar ferramenta da classe dominante.

Tese 7. A reconstrução da história pela via da simpatia não basta, pois só se


simpatizaria com o vencedor, pois o perdedor é dolorosamente evocado. Há uma estreita
conexão com o ato de vencer na história é ser aquele que conta a história como ela foi.
Isso se sustenta e se expressa na afirmação de que os que dominam hoje venceram ontem.
Não se tornar instrumento da classe dominante significa tomar a palavra quando
necessário.
Na visão do materialista, não se pode fazer a distinção entre grande e pequeno,
entre quem venceu e quem perdeu. Se torna aqui a filosofia do abjeto, pois o vencedor já
é contado, o perdedor será o novo elemento da narrativa.
Tese 8. O estado de exceção é a norma. O capitalismo é por excelência o sistema
que instaura sua própria universalidade (Zizek). Portanto o sistema que o vier a substituir
não será nada, senão precário.

Abordar ideia da segunda Gênese de Bruno Schulz

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