Sei sulla pagina 1di 12

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, UM ESTUDO DE CASO:

O EMPREGO DO AÇO INOXIDÁVEL EM USINAS DE AÇÚCAR E ÁLCOOL

SUSTAINABLE DEVELOPMENT, A CASE STUDY:


THE USE OF STAINLESS STEEL IN SUGARCANE MILLS

Lino José Cardoso Santos


Engenheiro Químico, Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais – Consultor.
Marcelo de Castro-Rebello
Engenheiro Mecânico, Doutor em Engenharia Metalúrgica - Professor da FESP / Faculdade de
Engenharia São Paulo.
Walmor Douglas
Comunicador Social - Diretor Comercial da STWAmbiental Ltda.
Adayr Borro Júnior
Engenheiro Metalurgista, Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais - Consultor da
ThyssenKrupp Manex no Brasil.
Jorge Alberto Soares Tenório
Engenheiro Metalurgista, Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Materiais – Professor Titular do
Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo.

RESUMO

A expressão desenvolvimento sustentável incorpora a sustentabilidade ambiental, a social e a


econômica. Neste sentido, os aços inoxidáveis oferecem uma grande contribuição às usinas
sucroalcooleiras, pois quando são avaliados em longo prazo, tendo em vista a sua grande
durabilidade, agridem menos ao meio ambiente, são opções de investimentos mais rentáveis e são
marcos de qualidade, limpeza e saúde. Este trabalho apresenta um estudo de caso no qual tubos em
aços inoxidáveis AISI 304, 444 e 439 para evaporadores foram avaliados com relação a tubos
semelhantes de aço carbono e apresentaram resultados superiores com relação às três vertentes do
desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, aço inoxidável, usinas açúcar e álcool.

ABSTRACT

The expression sustainable development incorporate the environmental, social and economical
sustainability. Accordingly, stainless steels offer a great contribution to sugarcane mills, because
when they are evaluated in the long term, in view of its durability, the material is less harmful to the
environment, more profitable as an investment option and is considered a landmark of quality,
cleanliness and health. This paper presents a case study in which tubes of stainless steels AISI 304,
444 and 439 for evaporators were appraised together with carbon steel tubes, showing superior
results with respect to three aspects of sustainable development.

Keywords: Sustainability, stainless steel, sugar and alcohol mills.


INTRODUÇÃO

A expressão “desenvolvimento sustentável” foi cunhada pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas, em abril de 1987, após a
publicação do Relatório Brundtland, intitulado “Nosso Futuro Comum”. Ela estabelecia que: o
atendimento às necessidades do presente não deve comprometer a capacidade de as futuras gerações
atenderem às suas (Furtado, 2005). A partir do surgimento deste conceito, passou a existir um
discurso cada vez mais articulado que procurava condicionar a busca de um novo modelo de
desenvolvimento aliado à noção de conservação do meio ambiente. Como consequência, houve um
grande impulso com relação à consciência ambiental. O termo “qualidade ambiental” passou a fazer
parte do cotidiano de muitas pessoas e empresas que passaram a se preocupar com a racionalização
do uso de energia e das matérias-primas, principalmente as não renováveis, além de um maior
empenho e estímulo ao reuso e à reciclagem, evitando desperdícios. Do exposto, pode-se concluir
que o conceito desenvolvimento sustentável estava marcado fortemente pelas questões ambientais.
A década de 90 foi marcada pela Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
o Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, também conhecida como Cúpula da Terra, Rio 92 ou Eco
92. Essa conferência mostrou que estava havendo uma mudança com relação à definição de
desenvolvimento sustentável proposta inicialmente e que agora, associada a uma grande
preocupação com o meio ambiente, estava implícita a necessidade de desenvolvimento. Foi a partir
desta conferência que passou a ser entendida a relação entre um meio ambiente ecologicamente
equilibrado e a necessidade de desenvolvimento para que existam tecnologias que permitam a
solução de problemas ambientais crescentes e o combate à pobreza que, em geral, é a causa de
graves problemas ambientais e, ao mesmo tempo, é a maior vítima.
A partir de 1992, empresas multinacionais começaram a praticar e a divulgar a necessidade
de o setor produtivo incorporar as práticas de desenvolvimento sustentável em suas atividades. Tal
processo foi reforçado por várias ONG’s – Organizações Não Governamentais defensoras do meio
ambiente e causas sociais.
Parcerias foram estabelecidas, envolvendo empresas, governos, ONG’s e instituições
acadêmicas em vários países, entretanto, a ênfase na sustentabilidade corporativa ainda não estava
suficientemente clara e integrada ou condicionada à sustentabilidade ambiental, social e econômica.
A integração das três dimensões das necessidades humanas começou a se cristalizar a partir
de 2002, como resultado dos esforços neste sentido, empreendidos na década anterior. Neste
contexto, a dimensão econômica é representada por prosperidade e aquisição de bens materiais e
financeiros pelas partes interessadas, aí incluindo os acionistas e investidores nas empresas de
negócios. A dimensão social caracteriza-se pelo bem-estar e justiça social, individualmente ou em
comunidade. A dimensão ambiental é representada pela conservação e qualidade das reservas de
recursos naturais renováveis, pela extensão da vida útil dos recursos não renováveis e pela
sustentação das características naturais, como clima, recuperação da fertilidade do solo e garantia da
cadeia de nutrientes.
Tendo em vista o apresentado, a expressão “desenvolvimento sustentável”, em especial para
empresas com fins lucrativos, passou a significar a “adoção de estratégias de negócios e atividades
que atendam às necessidades da organização e suas partes interessadas, ao mesmo tempo em que
protege, mantém e aprimora os recursos humanos e naturais que serão necessários no futuro”
(Furtado, 2005).
Aos empresários cabe lembrar que o caminho para se chegar ao desenvolvimento
sustentável é longo, complexo e árduo, devido à necessidade de mudar a cultura institucionalizada
da empresa, em geral centralizadora, acostumada com uma postura reativa às questões ambientais e
com o acesso irrestrito aos recursos naturais. Mas trata-se de um caminho sem volta, em que o
preço de não começá-lo ou da desistência será a incerteza da sobrevivência da empresa no mercado.
Nesse sentido, desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade refere-se à perenidade, à
sobrevivência de um empreendimento, qualquer que seja a área de negócios em que atua ou o seu
tamanho. Perenidade ou sobrevivência dependem de vários fatores que vão além do lucro que o
empreendimento gera hoje. Com certeza é necessário ter lucro, mas sem prejudicar o que está ao
seu redor: meio ambiente, empresas, pessoas e comunidades.
O setor agroindustrial de açúcar e álcool, para continuar o seu crescimento e consolidar a
supremacia como produtor de açúcar e de álcool etílico precisa aproveitar todas as oportunidades
para trilhar o longo caminho em busca do desenvolvimento sustentável.
Os aços inoxidáveis vêm se mostrando em todos os segmentos industriais como o material
que mais fortemente atende às exigências do mundo moderno quanto à durabilidade, apresentação e
exigências relativas à saúde, qualidade, meio ambiente e custo, contribuindo assim com as três
vertentes do desenvolvimento sustentável.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os aços inoxidáveis e o desenvolvimento sustentável

A contribuição dos aços inoxidáveis ao desenvolvimento sustentável de qualquer


empreendimento industrial é imensa e está presente nas bases do tripé que o efetivam, apresentadas
na Figura 1.

Sustentabilidade
Econômica

DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Sustentabilidade
Social
Sustentabilidade
Ambiental

Figura 1 – Tripé representativo das bases do desenvolvimento sustentável.

Santos (2007) avaliou o uso dos aços inoxidáveis AISI 304, 444 e 439 (a designação AISI não mais
será repetida neste texto) em evaporadores de usinas de açúcar. Os resultados deste estudo mostraram
a contribuição destes aços à sustentabilidade das usinas de açúcar e são apresentados, resumidamente,
a seguir:

Utilização dos aços inoxidáveis em evaporadores de usinas de açúcar

As usinas de açúcar no Brasil utilizam intensamente o aço carbono, um material de preço


muito baixo, mas com pequena resistência à corrosão o que acarreta a sua substituição em poucos
anos. Os resíduos são pouco reutilizados devido às perdas das suas características funcionais e são,
na melhor das hipóteses, vendidos como “ferro velho”, a preços muito pequenos. O material mais
adequado para a substituição do aço carbono é o aço inoxidável, de excelentes características
mecânicas e inércia química. Neste trabalho foram avaliados do ponto de vista da sustentabilidade
ambiental e econômica tubos para evaporadores de usinas de açúcar construídos em aço carbono e,
comparativamente, com os aços inoxidáveis 304, 444 e 439.

Sustentabilidade Ambiental

Para a avaliação da sustentabilidade ambiental foi utilizada a técnica de “avaliação do ciclo


de vida - ACV”, uma poderosa ferramenta de gestão ambiental usada na determinação dos impactos
ambientais associados a um produto, equipamento ou serviço. Para produtos ou equipamentos, por
exemplo, esta técnica considera todas as etapas da sua existência, desde a retirada das matérias-
primas da natureza, transporte, produção, instalação, uso, manutenção, reposição, reciclagem e
disposição final, ou seja, ao longo do seu “ciclo de vida”. Esta metodologia pode ser usada na
avaliação ambiental de uma usina de açúcar ou parte dela, como os tubos dos evaporadores. Neste
trabalho foi feita a avaliação ambiental dos tubos de um sistema de evaporação de usina de açúcar
cujo pré-evaporador possui 2.000 m² de superfície de troca térmica e quatro efeitos, cada um com
600 m². Foram comparados tubos com 38,10 mm de diâmetro externo, em aço carbono com 2,65
mm de espessura e nos aços inoxidáveis 304 e 444 com 1,20 e 1,50 mm de espessura,
respectivamente, e no aço inoxidável 439, com 1,50 mm. Os tubos do pré-evaporador possuíam
4.000 mm de comprimento e os tubos dos quatros efeitos 3.000 mm. Como os evaporadores são
equipamentos de grande durabilidade, foi adotado um período de avaliação de 30 anos. O período
anual efetivo da safra de açúcar foi considerado de 210 dias. Como vida útil “média” para os tubos
fabricados em aço carbono e nos aços inoxidáveis foram considerados os períodos de seis e trinta
anos, respectivamente. Desta forma, no período de 30 anos, os tubos em aço carbono foram
substituídos cinco vezes. Foi considerada uma perda de 5 % dos tubos em aços inoxidáveis devido
às falhas no mandrilamento. A Tabela 1 apresenta os dados relativos aos diferentes tipos de tubos
avaliados.
Em um estudo de ACV devem ser considerados todos os aspectos ambientais relacionados
aos materiais de interesse que acontecem durante o período de avaliação do estudo. Neste trabalho
foram consideradas como as mais importantes fontes de agressões ao meio ambiente as seguintes
etapas:
A produção das bobinas de aço carbono e dos aços inoxidáveis;
A produção dos tubos;
A instalação dos tubos; e,
A limpeza dos tubos.

Para a produção das bobinas de aço carbono e dos aços inoxidáveis foram utilizados dados
levantados nos EUA, Europa e Ásia, já que eles não estão disponíveis no Brasil (IISI, 2002 e ISSF,
2005). Para a fabricação dos tubos foram usados dados de uma fábrica localizada no Estado de São
Paulo, enquanto que os dados relativos à instalação e limpeza dos tubos foram fornecidos por uma
grande usina de açúcar distante 430 km da cidade de São Paulo.
Concluído o inventário com os dados relativos às agressões ambientais, eles foram
consolidados em uma planilha onde é possível comparar o desempenho ambiental de cada tipo de
tubo de aço em estudo. A Tabela 2 apresenta os dados relativos a este levantamento.
Tabela 1 - Parâmetros característicos dos diferentes tipos de tubos

TIPOS DE TUBOS
PARÂMETROS Aços Inoxidáveis
Aço-C 304 444 439
Espessura da Parede (mm) 2,65 1,20 1,50 1,20 1,50 1,50
2
Superfície Interna para Troca Térmica (m /m) 0,1030 0,1122 0,1103 0,1122 0,1103 0,1103
Massa por Metro Linear (kg/m) 2,32 1,11 1,37 1,09 1,35 1,32
3
Densidade (g/cm ) 7,8 8,1 7,8 7,7
Pré- Nº Tubos 4.958 4.551 4.630 4.551 4.630 4.630
evaporador Massa do Pré-evaporador (t) 46,0 20,2 25,4 19,8 24,8 24,5
1º - 4º Nº Tubos 7.989 7.334 7.461 7.334 7.461 7.461
Efeitos Massa dos 4 Efeitos (t) 55,6 24,4 30,7 24,0 30,2 29,6
Número total de Tubos 12.947 11.885 12.091 11.885 12.091 12.091
Massa Total (t) 101,6 44,6 56,1 43,8 55,0 54,1
Massa total tubos aço em 30 anos (t) 508,0 46,8 58,9 46,0 57,8 56,8

Tabela 2 – Avaliação ambiental dos tubos em aço carbono e aços inoxidáveis 304, 444 e 439

Tipos de Tubos/espessura (mm)


Aspecto Ambiental Unidade Aço-C 304 444 439
2,65 1,20 1,50 1,20 1,50 1,50
Dióxido de Carbono (CO2) t 1.370 311 390 265 337 338
Óxidos de Nitrogênio (NOx) t 2,38 0,78 0,98 0,71 0,89 0,87
Materiais Particulados t 1,07 0,35 0,44 0,28 0,35 0,35
Óxidos de Enxofre (SOx) t 1,45 2,31 2,93 1,11 1,40 1,40
Materiais Suspensos kg 108,0 2,0 2,5 6,6 8,3 8,2
Resíduos Totais t 956 167 210 68 86 84
6
Energia Total 10 MJ 16,1 2,9 3,7 2,5 3,0 3,2
Recursos Naturais não
Renováveis Consumidos t 1.550 124 157 117 140 142
Água Usada Total 103 m3 85,6 51,3 51,5 51,4 51,6 51,6
Os resultados deste levantamento permitiram concluir que:

 Os tubos em aço carbono apresentaram um desempenho ambiental inferior aos tubos em aços
inoxidáveis 304, 444 e 439, nas espessuras de 1,20 e 1,50 mm, pois em relação a estes emitiram:
4,2 vezes a quantidade de dióxido de carbono;
2,8 vezes a quantidade de óxidos de nitrogênio;
3,1 vezes a quantidade de materiais particulados;
13 vezes a quantidade de materiais suspensos;
4,5 vezes a quantidade de resíduos totais.

 Os tubos em aço carbono, em relação aos tubos nos aços inoxidáveis 304, 444 e 439
consumiram:
11 vezes o total de recursos naturais não renováveis (carvão metalúrgico; lignita; calcita;
dolomita; óleo bruto; gás natural e minérios de ferro, cromo, níquel, molibdênio e manganês);
1,8 vezes a quantidade de água utilizada;
5 vezes a quantidade de energia total (energia obtida de fontes renováveis e não renováveis).

 Os tubos em aço carbono são menos impactantes ao meio ambiente quanto à emissão de óxidos
de enxofre, quando são comparados com os tubos em aço inoxidável 304.

 Os tubos em aço carbono e em aços inoxidáveis 444 e 439 emitiram quantidades semelhantes de
óxidos de enxofre.

 As emissões de óxidos de enxofre dos tubos em aços inoxidáveis informadas neste estudo estão
superestimadas, já que a matriz energética dos países em que os dados foram coletados tem uma
predominância da termoeletricidade, gerada a partir de carvão mineral que contem enxofre (ISSF
2005).

 Os aços inoxidáveis são menos impactantes ao meio ambiente, pois eles são produzidos
utilizando, em grande parte, sucatas. Já o aço carbono é produzido em usinas integradas que partem
do minério de ferro e de vários outros recursos naturais não renováveis e emitem grandes
quantidades de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.

Sustentabilidade econômica

Para a avaliação da sustentabilidade econômica de evaporadores construídos com tubos em


aço carbono e, comparativamente, com os aços inoxidáveis 304, 444 e 439 foi utilizada a
metodologia denominada “custeio do ciclo de vida – CCV” (Matern, 2002).
O objetivo do CCV é oferecer uma ferramenta de gestão econômica que contabilize os
custos totais do sistema em análise, desde a sua concepção, até o fim de sua vida útil, ou seja, ao
longo do seu ciclo de vida. Nesta abordagem são considerados os custos relativos ao projeto,
aquisição, produção, transporte, instalação, operação, manutenções, desativação, reposição, reuso
ou reciclagem dos materiais residuais, valores obtidos pela venda destes materiais, bem como o que
se deixou de ganhar em termos financeiros ou dano ao público usuário pelas horas não trabalhadas.
O somatório de todos estes custos permitirá selecionar a alternativa mais adequada
economicamente. Como o ciclo de vida de um sistema pode durar décadas, todos os custos
incorridos neste período foram tratados dentro do conceito de custo do dinheiro no tempo (Gitman,
1997).
De forma semelhante à ACV, foi elaborado um inventário que considerou os principais
componentes de custo incorridos ao longo de trinta anos, ou seja:
a) preço dos tubos;
b) transporte dos tubos;
c) instalação e substituição dos tubos nos evaporadores;
d) limpeza dos tubos; e,
e) venda da sucata.
Todos os custos foram levantados em março de 2007. Os valores relativos aos itens a e b
foram levantados no mercado, enquanto que os itens c e d foram fornecidos pela usina citada no
item anterior.
Como estes custos aconteceram ao longo de trinta anos, eles foram corrigidos no tempo pela
inflação. Essas análises financeiras precisam comparar cenários homogêneos e, assim sendo, todos
os gastos foram trazidos ao valor presente (VP). Para isto foi utilizada a taxa nominal de juros ao
invés da inflação, já que nestes casos, assume-se que um montante não gasto num determinado
momento poderia ser aplicado no mercado financeiro (NÚCLEO INOX, 1999).
Em março de 2007 a previsão de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) era de 3,8% e a taxa nominal de juros prevista pela Selic era de 11,5% ao ano (Valor
Online, 07.03.2007).
A Tabela 3 apresenta os valores presentes para os diferentes componentes de custos e tipos
de tubos.
Na elaboração desta Tabela foi utilizado o conceito de fluxo de caixa em que os
desembolsos são apresentados entre parênteses (valor negativo), enquanto que as receitas
correspondem a crédito (valor positivo). A última coluna à direita apresenta o somatório destas
atualizações financeiras ao tempo zero do estudo. Estes valores representam a oportunidade relativa
de investimento para cada tipo de tubo. O tipo de tubo que apresentar o maior VP é a melhor opção
de escolha para investimento. Como todos os VPs estão entre parênteses (valores negativos), a
melhor opção de investimento é aquela que corresponder ao menor valor numérico entre parênteses,
ou seja, gastou-se menos naquele investimento.

Tabela 3 – Valores presentes relativos aos componentes de custo e diferentes tipos de tubos

VALOR PRESENTE (R$)


Instalação /
Transporte Limpeza Venda Valor Presente
TIPOS DE TUBOS Compra Tubos Substituição
Tubos Tubos Sucata Líquido VPL
Tubos
Aço Carbono, 2,65 mm (801.761,00) (22.703,00) (323.628,00) (453.242,00) 58.518,00 (1.542.816,00)

Inox 439, 1,50 mm (800.841,00) (8.000,00) (83.029,00) (282.067,00) 5.696,00 (1.168.241,00)

Inox 444, 1,20 mm (861.827,00) (7.540,00) (81.613,00) (276.361,00) 4.613,00 (1.222.728,00)

Inox 444, 1,50 mm (1.069.915,00) (9.412,00) (83.029,00) (282.067,00) 5.791,00 (1.438.783,00)

Inox 304, 1,20 mm (1.209.032,00) (9.339,00) (81.613,00) (276.361,00) 41.676,00 (1.534.669,00)

Inox 304, 1,50 mm (1.517.359,00) (11.731,00) (83.029,00) (282.067,00) 52.422,00 (1.841.764,00)

Tubos Inox 439/444 (818.811,00) (7.878,00) (82.596,00) (280.320,00) 5.402,00 (1.184.203,00)

Tubos Inox 439/304 (913.524,00) (8.367,00) (82.596,00) (280.320,00) 15.538,00 (1.269.269,00)


Nesta Tabela, as seis primeiras linhas apresentam os custos relativos aos tubos em aço
carbono e aos tubos em aços inoxidáveis 304, 444 e 439. A sétima linha apresenta os custos
associados aos tubos de um evaporador no qual foram usados no pré-evaporador, primeiro e
segundo efeitos tubos em aço inoxidável 439 com 1,50 mm de espessura, enquanto que no terceiro e
quarto efeitos foram utilizados tubos em 444 com 1,20 mm de espessura. Na oitava linha foram
apresentados os custos referentes a um sistema semelhante ao anterior, diferenciando apenas na
substituição do aço inoxidável 444 pelo aço 304 de idêntica espessura.

Os dados apresentados na Tabela 3 permitem concluir que:

 Os tubos fabricados com os aços inoxidáveis 439 e 444 apresentaram-se como opções de
investimento mais interessantes que os tubos fabricados em aço carbono, já que apresentaram custos
trazidos ao valor presente (VP) menores, nas seguintes proporções:
Tubos em aço inox 439 com 1,50 mm igual a 0,76;
Tubos em aço inox 444 com 1,20 mm igual a 0,79; e,
Tubos em aço inox 444 com 1,50 mm igual a 0,93.

 Os tubos fabricados com aço carbono e os produzidos com aço inoxidável 304 com 1,20 mm de
espessura mostraram-se opções de investimento semelhantes.

 Para os evaporadores nos quais foram usados tubos em aço inoxidável 439 no pré-evaporador,
primeiro e segundo efeitos e tubos de aços inoxidáveis 444 ou 304 com 1,20 mm de espessura nos
terceiro e quarto efeitos, estes mostraram ser opções de investimento mais vantajosas que os tubos
em aço carbono, já que apresentam VP menores, nas seguintes proporções:
Tubos em aços inoxidável 439 e 444 igual a 0,77;
Tubos em aços inoxidável 439 e 304 igual a 0,82.

 Os tubos fabricados em aço inoxidável 304 com 1,50 mm de espessura são opções de
investimento menos atraentes que os tubos em aço carbono.

 Em um levantamento de custos semelhante ao realizado neste trabalho, muitos custos menores


não são computados ou são absorvidos pelas despesas de “manutenção”. Pode-se citar o maior
número de paradas para fechamento dos tubos de aço carbono furados ao longo da safra e a menor
transferência de calor destes tubos, mais facilmente incrustados ou fechados.

 Devido à falta de dados consolidados, não foi possível calcular a quantidade de cana não moída
e, consequentemente, a perda de produção de açúcar devido aos maiores tempos de parada das
usinas que utilizam evaporadores com tubos em aço carbono.

 Como o uso consorciado de tubos de aço inoxidável 439 com os aços 444 ou 304 é uma prática
que não apresenta impedimentos técnicos, o uso de tubos de aços inoxidáveis sempre apresentará
um ganho em sustentabilidade econômica frente aos tubos em aço carbono.

Sustentabilidade social

A contribuição dos aços inoxidáveis aos aspectos sociais do desenvolvimento sustentável


pode ser resumida em três pontos, a saber:
Saúde. Os aços inoxidáveis são os materiais de mais fácil limpeza e esterilização o que os tornam
insubstituíveis para uso nas indústrias de alimentos, bebidas e águas. Não se pode esquecer que o
açúcar é um dos alimentos mais consumidos pela população, desde os recém-nascidos até os idosos.
Os alimentos fabricados em equipamentos em aço inoxidável não são alterados quanto ao sabor,
aroma, cor e textura. Não há também migração metálica significativa para os alimentos, devido à
inércia química deste material (Pierre, 2002).
Limpeza e apresentação. Os aços inoxidáveis são facilmente limpos, recuperados e polidos,
podendo apresentar-se sempre como novos. As pessoas dão mais atenção e cuidado ao que é “novo”
e “limpo” o que contribui para aumentar a durabilidade dos aços inoxidáveis e a segurança no uso
dos mesmos (ISSF, 2007).
Qualidade. Os aços inoxidáveis são sinônimos de qualidade, em função da sua contribuição à
saúde, limpeza, apresentação, durabilidade e segurança.

Aços inoxidáveis indicados para diferentes aplicações nas usinas de açúcar e álcool

Os aços inoxidáveis podem e devem ser usado em todos os equipamentos e setores das
usinas de açúcar e álcool, tal como é praticado nas indústrias de alimentos há décadas.
Atualmente são conhecidos mais de cem tipos de aços inoxidáveis, cada um com
especificações e aplicações bem estabelecidas. Apesar desta grande variedade, apenas alguns
poucos tipos são recomendados para uso nas usinas de açúcar e álcool, com a marcante
predominância dos aços inoxidáveis ferríticos. A Tabela 4 apresenta os principais setores e
equipamentos destas usinas, os aços inoxidáveis indicados para tais usos na literatura especializada
(ACESITA, 2007 e ISSF, 2009) e algumas sugestões dos autores. É importante salientar que estas
indicações não esgotam o assunto e que devido às características de projeto e, ou de operação,
poderão ser indicados outros aços inoxidáveis. Consulte sempre um especialista.
Os aços inoxidáveis 409 e P410D são adequados para uso em ambientes pouco agressivos
quimicamente que é o caso do pré-evaporador que trabalha com vapor proveniente da caldeira e
evapora um caldo de cana com acidez corrigida (pH próximo à neutralidade) e baixa concentração
de sólidos solúveis.
O aço inoxidável P410D, designação original da ACESITA (atual APERAM INOX
AMÉRICA DO SUL S.A.), atende pela designação européia 1.4003, incluída na especificação EM
10088-2 e é também certificado pela ASTM A240 UNS S41003. Ele foi desenvolvido para fornecer
uma alternativa ao aço carbono e outros materiais com baixa resistência à abrasão e à corrosão
química. Também é uma opção econômica de substituição aos aços inoxidáveis convencionais,
onde as condições de corrosão não justificam a especificação de um aço inoxidável mais nobre. Ele
é fornecido na forma de chapas e bobinas laminadas a frio, tratadas termicamente, decapadas
quimicamente, seguido por um passe final de encruamento em cilindros brilhantes. Este tratamento
garante um polimento superior ao encontrado no aço carbono, o que reduz a formação de
incrustações.
O aço P410D apresenta uma dilatação térmica semelhante ao do aço carbono, o que o torna
perfeito para uso no pré-evaporador, tanto para os tubos, revestimento interno da calandra e
espelhos.
O aço inoxidável 439 é indicado para todas as aplicações em usinas de açúcar, exceto na
sulfitação onde precisa ser usado o aço inoxidável 316 L. No evaporador ele pode ser usado em
todos os vasos, inclusive nos dois últimos efeitos, em tubos com 1,50 mm de espessura. Nestes
casos recomenda-se a manutenção dos tubos imersos em solução de soda cáustica com pH igual a
12 na entressafra. É importante salientar que esta recomendação também é útil para os demais aços
inoxidáveis, pois a soda cáustica remove também resíduos de óleo e incrustações presentes na parte
externa dos tubos e que reduzem a transferência térmica. Tal qual ao aço inoxidável 439, o tipo 444
é indicado para todas as aplicações nas usinas de açúcar, exceto na sulfitação.
Tabela 4 - Aços inoxidáveis indicados para usinas de açúcar e álcool

SETOR EQUIPAMENTOS AÇOS INOXIDÁVEIS


Lateral da mesa alimentadora,
Recepção da cana da esteira e dos condutores. P410D

Preparo da cana Lateral da esteira de cana P410D


Peneira rotativa e 439 444 304
tubulação de caldo/embebição.
Extração Receptor de caldo e P410D
(Convencional) Chute Donnelly.
Bicas de caldo 439 444 304
Fundo da esteira intermediária. P410D
Estrutura inferior e laterais,
lateral até altura colchão cana e P410D
Extração chapa perfurada do fundo.
(Difusor) Condutores de caldo. 439 444 304
Teto P410D 439
Lavador de gases e 444 304
Geração de vapor tubulação do pré-ar.
Esteiras de bagaço. P410D
Sulfitação Colunas de sulfitação. 316L
Aquecedores e espelhos. 439 444 304
Tratamento do Decantador, peneira rotativa,
caldo flotador, tubulações, tanques de 439 444 304
dosagem e balão de flash.
Tubos, espelhos e revestimento 409 e 439
da calandra do pré-evaporador P410D
Tubos, espelhos e revestimento 439 444 304
Evaporação de das calandras demais efeitos.
caldo Condensadores,
tubulações entre os efeitos, 444 304
separador de arraste e
tanques para mel e xarope.
Tubos para cozedores 439 444 304
Espelhos 439 444 304
Revestimento interno 439 444 304
cozedores.
Cristalizadores 439 444 304
Fábrica de açúcar Reaquecedor de massa. 439 444 304
Agitador de massa. 444 304
Tubulações 439 444 304
Transportador de açúcar e P410D 439 444 304
elevador de canecas.
Tanques para mel e xarope. 439 444 304
Separador de arraste e 444 304
condensadores.
Destilaria Condução vinhaça, tubulações 444 304
e fermentadores
O aço inox 444 apresenta inércia química superior a do aço inoxidável 439 devido à
presença de molibdênio na sua composição, que o torna mais resistente à corrosão por pites,
corrosão por frestas e corrosão microbiológica (ACESITA, 2007). Para evaporadores de usinas de
açúcar justifica-se a utilização deste aço apenas nos dois últimos efeitos, em tubos com 1,20 mm de
espessura.
Dentre os aços inoxidáveis austeníticos, o 304 é o mais usado nas indústrias de alimentos,
bebidas e águas. Tem resistência à corrosão semelhante ao 444, excelente ductilidade e excelente
soldabilidade (Carbó, 2001). Para evaporadores, justifica-se a utilização deste aço apenas nos dois
últimos efeitos, em tubos com 1,20 mm de espessura. O aço inoxidável 316L possui excelente
resistência à corrosão química, cabendo o seu uso nas usinas de açúcar apenas na coluna de
sulfitação.
Algumas outras vantagens que os aços inoxidáveis oferecem (ISSF, 2007):
Excelente combinação de tenacidade, soldabilidade, moldabilidade, resistência à fratura e à
abrasão em meio úmido;
Alta condutividade térmica;
Imunes à corrosão sob tensão (ferríticos);
Devido à maior resistência aos diferentes tipos de corrosão e a alta resistência mecânica, os aços
inoxidáveis podem ser usados em espessuras menores;
Diminuição das estruturas em alvenaria ou aço para suportar os equipamentos (como exemplo, a
massa de um tubo em aço carbono com diâmetro externo igual a 38,10 mm e parede com espessura
de 2,65 mm é igual a 2,32 kg/m. Um tubo em aço inoxidável com idêntico diâmetro externo e 1,50
mm de espessura pesa 1,32 kg/m – redução de 43 %);
Menor formação de incrustações nos tubos de troca térmica devido ao superior
polimento. Em função disto, tem-se uma maior eficiência térmica, diminuição das paradas para
limpeza e redução no consumo de água, energia e produtos químicos para limpeza;
Menor frequência de manutenção e redução de tempo de usina parada;
Redução dos “pontos pretos magnetizáveis”;
Aumento da capacidade de produção e da eficiência da usina.

CONCLUSÕES

O século 21 estará cada vez mais marcado pela necessidade das empresas avançarem no
sentido do desenvolvimento sustentável. Estes avanços deverão estar ancorados em questões ou
condições que envolvam a inseparável tríade – econômica, ambiental e social. Estas melhorias
deveriam acontecer por uma iniciativa interna das empresas, antes que sejam forçadas por pressões
de mercado ou marcos regulatórios nacionais ou internacionais.
O setor agroindustrial de açúcar e álcool brasileiro, para continuar a sua escalada de
crescimento e consolidar a supremacia como produtor de açúcar e de álcool etílico precisa
aproveitar todas as oportunidades para trilhar o longo caminho em busca do desenvolvimento
sustentável. Este setor tem realizado avanços significativos na sustentabilidade deste segmento
agroindustrial, com relação ao desenvolvimento de novas variedades de cana de açúcar; na
eliminação da queima da palha, no aproveitamento energético do bagaço, entre outros.
Os aços inoxidáveis vêm se mostrando em todos os segmentos industriais como sendo o
material que mais fortemente atende às exigências do mundo moderno quanto à durabilidade,
apresentação e exigências relativas à saúde, qualidade, meio ambiente e custo, contribuindo assim
com as três vertentes do desenvolvimento sustentável: a social, a ambiental e a financeira.
Os empresários do setor sucroalcooleiro deveriam incorporar aos seus processos de decisão
relativos a investimentos e reformas as modernas ferramentas gerenciais de avaliação do ciclo de
vida e de custeio do ciclo de vida que, entre outros benefícios, provarão as vantagens ambientais e
econômicas que os aços inoxidáveis podem oferecer.
AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi realizado com a colaboração do Núcleo de Desenvolvimento Técnico


Mercadológico do Aço Inoxidável – NÚCLEO INOX, atual Associação Brasileira do Aço
Inoxidável - ABINOX

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACESITA S. A., GRUPO ARCELOR, 2007 – Caderno de anotações.

CARBÓ, H. M., In: Aço inoxidável: aplicações e especificações. São Paulo: Núcleo Inox, 2001.
Disponível em: http://www.nucleoinox.com.br/new/downloads/Acesita_Aplica_Especifica.pdf .
Acesso em: 04 de fevereiro de 2007.

CUNAT, P. J. Stainless steel – the safe choice. Environment and human health series – V. 1,
Brussels: Euro Inox. 2002.

FURTADO, J. S. Sustentabilidade Empresarial: guia de práticas econômicas, ambientais e


sociais. Salvador: NEAMA/CRA, 2005.

GITMAN, L.J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.

INTERNATIONAL IRON AND STEEL INSTITUTE - IISI. World Steel Life Cycle Inventory –
Worldwide LCI Database for Steel Industry Products, Report 1999-2000. Brussels: IISI. 2002.

INTERNATIONAL STAINLESS STEEL FORUM. LCI and LCA data to stainless steel
production. Brussels: 2005. Disponível em:
<www.extranet.worldstainless.org/worldstainless/portal/categories/lci_lca/>. Acesso em: 11 de
julho de 2006.

INTERNATIONAL STAINLESS STEEL FORUM – ISSF. The Sugar Industry - The Ferritic
Solution. Brussels: ISSF. 2009.

MATERN, S. Life cycle cost LCC: a new approach to materials selection: engineering and
economy. Avesta Sheffield, Information 9763. Disponível em: <www.avestasheffield.com>.
Acesso em: 13 de maio de 2002.

NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO TÉCNICO MERCADOLÓGICO DO AÇO


INOXIDÁVEL. Manual de aplicação da metodologia LCC: life cycle costing. São Paulo:
Núcleo Inox, 1999. 12 p.

SANTOS, Lino José Cardoso Santos. Avaliação do ciclo de vida e custeio do ciclo de vida de
evaporadores para usinas de açúcar. 2007. Tese (Doutorado em Engenharia). EP, USP, São
Paulo: setembro, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-
08012008-151424/ .

Valor Online. Ipea projeta IPCA e taxa Selic menores em 2007. Disponível em:
http://noticias.uol.com.br/economia/ultnot/valor/2007/03/07/ult1913u65684.jhtm?action. Acesso
em: 11 de março de 2007.

Lino José Cardoso Santos (E-mail: linojose@uol.com.br)


Rua Cancioneiro de Évora, 174 apto 132 - Chácara Santo Antônio - São Paulo/SP - Cep: 04708-010

Potrebbero piacerti anche