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A vida de Paulo
José Samuel Lanes Santos
GOVERNADOR VALADARES
Agosto 2010
Introdução
Conhecer mais sobre a vida do apóstolo Paulo é muito importante para quem quer
compreender melhor o novo testamento. Saber o contexto que o apóstolo vivia ao escrever
cada carta, o que ele estava sentindo, o que estava acontecendo nas igrejas que ele havia
fundado. tudo isso ajuda a entender o pano de fundo que motivou o apostolo a escrever cada
uma de suas obras que compõe nosso Novo Testamento.
Com este trabalho pretende-se apresentar uma biografia um tanto resumida do
apóstolo, já que uma biografia completa, que apresentasse tudo de grandioso que o Espírito
Santo operou através de sua vida, jamais caberia em um espaço tão limitado. Portanto sem o
compromisso de aprofundar muito o estudo daremos uma visão geral da vida de Paulo.
Capitulo 1
O apóstolo Paulo era judeu, filho de judeus, da tribo de Benjamim. Foi batizado
originalmente com o nome Saulo, que no hebraico tem a mesma raiz do nome Saul (primeiro
rei de Israel e também benjamita). Ficou conhecido como Paulo somente mais tarde, a
primeira citação vem em Atos 13.9.
A Bíblia não relata o nome de seus pais, mas sabemos que a família era bastante
arraigada à lei e tradição judaicas. Também se presume que Paulo venha de uma família
importante, já que tinha a cidadania romana, coisa um tanto rara entre os judeus. Seu pai não
devia ser muito afeito a cultura helênica, já que mandou Paulo estudar “aos pés” de Gamaliel,
grande mestre da Lei judaica, ao invés de algum filósofo reconhecido de sua cidade.
Natural de Tarso, uma cidade importante da região da Cilícia, com aproximadamente
500 mil habitantes naquela época. A cidade se destacava como um grande centro cultural e
possuía escolas filosóficas que superavam outros centros famosos como Alexandria e Atenas.
Sabemos também que mais tarde Paulo exerceu cargos importantes em Jerusalém,
inclusive como membro do Sinédrio, como se lê em Atos 26.10 que Paulo dava seu voto contra
os cristãos, o que os condenava a morte. E esta informação traz algumas implicações
interessantes. Para ser membro do Sinédrio o candidato precisava preencher três requisitos:
1)ter mais de trinta anos de idade 2) ser casado 3) ser doutor. Consequentemente Paulo deve
ter sido casado.
No seu grande zelo pelas tradições judaicas Paulo tornou-se um ferrenho perseguidor
dos cristãos, como ele mesmo afirma em Atos 22.4 “ Persegui este caminho até a morte,
prendendo e metendo em cárcere homens e mulheres”. E nestas perseguições ele acabou por
participar na execução por apedrejamento de um cristão chamado Estevão. A Bíblia não fala
que Paulo (então Saulo) tenha jogado sequer uma pedra, mas ele consentia na sua morte.
Não satisfeito em perseguir os crentes de Jerusalém, Saulo pede cartas ao sumo
sacerdote para perseguir os cristãos de Damasco também. E cheio de ódio pelos cristãos ele
saiu em direção àquela cidade. Porém lhe ocorre um encontro mais que inesperado. Quando
ele já se aproximava da cidade, em pleno dia, algo brilhou mais do que o sol, uma
resplandecente luz do céu o cerca e ele cai por terra. E então ouve a voz do Senhor Jesus,
aquele a quem ele perseguia, falar com ele.
Este encontro transforma totalmente a vida daquele homem. O homem que ia cheio
de ódio, tão certo de si perseguir os cristãos, agora estava totalmente quebrantado, cego pela
luz brilhante, a manifestação gloriosa de Jesus Cristo. Como permanecer o mesmo depois de
um encontro desses? Então, reconhecendo a indescritível grandeza de quem lhe apareceu,
Paulo, agora completamente humilhado, pede uma direção a Jesus. Ao que Jesus responde
“Levanta-te, entra em Damasco, pois ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado fazer.”
Paulo entra em Damasco, cego, guiado pela mão. Seus planos de perseguição tinham
ido pelo ralo. Ele foi conduzido à casa de um certo Judas, e ali ficou três dias sem comer nem
beber e ainda sem recobrar a visão. Até que o Senhor Jesus lhe manda o auxílio.
Ananias, um crente de Damasco, recebe a missão de falar com Saulo. Não é difícil
imaginar o que se passou pela cabeça de Ananias por um instante, como ser o primeiro cristão
a ir falar com este homem que veio no intuito de destruir os cristãos? Mas Jesus o tranquiliza,
afirmando que Saulo era para Ele um instrumento escolhido. Então Ananias obedece. Ao
chegar ao endereço indicado Ananias encontra Saulo, explica sua missão e ora por ele. Logo
Saulo volta a enxergar, levanta-se e é batizado. Ele come alguma coisa, se fortalece recebe a
mensagem de Ananias que falava muito de sua missão futura e passa alguns dias com os
crentes daquela cidade.
Mas não demorou muito para que Saulo começasse a pregar entre os judeus nas
sinagogas. Só que, os judeus ficavam sem entender nada, o mesmo homem que veio de
Jerusalém para perseguir os cristãos em Damasco agora aparece pregando a mensagem dos
cristãos, que mudança!
Depois de passar alguns dias em Damasco Paulo se dirigiu para a Arábia. Que ponto
exatamente do território da Arábia não se sabe, mas muitos acreditam que seja próximo ao
Sinai. Durante estes anos Paulo provavelmente trabalhou para se suster e foi preparado pelo
Espírito Santo para aquilo que o futuro lhe reservava. Acredita-se que foi durante este período
que ele viveu as experiências citadas em II Cor. 12. É provável que ele tenha passado uns três
anos, talvez menos, nessa região.
Passados estes anos Paulo retorna para Damasco e empenha-se a pregar novamente o
evangelho. Isto com certeza deixou muita gente furiosa entre os judeus. Estes logo se
reuniram procurando uma maneira de matá-lo, de modo que convenceram até mesmo o rei
de Damasco, Aretas, que pôs guardas para vigiarem o entorno das muralhas da cidade em
busca de Paulo. Fugindo da perseguição o apóstolo é baixado dentro de um cesto pela muralha
da cidade e foge para Jerusalém.
A princípio os irmãos de Jerusalém não se sentiram muito confortáveis em ter Saulo de
volta a cidade. Nada mais natural, já que ele era um velho conhecido daquele povo como
perseguidor. Coube a Barnabé um papel muito importante naquele momento, pois ele se
aproximou de Saulo o apresentou aos apóstolos, e contou-lhes como este havia se convertido
e como pregara em Damasco.
Saulo passou quinze dias com Pedro naquela cidade, durante este tempo ele
aproveitou para debater o evangelho que havia recebido diretamente de Cristo, já que Pedro
era testemunha ocular de todo o ministério de Jesus. Ele também se encontrou com o
apóstolo João e com Tiago, o irmão do Senhor. Como Saulo parecia ser meio avesso ao ócio ele
saía e pregava o evangelho com muita ousadia. Até mesmo discutia com os gregos e por fim
estes já tramavam para matá-lo. Quando os irmãos ficam sabendo se reúnem e enviam Saulo
de volta a sua cidade natal, Tarso.
Enquanto Saulo está em Tarso, percorrendo toda aquela região, Barnabé se encontra
em Antioquia da Síria. E a igreja de Antioquia crescia muito, com muitas conversões de modo
que Barnabé sozinho estava tendo dificuldades para liderar todo aquele povo. É então que o
Espírito lhe faz lembrar-se de Saulo e ele parte em sua procura até achá-lo.
Ao encontrá-lo volta com ele para Antioquia. Paulo havia se preparado muito para
aquilo. Os dois trabalharam juntos naquela igreja por cerca de um ano. Ensinando, corrigindo,
pregando, de maneira que os membros daquela igreja foram os primeiros a serem chamados
cristãos.
Naquele tempo houve uma grande fome em Jerusalém. A Bíblia relata que havia um
grande numero de viúvas necessitadas naquela região. E ao que parece Barnabé encabeçou
um movimento na Igreja de Antioquia para recolher ofertas para aqueles crentes necessitados.
Uma generosa oferta foi alcançada e entregue por Paulo e Barnabé aos anciãos de Jerusalém.
O que comprova que os apóstolos não estavam na cidade. Terminada a missão Paulo e
Barnabé voltam para Antioquia levando Marcos com eles.
Capítulo 2
Quando Jesus enviou Ananias à rua direita em Damasco para conversar com Saulo, ele
incluiu um chamado missionário na mensagem. Jesus disse a Ananias que Saulo seria enviado
também aos gentios.
Aconteceu enquanto a igreja de Antioquia estava em jejum, orando. O Espírito Santo
mandou que se separasse a Barnabé e Saulo para a obra a qual os havia chamado. E a igreja
obedeceu prontamente, impondo-lhes as mãos os enviaram. Assim partiram Barnabé, Saulo e
com eles João Marcos em direção a primeira viajem missionária.
Saíram eles de Antioquia em direção a Selêucia, cidade a beira-mar. De lá tomaram
uma embarcação e foram para a ilha de Chipre. Provavelmente foi Barnabé quem escolheu
este itinerário já que ele era natural daquela ilha. Chegando lá foram até a cidade de Salamina
onde pregaram nas sinagogas judaicas. Depois atravessaram a ilha até a cidade de Pafos, que
ficava do outro lado.
Em Pafos conheceram Sérgio Paulo o procônsul, que procurava com diligencia ouvir a
palavra do Senhor, mas estava sob influencia de um profeta judeu chamado Elimas, o
encantador. Então Paulo (chamado assim pela primeira vez), cheio do Espírito Santo, feriu de
cegueira a este Elimas. O procônsul ficou maravilhado ao ver este sinal e se converteu a cristo.
Parece que na cidade de Pafos é que Paulo assume a liderança do grupo como se pode
perceber no versículo 13.
De lá partiram para Perge, onde pode ter havido alguma desavença entre eles. João
Marcos aparta-se deles e volta para Jerusalém. Não se sabe os motivos que o levaram a tomar
esta decisão. Talvez alguma discussão com Paulo que era agora o líder espiritual ao invés de
Barnabé seu primo. Ou talvez foi só saudade de casa mesmo. O fato é que ele partiu e os
outros dois ficaram tão aborrecidos que nem pregaram naquela cidade, que era um centro
importante.
Foram então para Antioquia da Psídia por terra. A travessia deve ter sido trabalhosa já
que esta ultima cidade ficava a mais de mil metros de altitude. Quando chegaram a cidade
aguardaram até o sábado e se dirigiram à sinagoga. Depois da leitura da lei e dos profetas a
palavra foi passada a Paulo. Paulo começou a discorrer desde o princípio da história de Israel lá
no Egito até o cumprimento da promessa em Cristo, o que levou muitos judeus e prosélitos a
crerem naquelas palavras.
O efeito da pregação foi tremendo. Os gentios começaram a pedi-los que contassem a
eles também tudo aquilo. E no sábado seguinte quase toda a cidade se juntou para ouvi-los.
Mas isso suscitou uma grande inveja nos judeus incrédulos, que começaram a desmentir tudo
que eles pregavam. O que não impediu que um grande número de discípulos fosse feito,
especialmente entre os gentios.
De qualquer forma parece que esses judeus eram bastante influentes naquele lugar, e
logo deram um jeito de levantar umas mulheres e uns líderes da cidade para perseguirem
Paulo e Barnabé. E acabaram por expulsá-los da cidade. Eles porém sacudiram o pó de seus
pés e partiram para Icônio.
Icônio não ficava muito distante de Antioquia da Psídia e quando lá chegaram foram
direto para a sinagoga. Ali pregaram com muita ousadia e como resultado uma grande
multidão tanto de judeus com de gregos se rendeu aos pés do Senhor.
Porém mais uma vez judeus incrédulos se levantam para fazer oposição ao trabalho
evangelístico do apóstolo. E estes começaram a incitar os gentios da cidade para perseguirem
os que haviam se convertido. Apesar da oposição, Paulo e Barnabé continuaram entre eles por
bastante tempo, pregando a palavra de Deus e Deus dava testemunho de sua palavra através
de sinais e prodígios que eram operados naquele lugar.
A cidade ficou dividida. Alguns apoiavam os judeus incrédulos, outros porém apoiavam
o apóstolo e os novos cristãos. E assim foi até que os judeus se amotinaram para apedrejar
Paulo e Barnabé, de forma que estes quando ficaram sabendo tiveram que sair da cidade e
partiram em direção a Listra.
Chegando em Listra como de costume foram pregar o evangelho. E havia naquela
cidade um homem que era aleijado desde que nasceu, de forma que nunca havia andado. Ele
ouviu o evangelho pregado por Paulo e o apóstolo olhando para ele viu que no coração
daquele homem ele havia crido, tinha fé para receber a cura. Então Paulo disse em voz alta
que o homem se levantasse, e este logo se levantou e andou.
O povo pagão que estava próximo ao começou a falar em sua própria língua que os
pregadores eram deuses que se haviam feito homens e desceram até eles. E disseram que
Barnabé era Júpiter e Paulo era Mercúrio. E havia um templo de Júpiter próximo ao lugar do
milagre, de maneira que o sacerdote logo veio com touros e grinaldas para oferecer sacrifício
aos pregadores.
Quando ouviram a intenção dos locais, Paulo e Barnabé ficaram loucos da vida. E
trataram logo de impedir o que aqueles homens queriam fazer dizendo que eles eram apenas
homens comuns. Mas pouco tempo depois vieram uns judeus incrédulos e logo convenceram
aquele povo. E arrastaram Paulo para fora da cidade e o apedrejaram até acharem que ele
estava morto. Os discípulos o cercaram e ele se levantou pernoitou ainda na cidade e partiu
com Barnabé para Derbe no dia seguinte.
Pregaram a palavra em Derbe e arregimentaram muitos discípulos. Ali não se levantou
nenhuma oposição, eles puderam pregar livremente. Em Derbe teve fim a primeira viajem
missionária. Então o apóstolo retorna as cidades por onde havia passado.
Era necessário que se organizasse as igrejas. E foi isto que eles fizeram “Confirmando
os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas
tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” – Atos 14.22. Elegeram então os
presbíteros de cada igreja, para liderar e zelar por cada uma delas.
Passaram também em Perge, cidade na qual não haviam pregado em primeiro
momento por estarem muito abalados com a desistência de João Marcos. Masque não poderia
ser ignorada por ser uma cidade de grande importância na região. Usando sempre o mesmo
método de pregar a palavra e organizar uma liderança, deixaram ali também uma igreja.
Cumprida a missão voltaram até Antioquia da Síria, o “quartel-general” de onde
começaram a viajem. Então reuniram os irmãos e contaram a todos eles as maravilhas que
Deus havia operado durante a viagem, dando ênfase especial a como o Senhor havia aberto
aos gentios as portas da fé.
O apóstolo deve ter passado em Antioquia aproximadamente um ano. Neste meio
tempo surgiu uma grande discussão no meio da igreja. Seria necessário que os gentios que se
haviam convertido guardassem a lei mosaica e a circuncisão? Paulo, Barnabé e a igreja de
Antioquia em massa afirmavam que não, mas uma pequena minoria, incitada por judaizantes
que haviam vindo de Jerusalém insistiam que sim. Então, apesar de a igreja de Antioquia ser
independente da de Jerusalém, resolve enviar Paulo, Barnabé e alguns irmãos até para irem
até lá esclarecer a posição da igreja única e não dividida.
Chegando em Jerusalém expuseram-lhes o assunto, dando testemunho de como Deus
havia operado entres os gentios durante a viajem missionária. A cúpula da igreja se reuniu, e
no meio da discussão Pedro se levanta e mostra a sua posição, que era a mesma de Paulo e
Barnabé. Mais uma vez Paulo e barnabé testificam das obras de Deus realizadas entre os
gentios. Então Tiago toma dá o seu parecer que os gentios devem se abster da idolatria, da
prostituição e do sangue e sugere que se escreva uma carta explicativa à igreja de Antioquia.
O episódio do chamado concílio de Jerusalém termina com uma grande vitória para o
evangelho da liberdade cristã.
Capítulo 3
Capítulo 5
Paulo foi julgado perante César e absolvido. É provável que tenha vivido em liberdade por mais
dois ou três anos. E provavelmente os aproveitou para mais uma vez empreender uma viajem
missionária. A tradição afirma que Paulo viajou até a região que hoje compreende a Espanha e
Portugal, podendo até mesmo ter pregado na Inglaterra. Voltou depois para a Macedônia
onde escreveu sua primeira carta a Timóteo e sua carta a Tito.
Neste meio tempo Nero manda incendiar Roma, e quando pressionado pelo povo
jogou logo a culpa nos cristãos. A perseguição sob Nero foi muito cruel e covarde. O imperador
começou então, nesta busca desenfreada, a procurar por Paulo, que foi delatado talvez por
Alexandre (citado em II Timóteo) e assim preso. Paulo foi julgado e num primeiro momento se
safou de ser executado à terrível maneira romana, lançado às feras já que era cidadão romano.
Paulo vai então para o cárcere, e se queixa da solidão ali. Os crentes não deviam vista-
lo muito, provavelmente por medo de serem acusados como seus cúmplices. Paulo foi julgado
em um processo demorado. Veio então a sentença, o apóstolo seria decapitado. No dia
marcado o apóstolo foi levado entre os soldados e a sentença foi executada. Assim acabou a
vida terrena de Paulo, mas os frutos das grandes obras que o Senhor operou através da vida
deste homem são colhidos até hoje pela cristandade.