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DE HISTÓRIA
ANTIGA- LHIA

DOCUMENTAÇÃO ESCRITA | TEMA: FINAL DO IMPÉRIO ROMANO

1
TEXTO: AUGUSTINUS, Aurelius . Sermón CCXCVI, 6-7. _______ . Obras completas de San Agustín. v. 25: Sermones (5°) 273-
338. Trad. Pio de Luis. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1984.

Eu vejo a objeção que vós fazeis no vosso coração: “É quando o mundo se tornou cristão que Roma foi destruída e 1
entregue às chamas. Por que estas calamidades nos tempos cristãos?”
Quem possui esta linguagem? Um cristão? Se tu és cristão, respondes a ti mesmo que é porque Deus o quis.
“Mas que responderei eu ao pagão que me insulta?”
Que diz ele a ti? Qual insulto que ele te faz?
Ei-lo: “Quando nós oferecíamos sacrifícios aos nossos deuses, Roma estava de pé, Roma era florescente; agora o
sacrifício de vosso deus a conquista, oferece-se em todos os lugares, substitui os sacrifícios de nossos deuses, que foram
proibidos e proscritos, e eis as calamidades às quais Roma é entregue.”
Respondes em duas palavras a este pagão (...): “Tomando como testemunho a história romana, é a terceira vez que
a cidade de Roma é a vítima das chamas (...). Esta cidade que acaba de ser incendiada quando os cristãos oferecem sacrifícios
em todos os lugares, como eles dizem, já foi por duas vezes reduzida a cinzas quando ali se ofereciam sacrifícios às
divindades pagãs (...)”.
Mas, acrescenta, muitos cristãos aqui sofreram males extremos. Tu então esqueces que é próprio do cristão sofrer
males temporais e esperar os bens eternos? Tu, pagão, o que tu sabes, tu tens um motivo justo para lágrimas: tu perdeste
estes bens temporais e tu não encontraste ainda os bens eternos. Mas o cristão tem sempre presente no espírito este
pensamento: “Meus irmãos, olhais, como a fonte de toda alegria, as diversas atribulações que vos chegam 2.”
Tu pretendes então, ó pagão, que os deuses, que presidem os destinos de Roma, cessaram de protegê-la porque
eles não estão mais ali, e que eles eram seus salvadores enquanto estavam no meio dela. Para nós, nós mostramos aqui a
veracidade de nosso Deus. Ele predisse todas estas calamidades3 (...). Por que então esta contradição com nós mesmos de
crer nestas predições, quando nós as lemos, e de murmurar quando elas se cumprem?

TEXTO: AUGUSTINUS, Aurelius. A Cidade de Deus contra os pagãos I, 9, 1-3. Trad. O. P. Leme. Petrópolis: Vozes, 1990.

Causas dos corretivos que flagelam por igual bons e maus


1. Em semelhante calamidade pública, que sofreram os cristãos que, no tocante à fé, não reverta em seu progresso?
Se, antes de mais nada, pensassem humildemente em seus pecados, de que a cólera divina se vinga, enchendo o mundo de
espantosas catástrofes, embora muito longe de serem criminosos, dissolutos ou ímpios, julgar-se-iam de tal modo isentos de
culpa, que não tivessem necessidade de expiá-los por meio de alguma pena temporal? Dado não haver mais fiéis, cuja vida,
por irrepreensível que seja, às vezes não ceda aos instintos carnais e, sem cair na enormidade do crime, no abismo da
libertinagem, não se abandone a certos pecados, raros ou cometidos com freqüência, inversamente proporcional à
gravidade, onde encontrar quem, diante de tais monstros de avareza, orgulho e luxúria, cuja iniqüidade, cuja impiedade
execrável constrange Deus a flagelar a Terra, conforme antiga ameaça, quem, volto a perguntar, seja perante eles o que deve
e com eles conviva como é preciso conviver com semelhantes almas? Quando se trata de esclarecê-los, censurá-los e,
mesmo, repreendê-los e corrigi-los, com bastante freqüência, funesta dissimulação nos detém, ou preguiçosa indiferença, ou
respeito humano incapaz de afrontar alguém já de si perturbado, ou temor a ressentimentos que poderiam causar-nos

1
Agostinho de Hipona (em latim: Aurelius Augustinus Hipponensis), conhecido como Santo Agostinho. Nasceu em Tagaste (antiga cidade da Numídia, região
da atual Argélia), e viveu entre 354 e 430. Foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo, cujas obras foram muito
influentes no desenvolvimento do cristianismo e da filosofia ocidental. Teve uma educação clássica e converteu-se ao cristianismo já adulto em 386. Entre
395 até sua morte (durante o cerco vândalo a Hipona), ele foi bispo de Hipona, cidade de uma das províncias romanas na África do Norte. Escrevendo na Era
Patrística, foi considerado um dos Padres da Igreja no Ocidente. Deixou uma prolífera produção (tratados, sermões, cartas...). Suas obras-primas são "Cidade
de Deus" (413-426) e "Confissões" (397).
2
Epístola de São Tiago 1, 2-3: Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações sabendo que a prova da vossa fé produz a
paciência.
3
Evangelho segundo São Lucas XXI, 9-11: Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis porque é necessário que isto aconteça primeiro,
mas não virá logo o fim.

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prejuízo e prejudicar-nos no tocante a esses bens temporais cuja posse nossa cupidez cobiça, cuja perda nossa fraqueza
receia. Embora as pessoas de bem odeiem a vida do mau e tal aversão as preserve do abismo que espera os réprobos, à saída
deste mundo, essa fraqueza indulgente com as mortais iniqüidades, por medo a represálias contra as próprias faltas, faltas
leves e veniais, diga-se de passagem, seja com o crime castigada pelos flagelos temporais, é de justiça que, no envio
providencial das aflições, sinta o amargor da vida que, embriagando-a com doçuras, a dissuadiu de oferecer aos maus a taça
de salutar amargura. 2

2. Se, todavia, a reprimenda e correção dos pecadores forem transferidas para época mais favorável, no interesse
deles mesmos, de medo a que se tornem piores ou impeçam a iniciação dos fracos nas práticas da piedade e da virtude,
oprimindo-os, desviando-os da fé, nesse caso já não se trata de cupidez, e sim de prudência e caridade. O mal reside em que
aqueles cuja vida testemunha profundo horror aos exemplos dos maus poupem os pecados dos irmãos, porque lhes receiam
a inimizade, porque temem ser lesados em interesses, é verdade que legítimos , mas demasiado caros a homens em viagem
neste mundo, guiados pela esperança na pátria celeste. Não é, com efeito, somente dos mais fracos, integrados na vida
conjugal, com filhos ou desejosos de tê-los, pais e chefes de família (a quem o Apóstolo se dirige, para ensinar-lhes os
deveres cristãos dos maridos para com as mulheres, das mulheres para com os maridos, dos pais para com os filhos, dos
filhos para com os pais, dos empregados para com os patrões, dos patrões para com os empregados), não é somente deles
que o amor a certos bens temporais ou terrestres, cuja posse ou perda lhes é dolorosa em demasia, tira coragem de afrontar
o ódio dos homens cuja vida criminosa e infame detestam. Os próprios fiéis, elevados a grau superior de vida, livres do
vínculo conjugal, sóbrios no comer e no vestir, sacrificam muito freqüentemente a reputação, a segurança, quando, para
evitarem os ardis ou a violência dos maus, se abstém de censurá-los e, sem se deixarem intimidar por ameaças, por mais
terríveis que sejam, ao extremo de lhes seguirem os sinistros exemplos, não se abalançam, porém, a repreender o que se
recusariam a imitar. Talvez salvassem muitos, se cumprissem o dever de censurar, que deixam ceder ao medo de expor a
reputação e a vida; já não se trata agora da prudência que ambas mantêm em reserva para instrução do próximo, mas da
fraqueza que se compraz em palavras lisonjeiras e, no falso dia dos julgamentos humanos, receia a opinião do mundo, os
sofrimentos e a morte da carne, fraqueza agrilhoada pela cupidez e não por dever de caridade.
3. Eis por que (e parece-me razão muito forte), quando apraz a Deus punir a corrupção dos homens com penas
mesmo temporais, os bons são castigados de mistura com os maus, castigados como eles, não por viverem como eles, mas
por gostarem como eles, embora menos, da vida temporal que deveriam desprezar. Graças a tal desprezo, suas reprimendas
possivelmente conseguiriam a vida eterna para os maus. Se não pudessem tê-los como companheiros nos caminhos da
salvação, pelo menos saberiam suportá-los e querer-lhes como inimigos, pois, enquanto vivem, a gente sempre ignora se
podem ou não mudar para melhor. Mais culpados ainda aqueles a quem pela boca do Profeta dizem: Esse homem morrerá
em seu pecado, mas de sua vida pedirei contas a quem deve olhar por ele. Com efeito, as atalaias, os pastores dos povos não
são constituídos na Igreja senão para tratar os pecados com inflexível rigor; mas, embora estranho ao santo ministério, não é
por completo isento de falta o fiel que vê muito a repreender nos que lhe estão ligados por laços sociais e, não obstante, lhes
poupa advertência ou censura, por medo de que seu ressentimento o perturbe nos bens de que faz legítimo emprego, mas
com ilegítimo agrado do coração. Outra causa de serem as pessoas de bem submetidas aos flagelos temporais (Jó serve de
exemplo) é querer o Senhor revelar ao espírito humano a força de sua piedade e permitir ao homem demonstrar o amor
desinteressado que lhe tem.

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TEXTO: ZÓSIMO4. Nueva Historia XXXIX-XLI. Trad. José Maria Candau Morón. Madrid: Editorial Gredos, 1992.
XXXIX. Nem tampouco a morte de Serena fez com que Alarico desistisse do cerco [de Roma], mas que ele mesmo
cercasse a cidade e todas as suas portas, e, pela outra parte, fizesse a ocupação do rio Tibre, com a qual impedia o
abastecimento pelo porto. Depois de repararem isto, os romanos decidiram resistir, motivados pela expectativa
praticamente diária de que chegaria de Ravena ajuda para a cidade; frustradas suas esperanças, determinaram a diminuição
da ração de alimentos e consumo somente da metade do que anteriormente se gastava diariamente, e depois, com o 3

aumento da escassez, da terceira parte. Dado que não havia modo de remediar a deteriorada situação e que faltava o quanto
era necessário para o sustento, logicamente, à fome, veio se acrescentar a peste e toda a cidade ficou repleta de cadáveres.
Por não ser possível dar sepultura aos corpos (pois o inimigo vigiava todas as saídas), a cidade se converteu em uma tumba
ocupada pelos mortos, até o ponto de resultar, também por esta razão, em um lugar praticamente inabitável e que, mesmo
sem a escassez existente de alimentos, tivesse bastado para acabar com as vidas o odor expelido pelos cadáveres. (...)
XL. Tendo alcançado as penalidades um ponto extremo, e depois de provar quantas coisas tinham os homens por
impuras, corriam, inclusive, o perigo de devorarem-se entre si, [os cidadãos de Roma] decidiram enviar ao inimigo uma
embaixada pela qual anunciavam que, dispostos a uma paz razoável, estavam mais que a combater, pois o povo de Roma já
havia tomado em armas e não vacilaria, dada sua contínua ocupação em assuntos desta índole, ante a luta. (...) Chegados a
sua presença [de Alarico], os embaixadores se limitaram a, cheios de vergonha pela confusão na qual durante tanto tempo
haviam estado os romanos, comunicar a resolução do Senado. Depois de inteirar-se dela, assim como de que o povo estava
de armas em punho preparado para lutar, Alarico disse: “Mais fácil é cortar a grama quando espessa do que quando rala”, e
pronunciadas estas palavras irrompeu em abundantes gargalhadas às custas dos embaixadores. Quando procederam em lhe
falar sobre a paz, empregou termos que excediam a mera insolência bárbara. Dizia, com efeito, que não levantaria o cerco
até estar com todo o ouro e prata que tivesse a cidade, além de quantos utensílios houvesse nela e inclusive com os escravos
bárbaros. E, ao dizer um dos embaixadores: “Se a ti déssemos tudo isso, que outra coisa deixarias aos seus habitantes?”,
respondeu: “Suas vidas”. (...) Se convenceram, então, de que Alarico era o adversário, com o qual, desperdiçados já todos os
recursos das capacidades humanas, deram a recordar a ajuda divina que antigamente assistia a cidade frente aos assédios e
como por faltar às tradições se haviam visto privados dela. (...)
XLI. A tal ponto chegaram, que Pompeiano, o prefeito da cidade, encontrou com uns homens vindos da Etrúria a
Roma, os quais diziam haver livrado uma cidade chamada Narnia dos perigos circundantes, expulsando os bárbaros que a
assediavam mediante súbitos trovões e relâmpagos, surgidos graças às súplicas dirigidas à divindade e às cerimônias
efetuadas em conformidade com as tradições. E, falando com estes, entendeu quantas vantagens se derivam dos ritos
sagrados. Posto que tinha de considerar quais eram as crenças dominantes, desejoso de levar seu plano a obter sucesso com
maior segurança, informa este ao bispo de Roma, que era Inocêncio. Este antepôs a salvação da cidade às suas próprias
crenças, permitindo-lhes realizar secretamente aquilo em que eram hábeis. Mas, como afirmassem que o quanto que se
fizesse não aproveitaria a cidade a menos que as práticas se efetuassem de maneira oficial, o que implicava que o Senado
subisse ao Capitólio e executasse ali e nos fóruns da cidade o prescrito, ninguém se atreveu a tomar parte na cerimônia
ancestral, mas deram as costas aos visitantes etruscos para dedicarem-se a adular a bárbaro na medida de suas forças.
Assim, pois, enviam outra vez embaixadores e, depois de um copioso intercâmbio de discursos por ambas partes, se decidiu
que a cidade entregaria cinco mil libras de ouro, outras três mil de prata, quatro mil túnicas de seda, além de três mil peles
escarlates e pimenta em um montante de trinta mil libras. Por não contar a cidade com fundos públicos, os membros do
Senado que dispunham de propriedades tiveram que cobrir a entrega subscrita. (...) Decidiram, em conseqüência, completar
o que faltava mediante os adornos que estavam revestindo as estátuas dos deuses, o que não supunha senão deixá-las sem
vida e sem efeito, deteriorando a prática das cerimônias, imagens erigidas objetivando as celebrações sacras e dotadas de
pompa que lhes era devido pela guarda da cidade eternamente venturosa. (...)

4
Zósimo (em grego: Ζώσιμος) foi um historiador de língua grega atuante em Constantinopla e ativo entre o final do século V e o início do século VI. Era
pagão numa sociedade já amplamente cristianizada. As datas exatas de seu nascimento e morte, bem como o seu local de nascimento, não são conhecidos,
mas ele exerceu a função de advogado do fisco (advocatus fisci), tendo alcançado na carreira o título honorífico de conde (comes). Sua obra ("História
Nova"), escrita em grego, em seis "livros", cobre o reinado do imperador romano Augusto (27 a.C.–14 d.C.) até o ano de 410. É uma das mais importantes
fontes para o conhecimento dos eventos do século IV e do início do século V.

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