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Campus Piúma-ES

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PESCA

1º PERÍODO

Prof. Juarez Coelho Barroso

RELATÓRIO DAS VISITAS TÉCNICAS REALIZADAS


NO PERÍODO DE 15 A 17 DE JULHO DE 2016

Aluno:

FABIO OLIVEIRA

Piúma, 07/2016
FABIO OLIVEIRA

RELATÓRIO DAS VISITAS TÉCNICAS REALIZADAS


NO PERÍODO DE 15 A 17 DE JULHO DE 2016

Relatório descritivo sobre as visitas técnicas realizadas à


Bioalevinus, à Barra do Riacho, à piscicultura de Pirarucu, à lagoa
Juparanã, ao Projeto TAMAR e à foz do Rio Doce, localizados no
norte do estado do espírito Santo.

Piúma
2016
SUMÁRIO

 Introdução ......................................................................................................... 04

 Metodologia ....................................................................................................... 05

 Desenvolvimento .............................................................................................. 06

  Bioalevinus ................................................................................................. 06

  Barra do Riacho ......................................................................................... 13

  Piscicultura do Pirarucu ............................................................................ 18

  Lagoa Juparanã ......................................................................................... 23

  Projeto TAMAR .......................................................................................... 24

   Centro Ecológico de Regência .......................................................... 26

   Foz do Rio Doce ................................................................................. 27

 Considerações Gerais sobre a Visita Técnica ................................................ 29

 Contribuições para a Formação Profissional ................................................. 31

 Referências ........................................................................................................ 04
Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

INTRODUÇÃO

O Instituto Federal do Espírito Santo – IFES, campus Piúma, através do corpo


docente formado pelos professores Juarez Coelho Barroso, Marcelo Fanttini Polese
e Jones Santander, realizou visitas técnicas na região norte do estado do Espírito
Santo, levando alguns alunos dos 1º e 8º períodos do curso de graduação em
Engenharia de Pesca, durante os dias 15 a 17 de julho de 2016.

As visitas técnicas tiveram o objetivo de aprofundar os conhecimentos dos


alunos com relação às atividades profissionais que envolvem a Engenharia de
Pesca, tais como a alevinagem de tilápias Oreochromis niloticus, desenvolvida no
laboratório Bioalevinus, localizado no município de Ibiraçu; a análise dos parâmetros
socioeconômicos e socioambientais enfrentados pela comunidade de pescadores da
Barra do Riacho, localizada no município de Aracruz; a piscicultura de Pirarucu,
localizada no município de São Mateus; a lagoa Juparanã, segunda maior lagoa em
volume d’água do Brasil, localizada no município de Linhares; o Projeto TAMAR e a
foz do Rio Doce, localizados na vila de Regência, a 120 km de Vitória.

Esta visita buscou, também, mostrar aos alunos as inúmeras dificuldades


decorrentes do período de estiagem que atinge a região norte do estado do Espírito
Santo há pelo menos dois anos.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

METODOLOGIA

A metodologia empregada para a confecção do presente relatório consistiu na


observação dos locais visitados, bem como a fotografia de imagens dos locais e, em
alguns casos, a gravação do áudio das explicações técnicas e conversas informais.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

DESENVOLVIMENTO

1. Bioalevinus

Na manhã do dia 15 de julho de 2016, a equipe do IFES foi à Bioalevinus,


laboratório que trabalha com a produção de alevinos de tilápia por incubação
artificial.

Fundada em 2001, a Bioalevinus observou o potencial da piscicultura de


tilápia no estado do Espírito Santo e apostou nesse nicho de mercado, a fim de
oferecer aos seus clientes – produtores de tilápia –, alevinos de alta qualidade
nutricional, tornando-se, assim, pioneira no processo de alevinagem por incubação
artificial no estado.

Ao chegar à empresa, a equipe do IFES foi recebida pela Dra. Maristela,


médica veterinária e coordenadora de produção, responsável por apresentar aos
alunos a Bioalevinus, bem como todo o processo produtivo de alevinagem de tilápia,
mostrando as etapas da cadeia produtiva até o ponto de entrega aos seus clientes.

O primeiro local a ser apresentado pela Dra. Maristela foi um viveiro onde
ficam as matrizes de reprodução. Nesse viveiro, é realizada a coleta dos ovos das
matrizes nas hapas (Imagem 1), retirando-os da boca das fêmeas (Imagem 2).

Imagem 1 Imagem 2

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

A Dra. Maristela explicou aos alunos que, a utilização de hapas em viveiros,


reduz a possibilidade de as matrizes se misturarem e otimiza a coleta dos ovos,
devido à facilidade de manuseio e à redução de custo com mão de obra.

Para explicar as etapas e procedimentos de coleta dos ovos, a equipe do


IFES foi apresentada ao funcionário Wagner, que é técnico em aquicultura e um dos
funcionários mais antigos da empresa. Para ele, as hapas nos viveiros são de
grande importância porque apresentam maior eficácia quanto à coleta do tipo
“incubação artificial”, propiciando maior homogeneidade de alevinos geneticamente
superiores e garantindo o alto controle no processo de reversão sexual da tilápia.

O professor Marcelo Polese explicou aos alunos que a tilápia é um peixe de


cuidado parental e, por essa razão, quando se sentem ameaçadas, as fêmeas
guardam os ovos na boca, facilitando a coleta de incubação artificial tornando a
reversão mais eficaz porque quanto antes for dado hormônio (metil-testosterona)
aos animais, maior será a garantia de se obter machos que, nesse caso, são os
mais preteridos pelos produtores de tilápia.

Wagner também explicou aos alunos que a Bioalevinus aplica em cada hapa
a proporção de duas fêmeas para cada macho. Isso está diretamente relacionado à
capacidade de reprodução, uma vez que cada macho pode fecundar os ovos de
duas fêmeas, acelerando o processo produtivo de alevinos.

Segundo a Dra. Maristela, a produção de alevinos é mais lenta durante os


meses de frio, tornando-se mais acelerada nos meses em que faz mais calor. Isso
mostra que a temperatura é um fator de grande influência sobre o metabolismo da
tilápia, que se torna mais lento quando submetido a temperaturas mais baixas. De
acordo com Wagner, no inverno, a coleta é realizada a cada 23 (vinte e três) dias e,
no verão, já chegou a coletar ovos a cada 8 (oito) dias, mostrando um aumento de
aproximadamente 288% na produção.

Após a realização da coleta nos viveiros das matrizes, os ovos são levados ao
laboratório para que se acelere o processo de incubação. Os ovos ficam nas
incubadoras (Imagem 3) por um período de até 7 (sete) dias. Após a eclosão, as
larvas deslocam-se para os “berçários” (Imagem 4) para que se inicie o processo

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

nutricional por meio da adição de vitaminas e nutrientes, acelerando o


desenvolvimento dos alevinos.

Imagem 3 Imagem 4

No laboratório da Bioalevinus, há um controle muito rigoroso no que diz


respeito à manutenção das condições da água, como o pH e a temperatura, que
deve estar entre 28 e 29C. Para isso, a empresa conta com um aquecedor artificial
(Imagem 5) e um filtro de sedimentos calcários (Imagem 6). Em caso de queda de
energia ou pane de equipamentos, é acionado um sistema de alarme para que um
funcionário realize os procedimentos de emergência para que a produção dos
alevinos não seja perdida.

Imagem 5 Imagem 6

Quando os alevinos estão prontos para saírem do laboratório, são levados


paras as estufas (Imagem 7) onde permanecerão durante 30 (trinta) dias, recebendo
ração com hormônio necessária para o sucesso da reversão sexual.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 7

Segundo a Dra. Maristela, em cada hapa da estufa, é feita a marcação com a


data de introdução dos alevinos e o período esperado para a conclusão da reversão.
Após essa etapa, os alevinos são transferidos para os tanques de expedição, onde
será feita a classificação por meio de peneiração. Esse processo seleciona os
alevinos de acordo com o tamanho da malha de cada peneira, ou seja, como a
Bioalevinus produz peixes de 0,5 até 7g, há uma peneira específica para cada
tamanho de peixe (imagem 8).

Imagem 8

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Terminado o processo de reversão, os alevinos são transferidos para os


tanques de descanso a fim de que sejam preparados para a distribuição aos clientes
(Imagem 9).

Imagem 9

Por fim, no processo de embalagem, adiciona-se sal à água a fim de se


manter o equilíbrio osmótico dos peixes e azul de metileno (imagem 10), que é um
corante de ação bactericida e parasiticida usado no controle de protozoários e
fungos, e, antes de lacrar a embalagem, adiciona-se oxigênio (Imagem 11) para,
assim, manter a qualidade dos alevinos que serão entregues.

Imagem 10 Imagem 11

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Ao final da visita, a equipe do IFES foi apresentada a Sra. Edma, sócia-


diretora da Bioalevinus, que palestrou sobre o mercado de produção de tilápias,
além de explicar a importância da sua equipe na manutenção da empresa que vem
enfrentando graves problemas com a estiagem que assola a região norte do Espírito
Santo há mais de dois anos. Tal fenômeno provocou queda das vendas da
Bioalevinus em quase 50%, considerando o fato de que vários produtores do estado
encerraram suas atividades por não conseguirem manter a produção diante de tal
calamidade.

Para que a equipe do IFES tivesse uma ideia da gravidade da situação


climática na região norte do Espírito Santo, a Sra. Edma os levou para verificarem o
nível do principal reservatório da empresa que provém água a todos os viveiros da
propriedade (Imagem 12), bem como um córrego de água completamente seco
(Imagem 13) e viveiro desativado (Imagem 14), abaixo do nível d’água desejado e
com excesso de matéria orgânica, inapropriado para a criação dos alevinos (Imagem
15).

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 12

Imagem 13 Imagem 14

Imagem 15

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

A empresa ainda se mantém em funcionamento devido às medidas tomadas


durante sua reestruturação em 2006, período em que adotou métodos de
sustentabilidade quanto ao uso da propriedade e reaproveitamento dos recursos
hídricos disponíveis.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

2. Barra do Riacho

Na tarde do dia 15/07/2016, a equipe do IFES foi à Barra do Riacho conhecer


a realidade da comunidade pesqueira que vive naquela região.
O encontro foi marcado pela presença do Sr. Etevaldo, pescador e dono de
embarcação pesqueira de camarão, morador antigo dessa comunidade.

O Prof. Juarez mostrou-se bem familiarizado com a comunidade, uma vez


que realizou um projeto de monitoramento pesqueiro, atendendo a uma exigência do
IBAMA junto à Petrobras a fim de saber se a exploração de petróleo poderia causar
impacto nos organismos aquáticos da região. Essa tarefa foi realizada por ele
quando cursava o 4º período da graduação em Engenharia de Pesca pela
Universidade Federal do Ceará. Foi nessa época que conheceu o Sr. Etevaldo e,
partir dali, iniciou uma amizade que perdura até os dias atuais.

Segundo o Sr. Etevaldo, a região da Barra do Riacho, antes da instalação das


grandes indústrias (Aracruz Celulose, Samarco e Petrobrás), era um lugar de
aspecto bucólico, de veraneio, aonde as pessoas vinham aproveitar a beleza natural
que essa região proporcionava. Entretanto, com o passar dos anos, a vinda de
grandes corporações empresariais alterou o ambiente e, consequentemente, a vida
dos moradores dessa comunidade.

A construção do Portocel (Imagem 16), porto especializado da Aracruz


Celulose – hoje denominada FIBRIA –, causou grande impacto na região, fazendo
com que cursos d’água que alimentavam o Rio Riacho fossem desviados para fins
industriais, prejudicando, então, o volume d’água desse rio e, consequentemente,
agravando o problema de acesso ao mar pela Barra do Riacho.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 16

(Fonte: www.gazetaonline.com.br)

O Sr. Etevaldo informou que o problema de acesso ao mar pela Barra do


Riacho é bem antigo, pois o acúmulo de areia é um fenômeno natural, tendo em
vista que o acesso somente pode ser realizado em período de maré cheia,
resultando, assim, periodicidade de acesso a cada 20 dias. Entretanto, mesmo
assim, como o Rio Riacho tinha fartura de pescado, era possível abastecer a
comunidade local e prover renda por meio da sua comercialização.

O grande problema evidenciado pelo Sr. Etevaldo e pelo Sr. Manjeiro,


pescador local e morador antigo da comunidade pesqueira, está no fato de as ações
de compensação de impacto ambiental não serem efetivas ao ponto de atenderem à
principal reivindicação daquela comunidade que é a construção de um canal que
ligue o Rio Riacho ao mar, permitindo que os pescadores exerçam sua atividade
sem dificuldades. Ao invés disso, as grandes corporações, aliadas ao Poder Público,
se utilizam de meios paliativos que não resolvem o problema de forma definitiva,
como é o caso do fornecimento de máquinas para fazerem a dragagem do canal de
tempos em tempos, a fim de diminuir a quantidade de areia do local (Imagens 17 e
18) e abrir o canal.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 17 Imagem 18

(Fonte: www.gazetaonline.com.br)

Paradoxalmente, a poucos metros dali, vê-se a grandiosidade do Portocel que


atende a embarcações com calados de até 30 (trinta metros) (Imagens 19 e 20),
cujo fluxo se dá de forma bem efetiva, tendo em vista a profundidade prevista
durante o projeto de execução desse empreendimento. E, em contrapartida, o
famigerado canal, tão vislumbrado pela comunidade pesqueira da Barra do Riacho,
destinado unicamente ao fluxo de embarcações exclusivamente artesanais (Imagem
21), até hoje não teve um projeto definido.

Imagem 19 Imagem 20

Imagem 21

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Alguns moradores locais disseram que falta vontade política para mudar a
realidade daquela região. Alguns chegaram a dizer que o descaso é proposital, para
que eles sejam cada vez mais ignorados e, por fim, serem transferidos dali,
considerando o fato de a região ser, em um futuro muito próximo, completamente
tomada pela construção de novos portos. Segundo o Sr. Etevaldo, nenhum morador
tem escritura de propriedade, fato que pode comprometer a permanência dessa
comunidade na região.

Em conversa informal com alguns jovens e crianças que estavam presentes


durante a visita da equipe do IFES, foi possível constatar a precariedade social
presente naquela comunidade. Uma jovem que aparenta ter uns 16 anos (Imagem
19) disse que seu tio, que é pescador, devido ao problema de acúmulo de areia na
Barra do Riacho, não exerce sua profissão há meses e, para sobreviver, atualmente
está no ramo da construção civil, trabalhando com o aluguel de andaimes.

Imagem 19

Outro fato relatado pelo Sr. Etevaldo está na astúcia que as grandes
corporações têm ao persuadir a comunidade local, prometendo vagas de emprego
aos moradores como prioridade na instalação das indústrias. Porém, após o
funcionamento, alegam que a mão de obra disponível na comunidade não possui
qualificação que atenda aos padrões exigidos por elas.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

É notório salientar que a pressão das grandes corporações, aliada a


negligência do Poder Público, pode fazer com que essa comunidade seja extinta de
forma indireta, através da escassez de recursos e pela falta de oportunidade de
terem uma vida digna, de melhor qualidade (Imagens 21 e 22 e 23).

Imagem 21

Imagem 22

Imagem 23

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

3. Piscicultura de Pirarucu

Na manhã do dia 16 de julho de 2016, a equipe do IFES foi ao município de


São Mateus para conhecer uma criação de pirarucu do Sr. Júnior Costa, piscicultor
de pirarucu há 14 (quatorze) anos, sendo pioneiro na criação dessa espécie no
estado do Espírito Santo.

Antes mesmo de iniciar a explicação sobre o funcionamento do ciclo produtivo


de pirarucu em sua propriedade, o Sr. Junior informou que tem enfrentado graves
problemas no que concerne à estiagem que atinge a região norte do Espírito Santo,
chegando ao ponto de dizer que, se não fosse pela rusticidade do pirarucu, ele já
teria fechado as portas para essa atividade (Imagens 24 e 25).

Imagem 24 Imagem 25

Em 2015 ele estava com a intenção se trabalhar o manejo de pirarucu para


engorda. Porém, devido à estiagem, teve que adiar esse plano para 2016, caso haja
chuva no período esperado. Até o momento, a previsão é desastrosa, considerando
o volume pluviométrico deste ano para a região norte.

Para manter a produção de alevinos, ele teve que secar alguns tanques com
espelho d’agua de 1.100 a 1.200m2, passando a fazer uso de tanques menores, de
150 a 200m2 de espelho d’água e de maior profundidade, para alocação das
matrizes de pirarucu.

Para o Sr. Júnior Costa, a grande dificuldade da criação de pirarucu em


cativeiro está na sua reprodução, pois o processo de engorda é muito mais simples,

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

desde que o protocolo de manejo seja rigorosamente seguido, conseguindo em até


15 (quinze) meses, peixes com 10 (dez) quilos para a região do Espírito Santo. Ele
também informou que a temperatura é um fator primordial na manutenção da
espécie em cativeiro, desde que a mínima no ambiente não seja inferior a 16C.
Caso isso ocorra, o peixe poderá apresentar problemas respiratórios, tendo em vista
que o pirarucu, por ser um peixe pulmonar, vai à superfície d’água para respirar.

Para a produção de alevinos, é necessário que seja feita a manutenção das


matrizes que são formadas por um casal. Para ele, a distinção entre macho e fêmea
só é possível após 3 (três) anos, tendo em vista que o macho tem sua coloração
alterada para um vermelho mais intenso do que o da fêmea. A alimentação dessas
matrizes deve ser feita com peixe forrageiro (tilápia, por exemplo) com a finalidade
de acelerar o processo de reprodução da espécie, mantendo as características
primárias das matrizes.

Quanto à alevinagem, o Sr. Júnior afirma que, desde cedo – alevinos com
tamanho entre 6 e 7 cm – devem alimentados com ração (Imagens 26 e 27). Isso
facilita o manejo para engorda, tendo em vista o fato de o pirarucu ser uma espécie
de peixe carnívoro e, caso os alevinos sejam alimentados com outros peixes,
dificilmente se adaptarão à ração, comprometendo, assim, toda uma cadeia
produtiva.

Imagem 26 Imagem 27

O pioneirismo do Sr. Júnior quanto à criação de pirarucu no estado de Espírito


Santo se deu de forma empírica, pois, devido à falta de capital, ele teve de abrir mão
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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

de assessoria técnica para iniciar seu manejo no processo de tentativa e erro. Ele
relatou que teve perda total nas primeiras desovas, mas com o tempo, foi adotando
métodos próprios, adquirindo experiência e hoje, tem em seus tanques, alevinos de
até 20 cm.

Todos os alevinos produzidos na propriedade são adestrados a se


alimentarem apenas com ração. Assim, o cliente que comprar esses peixes terá a
garantia de eles se alimentarão apenas de ração, desde que sejam seguidas as
orientações passadas pelo Sr. Júnior Costa.

Após as explicações iniciais, a equipe do IFES foi levada a um tanque


povoado com alevinos de pirarucu, a fim de presenciar o momento em que são
alimentados com ração. Conforme havia dito anteriormente, o Sr. Junior provou que
os peixes foram treinados, uma vez que ele bateu os pés contra o solo, às margens
do tanque para que, quase que de imediato, surgisse grande cardume de alevinos
(Imagem 28).

Imagem 28

Posteriormente, ele aproveitou a oportunidade para fazer a coleta de alguns


alevinos para entregar a um cliente que havia encomendado um dia antes (Imagens
29 e 30) da visita técnica do IFES.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 29 Imagem 30

Após a coleta dos alevinos retirados do viveiro, o Sr. Junior Costa apresentou
os procedimento quanto à embalagem dos peixes para transporte (Imagens 31 e
32).

Imagem 31 Imagem 32

Ao final da visita técnica, a equipe do IFES foi presenteada com dois alevinos
para serem objetos de estudo e pesquisa no campus Piúma (Imagens 33 e 34).

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 33

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

4. Lagoa Juparanã

Na manhã do dia 16 de julho de 2016, a equipe do IFES passou pelo


município de Linhares e fez uma breve parada na Lagoa Juparanã com a finalidade
de conhecer a segunda maior lagoa de Brasil em volume d’água (Imagem 34).

Imagem 34

Mais uma vez foi possível observar os efeitos provocados pela estiagem na
região norte do Espírito Santo. Além de o volume d’água estar bem abaixo do
normal, o Prof. Marcelo Polese explicou que a cor esverdeada da água é fruto da
deposição de grande volume de material orgânico na lagoa, tendo em vista que ela
recebe esgoto in natura de várias cidades da região (Imagem 35).

Imagem 35

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

5. Projeto TAMAR

Na tarde do dia 16 de julho de 2016, a equipe do IFES foi levada ao Centro de


Pesquisa do Projeto TAMAR, localizado na praia de Regência, para conhecer o
trabalho que é desenvolvido na instituição (Imagem 36).

Imagem 36

Inicialmente, a equipe do IFES foi recepcionada pelo Sr. Aloísio, que foi o
responsável por guiar a equipe durante a visita técnica.

Logo após os trâmites iniciais da visita, a equipe do IFES foi levada a uma
sala para assistir o vídeo institucional do projeto TAMAR que apresentou dados
sobre a preservação de diversas espécies de tartarugas marinhas. Nesse vídeo, foi
possível observa a fragilidade desses animais, tendo em vista o fato de apenas 1
(um) filhote em cada 2.000 (dois mil) nascidos chegam à idade adulta. Isso explica o
fato de a preservação ser tão importante, considerando o tempo de renovação das
espécies.

As tartarugas que desovam na praia de regência são a tartaruga cabeçuda,


Caretta caretta (Imagem 37), com tamanho de até 136 cm e peso médio de 140 kg;
a tartaruga de pente, Eretmochelys imbricata (Imagem 38), com tamanho de até
110 cm e peso médio de 86 kg; a tartaruga de couro ou gigante, Dermochelys
coriacea (Imagem 39), com tamanho de até 178 cm e peso médio de 400 kg; a
tartaruga verde, Chelonia mydas (Imagem 40), com tamanho de até 143 cm e peso

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

médio de 160 kg; e a tartaruga oliva, Lepidochelys olivacea (Imagem 41), com
tamanho de até 72 cm e peso médio de 42 kg.

Imagem 37 Imagem 38

Imagem 39 Imagem 40

Imagem 41

(Fonte: http://www.projetotamar.org.br)

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

5.1. Centro Ecológico de Regência

Após visita ao centro de pesquisa do Projeto TAMAR, localizado na praia de


Regência a equipe do IFES foi à vila de Regência conhecer o Centro Ecológico de
Regência, um projeto do TAMAR que desenvolve ações socioeducativas de
conscientização ecológica e desenvolvimento sustentável.

Chegando lá, a equipe foi apresenta a Sra. Marília e visitou o museu onde são
apresentadas diversas amostras biológicas das tartarugas marinhas que desovam
no litoral norte capixaba, bem como algumas anomalias genéticas, materiais
sintéticos encontrados nos estômagos das tartarugas (Imagem 42) e alguns fósseis
(Imagem 43).

Imagem 42 Imagem 43

Na área externa do centro ecológico, é possível observar um grande pátio que


dá acesso à trilha Porto Histórico, que leva à foz do Rio Doce (Imagem 44). Além
disso, há também um fóssil de uma baleia Jubart, Megaptera novaeangliae que
atolou na praia de Regência (Imagem 45)

Imagem 44

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

Imagem 45

No centro ecológico pode-se constara que algumas tartarugas são


monitoradas por telemetria (rastreamento via satélite), possibilitando o mapeamento
das áreas por as tartarugas passam (Imagens 46 e 47).

Imagem 46 Imagem 47

5.2. Foz do Rio Doce

Passando pela trilha do Porto Histórico que, segundo a Sra. Marília,


inicialmente era uma área destinada à criação de búfalos e, posteriormente, tentou-
se introduzir uma área de carcinicultura através do cultivo de camarão, sendo
restaurada pelo projeto TAMAR através de reflorestamento do local, transformando-
o em uma área de preservação, a equipe do IFES chegou à foz do Rio Doce, sendo
esta, considerada por muitos o local mais importante de toda visita técnica.
Entretanto, por motivos obscuros, nenhum funcionário, à exceção do coordenador
geral, conhecido como Joca, estava autorizado a falar sobre os efeitos catastróficos

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

causados pela tragédia da queda da barragem da Samarco no município de


Mariana-MG.

Ainda sim, foi possível observar que, aparentemente, os impactos provocados


pela queda da barragem da Samarco encontravam-se em outro estágio, tendo em
vista que a coloração da água estava, a olho nu, dentro da normalidade (Imagem
48).

Imagem 48

Infelizmente, por motivos de engarrafamento, o coordenador geral não pode


comparecer à visita técnica do IFES e, portanto, as questões relacionadas ao
desastre ambiental ficaram para outra ocasião.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A VISITA TÉCNICA

De um modo geral, a visita técnica serviu para mostrar os diversos campos de


atuação do Engenharia de Pesca, através de abordagens que passaram pela
piscicultura, pesca e extensão pesqueira, além da parte fundamental para a
manutenção dos recursos naturais que é a área de preservação ambiental.

A visitação à Bioalevinus proporcionou aos alunos um conhecimento prático


sobre os processos de alevinagem por incubação artificial, que garante a qualidade
das tilápias pelo melhoramento genético através de técnicas de cultivo e manejo,
fazendo uso de recursos hídricos escassos e aplicando métodos sustentáveis para
manter todo um ciclo produtivo a fim de atender a um mercado consumidor cada vez
mais exigente.

Na comunidade a Barra do Riacho, foi possível constatar o quanto as


comunidades pesqueiras do Espirito Santo estão sendo negligenciadas pelo Poder
Público.

Grandes corporações que se instalaram naquela região, fazem uso indevido


dos recursos naturais, prejudicando não só o meio ambiente, mas toda uma
comunidade que depende diretamente da manutenção desses recursos para
continuar existindo.

Estigmatizados pelo seu modo de vida e cultura, muitas vezes os pescadores


ficam à margem de um progresso que impõem um desenvolvimento destrutivo,
precificando o que não tem preço e usufruindo de bens que não poderão ser
substituídos.

Na criação de pirarucu, em São Mateus, observou-se que a determinação de


um homem, que fez uso de métodos empíricos, o tornou pioneiro no estado do
Espírito Santo e referência nacional no que diz respeito à piscicultura de pirarucu,
uma espécie de peixe nativa do Brasil, que possui características bem próximas às
do nobre bacalhau, com crescente demanda para o mercado nacional e o de
exportação.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

No projeto TAMAR, pode-se observar que, em uma organização bem


administrada, com infraestrutura e dedicação dos seus membros, é possível reverter
um quadro de ameaça de extinção de determinadas espécies.

As campanhas socioeducativas junto à comunidade transformam a realidade


e fomentam a conscientização em preservar o meio ambiente.

E, por fim, vale destacar a famigerada situação da estiagem que paira sobre a
região norte do Espírito Santo. Em praticamente todos os locais visitados,
principalmente aqueles que dependiam diretamente da água, foi possível observar a
calamidade da seca.

Caso não ocorra um período chuvoso ainda neste ano de 2016, a situação
ficará mais drástica ao ponto de inúmeras empresas e produtores terem que fechar
suas portas devido à insustentabilidade dos seus empreendimentos, gerando assim,
um aumento significativo de desempregados.

Utilizando as frases da sócia-diretora da Bioalevinus, “caso não ocorram


chuvas ainda neste ano de 2016, nos restará apenas rezar!” (DENADAI, Edma
Terezinha Carlesso Deoclecio, empresa Bioalevinus, Ibiraçu-ES).

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A visita técnica proporcionou aos alunos um aprendizado prático sobre as


atividades da Engenharia de Pesca no manejo e cultivo de organismos aquáticos,
bem como a importância da extensão pesqueira no que diz respeito às comunidades
que são colocadas à margem do desenvolvimento. Além disso, a atuação do
Engenheiro de Pesca na análise de impactos ambientais se faz fundamental, tendo
em vista a manutenção e preservação dos biomas aquáticos, reestabelecendo o
equilíbrio entre o homem e a natureza.

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Relatório de Introdução à Engenharia de Pesca Relatório sobre a Visita Técnica

REFERÊNCIAS

http://www.panoramadaaquicultura.com.br;

http://www.bioalevinus.com.br;

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_Juparana;

http://www.projetotamar.org.br;

www.gazetaonline.com.br;

www.fotoimagem.fot.br

https://www.facebook.com/piscicultura.pirarucu

www.acervodigital.ufpr.br/handle/1884/37732

http://revistagloborural.globo.com/GloboRural.html

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