Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
br
apoio:
Entrevista
Especialista em uro-oncologia, Leonardo Atem
destaca mudanças radicais no tratamento
do câncer de próstata metastático graças a
fármacos como abiraterona e enzalutamida
Panorama
Acompanhar a doença,
sem tratá-la, pode ser a
melhor opção
Do bem
Pacientes apelam para o testamento vital
e definem limites para as terapias de
prolongamento da vida
Medicina de precisão no
câncer de mama, do diagnóstico
à abordagem mais eficaz
especial San Antonio | ca de testículo | gestão
Conselho I – Cancerologia clínica Andresa Lima Melo (DF)
Ano 6 • número 31
abril/maio 2016
Publisher Simone Simon Impressão: Ipsis Gráfica A revista Onco& – Oncologia para todas as especiali-
simone@revistaonco.com.br dades, a partir de 2015 é uma realização da Associação
Tiragem: 20 mil exemplares de Pesquisa Clínica (APC), com apoio da Oncologia D’Or.
Traz informações sobre oncologia a profissionais de
Editorial Jiane Carvalho
todas as especialidades médicas. De circulação Trimes-
jianecarvalho@revistaonco.com.br ISSN: 2179-0930 tral, tem distribuição nacional e gratuita por todo o
território nacional. A reprodução do conteúdo da re-
Jornalista Sofia Moutinho Jornalista responsável: Jiane Carvalho vista é permitida desde que citada a fonte. A opinião
sofia@revistaonco.com.br (MTb 23.428/SP) dos colaboradores não reflete necessariamente a
Colaboraram nesta edição: Ana Carolina Nobre de Mello, posição da revista.
Direção de arte/Prepress Ione Franco Anderson Silvestrini, Daniela Barros, Elizangela Eugênio, realização:
ionefranco@revistaonco.com.br Gilberto Amorim, José Alexandre Pedrosa, Marlene Oliveira, Associação de
Pesquisa Clínica
Martha San Juan França, Rodrigo Frota, Viviane Santos
Comercial Bruno Lima apoio:
bruno@revistaonco.com.br Errata: Diferentemente do que consta na reportagem “Inteligência
Artificial”, publicada na Onco& edição 30, o e-mail correto do entre- www.oncologiador.com.br | www.revistaonco.com.br
vistado Rodrigo Frota é rodrigofrotaf@gmail.com (21) 2126 0150
Revisão Patrícia Villas Bôas Cueva
entrevista 07 Leonardo Atem fala sobre os avanços nos tratamentos para a uro-oncologia
e sobre drogas que chegam a evitar a quimioterapia
mama 18 Estudo de caso clínico para paciente com Her-2 positivo metastático
Anderson Silvestrini
especial San Antonio 24 O encontro San Antonio Breast Cancer Conference apresenta estudos que
reforçam a imunoterapia
Gilberto Amorim
mundo virtual 55 Sites e aplicativos que ajudam médicos a se manter sempre atualizados
para o diagnóstico e tratamento de seus pacientes
campanhas 56 Fique por dentro das ações sobre câncer que ganharam destaque na mídia
e nas redes sociais
A
ONCO& CHEGA À SUA 31ª EDICÃO COM NOVIDA- descreve as alternativas de manejo da doença e o
DES PARA VOCÊ, LEITOR. COM O OBJETIVO DE AM- desenrolar da neoplasia. Também destacamos
PLIAR AINDA MAIS O OLHAR MULTIFACETADO DA o texto dos oncologistas José Alexandre Pedrosa e
publicação sobre os diversos aspectos envolvendo Rodrigo Frota, que uniram forças para apresentar
a doença oncológica, a revista traz como novidade as novidades no tratamento do câncer de testículo
o espaço Panorama, cujo foco será o acompanha- não seminomatoso, em especial os resultados pro-
mento de temas amplos e atuais. A reportagem inau- missores do tratamento combinado de cirurgia e
gural destaca a discussão sobre a necessidade, ou quimioterapia, obtidos em grande parte por causa
não, de tratar alguns tipos de câncer. Idade avançada dos regimes quimioterápicos baseados em platina.
do paciente, tumor não agressivo em estágio inicial A revista traz também o Especial “San Antonio
e ausência de metástase são situações que, muitas Breast Cancer Conference – 2015”, em que Gilberto
vezes, não indicam o tratamento, mas causam ques- Amorim revela os principais estudos apresentados
tionamentos tanto nos pacientes quanto nos médi- no evento e que reforçam perspectivas positivas para
cos. Em Gestão, espaço criado para apresentar novos a imunoterapia, como ABCSG- 18 e CREATE-X
modelos de administração em saúde – setor cujos (para doença inicial) e PALOMA-3 e KEYNOTE-
custos seguem pressionados pela incorporação de 028, em caso de metástase.
novas tecnologias e coberturas dos planos –, apre- No espaço Do Bem, um tema pouco falado mas
sentamos o trabalho da Consultoria D’Or. Mapear a que vem ganhando espaço: o testamento vital. A re-
situação de saúde nas empresas e desenvolver estra- portagem mostra que vem aumentando o número
tégias para equilibrar gastos e manter benefícios as- de pessoas que se dispõem a fazer o documento la-
sistenciais é o foco de sua atuação. vrado em cartório que permite, antecipadamente,
Por fim, também como espaço fixo na revista expressar a própria vontade quanto às diretrizes de
temos a seção Farmácia, que nesta edição aborda os um tratamento médico futuro, no caso de impossi-
benefícios e os desafios no uso dos quimioterápicos bilidade diante de um acidente ou doença grave.
orais, medicamentos que apresentam risco aumen- O especialista em uro-oncologia Leonardo
tado de provocar danos significativos aos pacientes Atem, da clínica Fuji Day, em Fortaleza, é o princi-
em decorrência de falha no processo de utilização. pal entrevistado desta edição. Otimista em relação
A genética como norteadora de um tratamento aos avanços em diagnóstico e tratamento das neo-
oncológico também é tema desta edição. Na prin- plasias, o médico chama a atenção para alternativas
cipal reportagem da Onco&, promovemos o debate de manejo para o câncer de próstata e destaca duas
sobre os aspectos genéticos da neoplasia, não ape- drogas recentemente incorporadas aos protocolos
nas predispondo à maior ou à menor incidência de de tratamento, a abiraterona e a enzalutaminda, que
um câncer, mas principalmente na chamada “me- “mudaram radicalmente o tratamento de pacientes
dicina de precisão”, definindo a conduta mais acer- com câncer de próstata metastático”.
tada dependendo do tipo de mutação daquele gene
associado à doença. Boa leitura!
Entre os artigos, destacamos o texto sobre cân-
cer de mama Her-2 positivo metastático, em que
o especialista Anderson Silvestrini apresenta um Simone Simon
caso clínico de uma paciente jovem (28 anos) e Publisher
Contato: simone@revistaonco.com.br
O
NCOLOGISTA CLÍNICO E DIRETOR MÉDICO DA Onco& – O senhor participou do VII Congresso
FUJIDAY DA ONCOLOGIA D’OR, EM Internacional de Uro-Oncologia, realizado no iní-
Divulgação
CLÍNICA
FORTALEZA, LEONARDO ATEM É ESPECIALISTA cio de março em São Paulo, com a presença de
em uro-oncologia e um otimista em relação aos renomados especialistas na área. O que o senhor
avanços em diagnóstico e tratamento das neopla- destaca desse evento? E quais as principais no-
sias. O médico, que participou recentemente do VII vidades em tratamento na uro-oncologia?
Congresso Internacional de Uro-Oncologia, reali- Leonardo Atem – Esse congresso internacional,
zado em São Paulo, destaca uma série de alternati- feito no Brasil, tem se consolidado como um dos
vas de manejo para o câncer de próstata, o segundo principais eventos da área no mundo. A uro-onco-
mais comum nos homens, e chama a atenção para logia tem mudado muito ultimamente, especial-
duas drogas recentemente incorporadas aos proto- mente no câncer de próstata, mas também com
colos de tratamento. “A abiraterona e a enzaluta- algumas novidades em câncer de rim e câncer de
Leonardo Atem mida são drogas que mudaram radicalmente o bexiga, que são as três principais patologias da uro-
tratamento de pacientes com câncer de próstata oncologia. A abiraterona e a enzalutamida são duas
* Diretor médico da clínica Fujiday, metastático. Elas conseguem tratar os pacientes drogas recentes que mudaram radicalmente o trata-
grupo Oncologia D'Or, com
mesmo quando eles são refratários aos hormônios”, mento de pacientes com câncer de próstata metas-
residência médica em oncologia
clínica – Fundação Antônio destaca o oncologista, lembrando que as duas dro- tático, são drogas que conseguem tratar o paciente
Prudente/Hospital AC Camargo; gas chegam a evitar a quimioterapia. Na entrevista mesmo quando eles são refratários aos hormônios.
título de especialista em à revista Onco&, Leonardo Atem mostra um pouco Praticamente todos os pacientes que têm câncer de
cancerologia clínica – Sociedade da sua experiência com neoplasias no trato uriná- próstata metastático são tratados com hormoniote-
Brasileira de Cancerologia; membro rio, como rim e bexiga, e defende cautela na escolha rapia, que é a castração com medicamento (também
titular da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica; membro titular
dos pacientes a serem tratados no câncer de prós- podem ser castrados cirurgicamente). Na hormo-
da American Society of Clinical tata: “Temos algumas ferramentas para isso (esta nioterapia, o objetivo é diminuir bastante o nível de
Oncology - ASCO avaliação), e a Escala Gleason é uma delas, esse é o hormônio masculino, a testosterona. Quase 100%
caminho. No futuro, devemos tentar separar quem dos tumores respondem a esse tratamento inicial-
Contato: são as pessoas em cada situação e, assim, não tratar mente, mas após algum tempo as células aprendem
leoatem@uol.com.br
todo mundo igual”. a ficar resistentes a esse tratamento e passam a cres-
Medicina de precisão
D
ADOS DAORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE mortes em 2012 (Figuras 1 e 2)1 .
(OMS) DE 2012 ESTIMARAM QUE O CÂNCER No Brasil estão estimados 596 mil casos novos
DE MAMA É O PRIMEIRO EM INCIDÊNCIA NO de câncer para 2016, sendo 295 mil casos entre ho-
mundo entre as mulheres, com uma taxa de mais mens e 300,8 mil casos entre mulheres. Estimam-
de 40 casos novos/100 mil mulheres. Foram cerca se 57.960 casos novos de câncer de mama (28,1%
de 1.671.149 casos novos e uma mortalidade de dos casos), um risco de 56,2 casos novos/100 mil
cerca de 15/100 mil mulheres, cerca de 521.907 mulheres2.
Divulgação
Mama
Colorretal
Anderson Silvestrini Colo do útero
Pulmão
* Médico graduado pela Universi-
dade Federal de Minas Gerais Corpo do útero
(UFMG); especialista pela Estômago
Sociedade Brasileira de Cancerolo-
gia/Sociedade Brasileira de Ovário
Oncologia Clínica; membro titular Tireoide
da Sociedade Brasileira de Oncolo-
Fígado
gia Clínica (SBOC); coordenador
de oncologia clínica da Secretaria Linfoma Não-Hodgkin
de Saúde do Distrito Federal Leucemia
(2007 a 2009); presidente do
Pâncreas
capítulo DF 2007-2009 da
Sociedade Brasileira de Oncologia Esôfago
Clínica (SBOC); vice-presidente da Rim
Sociedade Brasileira de Oncologia Incidência
da Sociedade Brasileira de 0 10 20 30 40 50
Oncologia Clínica (2011 a 2013).
ASR (W) taxa por 100.000
Mortalidade
Mama
Colorretal
Pulmão
Colo do útero
Estômago
Corpo do Útero
A paciente apresen-
Ovário
Tireoide
tou reação alérgica
Liver
Outros e inespecífico
grave no primeiro
Fonte: International Agency for Research on Cancer ciclo de docetaxel
Figura 2 com trastuzumabe.
Foi suspenso o
docetaxel. Devido
Caso clínico Realizou 4 ciclos de FEC100, alcançando res-
ao alto risco de
Trata-se da paciente ACMA, de 28 anos, que em posta clínica completa. Por decisão da paciente, ela
janeiro de 2010 evoluiu com nódulo de 4 cm em foi encaminhada para cirurgia após os quatro ciclos recidiva da doença,
mama direita e linfonodo axilar de 3 cm. Realizou de FEC100. foi indicada substi-
Em maio de 2010, foi submetida à mastectomia
biópsia mamária com seguinte estudo anatomopa-
total à direita com esvaziamento axilar. Estudo ana-
tuição do docetaxel
tológico:
tomopatológico: por paclitaxel
Carcinoma ductal infiltrante de mama GII Carcinoma ductal infiltrante residual – 2 focos
IHQ: RE (80%) e RP (10%), CERB-B2 ++/ fish de 0,3 cm e 1 linfonodo comprometido.
amplificado, KI-67 60% Indicada quimioterapia adjuvante com doceta-
EC T2N2M0 xel + trastuzumabe x 4 ciclos a cada 21 dias seguida
História pregressa: G0P0A0, diabetes em uso de trastuzumabe até completar um ano, seguido de
de metformina; depressão em uso de sertralina, to- hormonioterapia adjuvante com tamoxifeno após a
piramato; dislipidemia em uso de sinvastatina. quimioterapia e a radioterapia complementar.
Indicada avaliação de fertilidade sendo realizada A paciente apresentou reação alérgica grave no
laparoscopia com retirada de um ovário e iniciado primeiro ciclo de docetaxel com trastuzumabe. Foi
Zoladex 10,8mg a cada 12 semanas suspenso o docetaxel. Devido ao alto risco de reci-
Indicada QT prévia com FEC100 x 4 ciclos se- diva da doença, foi indicada substituição do doce-
guido de docetaxel x 4 ciclos + trastuzumabe. taxel por paclitaxel. Evoluiu com nova reação
Figura 3
Figura 5
Figura 4
Figura 8
Figura 7
Referências bibliográficas
1. World Health Organization (WHO). GLOBOCAN 2012. Estimated câncer incidence mortality and prevalence worldwide in 2012. [Internet] Disponível em
http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.aspx. Acessado em 20 de dezembro de 2015.
2. Estimativa 2016. Incidência de câncer no Brasil. INCA, Ministério da Saúde. [Internet] Disponível em http://www.inca.gov.br/wcm/dncc/2015/index.asp
Acessado em 20 de dezembro de 2015.
3. BARNHOLTZ-SLOAN, J.S; SLOAN, A.E. et al. Incidence proportions of brain metástases in patients diagnosed (1973-2001) in the Metropolitan Detroit
Cancer Surveillance System. J. CLIN. ONCOL., 2004, 22 (14):2865.
4. ARVOLD, N. D.; OH, K. S. et al. Brain metástases after breast-conserving therapy and systemic therapy: incidence and caracteristics by biologic subtype.
BREAST CANCER RES. TREAT., 2012, 136 (1):153.
5. VERMA, S.; MILES, D. et al. Trastuzumab Emtansine for HER2-Positive Advanced Breast Cancer. N. ENGL. J. MED., 2012, 367 (19):1783.
O
TRADICIONAL EVENTO DE CÂNCER DE MAMA aprovado para a doença metastática.
QUE OCORRE ANUALMENTE EM SAN ANTONIO,
NO TEXAS (EUA), MAIS UMA VEZ TROUXE CREATE-X:
importantes apresentações originais com estudos
0,70
já com aplicabilidade imediata e outros com 5-yr DFS
74,1 67,7
(0,53-0,93) ,00524
“perspectivas futuras” reais, como no caso da (Cap) (no Cap) HR
pvalue
imunoterapia. 89,2 83,9
0,60
5-yr OS (0,40-0,92) < ,01
(Cap) (no Cap) HR
pvalue
Na doença inicial, destaco os seguintes
estudos:
Estudo particularmente importante, pois ava-
ABCSG-18: liou o uso de capecitabina em caráter adjuvante
Um estudo prospectivo, randomizado, duplo- para pacientes que fizeram QT neoadjuvante com
cego, comparando denosumabe SC na dose de 60 antraciclinas e/ou taxanes e não obtiveram resposta
mg SC a cada seis meses versus placebo SC, mais completa. Foram 900 pacientes avaliadas e os re-
de 3 mil pacientes pós-menopausadas, RH positi- sultados foram positivos.
vos em uso de inibidor de aromatase, tendo como No entanto, a aderência ao esquema com oito
objetivo o tempo até a primeira fratura e sobrevida ciclos foi difícil e a toxicidade foi a esperada, com
livre de doença (SLD), sobrevida global. Neste alguns doentes tendo diarreia G3 e síndrome mão-
momento o destaque é para o dado de SLD, que pé, mas os resultados foram particularmente posi-
foi estatisticamente significativa, com 83,5 vs tivos em pacientes com receptores negativos (HR
80,4%, embora com p borderline positivo. Não há foi de 0,58 contra HR de 0,84 nas RH+). Mudança
relato de osteonecrose e, de fato, o denosumabe de prática? Sim, em casos bem selecionados!
diminui o risco de fratura em relação ao placebo.
Mais uma peça neste complicado quebra-cabeças BCIRG 006:
de tratamento com bisfosfonatos ou inibidor de Sobre o seguimento tardio do clássico estudo
rank em caráter adjuvante em pacientes com RH TCH ou AC-TH vs AC-T, dez anos depois, os ga-
na pós-menopausa. Ainda não temos aprovação nhos foram mantidos com vantagem para os braços
para uso no Brasil em câncer de mama, mas temos com trastuzumabe adjuvante, sendo que o TCH foi
indícios de que neste ano o denosumabe será o mais seguro do ponto de vista cardiovascular.
A
tUALMENTE, EM TORNO DE 90% DOS PACIENTES neal é comprovadamente segura e eficaz. Publica-
Divulgação
COM CÂNCER DE TESTÍCULO NÃO SEMINOMA- ções de Donohue1 e Sweeney2 demonstram resul-
TOSO ATINGEM A CURA COM UMA COMBINAÇÃO tados que variam entre 45% e 70% de sobrevida
de cirurgia e quimioterapia. Esses números impres- livre de recorrência, dependendo do volume de
sionantes estão relacionados à excelente resposta de doença retroperitoneal (N1 vs N2). Apesar de
um tumor sólido, em grande parte, aos regimes qui- pouco utilizada, a ressecção de doença retroperi-
mioterápicos baseados em platina. Com taxas de toneal isolada pode ter aplicação em cenários es-
resposta expressivas e pouco dependentes do vo- pecíficos, como pacientes com contraindicação à
lume tumoral, o tratamento quimioterápico se con- quimioterapia, recorrências tardias e pacientes
José Alexandre Pedrosa solidou como “standard” na abordagem da doença com doença retroperitoneal limitada e exame de
* Medico urologista do Instituto disseminada e vem ganhando cada vez mais espaço imagem inespecífico. Essa estratégia tem a vanta-
Nacional de Câncer (Inca), do na abordagem de lesões localizadas e de risco ele- gem de reduzir a exposição à quimioterapia, uma
Grupo de Urologia Oncológica da vado, na forma de tratamento adjuvante. vez que em 15% a 35% dos casos não há doença
Oncologia D’Or e urologista no retroperitôneo mesmo em pacientes com está-
oncológico pela Society of Orquiectomia radical dio clínico II.
Urologic Oncology
A despeito de toda essa evolução no tratamento
Contato: sistêmico, o papel da cirurgia do câncer testicular Linfadenectomia pós-quimioterapia
jappedrosa@gmail.com não pode ser diminuído. Séries de vigilância ativa Pacientes submetidos à quimioterapia experi-
apresentam a orquiectomia radical isolada com mentam respostas completas em cerca de 70%.
taxas de cura entre 70% e 80% em pacientes com Apesar da presença de tumores residuais microscó-
Divulgação
tumores testiculares no estádio I. Esse fato demons- picos em cerca de 20% dos casos submetidos à ci-
tra que, assim como em outros tumores sólidos, a rurgia retroperitoneal, já foi demonstrado que a
ressecção local de tumores em estádio inicial está vigilância é segura nesse grupo de pacientes. Erlich
associada a menores índices de tratamentos aditivos et al2 demonstram uma sobrevida global de 97%
e a taxas de cura elevadas. em pacientes com resposta completa não submeti-
dos à linfadenectomia retroperitonal.
Linfadenectomia primária Já pacientes com massa residual, definida pela
No caso de doença no estádio II, a ressecção presença de lesão retroperitoneal superior a 1 cm
Rodrigo Frota
cirúrgica através de linfadenectomia retroperito- em método de imagem de controle após quimiote-
* Coordenador do Programa de
Tabela 1 – Estadiamento dos tumores testiculares baseado TNM 2009
Cirurgia Robótica Urológica
da Rede D’Or São Luiz, médico
urologista do Grupo de Urologia Tumor Primário Linfonodos Metástase Marcadores Tumorais
Estádio Tumoral
Oncológica e fellow em cirurgia (P) (N) (M) (S)
robótica e laparoscopia urológica O pTiS N0 Mo S0, SX
por Cleveland Clinic (EUA)
I pT1-T4 N0 Mo SX
Contato: II Qualquer T N1-N3 M0 SX
rodrigofrotaf@gmail.com III Qualquer T Qualquer N M1 SX
Referências bibliográficas:
1. Donohue JP, Thrnhill JA, Foster RS, et al. Clinical Stage B non-seminomatous Germ cell testis cancer: The Indiana University Experience (1965-1989) Using
Routine Primary Retroperitoneal Lymph Node Dissection. Eur J Can Vol 31A, N10. 1599-1604.
2. Sweeney CJ, Hermans BP, Heilman DK, Results and Outcome of Retroperitoneal Lymph Node Dissection for Clinical Stage I Embryonal Carcinoma – Predo-
minant Testis Cancer. J Clin Oncol 2000 Jan;18(2)358-62.
3. Ehrlich Y, Brames MJ, Beck SD. Long-term follow-up of cisplatin combination chemotherapy in patients with disseminated nonseminomatous germ cell
tumors: is postchemotherapy retroperitoneal lymph node dissection needed after complete remission?. J Clin Oncol, 2010 Feb 1, 28(4):531-6.
4. Beck SD, Foster RS, Bihrle R, Outcome analysis for patients with elevated serum tumor markers at postchemotherapy lymph node dissection. J Clin Oncol,
2005 sep 1, 23(25): 6149-56.
I
DADE AVANÇADA DO PACIENTE, TUMOR NÃO AGRES- Ela diz que a exposição à toxicidade ou aos efei-
SIVO EM ESTÁGIO INICIAL (QUE LEVARÁ MUITOS ANOS tos colaterais de um tratamento (quimioterapia, ra-
PARA EVOLUIR) E AUSÊNCIA DE METÁSTASE SÃO SITUA- dioterapia e cirurgia) pode ser mais agressiva do
ções que orientam uma conduta chamada vigilância que o próprio tumor maligno. Pela vigilância ativa,
ativa. “Na área oncológica, esse termo surgiu da explica a especialista, pacientes com neoplasia de
preocupação de médicos do mundo inteiro com a baixo risco podem ser acompanhados por exames
existência de muitas doenças de baixo risco que são periódicos frequentes e só iniciar alguma terapia
supertratadas. A vigilância ativa foi aplicada pela quando houver sinais de evolução da doença.
primeira vez para o câncer de próstata”, informa a “Este método traz benefícios importantes, como
oncologista clínica Luci Ishii, do Grupo Acreditar, poupar o doente dos efeitos deletérios dos proce-
em Brasília, da Oncologia D’Or. dimentos convencionais, melhorando de forma in-
comparável a sua qualidade de vida”, avalia a
Istockphotos
A
CIRURGIA ROBÓTICA JÁ É UMA REALI- Nós, da Oncologia D’Or e da Rede
DADE NA MEDICINA E SE CONCRETIZA D’Or São Luiz, estamos em consonância
COMO UM GRANDE AVANÇO NO TRA- com essa tendência mundial. Em cerca de
TAMENTO cirúrgico. A oncologia não ficou um ano, investimos 11 milhões de reais
de fora dessa tendência e podemos dizer nessa tecnologia. Nosso sistema robótico
que é uma das especialidades que mais se Da Vinci está disponível a qualquer médico
beneficiaram dela. Esse tipo de intervenção da cadeia de hospitais da rede em todo o
Rodrigo Abreu e Lima representa hoje quase a totalidade das ci- país. Desde a aquisição da plataforma de
rurgias de próstata. Não há mais como dis- cirurgia robótica pelo grupo, em meados
Diretor executivo da
sociar a uro-oncologia da robótica, e o de 2015, mais de 200 cirurgias do tipo já
Oncologia D’Or
mesmo vem ocorrendo em outras áreas nas foram realizadas em nossas instalações de
quais ela se tornou uma revolução, como São Paulo e do Rio de Janeiro. A opção pela
na cirurgia de cabeça e pescoço, torácica e, tecnologia é uma escolha conjunta do mé-
mais recentemente, em alguns casos de dico e do paciente.
gastrointestinal, ginecológica e bariátrica. Apesar de estar mais consolidada nas
Os benefícios são inúmeros tanto para áreas já citadas, em tese basicamente todos
o paciente quanto para os cirurgiões. Por os tumores podem ser operados pela téc-
serem minimamente invasivas, as cirurgias nica robótica. As limitações, como em
conduzidas com robótica proporcionam ao qualquer técnica cirúrgica, são a curva de
paciente um pós-operatório menos dolo- aprendizado e o tempo de experiência do
roso e mais curto, com menor tempo de cirurgião. O Grupo Oncologia D’Or acre-
convalescença, menor necessidade de anal- dita na importância de investir em treina-
gésicos e melhor resultado cosmético em mento médico. Temos hoje 15 cirurgiões
relação à cirurgia aberta convencional. Em- já capacitados para operar o robô. Nosso
bora a laparoscopia assistida por vídeo objetivo é fazer com que esse número
também proporcione alguns desses resul- aumente significativamente para que os
tados, a robótica confere ainda uma visão nossos pacientes possam usufruir das
mais detalhada do campo operatório ao ci- vantagens dessa tecnologia.
rurgião, além de maior liberdade de movi- Por isso mesmo, constantemente con-
mentos e menos tremor, fatores que juntos vidamos integrantes do nosso corpo clínico
inevitavelmente levam a uma cirurgia mais a participar de atualizações em robótica
segura, bem controlada e eficaz. nos melhores centros internacionais. Para
Não é à toa que esse tipo de cirurgia os próximos meses, está programado o
vem crescendo exponencialmente nos paí- treinamento de mais 20 médicos. Todas
ses mais desenvolvidos e nos principais essas inciativas confluem para a consolida-
centros europeus e norte-americanos. Nos ção de um tripé que consideramos funda-
Estados Unidos, com uma população de mental: pesquisa, educação e assistência.
aproximadamente 313 milhões de pessoas, Ao investirmos na cirurgia robótica, ga-
já existem 1.957 plataformas de cirurgia nham nossos médicos e também nossos
Contato: robótica em uso. No Brasil, temos apenas pacientes, ambos recebendo o que há de
rodrigo.lima@oncologiador.com.br 16 robôs em funcionamento para atender mais moderno na oncologia, com trata-
uma população de 200 milhões. mento eficaz e tecnologia de vanguarda.
Fechando as contas da
saúde suplementar
Consultoria especializada mapeia situação de saúde nas
empresas e desenvolve estratégias para equilibrar gastos
e manter benefícios assistenciais
O
S GASTOS COM PLANOS DE SAÚDE REPRESENTAM com recente estudo encomendado pela Confedera-
HOJE A SEGUNDA MAIOR DESPESA DAS EMPRE- ção Nacional de Saúde (CNS).
SAS COM SEUS FUNCIONÁRIOS, ATRÁS APENAS O aumento se deve à incorporação de novas
dos salários. E o impacto dos benefícios de saúde tecnologias e coberturas dos planos, à descoberta
na folha de pagamento só vem crescendo – subiu de enfermidades e ao surgimento de epidemias,
de 10,38% em 2012 para 11,54% em 2015, se- mas principalmente à alta do dólar, que dita os pre-
gundo pesquisa da consultoria especializada Mercer ços de medicamentos e insumos, e às demissões,
Marsh. Na contramão da economia, os custos dos ocasionadas pela crise econômica do país. Com
planos de saúde sofrem altas de cerca de 15% ao risco de desemprego, os funcionários correm para
ano, podendo chegar a 20% este ano de acordo usar seus planos e acabam gerando mais sinistrali-
dade a seus patrões. Torna-se cada vez mais difícil
para as empresas manter os benefícios para seus co-
laboradores. “O plano de saúde tem hoje um im-
pacto muito forte na folha de pagamento e, em
momentos de dificuldade econômica, os empresá-
rios passam a avaliar todas as rubricas e modelos
de planos”, diz José Carlos Abrahão, diretor-presi-
dente da Agência Nacional de Saúde Complemen-
tar (ANS).
Para manter o equilíbrio entre benefícios assis-
tenciais e custos, ganha destaque nesse cenário a fi-
gura da consultoria especializada em gestão de
saúde. As consultorias, além de gerenciar os planos
e a contratação dos benefícios, podem atuar na aná-
lise do mercado e na definição e gestão de estraté-
gias internas que visam reduzir custos sem deixar
de lado a assistência e o bem-estar dos empregados.
U
MA PUBLICAÇÃO DE JULHO DE 1999 DO CLINICAL nidade muito maior de exercer a atenção farmacêutica,
CANCER RESEARCH DIZIA “O FUTURO PARA A QUI- mas dividindo seu tempo com as atividades relaciona-
MIOTERAPIA ORAL NUNCA FOI TÃO BRILHANTE”. DE das aos medicamentos injetáveis.
fato, estamos atualmente vivendo uma nova era no tra- Uma importante preocupação quanto aos medica-
tamento do câncer, temos uma imensidade de medica- mentos antineoplásicos orais é que eles fazem parte da
mentos orais disponíveis e essa tendência deverá lista de medicamentos potencialmente perigosos se-
continuar, com uma estimativa de 25% dos 400 novos gundo o instituto de práticas seguras no uso de medi-
medicamentos em desenvolvimento sendo formulados camentos (ISMP). São medicamentos que apresentam
para o tratamento oral de câncer. risco aumentado de provocar danos significativos aos
Em setembro 2015, o Journal of Oncology Practice pacientes em decorrência de falha no processo de uti-
publicou o artigo “Comparison of Independent Error lização, no qual o erro pode levar a consequências gra-
Divulgação
Checks for Oral Versus Intravenous Chemotherapy”, re- ves e letais. Por isso, é exigido ainda mais rigor em todo
latando que “muitos pacientes e cuidadores dizem que o processo de aquisição, guarda, conferência (dupla
preferem quimioterapia oral a IV, com vários novos me- checagem), dispensação e uso. Sem uma atenção cui-
dicamentos orais sendo usados para tratar o câncer para dadosa a esse respeito por parte das concessionárias,
o qual não existem medicamentos parenterais eficazes”. somada à relevância da adesão do paciente com os re-
A promessa para a quimioterapia oral é bem ilus- gimes de quimioterapia, essa nova rotina pode ser fonte
trada pelo uso da mercaptopurina em terapia de manu- de insucesso ou custos maiores no tratamento de mui-
tenção para leucemia linfoblástica aguda, na qual a tas doenças.
Elizangela Eugênio
administração diária via oral durante muitas semanas O estudo publicado no Journal of Oncology Practice
* Farmacêutica, membro de terapia de manutenção é um componente impor- diz, ainda, que o “maior envolvimento dos farmacêuti-
da Sociedade Brasileira tante da maior parte dos protocolos de tratamento para cos, no ambiente da clínica e da comunidade, facilitaria
de Farmacêuticos em a doença na infância. Esse modelo, contudo, não pode o aumento da verificação sistemática, o que poderia me-
Oncologia (Sobrafo) e da ser convenientemente alcançado com terapia IV. A ci- lhorar a segurança dos pacientes quanto à quimiotera-
International Society
clofosfamida oral é outro exemplo que tem sido um im- pia oral”. Para tanto, há uma enorme oportunidade para
of Oncology Pharmacy
Practitioners (ISOPP); portante componente da terapia adjuvante para câncer os farmacêuticos ao assumir um papel mais amplo den-
coordenadora do grupo de de mama há mais de uma década. tro das suas atribuições.
estudos de farmacêuticos E, neste cenário, está em vigor desde 2 de janeiro Precisamos nos lembrar de que o tratamento oral é
em oncologia (GEFO) de 2014 a resolução normativa (RN) 338, que regula- mais fácil sob o ponto de vista de que o paciente não
e gerente de farmácia
menta a quimioterapia oral na saúde suplementar ge- precisa ir ao serviço para o tratamento, mas é também
e do fluxo de informações
do Instituto de Oncologia rando a obrigatoriedade da cobertura desse tratamento um tratamento sistêmico como os EV e vai gerar reações
do Vale (IOV) pelos convênios. A RN disponibiliza uma lista de 37 adversas importantes, tais como náuseas, vômitos, diar-
princípios ativos entre quimioterápicos e hormônios reia, perda de cabelo, mudanças na pele e alterações no
para o tratamento de diferentes tipos de tumores sólidos sangue, que precisam ser manejadas pelo médico, tor-
e neoplasias hematológicas, além de classes de medica- nando obrigatória a visita do paciente ao serviço. De
mentos de suporte para dor e náuseas, entre outros, que acordo com a publicação Identificação de riscos da dis-
o paciente tem direito de receber gratuitamente. pensação de medicamentos orais, na ausência de atenção
A publicação da RN se tornou um desafio para as farmacêutica em uma clínica oncológica privada, os autores
E-mail:
operadoras de planos de saúde, que precisaram se reor- farmacêuticos detectaram que, 13% dos pacientes ape-
elizangela.eugenio@iov.med.br
ganizar para atender o usuário; para o paciente, que, nas receberam seus medicamentos via correio entregue
nessa terapia, precisa participar mais do seu tratamento; pela concessionária em suas residências.Destes, 93%
e para os farmacêuticos, que se deparam com a oportu- não tiveram oferta de atenção farmacêutica, contra os
Referências bibiográficas:
1. http://jco.ascopubs.org/content/16/7/2557.short
2. http://jop.ascopubs.org/content/early/2015/09/29/JOP.2015.005892.abstract
3. Pôster publicado SBOC 2015 – Daniel e Edwiges
4. http://www.cancer.org/treatment/treatmentsandsideeffects/treatmenttypes/chemotherapy/oral-chemotherapy
5. http://clincancerres.aacrjournals.org/content/5/10/2669.short
O
CÂNCER DE COLO DO ÚTERO, TAMBÉM CONHECIDO mentar as chances de cura. O método de rastreamento
COMO CERVICAL, É PRINCIPALMENTE PROVOCADO mais eficiente e utilizado atualmente é o exame citoló-
POR INFECÇÕES PERSISTENTES DE ALGUNS SUBTIPOS gico oncoparasitário da cérvice uterina, também conhe-
de diferentes genótipos oncogênicos do papilomavírus cido como Papanicolau.
humano (HPV) que provocam alterações malignas nas A persistência da infecção pelos principais tipos on-
células causando a hiperproliferação desordenada do cogênicos do HPV (16 e 18) poderá provocar lesões
epitélio de revestimento do colo uterino, comprome- progressivas no colo do útero, como neoplasia intrae-
tendo o estroma e podendo invadir estruturas, órgãos pitelial cervical de grau 1 – NIC 1 (displasia leve), que
adjacentes e até provocar a metástase. tem uma tendência a regredir e ser resolvida pelo sis-
A infecção pelo HPV é considerada a doença sexual- tema imune. As lesões de alto grau, NIC 2, NIC 3 e ade-
mente transmissível (DST) mais comum dos últimos nocarcinoma in situ (AIS) são consideradas lesões
Divulgação
tempos. Estima-se que, em média, 75% da população precursoras pré-malignas do carcinoma de células es-
mundial sexualmente ativa entre em contato com o camosas invasivo e do adenocarcinoma cervical inva-
vírus em algum momento da sua vida. sivo. Diversas pesquisas concluíram que, se as lesões
O HPV é um pequeno vírus DNA circular perten- precursoras forem detectadas precocemente e tratadas,
cente à família Papoviridae e que apresenta mais de 200 removendo-as, evitam-se a evolução e o agravamento
genótipos diferentes, sendo que 12 deles são conside- para o câncer invasivo.
rados oncogênicos e associados ao câncer de colo ute- Dados recentes da International Agency for Re-
rino, sendo os tipos HPV 16 e 18 os principais search on Cancer (IARC) relatam que o papilomavírus
Rodrigo Luis Taminato
responsáveis pelas lesões neoplásicas malignas no Brasil, humano (HPV) é responsável por 610 mil casos de cân-
* Pesquisador clínico da enquanto os tipos HPV 6 e 11 são relacionados às lesões cer por ano no mundo, sendo que 87% deles afetam o
Rede de Pesquisas e verrugas anogenitais e cutâneas. colo do útero, 9,5% a região anal-genital e 3,5% a região
em Farmacogenética e É um tipo de câncer de evolução lenta, com tempo da orofaringe. Além disso, vários estudos comprovam
Farmacogenômica do de latência longo. Algumas pesquisas mostram que pos- que praticamente 100% dos casos de câncer de colo
Estado de Goiás
sivelmente outros fatores também podem contribuir uterino são provocados pelo HPV.
(ICB-UFG) e da Rede
Goiana de Pesquisa em para o início e a progressão das lesões, como predispo- No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer
Mastologia (HC-UFG); sição genética, múltiplos parceiros, tabagismo, deficiên- (Inca), são estimados 16.340 novos casos de câncer
membro da Comissão cias no sistema imunológico, virulência viral e de colo do útero em 2016, sendo o terceiro tipo mais
Assessora de Educação simultaneidade com outras DSTs. frequente de câncer em localização primária em
da Sobrafo e professor
Na maioria dos casos, tanto lesões pré-cancerígenas mulheres, excetuando-se os cânceres de pele não me-
universitário
como cancerígenas apresentam-se assintomáticas em lanoma, ficando atrás do câncer de mama e colorretal,
praticamente todos os estágios, podendo provocar sin- sendo a terceira em mortalidade por câncer em mu-
tomas como ciatalgia, dor pélvica, corrimentos e san- lheres no país. Em 2013, foram registradas 5.430
gramentos vaginais em casos mais avançados. mortes no Brasil.
Se detectadas precocemente, elas têm um potencial
de cura que chega a 100%, tanto lesões precursoras pré- HPV x Vacinas imunobiológicas bivalentes e
malignas como neoplasias malignas em estágio inicial. quadrivalentes
No Brasil, existem estratégias para o diagnóstico de Devido às altas taxas de morbimortalidade provo-
E-mail:
detecção precoce e rastreamento que visam identificar cada pelo HPV, o Food and Drug Administration (FDA),
rodrigo.luis.japa@gmail.com
lesões precursoras pré-malignas e tratá-las, impedindo nos Estados Unidos, e a Agência Nacional de Vigilância
que evoluam para a neoplasia maligna ou para diagnos- Sanitária (Anvisa), no Brasil, aprovaram a comercializa-
ticar o câncer em estágio inicial, com a finalidade de au- ção das vacinas imunobiológicas:
Referências bibiográficas:
1. Araújo SCF, Caetano R, Braga JU, Silva FVC. Eficácia das vacinas comercialmente disponíveis contra a infecção pelo papilomavírus em mulheres: revisão sis-
temática e metanálise.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe técnico sobre a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Brasília: Dez 2013.
3. CDC. Quadrivalent human papillomavirus vaccine. Recommendations of the advisory committee on immunization practices (ACIP). MMWR 2007;56
(RR-2):1-24.
4. FUTURE I/II Study Group; Dillner J, Kjaer SK, Wheeler CM, Sigurdsson K, Iversen OE, et al. Fouryear efficacy of prophylactic human papillomavi- rus qua-
drivalent vaccine against low grade cervi- cal, vulvar, and vaginal intraepithelial neoplasia and anogenital warts: randomised controlled trial. BMJ 2010; 20:c3493.
5. Inca: http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/tabelaestados.asp?UF=BR;
6. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2016/esquema_de_vacinacao_hpv_duas_doses
7. Nunes CBL, Arruda KM, Pereira TN. Apresentação da eficácia da vacina HPV distribuída pelo SUS a partir de 2014 com base nos estudos FUTURE I, FUTURE
II e Villa et al. Acta Biom Brasil, 2015; 6:1-9.
8. Paavonen J, Naud P, Salmeron J, Wheeler CM, Chow SN, Apter D, et al. Efficacy of human papil- lomavirus (HPV )-16/18 AS04-adjuvanted vaccine against
cervical infection and precancer caused by oncogenic HPV types (PATRICIA): final analysis of a double-blind, randomised study in young wom- en. Lancet
2009; 374:301-14.
do café
O aroma de um café recém-preparado é a primeira sensação prazerosa do dia para mais de
1 bilhão de pessoas no mundo. A composição química do grão de café está fortemente relacionada
com as práticas agrícolas adotadas nas lavouras. O Brasil utiliza, muitas vezes, técnicas de colheita
inadequadas. Cerca de 50% do total da produção brasileira correspondem a grãos imperfeitos e
que, incorporados ao mercado interno, comprometem a qualidade e a segurança alimentar, uma
vez que levam à formação de compostos nefrotóxicos e possivelmente cancerígenos. No entanto, é
importante destacar que ainda não há estudos conclusivos sobre os riscos de tais compostos para a
saúde. Por isso, pesquisadores do IDOR e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) irão
iniciar estudos relacionados ao potencial genotóxico desses grãos.
Os defeitos que têm maior influência na qualidade do grão são oriundos de frutos imaturos e passados, conhecidos como PVA (preto,
verde e ardido). Frutos passados são suscetíveis à contaminação por micotoxinas, principalmente ocratoxina A (OTA), que em torras
excessivas são degradadas. Entretanto, a torra acentuada, independentemente da qualidade dos grãos, pode levar à formação de hidro-
carbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), cloropropanóis e furanos, dos quais alguns são compostos mutagênicos e cancerígenos e
outros potencialmente genotóxicos, os quais podem ser transferidos para a bebida. Ao mesmo tempo, cafés nessas torras mascaram
aromas indesejáveis e eventuais adulterações, apresentando acentuado amargor e corpo, características apreciadas entre os brasileiros.
Considerando a complexidade do processo, dado o alto consumo diário no Brasil, e a ausência de dados científicos sólidos, seria razoável
assumir, por ora, que o consumo moderado de cafés especiais em torra média seria a prática mais recomendada para mitigar os possíveis
riscos e maximizar os efeitos benéficos do café na saúde e bem-estar.
países, o medicamento é re- visa) no final do ano passado, o ruxolitinibe é a nova alternativa
conhecido como droga órfã para tratamento dos pacientes com mielofibrose (MF) de risco in-
pelo Food and Drug Admi- termediário ou alto. Produzido pela Novartis, o ruxolitinibe é o
nistration (FDA), órgão re- único tratamento disponível especificamente para o combate da
gulatório norte-americano. mielofibrose, um tipo raro de neoplasia no sangue provocado pelo
O medicamento Xalkori (crizotinibe), produzido pela Pfizer, mau funcionamento da medula óssea, que deixa de produzir quan-
foi aprovado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância tidades normais de células sanguíneas, levando a um aumento
Sanitária (Anvisa). A terapia é indicada para o tratamento acentuado do baço. A mielofibrose também causa sintomas debili-
em primeira e segunda linha de câncer de pulmão de não tantes como emagrecimento, febre, sudorese noturna, prurido e
pequenas células (CPNPC) positivo para a alteração gené- cansaço extremo, que acabam por comprometer a qualidade de
tica ALK (linfoma quinase anaplástico), que acomete geral- vida do paciente. A média de sobrevida geral de um paciente com
mente pessoas não fumantes, em uma faixa etária mais MF sem tratamento é de cinco a seis anos, caindo para 1,3 ano em
jovem. O Xalkori é o primeiro medicamento de adminis- pacientes classificados como de alto risco. Com o tratamento,
tração oral indicado para o tumor de pulmão do tipo houve melhora significativa da sobrevida desses pacientes, com re-
CPNPC com uma alteração genética específica (fusão dução de até 42% do risco de morte pela doença. “Além de aumen-
EML4-ALK). O Xalkori age inibindo uma enzima produzida tar a sobrevida, o ruxolitinibe melhora muito a qualidade de vida
pela fusão dos genes ALK e EML4 que favorece a multipli- do paciente, compensando eventos adversos”, comenta o hemato-
cação das células tumorais no pulmão. De acordo com a logista Renato Tavares, do Banco de Sangue Hemolabor, que já tra-
Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2012 a doença tou de 27 pacientes com mielofibrose usando o fármaco, dentro do
matou 1,6 milhão de pacientes no mundo. No Brasil, todos protocolo de pesquisa. Entre os efeitos indesejados do ruxolitinibe
os anos, aproximadamente 27 mil pessoas são diagnostica- estão anemia, queda de plaquetas, neutropenia, tontura, dor de ca-
das com esse tipo de câncer e outras 16 mil morrem por beça e hematomas. No Brasil, aproximadamente 150 pacientes já
causa do tumor. foram beneficiados com o tratamento com ruxolitinibe por meio
dos programas de uso compassivo e acesso expandido.
tinibe para pacientes com leucemia linfoide crônica (LLC) sem tratamento prévio. Com isso, o medicamento
pode agora ser usado nos Estados Unidos também como opção de primeiro tratamento para a doença. A
nova indicação baseia-se em dados do estudo fase 3 RESONATE-2 (PCYC-1115), que comparou ibrutinibe
com clorambucil. Os resultados, de um período de seguimento mediano de 18,4 meses, mostraram que o
medicamento prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão, reduzindo em 84% o risco de
progressão da doença ou de morte. Ibrutinibe melhorou significativamente a taxa de resposta global,
chegando a 86% versus 35% de clorambucil em pacientes com 65 anos de idade ou mais com LLC sem
tratamento prévio, e prolongou significativamente a sobrevida global, reduzindo o risco relativo de morte em 84% comparado ao clorambucil
em 24 meses. No Brasil, o medicamento foi lançado em novembro de 2015, após aprovação em regime de priorização pela Anvisa, e é in-
dicado para pacientes que não responderam a um tratamento inicial ou que apresentaram recaída da doença. O medicamento é desenvolvido
em uma parceria entre Janssen Biotech, Inc. e Pharmacyclics LLC.
O Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) é uma instituição privada, sem fins
lucrativos, que contribui para o desenvolvimento da ciência brasileira e formação de Saiba mais. Visite:
profissionais de excelência na área de saúde. Dispõe de robusto capital intelectual
e infraestrutura equipada para desenvolver pesquisas clínicas e translacionais
em diversas áreas como: biologia molecular, biologia celular, www.idor.org
neuroimagem, neuropsiquiatria, medicina intensiva, oncologia,
pediatria e medicina interna. O instituto também coordena oito
programas de residência médica da Rede D’Or São Luiz: Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino
Cardiologia, Medicina Intensiva, Clínica Médica, Pediatria, Rua Diniz Cordeiro, 30
Radiologia, Urologia, Cirurgia e Anestesiologia, e oferece
Botafogo - Rio de Janeiro - RJ
diversos cursos de especialização e atualização nas
(21)3883-6000
áreas de Medicina Intensiva Pediátrica, Clínica /DOrInstitute
Médica, Ortopedia, Farmácia, Cardiologia e /Institutodor
Imagem.
curtas
Divulgação
Identificados “pontos
fracos” em tumores de
pulmão e pele
Um grupo internacional de pesquisadores da
Universidade Harvard, da Universidade College
London e do MIT observou que tumores de pele
Riscos associados à fosfoetanolamina
e pulmão carregam uma espécie de “sinal” para o
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) divulgou os
sistema imune que facilita a sua destruição. Trata-
resultados preliminares das primeiras pesquisas financiadas pelo governo
se de proteínas encontradas apenas na superfície
federal sobre a fosfoetanolamina, substância que até então vinha sendo
dos tumores e que podem vir a ser alvos para
produzida e distribuída na USP de São Carlos (SP) via ações judiciais e
novas terapias. A imunoterapia, que se vale das
ficou conhecida como a “pílula do câncer”. O relatório aponta que as cáp-
células T do sistema imune para atacar as células
sulas têm uma concentração de fosfoetanolamina menor do que o espe-
cancerosas, tem se mostrado uma grande pro-
rado e que somente um dos componentes da cápsula, a monoetanolamina,
messa contra algumas formas de câncer, como o
apresentou alguma atividade citotóxica e antiproliferativa, ou seja, capa-
melanoma, mas não para todos os tumores. A des-
cidade de destruir células tumorais e inibir seu crescimento. Testes feitos
coberta dessas proteínas, compartilhadas por
com os componentes da cápsula em células humanas de câncer de pân-
todos os pacientes de câncer examinados no es-
creas e melanoma apontaram que a fosfoetanolamina não apresentou efeito
tudo, abre caminho para a melhoria das estraté-
contra os tumores. Somente a monoetanolamina demonstrou potencial
gias de imunoterapia. Os cientistas verificaram
antitumoral, ainda assim “várias ordens de magnitude menos potente” do
que os pacientes estudados tiveram uma resposta
que medicamentos antitumorais já disponíveis no mercado.
imune contra os tumores, embora não intensa o
O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC),
suficiente para destruir o câncer. Biópsias dos
Gustavo Fernandes, alerta para os riscos da Lei 4639/2016, que libera, sem
tumores revelaram células imunes no interior dos
critérios, a fosfoetanolamina. Para Fernandes, “é fácil entender que os pa-
tumores, algumas das quais reconheceram as pro-
cientes com câncer e seus familiares busquem quaisquer soluções, mas não
teínas nas células malignas. A expectativa dos pes-
podemos aceitar que as instituições também se curvem ao desespero e à
quisadores é de que essas células imunes possam
irracionalidade”. Sobre a aprovação da lei pela presidência da República,
ser isoladas, artificialmente multiplicadas em la-
ele é taxativo ao afirmar que “desprezando a necessidade de realizar pes-
boratório e combinadas com drogas para atacar
quisas clínicas antes de se liberar um medicamento, a liberação faz o Brasil
todas as células cancerosas no organismo.
regredir décadas em sua escalada civilizatória”.
A SBOC, assim como o Conselho Federal de Medicina e a Associação
Médica Brasileira, se posicionaram contra essa lei, que entendem como
um risco à saúde pública e um agravo ao poder constituído das entidades
médicas e da autoridade sanitária brasileira (Anvisa).
N
“ INGUÉM QUER A MORTE, SÓ SAÚDE E SORTE”, quer ser submetida em caso de doença incapaci-
JÁ DIZIA GONZAGUINHA NA CANÇÃO O QUE É, tante. A decisão foi resultado da experiência terrível
O QUE É?. MUITO MENOS A MORTE NA IMPES- de ver o pai, que morreu em 2013, mantido em es-
soalidade dos hospitais, longe das pessoas queridas tado vegetativo por oito anos devido a um acidente
e cercado de um arsenal terapêutico que só vai pro- de moto. “Ele sofreu muito sem ter chance de re-
longar o sofrimento na fase final da vida. Por isso cuperação”, afirma Ariane. “É uma coisa que eu não
mesmo, aumenta o número de pessoas que se dis- gostaria que acontecesse comigo.”
põem a fazer o testamento vital, documento lavrado Como Ariane, a maior parte das pessoas que
em cartório que permite antecipadamente expressar buscam fazer o testamento vital já passou por expe-
a própria vontade quanto às diretrizes de um trata- riências desse tipo. Há também aqueles que rece-
mento médico futuro, no caso de impossibilidade bem um diagnóstico de doença grave evolutiva,
diante de um acidente ou doença grave. como neoplasia em estado avançado, e se dispõem
Segundo o Colégio Notarial do Brasil, 682 pes- a planejar o tempo que ainda lhes resta. “O diagnós-
soas se dispuseram a fazer o documento no ano tico de câncer, mesmo que não seja fatal, provoca
passado, a maioria em São Paulo (574), mas tam- uma experiência de fragilidade. A consciência da
bém em todos os outros estados da federação. mortalidade faz a pessoa repensar muitas coisas”,
Desde 2012, quando o Conselho Federal de Me- considera o advogado Marcos Coltri, especialista em
dicina (CFM) aprovou a Resolução 1995/2012, direito médico. “Compreensivelmente, o testamento
que dispõe sobre as diretivas antecipadas de von- vital pode ser uma das decisões a serem tomadas.”
tade dos pacientes, até março deste ano foram la- Diferentemente do testamento clássico, que dis-
vrados 2.280 testamentos. Esse número só tende põe sobre o patrimônio depois da morte, o testa-
a crescer. mento vital atua no momento em que o limite entre
“Recebo uma média de dez e-mails por semana a vida e a morte é alcançado. Ele permite que o
de pessoas interessadas nesse tipo de documento”, autor, maior de 18 anos e em plena consciência,
atesta a advogada Luciana Dadalto, administradora disponha sua vontade quando não tiver mais capa-
do site www.testamentovital.com.br, que disponi- cidade para explicitá-la. O registro é facultativo e
biliza informações sobre o tema. É o caso da publi- pode ser feito em qualquer momento da vida, po-
citária gaúcha Ariane Flávia Cardoso, de 20 anos. dendo ser modificado ou revogado. Diferentemente
Mesmo jovem e saudável, Ariane fez o testamento de outros países, no entanto, no Brasil não há le-
vital especificando os procedimentos aos quais não gislação específica sobre esse tema.
Integração é a palavra-chave
O
TRATAMENTO DO PACIENTE COM nando aqueles que carecem mais de rádio, químio ou cirurgia. De
CÂNCER TEM SE TORNADO CADA acordo com essa seleção, os pacientes são encaminhados para consultas
VEZ MAIS COMPLEXO COM A IN- individuais com os especialistas. Após essa fase, colhidas as informa-
trodução de novas tecnologias diagnósticas, abordagens terapêuticas ções de cada paciente, todos os profissionais médicos se reúnem para
e o avanço na compreensão da doença. Poucos pacientes hoje são tra- analisar caso a caso e discutir o tratamento. Terminado o debate, os
tados com apenas uma modalidade terapêutica. Frequentemente, o médicos conversam com cada paciente. Mesmo que o paciente seja ci-
paciente passa por uma combinação de cirurgia, quimioterapia e ra- rúrgico, ele será atendido por um oncologista. Ao final, o paciente sai
dioterapia. Essa realidade reforça a tendência de um tratamento com de lá com uma visão ampla do tratamento e os médicos com a conduta
abordagem multidisciplinar e integrada, em que diversos especialistas definida. O paciente pode optar por seguir o tratamento na clínica ou
trabalham juntos para chegar a um consenso sobre a linha de cuidado levar a conduta para seguir em outra clínica. Se o paciente não tem
e os protocolos adotados para cada indivíduo. A abordagem multidis- exame, já faz lá. Toda a conduta é definida em um só dia e com um
ciplinar é hoje o padrão ouro na oncologia. olhar multidisciplinar.
Recentemente, tive a oportunidade única de participar ativa e imer- Ter um centro focado na doença com médicos especialistas nisso
sivamente em um projeto modelo nessa linha, na Clínica Multidisci- faz toda a diferença. Além da agilidade, o paciente ganha na qualidade
plinar de Câncer de Pâncreas, no Hospital Universitário da Johns do atendimento integrado. Em média, 24% dos pacientes atendidos
Hopkins, em Baltimore, nos EUA, onde estive por seis meses como na clínica em busca de uma segunda opinião têm mudança na con-
médica visitante, sob orientação do médico Lei Zheng e em contato duta recomendada para seu caso depois da análise da equipe multi-
com grandes especialistas como Luiz Alberto Diaz e Daniel Laheru. O disciplinar.
hospital da universidade é um dos melhores do mundo, classificado Esse modelo de atenção integrada, apesar de reconhecido como
por dez anos entre os três melhores dos EUA e referência no trata- uma prática ideal em todo o mundo, ainda é exclusividade de poucos
mento de câncer. centros de excelência de hospitais universitários nos Estados Unidos.
Baltimore é uma cidade pequena, distante 30 minutos de Washing- Mas a ideia está viva aqui no Brasil na Rede D’Or São Luiz e no grupo
ton, DC, e grande parte da atividade local gira em torno da universi- Oncologia D’Or. Temos na rede equipes de alta qualidade em cirurgia,
dade e do hospital, que recebe pacientes vindos de todos os países, radioterapia, imagem e oncologia e a possibilidade de replicar aqui
especialmente do Oriente Médio, em busca de uma segunda opinião esse sistema. Na tentativa de implementar o atendimento integrado e
médica. A oncologia possui um prédio próprio, com emergência on- mais ágil possível, o grupo criou a chamada linha verde, uma linha de
cológica, atendimento ambulatorial, setor de químio e radioterapia, cuidado que vai da suspeita da doença e segue durante todo o trata-
cirurgia e internação – toda essa infraestrutura em um só local, dese- mento com apoio e assistência completa ao paciente.
nhada para atender os pacientes de forma integrada e ágil. O projeto cria um fluxo contínuo entre as unidades do Grupo
Durante minha visita, atuei no ambulatório gastrointestinal, acom- Oncologia D’Or e os hospitais da rede. Do mesmo modo que na clínica
panhando pacientes com câncer de pâncreas, colorretal e neuroendó- da Johns Hopkins, o paciente atendido pela linha verde recebe o acom-
crino, além de participar das sessões multidisciplinares de câncer de panhamento de um hematologista e um oncologista clínico atentos a
pâncreas, realizadas semanalmente. Nessas sessões, profissionais de todo seu histórico e tratamento. O paciente conta ainda com um con-
diferentes especialidades, entre oncologistas, radiologistas, patologis- cierge que marca seus exames, consultas e procedimentos no menor
tas, cirurgiões e médicos da dor, se reúnem para analisar e debater os tempo possível, agilizando o atendimento. O tempo entre o primeiro
casos dos pacientes que procuram a clínica em busca de tratamento atendimento, o diagnóstico e o início efetivo do tratamento é funda-
ou segunda opinião. mental para o paciente com câncer, e a linha verde tem conseguido
A rotina se inicia pela manhã com o trabalho fundamental da en- encurtar essa janela, que normalmente é de três meses no Brasil, para
fermeira especialista (nurse practitioner), que junto com os residentes 30 dias. É mais uma forma de atendimento integrado que abraça o pa-
recebe os pacientes, colhe a anamnese e faz uma triagem já selecio- ciente no momento em que ele mais precisa.
O empoderamento e a
relação médico-paciente
E
mpoderamento é o ato de ter conhecimento fiante, transparente e humana.
sobre determinado assunto e/ou situação. No Quando a relação médico-paciente se torna mais
caso do diagnóstico de um câncer, é propor- acolhedora e menos impositiva, apesar do tema tra-
cionar ao paciente o conhecimento acerca da doença, tado, a condução do tratamento torna-se mais leve. O
seu tratamento, suas opções, orientá-lo sobre como paciente tem a impressão de que pode respirar livre-
lidar com a situação, de forma que ele tenha domínio mente, entender e enfrentar a doença, tendo ao seu
sobre essa fase. Poder tomar decisões e assumir o pro- lado uma equipe médica que o trata de forma diferen-
tagonismo sobre a sua vida é fundamental e um di- ciada e próxima.
reito do paciente. Quando se tem um diagnóstico de câncer, ser pro-
Quando pensamos na relação médico-paciente, o tagonista é respeitar a si mesmo e ter a certeza de que
empoderamento é de extrema importância para que na vida tudo são fases e que, tendo-se consciência sobre
haja uma troca maior de informações, sentimentos e es- cada uma delas, as escolhas poderão ser mais assertivas,
clarecimento de dúvidas entre ambas as partes. mais humanas e com menos sofrimento.
C
OM MAIS DE 500 INSCRITOS E REALIZAÇÃO DO NEOTÓRAX – NÚCLEO DE EXCE-
LÊNCIA EM ONCOLOGIA TORÁCICA, O I SIMPÓSIO DE DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE
PULMÃO ONCOLOGIA D’OR NEOTÓRAX REUNIU ESPECIALISTAS PARA DEBATER RAS-
treamento, diagnóstico e tratamento da doença, no Centro de Convenções Prodigy,
no Rio de Janeiro, nos dias 1 e 2 de abril.
Estiveram presentes renomados médicos e especialistas nacionais e internacionais
em câncer de pulmão e farmacoeconomia abordando questões como tratamento mul-
tidisciplinar, novas técnicas de diagnóstico molecular, projetos de rastreamento e
custo-efetividade de drogas-alvo e tratamentos.
O evento contou ainda com um curso pré-simpósio no dia 31 de março, quando
foram transmitidas ao vivo, diretamente do Hospital Copa D’Or, duas cirurgias de
pulmão conduzidas por Paula Ugalde, do Instituto Universitário de Cardiologia disso”, disse. “Contudo, ainda precisamos avan-
e Pneumologia de Quebec (Canadá). çar muito no diagnóstico precoce da doença e no
Segundo o coordenador do encontro, Carlos Gil Ferreira, o evento teve por ob- maior acesso da população às novas tecnologias
jetivo impulsionar a discussão sobre importantes temas que ainda merecem atenção de diagnóstico e tratamento. Reunir especialistas
no tratamento e no diagnóstico da doença, com o rastreamento. “O Brasil avançou com um olhar multidisciplinar é fundamental
bastante nos programas de combate a esse tipo de câncer e devemos ter orgulho para isso.”
Thayana de Queiroz
Thiago Soares,
Pinto Kossobudzka e
Bruno Lima,
Alessandra Ambrósio
Paulo Henrique,
Arturo Otãno,
Flávio Reis e
Rodrigo Abreu e Lima
Carlos Loures
N
Confira mais fotos online: os dias 01 e 02 e3 abril, o I Simpósio de Diagnós- mento da doença, no Centro de Convenções Prodigy, no
https://goo.gl/NpW0VS
tico de Câncer de Pulmão Oncologia D’Or Rio de Janeiro. O evento contou ainda com um curso no
NEOTÓRAX reuniu especialistas nacionais e interna- dia 31 de março no qual foram transmitidas duas cirur-
cionais para debater rastreamento, diagnóstico e trata- gias de pulmão ao vivo.
Mauro Zomboni e Tatiane Montella Marcelo Ibiapina e Vitorio Puntel Rui Haddad e Gil Lima
Felipe Erlich, Pedro Pinho, Patricia Matos Carlos Eduardo Lima, Caroline Andrade, Lucianno Santos, Rodrigo Abreu e Lima,
e Lilian Faroni Luiz Eduardo Nunes, Ana Israel e Ricardo Terra Guilherme Cançado, Hélio Calábria
Tatiane Montella e Carlos Gil Ferreira Barros Franco Carlos Gil Ferreira, Mariano Zalis e
Carlos Terra
Ricardo dos Santos e Viviane Rossi Andrea Melo e Paola Perdigão Anderson Silvestrini e Paulo Sérgio Perelson
Onco& recomenda
Sites e aplicativos sobre oncologia voltados tanto para médicos, com novidades e informações
sobre a área, como para pacientes, com dicas de prevenção e assistência ao doente
Participa de redes sociais? Curta a Onco& no Facebook (facebook.com/RevistaOnco) e acompanhe nossas novidades no Twitter (twitter.com/RevistaOnco)
Fique por dentro das ações sobre câncer que ganharam destaque na mídia e nas redes sociais
Para conscientizar a população sobre o câncer infantil, o Grupo Oncologia D'Or desenvolveu uma campanha lúdica para o Dia Inter-
nacional da Luta Contra o Câncer Infantil, comemorado no dia 15 de fevereiro. Com o mote “Fique atento aos verdadeiros monstros que
fazem mal ao seu filho!”, a ação contou com peças publicitárias e divulgação nas redes sociais destacando os principais sintomas desse
tipo de câncer: perda de peso; mancha brilhante nos olhos; febre de origem indeterminada; palidez e anemia; manchas roxas sem queda;
e vômitos. Cada sintoma foi associado à figura de um monstrinho.
O objetivo da ação foi despertar a atenção da população para a detecção precoce como a melhor forma de combate à doença.
Congresso de Radioterapia
A cidade de João Pessoa (PB) recebe, entre os dias 15 e 18 de junho, o 18º Congresso
Divulgação
Uroonco CEPON
de agosto, o II URO ONCO CEPON, evento que visa reunir especialistas de renome na-
cional de urologia, oncologia e radioterapia para discutir a melhor abordagem no trata-
mento de pacientes com tumores urológicos. No evento, que será realizado em Florianó-
polis (SC), destaque para grandes temas da uro-oncologia, como vigilância ativa em câncer
de próstata, linfadenectomia estendida, evidências científicas sobre o radium-223, além
de sessões especiais voltadas à cirurgia, radioterapia e câncer de bexiga.
Simpósio de Melanoma
A Rede D’Or promoveu nos dias 5 e 6 de julho o I Congresso de Oncologia D’Or, no
Divulgação
Rio de Janeiro, com a presença de médicos e professores do Hospital Johns Hopkins (EUA).
O evento abordou o estado da arte em tratamentos contra tumores de pulmão, mama, gas-
trointestinais, geniturinários e melanomas.
Entre os médicos convidados, destaque para os brasileiros Antonio Carlos Wolff e Mario
Eisenberger, que pesquisam a biologia e novos tratamentos contra câncer de mama e prós-
tata, respectivamente. “O Johns Hopkins é um centro médico de vanguarda em termos de
pesquisa clínica. Eles são referência global em testes com novas terapias e testes moleculares
com a chamada personalização do tratamento”, afirmou o oncologista Daniel Herchenhorn,
organizador do evento.
http://www.sboc.org.br/24-a-2804-gap-2016-
GAP 2016 – Challenging Cancer 24 a 28 de abril Barretos – SP
challenging-cancer/
I Simpósio de Uro-oncologia e
Cirurgia Robótica Oncologia D´Or 2 de julho Rio de Janeiro – RJ http://www.oncologiador.com.br/portal/