Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Política A tese de Theodor Adorno é mais atual do que nunca. Cerimônias com
a presença de autoridades e familiares de vítimas lembraram no último dia 5 de
setembro, na Alemanha, os 40 anos do Massacre de Munique. Onze atletas e
técnicos da comissão israelense foram mortos em um ataque terrorista durante
os Jogos Olímpicos de 1972, “considerada a maior tragédia da história dos
jogos”.
Isto posto há quem diga que vivemos hoje uma “era do terrorismo”. Artigos e
livros são publicados, em profusão, analisando até a “filosofia” do terror. Em
todas as áreas do conhecimento, surgem especialistas nas mais diversas
modalidades do fenômeno político: militar, bacteriológico, econômico, político,
jurídico-político-ideológico, religioso e até familiar (Reich). Eleito inimigo
número 1 da civilização ocidental, no seu uso atual o termo designa “uma
atividade que seria um fim em si mesmo, desvinculado de qualquer outro
objetivo que não o da sua própria execução”. Na contracorrente de tais
definições, alguns autores afirmam que o terrorismo não é senão a política
auxiliada pela violência, de modo exclusivo ou não. De um modo geral, afirma-
se que é uma “tática de luta” (Lenin/Mao) contra a ordem estabelecida, mas o
próprio poder pode ser terrorista quando faz uso dos mesmos meios, a
violência, para atingir seus fins (EUA). Com definição tão ampla, é possível
detectar formas de terrorismo ao longo de toda a história social e política
humana. Os processos “contra a bruxaria” na Europa Moderna, que afetaram 1
milhão de pessoas entre 1484 e 1739 e espalharam um clima de denúncias,
suspeição e terror por cidades e aldeias do Velho Continente, se encaixariam
perfeitamente nessa categoria. Tais processos estão na origem da popular
expressão “caça às bruxas”.
Para o que nos interessa foram dois atletas que enfrentaram os terroristas e
foram mortos no local. Outros nove atletas e técnicos foram feitos reféns pelo
grupo. Os demais conseguiram escapar e avisar a polícia. Começava então
uma operação que duraria mais de 20 horas, acompanhada pela imprensa
internacional, e que, em razão de falhas da polícia alemã, terminaria em
tragédia. Os terroristas exigiam a libertação de 234 palestinos e não árabes
presos em Israel. Mas as autoridades israelenses seguiam a política de não
negociar com terroristas, não importava a circunstância, para não incentivar
novos ataques. A situação para o governo alemão era ainda mais delicada:
tratava-se de judeus sequestrados em uma Olimpíada cuja sede era a antiga
capital do Partido Nazista. Por isso, os negociadores chegaram a oferecer
somas ilimitadas em dinheiro e até a troca dos reféns por alemães; os
terroristas recusaram todas as ofertas. Outro entrave para os alemães foi a
cobertura “ao vivo” de emissoras de TVs de todo o mundo, o que permitiu que
os terroristas acompanhassem a ação da polícia por aparelhos de TV no
alojamento, frustrando as tentativas de invasão. Finalmente, foi negociado que
os palestinos e os reféns seriam levados para o Cairo, mesmo com a recusa do
governo egípcio de se envolver politicamente no caso. Porém, “tudo não
passava de uma armadilha para tentar prender o grupo no aeroporto de
Fürstenfeldbruck, próximo à Munique”.
Vale lembrar que Golda Meir (1898-1978) foi uma fundadora do Estado de
Israel. Emigrou para a Palestina no ano de 1921, onde militou no sindicato
Histadrut e no partido trabalhista Mapai. Além de primeira embaixadora
israelense na extinta URSS em 1948, ela foi ministra do Bem-Estar Social,
ministra do Exterior, secretária-geral do Mapai e foi o quarto primeiro-ministro
de Israel, entre 1969 e 1974. Conhecida pela firmeza de suas convicções
estava à frente do Estado de Israel em seu momento mais dramático: a Guerra
do Yom Kippur, na qual tropas egípcias e sírias atacaram Israel, cuja
população estava distraída pelas comemorações do “Dia do Perdão judaico”.
David Ben-Gurion certa vez disse dela: “Golda Meir é o único homem do meu
gabinete”. Proveniente de uma humilde família judaica, em 1906, emigra com a
família para Milwaukee, Wisconsin nos Estados Unidos. Após a conclusão dos
seus estudos, Golda Meir foi, durante algum tempo, professora primária em
Milwaukee e delegada da secção norte-americana do Congresso Judaico
Mundial, mas que não trataremos agora.
A operação, “Ira de Deus”, foi narrada no filme Munique (2005), dirigido por
Steven Spielberg. É um filme de 2005 que relata os eventos que se seguiram
ao Massacre de Munique de 1972. Ele segue um esquadrão do Mossad
(liderado por Eric Bana) que é requisitado para caçar e matar os terroristas do
“Setembro Negro”, a chamada “Operação Cólera de Deus”, responsáveis pelo
assassinato dos atletas israelenses e o fardo que isso foi para a equipe. O filme
é parcialmente baseado no livro: Vengeance: The True Story of an Israeli
Counter-Terrorist Team, escrito pelo jornalista canadense George Jonas.
Estrategicamente Spielberg praticamente não fez pré-estreias do filme, lançado
em dezembro de 2005. A expectativa só seria superada pela polêmica que se
seguiu às primeiras exibições: tanto judeus quanto muçulmanos acusaram o
conteúdo de racial, como ao que parece, guardadas as proporções, a história
se repete nesses dias com a polêmica gerada em torno da estreia do filme.
Com a escalada dos protestos contra o filme anti-islâmico que satiriza o profeta
Maomé, governos de todo o mundo árabe reiteraram o pedido ao YouTube
para bloquear o acesso ao vídeo, prometendo retaliações caso a solicitação
não seja cumprida. A Árabia Saudita foi a última nação a se juntar à lista que
reivindica a retirada do ar do filme: “Inocência dos Muçulmanos”. Produzida nos
Estados Unidos, a fita tem provocado manifestações por toda a região nos
últimos dias. O Paquistão decreta feriado para permitir protestos contra filme
anti-islâmico. A França aumenta segurança no exterior como precaução por
charge de Maomé. O Egito indicia oito pessoas nos EUA por filme sobre
Maomé. Segundo as autoridades sauditas, se o Google, dono do YouTube,
“não cooperar, o próprio governo bloqueará o acesso ao site dentro do país”.
A esta altura dos acontecimentos políticos, ambos alegaram não saber dos
planos para os ataques, mas com a proximidade dos jogos foram consultados
sobre a ação. Com a falha da ação, os chefes do grupo no Oriente Médio
pretendiam se vingar da interferência alemã e chegaram a planejar o sequestro
de políticos locais por todo o país, com a ajuda de Pohl e Abramowski. Planos
que não se concretizaram devido à prisão da dupla. Mesmo com tantos
elementos os ligando ao Setembro Negro, foram condenados em 1974 apenas
por porte ilegal de armas de fogo. Abramowski recebeu uma pena de oito
meses de prisão e Pohl, um pouco mais de dois anos, embora tenha sido solto
- sem explicações - quatro dias depois de condenado. O grupo por trás do
atentado nas Olimpíadas ainda conseguiu resgatar os três sobreviventes ao
sequestrar um avião alemão da Lufthansa com destino a Frankfurt. Para obtê-
lo de volta, o governo alemão não hesitou em enviar o trio à Líbia. “Há quem
diga que o sequestro foi uma armação para a Alemanha se livrar do custoso
peso político do processo contra os acusados, que a obrigaria a tomar partido
de um dos lados envolvidos”, destaca o professor da FGV - Fundação Getúlio
Vargas. Além disso, o país poderia se tornar alvo de novos ataques caso não
cedesse. “A Alemanha se apressou em evitar isso, mandando o mais rápido
possível esses militantes embora.”