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black&whiteincolorfor

photographers
wherever you are

edição #02 | 07 2013


a arte do registro
usando o coração.
#02

black&whiteincolorfor
photographers
wherever you are
carta ao leitor
Tivemos nossa estréia. E que estréia. Todo fotógrafo tem seu lado autoral mas nem sempre o trans-
Tínhamos uma expectativa de aproximadamente 10.000 lei- forma no principal cenário de suas vidas mas o amam tanto ou
tores para essa primeira edição da BLACK&WHITE IN COLOR. mais do que fazem em seu dia a dia.
Erramos por pouco. Passamos dos 380.000 em apenas 25
dias de lançamento e mais de 2.500 pessoas CURTIRAM a Essa postura fez com que mais apaixonados se juntassem a
nossa página no facebook. BLACK&WHITE IN COLOR e este tipo de atitude demonstra que
estamos no caminho certo. Caminho este que é simplesmente
Sem dúvida alguma foi uma grata surpresa ter esses nú- trazer a tona a paixão que estava adormecida no coração de
meros em tão pouco tempo mas também sabemos que alguns e acender a chama daqueles que querem conhecer o
esses números foram por conta do diferencial que a lado da fotografia como arte.
BLACK&WHITE IN COLOR trouxe.
Nesta edição temos 6 novos colaboradores que aproveitam
Não viemos para concorrer com ninguém mas sim para o espaço da BLACK&WHITE IN COLORR, juntamente com os
ocupar um espaço que ha muito estava esquecido. O es- demais, para expor seus conceitos, suas idéias e sua forma de
paço onde a fotografia é tratada como arte e não como interpretar a arte de fotografar.
um serviço ou um produto.
Aproveite essa edição e interaja em nossa página no facebook.
Abrimos espaço para que grandes fotógrafos e apaixonados (www.facebook.com/bwincolor)
pela 8º arte pudessem soltar a voz e falar sobre assuntos que
se mantinham nos bastidores simplesmente por não se trata- Boa leitura
rem de conteúdos comerciais.
Marcello Barbusci

Mamiya 528 TL
os
colaboradores

Beto Andrade Cristiano Xavier Erico Mabellini


Designer proprietário da Original Mineiro de Belo Horizonte, Cristia- Aficcionado pela arte da fotográ-
Design. Vencedor do London In- no Xavier é fotógrafo atuante em fica, desde a infância. Hoje, tem a
ternational Advertising Awards. publicidade ,industrial ,gastrono- satisfação de ver suas obras bem
mia e Fine art desde 2002. Na área aceitas e ao mesmo tempo segue
autoral desenvolve a 14 anos um em busca de aprender sempre
amplo trabalho de pesquisa em mais nesse seu ofício e paixão.
fotografia noturna, usando como
meio de captura diversas câmeras
digitais , películas 35 mm e grande
formato 4x5.

Simão Salomão Tiago Henrique Marcos Sêmola


Fotógrafo free-lancer. Paulistano Autodidata e de personalidade Marcos Sêmola, Brasileiro nasci-
apaixonado por sua cidade, dedica idiossincrática atualmente dedicado do em 1972 na cidade do Rio de
boa parte de seu trabalho autoral a Fotografia de rua e Design Gráfico Janeiro e cidadão Italiano pela
na documentação de São Paulo, é apaixonado por expressões artísti- dupla cidadania. Autor de livros
suas mudanças e permanencias. cas, filosofia e coisas que desafiam sobre gestão de riscos da informa-
Fotografa há mais de 30 anos. nossa maneira de ver o mundo. ção, autodidata e fotógrafo, este,
amador pela simples concepção
do termo. Membro da ABAF e da
London Independent Photography.
#02

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photographers
wherever you are

Otavio Costa Rui Costa Zeca Salgueiro


Empresário nas áreas de produ- Profissional de TI desde 1999, Luthier, músico e admirador da
ção de vídeo e interatividade. apaixonado pela fotografia desde boa arte porém a arte que se en-
Há mais de 20 anos utilizando que se lembra. Em breve trocará tende não a que cria dúvida sobre
as mais recentes e inovadoras definitivamente os teclados pelas ser ou não ser arte.
tecnologias na comunicação di- lentes porque a vida deve ser vivi-
gital, produção de vídeo e mul- da apaixonadamente.
timedia interativa. (correspondente Internacional)

Kátia Martins Robson Martins Rinaldo Lima


Já atuou na fotografia de casa- Profissional de TI, já trabalhou em Fotógrafo de video auto-dida-
mentos por mais de 12 anos. Sócia diversos projetos de e-commerce. ta, especialista na captação de
fundadora de um dos principais e- Ao lado da esposa, Kátia Martins, imagens em micro 4/3.
-commerces do país para os apai- fundou um dos principais e-com- A fotografia que iniciou como
xonados por fotografia. merces para o mundo fotográfico. hobbie hoje faz parte do traba-
Além disso ministram palestras lho em sua produtora.
sobre Marketing Digital.
mosaico concursos A Quintessên-
minuto sensibilidade fotográficos cia da Estética
Um simples desejo de pro- “O fotógrafo enxerga coisas Se não houvessem inscri- “Tudo é número”, disse Pitá-
mover a fotografia como ex- onde não vemos nada.” ções certamente os regula- goras após descobrir que as
pressão de arte e inclusão. mentos seriam mudados. proporções do pentagrama
estavam diretamente rela-
cionadas à razão áurea.

alexandre urch test drive panasonic | dmc-gx1


sua vida é uma arte

renato paes captura a vida em seu celular a união faz a força


paranoid foto
#02

a luz estamos eu sou Fotografando


da noite em 2035 o produto e Publicando
A noite tem seus misté- Esse é o ano em que alguns Se você é um produto, res- 11 formas de melhorar a sua
rios e a escuridão é uma estudos preveem uma ponda rápido: presença nas Redes Sociais.
tela em branco. singularidade. Você se compraria?

sem título galeria do leitor


por simão salomão

bwincolor agenda
Galeria do
leitor

Birgit Zober

Limoncino Oliveira

André Luis Pinto


#02
Raissa Scholz Portela

Luciano Christiane

Filip Kowalkowski
Leonardo Botelho

Thomas Leuthard
#02
Marco Nosiglia

Mario Mancuso

Liz Joan Figueroa


www.bwincolor.com.br
#02

O
lá amigos leitores da BLACK&WITH IN “6. Das Considerações Gerais
COLOR, é muito bom voltar a este se- 6.1. Este Concurso tem cunho exclusivamente
gundo numero de uma revista digital cultural e a participação nele não está subor-
que promete muito sucesso. Neste momento dinada a qualquer modalidade de álea ou pa-
a BLACK&WITH IN COLOR já deve ter ultrapas- gamento pelos concorrentes, nem vinculada à
concursos
sado os 250.000 acessos. Parabéns ao colega aquisição ou uso de qualquer bem, direito ou
fotográficos Marcello Barbusci pela iniciativa. serviço, de acordo com o disposto no art. 3º,
Elogios merecidos à parte, vamos ao artigo II, da Lei nº 5.768/71 e art. 30, do Decreto nº
deste mês que pretende alertar para o perigo 70.951/72.
de um golpe corriqueiro que se faz valer da 6.2. Ao participar do Concurso, nos termos des-
boa intenção e por vezes da falta de cautela te Regulamento, o participante estará automa-
em ler o regulamento por parte dos fotógra- ticamente autorizando a Realizadora a utilizar,
fos que nele acabam entrando. de modo gratuito, definitivo e irrevogável, de
seu nome, imagem e som de voz em qualquer
Concursos Fotográficos veículo de imprensa, mídia ou Internet, para
Como não entrar em uma roubada. divulgação do Concurso, cedendo também à
Erico Mabellini Realizadora todos os direitos autorais por tem-
erico@mabellini.fot.br Você já deve ter visto por aí artigos e parágra- po indeterminando relativos a foto criada, que
fos de regulamentos de concursos contendo passará a ser de sua propriedade.
as seguintes regras: 6.2.1. As autorizações descritas acima não im-
“Neste ato, os participantes, ao efetuarem a ins- plicam em qualquer obrigação de divulgação
crição e submeterem suas fotografias abrirão ou de pagamento de qualquer quantia por par-
mão de todos os direitos autorais sobre as mes- te da Realizadora.”
mas, desprovido de qualquer ônus, em favor da
.......................... **. que poderá dispor das foto- Uma maravilha não é mesmo? Na verdade
grafias conforme sua conveniência.” uma total afronta à Constituição Federal e à
Lei de Direitos Autorais. Regulamentos esses
“Os trabalhos selecionados, passarão a fazer que poderão ser confrontados juridicamen-
parte do acervo do Centro ..............**, que po- te perante os tribunais e que possuem uma
derá utilizá-los como objeto promocional em grande probabilidade de que a autoria do fo-
eventos, publicações e exposições, independen- tógrafo venha a ser respeitada pelo Poder Ju-
temente de qualquer licença, remuneração ou diciário. Mas até que isso ocorra já se passou
pagamento ao seu autor... (...) Os 10 (dez) pri- muito tempo e o autor já gastou um bom di-
meiros colocados terão suas fotografias incluí- nheiro com advogados. E é nisso que se fiam
das em uma coleção de postais a ser editados os promotores de tais eventos pseudocultu-
pelo Centro .........................**, e receberão 10 ras que na verdade apenas pretendem formar
(dez) exemplares, além do certificado de parti- um banco de imagens a um valor próximo ao
cipação…” zero e à custa do trabalho alheio.

“Para o primeiro colocado será oferecido um pa- Primeiramente a resposta a uma questão: A fo-
cote de oito dias em (cidade estabelecida no con- tografia é uma obra intelectual protegida por
curso.) Todos os inscritos deste concurso cedem lei? Resposta: Sim, A fotografia é considerada
os direitos autorais sobre a obra para divulgação como obra intelectual, e como tal está prote-
do concurso… (...) Os contemplados estarão au- gida pelo art. 7º, inc. VII da Lei nº 9.610/98:
tomaticamente autorizando os organizadores ao “Art.7º: São obras intelectuais protegidas as
uso de suas imagens, nomes, vozes em: fotos, car- criações do espírito, expressas por qualquer
tazes, filmes, spots e/ou em qualquer tipo de mí- meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível
dia, e peças promocionais para a divulgação da ou intangível, conhecido ou que se invente no
conquista dos prêmios. (...) “ futuro, tais como:
VII – As obras fotográficas e as pro- lecer em diversos artigos que não Direitos Morais
duzidas por qualquer processo aná- irei aqui transcrever para não cha- São direitos que o autor não po-
logo ao da fotografia. tear aos leitores e também para derá vender, dar, emprestar, fazer
não ocupar demasiado espaço da leasing, desistir etc. Eles são per-
Isto posto, já podemos afirmar que revista, que não é sobre Direito e sonalíssimos e parte inseparável
a fotografia é uma obra intelectual, sim Fotografia, mas que vale a pena da obra criada, seja ela feita por
em razão disso possui um autor e é para o bom entendimento do que encomenda, coautoria, colabora-
protegida por lei. irei resumir, a leitura dos seguintes ção ou outras, pertencendo esses
artigos, parágrafos e incisos: 24 a 27 direitos única e exclusivamente ao
Continuemos a análise.
– Direitos Morais do Autor; 28 a 45 – autor. É impossível a cessão total
Diz a Constituição Federal Brasileira
em seu artigo 5°, parágrafos e inci- Direitos Patrimoniais do Autor e sua de direitos autorais, muito menos,
sos: Duração; 46 a 48 – Limitações aos portanto, seria viável sua compra
...” Art. 5º Todos são iguais perante a Direitos Autorais; 49 a 52 – Da Trans- e venda, pois, direitos personalís-
lei, sem distinção de qualquer natu- ferência dos Direitos de Autor. (link simos são, por definição, indispo-
reza, garantindo-se aos brasileiros e para a Lei 9610/98 ao final do artigo) níveis. Mesmo após a morte do
aos estrangeiros residentes no País autor, a família detém os direitos
a inviolabilidade do direito à vida, à Em resumo: A composição dos morais sobre a obra.
liberdade, à igualdade, à segurança
direitos autorais é dividida em di-
e à propriedade, nos termos seguin- Pelo art.24 da Lei dos Direitos Au-
tes:”... reitos morais e patrimoniais. Es-
torais, o fotógrafo pode:
...”XXVII - aos autores pertence o di- ses direitos protegem e orientam
- Reivindicar, a qualquer tempo,
reito exclusivo de utilização, publi- o autor. Pois há coisas que você
a autoria da foto;
cação ou reprodução de suas obras, pode e coisas que não pode fa- - Ter seu nome, pseudônimo ou
transmissível aos herdeiros pelo tem- zer e esta é a chave para toda a sinal convencional ou indicado
po que a lei fixar; questão ética. Os direitos morais na utilização da foto (o que
XXVIII - são assegurados, nos termos são inalienáveis e irrenunciáveis o
da lei: chamamos de crédito);
que nos deixa boquiabertos ao ler - Conservar a foto inédita;
a) a proteção às participações indi-
viduais em obras coletivas e à repro- em um regulamento de concurso - Opor-se a qualquer modificação
dução da imagem e voz humanas, regras como esta: “...cedendo tam- na sua foto por terceiros;
inclusive nas atividades desportivas; bém à Realizadora todos os direitos - O fotógrafo pode modificar sua
b) o direito de fiscalização do apro- autorais por tempo indeterminan- foto, antes ou depois de utilizada;
veitamento econômico das obras do relativos a foto criada, que pas- - Retirar de circulação a sua foto
que criarem ou de que participarem sará a ser de sua propriedade.” ou suspender qualquer forma de
aos criadores, aos intérpretes e às utilização já autorizada, quando
respectivas representações sindicais considerá-la indevida;
Já os direitos patrimoniais poderão
e associativas;”... - Ter acesso, para reprodução, a
ser cedidos definitivamente ou por
original único e raro da foto de
Daí entende-se que, ninguém po- prazo determinado, sempre respei-
sua autoria, mesmo quando se
derá se opor ao direito do autor de tando-se a determinados preceitos,
encontre legitimamente em
utilizar, publicar ou reproduzir sua como veremos adiante.
poder de outro.
obra da maneira que lhe aprouver
e que esse direito é transmissível
a seus herdeiros. Entende-se tam-
bém que compete ao autor o di-
reito de fiscalização do aproveita-
mento econômico das obras que
criar (esse ítem é mais utilizado em
obras de composição musical, mas
nada impede que seja também uti-
lizado nas obras fotográficas).

Não bastando a nossa lei maior


dizer que aos autores pertencem
os direitos e a fiscalização de suas
obras, vem também a Lei de Direi-
tos Autorais – Lei 9610/98, estabe-
#02
Direitos Patrimoniais Mas essa utilização deverá ser bem A ausência de crédito só é possível
São aqueles que permitem ao fo- estabelecida entre o fotógrafo e o quando o autor exige o anonima-
tógrafo comercializar a foto da for- organizador e por tempo determi- to (art. Art. 5º, parágrafo VIII, inci-
ma que desejar. nado. Já a intenção de obter os to- so b). Dar crédito não é um favor.
Atenção: A Lei autoriza que, no tais direitos sobre as imagens parti- É uma obrigação e, como vimos,
caso de ausência de menção do cipantes é uma anomalia jurídica e está muito bem descrita na lei de
prazo em contrato de cessão de uma total falta de respeito (no míni- Direitos Autorais.
direitos, fica estipulado o prazo de mo) para com aqueles que desejam
participar.
05 (cinco) anos. Também é bom lembrar que o
Quem for utilizar uma foto deverá Brasil é signatário da Convenção
É absolutamente claro que os Direi-
ter autorização prévia e expressa de Berna e do Acordo TRIPs (do in-
tos Morais relativos a uma fotografia
do fotógrafo, por exemplo, para: são inalienáveis e irrenunciáveis, per- glês Agreement on Trade-Related
- Reprodução parcial ou integral; tencendo única e exclusivamente ao Aspects of Intellectual Property
- Edição; autor. Também é claro que o direito Rights - Acordo sobre Aspectos
- Quaisquer transformações; de exploração da obra precisa sem- dos Direitos de Propriedade Inte-
- Inclusão em produção audiovisual; pre de autorização formal, a qualquer lectual Relacionados ao Comér-
- Distribuição fora do contrato de tempo e que a comercialização de cio), fazendo com que os direitos
autorização para uso ou exploração; um trabalho intelectual dá origem a e obrigações dos fotógrafos brasi-
- Distribuição mediante cabo, fibra uma concessão de direitos autorais, leiros sejam também respeitados
ótica, satélite, ondas ou qualquer por tempo e veículo determinados. no exterior, mas devemos sem-
meio que permita acesso pago à Donde se conclui que é sim possível pre considerar que embora exis-
foto, - Inclusive a Internet; realizar uma cessão patrimonial de ta uma comunhão entre as legis-
- Utilização, direta ou indireta, da direitos, mas para isso a lei exige um lações dos países signatários de
foto, através de inúmeros meios contrato especial, com todos os deta- convenções internacionais a deci-
de exibição: audiovisual, cinema lhes possíveis, inclusive o prazo.
são final sobre qualquer questão
Outro detalhe importante é o que
ou processo assemelhado, saté- pertinente aos direitos autorais
vem mencionado no artigo 79, pará-
lites artificiais, sistemas óticos, deverá sempre consultar a legisla-
grafo 1º, da Lei de Direito Autoral, que
fios telefônicos ou não, cabos ou ção de seu país.
estabelece que a fotografia, quando
quaisquer meios de comunicação; utilizada por terceiros, indicará de
- Quaisquer outras modalidades forma legível o nome do seu autor.
de utilização existentes ou que ve-
nham a ser criadas.
O que nos faz pensar na validade
de regras estipuladas em concur-
sos aonde o fotógrafo irá concor-
dar com os seguintes termos: “os
participantes, ao efetuarem a ins-
crição e submeterem suas fotogra-
fias abrirão mão de todos os direitos
autorais sobre as mesmas, despro-
vido de qualquer ônus, em favor da
promotora do concurso que pode-
rá dispor das fotografias conforme
sua conveniência.”
É justificável o organizador ter o
direito de utilizar comercialmen-
te ou não as imagens vencedoras,
uma vez que a premiação prevista Países signatários da Convenção de Berna em azul
no edital seria a contrapartida em
favor dos ganhadores pela utiliza-
ção das imagens.
Em concursos é comum, como vimos, a clau- Você investiu um valor razoável em seu equipamento, investiu tam-
sula de cessão de autoria, onde a empresa, bém horas e dinheiro em wokshops, cursos, leituras e estudo da fo-
entidade publica ou autarquia organizadoras tografia. Planejou e saiu especificamente para fotografar um local e
irão se resguardar de todas as formas. Em es- para isso dispendeu de tempo e dinheiro, ou até mesmo teve a sorte
pecial a cessão de uso fruto em que a orga- de encontrar em seu caminho um instante de rara beleza, nesse mo-
nizadora usa a imagem quantas vezes quiser mento você utilizou seu equipamento, seu conhecimento e todo o
sem remunerar novamente o autor. Não é raro tempo que investiu em sua formação. A pergunta que se perpetua
acontecer de uma imagem ser publicada na- é: Você sentir-se-á confortável em saber que alguém está formando
cionalmente em outro país, isso anos depois um banco de imagens e que muito provavelmente estará utilizando
de ter participado do “concurso”. futuramente sua fotografia para auferir alguma espécie de lucro? Vale
realmente a pena inscrever a sua bela foto em um concurso que no ato
Amigos leitores e colegas, os detalhes sobre da inscrição já está lhe obrigando a ceder todos os direitos da mesma?
Direito Autoral são muitos e não é a intenção Tem esse concurso algum valor no meio fotográfico ou artístico que
escrever aqui uma monografia sobre Direito lhe venha trazer algum beneficio a seu currículo caso venha a vencê-
Autoral na Fotografia, em razão disso fico por -lo? Nesse ponto certamente não, pois os concursos que realmente va-
aqui em minha apreciação sobre determinados lem a pena respeitam os fotógrafos participantes.
concursos fotográficos que para serem arapu-
cas só faltariam as iscas. Como as iscas não es- Bom, agora que você já está informado, caso venha a participar de um
tão faltando, pois sempre existem premiações concurso com esse tipo de regulamento já saberemos o quanto você
ou massagens ao ego, as arapucas estão com- dá valor ao seu trabalho. Digo isso porque esse tipo de regras apenas
pletas. continuam a existir em tais “concursos arapucas” porque sempre há
uma boa quantidade de fotos inscritas. Se não houvessem inscrições
E para que ninguém diga que sou contrário certamente eles modificariam seus regulamentos.
aos concursos ou a bancos de imagens, segue
a minha opinião sobre esse mercado. Boa par- ** Os nomes dos organizadores foram retirados porque este artigo não possui o ca-
te dos concursos fotográficos é bem-intencio- ráter de denuncia e sim de informação e conscientização.
nada e o número de concursos fotográficos Endereços consultados
no Brasil e no exterior só tem demonstrado - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
http://migre.me/fgYs5
crescimento, o que é bom. Bancos de imagens
confiáveis também existem e certamente são - LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. -
http://migre.me/fgYpw
uma boa forma de renda extra para fotógrafos
profissionais e amadores. Mas não esqueça, - DIREITO AUTORAL EM FOTOGRAFIA -
http://migre.me/fgYoi
valorize o seu trabalho e conheça as pessoas
ou empresas com as quais estará lidando. Acordo TRIPs
http://migre.me/fgYn4

Lembrando que também existem concursos que - Convenção da União de Berna


pedem uma considerável soma em dinheiro para http://migre.me/fgYlD
que o interessado se inscreva (já vi concursos in-
ternacionais cobrando absurdos U$ 20.00 por
foto inscrita), apesar de não afrontarem à lei
são certamente duvidosos. Pois o que preten-
dem é apenas arrecadar um bom montante
a ser repartido entre os organizadores e dar
algum pequeno prêmio (isso se este possuir
algum valor monetário) ao ingênuo vencedor.
Caro leitor, seja você um fotógrafo profissio-
nal ou que pretenda se profissionalizar, ou
mesmo um amador, pense o seguinte.
#02

E
m época de inovações tecnológicas ocor- Começar uma busca para compreender o que
rendo a cada mês (e porque não dizer a é a fotografia “em si” se torna um exercício fun-
cada dia) os spotlights se voltam para damental para estabelecermos uma evolução
aquela sensação de que quanto mais facili- artística dos nossos trabalhos e não é algo re-
dades melhor. Uma sensação latente na an- lativamente novo. Vilém Flusser, em seu livro
tiguidade e expressa contemporaneamente “Filosofia da Caixa Preta” de 1985 afirma que
sensibilidade de forma geral, que, inclusive, nos presenteia “em fotografia, não pode haver ingenuidade.
com disputas cada vez mais acirradas pelo Nem mesmo turistas ou crianças fotografam
status de quem possui a ultima tecnologia ingenuamente. Agem conceitualmente, por-
lançada. No mundo fotográfico não poderia que toda intenção estética, política ou episte-
ser diferente... mológica deve, necessariamente, passar pelo
crivo da conceituação, antes de resultar em
Não sou avesso à isso, muito pelo contrario, imagem. “ É um agir “pós-ideológico”.
acredito no bem que isso tudo nos trás. En-
tretanto, acredito e me arrisco dizer, com base Quero afirmar com isso que um risco inerente
na minha percepção, que chegamos ou po- à atividade de fotografo é esquecer que a fo-
demos chegar rapidinho ao ponto de perder- tografia é uma tentativa de reter na prata do
Tiago Henrique
tiagohqsilva@gmail.com mos nossa sensibilidade. Se a mídia nos diz filme ou na eletrônica do pixel (tão bem deno-
que estamos perdendo nossa sensibilidade minados sensíveis) um inconsciente manifesto.
como pessoas, eu vou me apegar na possível
Nesta busca, Roland Barthes (A Câmera Clara
perda de sensibilidade como fotógrafos , ou
1984) descreve o ato de fotografar como sen-
melhor, como artistas mesmo.
do um “ fenômeno tanto psíquico quanto uma
atividade ótica-química”. Se é dessa forma
Como sabemos a tecnologia nos beneficia de
diversas maneiras, no entanto, quando me re- podemos concluir que fotografamos primeiro
firo à sensibilidade, na verdade falo a respeito com o inconsciente e daí a fotografia explode
de algo que não se pode separar da tecnolo- em confronto com a cena.
gia quando essa faz parte do processo artísti-
co. Da sensibilidade de pensar em fotografia Imaginar que a fotografia é apenas uma fon-
e não somente na técnica (equipamento, en- te de renda, que o equipamento ou software
quadramento, luz, etc.). de edição tem maior responsabilidade pala a
conclusão do trabalho do que a foto que co-
Não quero me excluir desse grupo de “semi- meçou em você é eliminar o fato que sua foto-
-insensíveis”, nem criticar essa ou aquela ma- grafia tem valor artístico.
neira de fotografar ou usar a fotografia. Quero, Mas, esse conceito nem sempre vem a nossa
isso sim, enquadrar temas de riscos inerentes mente quando nossos olhos penetram no vi-
à atividade de fotografo. A sensibilidade deve sor e, por isso, acredito que essa reflexão é tão
evoluir para acompanhar a evolução tecno- importante para compreensão de nosso valor
lógica. Bresson disse uma vez em uma entre- artístico nos dias de hoje.
vista algo que cabe bem nesse contexto: “... O
contato excessivo com a máquina é a preguiça Quando vemos as fotografias de Sebastião
do olho, ele fica atrofiado...” Salgado, por exemplo, vemos como são gran-
Um fato incontestável é que a tecnologia de- diosas suas exposições, mas se pensarmos
mocratizou a fotografia nos dando maiores que cada fotografia é da ordem de 1/250 de
oportunidades, no entanto, vemos que nem velocidade estaríamos restritos ao fato de ob-
todos aqueles que usam a fotografia como servar menos de 1 segundo de cada um de
“ganha-pão” podem ser considerados Fotó- seus grandes ensaios.
grafos. Dessa forma cabe a reflexão do que é
ser Fotógrafo. Ou o que é a Fotografia?
Essa matemática sempre me incomodou e ilustra o Nem toda fotografia possui esse ponto, ou “Punctum”,
que é fotografar para Flusser: “O gesto de fotografar algumas apenas nos provocam um interesse geral nos
é um gesto caçador no qual aparelho e fotógrafo se forçando a investigar o “processo de criação”.
confundem, para formar unidade funcional insepará-
vel. O propósito desse gesto unificado é produzir foto- No fim das contas, como toda filosofia, restam diversas
grafias, isto é, superfícies nas quais se realizam simbo- dúvidas e temas para debatermos e a busca das res-
licamente cenas.” postas nos faz crescer em entendimento e responsabi-
lidade. A todo momento estamos criando imagens em
Impossível não relacionar este instante ao “momento
pensamentos e, como tantas outras coisas, é comum
decisivo” Bressoniano. A dimensão temporal ínfima de
que passe despercebido seu significado para nós. No
cada exposição é capaz de revelar toda uma narrativa
entanto a minha principal dúvida é se aquela antiga
sobre temáticas indubitavelmente complexas. O “ins-
tante decisivo” Bressoniano parece agir aqui em conso- máxima afirmando que “o fotógrafo enxerga coisas
nância ao que o próprio Barthes denominou “Punctum”, onde não vemos nada” nos faz sentido atualmente.
ou seja, se somos como “caçadores”, “Punctum” é o que
nos faz escolher uma cena (ou “caça”) em detrimento Referências: Vilém Flusser, Filosofia da Caixa Preta, São
de outra. O ponto que nos “fere” e nos faz apertar o Paulo, Hucitec, 1985.
botão cortando e transformando a realidade em uma Roland Barthes, A Câmara Clara: Nota sobre a fotogra-
cena que já se foi. Nas palavras de Barthes: “O punctum fia, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984,
é, portanto, um extracampo sutil, como se a imagem
lançasse o desejo para além daquilo que ela dá a ver.”
#02

T
udo começou com o desejo de replicar O resultado é, de certa forma, um registro plu-
no Brasil a experiência que vivi enquan- ral da experiência fotográfica de cada indiví-
to morei na Europa, mais especifica- duo, respeitando todas as suas diferenças, e
mente Londres e Haia, por quase quatro anos, congelado em um mesmo frame de minuto
onde descobri a fotografia como hobby e pas- para formar um mosaico de imagens e assim
mosaico sei a praticar a street photography conjugada celebrar o Dia Mundial da Fotografia.
minuto com uma cultura aberta, inclusiva e colabora-
tiva de fomento a arte da fotografia. Com metas ambiciosas, o projeto procura
anualmente ampliar seu alcance qualitativo e
Além de me dedicar à produção autoral sen-
quantitativo e como desdobramento, não só
tia a necessidade de desenvolver projeto que
ajudassem a desenvolver o conhecimento co- produz e publica um livro (em formato digital
letivo, sem restrições, sem fins lucrativos, sem para dispositivos móveis e também em for-
esperar nada em troca, mas pelo simples de- mato físico sob demanda) com todos os regis-
sejo de promover a fotografia como expres- tros do projeto, bem como vem conseguindo
são de arte e inclusão. espaço expositivo no CCJF – Centro Cultural
Justiça Federal.
Assim nasceu, em 2010, o projeto Mosaico
Marcos Sêmola Minuto com a proposta legítima de celebrar
mosaicominuto@semola.com.br Em 2012, terceira edição, o projeto contou
o Dia Mundial da Fotografia, que acontece
no dia 19 de agosto de cada ano, através de com quase 1000 fotógrafos inscritos e efetiva-
uma abordagem inclusiva, coletiva, virtual e mente 409 fotografias capturadas no mesmo
gratuita. O projeto então realiza uma convo- minuto e submetidas a partir de 5 continen-
cação geral de fotógrafos, amadores, profis- tes, 11 países e mais de 43 cidades ao redor
sionais ou simplesmente simpatizantes, com do mundo. Sua fanpage no Facebook, já foi
qualquer equipamento, qualquer nível de co- visitada por mais de 1,8 milhões de pessoas e
nhecimento, pertencente a qualquer grupo em 2013, mais do que nunca, será o ponto de
social, e estando fisicamente em qualquer lu-
interação, envio das fotografias e publicação
gar do planeta, a se sincronizar com os demais
dos resultados.
e realizar um registro, apenas um, no mesmo
dia, hora e minuto.
Se você ainda não conhece o projeto, mas gosta
de fotografia, não deixe de iniciar sua visita em
www.s4photo.co.uk/mosaicominuto2013
onde encontrará tudo que precisa saber, in-
cluindo vídeo explicativo, link para o Face-
book, resultados do ano anterior, bem como a
última edição do livro e registros da exposição.

Este ano, o Mosaico Minuto é parte do Foto-


Rio2013, maior evento de fotografia da Amé-
rica Latina, e já conta com uma agenda de
palestras convocatórias marcadas no CCJF à
Av. Rio Branco 241, Centro/RJ nos dias 13 de
junho as 18:30 e 17 de agosto as 17:00, para
esclarecer todas as dúvidas e ampliar o al-
cance do projeto.
#02

J
á o conhecia há algum tempo mas nun- Alexandre Urch um profissional que aos seus
ca havia parado para conversar e trocar 36 anos vive algo mais parecido com um fil-
idéias sobre o mundo da arte fotográfica me... ele vive da arte que faz.
e nem tão pouco parado para conversar sobre
Sua vida qualquer coisa. Era sempre um simplesmente Já o vi sentado ao lado de grandes fotógrafos
“oi como está” e continuávamos a correria. Po- e não para pedir auxílio mas sim para ajudar
é uma arte rém sempre acompanhei sua trajetória como com sua experiência autoral.
a de outros grande artistas e depois do surgi-
mento da BLACK&WHITE IN COLOR, não po- O que te fez seguir na carreira fotográfica e quan-
deria deixar de convidar Alexandre Urch para do foi que o bicho do diafragma te mordeu?
um bate papo, mais do que isso, iniciar uma Essa é um pergunta que eu mesmo já me
amizade com uma pessoa dígna de admira- fiz várias vezes, mas acredito que não so-
ção. E aqui vai o resumo de um café no Con- mente eu, mas todo mundo, nasce com o
junto Nacional que antecedeu uma caminha-
bichinho do diafragma no corpo e em al-
guns ele desperta mais cedo e em outros
da na Av. Paulista, o cartão postal da cidade. mais tarde, no meu caso foi em 1998, mas
sempre pegava a Kodak Instamatic ou a
Marcelo Barbusci Fotógrafo paulista há mais de 10 anos, nasci- Polaroid dos meus pais nas festas e via-
marcello@barbusci.com.br do em Abril de 1977, formado em design grá- gens e clicava uma ou duas fotos.
fico e vencedor de diversos prêmios, onde se
destacam o primeiro e segundo lugares da XVI O tempo passou, eu me esqueci das câ-
Bienal Nacional de Arte Fotográfica em Cores, meras, trabalhei em um monte de luga-
Concurso Canon Jornalistas em Foco, 1º lugar
res que não me faziam acordar com um
sorriso no rosto e lá por 1995 comprei
na categoria ensaio do 9º Concurso Fotógra-
um SLR, depois fui para as digitais e de-
fico Leica-Fotografe, 8º Festival Internacional pois de muito estudar, trabalhar como
da Imagem Fotográfica em Atibaia, Prêmio assitente para diversos fotógrafos e cli-
Sesc Marc Ferrez, entre outros e participou car muito o que era um hobby já tomava
de diversas exposições coletivas e individuais conta de boa parte do meu dia e abando-
pelo Brasil e no exterior. nei tudo o que eu fazia para mergulhar
de cabeça na fotografia.

Como você chegou ao street e fine art?


As ruas vieram de eu não gostar de di-
rigir, nem habilitação possuo, eu sempre
gostei das ruas, as coisas que vejo fla-
nando pelo centro de São Paulo ou pelas
ruas de qualquer lugar do mundo seriam
impossíveis se eu andasse de carro, então
a “street photography” sempre esteve em
mim bem antes de se tornar esse modismo
dos dias de hoje.
Seu trabalho é uma apropriação de imagens A fotografia fine art sempre esteve nos
do cotidiano ingênuo e natural que buscam
meus planos, me dedicava a estudos so-
bre o tema desde 1998, fazia fotos de pro-
tornar o invisível e ordinário visível para todos.
dutos e culinária apenas para sobreviver
Possui dois projetos paralelos ao seu site pes-
enquanto o meu trabalho autoral e eu
soal chamados “O Cheiro da Rua” (www.ochei- não estavamos maduros o suficiente para
rodarua.com.br) e “As Cores das Ruas” (www.
o mercado das belas artes.
ascoresdasruas.com.br) onde mostra mais um
pouco desse cotidiano.
Os profissionais da área sabem que toda foto é uma arte Com a popularização das câmeras e os celulares equi-
mas como você classifica a sua arte? pados com belas lentes, todos passaram a se classificar
Acho que esse é o maior problema dos dias de como “fotógrafos”.
hoje é justamente esse: classificação. Como você descreve essa momento na fotografia?
Descrevo de uma forma bem simples e direta:
Muito se classifica em busca do pote de ouro no se autoclassificar “Fotógrafo” é fácil, é apenas
fim do arco-iris e pouquissímo trabalho de qua- uma palavra, agora ser reconhecido e respeita-
lidade se produz, como se relacionar a palavra do como “Fotógrafo” pelo mercado é uma dife-
“fine art”, ou qualquer outra, fosse torná-la me- rença bem grande.
lhor do que a outra.
A facilidade em se adquirir uma câmera é cada dia
Meu trabalho,ou para se adequar a pergunta, a maior e, como você mesmo disse, as câmeras dos
minha arte, é a fotografia autoral, onde tenho to- celulares estão cada dia melhores e todo mundo
tal liberdade para utilizar o suporte que eu quero tem um celular, então todo mundo será fotografo
para captar e apresentar assuntos que me interes- um dia, mesmo que seja apenas em um clique.
sam e, consequentemente, acabam interessando a As empresas que fazem equipamentos estão rindo
quem compra ou vê o meu trabalho. sozinhas, todo mundo está fotografando e produ-
zindo milhares de imagens por minuto pelo mun-
Sempre temos trabalhos que admiramos ou que mostra do e ao profissional cabe fazer o seu trabalho.
nossa real característica dentro da fotografia. No seu caso,
qual a série feita que você classifica como a que mais re- O mundo é um clique, nada mais acontece sem
presenta o seu trabalho? que não tenha alguém registrando. É um momen-
Parafraseando Imogen Cunningham, é a série/ to de reflexão, pois as pessoas estão deixando de
foto que vou produzir amanhã. Tenho uma foto em ver a vida com seus olhos e passando a ver a vida
especial que é a Red Me, que praticamente foi o através de uma tela de lcd.
meu cartão de visitas no mundo da fotografia fine
art, e a minha série Everyday People que mostra
os passageiros do metrô paulistano.

Mas nunca estou acomodado com o que já produ-


zi, estou sempre em busca de uma foto/série que
supere a anterior.

Conte um pouco de como é o seu dia de trabalho e o que


você leva na sua mochila para criar essas belas imagens.
Meu dia de trabalho pode começar em uma se-
gunda-feira como também pode levar mais de
uma semana para começar. Geralmente sou le-
vado a fotografar em um passeio sem compro-
misso por aí, em uma ida ao supermercado, ao
assistir um filme, ler um livro, etc. Óbviamente
me pressiono a fotografar praticamente todos os
dias porque coisas acontecem todos os dias em
todos os lugares, mas sei a hora de apenas ob-
servar e não clicar.

O que levo na minha mochila varia de um celu-


lar passando por DSLR, médio formato analógi-
ca, Polaroid, etc, tudo depende da linguagem que
quero utilizar ou que se encaixe melhor ao assun-
to que estou fotografando.
#02
O que você tem a dizer sobre o uso do Instagram?
É uma pergunta que me leva aos fóruns de dis-
cussão nos idos de 1996 onde eu ouvia fotógrafos
bradarem aos quatro cantos do mundo que foto-
grafia digital não era fotografia, jamais iria subs-
tituir o filme, etc, etc.

E hoje vejo esses mesmos fotógrafos andando com


as mesmas câmeras digitais, que não eram foto-
grafia, que nunca substituiriam o filme, etc, pen-
duradas no pescoço. Então fotografia com celular (Instagram) é fo-
tografia tanto quanto a fotografia feita com um
Resumindo, uma minoria acha ruim e muito em DSLR de última geração, o que não é fotografia
breve estará produzindo mais imagens com o seu é a pessoa que não aceita ou não conhece outras
celular do que com a câmera que ele usa hoje. linguagens fotográficas senão a dele.
Algumas pessoas tem medo do que é novo, da
tecnologia, de experimentar novos suportes para Uma desculpa que muito se fala na fotografia
captação de imagens e ao invés de testarem/expe- com celular são os filtros. Ok, nenhum fotógra-
rimentarem é mais fácil falar que não é fotografia fo coloca um filtro polarizador, graduado neu-
e outros mimimis. tro, presets ou plugins nas suas fotos? Tudo que
eles fazem é “natural”!
O que eu acho muito engraçado porque a maio-
ria que diz que fotografia de celular não é foto- Manipulamos, ou colocamos um “filtro”, na hora
grafia é o mesmo que tem o discurso mais infla- de escolher a lente ou o formato (35mm, médio ou
do sobre a fotografia. grande formato) que vamos fazer uma foto.
Enfim, enquanto alguns falam outros fotografam.

Todos os dias temos novos fotógrafos surgindo no


mercado. Alguns se especializando em um segmento
para criar o seu mercado mas a grande maioria atiran-
do para todos os lados pensando somente em pagar
suas contas. O que você tem a dizer para esse pessoal
que vem surgindo por aí?
Atirem para todos os lados, mas tenham apenas
um alvo na mira. Todo mundo precisa pagar as
contas e é um mercado muito difícil.
Estudem, estudem e estudem. Fotografia, assim
como qualquer outra profissão, exige muito co-
nhecimento e estudo.

E para fechar esse bate papo, o que o seu coração tem a


dizer sobre a arte de fotografar?
Olha, essa é a pergunta mais difícil da entrevista.
É complicado para mim dizer o que o meu coração
tem a dizer sobre a fotografia porque como encon-
trar palavras para dizer algo sobre algo que tem
Fotografia significa escrever com luz, ou seja, o poder de me levar a lugares incríveis, conhecer
qualquer superficie, seja ela um sensor, película, pessoas e me mostrar coisas diferentes todos os
pedaço de papel, madeira ou metal, enfim, qual- dias e ainda por cima sou pago para isso?
quer coisa, sensível a luz, que possa “imprimir” Fotografar para mim vai além de um hobby ou
uma imagem através da luz é fotografia. profissão, é um estado de espírito...é a minha vida!
#02

A
noite tem seus mistérios e a escuridão As imagens mais significativas são sempre fru-
é uma tela em branco . O fato de não to de grande esforço , como um parto. Chega a
enxergarmos na falta de luz mexe mui- ser estranho no início da noite onde as compo-
to com nossa imaginação. Criar personagens sições parecem vagas , a luz ainda não está refi-
fictícios que habitam o escuro e o medo do nada e os resultados ainda não correspondem
a luz a expectativa. Com o entrar da madrugada o
desconhecido invisível são fatos comuns des-
da noite de nossa infância.
feeling muda e as coisas começam a acontecer.
Por inúmeras vezes me vi atravessando a noite
em busca da imagem perfeita sem ter a noção
Sempre fui fascinado pela natureza e bebi na do tempo passar. Quanto mais você busca ,
fonte da fotografia americana e suas Big Lan- mais você interage com o meio, mais você pro-
dscapes quando morei e estudei nos EUA . Co- jeta seu desejo e isso tem um poder muito for-
mecei a me aventurar fotografando a noite no te , vivo ,onde a natureza te responde.
final da década de 90 com uma Canon A2e . A
A audição do silêncio e a visão do escuro pare-
fotografia noturna urbana não faz muita parte
cem desconectar o corpo do comum, do óbvio.
do meu processo.
É onde o processo de criação ganha corpo.
Muito do meu trabalho tem como matéria
Sem dúvida é um ato de paciência extrema . prima as árvores . Suas formas tortuosas em
Cristiano Xavier
cristianoxavier@cristianoxavier.com As condições para dar errado são muito maio- contraposição ao céu noturno me atraem for-
res do que as chances de sucesso . Fui me temente. O cerrado brasileiro possui uma infi-
acostumando com isso e persisti lapidando nidade de possibilidades mas já viajei a outros
a técnica pouco a pouco durante os últimos países somente para fotografar alguma espé-
15 anos, o que também contribuiu como um cie de árvore característica daquela região.
Os Cactos do deserto de Atacama e Bolívia e
exercício mental que ajudou muito a aprimo-
as Joshua Trees do leste da California são al-
rar minha fotografia diurna.
guns exemplos .
Tecnicamente a fotografia noturna é sempre um novo O digital é um outro capítulo da história.
desafio . No início, por volta de 1998 , não havia tantos Por volta de 2002 comecei a testar DSLRs em longas
recursos e nem tanta informação disponível sobre o exposições noturnas. A primeira experiência foi um
assunto. Testes e mais testes foram a única maneira de desastre. O excesso de ruído e uma invasão magen-
desenvolver e aprimorar o processo como um todo , ta devido ao Thermal Noise arruinaram a imagem e
desde a abordagem do assunto , a escolha das lentes pensei que havia danificado o sensor da antiga Canon
, o foco no escuro , o melhor filme , luzes contínuas D60 de 6 MP. Daí pra frente mesmo com novas câme-
ou flashes e etc. Isso me forçou a entender a fundo o ras como a Canon 10D e 20D , eu ainda continuava
processo e formou a base do meu conhecimento. Li- expondo com filme somente. Mesmo estas câmeras
dar com o erro de reciprocidade da película foi a parte produzindo ótimos resultados em outros campos da
mais difícil . Entender como a emulsão química res- fotografia , a longa exposição noturna era a última
ponde ao tempo é crucial para saber o momento exa- fronteira ainda não alcançada.
to de interromper uma exposição ou deixar rolar por
mais 10 ou 20 minutos. Meu filme de escolha foi ,e é A chegada do sensor full frame mudou tudo.
até hoje , o Fuji PROVIA 100F pela sua estabilidade de Com a Canon 5D comecei a obter resultados melhores
cor, grão finíssimo e boa resposta caso precise puxá-lo e as possibilidades de configuração do equipamento
na revelação. Toda aquela nostalgia analógica ainda abriram um novo leque de belíssimas capturas. O custo
não me deixou, muito pelo contrário, faço questão de de produção caíu drasticamente e isso é sempre bom.
me aprofundar e experimentar novas possibilidades.
Atualmente seleciono as noites mais propícias para Mas ganha-se de um lado e perde-se de outro. O ruído
fotografar com filme e uso uma Sinar 4x5 com lente térmico e o ruído de luminância são os grandes vilões
Schneider 150 mm e 76 mm Super Angulon. do processo ainda hoje. Saber lidar com eles é extre-
mamente necessário para se produzir um arquivo de
alta qualidade . Os softwares modernos estão cada vez
melhores mas uma captura bem feita é insubstituível.

Muito mais importante que o equipamento é o pró-


prio conhecimento do processo como um todo . É
um processo árduo que exige muita concentração,
por isso normalmente fotografo sozinho . É difícil en-
contrar algum outro maluco que queira enfrentar frio
, vento , escuridão e ficar esperando horas para uma
única imagem se formar. E pode ser que tenhamos
que repetí-la … Sendo assim preciso pensar em tudo.
O conhecimento das condições climáticas de deter-
minada região aumenta muito as chances de sucesso.
Imagens de radar e animações de satélite fornecem
dados necessários que influenciam e muito ,na toma-
da de decisão. A partir destes dados define-se não o
tipo de imagem que se quer fazer ,mas sim o que vai
ser possível fazer.

A lua é a única fonte de luz natural, e se assemelha


muito ao sol na interação com a paisagem, guarda-
das as devidas proporções de intensidade luminosa
e temperatura de cor . Suas fases além de mudarem
o comportamento humano ,mudam também o estilo
das imagens obtidas.
#02
Prefiro fotografar com luas médias onde posso traba- Atualmente todo meu trabalho tem como objetivo
lhar minha própria iluminação na cena. Pensar no esti- produzir impressões fine art de médio e grande for-
lo de luz de cada motivo e esculpí-la passo a passo faz mato para galerias. Um arquivo de alta qualidade é
parte integrante do processo de construção da ima- necessário para uma grande impressão também de
gem final .Pra mim é importante o desenho e a for- alta qualidade.
ma da luz e não apenas o ato mecânico de disparar a
câmera e esperar um tempo .Uma lua cheia com céu Visualizar imagens em sites na internet não signifi-
bem limpo tem uma intensidade luminosa bastante ca muita coisa. É num grande print que todo aquele
intensa, diminuindo o tempo de exposição e muitas cuidado na captura se mostra evidente. A tecnologia
vezes impossibilitando o uso de luz artificial. ink Jet e os papéis de algodão tem evoluído muito ,
gerando resultados cada vez mais perfeitos e propor-
Uso muito o trabalho de pesquisa durante o dia . Pro- cionando ao artista controle quase total sobre suas
curo as melhores composições , visito os locais e pré expectativas. Acredito que um print bem feito e bem
visualizo a imagem que será produzida mais tarde. Vá- emoldurado seja a melhor maneira de exibição dos
rias imagens que tenho só podem ser produzidas uma mistérios da noite.
única vez ao ano , onde se conjugam por exemplo ,
as cores das folhagens de outono e a hora exata do
nascer da lua. Um dia depois a imagem ficaria muito
escura e um dia antes ficaria muito clara levando em
consideração o mesmo período de exposição.
Se neste dia específico o céu estiver nublado, só no
próximo ano.
#02

H
á um aspecto universal que possivel- São 13,5 bilhões de anos em crescimento
mente torna algumas situações atra- constante, como ocorre em nosso cotidiano.
entes de forma unânime, independen- Os propósitos de nossa vida se resumem a
te da cultura onde está inserida. expandir conhecimento, territórios, pensa-
mentos e idéias inovadoras. Nosso próprio
A Quintessên-
Mas, antes de chegar lá, gostaria de trazer al- corpo se transforma neste sentido, o cresci-
cia da Estética guns contextos que, na minha visão, são rele- mento. Sempre que pensamos em evolução,
vantes e rodeiam este conceito de beleza uni- o que dá sentido à vida, pensamos em ex-
versal para uma melhor compreensão. pandir algo, imitando o comportamento das
galáxias que se distanciam uma das outras
Tenho pesquisado há algum tempo sobre os constantemente tornando possível a criação
processos da natureza, seu comportamento de novos aglomerados de estrelas, ou uma
e suas leis que norteiam nossa vida, desde a vegetação que se não for impedida pelo as-
história e a composição do Universo até a sua falto, se expande infinitamente.
influência nas atividades humanas.
É um assunto bastante complexo que envol- E também o movimento, que é relacionado
Beto Andrade ve diversas disciplinas como a física, biologia diretamente à expansão. Nada é inerte, es-
beto@originaldesign.com.br e até a espiritualidade, o que dificulta a com- tático, desde os elétrons até as estrelas mais
preensão dos já incógnitos conceitos que en- massivas e a própria Terra, que gira em tor-
volvem a nossa existência. no do Sol a uma velocidade de aproximada-
mente 200 mil km/h há mais de 4 bilhões de
Mas algumas coisas são mais perceptíveis anos. Tudo que não se movimenta atrofia,
sem precisar se tornar um especialista no as- a água atrai doenças e o objeto se decom-
sunto. Uma delas é o padrão da natureza em põe, um recado claro de que tudo precisa es-
diversos aspectos. tar em movimento incessante, em mutação,
em evolução. Isso me lembra a frase: “Se não
O antagonismo, ou a relação do positivo e ne- sabe para onde ir, ande para qualquer lado”.
gativo, por exemplo, é um padrão evidente e Ou seja, faça o que quiser, desde que não fi-
notório. Tudo que é influenciado pela ener- que estático.
gia possui uma força contrária à sua direção.
Como a gravidade que atrai e a matéria escura Algo também que é comum a todas as coisas
que supostamente provoca a expansão, como que fazem parte da natureza no mundo e no
as estrelas que irradiam energia ao espaço si- Universo são as medidas, a matemática.
deral por bilhões de anos e o buraco negro,
onde uma dissemina e o outro suga tudo o Ela faz parte da vida humana desde, pelo me-
que se aproxima dele, como os conflitos do nos, a época em que foi preciso contar os ali-
nosso dia-a-dia, como o quente e frio, o for- mentos abundantes no verão e escassos no
te e o fraco, os que desejam evoluir e os que inverno, para que fosse possível mensurar os
preferem que você não faça isso. Uma eterna estoques necessários, além da contagem de
dualidade, onde o “bem” e o “mal” são igual- itens para que as relações comerciais fossem
mente necessários para se gerar equilíbrio. viáveis em maior escala, além do momento
em que foi preciso medir o tempo entre ou-
O Universo, segundo a comunidade científi- tras circunstâncias.
ca, está em expansão desde o suposto “Big
Bang”, que deu origem a tudo. Este é um ou- O padrão de medidas também se observa na
tro padrão comum a todas as coisas: o movi- natureza, em relação às suas proporções. E
mento e a expansão. há, misteriosamente, uma proporção que é
comum universalmente.
“Tudo é número”, disse Pitágoras Figura 1
após descobrir que as proporções
do pentagrama estavam diretamen-
te relacionadas à Razão Áurea (fi-
gura 1), o motivando a utilizar esta
forma geométrica como símbolo da
Irmandade Pitagórica, um grupo de
estudiosos (“pitagóricos”) que de-
fendiam a idéia de que a natureza
segue padrões matemáticos.

A Razão Áurea A sequência consiste em uma sucessão de números, tais


Também chamada de Número de Ouro, Proporção Áu- que, definindo os dois primeiros números da sequên-
rea, Divina Proporção, Sequência de Phidias, Sequência cia como 0 e 1, os números seguintes serão obtidos por
de Fibonacci e diversas outras nomeações, a Razão Áu- meio da soma dos seus dois antecessores. Portanto, os
rea começou a ser utilizada pelo Homem supostamente números são: 0,1,1,2,3,5,8,13,21,34,55,89,144,233,...
em 5.750 a.C. na construção da pirâmide de Queóps e
outras grandes pirâmides egípcias. Outra obra histórica Dessa sequência, extrai-se o número transcendental co-
da arquitetura antiga a utilizar a Razão Áurea foi o Par- nhecido como Número de Ouro, como segue abaixo:
thenon em V a.C., templo da deusa grega Atena concebi-
0+1=1, 1+1=2, 2+1=3, 2+3=5, 3+5=8, 5+8=13, 8+13=21,
do com base nesta técnica pelo escultor grego Phidias,
13+21=34 e assim por diante. Quanto mais a sequência
nome que originou a letra grega Phi para representar o
avança, mais a divisão de um número (resultado de uma
Número de Ouro, em sua homenagem pela grande obra.
das somas) dividido pelo seu anterior se aproxima do nú-
Leonardo Fibonacci, italiano considerado um dos mais mero Phi, ou Número de Ouro: 1,61803398875.
importantes matemáticos da idade média, trouxe ao
ocidente sua inspiração para criar um fundamento mais Na geometria, a Sequência de Fibonacci é definida con-
científico para a Razão Áurea. forme a figura 2 (página ao lado), abaixo, e utilizada como
referência principalmente por arquitetos, escultores e ar-
O italiano escreveu, em 1228, o livro Liber Abaci que teve tistas como Leonardo Da Vinci, Botticelli, Salvador Dali, e
um importante papel no desenvolvimento matemático até na 5ª e 9ª sinfonias de Beethoven, além de diversas
na Europa trazendo para a região o conhecimento dos aplicações em nosso dia-a-dia como em produtos, logo-
algarismos hindus, ou arábicos, de onde se inspirou en- tipos, cartões de crédito, no trabalho de dentistas espe-
tão para desenvolver a Sequência de Fibonacci, dando cializados em estética, artistas, fotógrafos, recentemente
sustentação científica para o Número de Ouro já utiliza- iniciando estudos na homeopatia e uma infinidade de
do pelos hindus. outras aplicações.

No livro, em sua segunda edição, Fibonacci apresentou Nesta figura podemos notar ainda um outro padrão na-
uma solução para um problema que envolve o cresci-
tural, citado acima, que é a expansão contida na linha as-
mento de uma população hipotética de coelhos com
piral que tangencia os pontos de união dos retângulos, e
base em pressupostos idealizados, cujo objeto de estu-
se abre ou se fecha infinitamente.
do foi base para seu desenvolvimento.
#02

Figura 2

A Razão Áurea, no entanto, já estava presente na nature- Na fotografia


za muito antes de nossa própria existência. Entre as principais características da proporção áurea e
da regra dos terços, que na verdade é uma simplificação
Flores, vegetais, animais, microorganismos, átomos, da primeira, está a valorização do cenário onde o objeto
DNA, na refração da luz, nas vibrações sonoras, fura- está inserido e no movimento.
ções e até as galáxias tipo aspiral, seguem curiosamente
a proporção baseada no Número de Ouro, ou número Por que “movimento”?
“quase mágico” como também e conhecido, e ainda re- A mente humana reconhece que a centralização de um
objeto no quadro o torna estático, inerte e portanto mo-
presenta um grande mistério.
nótono, sem diversidade ou dinamismo, a rigor. E quan-
do o ponto de interesse é inserido nos “pontos de ouro”,
A definição de beleza em todas as culturas, inclusive a causa sensação de movimento, de “novidade”, fazendo
humana, também segue este padrão numérico, confe- com que a leitura da imagem se torne mais dinâmica e
rindo a ele um consenso universal. atraente, seguindo também o padrão de movimento e
expansão como citei no início deste artigo, além do con-
Podemos concluir, portanto, que o uso desta técnica é ceito de beleza natural e universal.
profundamente relevante em qualquer manifestação ar-
tística, por ser extremamente familiar em nossa relação Como toda boa regra, no entanto, há exceções. Quan-
com a natureza. Isso não quer dizer que seja obrigatória, do o background possui pouca relevância ao quadro, e
mas quando adotada traz resultados indiscutíveis com o objeto tiver em si quase a totalidade da informação,
relação a estética e qualidade de leitura.
como a maioria dos retratos por exemplo, a centraliza-
ção torna-se relevante, poderia se dizer até necessária.
Os paparazzi, em outro exemplo,
irão sempre preferir centralizar no
quadro a sua celebridade, para que
esta receba o foco integral.Afinal é
ela o seu ganha-pão e nada mais
interessa. Exceto, claro, quando o
cenário for igualmente revelador.
A Razão Áurea, porém, pode ser
utilizada neste caso de diversas
formas como a posição do mode-
lo, ou a posição dos olhos ou rosto
no quadro, como é o caso de Mona
Lisa, de Leonardo Da Vinci.

Assim, a utilização deste padrão


natural de beleza pode ser, em
grande parte, uma ferramenta va-
liosa para que a fotografia ofere-
ça melhor qualidade de leitura, a
exemplo de fotos de Ansel Adams Henri Cartier-Bresson
e Henri Cartier-Bresson.
A seguir, alguns exemplos de foto-
grafias famosas, além de trabalhos
de colegas fotógrafos onde se ob-
serva a Proporção Áurea em suas
composições, e outras situações
onde ela está inserida:

Ansel Adams
#02

Marcello Barbusci

Liz Krause
Berenice Kauffmann Abud

Sergio Cedraz
#02

Marcelo da Costa

Roberto de Andrade
Galáxias tipo espiral

Mona Lisa - Leonardo Da Vinci

Parthenon (réplica)
#02

Facebook (diagramação do site)

TV LCD Cartões de crédito

Diz-se que gosto não se discute. No entanto não podemos também discutir a inerente e irrefutável atração que a
maioria das pessoas tem – ontem, hoje e sempre – pela estética apurada e pelas formas consideradas perfeitas que
herdamos da natureza, e que nos serve de inspiração.

Verdades absolutas não existem, mas a Razão Áurea se aproxima muito dela ao se manter soberana e incansavelmen-
te apreciada - de forma consciente ou inconsciente – desde que o mundo é mundo, mesmo em uma sociedade com
padroes estéticos em constante mudança.
#02

BWINCOLOR
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#02

H
all 9000, “Photoshops” e outras “inteli-
gências”.

Estamos no futuro, em uma nave espacial que


estamos responde a comandos de voz e, mais do que
isso, tem uma inteligência própria, capaz de
em 2035 conversar e discutir com seus tripulantes.

Bom, nem tão futuro assim. O ano é 2001... ou


melhor 1968, quando o filme “2001, uma Odis-
séia no Espaço” foi lançado no cinema. 1968 fi-
cou para traz (faz tempo), 2001 também (tor-
res gêmeas), mas a inteligência artificial (“AI”
- sigla em inglês) ainda não é o que o filme
propunha.
Mesmo assim, nossos computadores, máqui-
nas fotográficas, assistentes eletrônicos e te-
Otávio Costa No filme, a inteligência não era da espaçonave
lefones celulares evoluíram para um estágio
otavio@flyview.com.br em si, mas sim de um computador “onipresente”,
em que fundiram-se sob variadas formas, com
chamado HAL 9000. Seu nome, conta a lenda,
capacidades que não eram imaginadas na fic-
deriva de IBM (cada letra exatamente anterior
ção científica do passado.
as do nome da gigante da informática da épo-
ca), embora essa informação tenha sido negada
Estamos em um ponto onde as máquinas e
pelo escritor e co-roteirista Arthur C. Clark.
seu software já são capazes de fazer previsões
muito úteis em diversas situações. E isso sem
Estamos outra vez no futuro, planeta Terra,
que precisemos pedir, ou acionar comandos,
o ano agora é 2013. O tempo passou, a “ex-
para que essa previsão aconteça. O Google
-gigante” IBM é praticamente outra empresa,
Now (Android e iOS) é um exemplo disso (as-
mas ainda não temos uma “inteligência artifi-
sunto para outra conversa...)
cial”, para uso comercial, com as característi-
cas apresentadas no filme. Porém, muitas ou-
As câmeras fotográficas são outro exemplo.
tras coisas aconteceram no nosso mundo com
Voltando ao passado, 1989 (acho), lembro da
o avanço da tecnologia.
primeira lente com foco automático que com-
prei, às pressas, para “trabalhar” como foto-
A Apple, há décadas, já tentava reconhecer a
-jornalista, a pedido de um amigo, durante
escrita humana em seu fracassado assistente
uma corrida de carros. Eu nunca fui fotógrafo,
pessoal, o Newton, o qual antecedeu o bem
nem tão pouco jornalista, mas estava em uma
sucedido Palm Pilot, que, com menos preten-
pausa durante uma viagem de negócios, bem
sões, entendia com perfeição uma escrita sim-
na hora e local “certos”.
plificada, desenvolvida, em dois dias de traba-
lho, por Jeff Hawkins, co-fundador da Palm.
Eu tinha uma Nikon FE, compacta e total-
mente manual, mas, em um sábado, numa
Hoje a Palm não existe mais. Foi comprada pela
cidade desconhecida para mim, só encontrei
HP em 2010 e “enterrada” pouco depois. J á a
A p p l e , que quase faliu nos anos 90 e agora che- uma lente 70-210, com foco automático e
gou a ser a empresa mais valiosa do planeta, tem não tive escolha.
assistentes pessoais, “quase” inteligentes, embar-
cados nos seus iPhones (no iOS7, Siri terá também
uma voz masculina). Mas a “AI” ainda não chegou
Nunca tinha usado uma lente assim e jurava que o Auto Agora seu Photoshop (“PS”) está “na nuvem”, ou embu-
Focus, além de tornar a lente mais cara, não funciona- tido na sua máquina fotográfica, ou a própria máquina
ria direito. Aliás, no corpo da minha câmera, obviamente está implantada em alguma parte do seu corpo. Você
nunca funcionou mesmo. Mas, depois pude testar a len- fala com ela (a máquina), ou com o “PS” e os dois juntos
te, com sucesso, em outro corpo e me surpreendi com o fazem as imagens que você imagina ao ver aquilo que
bom resultado. quer fotografar. Talvez nem precise falar com eles, por-
que, nessas alturas, seu cérebro e as máquinas já se en-
Não é preciso dizer que, hoje, qualquer DSLR faz tudo tendem com a leitura direta das ondas cerebrais.
e muito mais, de maneira completamente automática e
em geral bastante inteligente. Da captação ao processa-
Já pensou nas imagens que você vai poder produzir?
mento da imagem e até à distribuição via wifi, com direi-
Não sei se vale a pena... mas que parece divertido...
to a upload para redes sociais.

O software... Bom, se eu pudesse usar o Photoshop na-


quela época, teria sido bem mais fácil usar as minhas
imagens nas revistas que meu amigo publicou naquele
ano. Aliás, aquela corrida, que rendeu fotos para ilustrar
algumas outras corridas, talvez tivesse “salvado” o ano
inteiro, já que o Photoshop resolveria facilmente, não
apenas os problemas de exposição, mas também as fo-
tos tremidas ou fora de foco.

Bom, mas o que isso tem a ver com a “AI”?

No final de junho de 2013, uma empresa chamada


GROK, fundada pelo mesmo Jeff Hwakins da Palm, vai
demonstrar seu primeiro produto comercial. Um softwa-
re desenvolvido com base em estudos de neuro-ciências
que simula o funcionamento real do Neo-Cortex, dando
ao mesmo a capacidade de aprender autonomamente,
como nós humanos.

Esse software faz análise de fluxo de dados em tempo real,


criando, sozinho, os modelos de análise, identificando
tendências e anomalias. Ou seja, como nós, ele é um siste-
ma de memórias que compara informações de momento
com as que ele já conhece. Assim ele pode prever o que
acontecerá no instante seguinte. Quando erra, aprende
com o “erro”, ou com a “novidade”. Em seguida ele refina
seus modelos dinamicamente e faz novas previsões, cada
vez mais precisas, baseadas na nova realidade.

Estamos mais uma vez no futuro, o ano é 2035. Esse é o


ano em que alguns estudos preveem uma singularida-
de. Agora existem mais robôs e máquinas “inteligentes”
no planeta do que seres humanos (nem todos tão inteli-
gentes assim...).
#02

D
ezoito anos de experiência como ci- O que te levou para a área de vídeos e poste-
negrafista e editor de filme e vídeo, riormente para foto?
há cinco anos também como diretor Na verdade foi o contrário. Ganhei mi-
de fotografia, há 11 anos como freelancer. nha 1ª câmera aos 12 anos, uma Fujica
cenas da vida Experiência anterior em sonoplastia, foto- V2 (vide foto álbum facebook). Depois
grafia still, produção de filmes institucionais, aos 16 uma Pentax SPII Spotmatic (foto
em um celular comerciais, produção musical e iluminação. no http://instagram.com/renato_paes .
Esse é Renato Paes, 44 anos, natural de São
Paulo/SP e apaixonado pelo que faz. Meu pai já era entusiasta, tinha câme-
ras, filmadora e projetor Super8, pro-
Nas próximas páginas coloco um pouco do jetor de slides e uma moviola em casa!
bate papo que tivemos onde pude conhecer Depois de trabalhar um tempo com o
um pouco mais desse ser humano que apro- Sergio Schvaicer no estudio way of li-
veita as poucas pausas de sua vida corrida ght, sai fazendo freela de fotógrafo e
para registrar a vida com belas imagens atra- comecei a trabalhar de assistente para
vés de seu celular . fotógrafos da Abril como Eduardo Si-
Marcelo Barbusci mões. Depois de uns 4 anos fotogran-
marcello@barbusci.com.br Renato, Qual a sua formação? do tive a oportunidade de trabalhar na
Apenas o 2º grau completo. Depois cur- Side by Side como assistente de produ-
sos... de sonoplastia com o técnico Ca- ção. Começaria ai meu casamento com
pivara na extinta escola Output em 89, o motion image.
Captação e edição de vídeo no SENAC
em 93 e Captação de som pra cinema Como você chegou as fotografias com celular?
na Quanta com Luis Adelmo. O resto Com as operadoras de telefonia tentando
aprendi na raça, trabalhando com ex- segurar a clientela, cada ano recebia um
celentes profissionais. aparelho mais moderno para que manti-
vesse o contrato anual com eles. Até que
um dia recebi um Sony Ericsson K550
Cyber-shot, com apenas 2 mp mas uma
ótica muito boa, opção de foto macro,
etc... E os resultados começaram a surgir.
No início até eu me impressionava com
a qualidade das fotos. Depois veio o
C902 com 5 mp mas uma lente pior, o
que pra mim se tornou um desafio. Fa-
zer fotos tão boas quanto as do anterior.
Com este último foram mais de 14000
cliques! Ele “morreu” no início deste
ano e agora estou usando um Xperia J
com uma câmera com menos da meta-
de dos recursos da geração Cyber-shot,
não fabricados mais pela Sony
Qual é o seu equipamento? É o seu celular do dia a dia ou
você tem um para fazer suas imagens?
Minha última câmera profissional ainda era de
rolo, uma SLR. Como parei de trabalhar como fo-
tógrafo e mudei de área nunca mais comprei um
equipamento profissional. Temos em casa uma Ni-
kon “point & shoot” que todos usam e eu sempre
com o celular a tira colo.

Você clica, fauna, flora, arquitetura, street, ação e


macro mas deve ter um tema que mais te agrada.
Qual é e porque?
É uma pergunta que talvez não tenha uma respos-
ta certa. Gosto de tudo. Fauna e flora porque sem-
pre morei afastado da cidade, na Granja Vianna,
com muita beleza natural. Meu pai também assi-
nava a National Geographic e sonhava um dia ter
minhas fotos lá. Lembro que ainda adolescente fi-
cava horas sentado no gramado de casa esperan-
do um pássaro pousar onde tinha deixado frutas,
só para fotografá-los. Fazia macros também com
a lente 50 mm invertida, segurando com a mão e
tinha ótimos resultados.

Arquitetura, street são resultado de visões, de


momentos. Você olha uma coisa, imagina um
clique e faz, assim mesmo, sem compromisso ou
planejamento. Já parei muito o carro na rua pra
descer e fazer uma imagem. Mas se fosse me pro-
fissionalizar novamente na área talvez fosse para
o lado da natureza.
Você pensa em montar algum projeto com suas
Você geralmente está com uma câmera na mão mas imagens para expor?
prefere usar sempre o seu celular para capturar as Vou te dizer que os outros pensam mais que eu,
imagens. Porque? rs... Sempre tem alguém tentando me convencer
Enquanto trabalhava com fotografia vivia com a a fazer um projeto para uma exposição ou algo
câmera a tira colo. Mas hoje em dia, muitas ve- similar. Já me colocaram em contato com pes-
zes com uma 5DIII na mão prefiro usar o celular. soas que fomentam projetos e tal, mas como não
Com a Canon é fácil as imagens ficarem maravi-
lhosas. O difícil é fazer algo que preste com um tenho muito saco pra isso não. Já fiz um esforço
telefone. E isso me agrada. uma única vez tentando contatar a Sony mas até
hoje me devem uma resposta. Desencanei!
Como você vê a exposição das imagens nas Redes
Sociais? O próprio Blog “Fotografias de Telefone” ca-
Acho bacana. Uma forma de expor meu trabalho rece investimento de tempo, dedicação. Poderia
para o mundo. Não me preocupo se as minhas publicar algum conteúdo e sei que isso traria
fotos são copiadas, “roubadas” e utilizada por mais visitantes, mas meu tempo livre é pouco e
outros. Não utilizo nenhum recurso contra isso,
prefiro gastá-lo com meus filhos ou mesmo pra-
como marca d’água por exemplo. Já até me dis-
seram que viram fotos minhas em sites por ai. As ticando MTB, coisa que eu adoro. Pedalando,
vezes me escrevem pedindo para usar as fotos e mas sempre com o celular a postos!
sempre libero.
#02
Hoje em dia as suas fotos com celular são seu hobby, você
pretende em algum momento torná-las rentáveis?
Sim, junto com o ciclismo. São duas coisas que
adoro fazer. Muitas vezes conciliados! Quanto
a torná-las rentáveis acho que falta a mim um
pouco de visão. Seria muito bacana, mas não
sei como seria. Talvez um livro, ou vendê-las,
quem sabe? Alguma dica? Rsrsrs...

Com o número de celulares espalhados temos hoje um


clarão de flashs oriundos dessas máquinas que até fazem
ligação. O que você pensa sobre o futuro da fotografia?
Acho que o futuro da fotografia somos nós. Ela
vem se transformando a cada dia, junto com
tantas ferramentas novas e acessibilidade como
o Instagram e as redes sociais. O HDR embuti-
do nas câmeras, a possibilidade de postar dire-
to do equipamento, GPS integrado, cartões de
memória minúsculos e com grande capacidade,
grandes possibilidades de lentes como as Tilt-
-Shift. Quem sabe ainda não veremos uma lente
por exemplo 16 - 300 mm, f2.8 com opção de
macro. Seria um sonho para qualquer fotógra-
fo. Os grandes formatos digitais também surpre-
endem. ISO altíssimos, baixíssima granulação,
excelente latitude, etc... Imagens belíssimas!

Mas sem a espera, sem o olhar e o sentimento


humano, não há fotografia.
O Húngaro da escola de Bauhaus Lázló Moholy-
-Nagy disse uma vez: “o analfabeto do futuro
não será quem não sabe escrever, e sim quem
não sabe fotografar”.

Sei que você tem poucos minutos entre um trabalho


e outro então vamos fechar aqui perguntando o se-
guinte: O que você pode dizer aos entusiastas da fo-
tografia que tem somente um celular como ferramen-
ta para registrar suas imagens?
Vale mais uma ideia na cabeça, uma visão no
olhar, que uma Nikon D3x ou uma Canon 1Ds
na mão. A criatividade é a principal ferramenta
necessária para boas fotos.
#02

M
arketing pessoal, se essa é a forma Então vamos a seguinte pergunta: E você fo-
como você prefere chamar o assun- tógrafo, o que você vende? Esperamos since-
to do qual vamos falar nas próximas ramente que sua resposta não tenha sido fo-
linhas, não há qualquer problema, mas vamos tografia. Ufa, que susto!
pensar que Marketing tradicional, digital, pes-
eu sou
soal, são basicamente a mesma coisa. MARKE- O Fotógrafo não é um produto que possa
o produto TING! ser fabricado em série e menos ainda ser
acondicionado dentro de uma caixa, como
Quando falamos em marketing, logo associa- essas caixinhas de aparelhos de celular que
mos isso a grandes ações publicitárias, a in- quando você abre tem, o aparelho + a bate-
vestimentos altíssimos, a estratégias em que ria + o carregador, etc.
acreditamos ser incapazes de realizar, e por
esse motivo, muitas vezes torna-se difícil atin- Você é ÚNICO! E essa já é uma grande van-
gir o que queremos. tagem. Você está à frente de muitas outras
grandes empresas, porque só você tem o
Já que estamos aqui a falar em Marketing produto que vende!
Robson Martins direcionado ao Pessoal, vamos usar o termo
martinslux@bananafoto.com.br “EU” produto. Sim, nesse momento você é Continuando nessa linha de raciocínio, é mui-
apenas um produto! to simples nos dias de hoje você conseguir
se projetar de forma positiva, bastando criar
Se você é um produto, responda rápido: Você se uma estratégia!
compraria? Os benefícios e a qualidade do seu
produto em relação ao mercado em qual atua Fazer um planejamento estratégico de ma-
está dentro de qual avaliação, usando como pa- rketing é fácil, o difícil muitas vezes é dar
râmetros, ruim, bom ou ótimo? seguimento, pois vamos nos rendendo com
o passar do tempo e fugindo das regras que
Seja lá qual foi a sua resposta, você precisa me- nós mesmos criamos, mas lembre-se, você
lhorar, mesmo que sua resposta tenha sido “óti- precisa manter a ordem e seu planejamento
Kátia Martins mo”, você pode ser mais que isso e o seu cliente funcionando, essa é a melhor forma de man-
katiamartins@bananafoto.com.br
precisa acreditar nisso para comprar VOCÊ! ter o seu negócio com saúde, sem precisar
depois, ter que sair correndo para “comprar”
Vamos exemplificar aqui, que esse produto do alguns médicos por ai!
qual estamos falando tanto seja um FOTÓGRA-
FO! Não sei porque, mas adoramos esse produto Para quem está iniciando hoje, ou iniciou a
e queremos usá-lo como exemplo, lembrando pouco tempo, e está formando a sua estra-
que poderia ser um artista plástico, um médico, tégia, melhor já começar de maneira correta
um dentista, enfim. São profissionais que tem e seguir em frente!
como carro chefe o produto “EU”.
Vamos dividir as estratégias de modo que
Imagine uma situação na qual você chega a você possa fazer um planejamento de ma-
um consultório de um dentista e no balcão neira mais fácil, pensando numa melhor for-
da recepção você diz a recepcionista: “Boa ma de atingir o que melhor você pode den-
tarde, estou aqui para comprar um canal!” tro de cada um desses canais.
Ela certamente vai dizer: “Hã!?” – Esse produ-
to simplesmente não existe!
PLANEJAMENTO + MARKETING = RESULTADOS sempre com ética e bom senso, E NUNCA diga algo
O marketing é a forma que temos de conquistar e fide- que não pode cumprir. O que não pode cumprir,
lizar o nosso cliente! simplesmente não fale, mas se o seu cliente per-
guntar, diga que está procurando meios para poder
Todos os seus canais precisam ser cuidados e de certa oferecer tal benefício.
forma integrados para que os resultados apareçam.
INTERNET: redes sociais, e-mail, site, etc Entenda que seu cliente já fez milhares de pesqui-
A internet não é uma rede de computadores, mas sim sas antes de chegar até você, então, provavelmente
uma rede de pessoas! – Pensando dessa forma você se ele está perguntando é porque já viu em algum
lugar, esteja atento a esses sinais e sempre pronto
passa a agir de forma mais intuitiva.
para anotar tudo o que for perguntado, você cer-
tamente vai precisar dessas informações no futuro
Você precisa estar nessa rede, procurando criar uma
para novas estratégias. E saiba que, nos questiona-
comunidade e um contato efetivo com essa grande
mentos de seus clientes, estão as respostas que você
massa de pessoas que estão simplesmente a espera mesmo precisa para inovar e se manter à frente!
de seu produto.
CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
Apresente o que tem de melhor e saiba como falar a Você deve sempre preferir oferecer benefícios. Muitas
mesma língua que seu cliente, assim ele terá afinidade vezes ofertas mirabolantes podem surtir efeitos con-
com você, mesmo antes de conhece-lo pessoalmente! trários e se você tem o melhor a oferecer, encontre
O site, o Blog, sua rede social, seu e-mail, devem pos- meios para mostrar isso.
suir informações claras de forma simples e correta,
isso demonstrará sua capacidade de organização. Mantenha o foco, afinal fotógrafo sem foco não dá!
Você já estudou, se especializou, criou sua lingua-
Essa questão é tão simples avaliar, se olharmos para gem fotográfica, desempenha de forma exemplar o
nós mesmos como consumidores. – Você prefere uma seu trabalho, tem total responsabilidade com tudo
empresa que lhe atende prontamente ou você tem a quanto se propõe a fazer, muitas vezes, após ter
vida toda para esperar uma resposta e uma atenção? cumprido as regras básicas que falamos nas etapas
anteriores, você recebe um cliente de indicação, que
Coloque-se sempre no lugar de seu cliente, porque no
vai indicar outro e mais outro (o boca a boca que
fundo ele não espera nada além do que você espera
funciona), enfim, você não precisa oferecer 50% de
de uma empresa quando a procura!
desconto em um serviço.

ATENDIMENTO: Telefone, pessoal, etc O produto “EU” tem seu valor e o cliente vai enten-
Um bom planejamento no atendimento ao cliente é der isso, porque na verdade ele não está só compran-
um dos pontos mais importantes. É a velha frase “a pri- do uma fotografia, afinal você não vende fotografia,
meira impressão é aquela que fica”. certo? O seu cliente está comprando uma caixa com
o produto “FOTÓGRAFO” e todos os seus acessórios,
Quando o telefone tocar, atenda, tire as dúvidas que onde ao abrir ele vai encontrar o olhar + a criativida-
puder naquele momento, e se não puder naquele ins- de + responsabilidade + conduta + profissionalismo
tante, informe em quanto tempo consegue retornar + respeito + pontualidade, e no final como brinde,
com a solução. Nunca diga a seu cliente, “me ligue ele vai receber um álbum com as fotos impressas, ou
daqui 5 minutos”, afinal, lembra que ele já te ligou e uma mídia com as fotografias bem feitas, bem sele-
quem não teve a resposta imediata foi você, então cionadas e bem cuidadas, e então isso valeu por cada
seja gentil e retorne o mais rápido que puder com to- centavo que ele pagou.
das as respostas que seu cliente precisa e merece ter!
No atendimento pessoal, atenção, você estará sendo Ah, e se você não tem esses argumentos, reveja os
seus conceitos! Não se vende qualquer produto
analisado o tempo todo, assim como um smartphone,
sem benefícios.
por exemplo, você deverá ser de última geração e ofe-
recer todas as modernidades que sua área já possui,
MIDIA IMPRESSA: revistas, folhetos, cartões de visita, etc
A internet hoje já é considerada a melhor forma de
expor o seu trabalho e a sua imagem, mas não dei-
xe de pensar numa estratégia para mídia impressa
direcionada a seu público e tenha em seu local de
atendimento todas as edições onde seu nome esti-
ver. Mas lembre-se, as mídias devem estar interliga-
das, no sentido visual, para que a fixação da marca
seja mais eficiente!

FEIRAS E EVENTOS:
As feiras direcionadas ao mercado fotográfico é o local
ideal para seu Network, necessário para sua projeção,
mas não se esqueça também dos eventos direciona-
dos ao seu público, aquele que utiliza dos seus servi-
ços. Se não puder ir para expor, participe como visi-
tante, mas esteja sempre atento!

SUA IMAGEM:
Lembre-se, você é um produto e sua embalagem, seu
comportamento e sua postura são fundamentais. O
produto “EU” vale o quanto oferece!
Simples, não é mesmo?

Agora deixe de fazer o fazer e comece a traçar sua es-


tratégia de MARKETING!
#02

A
ntes de mais nada, é com imensa ale- Oras, mas se a foto já diz tudo o que quer por
gria e prazer que estreio aqui na B&W sua apresentação, por que oferecer mais dire-
in Color a convite do Marcello Barbus- cionamento à interpretação da imagem ? Este
ci, a quem admiro como fotógrafo e pela con- é um caso específico, que geralmente ocorre
dição similar com que entramos na fotografia, nas exposições e galerias, ou mesmo nos tra-
bem como a vivemos e entendemos. É a ele balhos autorais, onde o artista se importa mais
sem título quem dedico estas linhas, dividindo esta men- com a reação do observador ou com a questão
ção também à minha querida esposa, Débora da estética apresentada, nada além disso.
Francci Salomão, quem mais me incentivou a
me lançar na arte e no ofício da fotografia pro- Qualquer coisa que ele escreva sob a imagem
fissionalmente. Sou eternamente grato à essa pode eliminar totalmente a cognição do ob-
grande pequena mulher... servador, tolhendo suas impressões mais pri-
mitivas e pessoais sobre o assunto apresenta-
...também agradeço aos demais colegas e fo- do. E como sabemos, arte é algo que permite
tógrafos que citaremos logo mais, que sempre interpretação, quando não, é desejado pelo
foram inspiradores de meu trabalho. Muito artista saber como é que reagimos à ela, como
Simão Salomão obrigado por suas belíssimas contribuições ! a vemos e a sentimos.
simaosalomao@terra.com.br Em segundo lugar, nada mais irônico que ini-
ciar uma primeira matéria com o título acima. Ainda dentro do escopo da fotografia autoral,
uma série de um mesmo trabalho geralmente
É claro que é uma provocação, mas vamos à recebe um nome definindo a temática / su-
dissertação: Todos nós temos nome. Ele é prá- gestão abordada, o que dispensa os diversos
tico, e nos define em alguns aspectos. Inicial- títulos de cada uma delas, pois já alinha o sig-
mente, as pessoas ganhavam nome em fun- nificado de todas as imagens com a afirmação
ção de sua ocupação, parentesco e orígens. ou o questionamento do fotógrafo com o tra-
Na fotografia, o nome da foto é o título, balho proposto.
quando não, uma informação à respeito da-
quilo que vemos. Série: “Da Rua”, do artista e fotógrafo Ricardo
Aprigio Fonseca
No entanto, assim como um nome próprio, o
título ou qualquer outra coisa que venha es-
crito sob uma imagem, automaticamente, dá
a ela sentidos mais direcionados à determi-
nadas interpretações, eliminando a subjetivi-
dade, e por isso pode ser ou não interessante
escrevermos algo ali em baixo.

Conheço muita gente que reclama ao ver uma


imagem que os atrai, e ao se aproximar da le-
genda, se enfurece ao ler o título desta maté-
ria: “Sem Título”...
Ricardo Aprigio Fonseca

Ricardo Aprigio Fonseca


#02

Ricardo Aprigio Fonseca

Ricardo Aprigio Fonseca


Outra forma de apresentá-las com uma narrativa é da necessidade do marketing para os fins deseja-
através de uma trilha sonora ou da letra de uma mú- dos. E então, assistimos à uma comédia de erros
sica contida por ela. Me agrada muito fazer esta ativi- quando, por economia ou mesmo falta de tempo
dade, pois minha ligação com a música é tão intensa para edição, encontramos propagandas com ima-
quanto a que tenho com a fotografia. Desde minha gens totalmente fora do escopo, ou com condições
primeira exposição utilizo deste artifício, e as respos- subliminares que condenam tanto o anúncio como
tas que obtenho dos observadores e audiência destas o anunciante.
experiências sempre foram muito positivas. Aqui, um
No meu entender, na linguagem e interpretação
exemplo de uma narrativa musical sobre o tema “Pe-
atuais, o mercado não lê quase nada. Vivemos num
ople like you”, composta pelo trio de modern jazz The
mundo saturado de imagens, portanto é vital para
Bad Plus. É uma série de retratos que fiz, apresentados
qualquer campanha o cuidado em se adequar o as-
com o sentimento inspirado por esta trilha. Ouvindo
sunto à imagem , se destacando nesse meio visual,
esta belíssima música, foi facil de contextualizar o tí- para evitar os desatres de se montar toda uma cam-
tulo desta série: “Da natureza humana” panha e chutar o balde cheio por conta da apresen-
http://vimeo.com/19017077 tação do produto, serviço ou mesmo da imagem da
empresa que estão por trás da foto que os represen-
ta. Todo o valor gasto na camapanha, muitas vezes
Caminhando no sentido contrário, podemos buscar as milhares – umas poucas vezes milhões – de Reais,
imagens para o que a música propõe. Vamos logo mais são bem menos aproveitados, quando não, total-
falar do Paulo Leminsky, mas adiantando um pouco mente desperdiçados pela economia que se tem
sua poetica ligada à imagem, segue uma outra série, com um item que não representa mais que 3% de
“LUzDICIDADE”, na qual as imagens forem feitas para campanhas desta magnitude. É a velha retórica de
completar a música que Arnaldo Antunes fez com a quando a economia é a base da porcaria.
letra do poema “Luzes” do autor de Quarenta clicks em
Curitiba. É como se fizessemos um videoclip, mas com Comida é mais simples, se transcreve a receita ou
autoria mais afinada com o universo do autor, sem o nome do prato, e bom apetite. Mas não se deve
esquecer nem as gotas de limão ou o fio de azeite,
abrir mão de nossos anseios:
pois a idéia é provocar o paladar de quem vê a ima-
https://vimeo.com/69578235
gem. O difícil aqui é produzir e fazer a foto...

...viagens, geralmente tem em sua descrição a data


e o local do registro. Esta forma de nomenclatura
Na Fine Art, o aspecto do título ou legenda pode ou foi vastamente utilizada quando a fotografia se tor-
não ser valorizado, mas geralmente o título é sempre nou um hobby familiar nos anos 60, e acabava por
mais recorrente. Uma foto, quando possui título, pas- inventariar nossas infâncias e juventude de forma
sa a ser identificada por ela, e não mais como aquela muito funcional. Hoje nem mais nos preocupamos
foto em preto e branco de um fotógrafo francês onde com isso, pois na fotografia digital, os metadados
dos arquivos fotográficos trazem a data e a hora em
um homem beija uma mulher em plena rua... ...o título
que fizemos o registro, inclusive, alguns equipa-
passa a representar a obra, e assim o mercado a ven-
mentos são dotados de GPS, que definem também
de e expõe. Neste caso que citei, “O Beijo do Hotel de o local exato onde o momento decisivo foi captado.
Ville” de Robert Doisneu, na Paris de 1950, que creio, Mas não se esqueça de acertar o setup da câmera!
a maioria dos leitores sabem exatamente como ela é.
A foto? Não, não vamos publicá-la aqui, serve como Já no fotojornalismo, as imagens ganham uma le-
exercício de referência. Logo mais teremos outros... genda. Nela se explica algo além ao observador,
pois ali se transmite uma informação mais ampla,
Em publicidade, o nome que damos ao que acompa- sintetizada na imagem. Neste aspecto, vale lembrar
nha a imagem é slogan. Geralmente, o slogan é quem da isenção e da ética, fatores os quais carecemos
muito nos dias de hoje. Já disse sabiamente o fotó-
define a foto, e não o contrário. Ou seja, ela será pro-
grafo americano Lewis Hine: “A fotografia não men-
duzida ou escolhida em um banco de imagens à partir
te, mas mentirosos fotografam”.
#02
Vale lembrar que tanto a imagem quanto a legenda O caminho contrário das narrativas ou o “batizado” da
se enquadram na afirmação de Hine. imagem já foi percorrido por fotógrafos renomados.
Maureen Bisilliat, inglesa de nascença e brasileira por
Quando se tem um fotógrafo posicionado frente à escolha, usou todo o deslumbramento adquirido nas
palavras de Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, João
um evento qualquer, ele tem o poder de deformar
Cabral de Melo Neto e Jorge Amado para fotografar
o assunto através de um recorte da realidade, quan-
um nordeste que o imaginário popular conhece ape-
do não, reverter uma tendenciosa manipulação dos nas na literatura. Tiago Santana, outro fotógrafo que
fatos, como temos visto hoje em dia, durante as ma- permeou as linhas das publicações nacionais com
nifestações pelas ruasdo país. Para colocar a pedra suas lentes, seguiu os textos de Graciliano Ramos para
sobre este tópico, recordo aqui a fantástica escritora produzir material imagético, tão poderoso quanto o
e filósofa Susan Sontag, quem escreveu esta frase: de Maureen, em seu trabalho mais viceral, “O Chão de
“Todas as fotos esperam sua vez de serem explicadas Graciliano”. Entre diversos outros, são eles alguns dos
– ou deturpadas – por suas legendas”. grandes nomes que partiram dos textos literários para
o fazer fotográfico, e o fizeram com maestria.

Maureen Bisiliat

“O vaqueiro criou-se em uma intermitência, raro perturbada, de horas felizes e horas cruéis, de abastança
e de misérias – tendo sobre a cabeça, como ameaça perene, o Sol, arrastando de envolta no volver das es-
tações, períodos sucessivos de devastações e desgraças. Atravessou a mocidade numa intercadência de ca-
tástrofes. Fez-se homem, quase sem ter sido criança. Salteou-o, logo, intercalando-lhe agruras nas horas
festivas da infância, o espantalho das secas no sertão. Cedo encarou a existência pela sua face tormentosa.
É um condenado à vida.”

Trecho do livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha


Tiago Santana

“Nesse tempo meu pai e minha mãe estavam caracterizados: um homem sério, de testa larga, uma das mais
belas testas que já vi, dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza,
sempre a mexer-se, bossas na cabeça mas protegida por um cabelinho ralo, boca má, olhos maus que em
momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura. Esses dois entes difíceis ajustavam-se.”

Trecho do livro “Infância”, de Graciliano Ramos

Maureen ainda mergulhou na poesia de Carlos Neste contexto, a razão sucumbe ao sentimento. An-
Drummond de Andrade e de Adélia Prado, e este lu- sel Adams, outro excelente fotógrafo americano, co-
gar onde poesia e fotografia se encontram tem me mentou que “não fazemos uma foto apenas com uma
agradado muito. Esta atitude, juntamente com a po- câmera, ao ato de fotografar trazemos todos os livros
ética com a qual alguns fotógrafos que conheço se que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos,
utilizam para complementar suas imagens e vice-e- as pessoas que amamos” ... .
-versa, me despertou para esta prática nos últimos ..já pudemos notar a influência e o peso desta afir-
anos. A idéia é tentar traduzir em palavras o senti-
mação em tópicos anteriores aqui discutidos, mas eu
mento do momento em que a fotografia foi gerada,
complementaria isso tudo com o fato de que tam-
ou tentar documentar este sentimento por meio do
bém estão imbuídos no ato de fotografar nossos me-
instante decisivo. Quando não, narrar de forma sim-
plista, realçada, intimista, emocionada, terna, crítica dos, receios, vicissitudes, infelicidades e feiuras, tudo
ou mesmo engraçada uma situação que a imagem aquilo que o ser humano é capaz de fazer, mas nem
traz mais latente. sempre é honesto de se apresentar como autor.
#02
Na mão do dito popular uma imagem vale mais do- - Fotos e hai-kais são ícones: ícones são coisas, coisas
que mil palavras, traduzir um fotopoema não é tarefa não têm tradução. Um icone só pode ser adequada-
fácil. Porém, existem alguns melhores dotados da es- mente comentado por um outro ícone: é o que faz a
crita para resolver essa situação. história da arte, o jogo vital das influencias, citações,
cópias, paródias, pastiches.
O grande poeta Paulo Leminski comparou o ato de
fotografar ao de escrever um hai-kai. Esta forma de
poesia tem mesmo tanta afinidade com nossa forma - O ícone é o signo produtor de significados. Ele é ati-
de registrar o mundo que não só recomendo ler os vo, radioativo, sujeito, não objeto. Por isso podemos le-
poemas compactos de Matsuo Basho à Leminski, mas var mil horas falando sobre uma foto sem esgotar suas
de fazer as leituras dos mesmos através de imagens. possibilidades de significar que, afinal, dependem tam-
Segundo o próprio escritor e poeta curitibano, as bém, e sobretudo, da consciência quem lê ou vê.”
técnicas se tangem em pontos muito óbvios, como:
- “O verdadeiro hai-kai é aquele que desponta de sú-
Aqui, um exemplo de um destes exercícios que reali-
bito, inteiro, íntegro, sólido objeto do mundo, num
zei numa das oficinas do Sesc Pompéia:
momento decisivo que não depende da vontade, do
arbítrio do poeta. Como o ato de bater uma foto.

Hai-Kai de Alice Ruiz, fotopoema de Simão Salomão

Apresento aqui alguns poetas visuais contemporêne-


os meus, aos quais agradeço muito a generosidade
de compartilhar momentos tão belos como os que
irão ver. Também sou grato ao contágio positivo que
me fizeram, adquirindo este virus, algo tão agradável
quanto produtivo. Humildemente, me incluo entre
estes, e publico aqui algumas de minhas incursões
nesta área. Este bem súbito tem feito dedicar-me
cada vez mais à tarefa prazeirosa de querer se com-
portar como poeta, o que ajuda muito na construção
imagética, acreditem.

Poesia de Mauricio Miele, foto de Paulo de Tarso Gracia


o ano passou
sobre o ano que passou
o outro ano chegou
mas logo, daqui um ano, chegará a vez dele também
o que me incomoda na esclerose cotidiana é a maldita
esperança
Texturas do tempo, marcas na carne...
Linhas cortadas, cantando as historias das pedras...
Dos caminhos retos com curvas, asfalto e terra...
Sinais de vida no fim do tunel....
Buscando a luz...

Poesia e fotografia de Ricardo Apparicio

Egoísmos

egoísta não é só aquele que se isola,


ocupando um banco apenas para si.
egoístas também podem ser aqueles que,
mesmo dividindo um banco,
não compartilham entre si
nem ao menos um olhar.

Poesia de Igor Ravasco, foto Cesare Salvadeo

Atenção!

esta caixa pode conter produtos menores


dentro de produtos maiores,
e sobre esta caixa pode haver pessoas sujas,
menores e descartáveis,
jogadas fora,
para que senhores lavados com
sabonetes artesanais exóticos,
maiores, maiorais e importantes,
continuem limpando suas mãos
às custas da sujeira de seu semelhante.

verifique no ato de conferência


por onde anda a sua consciência.
Poesia de Igor Ravasco, foto de Simão Salomão
#02

Minha cidade

Se eu fosse falar da minha cidade, iria dizer que ela


é cercada de belas montanhas, e que o verde deli-
mita o horizonte. Apenas um ou outro edifício se so-
brepõe a linha que nossa vista alcança... ...o céu, é
realmente azul, com nuvens de todas as formas pos-
síveis, e fazem nossa imaginação divagar, como se
fôssemos crianças em um parque. Mas moro em São
Paulo, e pra isso ser verdade, temos que ter asas para
poder voar e ver tudo de um angulo diferente...

Poesia e fotografia de Simão Salomão

A invenção da roda

A invenção da roda,
um momento bem sacado
que deu início ao movimento
e ninguém mais ficou parado...

Poesia e fotografia de Simão Salomão

Vamos agora ao exercício do olhar sem regras.


Seguem alguns exemplos de imagens, seus títulos e
legendas, numa condição diferenciada. Elas não tem
nada por descrevê-las, caro leitor. Você poderá ver
a imagem e, a partir do momento em que pousar o
mouse sobre ela, as informações sobre a mesma apa-
recerão. Com isso, poderemos verificar o quanto es-
tas letrinhas podem alterar aqueles significados ma-
nifestados ao primeiro olhar.

Boa “miragem”...!
#02

O tema era livre: então, uma foto da Liberdade Dark monster over blue

Transporte - movimento da cidade quando estamos parados Esquinas da Iluminação

Sem título Do tamanho que somos


#02
tica do que lendo o manual porém…
…faça o que eu falo mas não faça o que eu faço.

Apesar da tela de 3 polegadas touchscreen


i’m also an onde tudo fica a um simples toque, os coman-
dos estão facilmente dispostos para o rápido
art form uso quando necessários.

Falando em cima da aplicação que tenho com


as câmeras, que é o street, tive grande facilidade
em utilizar os comandos na velocidade que pre-
cisava, mesmo usando o modo manual que é a
minha preferencia.

Apesar de não ser um equipamento muito com-


pacto por conta de sua lente se mantém como
Marcello Barbusci uma câmera discreta nas ruas o que proporcio-
marcello@barbusci.com.br na belos registros sem incomodar as cenas.

V
ou começar este artigo com as pala-
vras de Darin Pepple, gerente senior Além disso, sua empunhadura traz grande se-
de produtos da Panasonic dos EUA, no gurança quando o objetivo são as fotos de rápi-
lançamento do equipamento, em novembro da focagem.
de 2011.
E por falar em focagem, todas as câmaras LU-
“Nossa empresa espera que a Lumix GX1 agra- MIX G utilizam o sistema de focagem por con-
de muito aos fotógrafos amadores avançados traste, o qual controla a focagem mediante o
que aguardavam uma atualização do mode- sensor de imagem, o que não deixa ocorrer os
lo GF1, mantendo um tamanho compacto e erros mecânicos e, assim, consegue-se uma
Rinaldo Lima qualidade de foto e vídeo. A Lumix GX1 é uma focagem precisa.
rinaldo@moviola.com.br
câmera digital extremamente flexível e capaz
com um autofoco rápido e ótima qualidade de A DMC-GX1 conta com o nível de Light Speed
imagem. Possui flash embutido e uma sapata AF de aproximadamente 0,09 segundos, redu-
permitindo acessórios como visor ótico exter- zindo o tempo para fazer a focagem ao duplicar
no, o que a torna um poderoso sistema de câ- a velocidade de transmissão de 60 fps a 120 fps.
mera compacta para ser a escolha de nossos Como novidade, foi adicionado o modo AFF (AF
consumidores”. Flexível) que bloqueia a focagem quando o bo-
tão de disparo está meio pressionado; porém, se
Apesar de preferir usar minhas câmeras com o objeto se mover, o foco trabalha para obter os
lente fixa, concordo com as colocações de melhores resultados.
Darin. Realmente a Lumix GX1 tem grandes
vantagens em seu uso além da tecnologia Combinado com o controle Touch AF (AF Táctil),
aplicada no seu sensor Micro Quatro Terços focar o objeto é incrivelmente simples e rápido,
que será comentado no decorrer deste arti- sem nunca perder o momento único para fazer a
go pelo amigo e especialista Rinaldo Lima. foto. Para aqueles que não gostam de trabalhar
a focagem manual é uma função sensacional.
Fiz uma saída fotográfica para colocar em
prática as linhas que li em seu completo ma-
nual. Sendo sincero, prefiro aprender na prá-
Aproveitando as vantagens do sistema de
focagem de contraste, com a DMC-GX1 é
possível focar qualquer ponto do campo de
visão. O sistema de controle tátil permite ao
usuário focar imediatamente o objeto sim-
plesmente tocando no ecrã panorámico.

Uma vez fixado o objeto com um toque, a câ-


mara o seguirá, ainda que se desloque, gra-
ças à função AF Tracking. O AF de multi-áreas
com 23 zonas de AF permite selecionar um
grupo de pontos de AF em função do tipo de
composição. Além disso, a função Pinpoint
AF incorporada na DMC-GX1 facilita um ajus-
te mais preciso de enfoque ao ampliar a área
que se vai focar. Como exemplo, isso é uma
grande ajuda para focar na pupila de um olho.

Facilidade nos ajustes


O design externo da DMC-GX1 foi fabricado
com a preocupação em todos os detalhes.
O exterior ergonômico e a superfície plana
facilitam a sua fixação, visto que a resina do
material com que foi fabricada oferece a sen-
sação de conforto. Assim, o funcionamento
da DMC-GX1 é muito simples graças à ótima
distribuição dos botões e ao novo dial de con-
trole. Esta câmera incorpora um suporte para
um flash externo ou o novo Live View Zinder
DMW-LVF2, que são acessórios opcionais.

Longa duração da bateria


Com melhorias no design interno, a DMC-
-GX1 destaca-se pelo seu consumo energé-
tico. A bateria da nova Lumix dura 11% a
mais em comparação com a sua antecesso-
ra, a DMC-G3, que também tem uma bateria
DMW-BLD10. A DMC-GX1 é agora capaz de
disparar 4.2 quadros por segundo sequen-
cialmente em 16,0 megapíxeis com obtura-
dor mecânico. Também é possível selecionar
o disparo de alta velocidade a 20 fps com o
obturador eletrônico.
#02
O Sistema Micro Quatro Terços f/1.2 (a ser lançada em 2014), sem falar na série de
lentes f/0.95 Cosina-Voigtländer. Outra grande van-
Introduzido em agosto de 2008 através de uma coo- tagem, a meu ver, é que a combinação do tamanho
peração entre Olympus e Panasonic o sistema Micro do sensor aliado à ausência de espelho permite que
Quatro Terços já faz grande sucesso nos mercados
praticamente qualquer lente possa ser adaptada,
asiáticos, disputando palmo a palmo as vendas com
desde as diminutas c-mount (existem as clássicas
as DSLRs. Na Europa e nos Estados Unidos o cresci-
mento tem sido mais lento, porém evidente. de filme 16mm, além das cctv de cameras de segu-
rança), passando pelas legendárias Canon FD, Leica
A Olympus já contava com um sistema estilo DSLR M, LTM (rosca), Minolta, Pentax, Olympus OM Zuiko,
baseado nesse tamanho de sensor, o Quatro Terços, Olympus 4/3 SHG, Nikon F e AIS, Canon EF, etc, etc...
mas o desenvolvimento do novo sistema trouxe no-
vas perspectivas e deu fôlego novo a este padrão Os melhores sensores do sistema Micro 4/3 compe-
de sensor. A diferença básica entre os dois sistemas tem de igual para igual com qualquer sensor APS-
é que, diferente do 4/3, o Micro 4/3 não conta com
-C. E isso não é opininão, é fato, que pode ser fa-
um espelho, o que permite corpos e lentes de tama-
nhos consideravelmente menores. cilmente comprovado em diversos sites que fazem
Confira a tabela (próxima página) para entender a comparativos, entre eles o conceituado DPreview e
relação de tamanho entre os diferentes sensores, DXOmark. Mesmo no caso das altas sensibilidades
lembrando que o fator crop é 2, o que significa que (high ISO) o desempenho já é bastante comparável,
uma lente 25mm equivale a um ângulo de visão de praticamente no mesmo nível em termos da relação
uma 50mm num sitema full frame 35mm. Sendo as- sinal/ruído. Mas a grande vantagem fica por conta
sim considero o tamanho do sensor o compromisso do tamanho e praticidade. DSLRs são, por definição,
ideal, pois é perfeitamente possível obter profun-
cameras reflex, portanto precisam carregar dentro
didade de campo curta (usando-se as lentes lumi-
de seus corpos o pentaprisma para disponibilizar a
nosas disponíveis) além da disponibilidade de lon-
gas tele-objetivas a preços acessíveis. Uma 80-200 imagem a ser registrada no visor ótico (OVF), tecno-
adaptada vira uma 160-400mm. Outro aspecto que logia desenvolvida nos anos 1970.
considero vantajoso é que em determinadas situa-
ções de pouca luz podemos usar uma lente em f/1.4 Câmeras mirrorless com lentes intercabiáveis, tam-
por exemplo sem ter uma situação de foco ultra ra- bém conhecidas como CSC (compact system camera)
dical, que acontece no caso do full frame, e isso faz ou, como a Panasonic tem adotado, DSLM (digital sin-
muito sentido, especialmente em video. gle lens mirrorless) quando possuem visores, estes são
eletrônicos (EVF) de alta resolução e as vantagens são
Particularmente conheci o sistema há cerca de três inúmeras, tais como, visualização da imagem real a ser
anos quando se iniciou uma grande corrida por capturada, riqueza de informações disponíveis no vi-
uma imagem mais cinematográfica através da uti- sor, entre outras. Claro, existem os sistemas mirrorless
lização dos sensores maiores entre as produtoras
com sensores APS-C como Sony NEX e Fuji X, mas am-
de vídeo, mercado no qual atuo. Mas falando em
bos ainda contam com poucas lentes disponíveis, que
termos gerais, muitos fotógrafos, profissionais e en-
são em geral maiores e mais pesadas, por conta do
tusiastas, passaram a adotar o formato ao redor do
mundo. Atualmente o sistema encontra-se bastante sensor ligeriamente maior. No meu trabalho de pro-
desenvolvido e já conta com mais de 30 lentes na- dução de video, o visor eletrônico só traz vantagens,
tivas disponíveis e a tendência é só de crescimento, pois permite a gravação de vídeos com a camera junto
principalmente depois que muitos fabricantes de ao rosto, o que além de estabilidade, permite grande
lentes também aderiram ao sistema, como Cosina- precisão de foco e operação, e faz todo sentido pois
-Voigtländer, Sigma, Rokinon/Samyang, Tamrom, profissionalmente não se trabalha apenas com um
SLR Magic, entre outros. LCD, pelo menos não se deveria. No caso da fotogra-
fia still, além de tudo que já foi citado, a velocidade
Tanto Olympus quanto Panasonic têm desenvolvido de auto-foco ultra-rápido das cameras mais modernas
e lançado lentes de alta performance, citando algu- também é um diferencial.
mas: Panasonic-Leica 25mm f/1.4 Summilux, Pana-
sonic Lumix 7-14mm f/4, 12-35mm e 35-100mm am-
bas f/2.8, Olympus 75mm f/1.8, Panasonic 42.5mm
  Mas com o desenvolvimento e a rápida evolução
dos visores eletrônico-digitais (vide o novo VF-4 da
Olympus com 2,3 milhões de pontos de resolução)
que permitem, por exemplo, a visualização da ima-
gem em baixa luz, é inevitável que as novas gera-
ções de fotógrafos passem a adotá-los em definiti-
vo. Algumas empresas, líderes de mercado inclusive,
ainda irão relutar um pouco em aceitar esse novo
paradigma, mas não terão como escapar a meu ver.
A própria Sony já anunciou que não produzirá mais
cameras com visores óticos em sua linha Alpha. É
questão de tempo, vamos ficar atentos e observar.

Dicas de sites:
www.43rumors.com
www.discovermirrorless.com
Um aspecto que ainda precisa evoluir, entretanto, é www.four-thirds.org
o auto-foco para rastreio de objetos em movimento, www.mu-43.com
uma vez que o sistema utiliza o método de detec-
ção de foco por contraste (CDAF) conhecidamente
menos eficaz que o tradicional método de detecção
por fase (PDAF) para objetos em movimento. Mas a
Olympus já trabalha num sistema que contará com
detecção por fase.

Tenho usado cameras do sistema Micro 4/3 desde o


final de 2009 em minha produtora de video, o que
também despertou em mim novamente uma gran-
de vontade de fotografar. Atualmente utilizamos
cameras da linha GH (GH2 e GH3) da Panasonic Lu-
mix para captação de video e, para fotografar, car-
rego sempre comigo uma Olympus Pen E-PL5 (que
faz até 8 fps em RAW), mais as lentes 12mm f/2.0,
17mm f/1.8 e 45mm f/1.8 de alto desempenho, to-
das Olympus M.Zuiko, kit este que cabe numa pe-
quena e discreta bolsa, como a Domke F-5XB ou
uma Think Tank Mover 10. Com isso posso usar meu
jogo de lentes nas duas atividades e estou muito sa-
tisfeito com isso. Vale lembrar que a E-PL5, a E-PM2
e a Lumix GH3 estão equipadas com mais novo sen-
sor Sony que fez grande sucesso quando introdu-
zido na Olympus OM-D E-M5 há cerca de 15 meses
atrás, que proporciona excelente latitude e baixo
ruído nas altas sensibilidades.

Na minha opinião, do mesmo modo que o filme ficou


ultrapassado, os sistemas mirrorless são o futuro da
fotografia e não pode ser de outra maneira. Hoje esta-
mos numa fase de transição, onde muitos fotógrafos
ainda estão habituados aos visores óticos, que tam-
bém possuem suas vantagens, não vou negar.
#02
Eu também sou uma forma de arte

A Panasonic me deu a oportundade de ficar


com a Lumix DMC-GX1 em minhas mãos por
alguns dias. Isso me fez pensar no processo
de concepção de um produto e no caso des-
te equipamento, quantas pessoas estive-
ram envolvidas para desenhar suas formas
e suas tecnologias. O mais incrível foi que,
enquanto olhava para a DMC-GX1 mais pen-
sava na diferença de características que essas
pessoas tinham. Digo isso pois a câmera tem

©Marcello Barbusci
suas curvas com um ar retrô que envolvem
um dispositivo avançado que mesmo ofere-
cendo todos os recursos, não tira o prazer e a
autonomia para produzir belas imagens.

No inicio me senti um pouco incomodado com


a falta de um view finder mas depois senti que
a Lumix DMC-GX1 passou a ser uma extenção
das minhas mãos. Foi uma nova experiência
com resultados surpreendentes.
Ao entender o seu funcionamento a interação
surgiu naturalmente e com isso o caminhar e
registrar se tornou algo simples e gratificante.

Depois de admirar e passear com a Lumix


DMC-GX1, posso dizer o seguinte:
A Panasonic não veio simplesmente para ser
mais uma marca no segmento fotográfico mas
sim, para se apresentar como uma forte opção
aos que pretendem ter em suas mãos uma fer-
ramenta que trabalha a arte com o coração de
forma fácil e prazeirosa.

Marcello Barbusci ©Marcello Barbusci


N
o primeiro número da BLACK&WHITE desejam receber de si e da sua fotografia e afi-
IN COLOR for Photographers tiramos ne a sua periodicidade de publicação.
da frente algumas das dúvidas vulgar-
mente associadas às Redes Sociais. Por isso Poderá perfeitamente começar por uma pu-
mesmo, caso ainda não o tenha feito, trate de blicação diária e analisar os seus resultados ao
Fotografando fim de duas semanas. Perceba em que dias o
dar uma leitura a essa e a todas as outras colu-
e Publicando nas da revista. Altamente recomendado.
seu público foi mais receptivo e tente perce-
ber o porquê de uma ou outra publicação não
ter colhido tanto interesse. Aquela obra que
Agora que estamos em sintonia, podemos você tanto preza no seu portfolio não reco-
começar a analisar de forma mais exaustiva lheu grande interesse? Confira se a Canarinha
cada uma das vantagens, desvantagens e não jogou a essa hora? O problema poderá
técnicas que poderá colocar a uso enquan- não ser a qualidade ou a quantidade mas ape-
to forma de potenciar a sua presença numa nas uma questão de sentido de oportunidade.
rede social. Certo é que o maior enfoque cai-
Antes de decidir quantas publicações fará por
rá naturalmente sobre grandes plataformas
dia, leia p.f. o resto dos pontos deste texto.
como o Facebook, Twitter, LinkedIn ou 500px
Eles condicionarão inevitavelmente o ritmo
Rui Costa mas, não esqueça, qualquer um dos pontos de promoção do seu trabalho.
ruijscosta@gmail.com ou dicas apontadas poderão facilmente ser
extrapolados e adaptados a realidades colo- II. Publique o novo mas não esqueça o antigo
Colunista Internacional cadas mais abaixo em termos de escala (em- Se já está reclamando que não tem material su-
diretamente de Portugal
bora nem sempre abaixo em termos de eficá- ficiente para publicar tanto, não esqueça que
cia e rendimento). «publicar» não diz obrigatoriamente respeito
àquilo que criou ontem à tarde. Publique o mais
I. Publique diariamente recente intercalado com algumas das suas fotos
Um dos primeiros pontos a ser normalmente mais antigas mas claro, sempre n um patamar
abordado está relacionado com o periodici- de coerência que não torne a sua página ou per-
dade escolhida na publicação de conteúdos. fil uma manta de retalhos sem fio condutor.
Por quase todo o lado vemos sugestões de
uma ou duas publicações diárias, sendo que Aproveite para revisitar algumas das suas
a primeira opção se coloca quase sempre no criações mais antigas e, caso seja adepto da
mínimo recomendado e a segunda (duas pu- edição eletrônica, experimente passar o novo
blicações) se define simultaneamente como motor e mais recentes algorítmos do seu pro-
quantidade óptima e máximo recomendado. grama de edição favorito em todas essas fotos.
Prepare-se para ficar surpreendido. A edição
Pessoalmente não tenho qualquer problema de há 6 anos, dificilmente será semelhante à
em aceitar estas sugestões mais ou menos de hoje. Tudo muda em muito pouco tempo.
consensuais mas gosto sempre de ressalvar Preste atenção às novas oportunidades para
que nem uma nem outra são verdades inques- velhas realidades.
tionáveis. Há que saber distinguir linha-de-
-orientação de regra-divina-sem-qualquer- III. Use legendas
-espécie-de-discussão e esta, a da cadência Use texto para complementar as suas imagens.
da publicação, não cai certamente na última Não deixe de aproveitar esta funcionalidade
categoria. seja em que rede for. As pessoas gostam de ler
uma história acerca das imagens que as atra-
Entenda-a, num paralelismo à composição fo- em. É uma excepcional forma de interagir com
tográfica, como uma rule-of-thirds que pode- os seus seguidores e uma forma de, sempre
mos e devemos seguir em 90% dos quadros. que necessário, usar esta técnica para recolher
No entanto, a verdade é que a realidade nem opiniões acerca do seu trabalho ou mesmo
sempre colabora com a teoria e a sua aplica- acerca de questões adjacentes ao mesmo.
ção fica muito dependente de outras ques-
tões. Estude o seu público, perceba quanto
#02
IV. Quando no FB não use álbuns VI. Tenha um bom rácio «posts de IX. Blogue... os blogs ainda têm pulso
Bem sei que por vezes a tentação ajuda / posts de promoção» Publique não apenas as suas fotos
de publicar logo uma dúzia de fo- No seguimento do colocado ante- como também a sua escrita. Muitos
tos de uma só vez é forte em de- riormente fica o seguinte: por cada 5 pensam que o blog morreu. Que
masia para a nossa pobre vontade, publicações de conteúdo que é útil tudo é social media e que só o ins-
especialmente depois de um dia de não apenas a quem gosta das suas tantâneo interessa. Duas anotações:
luta. Ainda assim, pense nos recur- fotos como também a quem sim- blog também é social media e, em
sos que desperdiçará se optar por plesmente gosta de fotografia, pu- segundo lugar, muitos de nós ainda
uma publicação despersonalizada blique uma ou duas das suas fotos. consomem o demorado, o trabalha-
em detrimento de uma publicação do, o doce sabor da análise cuidada.
Mantenha um bom rácio de posts
individualizada das suas fotos. De outra forma que sentido faria
de interesse para a comunidade e de
uma publicação como aquela que
Aquele «like» ao seu mais recente posts de interesse - primordial - para
está neste preciso momento a ler?
álbum de fotos foi uma ação cons- si. Dê antes de pedir. Dê muito mais
ciente ou simplesmente uma forma do que aquilo que pede e prepare- Escolha uma plataforma de edição
de alguém o «despachar» sem per- -se para ser recompensado. que seja adequada às suas necessi-
der grande tempo? E como vai saber dades (Blogger, Wordpress, etc.) e
se o fato de apenas metade das fo- VII. Quando com um orçamento dê asas às suas divagações. Partilhe
tos terem merecido um «like» se de- apertado, pense localmente os seus textos nas redes sociais e
veu à falta de qualidade de algumas Anunciar é necessário! Não há como aumente dessa forma a sua frente
ou à «falta de tempo» que a maio- evitar ou contornar esta realidade. Se de exposição na rede.
ria dos usuários exibe? Cada foto é continuar a pensar que isto é apenas
uma oportunidade de ficar a conhe- um truque de segunda e que vai con- X. Partilhe os bastidores do seu trabalho
cer melhor aqueles que seguem as seguir vencer sem promover o seu Partilhe aquilo que vulgarmente não
suas obras e ao publicar em massa, nome e o seu trabalho, pense nova- se vê no processo de promoção da
no formato de álbum, está a perder mente. Claro que há diversas formas fotografia. Quando no campo leve
oportunidades que mais cedo ou consigo uma segunda câmara, um
de se promover. Muitos fotógrafos
mais tarde considerará preciosas de- iPad, um smartphone ou qualquer
encontram nas suas comunidades lo-
mais para distribuir em barda. equipamento que lhe permita cap-
cais grandes oportunidades de negó-
turar os meandros e os bastidores
V. Publique o trabalho de terceiros cio ou simplesmente oportunidades da vida de um fotógrafo. Este pro-
A sua conta não precisa de ser ape- para troca de experiências. Através cesso é semelhante ao uso de texto
nas uma imensa montra dos seus do LinkedIn procure oportunidades e legendas na suas fotos. Permite
projetos e obras soltas. Pode mui- online que possa aproveitar offline, que os seguidores das suas publi-
to bem ser um local onde também sem grande investimento. Pelo me- cações se sintam mais próximos do
partilha algumas das fotos que mais nos financeiro! seu trabalho e, consequentemente,
o(a) impressionaram ultimamen- de si, enquanto artista mas, acima
te, que mais lhe dizem e que tem VIII. Aja como um community manager de tudo, enquanto ser humano.
como referência no seu dia-a-dia. Mais do que um fotógrafo, numa
Pode muito bem ser igualmente rede social e em particular no seu Mostre as suas sessões de estúdio
um local onde partilha noções téc- perfil ou na página da sua fotogra- de um ponto de vista diferente da-
nicas, ideias, reviews e tudo o mais fia, você é um gestor da sua comu- quele que dará lugar ao resultado
que possa interessar a quem tem nidade. Aceite a crítica, seja diplo- final do seu esforço profissional.
na fotografia uma paixão. Seja ela Mostre o seu tripé na água, a lama
mático e espere sempre reação a
de que teor for. até ao joelho, as posições incómo-
qualquer ação. Trate a sua fotogra-
das, o sacrifício, o riso e tudo o mais
Aproveite e referencie os autores fia e o seu nome de forma correta.
que é parte integrante do processo
focados, ligue o seu post à página Perceba que você é, efetivamente, de criação. Leve a sua experiência
de outros fotógrafos, enfim, dê iní- uma marca, e como tal, deverá ter até à rede.
cio à construção da sua rede. todo o cuidado na gestão da mes-
ma. Não suje o seu nome por ques-
tões de orgulho ferido. Entenda que
o seu seguidor tem sempre razão e
que este deve ser ouvido mesmo
quando não tem nada de simpático
para dizer.
XI. Aceite o inevitável, o Instagram existe
Não estou a dar uma de elitista ou arrogante, estou apenas a constatar um facto que muitos fotógrafos, especial-
mente os mais puristas, teimam em não conseguir aceitar. Para esses fica a recomendação de leitura de um artigo
(http://bit.ly/instagram-bjp) publicado no British Journal of Photography que dá conta das grandes vantagens que
algo como o Instagram podem representar na fotografia embora numa linha diferente da que menciono aqui.
Quem diz Instagram diz qualquer outra forma tão pouco... clássica como essa.

Instagram e primos mais ou menos afastados existem, use-os em seu proveito. Associe-os à técnica descrita no
ponto anterior e surpreenda-se com os resultados.

Até a próxima

Por agora é tudo. São onze dicas que pode e deve colocar ao seu serviço. Muitas outras existirão, naturalmente!
Tenho a certeza que já tomou contacto com muito do acima descrito mas nem que apenas uma linha tenha servido
para melhorar a sua presença na rede, já valeu a pena tê-lo escrito.

No próximo número, se entretanto não for despedido, discutiremos design de websites para fotógrafos e o traba-
lho que deverá ter na otimização para motores de pesquisa (SEO) no seu site.

Bom trabalho!
#02

BWINcolor
agenda exposições, eventos, worshops, cursos...

SÃO PAULO | SP
Florian Raiss, Gabriel Wickbold e Gal Oppido
Mostra de acervo
Corpo nu

Data: De 11 de julho a 8 de agosto


Local: Rua Joaquim Floriano, 711 - 2º andar - Itaim Bibi
Informações: 11 3704-6268
www.galerialume.com.br

RIO DE JANEIRO | RJ
Exposição Haruo Ohara – Fotografias

Data: De 29 de junho a 8 de setembro de 2013


Local: IMS - Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Informações: (21) 3284-7400/ (21) 3206-2500
ims.uol.com.br

SÃO PAULO | SP
Ralph Gibson & Larry Clark - Amizade, fotos e filmes.

Data: de 27 de junho a 25 de agosto de 2013


Local: MIS Avenida Europa, 158, Jardim Europa
Informações: 11 2117 4777
www.mis-sp.org.br
Capacitação Profissional no IIF
Um dos cursos mais completos do mercado, o Ca-
pacitação Profissional visa preparar os participan-
tes para ingressar no mercado profissional da foto-
grafia. O conteúdo didático é fundamentado sobre
um tripé de conhecimentos primordiais: domínio
da técnica, conhecimento de linguagem visual e
noções em administração e marketing.

Data: 5 de agosto de 2013 - Turma Manhã


6 de agosto de 2013 - Turma Noturna

Instituto Internacional de Fotografia


Tel.: (11) 3021-3335
www.iif.com.br

photo image brasil


Data: 28 a 30 de agosto de 2013

EXPO CENTER NORTE- São Paulo


Tel.: (11) 3060-4891
www.photoimagebrasil.br.br

OMICron escola de fotografia


Curso: Descondicionamento do olhar
Carga horária: 16 h
Data: a consultar
Valor: Matrícula R$50,00 + R$700,00
www.omicronestudio.com.br

SENAC SP
Curso: Fotojornalismo Digital
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os organizadores
www.fullframe.com.br Discutir os conceitos de graffiti, tags e de exposições,
stickers (adesivos) como formas de ex-
pressão contemporânea, instrumen- workshops, cursos
techimage talizando os participantes a usar tinta
spray e a criar máscaras (estêncil) com e eventos.
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#02

A linhada às tendências do mercado pu-


blicitário, que intensifica cada vez mais
a convergência entre as mídias, a Paranoid
Temos poucas opções para a formação de novos
profissionais aqui no Brasil. Você acha que a for-
mação desses novos profissionais atende a de-
Produtora, dos sócios Heitor Dhalia, Tatiana manda com qualidade?
a união faz
Quintella e Egisto Betti, lançou o selo Para- Acho que estamos melhorando na questão
noid Foto, que concentrará a produção de da formação, mas ainda longe de ter uma
a força fotografia still. cultura de não pular etapas, devido à ne-
cessidade e ansiedade de começar a tra-
Idealizada e liderada pelo renomado fotógra- balhar muito cedo. A qualidade de nossos
fo e diretor de cena Paulo Vainer e pelo cole-
profissionais é incrível. O acesso hoje em
tivo Cia de Foto (formado por Rafael Jacinto,
dia a novas tecnologias, linguagens, en-
João Kehl e Pio Figueiroa), a novidade ofere-
tre outros, é mais aberto. Isso ajuda. Mas
ce uma nova solução para agências e anun-
ciantes ao manter sob um mesmo guarda-
sempre fomos a favor de investir em uma
-chuva um time de fotógrafos - muitos deles formação contínua, visando uma evolu-
especializados também na direção de filmes. ção constante.

Marcello Barbusci E para falar sobre essa novidade conversei Os profissionais que se destacam neste seg-
marcello@barbusci.com.br com Rafael Jacinto, fotógrafo e diretor de cena mento acabam se transferindo ou mesmo
do coletivo Cia de Foto e da Paranoid Foto. sequestrados para outros países. Como se-
gurar essa mão de obra seleta?
Quando e como surgiu a ideia da Paranoid Foto? Sequestrados é um termo que nunca tinha
A ideia surgiu há mais ou menos um ano. ouvido! Mas faz sentido. Acho que isso
Em conversas sistemáticas em como oti- acontece em todos os lugares. Importamos
mizar, melhorar o serviço e atender uma muita gente também. Quando você vai tra-
demanda que está cada vez mais mistu- balhar em outros países é possível notar
rada (foto e filme), nós da Cia de Foto, que essa “migração” profissional é muito
Paulo Vainer, e os sócios da Paranoid presente, e em todos os lugares. Isso enri-
chegamos a esse formato que implemen- quece o profissional. A vivência, repertó-
tamos agora. rio, conhecimento de outras formas de tra-
balhar, lidar com prazos diferentes, entre
Com a Paranoid Foto, vocês trazem para
outras coisas, são muito positivas. Arrisco
dentro de casa a fotografia para se unir a fil-
dizer que o Brasil vai ser foco de muitos
magem também. Com a chegada das DSLRs,
que produzem filmes full frame, como você
profissionais nos próximos anos e esse in-
vê os fotógrafos que passam a unir a filma- tercâmbio vai ser maior. Para segurar a
gem ao trabalho de fotos que já faziam? mão-de-obra a oferta tem que ser boa.
A entrada das DSLRs realmente mistu-
rou essas linguagens, mas nós e o Paulo, Com essa proliferação de profissionais se for-
por exemplo, já produzíamos imagens em mando diariamente como você vê o seu merca-
movimento há anos. As novas câmeras do daqui 5 anos?
concentram em um único equipamento A Cia de Foto tem, como coletivo, 10 anos
essas duas possibilidades, facilitando a de carreira profissional. Nós, individual-
produção. Mas o mais importante aqui é mente temos mais. As fases oscilam. É a na-
dizer que um fotógrafo preparado, tanto tureza de nosso trabalho. Acho que soube-
tecnicamente, como conceitualmente, é, mos nos adaptar até agora, diversificando
por natureza, um diretor de cena e, em a atuação, repensando o processo como um
muitos casos, de fotografia. A preparação todo. Hoje somos fotógrafos publicitários,
e o entendimento de todo o processo é o diretos de filmes, fazemos editoriais, damos
mais importante nesses casos. aula e somos representados por uma gale-
ria de arte. Já é bastante coisa e tenho certeza que Sobre Cia de Foto
estou esquecendo outras... Talvez isso tenha nos Cia de Foto é um coletivo de fotografia com sede em
ajudado, mas acho que, lá no fundo, temos que fa- São Paulo, fundada em 2003. Formado pelos fotógra-
zer o que nos satisfaz. O resto vai se adaptando. fos e diretores Rafael Jacinto, João Kehl e Pio Figueiroa,
o coletivo desenvolve trabalhos em várias direções
A Paranoid tem uma atuação muito forte no segmento (fotografia publicitária still, direção de filmes, edito-
publicitário e agora com a Paranoid Foto isso vai ficar ain- riais, palestras e exposições), aproximando linguagens
da mais forte. Temos mais surpresas por vir? e, assim, questionando o espaço das imagens e seu
entendimento.
Ainda é cedo pra dizer. Estamos conversando com
muitos fotógrafos, com criativos, fornecedores, O estúdio Cia de Foto colabora na organização de
publicitários e clientes. Queremos montar um time seminários, publicações e festivais sobre fotografia
muito bom mesmo. Assim como a produtora tem como, por exemplo, a cocuradoria da exposição “His-
com os diretores de cena. Queremos contar tanto tórias de Mapas, Piratas e Tesouros”, no Instituto Itaú
com profissionais já fortes e conceituados no mer- Cultural (São Paulo, 2010). Entre as participações em
cado, como apresentar pessoas mais novas. Dessa exposições coletivas, destacam-se “Chuva” (E:CO, Wa-
forma, o resto só irá melhorar: qualidade, proces- shington, EUA, 2011), “Carnaval” (Photoquai 2011, Pa-
ris), “Guerra”( Geração 00, Sesc Belenzinho, São Paulo,
so, entre outras coisas.
2011), e “Agora” (Museu Berardo, Lisboa).

equipe Paranoid Foto


#02

E
u sou paulistano da gema, como se diz por aí. Eu estava andando de manhã, na avenida Re-
Nasci e vivi a maior parte da minha vida bouças, já perto da Marginal Pinheiros e achei
nesta cidade, e, mesmo ausente por al- um bem-te-vi morto, estirado no chão.
guns períodos, sempre tinha contato com Comovi-me, confesso, mas logo após essa
meus amigos e, via TV ou internet, sempre
breve comoção, o lado analítico começou a
crônica soube o que se passava por aqui.
atuar. Movi o pássaro com meu pé para ver se
Bem-te-vis achava alguma marca, mordida de gato, da-
Morei alguns anos em Nova York – que eu sem-
pre considerei uma São Paulo que deu certo, nos na plumagem... Nada!
em razão de sua segurança e transporte públi- Aliás, as penas estavam bonitas, o que indi-
co – mas nunca deixei de considerar a nossa ci- cava que o animal havia morrido há pouco, e
dade como uma das melhores do mundo. que era (ou parecia) saudável.

Fui criado no bairro familiar do Cambuci, e mi- Lembrei-me que, quando criança, ouvia meu
nha casa tinha um imenso quintal com árvo-
bisavô dizer que os bem-te-vis cantavam an-
res frutíferas, como amoreira, goiabeira, etc,
e por isso, era fácil observar os pássaros que tes da chuva, e que os pássaros moravam em
ali se achegavam. Eram corriqueiras curruíras, árvores e que gostavam de ar puro. E lembrei-
Zeca Salgueiro periquitos barulhentos e até raras saíras-de- -me que no dia que eu achei esse bem-te-vi,
zecasalgueiro@gmail.com -sete-cores. Eu gostava de deixar vasos com São Paulo estava passando por um período de
o fundo quebrado presos aos muros para fa- estiagem que já durava semanas. A poluição
cilitar a construção de ninhos, ou água com e a secura do ar atingiam níveis alarmantes,
açúcar para os beijaflores. e não havia a menor expectativa de chuva; o
trânsito também não era dos melhores – en-
O tempo passou e eu continuei a observar os
pássaros e a vida em geral, uma vez que, devi- garrafamentos e barulho por toda parte.
do ao meu trabalho, ando muito pela cidade,
em seus parques, ruas e avenidas. E foi num Então, minha dedução foi a seguinte:
desses dias que eu vi o seguinte: Pássaros gostam de ar puro. Não tinha.
Eles moram em árvores.
Já vou avisando que algumas pessoas podem Tinha, mas com muito barulho.
achar que é uma tragédia, ou que eu sou frio, Bem-te-vis cantam antes da chuva. Nem sinal dela.
insensível, sei lá... Ou seja, morreu de desgosto.
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edição #03
setembro | 2013

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FOTO CAPA
Marcello Barbusci
Entrevista com
LIZ KRAUSE | Especialista em fotos artísticas
Formada em Química Superior pelo Mackenzie, mãe de dois filhos casados.
Dedicando-se à fotografia desde 2001, trabalha junto a arquitetos, com foco em deco-
ração de interiores, principalmente com temas urbanos, arquitetura e abstratos.

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