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Uma lenda de mouros e cristãos
A festa da Bugiada tem por base uma lenda, transmitida oralmente de geração em geração, que
remonta ao tempo em que os muçulmanos ocuparam o território. Essa lenda relata a disputa de uma
imagem milagrosa de São João, detida pelos Bugios, a que os Mourisqueiros pretenderiam também
recorrer para salvar a filha do seu rei. O santo fez o milagre, os mouros recusam devolver a imagem
e a guerra estala. Na manifestação telúrica de Sobrado a lenda desenrola-se sob a forma de danças.
Os Bugios, conduzidos pelo Velho da Bugiada, vão mascarados, vestidos com roupas garridas,
penachos de fitas na cabeça, guizos por todo o corpo e castanholas nas mãos. São, habitualmente,
em número de várias centenas, de todas as idades, e fazem uma enorme algazarra. Os
Mourisqueiros, comandados pelo Reimoeiro, são rapazes solteiros, em número de algumas dezenas,
usam fato colorido e listado, na cabeça levam uma barretina cilíndrica, ladeada de espelhos e
encimada de plumas, usam polainas e, na mão direita, transportam uma espada.
Depois das danças, que têm início pela manhã, a "Festa da Bugiada" atinge o seu auge ao fim da
tarde, quando cada uma das formações sobe ao respetivo castelo e tem início a guerra,
acompanhada, de trocas de "embaixadas" e de "negociações diplomáticas". Não havendo acordo, os
Mourisqueiros atacam o castelo bugio e prendem o Velho, o chefe dos Bugios. A guerra parece
perdida mas os Bugios recorrem a uma gigantesca serpe, libertam o seu chefe e cada formação faz a
respetiva dança final.
Paralelamente, a festa integra outras manifestações da cultura popular, nomeadamente um conjunto
de cenas de crítica da vida local e nacional, típicas da época carnavalesca; o ritual da lavra da praça,
em que as operações de lavrar, gradar e semear são feitas por ordem inversa; e a mais espetacular, a
chamada Dança do Cego ou Sapateirada - uma cena de teatro popular, em que se evoca a
perturbação causada numa comunidade pela chegada de um cego que viaja de terra em terra, guiado
pelo seu moço.