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MARINGÁ
2012
KARINA RAFAELA RIBEIRO
MARINGÁ
2012
KARINA RAFAELA RIBEIRO
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Prof. Ercilia Maria Angeli Teixeira de Paula
Universidade Estadual de Maringá
___________________________________
Prof. Aparecida Meire Calegari Falco
Universidade Estadual de Maringá
___________________________________
Prof. Celma Regina B. Rodriguero
Universidade Estadual de Maringá
À Deus, que me deu a vida e que me dá forças para continuar a caminhada em busca
dos meus objetivos, sonhos e planos.
À minha família que durante todo este percursso se preocupou e me deu ânimo para
que eu não desistisse. Aos meus irmãos Alessandra, Gizelly, Rodrigo e Renata que têm desde
sempre estado comigo nos momentos tristes e alegres.
À orientadora Prof. Dra. Ercilia Maria Angeli Teixeira de Paula pelo incentivo e
dedicação, por todas as orientações e todos os conhecimentos transmitidos para realização
deste trabalho. Agradeço a minha primeira orientadora, Aparecida Meire Calegari Falco, que
muito me ajudou e orientou para que eu concluisse este trabalho.
Àos meus queridos sobrinhos Ana Clara, Maria Beatriz, Murilo e Ana Laura pela
alegria contagiante, que deixam meus dias mais felizes.
Ao Rafael, meu futuro noivo, amigo e companheiro pela paciência, força e incentivo.
À Universidade Estadual de Maringá , aos professores, coordenadores e funcionários
do curso de pedagogia.
Às minhas queridas amigas Graziela, Gessica, Franciely, Mariana e Gislaine pelo afeto
verdadeiro e pelo companheirismo. Obrigada por estarem sempre ao meu lado me apoiando
em cada decisão. Tenham certeza que é com saudade que lembrarei de cada momento que,
com vocês, dividi nesses quatro anos.
PEDAGOGIA HOSPITALAR: A ESCOLARIZAÇÃO DO ALUNO NO
ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR
Karina Rafaela Ribeiro
Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula- Orientadora
Resumo
Abstract
The objective of this paper is to present the academic productions discussing Pedagogical
Household Care for children and adolescents who have chronic diseases or who underwent
surgery or who have suffered accidents that made it impossible to attend regular schools.
These children and adolescents are treated individually in their homes through home care
education by teachers and / or hospital educators who teach these students, the school subjects
they learn in their receptive schools. The methodology of this study was to review the
literature and analysis work on home care in health care and educational home. We analyze
these productions and academic contributions to the understanding of this type of educational
service. We also evaluate the difficulties and progress of this work by teaching the teacher
and / or teacher hospital. Thus, we sought to understand the characteristics of this work and
the educational processes involved. In the results we find that education and health go
together and need to get qualitative solutions for children and adolescents who can not attend
regular schools. It is the State's duty to guarantee the right to education, including home care
teaching and preparing teachers to exercise this function.
6
Introdução
7
atendimento é diferenciado e os professores são da Rede Estadual de ensino e atendem a
várias áreas no hospital e também no atendimento pedagógico domiciliar.
A partir do momento que a criança se afasta para qualquer tratamento de saúde, (por
três dias ou mais), existe uma interrupção do seu processo de ensino e aprendizagem. A
Pedagogia Hospitalar vem sendo utilizada para minimizar fatos como esse e também mostrar
à criança e aos adolescentes que o hospital não é somente um espaço que provoca dor e
sofrimento, mas pode ser um lugar de trocas de informações e saberes. O pedagogo e/ou
professor que atua nessa área precisa possuir conhecimentos necessários e básicos para lidar
com um aluno hospitalizado em idade escolar. Ele também precisa de meios para se adequar
ao hospital e dar continuidade às tarefas escolares de seus alunos.
Este trabalho surgiu a partir de vivências com o meio hospitalar através do Projeto de
Extensão “Intervenções Pedagógicas Junto a Criança Hospitalizada.”1
Naquele período, estudantes do curso de graduação de Pedagogia da Universidade
Estadual de Maringá (UEM) realizavam o projeto duas vezes por semana no Hospital
Universitário de Maringá. Atualmente, existem duas estagiárias bolsistas que vão todos os
dias e estagiários que vão aos finais de semana e realizam atividades lúdicas na pediatria com
as crianças e adolescentes internados. No período em que participei do projeto é que surgiu o
interesse em pesquisar sobre crianças e adolescentes que não possuíam meios de irem para as
suas escolas regulares e, muitas vezes, nem podiam estar nos hospitais. Desta maneira surgiu
o interesse em pesquisar sobre como ocorre o Atendimento Pedagógico Domiciliar.
Nesta pesquisa, portanto, serão abordados artigos que tratam desta nova forma de
atendimento e o trabalho será focado no Atendimento Pedagógico Domiciliar e como este se
manifesta no processo de escolarização das crianças e dos adolescentes. A metodologia deste
trabalho constitui-se na revisão de literatura.
Abaixo, encontram-se os artigos utilizados e analisados neste estudo em dois
aspectos: artigos que discutem especificamente o Atendimento Pedagógico Domiciliar e
artigos que discutem a Pedagogia Hospitalar de forma geral:
1
Projeto instalado no Hospital Universitário de Maringá, em que participei no ano de 2010, coordenado
pela Professora Celma Regina Rodriguero, hoje pela professora Aparecida Meire Calegari Falco.
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Autores (as) e Data Título do artigo Publicação
FONTES (2005) A escuta pedagógica à Artigo publicado na Revista
criança hospitalizada: Brasileira de Educação –
discutindo o papel da Universidade Federal
educação no hospital Fluminense – 2005.
BARBOSA (2009) Política de Atendimento Artigo apresentado no
Pedagógico Domiciliar na Congresso de Educação –
Rede Municipal de Ensino de EDUCERE - PUC - Curitiba,
Curitiba: Uma proposta 2009
inclusiva considerando
tempo e formas de aprender.
GODOY (2009) Atendimento pedagógico Artigo apresentado no
domiciliar – Relato de uma Congresso de Educação –
experiência ocorrida em EDUCERE – PUC –
escola da rede estadual de Curitiba, 2009.
ensino em Londrina.
GARCIA; GATTI; COSTA. Visitas Domiciliares a Artigo publicado na Revista
(2010) crianças com doenças “O mundo da Saúde” de São
crônicas: influencia na Paulo, 2010.
formação do estudante de
medicina.
PAULA; ZAIAS. (2010) A produção acadêmica sobre Artigo publicado em Revista
práticas pedagógicas em Cientifica “Educação
espaços hospitalares: analise Unisinos” de Ponta Grossa –
de teses e dissertações PR, 2010.
AVANZINI; SILVA. (2011) A educação hospitalar e Artigo apresentado no
domiciliar: a identidade Congresso de Educação –
pedagógica dos professores EDUCERE – Curitiba –
que atuam no PUC- 2011.
SAREH/SEED/PARANÁ.
JUNIOR; TAVERNARD; A percepção, a visualidade e Artigo apresentado no
BARBOSA; ABE; a mitologia amazônica: Encontro Nacional de
MOURÃO. (2012) possibilidades estético- Atendimento Escolar
pedagógicas na Classe Hospitalar & Seminário de
Hospitalar. Educação Popular e Saúde de
Belém - PA, 2012.
SILVA; SOUZA; LEAL. Programas de atendimento Artigo apresentado no
(2012) domiciliar para crianças com Encontro “Pesquisando em
necessidades especiais de Enfermagem” da UFRJ
saúde. (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), 2012.
ESTEVES (s/d) Pedagogia Hospitalar: um Sem identificação.
breve histórico
9
A Pedagogia em diferentes contextos
10
estimulação desse desenvolvimento. A perspectiva Interacionista afirma que o processo
educativo ocorre por meio da interação entre o sujeito e o meio.
Libâneo (1998) diz que o campo de atuação do profissional formado em Pedagogia é
tão vasto quanto são as práticas educativas na sociedade. Para ele, em todo lugar no qual
houver uma prática educativa com caráter de intencionalidade, existe a Pedagogia.
(LIBÂNEO, 1998, p. 43-44)
No que se refere à identidade do pedagogo e ou professor no hospital e no atendimento
pedagógico domiciliar, acreditamos que a perspectiva Interacionista é necessária para que
esse profissional saiba conciliar a teoria aprendida em sua docência com a prática vivida em
sala de aula, em contato e interação com esses alunos hospitalizados, ou nas casas dos alunos
através do ensino individualizado. Para Libâneo (1988, p. 47): “A identidade do profissional
pedagogo é reconhecida, portanto, na identidade do campo de investigação e na sua atuação
dentro da variedade de atividades voltadas para o respeito e para o educativo e com as
pessoas”.
A autora Pimenta (1996) juntamente com os autores Libâneo, Mazzotti e Nóvoa,
produziu uma coleção de textos e elaborou a obra “Pedagogia, ciência da educação?”, Onde
é discutida a Pedagogia como uma Ciência da Educação e consideram que é possível
constituir essa ciência através das práticas educativas. Nos diversos textos escritos,
encontramos o trabalho do professor como educador de uma ciência autônoma. Os autores
descrevem que as ciências da educação devem integrar as diversas racionalidades, não caindo
no totalitarismo da exclusão, mas antes na diversidade e pluralismo. (PIMENTA, 1996, p.
83).
Pensando numa forma de educação diferenciada e com suas particularidades, a
contribuição da Pedagogia Hospitalar é expressiva para entender a relação entre educação e
saúde por considerar o indivíduo na sua totalidade. Contudo, fica claro que a educação não se
restringe somente a instituições escolares, ela está muito além dos limites dos muros da
escola. Libâneo (1998) relata que a educação está em todos os lugares, seja para ensinar,
aprender ou para aprender-e-ensinar.
Ela é um campo totalmente vasto no qual o profissional formado em Pedagogia e
licenciaturas se relaciona com todas as atividades de aprendizagem e de desenvolvimento.
Para esse autor, onde existir uma prática educativa com intencionalidade haverá uma
Pedagogia, portanto o papel do pedagogo é também fora da escola formal. Libâneo (1998)
11
deixa claro que o pedagogo é um profissional que deve saber lidar com fatos, estruturas,
contextos e situações todas referentes à prática educativa em suas várias modalidades.
A seguir apresentaremos os autores que discutem a inserção da Pedagogia nos
hospitais apresentando várias intencionalidades no processo educativo: formação intelectual,
humana e lúdica das crianças e adolescentes envolvidos.
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práticas nos hospitais. A Pedagogia Hospitalar é um suporte lúdico e pedagógico dos mais
importantes, porque não isola o escolar na condição pura de doente, mas sim o mantém
integrado em suas atividades da escola e da família e apoiado pedagogicamente na sua
condição de doente. (MATOS; MUGIATTI, 2006, p. 47).
Fonseca (2003, p. 46) discorre sobre o atendimento escolar no ambiente hospitalar
como uma realidade que deveria ser muito bem trabalhada nas universidades de educação e
discute sobre o atendimento do sujeito hospitalizado que possui necessidades que devem ser
atendidas, da sua obra “Atendimento Escolar no Ambiente Hospitalar”, é importante ressaltar
que a criança e o adolescente não trabalham de forma isolada. Eles constroem novos
conceitos, os reformulam e os aprimoram diante das trocas que realizam com os professores e
com os colegas:
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Zaias e Paula (2010) relatam que nem sempre ter um professor no hospital é sinônimo
de um processo pedagógico de qualidade. O profissional que está nesta área, precisa possuir
muita sensibilidade, comunicação, didática e saber expor suas finalidades e objetivos. Deve
ouvir a criança e/ou adolescente, ouvir suas ansiedades, história, desejos e medos. Deste modo
construirá um bom vínculo com a criança e/ou adolescente internado. Caso contrário, o
atendimento poderá não ser gratificante.
O pedagogo e/ou professor hospitalar deve entrar em contato com a escola para
solicitar o currículo que a criança ou adolescente se encontra. Deste modo, ele desenvolverá
atividades específicas do ano escolar dos alunos. Além, do atendimento dentro do hospital,
como já mencionamos anteriormente, foi elaborado para benefício daqueles que não podem
frequentar a escola, e nem o hospital, o atendimento domiciliar que é uma maneira de maior
satisfação e acomodação do aluno para receber o atendimento escolar em sua casa. Nestes
casos, os professores se deslocam dos hospitais ou de suas escolas de origem para os
domicílios das crianças e adolescentes impossibilitados de irem ao hospital. Tanto no
ambiente hospitalar como domiciliar, é importante que o professor adote um currículo
flexível:
[...] o ambiente hospitalar não possui o mesmo grau de sistematização
e acumulação de conhecimento proposto pela escola, tendo em vista as
suas particularidades (estado emocional, doença e saúde dos
hospitalizados), bem como os rituais que acontecem no hospital
(intervenções médicas). (ZAIAS; PAULA, 2010, p. 229).
Uma grande ferramenta para atingir uma educação de qualidade e mais prazerosa é a
brincadeira.
E ainda:
A auto estima e o lúdico das crianças e adolescentes muitas vezes são suprimidos pela
enfermidade e pelo sentimento de impotência. Por meio de ações pedagógicas realizadas nos
hospitais ou nos domicílios, se estabelece uma relação entre professores/alunos e
alunos/professores. Existe uma ampliação dos conhecimentos de ambos. Os resultados da
auto estima dos alunos, pós esses diálogos, atividades e brincadeiras são consideráveis no
processo de ensino aprendizagem. Para Matos (2009, p. 100) “a criança, ao receber estímulos
na escolarização hospitalizada tem sua auto-estima elevada, o seu desenvolvimento intelectual
se dá num processo mais natural e benéfico, mostrando todo o seu potencial, podendo esta
criança diminuir sua hospitalização”.
A necessidade de implantação de escolas nos hospitais já é reconhecida pela legislação
brasileira como um direito às crianças e adolescentes hospitalizados. A resolução nº 41/95
(BRASIL, 1995) trata especificamente os Direitos das Crianças e dos Adolescentes
hospitalizados. O artigo 9, dessa mesma resolução enfatiza os direitos: “direito de desfrutar de
alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do
currículo escolar durante sua permanência hospitalar.” (BRASIL, 1995, p. 01).
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O Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 2001) instituiu algumas Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. No artigo 13 é referida a
necessidade da relação entre a escola e os sistemas de saúde para que a continuidade da
aprendizagem não seja interrompida. Deste modo, quando eles voltarem para as escolas não
estarão atrasados ou até mesmo perdidos.
As leis que amparam a educação em contexto hospitalar vêm reforçar e legitimar o
direito a educação, visto que o desenvolvimento de uma criança, bem como o seu aprendizado
não para em virtude de uma internação. (ZAIAS; PAULA, 2010, p. 224).
Não devemos enxergar o hospital apenas como um espaço onde encontramos uma
maneira de reabilitação da saúde. Neste ambiente existem outros profissionais além da equipe
essencial para exclusivos cuidados com a saúde. Exemplos são os professores e os pedagogos.
Zaias e Paula (2010) relatam que muitos desconhecem as práticas dos professores nos
hospitais e não sabem a extrema importância destes profissionais e como influenciam os
alunos internados:
[...] as ações nas escolas nos hospitais exigem dos professores vontade
e determinação para se trabalhar com a diversidade humana e
diferentes experiências culturais, de modo que identifiquem as
necessidades educacionais dos sujeitos hospitalizados, bem como
sejam capazes de inserir modificações e adaptações curriculares no
processo de ensino aprendizagem. [...] as salas de aulas, normalmente,
são multisseriadas e os professores são polivalentes. (PAULA;
ZAIAS, 2010, p.228).
2
A Classe Hospitalar foi criada para assegurar as crianças e aos adolescentes hospitalizados, a continuidade dos
conteúdos regulares, possibilitando um retorno após a alta sem prejuízos a sua formação escolar. (ESTEVES,
s/d, p. 5). De acordo com Zaias; Paula (2010,p.224): “Muitos pesquisadores consideram a expressão classe
hospitalar insuficiente para atender as demandas que existem. Taam (2004) argumenta que o conceito classe
hospitalar configura esta modalidade de ensino como um anexo das escolas regulares, enfraquecendo a
autonomia desse sistema. Assim, atualmente, são várias as nomenclaturas utilizadas pelos diversos estudiosos da
Pedagogia Hospitalar. Matos (2008) utiliza o termo “escolarização hospitalar”, Fonseca (2008) faz uso dos
termos “escola hospitalar”, “atendimento pedagógico-educacional hospitalar”. Há autores, como Paula (2005) e
Arosa e Shilke (2007), que utilizam o conceito “escola no hospital” para definir as práticas pedagógicas neste
ambiente. Considera-se que o termo “escola no hospital” é o mais apropriado, pois abrange a necessidade de uma
estrutura complexa, não somente professores deslocados de suas escolas de origem (das prefeituras e dos
Estados). Torna-se importante que as escolas nos hospitais possuam um número de profissionais que possam
contemplar as várias áreas do conhecimento das crianças, os diferentes níveis de escolaridade e também
coordenadores pedagógicos para mediar a relação das escolas nos hospitais com as escolas regulares”. Desta
forma, no decorrer da pesquisa utilizaremos o termo ‘escola no hospital’.
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limitaremos aqui a apresentar os atendimentos nos hospitais que o SAREH atende: 1)
Associação Hospitalar de Proteção à Infância Doutor Raul Carneiro/ Hospital Pequeno
Príncipe – Curitiba; 2) Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia – APACN
– Curitiba; 3) Hospital de Clinicas da Universidade Federal do Paraná – Curitiba; 4) Hospital
do trabalhador – Curitiba; 5) Hospital Erasto Gaertner – Curitiba; 6) Hospital Universitário
Evangélico de Curitiba – Curitiba; 7) Hospital Universitário Regional – Maringá; 8) Hospital
Universitário Regional do Norte do Paraná – Londrina; 9) Hospital Universitário do Oeste do
Paraná – Cascavel; 10) Hospital Infantil Doutor Waldemar Monastier – Campo Largo e 11)
Hospital Regional do Litoral – Paranaguá.
No caso de internação e afastamento da escola por mais de 90 dias e se o laudo médico
propuser liberação do ambiente hospitalar e a recomendação for do aluno não frequentar as
aulas na instituição escolar, a Pedagogia Hospitalar é adequada e deve proporcionar ao aluno
o atendimento pedagógico domiciliar que é uma maneira eficaz a qual ultrapassa os portões
da escola e do hospital. Mas esse tipo de atendimento não deixa de lado, o ensino e
aprendizagem, que são os objetivos que devem ser transmitidos, além do lúdico e do cuidado
emocional e familiar.
O Atendimento Pedagógico Domiciliar pode ser iniciado pela própria família da
criança. Posteriormente, essa família deve se encontrar na situação de receber o professor em
sua casa. No caso do aluno, ele oportuniza que o profissional adequado realize esse trabalho e
traga conhecimentos novos. O profissional deve estar preparado para realizar este tipo de
atendimento. Portanto, é importante a visita e o trabalho do pedagogo e/ou professor no lar da
criança e adolescente que já não pode se mover para outros lugares.
Atendimento Domiciliar
No Brasil existe um sistema que promove atenção à saúde para um grande número de
pessoas que procuram os hospitais e unidades públicas que constituem o Sistema Único de
Saúde (SUS). Este programa foi criado com base no artigo 196 e 198 da Constituição Federal
de 1988, que consiste:
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Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
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seriedade para que ela seja desenvolvida com respeito às pessoas, acolhimento, direito de cada
um ter oportunidades iguais, ter olhos voltados para o ser global.
Para que esse Atendimento Domiciliar (AD) seja realizado, foi implantado o Programa
Saúde da Família ou Estratégia Saúde da Família (PSF/ESF). Este programa foi criado no ano
de 1994, por meio da parceria entre o Ministério da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para
a Infância/UNICEF. Acredita-se que a oferta de alguns serviços à comunidade em suas
próprias casas resulta em melhorias na saúde e privilegia a atenção integral. Este programa
tem como função promover o conceito de saúde como direito à cidadania, a humanização no
atendimento, a prevenção de doenças com a identificação dos fatores de risco e a participação
da comunidade.
O PSF/ESF deve manter uma equipe composta por 01 médico, 01 enfermeiro, 01
auxiliar ou técnico de enfermagem e 04 a 06 Agentes Comunitários de Saúde. Esta equipe
realiza visitas aos domicílios de famílias que utilizam a Unidade Básica de Saúde e o Hospital
Público como meio de assistência a sua saúde e geralmente são crianças de 0 a 5 anos de
idade, adolescentes, adultos e jovens com risco e idosos. O método de trabalho desta equipe
se inicia com o Agente Comunitário de Saúde que antes de todos, vai até a casa dos pacientes
e os identifica, isto é, o agente cadastra as famílias e identifica se existe algum sinal de risco.
Para isso, ele leva consigo uma ficha de cadastro na qual anota todas as informações
necessárias. Ao identificar qualquer problema de saúde, o próximo passo é encaminhar para a
Unidade ou Hospital onde está instalado o PSF/ESF. Deste modo, o médico avalia o caso e o
paciente em questão e faz orientações precisas após o diagnóstico, assim o médico e a equipe
acompanham o caso. A visita domiciliar é feita várias vezes somente quando o paciente está
acamado. Ou seja, existe uma equipe criada para atender a família, mas o atendimento
domiciliar é realizado apenas pelo agente que diariamente precisa estar nas ruas “rastreando”
e acompanhando os casos e problemas de saúde das comunidades.
Como podemos observar o trabalho da PSF/ESF está localizado nestes quatro
princípios: identificar, encaminhar, orientar e acompanhar. Quando o médico ou enfermeira
saem para as visitas é para verificar pressão arterial ou aplicar vacinas entre outros
procedimentos nos pacientes acamados que geralmente são idosos. Quando raro, os
profissionais vão até a casa de crianças e as atendem.
No Estatuto da criança e do adolescente – ECA- Lei 8.069/1990, artigo 11, é
assegurado atendimento integral a saúde da criança e do adolescente, por intermédio do SUS,
garantindo o acesso universal e igualitário as ações e serviços para promoção e recuperação
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de saúde. De igual forma, é direito da criança e do adolescente receber um atendimento
especializado e com recursos para o tratamento.
Leal; Souza e Silva (2012, p. 06) relatam que o atendimento domiciliar é visto muitas
vezes como uma estratégia para desospitalização. O objetivo do A.D é retirar o paciente do
meio hospitalar e levar para o seu domicílio, trazendo benefícios como a diminuição das re-
internações, a redução de risco de infecção, e o aumento da qualidade de vida do paciente e de
seus familiares.
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visitas são mais focadas para crianças que ainda não estão em fase escolar, geralmente são
crianças entre meses de vida até os cinco anos de idade, se preocupam com o comportamento
nutricional. O programa, que é de muita importância, poderia estar mais atento para estas
questões.
Porém, já existem estudos que vivenciam esta realidade. Encontramos o artigo de duas
estudantes graduadas em medicina pelo Centro Universitário São Camilo em São Paulo que
realizaram um estudo no ano de 2010. A pesquisa teve como titulo: “Visitas Domiciliares a
crianças com doenças crônicas: influência na formação do estudante de medicina”. De
acordo com as autoras, é preciso dar voz as crianças e compreendê-las, a partir dos discursos
que elas realizam relatando o significado da doença ou até mesmo a falta que elas sentem das
atividades que são limitadas. O atendimento Domiciliar tem sido de grande eficácia na
diminuição de sofrimento para o paciente e seus familiares, bem como um fator de redução de
custos para o sistema de saúde. É importante dizer que a equipe de saúde que realiza visita a
pacientes que são crianças, incorpore atividades educativas ao tratamento, relatam que
recursos como brinquedos, livros e vídeos pedagógicos conduzem a pequenos progressos aos
pacientes. (COSTA; GARCIA; GATTI, 2010).
Ainda neste mesmo artigo podemos encontrar relatos dos estudantes após a realização
da visita, abaixo mencionaremos alguns comentários:
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profissional que conheça o processo da educação, pois o artigo declara que o médico da
família é sempre o educador. (COSTA; GARCIA; GATTI, 2010, p. 333-334).
Por este motivo, a importância da Visita Domiciliar e do Atendimento Pedagógico
para a criança e o adolescente através do profissional pedagogo e do professor. A equipe de
saúde que realiza este trabalho não tem tempo por motivo do grande número de pacientes e a
série de procedimentos que realizam durante a visita, assim como não tem formação e sua
função não é esse trabalho. A criação do Atendimento Pedagógico Domiciliar (APD), com
certeza, traz melhorias ao tratamento das crianças e adolescentes que não podem estar se
movendo para o hospital, escola ou qualquer outro lugar.
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de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial
ou permanência prolongada em domicilio. (BRASIL, 2001)
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atividades para serem feitas no decorrer da semana. Este processo é de grande valia para os
professores, tornando o acesso mais fácil e prático. Não podemos questionar o quanto hoje as
crianças e adolescentes estão envolvidos nas novas tecnologias, a rapidez do desenvolvimento
dos equipamentos tecnológicos que tem crescido com muita intensidade. Tornando as novas
gerações capazes de utilizá-los sem dificuldades.
O professor para participar desta nova modalidade de ensino deve ter formação
preferencialmente em habilitação de Pedagogia com especialização em psicopedagogia ou
Educação Especial, assim como experiência como docente em ambiente hospitalar, além de
ser um conhecedor de múltiplas formas de ensinar e aprender e deve saber gerenciar as tarefas
propostas (isso varia de municípios para municípios). Precisa aceitar o desafio e adequar-se as
adaptações tecnológicas possíveis e necessárias para enriquecimento do processo de ensino e
aprendizagem. (BARBOSA, 2009).
O pedagogo e/ou professor durante os atendimentos deve se organizar no seu tempo,
para que construa um ambiente de aprendizagem efetivo e eficaz, que atenda ao ritmo da
criança. Sem ultrapassar a hora de atendimento e muito menos ter pressa para que a aula
chegue ao fim. É preciso ter equilíbrio e organização nos atendimentos domiciliares, pois cada
estudante tem seu tempo para aprender e compreender. Segundo Barbosa (2009) só se
constrói algo com intenção, tempo e planejamento, ele ainda diz que o APD oportuniza ao
aluno a continuidade de sua vida escolar. Isso tem sido um aprendizado constante de vida, de
esperança e persistência. Os estudantes atendidos de maneira geral demonstram uma
vivacidade impressionante, a vontade de aprender é latente a cada encontro e os resultados são
significativos.
Muitos alunos que participam deste ensino estão muitas vezes no portão e janelas de
suas casas, esperando pelo professor e/ou pedagogo. Além de um encontro pedagógico, é
também um encontro humano, sincero, responsável, prazeroso e repleto de entusiasmo.
(BARBOSA, 2009). É importante ressaltar aqui a importância de conhecer e conversar com a
criança, dessa forma, ela poderá se auto-afirmar e reconstruir também seus valores. (Matos,
2009). A criança precisa de alguém que lhe dê a oportunidade da escuta pedagógica:
O APD é uma interação entre ambientes e deve haver uma relação entre o ambiente
escolar, ambiente domiciliar e ambiente hospitalar. No ambiente escolar o professor deve
estar acompanham do mesmo modo o educando, pois pode haver durante estes períodos de
aula alguma ocorrência, como: perda de memória, cansaço, sonolência e o professor tem que
estar o ajudando muitas vezes no contra-turno o que foi visto na sala de aula. No ambiente
domiciliar o professor deve caminhar conforme o aluno caminha no seu tratamento e por fim
no ambiente hospitalar, o professor segue os horários de disponibilidade dos alunos e da
continuidade ao estudo da criança da onde ela interrompeu. (GODOY, 2009)
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Os professores do APD possuem atribuições e regras que devem ser seguidas
normalmente, assim como um professor de classe normal. Ele pode participar dos
planejamentos junto com os professores da sala de aula do aluno que será atendido, para saber
mais sobre o que deve ser estudado, ter um conhecimento dos conteúdos que serão
trabalhados e realizar hora atividade diferenciada, isto é, o professor que desempenha o APD
não possui horários de aula fixos, ele se adapta aos horários disponíveis do aluno, portanto
fica a critério da disponibilidade dos períodos vagos do professor para realizar seu
planejamento e elaborar suas aulas.
O professor antes de iniciar as aulas na casa dos alunos, tem a opção de ir ate a
instituição escolar da criança ou adolescente, recolher as atividades propostas para aquele dia,
construída pelos docentes da escola para realizar com seu aluno, o mediando no que precisar.
Avanzini e Silva (2011) relatam que o atendimento domiciliar aqui no Paraná, tem 12
horas semanais por aluno. Nestas horas o professor é do aluno, o estudo é individualizado e as
12 horas são de uso exclusivo ao aluno. O SAREH proporciona aos professores e pedagogos
que realizam visitas pedagógicas encontros de formação com temáticas que fazem parte do
cotidiano de cada profissional. Dessa forma, as ações educativas que esses profissionais
realizam, conseguem atingir os objetivos propostos junto ao aluno com suas enfermidades.
Além de reuniões entre professores e responsáveis do NRE e do DEEIN/SAREH na
SEED, os professores discutem questões tanto pedagógicas, como administrativas,
relacionadas a esse tipo de atendimento. Nas horas atividades (que também é um direito do
professor hospitalar), eles podem preparar suas aulas e visitar as escolas dos alunos, assim
como participar das reuniões pedagógicas das instituições que os alunos faziam parte.
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O trabalho do professor é ensinar, não há dúvida, mas isso será feito tendo-se em vista
o objetivo maior; a recuperação da saúde, pela qual trabalham todos os profissionais de um
hospital. (TAAM apud FONTES, 2005, p. 121-122).
Fontes (2005) ainda diz que é importante perceber a criança e seus familiares como
seres pensantes que, quando chegam ao hospital, já trazem histórias de vida e conhecimentos.
Assim como também é preciso pensar nas crianças e adolescentes que recebem atendimento
pedagógico domiciliar, pois eles também apresentam marcas da hospitalização e de suas
doenças.
Considerações Finais
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Pedagogia Hospitalar deve valorizar o espaço de expressão (coletivo ou individual) e
acolhimento das emoções. (FONTES, 2005). Sendo assim, o período em que o aluno fica
internado pode ser um período de ensino e novas aprendizagens que levam para o
desenvolvimento. Assim como o período em que está em sua casa sem poder sair.
Ficar doente faz parte de nossas vidas, porém, há casos que necessitam de
hospitalização e os que precisam ficar em casa traz consequências emocionais e sociais pois
ficam afastados dos amigos e da escola. Existem muitas crianças que são carentes e em seu
ambiente domestico muitas vezes não recebe o atendimento solicitado pelo médico, entretanto
para essas crianças o hospital traz mais conforto e cuidados essenciais. Ficar doente ou
possuir uma doença crônica que impede esses alunos de saírem de suas casas pode ser mais
difícil quando os adoentados são crianças ou adolescente que levam consigo para o hospital e
suas vidas certas marcas, como a discriminação por estar doente e debilidade física e
emocional. Quando internados ou se têm que ficar em casa, eles deixam para trás uma parte
importante da sua vida, a infância e a adolescência, períodos fundamentais para
desenvolvimento cognitivo.
O dever de profissionais da educação é garantir que o aluno tenha seu direito de
escolarização respeitando mesmo que esteja associada à doença. A Pedagogia pode trabalhar
com esses alunos, utilizando como meio de educação seus aspectos afetivos, cognitivos,
físicos e sociais.
O APD é um desafio para o aluno e também para toda família. Apesar de todas as
limitações que são postas para o aluno, a transformação acontece quando o profissional da
educação atua com responsabilidade e compromisso técnico, garantindo visitas pedagógicas
de qualidade e muita interação com o aluno, desse modo os resultados aparecem mais cedo do
que esperamos durante a recuperação. No APD é importante respeitar o aluno na sua
individualidade com seu próprio universo.
Concluímos que é possível pensar em um ambiente hospitalar e domiciliar como
espaços de educação para crianças e adolescentes, entre jovens e adultos que estejam em
idade escolar. Podem ser pensados espaços de encontros, transformações e desejos para que o
desenvolvimento seja integral. Para isso, é preciso que enxerguemos as crianças e
adolescentes como pessoas saudáveis. Precisamos compreendê-los, respeitá-los e
principalmente, auxiliá-los no que necessitarem.
Referências
29
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pedagógica dos professores que atuam no SAREH/SEED/PARANÁ. EDUCERE –
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32