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Conversão Eletromecânica
CAMPINA GRANDE - PB
Março de 2011
Resumo
2.1 Domı́nios desalinhados. (b), (c) e (d) domı́nios se alinhando com o campo externo . . 13
3.2 Distribuição de linhas de indução geradas pela corrente i em um enrolamento com núcleo
de material de alta permeabilidade magnética relativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3
4
Introdução 1
Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Materiais Magnéticos. 11
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7
3.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Considerações Finais 34
Referências Bibliográficas 35
Introdução
Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é fazer um estudo das leis fundamentais da eletrotécnica
apresentadas a partir das equações de Maxwell. Assim como estudar as principais caracteristicas dos
materiais magnéticos, aplicando esses conhecimentos no modelamento de circuitos magnéticos simples.
1
Capı́tulo 1
1.1 Introdução.
Neste capı́tulo, as leis fundamentais da eletrotécnica são apresentadas a partir das equações de
Maxwell, tronco principal do eletromagnetismo contemporâneo.
2
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 3
Figura 1.1: Eletromagnetismo a partir das equações de Maxwell, segundo J. P. Assumpção Bastos.
~
a) Campo elétrico E:
Uma carga Q sempre gera um campo elétrico ao seu redor, que é invisı́vel mas existe; ele pode
ser percebido se colocarmos uma outra carga q (denominada carga de prova) nas proximidades desta.
Esta carga de prova q será atraı́da ou repelida, dependendo do seu sinal, e a força elétrica responsável
por isso pode ser calculada usando-se a Lei de Coulomb. Podemos também, calcular o valor do
campo elétrico presente em uma região do espaço; pegando uma carga de prova q de valor conhecido
e coloque-a em uma região do espaço onde exista um campo elétrico. Ela certamente será atraı́da ou
repelida, ou seja, em ambos os casos haverá uma força elétrica F~ que agirá sobre a pequena carga q.
Se soubermos o valor desta força, poderemos calcular o valor do campo elétrico usando a expressão:
~
~ = F.
E (1.1)
q
~ é o campo elétrico, e sua unidade é N/C (Newton por Coulomb) F~ é a força elétrica, em
E
Newtons (N ) que atua sobre a carga de prova q, medida em Coulomb (C).
Devemos saber que cargas negativas geram campos de aproximação, ou seja, o vetor campo
elétrico sempre aponta para a carga geradora. Já as cargas positivas geram campos de afastamento,
ou seja, o vetor campo elétrico aponta para o sentido contrário ao do centro da carga geradora. Tais
idéias são mostradas nas figuras seguintes.
Q
E=K . (1.2)
d2
Aqui K é a constante eletrostática, que vale 8.988×109 N.m2 /C 2 . Q é o valor da carga geradora,
em Coulomb, e d é a distância em metros entre a carga geradora e o ponto onde queremos calcular o
valor do campo elétrico E.
~
b) Campo magnético H
Suponhamos que uma carga, ou um conjunto de cargas possuam uma velocidade de desloca-
~ chamado campo magnético, que será
mento. Neste caso, haverá formação do campo vetorial H,
rotacional em relação ao movimento das cargas. Caso este movimento de cargas ocorra em um fio
condutor, o campo elétrico passa a praticamente não existir, pois os elétrons se deslocam preenchendo
as lacunas vazias na nuvem eletrônica dos átomos e o somatório final das cargas é praticamente nulo.
~ e permeabilidade magnética µ
c) Indução magnética B
Z Z
Φ= ~ S.
Bd ~ (1.3)
~ = µ.H.
B ~ (1.4)
B1 = µ1 .H e B2 = µ2 .H (1.5)
Os fluxos Φ1 e Φ2 serão:
Obtemos assim:
Φ1 B1 µ1
= = . (1.7)
Φ2 B2 µ2
Assim, quanto maior a permeabilidade do meio, maior a sua indução e maior será o fluxo
~ expressa a capacidade de induzir fluxo em um dado meio. Em
atravessando a seção S. Ou seja, B
geral, uma alta indução está associada a uma alta permeabilidade. Literalmente, se um meio induz
mais fluxo é porque ele o permite mais.
~ e permissividade :
d) Indução elétrica D
~ µ, D
Podemos fazer um paralelismo direto entre os pares de grandezas B, ~ e . Cabe, no entanto,
Imaginemos um fio condutor retilı́neo e de seção S, percorrido de forma uniforme por uma
corrente I, veja Figura (1.4).
I
J= (1.8)
S
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 6
Definindo um vetor unitário ~u, perpendicular à seção S, podemos definir um vetor J~ como
possuindo módulo igual a J, de direção e sentido dados por ~u.
J~ = J.~u (1.9)
Z Z
I= ~ S
J.d ~ (1.10)
S
~ é uma parcela elementar de superfı́cie.
onde dS
Considere uma carga Q ocupando um volume V . Podemos, então, calcular a densidade vo-
lumétrica média de carga como:
Q
ρ= (1.11)
V
Levando em conta que as cargas podem não estar distribuı́das uniformemente no volume, o
somatório da carga total será dado por:
Z Z Z
Q= ρ.dv (1.12)
V
g) Condutividade elétrica σ
J~ = σ.E
~ (1.13)
I
No caso de um condutor retilı́neo, de comprimento l e seção uniforme S, temos que J = S e
V
adiantamos que E = l . Assim, temos:
I V l
=σ ou V = I . (1.14)
S l σS
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 7
Estas equações foram originalmente escritas por Maxwell na forma de oito equações. São estas
as equações:
∂Bx
∂z
− ∂B
∂x
z
= − ∂B∂t
y
∂By
∂x
− ∂B
∂y
x
= − ∂B∂t
z
∂Bx
∂x
+ ∂B
∂y
y
+ ∂B
∂z
z
=ρ
∂Bz
∂y
− ∂B
∂z
y
= ∂B
∂t
x
+ Jx
∂Bx
∂z
− ∂B
∂x
z
= ∂B
∂t
y
+ Jy
∂By ∂Bx ∂Bz
∂x
− ∂y
= ∂t
+ Jz
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 8
Estas equações podem ser encontradas no livro “A Treatise of Electricity and Magnetism”, que
constitui-se em uma das grandes obras da humanidade - a primeira edição é de 1873. Na verdade
Maxwell utilizou sı́mbolos diferentes, e os usados acima correspondem ao uso moderno. Ao escrever
estas equações, Maxwell sintetizou todo o conhecimento da época acerca dos fenômenos elétricos e
magnéticos na forma de um conjunto de equações relativamente simples. Apenas esse fato já mereceria
destaque, mas o mais importante é que partindo destas equações Maxwell pode ir mais adiante e
antecipar do ponto de vista puramente teórico descobertas experimentais que só viriam anos depois
pelas mãos de Hertz.
Paralelamente (na verdade um pouco antes) ao descobrimento das equações de Maxwell desenvolvia-
se na Matemática uma ferramenta chamada “Cálculo vetorial”. Utilizando os conceitos de cálculo
vetorial, temos;
~ = − ∂B ~
∇×E ∂t (1.15)
e
~ = J~ + ~
∂D
∇×H ∂t (1.16)
~ =0
∇×B (1.17)
e
~ =ρ
∇×D (1.18)
As equações são as mesmas, mas escritas numa forma muito mais simples e elegante, quando
comparadas com as originais.
µ 0 0
x
kµk = 0 µy 0
0 0 µz
~ = kµk × H
A expressão geral B ~ é, matricialmente
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 9
Bx µx 0 0 Hx
By = 0 0 × Hy
µy
Bz 0 0 µz Hz
Num sistema de coordenadas ortogonais genérico, a matriz pode não ser diagonal, mas ainda
será uma matriz simétrica com autovalores µx , µy e µz .
~ = kµk.H
Observemos que se o material é isotrópico, a equação B ~ assume a forma particular
~ = µ.H.
B ~
Além do conceito de anisotropia, que torna complexo o estudo de materiais magnéticos, temos
outro fenômeno freqüente na maioria dos equipamentos eletromagnéticos, segundo o qual a permea-
~ existente no material magnético em
bilidade µ não é constante, mas depende do próprio valor de H
~ eH
questão. Este fenômeno chama-se saturação e faz com que a relação geral de passagem entre B ~
passa a ser:
~ = kµ(H)k.H
B ~ (1.19)
~ = kk.E
D ~ (1.20)
Este mesmo conceito pode ser estendido também à condutividade σ, e a outra relação de pas-
sagem torna-se:
J~ = kσk.E
~ (1.21)
~ = J~ (Lei de Ampère)
rot H (1.22)
~
~ = − ∂ E (Lei de Faraday)
rot E (1.24)
∂t
CAPÍTULO 1. Leis Fundamentais da Eletrotécnica. 10
~ = J~
rot H (1.25)
~ =0
div B (1.26)
~
~ = − ∂E
rot E (1.27)
∂t
traduz à Lei de Faraday, princı́pio da indução magnética, em que se baseia a maioria dos equipamentos
eletromagnéticos.
Capı́tulo 2
Materiais Magnéticos.
2.1 Introdução.
As pesquisas por materiais magnéticos com melhores caracterı́sticas são motivadas pela possibi-
lidade de redução nas dimensões dos equipamentos e diminuição de limitações no desempenho devido
à saturação e perdas.
Como já foi visto anteriormente as propriedades magnéticas dos materiais podem ser analisadas
~ = kµk.H.
levando em conta sua permeabilidade magnética, a partir da relação B ~
magnético total por unidade de volume, sendo assim, sua unidade é A/m.
~ eH
Como nem sempre os vetores B ~ são paralelos, relacionamos o vetor imantação magnética
~ com o vetor campo magnético H
M ~ afim de caracterizar o material M
~ = χ.H.
~
11
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 12
~ = µ0 (H
B ~ +M
~ ) = µ0 (1 + χ).H.
~ (2.1)
Agora podemos fazer a classificação dos matérias magnéticos levando em consideração sua sus-
ceptibilidade e sua permeabilidade magnética.
• Diamagnéticos
Esses materiais apresentam susceptibilidade magnética negativa e muito baixa (χ < 0) e por
isso se repelem da fonte geradora do campo externo, porem como sua permeabilidade relativa é muito
baixa, próxima a unidade, esse efeito é de difı́cil percepção.
• Paramagnéticos
Esses materiais também apresentam susceptibilidade muito baixa, porem positiva (χ > 0) e
como sua permeabilidade relativa é ligeiramente maior que 1, dizemos que os materiais paramagnéticos
concentram fracamente o campo magnético aplicado.
• Ferromagnéticos
São os materiais mais importantes no estudo dos dispositivos eletromagnéticos, sua susceptibi-
lidade alem de ser extremamente elevada é também variável (χ >> 0) e sua permeabilidade relativa
também é muito elevada, o que faz com que um campo externo aplicado possa aumentar sensivelmente
a densidade de fluxo no interior do material. Exemplos desses materiais são:
Existem também as ligas ferromagnéticas, produzidas da junção do ferro com outros materiais,
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 13
A adição de silı́cio ao ferro traz inúmeras vantagens, diminui o envelhecimento da liga, a fadiga
magnética do material, aumenta a resistividade e reduz as perdas. Porém em quantidades exageradas
o silı́cio torna o material quebradiço, deixando-o frágil, alem de diminuir a indução de saturação (Bsat ).
Figura 2.1: Domı́nios desalinhados. (b), (c) e (d) domı́nios se alinhando com o campo externo
Porem ao diminuirmos a intensidade do campo aplicado até zero, a sua densidade de fluxo
magnético não se reduz a zero, ainda restará uma densidade de fluxo residual mesmo quando o campo
aplicado for zero, pois alguns dos domı́nios mantém o seu novo domı́nio. Para atingirmos a situação
em que o magnetismo é zero, devemos aplicar um campo reverso sobre o material.
· Densidade de fluxo residual - é a densidade de fluxo que permanece, mesmo após a retirada
~
de H.
• Ímãs permanentes
Os ı́mãs permanentes são de fundamental importância, porque uma vez magnetizado mantém o
seu nı́vel de magnetização. Existem diversos tipos de imãs permanentes.
Alnicos - É uma liga formada a base de alumı́nio, nı́quel, cobalto ou cobre e ferro, os alnicos
são imas metálicos que começaram a ser produzidos em 1931 e dominou o mercado até os anos 50.
Os ı́mãs alnicos tem grande estabilidade térmica, sua faixa de operação varia de -250o C a 550o C. Os
alnicos possuem uma corcitividade máxima de 150kA/m e o seu produto energético máximo (BH)max
varia de 40 a 60kJ/m3 . Suas principais aplicações são: alto falantes, motores elétricos.
Ferrite - Também conhecidos como cerâmicos, os ferrites podem ser isotrópicos, ou anisotrópicos
e são produzidos por processos metalúrgicos do pó, a partir de uma composição de oxido de ferro e
carbonato de bário ou estrôncio, este pó é molhado, compactado e sintetizado para produzir formas
geométricas regulares. Possuem um baixo custo e alta resistividade elétrica, o que reduz as perdas por
histerese e por correntes parasitas. Os ferrites possuem uma força coerciva superior aos alnicos, sendo
da ordem de 160 a 400kA/m, porem seu produto (BH)max é inferior, sendo este de 30kJ/m3 . São
usados em aplicações de massa, que não exigem qualidades excepcionais, como alguns, alto falantes,
brinquedos, porta de geladeira.
Terras-raras - Neodı́mio-ferro-boro (NeFeB) - surgiu em 1983, seu produto energético chega a ser
7 vezes maior do que os ı́mãs ferrites. São os imãs mais poderosos, porem são susceptı́veis a corrosão
e quase sempre são revestidos por zinco, nı́quel, ou resina. São utilizados em discos rı́gidos, geradores
eólicos, equipamentos eletrônicos. Os seu elevados valores de produto energéticos por unidade de
volume fizeram com que os imas terras-raras, fossem imediatamente utilizados em aplicações militares
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 16
e espaciais.
O estudo dos ı́mãs permanentes é feito no segundo quadrante da curva de histerese, pois estamos
interessados em saber seu conhecimento na sua curva de desmagnetização. Para obtermos o valor de µ
DB
do ı́mã, utilizamos a curva de desmagnetização e calculamos a inclinação da reta laço menor: µ = DH .
Br é a medida da densidade magnética resı́dual do fluxo em Gauss, que é o fluxo máximo que
o ı́mã pode produzir. (Gauss)
BHmax é um termo da densidade total da energia. Quanto mais elevado o número, mais poderoso
o ı́mã.
Tmax é a temperatura máxima o ı́mã deve funcionar. Se a temperatura exceder este valor, o
imã perde as caracterı́sticas magnéticas que recupera após a temperatura estar dentro dos nı́veis de
funcionamento. (recuperável)(graus centı́grados)
Teoricamente, as perdas, traduzidas em forma de calor, são atribuı́das aos fenômenos da histe-
rese e das correntes parasitas. As perdas totais seriam então o resultado do somatório dessas duas
componentes. Esta formulação consta da norma brasileira NBR 5161 (ABNT), na qual é apresentada
a metodologia na determinação das perdas totais, utilizando um quadro de Epstein, e sua separação
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 17
em duas parcelas. Entretanto, essa descrição fenomenológica é criticável quando se examina a questão
do ponto de vista da fı́sica do ferromagnetismo, que considera a magnetização como sendo originada
pela movimentação das paredes dos domı́nios magnéticos.
Na prática, porém, o que se consegue medir são as perdas totais; as quais, para efeito de análise,
podem ser divididas em três componentes:
WT = Wh + We + Wa
Apresentaremos. a seguir, o que significam estes fenômenos com relação às perdas no materiais-
ferromagnéticos.
Faraday percebeu que quando um fluxo atravessa uma área de uma superfı́cie condutora uma
f.e.m e uma corrente podem ser induzidas. Segundo a lei de Lenz qualquer corrente induzida tem um
sentido tal que o campo gerado por ela se opõe a variação de campo magnético que a produziu.
Assim quando variamos o fluxo sobre uma placa condutora uma corrente é induzida, a estas
chamamos de correntes parasitas ou correntes de Foucault.
A estas correntes podemos associar perdas por efeito Joule, que em alguns casos podem ser dese-
jados, como no caso de haver a necessidade de aquecer um núcleo, mas para o uso dos transformadores
em que desejamos transferir potência de um circuito primário para um secundário este efeito diminui
seu rendimento, logo torna-se indesejável.
(πBmax f e)2
Pf = W/m3 (2.2)
6ρ
Pn = A.V.f (2.3)
onde:
V é o volume
f é a frequência
São decorrentes das forças de atrito internas durante a movimentação das paredes dos domı́nios
magnéticos durante a magnetização, sob a condição de que todas as paredes sejam móveis e que seu
número seja constante durante o processo dinâmico de magnetização.
A velocidade com que ocorre esta movimentação é proporcional à freqüência (f ) do sinal aplicado,
indução magnética aplicada (B) e largura do domı́nio no estado desmagnetizado (d), sob a condição
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 19
de que todas as paredes sejam móveis e que seu número seja constante durante o processo dinâmico
de magnetização, assim temos,
Wa αf B 2 d (2.4)
As perdas anômalas não são mensuráveis fisicamente, sendo que para obtê-las, subtraı́mos das
perdas totais as perdas por histerese e por correntes parasitas.
WT x (πeBm )2 f Wa
= kh Bm + + (2.5)
f 6ρ f
A partir da análise da equação acima, as perdas anômalas são o que resta após serem subtraı́dos
das perdas totais as perdas histeréticas e por correntes de Foucault.
Considere que o primeiro circuito é conectado a uma fonte de força eletromotriz, enquanto o
segundo é um circuito aberto. A energia armazenada no primeiro circuito é dada por:
i1
L1 i21
Z
i1 d(L1 i1 ) = (2.6)
0 2
CAPÍTULO 2. Materiais Magnéticos. 20
Agora considere o caso em que o segundo circuito é conectado a fonte de força eletromotriz,
enquanto o segundo é mantido constante.
i2 i2
L2 i22
Z Z
i2 dϕ2 = L2 i2 di2 = (2.7)
0 0 2
Z i2
i1 M21 di2 = M21 i1 i2 . (2.8)
0
L1 i21 L2 i22
Wm = + ± M12 i1 i2 . (2.9)
2 2
Quando os circuitos são conectados na mesma direção M12 i1 i2 será positivo, quando os circuitos
estão em oposição M12 i1 i2 será negativo.
dWmecânica = i1 i2 dM (2.12)
e
dWm = idλ = d(iλ) − λdi. (2.14)
0
Wm = iλ − Wm , (2.15)
onde
0
dWm = λdi. (2.16)
0
Nota-se que Wm é uma função de estado e é dado em função de i:
Z Z i
0 0
dWm = λ(i)di = Wm (i), (2.17)
0
Uma vez calculada a co-energia a energia magnética pode facilmente ser obtida, através da
seguinte equação
0
Wm = iλ(i) − Wm (i) (2.18)
3.1 Introdução.
Esse capı́tulo abordará os circuitos magnéticos simples. Onde o termo circuito magnético simples
é aplicado a uma trajetória fechada do fluxo magnético e a direção da indução magnética coincide
com a direção desta trajetória em qualquer ponto de qualquer meio por onde se propaga o campo
magnético. Nas máquinas elétricas, os condutores são percorridos por correntes que interagem com os
campos magnéticos, resultando na conversão eletromecânica de energia.
Existe, como veremos mais adiante, uma grande semelhança entre a análise dos circuitos elétricos
e magnético, conhecida como analogia de Hopkinson. No entanto, não podemos levar essa analogia
muito adiante pois, o circuitos elétricos pode estar fechado ou aberto, não circulando corrente neste
último caso. Em contrapartida, um circuito magnético está sempre fechado, pois as linhas de força
nunca podem ser suprimidas, pois não existem substâncias isoladoras no magnetismo.
Os circuitos magnéticos podem ser homogéneos, quando são constituı́dos de um só material e
a secção é constante ao longo de todo o circuito, e heterogéneos, quando a situação anterior não se
verifica, veja a Figura (3.1).
Figura 3.1: Circuitos magnéticos. Homogéneo (á esquerda) e Heterogéneo (á direita).
22
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 23
Analisando de uma forma mais detalhada, a permeabilidade magnética pode ser entendida como
o grau de magnetização de um material em resposta a um campo magnético, ou seja, é o grau de
alinhamento dos seus domı́nios magnéticos quando submetidos a um campo magnético.
Figura 3.2: Distribuição de linhas de indução geradas pela corrente i em um enrolamento com núcleo
de material de alta permeabilidade magnética relativa.
Pode-se perceber, pela Figura (3.2), que as linhas de fluxo produzidas pela bobina se concen-
traram ao longo do núcleo magnético formando um caminho fechado. As poucas linhas que passam
pelo espaço em torno do núcleo compõem o chamado fluxo de dispersão. O conceito de canalização
abordado é importante para a compreensão dos circuitos magnéticos, os quais serão abordados a
seguir.
I I I
~ ~l =
H.d ~ f .d~l +
H ~ ~l = n.i
H.d (3.1)
l lf le
~ no núcleo ferromagnético e le é o
Onde: lf é o caminho fechado coincidindo com o campo H
~ no entreferro.
caminho fechado coincidindo com o campo H
Φf = Φe ou Bf = Be (3.3)
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 25
Por essa equação pode-se perceber que a densidade de fluxo magnética em toda a região do
núcleo ferromagnético é igual a da região do entreferro, o que é um resultado interessantı́ssimo, pois
nos mostra uma concentração de energia no espaço livre.
Partindo das relações (3.2) e (3.3), os campos Hf e He podem ser calculados, mediante as
expressões (3.5) e (3.6):
n.i
hf = (3.5)
lf + µr le
n.i
he = µr (3.6)
lf + µr le
Esse resultado mostra que o campo magnético no entreferro é µr vezes maior que o campo no
núcleo, ou seja, quanto maior a permissividade do núcleo, maior será a concentração de energia no
entreferro. É importante ressaltar que esse resultado não é válido se o circuito magnético estiver
saturado.
Nas situações reais, ao cruzar a região livre, as linhas de indução se deformam, criando o chamado
efeito de espraiamento. Isso faz com que a área efetiva por onde passa o fluxo seja maior que a área
geométrica do entreferro. A Figura (3.5) a seguir ilustra esse efeito:
Na maioria das situações esse efeito pode ser desconsiderado, mas se for necessário um cálculo
mais preciso, a área efetiva pode ser aproximada da seguinte forma:
Quando um circuito magnético comporta várias malhas, várias excitações e, eventualmente, ma-
teriais de permeabilidade ou seções diferentes, existem relações entre os fluxos que circulam em seus
diferentes trechos e as f.m.m (forças magnetomotriz) que lhes são aplicadas.
Para facilitar a determinação das equações do circuito, pode-se utilizar uma analogia, conhecida
como analogia de hopkinson, muito prática porque ela torna os cálculos de um circuito magnético
análogo ao de um circuito elétrico, considerando,para isso, quantidades equivalentes. Bastando, neste
caso, aplicar as leis de Kirchoff (Leis das malhas e lei dos nós).
Introduzindo esta analogia, vamos considerar um circuito simples, constituı́do de uma malha
formada por três materiais de permeabilidades µ1 , µ2 e µ3 , cf. a Figura (3.7)
Considerando que a seção magnética seja a mesma para todo o núcleo e que todo o fluxo também
o seja, teremos:
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 27
Φ
B= = µ1 .H1 = µ2 .H2 = µ3 .H3 (3.8)
S
e a relação (3.7), poderá ser escrita como:
l1 l2 l3
( + + ).Φ = n.i (3.9)
µ1 S µ2 S µ3 S
l1 l2 l3
onde as grandezas µ1 S , µ2 S e µ3 S são as relutâncias das diferentes partes:
Observando a equação (3.10) percebe-se uma analogia com um circuito elétrico de uma malha,
veja a Figura (3.8), onde a f.e.m.(força eletromotriz) seria igual à f.m.m.(força magnetomotriz) n.i,
as três relutâncias seriam representadas por três resistências R1 , R2 e R3 , que seriam percorridas por
uma corrente elétrica I igual ao fluxo Φ.
De uma maneira geral, a analogia de Hopkinson consiste em substituir o circuito magnético, por
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 28
seu análogo elétrico. É bom notar que esta analogia é apenas um guia e não a expressão do fenômeno
fı́sico tendo um significado real: ela é sobretudo útil quando é possı́vel considerar a permeabilidade µ
constante, ou seja, quando a relutância também o é, e não varia em função do fluxo.
Além do mais, essa analogia do circuito magnético com o circuito elétrico leva a muitas outras
observações. Para cobrir o assunto, esses detalhes estão apresentados a seguir para o caso de um anel
de cobre toroidal e um anel de ferro toroidal, com o mesmo raio médio r e a mesma área de seção
transversal A.
• Impedância
Impedância é um nome genérico usado para indicar resistência a uma força de excitação em
gerar uma resposta:
Resistência = R = ρ Al
l
Relutância = R = µA
V V
E∼
= = (V /m) (3.11)
l 2πr
Esse campo elétrico deve ocorrer num percurso fechado, se o mesmo for mantido. Segue-se,
então, que a integral curvilı́nea fechada do E é igual à tensão da fonte. Desta forma,
I
E.dl = V (3.12)
Quando uma força magnetomotriz é aplicada ao toroide de ferro homogêneo, é produzido dentro
do material um gradiente de potencial magnético dado por
F F
H∼
= = (A − esp/m) (3.13)
l 2πr
Como já apresentado com a lei circuital de Ampère, a integral curvilı́nea fechada de H é igual à
f.m.m envolvida. Desta forma,
I
H.dl = F (3.14)
Se se deseja calcular a queda de tensão que ocorre entre dois pontos a e b do toroide de cobre,
podemos escrever
Z b Z b
V IR I l lab
Vab = E.dl = dl = lab = ρ lab = Iρ = IRab (3.15)
a l a l l A A
isto é
Essa é a queda de f.m.m que aparece entre dois pontos, quando o fluxo circula. Desta forma, a
parte da f.m.m total aplicada que aparece entre os pontos a e b é encontada
b
F
Z
ΦR Φ l lab
Uab = H.dl = lab = lab = lab = Φ = ΦRab (3.17)
a l l l µA µA
• Densidade de corrente:
Por definição, densidade de corrente é o número de ampères por unidade de área. Desta forma,
I V El E
J∼
= = = l
= (3.19)
A AR Aρ A ρ
ou na forma como é expressa frequentemente, a chamada lei de Ohm, sob a forma microscópica:
E = ρJ (3.20)
• Densidade de fluxo:
Φ F l
B= = =H l (3.21)
A AR A µA
B
H= (3.22)
µ
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 31
Em geral, são dadas as dimensões geométricas do material e dados sobre a natureza do mesmo,
através da sua curva de magnetização B(H), µr (B) ou ainda Φ(n.i).
Para calcular a f.m.m., a partir dos fluxos, o princı́pio de cálculo é deduzir sucessivamente:
1. as induções nas diversas partes do circuito, dependendo das seções e dos fluxos que as
atravessam;
2. os campos, a partir das induções, seja pela relação B(H) conhecida (no material), seja
B
através de H = µ0 (no ar);
Exemplo 1: Seja um nucleo de ferro com µr = 2000 e com a = 1 cm, b = 8 cm, c = 2 cm,
d = 6 cm, N = 1000 espiras conforme esquema. Qual o circuito eletrico associado? Qual a corrente
requerida para estabelecer o fluxo de 0,2 mWb no nucleo de Fe?
Soluçao:
lm = 2.(b − a) + 2.(d − a)
lm 2.(b+d−2a) 24×10−2
R= µ.S = µ0 .µr .a.c = 4π×10−7 .2000.2×10−4
4,77×105 .0,2×10−3
F = N.I = R.Φ ⇒ I = 103
CAPÍTULO 3. Circuitos Magnéticos Simples. 32
I = 95, 4 mA (3.23)
Esta segunda categoria de cálculo é mais delicada. De fato, parece impossı́vel determinar um
fluxo a partir de uma relação do tipo: n.i = (R1 +R2 +R3 +...)., posto que as relutâncias R1 , R2 , R3 ...,
dependem da permeabilidade, logo das induções e, consequentemente, do fluxo, que é uma incógnita.
Percebe-se, a partir do exposto, que a solução analı́tica seria difı́cil, tornando-se necessário o
emprego de métodos numéricos. Um deles, pode ser o de aproximações sucessivas (ou de iterações),
supondo conhecido, a priori, um valor de fluxo qualquer. Calcula-se então a f.m.m. correspondente
ao valor inicial escolhido para o fluxo, e compara-se com o valor da f.m.m. dada. Deduz-se, então, um
segundo valor de fluxo, mais provável, e recalcula-se a f.m.m., sucessivamente, até que a diferença entre
a f.m.m. calculada e a f.m.m. dada seja inferior a 5% ou qualquer outra precisão fixada previamente.
lf le
n.i = ( + ).Φ (3.24)
µ0 µr S µ0 S
200
1, 63 = ( + 1).B (3.25)
µr
Pode-se observar que B e r , relacionados por µr (B), segundo a Tabela (3.2), devem satisfazer
também esta equação. Procede-se então o primeiro passo iterativo:
Verifica-se que este valor é baixo, inferior a 1,63. Tenta-se então o segundo passo:
200
Para B = 0, 7T , temos: 0, 7( 120 + 1) = 1, 87 Verifica-se que este valor é grande, superior a 1,63.
Obtém-se então interpolando os dois valores de B:
B = 0, 65T
Considerações Finais
A proposta deste trabalho foi de apresentar fundamentos de circuitos magnéticos, para isso apre-
sentamos uma breve revisão das leis da eletrotécnica, a partir das equações de Maxwell destacando-se
principalmente o seu significado fı́sico para o melhor entendimento de vários conceitos como as perdas
em materiais magnéticos, sejam eles por histerese, por correntes de Foucault ou anômalas.
Discutiu-se também a teoria dos circuitos acoplados magneticamente, importante base teórica
para o entendimento do funcionamento e modelamento das máquinas e dispositivos eletromagnéticos.
Apresentamos duas funções de estado, a energia magnética armazenada e a co-energia magnética,
sendo assim apresentados técnicas e modelos matemáticos, que conduziram a circuitos equivalentes ao
dispositivo em análise.
Por fim, consideramos que este trabalho foi de grande valia para o desenvolvimento do conheci-
mento do grupo.
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Referências Bibliográficas
[2] Sereas e Zemansky fı́sica III: Eletromagnetismo/ Hugh D. Young, Roger A. Freedman. - São
Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. 355p
[3] Hayt Jr., William H. Eletromagnetismo. - Rio da Janeiro: LTC, 2003. 196p
[4] http://www.estv.ipv.pt/PaginasPessoais/eduardop/MqE/transformadores.pdf
[7] http://www.ufsm.br/desp/geomar/maquinas/UnidadeI.pdf
[8] http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/140/37/
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