Sei sulla pagina 1di 6

SENTENÇA

Vistos etc.

Tratam os autos de Ação Ordinária de Restabelecimento


de Pagamento de Pensão por Morte e Indenização de Danos Morais e Materiais, com
pedido de antecipação dos efeitos da tutela, movida por Pedro Rubens Pereira da Silva,
devidamente qualificado nos autos, em desfavor do Estado da Bahia, também
identificado no feito. Aduz o autor, em apertada síntese, que era casado com servidora
estadual aposentada, cujo óbito ocorreu em 17/05/2001. Narra que, em 04/06/2001,
requereu o pagamento de pensão por morte, tendo o pleito sido deferido em 18/09/2001,
porém, em novembro de 2015, sob o fundamento de que o autor teria constituído união
estável, o requerido promoveu, administrativamente, o cancelamento do pagamento da
pensão por morte, bem assim destituiu o autor da condição de pensionista. Assevera o
autor, que, em recadastramento realizado perante o requerido, informou que tinha uma
namorada e que se tratava de relacionamento amoroso e não de convivência com a Sra.
Creuza Monteiro Silva, tendo o mesmo durado de 2007 a 2011. Em virtude do exposto,
requer a parte autora, em antecipação de tutela, o restabelecimento do benefício de
pensão por morte ora pleiteado e, ao final, a procedência dos pedidos, com a
condenação do Estado da Bahia Ré ao pagamento do benefício de pensão por morte,
com o pagamento das parcelas vencidas desde a data que cessou o pagamento, bem
como as vincendas até a data da implantação do benefício, devidamente corrigidos
monetariamente e com a aplicação dos juros.

No ID 3433892, o feito fora despachado, tendo sido


indeferida a antecipação de tutela requerida, bem assim determinada a citação da parte
acionada.

Em petição acostada ao ID 4603689 informou o ente


requerido não ter interesse na realização da audiência de conciliação marcada para o dia
30/01/2017, bem assim requereu o cancelamento da referida audiência.
Na audiência realizada no dia 30 de janeiro de 2017 (ID
4627426), a parte requerida não compareceu, restando frustrada a possibilidade de
conciliação.

A parte requerida, devidamente citada, não apresentou


contestação no prazo legal.

Neste contexto, vieram-me os autos conclusos.

É o relatório. Fundamento e decido.

Verifica-se que o feito está maduro para julgamento, nos


moldes do art. art. 355, CPC/2015, razão pela qual passo ao julgamento antecipado da
lide.

In casu, o cerne da questão envolve a constituição de


união estável pelo autor, bem assim sua aptidão para viabilizar o cancelamento, pelo
requerido, do pagamento da pensão por morte a que fazia jus em virtude do falecimento
de sua esposa, servidora pública estadual.

A legislação de regência, Lei estadual nº Lei 7249/98, com


as alterações posteriores, dispõe em seu art. 10, V, que:

Art. 10 - A perda da qualidade de dependente ocorrerá:


[...] V - para todos os dependentes, inclusive menores, pelo casamento ou concubinato;

Em que pese a literalidade da lei, não há falar em


aplicação divorciada do disposto no art. 5º, da LINDB - Lei de Introdução das Normas
do Direito Brasileiro, o qual assevera que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.

Desta forma, o art. 10, V, da Lei nº 7.249/98, deve ser


interpretado de modo a garantir-se o fim visado pelo legislador ao instituir o benefício
de pensão por morte, qual seja, o amparo financeiro ao beneficiário.

Em relação ao caso ora em análise, veja-se o disposto no


art. 1º, II, da Lei nº 7.249/98:
Art. 1º - O Sistema de Seguridade Social dos Servidores
Públicos Estaduais, reorganizado por esta Lei, visa a dar cobertura aos riscos a que
estão sujeitos os servidores públicos, seus dependentes e pensionistas, e compreende
o conjunto de benefícios e serviços que atendam às seguintes finalidades:[...] II -
garantia dos meios de subsistência nos eventos de doença, invalidez, velhice,
acidente em serviço, inatividade, falecimento e reclusão; [...]. [gn]

Nesse contexto, para incidência da norma previdenciária


em análise deve-se verificar, no caso concreto, se as novas núpcias ou o estabelecimento
de uma união estável implicaram, efetivamente, em alteração da condição econômica do
beneficiário.

Solução diversa implicaria em desvirtuar o desiderato do


instituto da pensão por morte, ou seja, o amparo econômico ao beneficiário, em virtude
do falecimento da pessoa responsável pela manutenção do lar, ainda que inalterada a
condição socioeconômica do beneficiário em relação ao momento da concessão de
benefício.

No presente caso, a parte autora, ao preencher documento


relativo a recadastramento informou, em 13/04/2015, que mantivera um relacionamento
com determinada pessoa, o qual durou de 24/07/2007 a 17/04/2012. De posse dessa
informação, o requerido, sem qualquer alegação de alteração da condição
socioeconômica, decidiu, fundamentado exclusivamente na literalidade do disposto no
art. 10, V, da Lei nº 7.249/98, pela exclusão do autor do cadastro de pensionistas do
FUNPREV (ID 2289772, 2289782, ).

Sobre a questão, veja-se julgado do Egrégio Superior


Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE


CÔNJUGE. NOVO CASAMENTO. CANCELAMENTO INDEVIDO.
MODIFICAÇÃO DA CONDIÇÃO FINANCEIRA NÃO DEMONSTRADA.
SÚMULA N. 170/TFR. 1. O novo matrimônio não constitui causa ou perda do direito
integrante do patrimônio da pensionista. Precedente. 2. A ausência de comprovação
da melhoria financeira da viúva de ex-segurado, com o novo casamento, obsta o
cancelamento da pensão por morte até então percebida. Inteligência da Súmula 170
do extinto TFR. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no Ag 1425313/PI, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/04/2012, DJe
09/05/2012).

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. VIÚVA.


CANCELAMENTO POR AMASIAMENTO. PROVA DE DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA. SÚMULA 170-TFR. Sem comprovação de que houve melhoria
econômico financeira com o amasiamento, sendo presumida a dependência da
mulher para com o marido, não é possível a cassação da pensão. Entendimento,
mutatis mutandis, da Súmula 170-TFR. Recurso não conhecido (REsp 337.280/SP, Rel.
Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 19/03/2002, DJ 22/04/2002, p.
233)

Registre-se, ainda, que a informação prestada pela parte


autora em seu formulário de recadastramento noticia uma união estável que já se
encontrava extinta na data do preenchimento do referido documento, como demonstrado
alhures, sendo o caso de entender-se não ser o caso de cancelamento, pois restaria
ausente, repita-se, a melhoria na situação econômico financeira do beneficiário,
verdadeiro legitimador da perda da condição de pensionista.

Sobre este tema, mutatis mutandi, veja-se julgado do


Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.


CASAMENTO DA BENEFICIÁRIA. CANCELAMENTO. POSTERIOR
SEPARAÇÃO JUDICIAL. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO.
NECESSIDADE. RESTABELECIMENTO. FIM SOCIAL DA NORMA. - O órgão
julgador a quo, ao determinar o restabelecimento do benefício previdenciário da autora,
fundou-se na situação de penúria da mesma, acometida de câncer maligno e desprovida
de recursos financeiros. - Negar o restabelecimento da pensão à viúva que em
virtude de casamento teve seu benefício cancelado, ocorrendo a separação judicial
e consequente retorno da mesma ao estado anterior, significa contrariar o próprio
fim social contido na legislação. - Recurso especial não conhecido. (REsp 321.083/RS,
Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 28/06/2001, DJ
20/08/2001, p. 555)

Ora, se o fim visado pela Lei nº 7.249/98, art. 1º, II, fora
cobrir os riscos a que estão sujeitos os servidores públicos, seus dependentes e
pensionistas, garantindo os meios de subsistência em caso de ocorrência de alguns
eventos, no particular, morte, da análise de tudo que já fora dito alhures, não havendo a
Fazenda Pública demonstrado que o estabelecimento da união estável implicou em
alteração positiva da condição socioeconômica do autor, deve-se aplicar a regra de
hermenêutica jurídica segundo a qual onde houver o mesmo fundamento haverá o
mesmo direito e onde há a mesma razão de ser, deve prevalecer a mesma razão de
decidir.

Nessa linha de intelecção, verifica-se que fora ilegítima a


exclusão da parte autora do cadastro de pensionistas do FUNPREV, bem assim a
cessação dos pagamentos de seu benefício, devendo ser reinserido no cadastro, voltando
à condição de pensionista e, consequentemente, a receber os valores a que faz jus.

Em relação aos valores vencidos, são devidos desde a data


da cessação, por decisão administrativa, dos pagamentos, qual seja, 18/11/2015, data da
efetivação da exclusão do cadastro de pensionistas (ID 2289790 - Pág. 2).

Posto isso, e por tudo mais que dos autos constam,


JULGO O PEDIDO PROCEDENTE para restabelecer ao Sr. PEDRO RUBENS
PEREIRA DA SILVA o benefício de pensão por morte, em face do falecimento da Sra.
Julia Maria Lima Borges Barros da Silva, condenando ainda o ente requerido ao
pagamento das parcelas vencidas, com termo inicial a partir de 18 de novembro de
2015, corrigidas monetariamente as parcelas vencidas, a partir da propositura da
demanda, bem como acrescidas de juros que devem ser calculados na forma art. 1.º-F da
Lei nº 9.494/97, com redação da pela Lei nº 11.960/2009.

Antecipo os efeitos da tutela de mérito, nos termos do art.


294, caput c/c art. 300, caput, ambos do CPC/2015, determinando ao ESTADO DA
BAHIA que implemente o benefício previdenciário restabelecido nesta sentença em
relação ao Sr. PEDRO RUBENS PEREIRA DA SILVA, no prazo de 15 (quinze) dias a
contar da intimação desta sentença, sob pena de multa diária no valor de R$ 200,00
(duzentos reais), em favor do da parte autora, nos termos do caput do art. 537 do novo
Código de Processo Civil.

Condeno o réu ao pagamento dos honorários advocatícios,


estes no importe de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos moldes do
art. 85, § 2º c/c § 3º, I, do NCPC. Sem custas processuais em razão de figurar o Estado
da Bahia no polo passivo da demanda.

Sentença sujeito ao duplo grau de jurisdição em razão de


se tratar de sentença ilíquida.

P.R.I.

Entre Rios/BA, 19 de julho de 2017.

Cícero Dantas Bisneto

JUIZ DE DIREITO

Potrebbero piacerti anche