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Distorção
Vale lembrar que esses valores são aproximados, principalmente pois nem todos os
instrumentos usam a afinação de Pitágoras (ou afinação matemática). E também que
alguns países usam um A3 com uma freqüência levemente maior.
Os instrumentos geram muitos harmônicos além do 1º. Harmônico. Isso que diferencia
o TIMBRE do instrumento (desconsiderando a “pegada”do músico, é claro).
Simples, a distorção é uma mudança na proporção dos harmônicos, ou seja, ela muda
o timbre do instrumento.
Leo Fender era técnico de rádios valvulados então ele devia fazer seus amps pensando
em sons limpos Hi-Fi e não em sons heavy =]. Depois vieram uns fenders com maior
ganho, mas no começo (1950) eles eram feitos só para sons limpos.
Mesmo assim por não serem projetados para tal a distorção não era a que alguns
guitarristas queriam. (Não estou dizendo que um fender distorcido seja ruim, mas
alguns queriam poder distorcer sem ficar surdos =) Digo isso pois não havia
amplificadores máster-volume, então só havia um controle de ganho (imaginem um
pedal de distorção sem o controle level).
Alguns músicos cortavam os falantes de seus amps para gerar distorção, algo muito
corajoso e interessante, mas NÃO façam isso, é praticamente irreversível e o resultado
não vale tanto a pena. Mas eu os admiro pela “pesquisa e tentativa” mesmo que não
tão científica.
Depois vieram os amplificadores como o JCM que tinham bastante ganho no pré que
geravam distorção no pré, mas também geram no power. E também os pedais de fuzz.
Ai vieram os máster-volume que são amps que tem a distorção do pré e um controle
para o máster. Então as válvulas que iam “no talo” eram as do pré. Há ainda muita
história, como os racks, os pedais mas vou parar por aqui.
Os tipos de distorção
Não há um consenso dos “tipos” de distorção, principalmente pois não há uma barreira
separando um overdrive de uma distorção, mas há pelo menos o que costuma-se
designar. Mas não leve tão a sério tudo o que está aqui
• Crunch: distorção leve, sendo que dá para tocar alguns acordes abertos sem
problema.
• Overdrive: um pouco mais do que crunch, mas ainda leve. Os pedais de OD
geralmente tem um filtro de graves para tornar o som mais agradável, no
entanto o som não é tão pesado.
• Fuzz: é o nome dado aos primeiros pedais de distorção o som não tinha muitos
filtros, principalmente pois os transistores eram tecnologia nova e não havia
como saber como “emular” uma válvula.
• Distorção: esse é o termo genérico, normalmente se usa como sendo o Hard
Clip, mas alguns pedais são considerados distorções por distorcerem o som e
não por serem hardclip.
• Distorção de pré: é aquela gerada pelas válvulas do pré (ex. 12AX7, 12AU7,
12AY7, etc). Ela é muito mais facilmente gerada pois as válvulas do pré não
podem amplificar apartir de um ponto e então o sinal distorcido é levado ao
power, se o master estiver baixo a distorção ouvido será majoritariamente do
pré.
• A distorção do power: é a mais desejável pois ela é “limpa”, ou seja, o som é
bem transparente e musical, além disso a dinâmica é muito mais acentuada
nele, pois ele vai distorcendo mais gradualmente que as válvulas de pré e
MUITO mais gradualmente que aparelhos de estado sólido. No entanto isto só é
conseguido com volumes altos.
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Distorção fisicamente
O sinal original seria a onda amarela, a azul um overdrive e uma distorção a verde.
Sabemos que o sinal da guitarra não é senoidal, mas para experiência e didática
usaremos o sinal assim.
O sinal é “amassado” pois o circuito não pode amplificar infinitamente, no “limite” ele
corta.
Sinal “clean”
Drive assimétrico
Drive simétrico
Hard Clip Assimétrico
Podem notar como esse último exemplo deixa a onda quase como uma onda quadrada
né? O som da onda quadrada é interessante, mas caso haja intermodulação o som
pode ficar muito desagradável. Veremos o que é intermodulação mais tarde.
Mas não confundam! Distorcer não é o mesmo que transformar em ondas quadradas!
Ondas quadradas podem ser ouvidas com um teclado na voz Square Lead, e não se
parece nada com um som de guitarra.
Algumas distorções são consideradas ZOOMbidos (sic) outras parecem ter algum efeito
mágico. Mas o que será que faz o som ser bom ou ruim?
Isto pode ser MUITO subjetivo, visto os inúmeros estilos musicais e gostos
musicais.Além disso pode-se usar mais de um tipo de distorção ou pedais diferentes
para conseguir texturas únicas.
Embolado
Esse é de longe o problema que mais se reclama. Esse problema pode ser causado por
muitas coisas. Normalmente é porque o pedal “clipa” demais as freqüências graves, e
essas geram distorções menos agradáveis.
Na verdade eu não sei porque o som fica ruim, acho q deve ser porque nos graves vc
consegue ouvir as intermodulacoes somadas e subtraídas. Mas eu não tenho certeza.
Eu sei que nos Fuzz o som não é filtrado, por isso o som é meio embolado, melhor para
bicordes e solos monofônicos.
Ardido
O som ardido é causado por um excesso de agudos, principalmente os agudos surgidos
dos harmônicos da distorção. Depois eu vou explicar como resolver isso.
Som magro
Som magro é causado pela falta de graves e/ou médios. Não confundir com excesso de
agudos. O som pode ser magro e não ser ardido.
Zumbido
Som de zumbido pode significar duas coisas. O hum e o fizz. O hum é o chiado da rede
elétrica. Em alguns lugares (Brasil) a freqüência é 60Hz e em outros é 50Hz (Portugal).
Usar fontes de boa qualidade e aterramento resolve boa parte desse problema. O fizz é
aquela distorção que você ouve com pedais ruins, plugando a guitarra num radinho ou
colocando um compressor e uma distorção seguidas sem regular direito.
Falta de dinâmica
Dinâmica é a interação da pegada com o instrumento. Se você toca forte o som sai
mais forte ou mais distorcido e se mais fraco o som sai mais baixo ou limpinho. Toque
num valvulado plugando a guitarra direto e você saberá do que eu estou falando.
Eu particularmente gosto de ter um som bem “dinâmico”, então esse quesito é bem
importante para mim. Compressores tendem a diminuir a dinâmica, aliás essa é a
função deles. MsS por outro lado tem gente que gosta de mais de um som mais estável
ou com mais sustain. Então a falta de dinâmica não lhes faz falta.
Intermodulação
Intermodulação ocorre quando 2 ou mais “notas” (freqüências) são amplificadas. As
freqüências se somam e subtraem etc... enfim interferem umas com as outras.
Como já foi visto todo instrumento gera várias freqüências quando uma nota é tocada.
Mas como são harmônicos que caem quase exponencialmente (diminuem para caramba
com a ordem) então só são audíveis os de baixa ordem. Então para notas sozinhas não
há muita intermodulação. Mas para um acorde aberto já pode ser um problema.
Intermodulação é o que faz um acorde aberto soar desagradável ou embolado com
distorção.
Agora que sabemos aspectos qualitativos dos pedais de distorção podemos ver
aspectos mais quantitativos.
Esquema de distorção
Primeiro vamos começar por um esquema em blocos, para entender o que acontece
com o som. Este é um esquema genérico e não pode ser aplicado a todos os pedais. No
entanto imagino que sirva para 80% dos pedais por ai.
Input
Input Buffer/ Pré-EQ
Amplificação
Clipping
Output Buffer/Pos-EQ
Output
Em alguns pedais o som passa por um buffer para diminuir a impedância do sinal.
O som em seguida é amplificado, mas nem todas as freqüências são amplificadas por
igual (normalmente se amplificam mais os agudos).
O sinal agora é clipado, ou seja, ele é, como vimos antes, “amassado”. É nesse
“estágio” que o som é “distorcido”.
Agora o som é equalizado denovo e passa por um outro buffer. Alguns pedais mais
simples não tem esse buffer.
E por último há a saída que é o Jack de saída do pedal.
Mas há!
A diferença é que esse equalizador quase nunca é “regulável”, na maioria dos casos ele
é fixo e bem sutil.
Mas não adiantaria eu dizer que não gosto dos buffers comuns se não houvesse uma
alternativa. Nos pedais eu costumo usar a simulação dele e trocar o buffer pelos
capacitores equivalentes.
O sinal fica com 1.6 a amplitude inicial aproximadamente e sua impedância cai para
menos de 10kOhms. É interessante para um pedal com ganho humilde ter um buffer
desses na entrada. Seria como ter um tube screamer como booster ou até um captador
de alta saída.
Amplificação
Aqui está um estágio de amplificação com um amplificador operacional.
A maioria dos pedais não tem o R2 e o C2, mas para tornar o tutorial mais completo
achei melhor colocar. Alguns dos pedais que usam esses R2 e C2 são o Blues Breaker e
o Proco Rat.
Rfix é como um “ganho mínimo”, quanto maior o seu valor mais alto será seu ganho
mínimo.
Eu não chego a dizer que está lá, pois assim estaria desprezando todo o trabalho dos
projetistas no resto do pedal. E dando um crédito a projetistas de CI que muitas vezes
não tinham o mínimo propósito em fazer boas distorções, aliás, eles evitam distorções
ao máximo.
Mas uma coisa é fato. Cada CI dás sua “personalidade” ao som, mesmo que sutil. Outra
coisa que o CI pode influenciar é na relação ruído/som. Por exemplo, um CI mais
moderno como o TL081 tem muito pouco chiado, já um LM741 é conhecido pelo seu
característico chiado.
Clipping
Nesse “estágio” é que o som distorce “pra valer”, é aqui que o som é “amassado”
O comum é o som passar por diodos para o seu “topo” ser “retificado” ou seja cortado.
Primeiro ele não conduz totalmente quando está conduzindo, ele tem uma certa
resistência, então ele tem um limite de corrente dependendo de seu tamanho. O
germânio é pior que o silíco nesse quesito. Isso é legal na distorção, pois se ele
retificasse completamente apartir de um ponto nos perderíamos muito do som, e em
vez de “amassar” ele iria simplesmente cortar a parte de cima, então perderíamos
freqüências e com isso o timbre da guitarra.
Segundo, a tensão deve ser maior do que um valor específico para cada material para
ele funcionar. O do silício é aproximadamente 0,7V, do Ge é 0,3V e dos Leds podem
variar. Eu nunca vi diodos de Carbono e também não sei o seu valor, mas seria possível
fazer um diodo com ele. Isso é bom pois se apartir que U>0V ele conduzisse não
poderíamos usar esses diodos para o pedal, pois ele iria “aterrar” o sinal inteiro.
O terceiro seria que eles sofrem diferenças de operação com a temperatura, mas isso
não afeta tanto para nossos propósitos.
2 – Esse seria um estagio assimétrico em que se corta mais um lado da onda do que
outro;
(uns dizem que dá um som mais de valvulado que o simétrico. Verdade? Não sei dizer.
Interessante? Bastante. Uma coisa é clara, um estágio assimétrico gera harmônicos
pares, o que não ocorre no simétrico)
3 – Esses seria um simétrico com uma tensão de joelho será maior, logo o som será
menos distorcido, mas com o volume maior
7 – É um capacitor que define as freqüências que seriam clipadas. Isso poderia impedir
das baixas freqüências cliparem.
8 – Capacitor de 47pF até uns 220pF para retirar um pouco do ardido do som.
10 ? - Sim, no mundo do DIY você pode criar seu próprio estágio. Mas claro, ninguém
garante que ficará bom. Você pode misturar vários conceitos, e fazer um pedal só seu
que sirva para o seu som “assinatura”.
A seguir 2 tipos incomuns de clipagem. O primeiro seria para ter o som de um FET num
pedal de distorção normal. E o segundo usa diodos zener. Os amps SS da Crate usam
essa clipagem, mas tem um problema, o som tem que ser BEM mais amplificado, então
talvez só com uma pilha de 18V e mais ganho você consiga mais overdrive.
Para evitar que o som seja embolado os pedais de distorção amplificam mais os agudos
do que os graves. Mas depois do som estar “clipado” é bom que haja algum sistema
para domar esses agudos monstruosos.
Para isso serve o Post-EQ. Mas a equalização aqui normalmente é regulável. As vezes
por um controle de Tone, as vezes por uma equalização com mais bandas, ou as vezes
nem é equalizada.
O Output buffer serve para diminuir a impedância do sinal, ou seja, preparar para o
sinal ir pelo cabo até o amplificador. Com menor impedância o “aproveitamento” do
sinal será melhor e haverá menos perdas no cabo.
1 – Este é o encontrado no TS e no SD-1, o C1 corta uma boa parte dos agudos, mas
ainda deixa ele agudo, o R2(tone pot) regula o resto que vai ao C4 para também ser
cortado, apartir daí o som segue até o R9 (level pot) onde se regula o level do pedal.
Depois tem um buffer em transistor.
2 – Este é o tone do RAT, aliás é um filter, que funciona ao contrário, quanto maior o
valor do filter, mais os agudos são filtrados. Pois a freqüência que passa pelo capacitor
depende da impedância do sinal e da capacitância do capacitor, modificando a
impedância a freqüência muda. Logo após há um buffer em FET, e o Pot de level.
3 – Este é o mais simples, e não contém nem buffer nem tone. Alguns pedais mais
simples são assim. Acredite ou não o Distortion+ usado por Randy Rhoads era assim.
(Mas no caso dele ele usava o pedal mais como um booster).
Parece óbvio, mas as vezes para melhorar o som, não basta o pedal e sim o que vem
antes e depois, que no caso seriam a guitarra e o amplificador. Não basta um pedal
super incrementado se o amp for vagabundo a guitarra uma porcaria e o cabo nem se
fala.
Acho que isso não era necessário, mas de qualquer jeito: pense nisso.
Divisor de tensão/Fonte
Fonte e divisor de tensão podem não fazer a mínima diferença no seu som, e se não
fazem isso é bom. Uma boa fonte e um divisor de tensão bem projetados vão fazer o
seu som ser mais cristalino e sem chiados. Vale a pena usar uma fonte regulada, a
diferença é perceptível até para os destreinados.