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INTRODUÇÃO:
DESENVOLVIMENTO:
NE Hora D S A: E: P: Ag.: G: Va
: r
1 13:1 4 Rotina Entrada Sala P1,P2, E1 Classe A -
5
2 13:1 2 Rotina Entrada Sala P1, P2, Classe A 1
9 18
3 13:2 4 Rotina Entrada Sala P1, P2, Classe A 1
1 19
4 13:2 1 Rotina Entrada Sala P1, P2, Classe A 1
5 18
5 13:2 1 Organiz Entrada Sala P1, P2, Classe D 2
6 ação 18
6 13:2 3 Didática C.S. Sala P1, P2, Classe D 3
7 19
O instrumento utilizado para a coleta de dados é, essencialmente,
composto por uma tabela onde são descritos os episódios que aconteceram ao
longo de um dia. Nesta primeira coluna (NE) está o número do episódio, no
dia de aula observado, contei quantos episódios compuseram o dia. O episódio
era composto pelas modalidades descritas a seguir e podemos entendê-lo
como uma “fotografia” de um momento da aula. O que observei na cena
foram as seguintes modalidades: situação (se era um momento da rotina, de
organização, de aula em alguma área – didática), atividade (se era hora da
entrada ou saída, lanche, aula de Língua Portuguesa, Ciências Sociais), o
espaço onde aconteceu a aula ( na sala de aula, fora), participantes da cena
(professora regente, professora estagiária, um estranho), qual agrupamento
foi pensado para aquele momento do dia (grupo classe, dupla, quarteto),
gestão ( se propiciava um trabalho autônomo, ou ao contrário dirigido, ou
intermediário, que era o momento onde os alunos trabalhavam com certa
autonomia, porém com a ajuda do professor se necessário).
Na segunda e terceira colunas anotei a hora que aconteceu cada episódio e
sua duração.
As modalidades eleitas para a organização da grade foram as mesmas
utilizadas pelo grupo de Bondioli, porém os aspectos mais particulares de cada
modalidade construí de acordo com a realidade observada. Por exemplo, na
modalidade espaço, considerei sala de aula, quadra e espaço externo, pois
são estes os locais freqüentados pelos alunos que observei, em relação a
modalidade agrupamento, precisei levar em conta os tipos de grupos
formados nas salas de aula (classe - individual, quarteto, dupla, grupo do
GISi), e assim por diante.
É importante explicitar, para o melhor entendimento deste instrumento,
que o episódio mudava quando pelo menos uma das modalidades citadas
acima se modificava, por exemplo: se algum aluno (participante) saía para ir
ao banheiro precisava modificar o episódio.
Finalmente, na última coluna a cada mudança de episódio eu pude medir
quantas variações aconteciam, se uma ou mais modalidades se modificavam.
Ou seja, a variação mais baixa era um e a mais alta era 6.
O instrumento foi aplicado em um dia inteiro (no período da aula das 13:15
às 17:45) e auxiliou a observação mais detalhada dos episódios da prática
educativa, traçando um panorama mais definido da freqüência que cada
modalidade apareceu neste dia de aula.
Após o preenchimento das tabelas na sala de aula, tive a preocupação de
descrever detalhadamente em forma de texto, como um diário descritivo, o
que aconteceu naquele dia. Optei por também fazer este registro para não
esquecer nenhum aspecto do que aconteceu nos dias quando iniciasse as
análises. Para tanto, escrevi o registro no mesmo dia da observação e, apesar
de ser bastante trabalhoso, este tipo de registro mostrou-se bastante valioso
para resgatar os acontecimentos tanto no momento da análise quanto no
momento de escrever a conclusão do trabalho.
A análise dos dados obtidos nas tabelas no TCC baseou-se na leitura
vertical e horizontal dos episódios. Este foi o método utilizado por Eva
Galbadinoii ao investigar o dia-a-dia educativo em uma creche. Adotei este
método porque ao cruzar as informações obtidas por uma análise vertical e
uma análise horizontal, os padrões colocados em prática nos dias observados
ficam mais evidentes.
Porém, para a exposição no Simpósio Interno, apresentarei apenas a
análise vertical. Esta análise propõe-se a ajudar na compreensão do ritmo,
continuidade e descontinuidade do dia observando os dados da tabela. Para
tanto serão destacados três aspectos:
1. a duração do episódio,
2. o índice de descontinuidade de cada episódio: este índice é obtido ao
observarmos quantas modalidades se modificam na passagem de
um episódio para outro. Na tabela o índice de cada episódio está
localizado na coluna Var.
3. as concentrações: quando alguma modalidade (espaço,
participantes, gestão, agrupamento, situação, atividade) não varia
ao longo de um número de episódios igual ou superior a três.
Analisando de maneira vertical os dados obtidos, é possível observar que
o transcorrer do dia acontece de uma maneira já conhecida pelas crianças,
basicamente alternando momentos de rotina, organização, atividade didática.
O índice de descontinuidade é mais alto nos momentos de mudança de
atividades, porém nos momentos enquanto fazem as atividades, o índice
varia, principalmente, na modalidade participantes. Isto acontece porque os
alunos têm liberdade para irem ao banheiro e beber água. Podemos dizer que
esta maneira de organizar o dia expressa uma maneira de “funcionar” ao longo
do dia escolar e que acaba por compor a cultura da escola. O projeto
pedagógico nesta instituição é colocado de maneira clara pela escola e, assim,
supõe-se que as diretrizes que norteiam o trabalho façam parte do trabalho
realizado pelo professor. Faz parte deste trabalho levar em conta a formação
dos alunos de uma maneira global, e nesta formação contempla-se um
respeito e cuidado com o corpo do aluno e também a garantia de momentos
onde os alunos possam se organizar, trabalhar, vivenciar experiências de
maior autonomia de acordo com sua faixa etária.
A primeira parte do dia é delimitada pela hora do parque e lanche, que
parece ser uma ruptura do dia dividindo-o em duas partes. No momento da
entrada até a hora do lanche os alunos vivenciam de fato uma situação de
trabalho didático individual, apesar da professora ter planejado e proposto um
trabalho em dupla e em seguida quarteto. Isto aconteceu porque, mesmo
configurando-se a atividade em agrupamentos diferenciados, enquanto os
alunos registravam a roda de fotos no caderno (cada um no seu) as trocas
foram escassas, cada um concentrado em seu trabalho. Quando os alunos
foram organizados em quartetos a troca ficou limitada à leitura do registro que
cada um fez em seu caderno, a atividade não pedia confrontação de idéias.
Esta tendência continuou na atividade didática em língua portuguesa que
aconteceu em seguida. Podemos supor que as situações planejadas para o
trabalho em grupo não “pediam” realmente uma situação em grupo. Ou seja, a
atividade proposta não tinha um problema que os alunos precisassem resolver
juntos, era uma atividade que poderia ser realizada individualmente.
Provavelmente, a intenção de organizar uma situação de interação entre os
alunos estava posta, mas no momento de colocar em prática talvez fossem
necessários fazer alguns ajustes.
Outro aspecto importante que ficou mais evidente por meio da análise
vertical foram os momentos nos quais os alunos acionam esquemas de ação
quase automatizados (lavar a mão, preencher o cabeçalho, momento do
parque, saída, entrada, lição de casa). Denominei estes momentos de rotina
na tabela de registro. Sobre a rotina Barbosa (2006) escreve:
“As rotinas podem ser vistas como produtos culturais criados,
produzidos e reproduzidos no dia-a-dia,tendo como objetivo a
organização da cotidianeidade. É preciso aprender certas ações que,
como decorrer do tempo, tornam-se automatizadas, pois é
necessário ter modos de organizar a vida. Do contrário, seria muito
difícil viver, se todos os dias fosse necessário refletir sobre todos os
aspectos dos atos cotidianos.”
Ou seja, a rotina tem uma função essencial de organizadora do dia, e
acredito que em certa medida é isto o que acontece na sala de aula observada.
Porém muitas ações postas em prática, ao longo do tempo, podem não ter
mais sentido para os alunos como, por exemplo, em todas as atividades
precisar preencher todo o cabeçalho da folha (com o nome, data, nome da
professora, disciplina e número). Quando em algum momento da rotina escolar
isto acontece:
“As rotinas podem tornar-se uma tecnologia de alienação quando
não consideram o ritmo, a participação, a relação com o mundo, a
realização, a fruição, a liberdade, a consciência, a imaginação e as
diversas formas de sociabilidade dos sujeitos nela envolvidos;
quando se tornam apenas uma sucessão de eventos, de pequenas
ações, prescritas de maneira precisa, levando as pessoas a agir e
a repetir gestos e atos em uma seqüência de procedimentos que
não lhes pertence nem está sob seu domínio. É vivido sem sentido,
alienado,, pois está cristalizado em absolutos. Ao criar rotinas, é
fundamental deixar uma ampla margem de movimento, senão
encontraremos o terreno propício à alienação. Martins (1996) ao
comentar as possibilidades da vida contemporânea, consta que
“estamos aparentemente condenados ao tempo trágico do atual e
do imediato, ao tempo da falta de imaginação e da falta de
esperança.”(Barbosa, 2006)
E ao vivenciarem freqüentemente este tipo de situação ao longo de um
ano, podemos, sem grande esforço, imaginar o impacto que este tipo de
experiência tem na formação dos alunos. Neste caso, ficamos mais distante
daquele aluno ideal que gostaríamos de formar como cidadão participante da
nossa sociedade.
Continuando a análise, há uma preocupação com os conteúdos de
procedimento (incluindo a organização) em sala de aula. A professora é
cuidadosa e têm consciência da necessidade da construção da postura de
estudantes para as crianças, de certa forma, pequenas. Trabalha bastante com
a organização dos materiais: dá tempo para pegarem os materiais necessários,
fala sobre os cuidados a serem tomados. Mostra o trabalho com os
procedimentos ao antecipar quais atividades acontecerão e dá tempo para os
alunos se organizarem. Talvez pelo motivo de serem ainda pequenos, o
trabalho com procedimentos fica bastante concentrado em relação aos
materiais.
Por último é importante observar que os alunos desta sala vivenciam
muitos momentos de trabalho individual com gestão da sala de aula do tipo
intermediária, na qual a professora fala com os alunos na formação platéia (o
professor fala na frente da sala e os alunos escutam sentados em seus
lugares), abrindo o espaço para algumas colocações destes.
Podemos dizer que destaca-se na observação do dia desta sala de aula a
pouca experiência social vivida por essas crianças , pois não são colocados a
trabalhar com seus pares em diferentes situações de agrupamento de maneira
envolvente ou mesmo significativa. O trabalho é bastante centrado no trabalho
individual, apesar de sentarem em dupla, em situações didáticas, a maior
parte do tempo em um mesmo espaço, com um tempo considerável de fala do
professor (55 minutos).
“Embora o tempo siga seu curso, temos de tomar consciência de que
nosso tempo deve ser algo próprio, algo que nos ocorre e em que
podemos intervir ativamente, convertendo-o em um tempo vivido,
sentido e conscientemente assumido por cada um de nós. Por isso,
nas escolas, devemos favorecer aos futuros cidadãos essa reflexão e
autonomia na organização de seu tempo, conseguindo que os
tempos coletivos não impeçam o desenvolvimento dos tempos e
ritmos individuais, permitindo que cada um viva e experimente a
cultura, dentro de um projeto coletivo, mas enriquecido e
iii
reconstruído por seus próprios interesses, idéias e sentimentos.”
CONCLUSÃO
Por meio deste trabalho, que aqui apresentei em parte, foi possível
responder as minhas questões iniciais de investigação. Elegendo o indicador
tempo para observar a sala de aula, consegui reunir informações detalhadas
do que acontece dentro de uma sala de aula e assim observar em que medida
a prática reflete o projeto da escola, como o tempo é organizado no grupo e
quais as aprendizagens, além daquelas que temos clareza em relação aos
conteúdos das áreas, que efetivamente são realizadas.
Para a realização deste TCC, foi de grande importância encontrar o
trabalho realizado pela equipe da Universidade de Pávia, na Itália. Esta equipe
elaborou um instrumento adequado e eficaz que possibilitou a observação do
tempo com uma “lupa”, além de sugerir formas de analisar os dados obtidos,
em um outro contexto escolar.
Acredito que ao realizar este trabalho me aproximei do fazer do
pesquisador, uma vez que precisei discutir e decidir qual a metodologia a ser
utilizada, formular de maneira mais clara as perguntas que gostaria de
responder, ir a campo para coletar dados, fazer um esforço de reflexão para
analisar o que os dados me mostravam.
Por último, ao longo deste trabalho fui percebendo que “A aprendizagem
do tempo e de seus instrumentos não é feita rapidamente: são necessários
muitos anos e uma séria de experiências para poder constituí-la como um
domínio pessoal. A escola e, atualmente, as creches e pré-escolas, com suas
repetições, com seus ritmos e durações, ensinam a todos “a aprendizagem da
ordem do tempo” ” (Barbosa, 2006). Se não realizamos uma reflexão, em
qualquer nível, dos ritmos e durações do nosso dia-a-dia podemos colocar em
prática o tipo de rotina que Barbosa descreve na citação abaixo:
“Esse tipo de rotina nasce quando as ações e as relações sociais não
procuram ser compreendidas e explicadas, não havendo a
necessidade de criação, de desenvolvimento, e o resultado do que se
faz não é necessariamente aquilo que se quer ou o que se pensa ter
feito, mas aquilo que foi passado aos sujeitos.” (Barbosa, 2006)
Isto pode acontecer nos ambientes escolares porque “Espaço e tempo
são categorias pouco discutidas, são senso comum, mas tem grande papel nas
práticas culturais e político-econômicas.” (Barbosa, 2006). O tempo da escola
muitas vezes é naturalizado, ele é dado e os acontecimentos ocorrem em
determinada ordem e com determinada freqüência porque é assim que se faz.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
BONDIOLI,A (org). O Tempo no Cotidiano Infantil – Perspectivas de pesquisa e
estudo de casos. São Paulo, Cortez. 2004
MIGLIANO,A. Temas de Educación. “ Cómo enseñar a los alumnos a
administrar el tiempo.” 2005. www.grupodocente.com
GÓMEZ, Encarna Soto. Outros tempos para outra escola – Revista Pátio. Ano
VIII No 30 maio – junho 2004
COLL,C.;MARTÍN,H;MAURI,T.;MIRAS,M.;ONRUBIA,J.;SOLÉ,I;ZABALA, A.
Construtivismo na sala de aula. São Paulo, Ática. 2003
BARBOSA, M.C.S. Por amor e por força: rotinas na Educação Infantil. Porto
Alegre, Artmed. 2006
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa
qualitativa em educação. São Paulo, Atlas. 1987
i
GIS: Grupo Inter Série: este trabalho acontece todos os anos de grupo 4 à 4ª série. Tem como princípio
organizar os alunos em grupos de idades diferente (um grupo com grupo 4, 1ª e 2ª , outro grupo com 3ª e 4ª
séries) para um trabalho na área de Língua Portuguesa. Este trabalho acontece no segundo semestre e tem
duração de 12 aulas de 50 minutos uma vez por semana.
ii
GALBADINO, E. Capítulo 2: O dia-a-dia educativo na creche. In: O Tempo no Cotidiano Infantil.
Perspectivas de pesquisa e estudo de casos. BONDIOLI, A (org.) São Paulo, Cortez, 2004.
iii
Outros tempos para outra escola – Encarna Soto Gómez. Revista Pátio. Ano VIII no 30 maio – junho 2004