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& AFINS
Ano 1 - Número 5 - Setembro 2014
www.teclaseafins.com.br
Antonio
Adolfo
O músico plural
fala dos projetos,
da carreira e do
panorama atual da
música no mundo
Rick Wakeman
O mago dos teclados e sua
Viagem ao Centro da Terra
Hércules Gomes
O novo representante da
musicalidade brasileira
& AFINS
Ano 1 - N° 05 - Setembro 2014
Setembro é especial para o
Publisher mercado da música no Brasil:
Nilton Corazza é, tradicionalmente, o mês da
publisher@teclaseafins.com.br
Expomusic, evento em que
Gerente Financeiro grande parte dos players da
Regina Sobral área apresentam novidades,
financeiro@teclaseafins.com.br
fazem contatos com con-
Editor e jornalista responsável sumidores, realizam ven-
Nilton Corazza (MTb 43.958) das, ampliam o networking,
avaliam a concorrência, pes-
Colaboraram nesta edição:
Alexandre Porto, Alex Saba, Cristiano Ribeiro, quisam tendências e, princi-
Eloy Fritsch, Hudson Hostins, palmente, mostram o potencial de um segmento ao mesmo
José Osório de Souza, Maurício Domene, tempo tão promissor e tão pouco explorado. Trabalhar esse
Rosana Giosa, Turi Collura
mercado de modo profissional, fazendo que ele cresça e se
Diagramação torne pujante tanto entre fabricantes quanto entre importa-
Sergio Coletti dores e distribuidores, é tarefa que exige tempo e dedica-
arte@teclaseafins.com.br ção, a fim de tornar o gosto pela música - que a maioria de
Foto da capa nosso povo tem - em negócio lucrativo. E para todos. Teclas
Paul Constantinides & Afins não poderia ficar fora desse evento. Durante a feira,
que ocorre de 17 a 21 de setembro no Expo Center Norte,
Publicidade/anúncios
comercial@teclaseafins.com.br
em São Paulo, estaremos em nosso estande difundindo nos-
sa proposta: valorizar o trabalho do músico - principalmente
Contato aqueles que se dedicam às teclas -, divulgar informações, en-
contato@teclaseafins.com.br riquecer a cultura musical e incentivar o estudo. Somente
Sugestões de pauta assim estaremos fazendo jus ao apoio que todos os leitores
redacao@teclaseafins.com.br e colaboradores têm nos dado durante esses cinco meses de
existência da publicação. Durante esse período, atingimos
Desenvolvido por
Blue Note Consultoria e Comunicação
o objetivo de ser a mais completa e dedicada publicação do
www.bluenotecomunicacao.com.br gênero no País e oferecer a nossos leitores 68 páginas de in-
formação pertinente e relevante, qualificada por profissionais
Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade
de seus autores. É permitida a reproduação dos conteúdos competentes e experientes, organizada de forma a facilitar a
publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o leitura e colocar à disposição de todos um grande leque de
material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados. subsídios para seu desenvolvimento musical e cultural. Leia
os textos, clique nos links, veja os vídeos e, principalmente,
ouça o que indicamos. Com certeza você vai se surpreender
com a quantidade e a variedade de estilos que povoam nosso
universo. Boa leitura!
review 24 58 keynologia
Pa300 Arranjadores à brasileira
O novo arranjador da Korg por Hudson Hostins
R.: Teclas & Afins existe para levar informação aos amantes
dos instrumentos de teclas. Alguém que, além de excelente
músico, entende como poucos os segredos da tecnologia e do
mercado fonográfico, tem muito a transmitir a nossos leitores.
A redação que agradece sua disponibilidade.
R.: Caro Aleciano, agradecemos sua mensagem. A pianista Valentina Lisitsa realmente encara
sua profissão e seu talento com muita naturalidade. A facilidade que possui de executar as mais
difíceis obras do repertório pianístico é comparável à que tem de externar suas opiniões sinceras.
R.: Mais do que um prazer, é nossa obrigação divulgar aqueles que, com seu trabalho,
contribuem para o desenvolvimento da música, ainda mais quando são nossos leitores.
Parabéns pela revista e pelos vídeos de música! Sucesso! A Comunidade das teclas estava
carente de informações de qualidade assim reunidas em único lugar! (Bruno Lobato Torres,
pelo nosso canal no YouTube)
Parabéns pela revista e sucesso pra vocês. Obrigado por compartilharem coisas boas! (Flávio
Alves, por e-mail)
Adorei a volta de uma revista de músicos das teclas, depois da antiga Teclado e Áudio.
Parabéns! Tô curtindo muito! (Luiz Carlos, por e-mail)
R.: Caros Bruno, Flávio e Luiz Carlos, agradecemos suas mensagens . Realmente os músicos de
instrumentos de teclas estavam carentes de informação. Nosso objetivo é preencher essa lacuna e
esperamos atender às expectativas. Forte abraço!
www.editorasomearte.com.br
teclas & afins Contato: rosana@editorasomearte.com.br
setembro 2014 / 7
INTERFACE
Projeto conjunto
Às vésperas do lançamento de seu mais
recente álbum, Infinito, o tecladista
e compositor Corciolli percorre o
Brasil apresentando pocket shows
patrocinados pela Yamaha, tradicional
fabricante de instrumentos musicais. O
público de São Paulo terá oportunidade
de conferir as apresentações durante o
período da Expomusic, em setembro,
quando a empresa levará o projeto
a quatro shoppings da cidade –
Shopping D (18), Shopping Light (19),
Top Center (20) e Boulevard Tatuapé
(21) - como parte dos espaços Play
Now, que disponibilizam teclados,
Clavinovas, guitarras, contrabaixos e
baterias eletrônicas para “degustação”
do público.
INSCRIÇÕES ABERTAS
Começa no dia 1º de setembro o período de inscrições para
o Concurso Nacional de Piano Arnaldo Estrella, que, este ano,
chega à sua décima oitava edição. O evento, promovido pelo
Centro Cultural Pró-Música/UFJF, acontece entre os dias 24 e
26 de outubro e mantém os objetivos de incentivar e apoiar
aqueles que se dedicam ao estudo do instrumento, além de
descobrir e premiar novos talentos. No total, serão destinados
R$ 6,5 mil em prêmios. Podem concorrer pianistas de todo o
Brasil e os candidatos serão divididos por faixa etária em duas
categorias, até 21 anos e até 35 anos. Para participar, os músicos
deverão seguir o programa estabelecido pela organização
do concurso. O desempenho dos candidatos será avaliado
por uma comissão julgadora constituída por, no mínimo, três
jurados, e a avaliação será feita em duas etapas, a primeira,
eliminatória. Os interessados devem realizar as inscrições, que
tem taxa de R$ 50,00, pelo site do Centro Cultural Pró-Música.
Próximo espetáculo
Patrick Zimmerli
e Sonia Rubinsky com
TUCCA Filarmonia
10/09 15/10 25/11
PATROCÍNIO
APOIO REALIZAÇÃO
Retrato
@Ana Dourado
Hércules Gomes:
ritmos brasileiros e
técnica apurada
12 / setembro 2014 teclas & afins
retrato
Energia e técnica
Dono de técnica invejável e sensibilidade transbordante,
Hércules Gomes surge como o mais novo representante
da musicalidade brasileira nas teclas
A descoberta de novos talentos brasileiros foi to e, posteriormente, ingressou no curso de
uma das novidades do Festival MIMO deste Música Popular na Universidade Estadual de
ano. O Prêmio Mimo Instrumental tem o Campinas (UNICAMP), onde se formou bacha-
objetivo de valorizar jovens instrumentistas rel, tendo estudado com os professores Paulo
de todas as regiões do Brasil, incentivando Braga, Hilton Valente (Gogô) e Sílvio Baroni.
a inovação no campo da composição, da Teclas & Afins conversou com o músico
técnica e da estética musical. Os quatro sobre a importância do Prêmio Mimo
melhores classificados foram o pianista Instrumental e traz a história e os conceitos
capixaba Hercules Gomes, o trombonista do aclamado pianista.
paulista Jorginho Neto, o grupo carioca
Quarteto de Clarinetas Ômega e a Coutto Qual a importância do Festival MIMO e de
Orchestra, de Sergipe. Além de um prêmio festivais como esse para a carreira de um
em dinheiro, os ganhadores entraram na músico?
programação oficial do festival, que ocorre São muito importantes. Os concursos, apesar
em diversas cidades simultaneamente. Entre de não serem a melhor forma de avaliação
esses talentos, destaca-se o Gomes, que, de um músico, são fundamentais para o
depois do lançamento do álbum Pianismo, desenvolvimento do artista, porque ele se
já figurava entre as grandes novidades da prepara para participar, é um incentivo para
música instrumental brasileira. ele se aperfeiçoar. E sem dúvida alguma
Em seu primeiro trabalho solo, o pianista isso revela novos talentos. Mas ainda são
capixaba já demonstra suas fortes influências muito poucos festivais no Brasil. O mais
de ritmos brasileiros, jazz e da música erudi- importante dos últimos tempos foi o Prêmio
ta, aliadas a uma técnica refinada, traduzindo Visa, que revelou músicos como André
ao piano seu universo sonoro. Com seis com- Mehmari, Monica Salmaso, Yamandu Costa
posições próprias e seis arranjos para músicas e tantos outros, que talvez hoje não fossem
de compositores como Edu Lobo, Hermeto tão conhecidos. Acredito que o Prêmio
Pascoal e Ernesto Nazareth, o álbum traz foto- deu um grande impulso à carreira deles.
grafias panorâmicas do piano brasileiro. Atualmente não temos tantos prêmios,
Natural de Vitória, no Espírito Santo, Gomes, e nem tão significativos. Temos alguns
hoje com 34 anos, iniciou seus estudos aos 13 menores, mas que não duram tanto. Talvez o
como autodidata e, pouco tempo depois, já to- que mais tenha durado tenha sido o Prêmio
cava em bandas do cenário musical capixaba. Nabor Pires de Camargo, de que participei
Estudou na Escola de Música do Espírito San- e tive a felicidade de ganhar, em 2012. Mas
tradicionalmente é um prêmio de choro, mas que eu estava fazendo o meu som, original,
está indo para a décima-quarta edição. Para e as pessoas estão gostando. Aí sim eu
música erudita, até existem mais concursos, decidi gravar. Na verdade era um projeto
mas para a música popular, principalmente que eu tinha há dez anos. Eu fiz com muito
a música instrumental, existe uma carência carinho, muito capricho e acredito que por
muito grande. isso tenha tido uma aceitação tão boa de
Sua carreira deslanchou a partir de público e de crítica
quando? Você sofreu muitas influências de ritmos
A partir de 2013, com o CD Pianismo. brasileiros. Como isso ocorreu e como
Acredito que ter vencido o concurso Nabor construiu seu estilo?
me deu esse impulso de que eu falei. Me Sempre gostei muito de ritmos brasileiros,
deu um pouco mais de coragem de fazer o os tradicionais. Adquiri isso na vida mesmo.
disco. Sempre fiz arranjos para piano e tive Comecei tocando em bandas de baile, de
ligação com a música instrumental, desde a sertanejo, mas sempre tive essa relação com
adolescência. Desde a época da faculdade a música instrumental e MPB. Nunca perdi
eu fazia recitais de piano-solo e sempre isso. Sempre ouvi muita música brasileira.
gostei muito. Mas sempre ficava com o pé Jazz também, mas principalmente música
atrás...”será que o pessoal está gostando?” brasileira. E eu comecei a agregar essas
Depois que ganhei o prêmio Nabor, percebi coisas no meu jeito de tocar piano. Antes de
entrar na faculdade, eu tocava mais teclado. a música clássica e adaptado para a música
Fui ter o meu primero piano apenas com 21 popular e o jazz. É algo que tem muita
anos. Eu entrei no cruso de música popular ciência. Antes dessa concepção de piano
na UNICAMP e depois de um ano e meio que temos hoje, já aconteceu muita coisa.
de curso, eu queria aperfeiçoar a tecnica, Tecnicamente, não há nada que não tenha
porque eu nunca tinha estudado piano. sido explorado antes. O jazz é algo que
Lá eu conheci uma pessoa muito especial, ifluenciou todas as culturas do mundo, mas
o Silvio Baroni, que foi quem me ensinou o ensino atual às vezes dá muita ênfase à
a tocar. Mas ele era professor de música improvisação, à criatividade, à harmonia,
erudita. Quand comecei a fazer aulas com e se esquece do instrumentista. Não dá
ele, descobri um universo fantástico. Me para ensinar alguém a improvisar antes
apaixonei tanto pela coisa que tranquei a de ter um pianista. Muitas vezes o músico
faculdade de música popular e comecei a tem talento,, mas sem a ferramenta, sem o
fazer só piano clássico, de tão fascinado que conhecimento, ele atinge um determinado
fiquei. Foi a época em que eu mais estudei nível, por mais alto que seja, que poderia
na minha vida. Foi um período muito curto, ser muito maior. Estudar piano clássico para
de apenas três anos, mas muito intenso. mim foi um divisor de águas. Eu comecei a
Depois disso não consegui enxergar mais aplicar essa ferramenta, que adquiri nessa
o piano da mesma forma. Não é possível época, à música popular. E acredito que
tocar do mesmo jeito depois de conhecer isso foi fundamental na construção desse
Liszt, Chopin, Beethoven, Debussy...O meu estilo e fez toda a diferença.
piano foi um instrumento inventado para Quais foram os pianistas que te
@ Dani Gurgel
@ Dani Gurgel
@ Dani Gurgel
NA REDE
Medeli A800
Equipo - www.equipo.com.br
O teclado arranjador A800, da Medeli, possui 61 teclas com touch response (cinco
oitavas), 583 vozes, 230 estilos, cinco estilos externos, 120 songs, cinco músicas demo e
polifonia de 64 notas. Entre as funções e recursos disponíveis, destacam-se One Touch
Setting, Perform, Freeze,
Metro, Dual, Sustain, Lower,
DSP, Harmony, Synth, Free
Solo, Mixer, Modulation e
Pitch Bend. O conjunto de
conexões oferece Phones,
Aux In, Aux Out, Sustain,
Volume, MIDI In-Out-Thru,
USB Port, USB Device
Terminal. Como bônus, o
equipamento ainda traz
funções de exercícios e
dicionário de acordes.
Música Eletrônica -
Uma Introdução Ilustrada
Eloy F. Frtisch
Editora da UFRGS
O livro de Eloy F. Fritsch, professor do Instituto de Artes
e Coordenador do Centro de Música Eletrônica da
UFRGS (e colaborador de Teclas & Afins)- cuja primeira
edição estava esgotada desde 2010 - tem agora a
segunda edição, revisada. Esta tiragem conta com a
inclusão de textos no capítulo sobre composição de
música eletrônica e a disponibiliza um site com os
exemplos do livro atualizados para a linguagem
Max 6. O leitor pode baixar os exemplos e ouvir os
resultados de cada um dos programas musicais. Com
esta novidade, os interessados pelo assunto poderão praticar
e estudar com os exemplos do livro em seu próprio computador. O livro
está disponível no site da Editora da UFRGS. (NC)
Projeto
Deisy Araújo
Independente
O disco de estreia da pianista e compositora Deisy
Araujo traz 10 faixas instrumentais, a maioria
composta, arranjada e produzida por ela.
Trafegando pelo “jazz brasileiro” – com influências
claras de choro, bossa nova, samba e até mesmo
black music-, o álbum tem bons momentos, como
“Navegando”, de Marcelo Góes, e “A-son”, em que
o domínio da técnica do instrumento e do estilo
proposto fica evidente. Bebendo da fonte em que se saciaram
vários de seus contemporâneos, Daisy mostra que está no caminho certo
e que sua maturidade como compositora e intérprete não tardará a chegar.
Provas disso são as faixas “Pensamento”, “Variações” e “Projeto”. Algumas faixas
podem ser ouvidas no SoundCloud e o disco pode ser adquirido aqui. (NC)
Maximalista
André Frateschi
Tratore
Primeiro trabalho autoral de André Frateschi,
Maximalista é um CD duplo com 15 faixas
autorais. Produzido no estúdio Doze Dólares,
por Fábio Pinczowski e Mauro Motoki, que
também se apresentam no teclado e na guitarra
respectivamente, Maximalista conta ainda com
André Abujamra (Karnak) nas guitarras; Loco
Sosa (Agridoce) e Luis Andre Gigante na bateria,
Dudinha Lima (Lobão) e Zé Mazzei (Forgotten Boys)
no baixo. O álbum traz a participação do pianista Mike Garson
(David Bowie, Nine Inch Nails e Smashing Pumpkins) em seis faixas;
“Tudo vai dar Tempo”, “Eu Não Tenho Saco”, “Gosto da Raiva”, “Isso é Coisa pra
Homem”, “É Tudo Nosso” e “Queda”. Fora isso, compôs e gravou especialmente
para André Frateschi “Soul Searching”, que fecha o disco. Alternando boas
canções com momentos mais performáticos (herança dos trabalhos baseados
em David Bowie?), Frateschi mostra-se um compositor antenado com a
metrópole em que vive (São Paulo), misturando referências à sua própria
história e ironias à vida na grande cidade. (NC)
O teclado Natural Weighted Hammer Action (NH) Design elegante e estiloso, o LP-180 possui apenas
reproduz fielmente o toque e a pegada de um piano 27 centímetros de profundidade, permitindo que seja
acústico. posicionado em vários locais.
Dez diferentes sons de alta qualidade, além de Tampa protetora para as teclas - o primeiro nesta
efeitos de Chorus e Reverb. categoria de pianos KORG® a oferecer esse recurso.
Unidade de três pedais, indispensável para Dois conectores para fones de ouvido para prática
performances de piano clássico. silenciosa ou aulas.
www.korg.com.br
teclas & afins setembro 2014 / 23
REVIEW Por alexandre porto
KORG Pa300
Novidade no mercado de teclados arranjadores profissionais,
o Pa300 da Korg oferece ótimos timbres e estilos, além de uma
ampla gama de recursos
rodas de pitch bend e modulação por um executados ainda quatro timbres no teclado
controle único. Além desses dois efeitos, mais além de quatro PADs. No modo Song Play,
um recurso pode ser atribuído a esse controle, podem ser reproduzidos arquivos nos
a escolha do usuário. formatos SMF (Standard MIDI Files), KAR ou
A seção PAD oferece quatro botões de mp3. O músico ainda pode tocar no teclado
acionamento e um de parada. Cada um utilizando até quatro timbres, além dos
deles pode disparar a reprodução simultânea quatro PADs. No modo Sequencer, o músico
de sons ou sequências, sincronizadas com pode gravar, editar ou reproduzir músicas no
os estilos. Dependendo dos ajustes, cada formato SMF. Além disso, a função Backing
reprodução pode continuar em loop e ser Sequence permite gravar uma nova Song,
interrompida mediante o acionamento do baseada nas pistas dos estilos disponíveis no
botão correspondente ou todas podem teclado, e salvá-la como SMF.
ser interrompidas ao mesmo tempo pelo
acionamento do botão Stop. Timbres
Dois knobs rotativos estão posicionados do A quantidade de timbres disponíveis no equi-
lado esquerdo do painel: o controle de volume pamento é enorme (mais de 950, além de 64
geral e o controle de balanço entre o volume do drum kits), mas o que chama a tenção é a quali-
teclado do instrumento (Keyboard) em relação dade deles. Os timbres reproduzidos pela tec-
às pistas de acompanhamento, de songs ou nologia Enhanced RX realmente impressio-
dos pads. Isso permite ação rápida do músico nam pela fidelidade e clareza, principalmente
quando necessário alterar essa relação, seja em em se tratando de um teclado desse seg-
trocas de timbres ou de estilos ou songs. mento e o irmão caçula da linha. Os timbres
O equipamento funciona em três modos acústicos, como piano, violão, cordas, metais
diferentes: Style Play, Song Play e Sequencer. etc, respondem com profundidade e uma boa
O primeiro é o modo padrão dos teclados gama de harmônicos. Por conta da utilização
arranjadores, em que um estilo é de samplers como base para a geração dos
selecionado e reproduzido. No sons, é necessário – como em todo
Pa300, os estilos possuem equipamento que tem
até oito pistas de essa tecnologia
acompanhamentos como funda-
automáticos e mento - prestar
podem ser atenção à tessitu-
ra dos instrumen-
tos a fim de explorar
o melhor que cada
timbre pode oferecer.
Independentemente dis-
so, há uma coleção de boas
sonoridades, que atendem a
diversas aplicações de pratica-
mente todos os estilos musicais.
Essa qualidade também garan-
te que o teclado seja utilizado por
estilos desenvolvidos e disponibilizados por entrada para pedal, uma saída de áudio e duas
outros músicos e pelo próprio fabricante. portas para conexão USB 2.0.
Com a utilização do Korg USB MIDI Driver, a
Songs porta USB Device pode ser usada para transferir
Ampliando as possibilidades de execução dados MIDI de e para um computador. Isso
de playbacks para o músico (além do permite utilizar o teclado como gerador de
acompanhamento automático), o Pa300 sons multitimbral respondendo a dados MIDI
oferece a função Song, que permite a provenientes de um software sequencer ou
reprodução de arquivos nos formatos utilizá-lo como controlador MIDI para fontes
Standard MIDI File (MID), Karaoke (KAR) e MP3. externas, por exemplo. A instalação do driver,
Dependendo do tipo de arquivo, é possível fornecido pelo fabricante, foi simples e rápida, e
visualizar a letra, as cifras ou, até mesmo, a seu uso não apresentou qualquer problema de
partitura da música na tela do equipamento. funcionamento. O uso de pen drives também
Isso facilita a atuação de tecladistas que foi simples, e o equipamento rapidamente teve
necessitem de apoio para a memória. A acesso às informações contidas neles.
função Songbook permite organizar um show, A entrada de pedal permite a utilização de
catalogando músicas e estilos juntamente apenas um acessório com função assinalável
com suas configurações. pelo usuário e calibração, além de definição de
Aumentando a capacidade de criação do polaridade, como configuração global. A lista
Pa300, é possível gravar SMF diretamente de utilizações é extensa e o pedal pode ser um
no equipamento, seja usando o sequencer auxiliar precioso durante as performances. A
incorporado, seja usando os estilos de saída de áudio serve tanto para amplificação
acompanhamento automático. quanto para fones de ouvido.
Conexões Conclusão
Nesse aspecto o Pa300 é básico, oferecendo O Pa300 se presta bem ao segmento de
apenas as conexões indispensáveis a seu mercado a que é destinado, oferecendo
funcionamento e ao uso dos recursos vários recursos encontrados somente em
disponíveis. Além de entrada de alimentação teclados de maior valor. Para estudantes,
(fonte externa), o equipamento oferece uma professores, hobbistas e profissionais, alia
excelente qualidade sonora, tanto de timbres pode causar certos embaraços, principalmente
quanto de estilos, e funções que facilitam as se houver necessidade de troca entre uma e
performances ao vivo – como Songbook, STS, outra, ou uso conjunto de ambas, como em
Performances e PADs – em um equipamento gravações caseiras, por exemplo.
leve, portátil. A profusão de botões facilita O mesmo pode ocorrer em relação à conexão
o manuseio e, em conjunto à tela sensível do pedal. Por apenas uma ser oferecida, o
ao toque - que exibe grande quantidade de músico precisa escolher entre um footswitch
informações -, permite rápida alteração de que responde pelo sustain, por exemplo, e
parâmetros. um controle contínuo, para volume. Como a
Os alto-falantes embutidos respondem bem à maioria opta pelo sustain - e tendo em vista
amplificação de 13W por canal, sem distorções, o preço sugerido de venda ao consumidor e
devendo ser o modo preferível de uso do a relação custo-benefício do equipamento -,
equipamento. A saída de áudio compartilhada esses são detalhes que não comprometem o
para fones de ouvido e amplificação externa uso e a qualidade do mesmo.
KORG Pa300
Preço sugerido: R$ 3.999,00
Importador: Pride Music (www.korg.com.br)
PRÓS
• Mecanismo do teclado
• Timbres
• Realismo dos estilos
• Possibilidade de importar estilos
• Joystick para pitch bend
CONTRAS
• Conexão compartilhada para
• Conexões USB
fones de ouvido e saída de áudio
• Função Songbook
no painel traseiro
• Relação custo-benefício
• Uma única entrada para pedal
@ Alex Sandro
Antonio Adolfo:
pluralidade e pioneirismo
O mestre das
finas misturas
Mesclando elementos básicos de sua
formação, Antonio Adolfo é a síntese da
pluralidade da música brasileira
realizada sob o selo Artezanal. Dedicando- Nos dá disciplina, algo de que a gente
se à música brasileira, lançou na década precisa, posição correta e técnica. Penetra-
de 1980 os discos Os Pianeiros - Antonio se em um repertório mais elaborado. Isso,
Adolfo Abraça Ernesto Nazareth e Viva complementado com a convivência com os
Chiquinha Gonzaga, entre outros. Em 1985, músicos da noite que tocam música popular
montou o Centro Musical Antonio Adolfo, e jazz, que improvisam, me trouxe o que
atuando nas funções de diretor, músico, eu realmente precisava. Eu ensino música
arranjador e professor. Paralelamente a popular, mas o aluno precisa aprender a
isso, publicou o “Livro do músico”, uma técnica correta e ler música. Isso é muito
série de três livros sobre piano e teclado, importante, porque senão ele fica um pouco
“Composição: o processo criativo brasileiro”“capenga”. É preciso ter uma formação maior.
e “Arranjo: um enfoque atual”. Para o Eu aplico elementos de música erudita nos
mercado internacional, produziu o vídeo próprios métodos que tenho, tanto de piano
didático “Secrets of Brazilian Music” e o quanto de harmonia.
livro com CD “Brazilian Music Workshop”. Como foram seus estudos com Guerra
Foi convidado então a ministrar cursos Peixe, Nadia Boulanger e Esther Scliar?
por todo o mundo, especialmente nos Foram voltados para composição e arranjo.
Estados Unidos onde vive atualmente, Com a Nadia Boulanger fiz o curso de harmonia
sobre nossa música. Diretamente de Nova e com a assistente dela eu fazia o curso de
York, e exclusivamente para Teclas & Afins, leitura de partitura de orquestra, a chamada
o pianista falou sobre música, misturas e score. Com Guerra peixe fiz composição. A
carreira. Esther Scliar ensinava elementos dos dois,
composição e arranjo. Tive uma formação
Qual a importância da música erudita e da bem sólida nesse aspecto.
convivência com os músicos da noite em Essa mistura de estilos não atrapalha o
sua formação? músico?
O erudito é uma didática que vem da Europa. De jeito algum. Uma coisa complementa a
O Piano de Antonio Adolfo e Rio, Choro, Jazz...: os mais recentes lançamentos do músico
@Paul Constantinides
Acompanhador, arranjador, sideman, maestro:
trajetória de sucesso com Zizi Possi
Antonio Adolfo: mistura fina de jazz, música popular e erudito
outra. Hoje os músicos são bem ecléticos violinista. E o Jacques era celista, só tocava
nesse sentido. Os músicos com mais música clássica. Há o Paulo Sérgio Santos,
formação são os mais competentes, os no clarinete. E tem quem faça as duas
que fazem coisas mais elaboradas, seja em coisas, como o Paulo Moura, que tocava de
jazz, música popular ou música erudita. dia nas orquestras sinfônicas e de noite nas
Mesmo que ele se dedique mais à música gafieiras e no Beco das Garrafas.
popular, tendo formação erudita ele sabe o Como vê o paralelo entre choro e ragtime,
que está fazendo de forma mais eficiente. bossa nova e jazz etc?
Ao mesmo tempo, os músicos eruditos A música americana, a brasileira e um pouco
tentam se aproximar da música popular. Há da caribenha, por exemplo, têm origens
muitos pianistas que tem tocado Ernesto muito próximas. A África com seu ritmo
Nazareth, que é um músico e compositor muito forte, a Europa com a música erudita.
popular. Não é erudito. Erudito é o que trata O Brasil e a América Hispânica também têm
com polifonia, com outras coisas. Ele tinha influência muito forte da Península Ibérica
formação erudita, mas foi um dos pioneiros e dos mouros que ficaram por lá por muitos
nisso de misturar o lundu com polca. Muitos anos. Foi a música europeia daquela época
dos músicos eruditos, trocam o erudito que invadiu o Brasil, seja na música erudita
pelo popular. O Jacques Morelenbaum, ou na popular. E o Brasil e os Estados Unidos
por exemplo. O pai dele era regente da têm muitas semelhanças, como Ernesto
orquestra sinfônica em que minha mãe era Nazareth e Scott Joplin. Há uma música de
quiser, mas acho importante que a palavra- Tom Jobim, que eu namorava também, mas
chave disso tudo seja ‘emoção’”. Eu achei nunca tinha gravado. Coloquei um pouco
maravilhoso. É a coisa que mais me cativa da minha contribuição ali como compositor,
quando toco. Quando se faz solo, você pode mexendo às vezes em uma nota ou outra,
se soltar mais, porque está conversando não só nessa, mas em outras faixas também.
consigo mesmo. Nesse CD, eu toquei Como a palavra chave era emoção, não quis
músicas que geralmente faço em solo. Nos fazer um disco de músicas muito rítmicas.
shows, há um momento solo, em que gosto Tem coisas mais rítmicas, claro, mas o que
de apresentar algo só de piano. A maioria domina é o lado mais introspectivo.
delas já toquei em shows e é de músicas que Você como compositor atuou no cinema,
remetem à minha carreira, principalmente na TV, em festivais, no teatro. Como é
durante os 15 últimos anos. Ou são músicas trabalhar para um determinado objetivo?
que não gravei anteriormente mas que Trabalhar para um objetivo específico não
achei que ficariam bem em piano-solo. deixa de ser uma motivação para criar. E
Há músicas que nunca toquei em show, tudo que seja uma motivação para criar é
como “Canção que Morre no Ar” do Carlos estimulante. Quando pediam para fazer
Lyra e Ronaldo Bôscoli. Me lembro que, música para cinema, como Sonho Sem
quando tinha 18 anos, aprendi essa música, Fim, por exemplo, daquela trilha, no fim,
que é lindíssima. Estava estudando com o houve uma música que consegui gravar
Amyrton Vallim. E tem “Radamés y Pelé”, de depois, o “Trem da Serra”. É preciso entrar
Antonio Adolfo, Carol Saboya (sua filha) e Claudio Spiewak: jazz latino e música brasileira
no universo daquele objetivo, seja cinema O fato de ter me dedicado ao ensino foi
teatro, o que for. Até mesmo um disco. muito influenciado pela admiração que
Às vezes, estou preparando um disco e tive pelos meus mestres. Não vou citar cada
penso: “está faltando uma música aqui, um, mas a a partir das aulas com Nadia
no estilo tal, para se encaixar”. Fiz isso no Boulanger, que me impressionou muito
O Piano de Antonio Adolfo. Nesse disco como mestra, comecei a me interessar a
também havia um objetivo: fazer um disco passar meus ensinamentos. Outro fato que
com minhas características todas, com me estimulou muito foi o não haver ainda,
piano-solo. Apesar de não ter composto quando comecei a lecionar, em 1975, uma
especificamente nenhuma música para didática competente para música popular,
esse disco, fiz os arranjos, que é uma em que fosse possível juntar os elementos de
forma de composição, de criação. Hoje em música erudita, de ensino mais tradicional,
dia, é difícil separar o que é arranjo e o com elementos do aprendizado do dia a dia
que é composição. O próprio Tom Jobim, que se tem quando é musico, quando atua
principalmente na última fase, em que ele
regeu, ele compôs muitas músicas que não
se sabe onde começa o arranjo e o que é
composição. Esses convites para compor
NA REDE
me estimulam muito. Gosto muito desses
desafios, não só para compor mas para
fazer arranjos também.
Falando em desafios, como decidiu seguir
a carreira pedagógica?
tocando. Isso me estimulou muito a dar Jobim. Mas não era uma música conhecida.
aulas. Mas começou a acontecer o seguinte: Estávamos desbravando um terreno, uma
as pessoas me procuravam e perguntavam: cultura, com a música brasileira. Tenho
“você tem algum professor de contrabaixo certeza de que se a Elis vivesse hoje, seria
para indicar? Tem algum professor de um estrondoso sucesso mundial. Naquela
bateria? Eu queria aprender flauta...” Então época ela não teve muito reconhecimento
pensei: “vou chamar meus colegas músicos internacional, como merecia. Desde que foi
para darem aula também, junto comigo”. E lançada a bossa nova, a música brasileira
foi se criando um núcleo que virou o Centro que vingou e que acontece aqui até hoje
Musical Antonio Adolfo, que tem sede no é a bossa nova, por incrível que pareça.
Rio de Janeiro. No exterior, nos workshops, Disso, 95% é Tom Jobim. O resto é muito
o ensino é dedicado à música brasileira. pouco. Os clubes de samba-jazz também
Com a internet, os músicos de todo mundo ainda formam um público muito pequeno
têm mais acesso à nossa música. Isso se fora do Brasil. É pequeno se comparado
traduz em mais facilidade para tocá-la? aos grandes mercados da música pop, mas
Sim. Na internet você encontra muitas é grande se comparado ao tipo de música
fontes de aprendizado. Quando toquei com que faço, um pouco mais elaborada, com
a Elis Regina na Europa, em 1968-1969, o essas características bem nossas, com
pessoal só conhecia “Aquarela do Brasil” e sabor de jazz. A mídia emitida por ondas
tinha ouvido falar de Sergio Mendes e Tom de frequência, rádio e TV, só abraça o que
Museu do Sintetizador
Criado em 2010, o Museu do Sintetizador não durou muito tempo
fisicamente, mas a energia empregada foi suficiente para que uma
equipe de profissionais e estudantes que trabalharam arduamente
no projeto produzissem a versão virtual
O Museu do Sintetizador foi criado para informações sobre a utilização de cada tipo de
a Exposição Música, Ciência e Tecnologia instrumento. O contato com os equipamentos
ocorrida de 9 de agosto a 5 de novembro possibilitou aos visitantes explorarem os re-
de 2010 no Museu da Universidade Federal cursos musicais e conhecerem mais a respei-
do Rio Grande do Sul em Porto Alegre. to de instrumentos modernos, compositores,
Com financiamento do CNPq e da própria músicos e repertório eletrônicos. No espaço,
Universidade, 6902 visitantes passaram por foram disponibilizados desde os primeiros
ele. Um variado acervo de sintetizadores sintetizadores portáteis comerciais, como o
foi reunido e apresentado ao público Synthi AKS e o Minimoog, até a estação musi-
permitindo aos interessados conhecer e cal de trabalho computadorizada Korg Oasys.
interagir com instrumentos eletrônicos Além dos destaques internacionais, foi
usados por expoentes da música moderna. criada a sessão Made in Brazil para exibir
As informações do acervo do Museu do sintetizadores e teclados eletrônicos
Sintetizador (MS) são ampliadas através fabricados por aqui pelas empresas Labolida,
do Museu Virtual do Sintetizador (MVS) – Giannini, Gambit e Tokai. Os visitantes foram
um portal para acesso remoto contendo convidados a explorar os recursos dos
informações multimídia sobre música sintetizadores para criar e modificar sons. A
eletroacústica e assuntos correlatos. audição individual foi realizada com fones
de ouvido e, para demonstrações, foram
Museu do Sintetizador utilizadas caixas amplificadas.
O projeto foi desenvolvido para ser uma Os mediadores auxiliaram na utilização dos
mostra interativa de instrumentos eletrôni- instrumentos, explicando o funcionamento
cos, com painéis fixados na parede contendo e quais as principais funções de cada item
do Museu. Conforme pode-se observar nas fones suspensos sobre os pufes. Desse modo,
imagens, os sintetizadores foram dispostos o visitante poderia apanhar o fone, deitar-se
em um retângulo sobre mesas e painéis foram no pufe e ouvir a música. As capas dos LPs
fixados informando a ficha técnica de cada correspondem a alguns dos álbuns ouvidos
um. Textos explicativos sobre o instrumento, pelos visitantes.
imagens de músicos que utilizaram o mesmo
modelo de instrumento e uma sugestão de
uso orientam o visitante sobre o uso.
No centro da sala, cercado por sintetizadores,
ficou exposto o Theremin. Esse instrumento
foi ligado para que os visitantes interagissem
com ele ao aproximar e distanciar as mãos das
antenas para produzir os sons.
Além dos sintetizadores expostos, foi
projetado um espaço para o visitante realizar
uma escuta intimista, aconchegante, por meio
de fones de ouvido. O espaço para audição de
música sintetizada foi constituído de pufes,
fones de ouvido, reprodutores mp4 e painel
composto por capas de álbuns clássicos do
repertório para sintetizadores.
Este espaço de audição teve a intenção de
ampliar o repertório musical dos visitantes. Os
pufes proporcionaram o conforto necessário
para uma audição mais prolongada e foram
muito disputados pelo público. Os players
mp4 foram preparados com mais de 12 horas
de música e acionados no início da abertura da
exposição para serem desligados somente no
final. Estavam acomodados em caixas com os Espaço para audição de música composta com sintetizadores.
Janela principal do MVS e a linha do tempo (toque ou clique para acessar o site)
Catálogo Online
da Exposição
Eloy F. Fritsch
Tecladista do grupo de rock progressivo Apocalypse, compositor e
professor de música do Instituto de Artes da UFRGS onde coordena o Centro
de Música Eletrônica. Lançou 10 álbuns de música instrumental tocando
Janela da Radio CME on-line sintetizadores, realizou trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão.
© Lee Wilkinson
Rick Wakeman:
as mãos mais ágeis do
rock progressivo
44 / setembro 2014 teclas & afins
cristiano ribeiro
O mago dos
teclados
O auge da carreira-solo de Rick Wakeman pode ser
resumido em três álbuns que, juntamente ao seu
trabalho coma banda YES, fizeram dele um dos mais
conceituados tecladistas da história
Ícone das teclas, Rick Wakeman, indiscu- Wheel, além de atuar como músico de estúdio,
tivelmente, é um pioneiro no uso de teclados chegando a gravar ao lado de David Bowie.
eletrônicos, principalmente no rock progres- O grande trampolim em sua carreira aconteceu
sivo. Domina com maestria vários instrumen- em 1970, quando ingressou na banda The
tos de teclas, como sintetizadores, pianos, Strawbs. Foi um concerto do grupo no Queen
órgãos, clavinets etc, e acabou não tendo sua Elizabeth Hall, mais do que qualquer outro
figura vinculada a um ou outro: a imagem evento até aquele ponto, que chamou a
que o identifica é daquele cara cercado por atenção da mídia para Wakeman. O Melody
pilhas de teclados nos palcos. O Minimoog Maker (tradicional publicação sobre música
é o único equipamento que sempre esteve do Reino Unido) resumiu o que viu – e ouviu
presente no seu set, e que pode ser conside- - em sua manchete: “Superstar do Amanhã”.
rado seu grande parceiro. O The Strawbs cresceu em popularidade e o
tecladista despontou como músico tanto nos
História palcos quantos nos estúdios. Estima-se que
Nascido no dia 18 de maio de 1949 em já tenha participado de mais de 2 mil faixas
Londres, Inglaterra, Wakeman iniciou seus de diferentes artistas e bandas, como Black
estudos musicais com aulas particulares de Sabbath, Cat Stevens (“Morning Has Broken” é a
piano erudito em 1955. Esse período - e os mais lembrada), Mary Hopkins, Cilla Black, Clive
imediatamente posteriores, em que passou por Dunn, Elton John, Edison Lighthouse, David
várias escolas - foi decisivo para a construção Bowie, Lou Reed, Dana, Des O’Connor, Magna
de sua linguagem musical e sua técnica, Carta, Al Stewart, Ralph McTell, Butterscotch,
ambas baseadas na música clássica. Em 1968, Biddu e Harry Nilsson, entre outros.
ingressou na Royal College of Music e, no Em 1971, Wakeman participou de um
ano seguinte, iniciou sua carreira. A primeira segundo álbum com o The Strawbs, intitulado
banda que integrou foi a de Ronnie Smith e, no From The Witchwood. No mês de agosto
mesmo ano, se juntou à banda The Spinning desse ano, deixou a banda para se juntar
© Lee Wilkinson
Journey to the Center of the Earth: nova turnê em 2014
ao YES, grupo que deixou e retornou por da gravadora em lançar um LP totalmente
quatro vezes. Excursionou pela América pela instrumental, o álbum foi um grande sucesso
primeira vez e participou do clássico álbum em todo o mundo. Ao lado do YES, lança
Fragile, considerado por muitos como um Yessongs e, no fim desse mesmo ano,
compêndio do rock progressivo. No final do Tales from Topographic Oceans, saindo em
ano, assinou contrato com a A & M Records excursão para divulgá-los.
e gravou “Catherine of Aragon”, a primeira
faixa de seu álbum de estreia, no Trident Journey to the Center of the Earth
Studios, em Londres. A base de “Catherine Provavelmente o ano mais importante na
of Aragon” foi originalmente escrita por ele carreira de Wakeman tenha sido 1974. Esse foi
para o Fragile com o nome de “Handle With o ano do lançamento de Journey to the Center
Care”. No ano seguinte, o músico grava com of the Earth (Viagem ao Centro da Terra). O
o YES o clássico Close to the Edge e a banda álbum foi gravado ao vivo, no segundo de
se estabelece no mundo inteiro como líder dois concertos realizados no dia 18 de janeiro,
do rock contemporâneo. Simultâneamente, no Royal Festival Hall, em Londres. O disco é
Wakeman continua as gravações de seu baseado no romance de ficção científica de
projeto, alternando períodos de estúdio com Jules Verne que conta a história do Professor
a banda, até que, em 1973, lança o álbum Lidenbrok, seu sobrinho Axel e o guia Hans,
The Six Wives of Henry VIII. Apesar da crítica que descobrem uma passagem para o centro
um tanto quanto indiferente, e muito receio da terra, anteriormente descoberta por
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www.casio.com.br
@BlueNoteComunicação
livre pensar POR ALEX SABA
Profanação!
Quem não consegue tocar os timbres exatos, nas formações
exatas, da forma exatamente igual aos dos originais, que se
permita tocar sua própria versão daquela música ou daquela
banda. Ouse, crie, permita-se... profane!
Outro dia, em uma loja de CDs (sim, elas ainda - tocar igual - e acredito que, por um lado,
existem) de um amigo, o assunto “bandas merece nota zero em criatividade. Na hora
cover”veio à tona. Ele, aprovando, e eu, com um de tocar algo de outra banda, o artista deve
pé atrás. Por sorte, ninguém estava tentando colocar o talento individual e o coletivo a
convencer o outro de nada, mas a conversa cai serviço da música e não da cópia. É legal fazer
bem para ser colocada aqui, afinal essa coluna coisas como um tributo a A, B ou C, mas fazer
é mesmo um livre pensar. Para estarmos em um tributo criando novas versões também é.
pé de igualdade, vou logo dizendo que não Sempre foi assim com grandes músicos, de
gosto de cover do tipo “réplica exata”. Sei que Charlie Parker aos clássicos ou, ao contrário,
há um público para isso, mas, por outro lado, dos clássicos a Charlie Parker. Nos clássicos,
meu gosto pessoal é de não apreciar essas o que mais chama a atenção são as versões
réplicas perfeitas. Vários grupos fazem isso de cada maestro e de cada orquestra. São
50 / SETEMBRO
junho 20142014 teclas & afins
livre pensar
de banda cover que soube aproveitar sua Ivan Lins, Gonzaguinha, João Bosco, Aldir Blanc,
experiência nos palcos e nos estúdios para Belchior, davam um novo olhar sobre aquilo
fazer seu próprio som. Existem inúmeras que eles haviam criado. E o público amava ouvir
versões de boas músicas por outros músicos. essas coisas na voz dela porque ela realçava em
E quando eles colocam sua criatividade nisso, cada verso o sentimento do autor.
podem transformá-las em outro sucesso. Hoje em dia existe um grupo de cinco caras
Quantas versões de “What’s Going On” de (mas só dois são músicos) chamado The Piano
Marvin Gaye se conhece? Como esquecer a Guys. São especialistas em refazer sucessos
genial versão de Joe Cocker para “With a Little do rádio de forma instrumental para piano e
Help from my Friends”? Ou a suave versão violoncelo. Com a ajuda de um bom arranjador
dos 10.000 Maniacs para “Peace Train” de Cat e, por vezes, com participações especiais
Stevens (hoje, Issuf Islam)? Miles Davis fez o geralmente nos vocais, conseguem provar
mesmo com Michael Jackson ao regravar que uma boa versão pode ser completamente
“Human Nature”. A lista é longa. diferente do original.
Não quero dizer com isso que não se deve
fazer versões fiéis às originais, mas que os
Alex Saba
músicos se permitam “profanar” as obras que Tecladista, guitarrista, percussionista, compositor, arranjador e produtor
amam. Que sua criatividade aja não apenas com quatro discos instrumentais solo e um disco ao vivo com sua banda
para reproduzir alguma coisa, mas para ir Hora do Rush, lançados no exterior pelo selo Brancaleone Records.
Produziu e dirigiu programas para o canal TVU no Rio de Janeiro e
além, propondo uma nova visão: a sua.
compôs trilhas para esses programas com o grupo Poly6, formado por 6
Elis Regina era mestre nisso. Suas versões das tecladistas/compositores. Foi colunista do site Baguete Diário e da revista
músicas dos compositores então novos, como Teclado e Áudio. www.alexsaba.com.br
52 / SETEMBRO
junho 20142014 teclas & afins
CLASSIFICADOS
ALEXANDRE PORTO
• Iniciação musical • Piano popular •
• Jazz e improvisação •
• Percepção musical e harmonia •
para todos os instrumentos e voz
Insegurança? Ansiedade?
• Essências vibracionais
ESTÚDIOS
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TRILHA MUSICAL POR MAURICIO DOMENE
(onde Tempo = 60/x, pois o BPM é medida por minuto, e segundos serão usados no cálculo):
A = N * C * 60
x
Com essa fórmula, é possível calcular tudo de que se precisa para ter o mapa de andamento da
música a ser criada.
N = Ax
60C
Por exemplo, se for desejado que o andamento seja 135 BPM e a fórmula de compasso 4/4,
quantos compassos o compositor terá aos 42 segundos?
N = (135*42) = 23,625
(60*4)
Alterações
Na situação apresentada no início, pode-
se abstrair como a fórmula funciona para
a mudança de clima da música (aos 17
segundos):
N = (135*17) = 9,5625
(60*4) no 17º segundo ocorresse no compasso 10
cravado, e o final da música, exatamente
Arredondando, 9,5 compassos, ou seja, a no compasso 24.
mudança tem que ocorrer no terceiro tempo Atualmente, ninguém faz contas assim
do compasso 10 (9+1). para escolher andamentos e descobrir
Esta escolha de andamento resultou em pontos de sincronismo. Os sequenciadores
número quebrado de compasso, tanto na facilitam muito essa operação! Mas é
mudança de clima, quanto no final da música. importante entender as variáveis contidas
O que fazer para alterar isso? É possível na equação para poder manipulá-las e
mudar o andamento, mas isso alteraria o conseguir o resultado desejado. È possível
clima da música, deixando-a mais lenta ou alterar a fórmula de compasso de um ou
mais rápida. Ou se pode alterar a fórmula alguns compassos, o andamento de um
de compasso de um único compasso, trecho ou da música inteira, o número de
como, por exemplo, usar um compasso 2/4 compassos etc.
como introdução. Isso faria que a mudança A sua mãe tinha razão!
Maurício Domene
Formado pela Berklee em Music Composition for Film and TV, é compositor de trilha sonora premiado com
atuação em cinema, TV, publicidade, teatro e outras plataformas. Tem dois álbuns instrumentais lançados:
“Nuvens” e “Nuvens 2”. Foi colunista sobre Trilha Sonora na revista Home Studio.
Foi professor de “Trilha Sonora” na grade do curso superior de Produção em Radio, Vídeo, Tv e Cinema da
FMU/Fiam. Está à frente do Estúdio Next: www.estudionext.com.br
A evolução
Depois de seu surgimento e da consolidação de sua sonori-
dade, o conjunto Hammond-Leslie abriu novas possibili-
dades sonoras e permitiu o desenvolvimento de técnicas es-
pecíficas, em muitos gêneros musicais
Depois do lançamento do Hammond e da do blues. A música gospel atual utiliza todo o
caixa Leslie, vários foram os estilos que se potencial do instrumento em seus improvisos
apropriaram dessa sonoridade e incorporaram de glorificação ao divino, com os drawbars
elementos à sua técnica. Organistas alcançaram no extremo e a Leslie na velocidade máxima,
o máximo do Hammmond “pianístico” ainda como o reverendo Moses Tyson Jr. Ela tomou
usando muito da técnica do piano e do órgão de volta aquilo que o mundanismo da música
erudito, com notas soltas e harmonia mais secular deu ao Hammond-Leslie. Mas é difícil
convencional. E nessa evolução o estilo Choro dizer quem fez isso primeiro. Normalmente,
Brasileiro foi difundido em todo o mundo. os que ousam desobedecer às regras são os
Mas, então, o Hammond ficou “azul”: o timbre rebeldes. E quem ganhou notoriedade por
produzido tornou-se tão ou mais importante tirar do Hammond-Leslie toda a sua potência
que a técnica e a impressão emocional do timbrística foram os músicos de jazz e blues.
som começou a falar alto através dos ricos Jimmy Smith tem toque refinado e
acordes do jazz e da liberdade de expressão timbragem encorpada e fechada - a famosa
Arranjadores à brasileira
Com a inserção de recursos avançados, os teclados arranjadores atuais
permitem executar qualquer ritmo nacional com perfeição
Essa historia se inicia há mais ou menos teclados arranjadores com uma orquestra
20 anos quando, em termos de gravação, inteira de amostras de sons reais, inclusive
o áudio digital engatinhava nos estúdios com ritmos de bateria em loops de áudio
dominados pelos registros analógicos e pelos captados nos melhores estúdios do mundo!
sintetizadores híbridos analógicos/digitais. Quem não se lembra dos primeiros Casio
O primeiro teclado digital - e que abriu as Tonebanks e PSRs da Yamaha com sons
portas para o mundo dos teclados arranjadores que mais pareciam toques de celulares
- foi o Yamaha DX7, com sua síntese FM. Mas monofônicos? Aliás, os primeiros arranjadores
os verdadeiros responsáveis pela vontade de da Yamaha foram o PS1 e o PS2, criados em
querer mais dos instrumentos de teclas são 1980. O primeiro possuía quatro vozes e quatro
os órgãos eletrônicos, que nos anos 60 e 70 já ritmos com clicks e sons metálicos. Oferecia
possuíam arpegiadores e vocação para serem oito vozes de polifonia e era seu próprio case!
o início dessa nova categoria. A partir daí, a O PS2, por sua vez, já era um teclado com
corrida para desenvolver um teclado que 37 teclas e um pequeno alto-falante. Tinha
comportasse o uso de diversas tecnologias e cinco sons e quatro ritmos: Valsa, Swing, Rock
aplicações onboard se tornou séria: colocar e Latin, com volume independente ainda
em um único instrumento uma representação para acompanhamento e ritmos. Em 1984 o
de quase todos os timbres existentes, desde Yamaha Portatone PSR -15 era apresentado
pianos até sons de bateria, com o máximo com 49 teclas, seis timbres (Organ, Flute, Violin,
de fidelidade conseguida em cada década Trumpet, Piano e Harpsichord) e ritmos de 2,
de evolução. No começo, logicamente, as 3, 4 ou 6 beats (identificados como Swing,
amostras de sons e a tecnologia de síntese Waltz, Disco e Waltz, respectivamente).
eram precárias, até porque o áudio evoluiu Realmente esse universo cresceu muito, não
muito em poucos anos. Atualmente, temos somente na evolução sonora, mas também
Hudson Hostins
Produtor musical, tecladista e compositor, tem em seu currículo trabalhos para empresas como Roland, Michael, Korg
e Yamaha.É proprietário de estúdio e produtora de áudio onde atende clientes como Beto Carrero World, Massa FM e
Transamérica Hits, entre outras grandes empresas. Produziu vários artistas da região Sul do Brasil atuando com artistas
expressivos da área. É, atualmente, tecladista do cantor Gabriel Valim.
Giant Steps:
análise de um improviso
Depois da análise das características harmônicas e
compositivas de “Giant Steps”, de John Coltrane, é o momento
de analisarmos o improviso
A música é composta apenas por esses acordes (confira a partitura). A novidade compositiva
reside, como dissemos anteriormente, no emprego de três pontos tonais equidistantes,
buscando eludir a centralidade de uma tônica como ponto de convergência harmônico-
melódica. Essa foi a “novidade” proposta. Já o emprego de dominantes e de II-V é algo comum
na linguagem tonal.
A abordagem à improvisação
Podemos catalogar a abordagem à im-
provisação de Coltrane na música “Giant
Steps” como “vertical”, isto é, baseada, de
forma geral, na condução dos arpejos e na
sua preparação/ligação por meio de croma-
tismos ou notas de aproximação. Nenhuma
novidade, nesse sentido, na improvisação.
Todavia, por conta da velocidade da músi-
ca e dos encadeamentos inusitados dos
acordes, é preciso estudar de forma pecu-
liar para obter um bom resultado estético.
Hoje em dia, estamos acostumados a essa
música e a suas sequências de acordes. Os
estudantes de jazz a têm como modelo e
desafio a ser enfrentado. Mas, quando a
música surgiu, em ocasião de sua grava- Anos depois, quando a música se tornou
ção, improvisar sobre seus acordes causou cult entre jazzistas, vários músicos, entre
sérias dores de cabeça aos outros músicos. os quais Rahsaan Roland Kirk, Pat Metheny,
As sessões de gravação do disco Giant Steps Buddy Rich, Jaco Pastorius, Mike Stern,
tiveram a participação de grandes músicos: Greg Howe, McCoy Tyner, Kenny Werner,
além de Coltrane ao saxofone, havia Paul Kenny Garrett, Woody Herman, New York
Chambers ao contrabaixo, Art Taylor na Voices, Taylor Eigsti e Gary Bartz, gravaram
bateria e Tommy Flanagan ao piano (Wyn- suas versões de “Giant Steps”.
ton Kelly substituiu Flanagan na música O próprio Tommy Flanagan,
“Naima”). Flanagan era um grande pianista, em 1982, gravou um disco em
mas observem o solo dele na gravação do homenagem ao falecido Coltrane.
disco: ele está perdido, esboça umas ideias O titulo do disco? Giant Steps – In memory
ao piano, logo depois desiste, dei-xando of John Coltrane. A versão da música no
um vazio, até Coltrane entrar para “pegar disco de Flanagan é mais lenta, e não me
de volta” o solo. Antes de Flanagan, outro parece deixar nenhuma marca relevante,
grande pianista, Cedar Walton, tinha sido não obstante os evidentes esforços do
chamado para gravar... mas recusou-se pianista para “fazer bonito”.
a solar. “Aquela música era muito difícil Em 1991, McCoy Tyner – que foi o
para mim”, afirmou certa vez Walton, em “pianista oficial” de Coltrane de 1961 até
uma entrevista, lamentando ter decli- 1965, além de amigo e parceiro musical
nado o solo. “ Eu era muito jovem, deve- – gravou sua versão de “Giant Steps” no
ria ter feito o que Tommy Flanagan fez”. disco Remembering John. Versão incrível,
Referia-se à possibilidade de solar “assim a de McCoy, nesse disco! Entrevistado
como daria”, mas o solo de Flanagan não a respeito dessa gravação, Flanagan
foi bom, deixando uma “ferida aberta” no respondeu, bem-humorado: “Bom, ele
coração do próprio pianista. teve trinta anos para estudar essa música!”.
Sugestão: “roubem” desse solo algumas frases com movimentos V-I ou II-V-I. Vale a pena!
Analisaremos apenas o primeiro chorus do improviso, que oferece vários elementos interessantes:
• O solo começa no compasso 17, em que se encontra o II-V7 de BMaj7, primeiro acorde do
chorus da música. Nesse compasso, temos o arpejo de C#m7 (1-3-5-7), cuja última nota (o
Si natural), cria uma nota de aproximação cromática superior à nota Lá#, 3º grau de F#7. A
última nota do compasso 17, Sol#, é, também, uma nota de aproximação à primeira nota
do compasso 18, em que temos um arpejo sobre BMaj7.
• Sobre o acorde D7 do compasso 18, encontramos a sequência de notas 1-2-3-5. Essa é uma
sequência bastante recorrente ao longo do solo. No trecho que analisamos, observamos,
por exemplo, sua presença nos compassos 23, 28, 30, 32. De fato, a adição do 2º grau a
uma tríade – maior ou menor – enriquece muito sua sonoridade, possibilitando, a criação
de grupos de quatro notas, muito úteis aos improvisos.
• Compassos 18-19: a frase sobre D7 resolve no acorde GMaj7, assim como a frase sobre o
Bb7 resolve no EbMaj7 do compasso 20.
• Notamos a linda frase em arpejos do compasso 21, que resolve sobre a nota Si do compasso
22. Este último contém dois arpejos ascendentes.
• Compasso 23: sequência 1-2-3-5 sobre cada acorde.
• No compasso 26 há uma escala be-bop de Bb7 **
• O compasso 26 é bem interessante: a segunda nota (Lá b) constitui uma aproximação
à nota Sol, terceiro grau de EbMaj7. Seguindo, as notas Ré e Fá constituem uma dupla
aproximação à nota MIb; logo depois, temos mais duas notas de aproximação (novamente
Ré e Fá) que preparam a nota Mi, do início do compasso 27. A prática de grupos de notas de
aproximação que preparam a chegada da nota de resolução é uma característica marcante
do jazz, especialmente a partir da metade da década de 1940, quando se afirma o assim
chamado estilo be-bop.
• Compasso 28: trecho da escala de Sol maior descendente e, logo depois, ascendente.
Observe que o compasso 29 apresenta um desenho parecido com o do compasso anterior,
agora adaptado aos novos acordes, criando uma espécie de “cromatização”, em relação à
frase anterior.
• Compasso 30: novamente uma sequência 1-2-3-5, seguida por um belo cromatismo
que se move em direção à nota Fá do compasso 31. Na segunda parte desse compasso
encontramos um grupo de quatro notas que se movem em direção à sua resolução na nota
MIb, primeira nota do compasso 32. Aqui temos um arpejo de MIb que fecha o primeiro
chorus de improviso.
** Para as escalas be-bop com função
de dominante, acesse este link.
Turi Collura
Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo Brasil.
Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado ao estudo
do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição melódica”,
publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu segundo CD
faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades, em 2014
Turi está ministrando cursos online em grupo, entre os quais os de “Piano Blues & Boogie”, o de “Improvisação e
Composição Melódica” e o de “Bossa Nova”.
turi@turicollura.com - www.turicollura.com - www.pianobossanova.com
A música pop de
Michael Jackson em piano-solo
A música pop tem como características fortes as melodias relativamente curtas com acordes
ou harmonias simples. Dessa forma, sua assimilação é mais fácil e, por isso, ela se torna mais
popular (ou mais “pop”). Há composições em forma de canção e outras, com ritmos bem
marcantes, que convidam para a dança.
Esse gênero musical surgiu nos anos 50 e sobrevive até hoje. Na década de 1980, Michael
Jackson foi considerado o “rei do pop” por causa de tantas canções e álbuns premiados e milhões
de discos vendidos. Nessa época, ele selou uma parceria com Quincy Jones, grande produtor
e arranjador, que valorizou e enriqueceu muito suas canções. Suas incríveis performances no
palco e em vídeoclipes o consagraram definitivamente na história da música universal.
O arranjo
“Black and White” foi escolhida para esta edição por ser uma canção muito representativa
desse período. A introdução é muito marcante e a melodia é bem simples, mas bem gostosa
e cheia de suingue. Nela, pode-se perceber a simplicidade da harmonia e da melodia, embora
na gravação pareçam mais ricas por causa do arranjo, da quantidade de instrumentos e da
batida marcante feita pela sessão rítmica.
Neste arranjo para piano, a introdução da gravação é mantida e há duas exposições do tema.
Mas, na segunda vez, é feita uma variação melódica para dar mais dinâmica ao arranjo.
No final, a introdução de “Billie Jean” se encaixa como algo que chamamos de música incidental,
ou seja, apenas um trecho de outra música citado ou lembrado.
Bom estudo!
“Black or White”
Rosana Giosa - Pianista de formação popular e erudita, vive uma intensa relação com a música dividindo seu trabalho
entre apresentações, composições, aulas e publicações para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lançou três
segmentos de livros: Iniciação para piano 1, 2 e 3; Método de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3; e Repertório para
Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros músicos convidados lançou o CD Casa Amarela, com composições
autorais. É professora de piano há vários anos e desse trabalho resultou a gravação de nove CDs com seus alunos: três
CDs coletivos com a participação de músicos profissionais e seis CDs-solo.
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