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Elaborado para substituir a Lei Rouanet, o Procultura tenta tornar o arcabouço legal da
cultura mais abrangente e dinâmico ao prever novas fontes de recursos para a
Cultura, como os provenientes da Loteria Federal, por exemplo.
O projeto renova e aperfeiçoa o Fundo Nacional de Cultura, que a partir de sua
aprovação será dividido em nove Fundos Setoriais: das Artes Visuais; das Artes
Cênicas; da Música; do Acesso e Diversidade; do Patrimônio e Memória; do Livro,
Leitura, Literatura e Humanidades; de Ações Transversais e Equalização; do
Audiovisual; e de Incentivo à Inovação do Audiovisual.
O texto do projeto de lei também tenta estabelecer critérios um pouco mais objetivos e
transparentes para avaliar a dimensão simbólica, econômica e social para o uso do
recurso público por projetos que buscam incentivos. Tenta também criar critérios na
relação entre Estado e sociedade civil para uma melhor destinação dos recursos.
Estabelece que no mínimo trinta por cento dos recursos do FNC serão repassados a
fundos públicos estaduais e municipais. Um grande avanço na diversificação e
regionalização da produção cultural.
Outro avanço do Projeto de Lei é que tanto pessoas físicas como jurídicas, com ou
sem fins lucrativos, terão o direito de apresentar projetos. Ou seja, não se exigirá mais
que a instituição tenha de ter na descrição de suas atividades a natureza cultural. O
que será necessário será apenas a natureza cultural da iniciativa proposta.
O Procultura também não avança a não enfrentar a maior disfunção da atual lei, que
permite que as empresas decidam a seu bel prazer quais manifestações culturais
merecem ser patrocinadas. Fazendo uso de um dinheiro público, essas empresas
fazem, com toda a liberdade que lhes dá a lei, sua escolha (quase sempre comercial),
por eventos que certamente trarão maior visibilidade para suas próprias marcas. Ou
seja, no meu entender: o governo continuará a abrir mão de sua prerrogativa e de seu
dever de decidir para onde irá o financiamento público cultural, para que as empresas
privadas decidam por ele, baseadas em suas metas publicitárias.
Para dar um exemplo concreto, recorro ao setor que melhor conheço: o audiovisual.
As leis de incentivo, que deveriam, prioritariamente, fomentar a produção
independente, acabam beneficiando as empresas que já dominam o mercado. Tanto
na Lei Rouanet, quanto na Lei do Audiovisual e na MP 2.228-1 essa distorção
acontece. Na Lei Rouanet e em dois artigos da Lei do Audiovisual, as empresas
privadas utilizam dinheiro público para promover suas marcas. Ou seja, escolhem os
filmes a financiar segundo a possibilidade de retorno publicitário para suas marcas,
aspecto regido quase sempre pela possibilidade de sucesso comercial tendo em vista
a ligação (indireta e às vezes oculta) com os grandes grupos midiáticos que
oferecerão divulgação em seus meios.
Outro tipo de distorção criada pelas próprias leis de fomento ao audiovisual vem de
dois outros artigos da Lei do Audiovisual e também da MP no 2.228-1. No primeiro
caso a lei permite a dedução de 70% do imposto devido à Receita Federal, oriundo
das remessas ao exterior dos lucros obtidos no Brasil por essas empresas
estrangeiras, caso se invista em co-produções com produtoras independentes
brasileiras. No segundo caso, a MP permite o não pagamento da contribuição
Condecine para aquelas empresas que investirem, em co-produção com produtora
brasileira, os 3% dos lucros que seriam enviados ao exterior em virtude da bilheteria
feita no Brasil com filmes estrangeiros. O problema é que, em ambos os casos, como
essas empresas distribuidoras têm a preferência na utilização desses recursos
públicos, são elas, as empresas estrangeiras, que fazem a gestão dessas políticas
públicas de fomento ao audiovisual. E como são elas as donas do cofre do dinheiro
público, estabelecem contratos inviáveis para os produtores independentes.
Essas duas leis e a MP também criam distorções que favorecem enormemente as
tevês abertas, detentoras de concessões públicas, o que já é um enorme privilégio,
fortalecendo ainda mais uma concentração de mercado.
O projeto tem o mérito de preservar o limite máximo de 100% de dedução fiscal para
projetos de produtores independentes e esmera-se em bem definir o que é
considerado produção independente.
Para os demais, cria uma série de requisitos que devem ser atendidos para que sejam
definidos níveis de dedução nos patamares de 30%, 50% e 100% de dedução fiscal
aos seus patrocinadores.
Posto que os critérios estabelecidos não são de trivial cumprimento para toda a classe
de projetos e produtores, é extremamente importante defender a manutenção
incondicional das cláusulas do projeto de lei que protegem os produtores
independentes, mantendo o enquadramento dos seus projetos no limite de 100% de
abatimento.
De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária para 2013, o Fundo Nacional da Cultura
terá neste ano R$ 370 milhões – os recursos destinados ao Mecenato somam R$ 1,7
bilhão.
O PL que cria o Procultura propõe que a taxa de renúncia fiscal para pessoa jurídica
passe dos atuais 4% do imposto devido para até 6%. O primeiro 1% (que representa
20% da renúncia total) iria para o FNC. E como um atrativo para os patrocinadores
doarem recursos próprios para o fundo, se fizerem doações de recursos próprios para
o fundo, poderão alcançar 6% de renúncia. “É um mecanismo que associa incentivos
às empresas doarem recursos próprios ao Fundo com transferências voluntárias.
Quem não quiser, continua a utilizar os 4% como é hoje, mas quem quiser ter mais
renúncia terá que colocar recursos próprios no Fundo e compartilhar parte da renúncia
com o Fundo. Crescem assim tanto o FNC quanto o Mecenato. É mais recurso para a
cultura”, afirmou o deputado Pedro Eugênio em entrevista a este Cultura e
Mercado em abril de 2012.
Os recursos do FNC serão aplicados em três modalidades: não-reembolsável, para
apoio a projetos culturais, transferências para fundos de cultura dos Estados, Distrito
Federal e Municípios e equalização de encargos financeiros e constituição de fundos
de aval nas operações de crédito; reembolsável, destinada ao estímulo da atividades
produtivas das empresas de natureza cultural e pessoas físicas, mediante concessão
de empréstimos, limitados a 10% dos recursos do fundo; investimento, por meio de
associações a empresas e projetos culturais e da aquisição de cotas de fundos
privados, com participação econômica nos resultados.
Com relação aos Ficart, a Lei Rouanet não traz nenhum incentivo fiscal. Já o novo
projeto permite que as pessoas físicas e pessoas jurídicas tributadas com base no
lucro real deduzam do imposto de renda devido até 100% do valor despendido para
aquisição de cotas dos Ficart, nos anos-calendário de 2013 a 2017. “Essa é a
mudança mais importante”, diz o deputado Pedro Eugênio.
Para o advogado Fábio de Sá Cesnik, sócio do escritório Cesnik, Quintino & Salinas,
especializado na área cultural, criar um incentivo para uma indústria que precisa se
desenvolver parece uma medida saudável, se bem direcionada. “Se ele for realmente
direcionado nos eixos que devem ser estimulados, ao desenvolvimento da indústria do
entretenimento ao vivo, por exemplo, pode ser uma propulsão diferente e
interessante”. No entanto, 100% de benefício voltado a fundos de investimento,
segundo ele, parece um retrocesso. “Acho bacana que a gente consiga criar um
incentivo para tirar o Ficart da inércia, mas não faz muito sentido pensar em dar 100%
de benefício para operações comerciais. É um desvirtuamento”, afirma.
Afif acredita que os fundos setoriais são um dos pilares da atuação do Estado no
financiamento à cultura e devem continuar sendo sempre incentivados. Mas tem
dúvidas sobre a eficácia da ação do Estado na atração do capital privado no “atacado”.
Finalmente, o Procultura
Enviado por Leonardo Brant • janeiro 29, 2010 • LEI
ROUANET • 0 Comentários
Disfarçado como “Nova Lei Roaunet” chega em versão oficial o Procultura, projeto que
revoga o maior instrumento de financiamento à cultura. Assinado pelo presidente, será
entregue ao Congresso em breve. A surpresa que se confirmou, e sequer foi colocada
em consulta pública, é a exclusão dos 100% para projetos de natureza cultural. A
indústria e os projetos comerciais continuarão gozando do benefício, através do Ficart,
o que contraria todo o discurso pela diversidade, utilizado em defesa da lei até agora.
O Projeto de Lei que substitui a Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991) entra na pauta do
Congresso Nacional no retorno do recesso parlamentar, em fevereiro. Quarta-feira, 27
de janeiro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, encaminhou à Câmara
dos Deputados o texto que, se aprovado, esvaziará o mecenato a projetos culturais.
Talvez esteja se referindo ao fato de que o governo propõe cortar os 100% para
projetos de cunho cultural, mantendo apenas para o Ficart – Fundo de Investimento
em Cultura e Arte, que financiará projetos comerciais. Isso significa que, além do
audiovisual, que já conta com uma lei que beneficia o investidor com 100% de
desconto no Imposto de Renda, sem contar a possível participação nos lucros, os
projetos culturais terão um novo concorrente, o show business.
A propaganda diz, ainda, que a nova lei transformará o Fundo Nacional de Cultura
(FNC) “no mecanismo central de financiamento ao setor, criando formas mais
modernas de fomento a projetos”. Como não há qualquer garantia de fontes de
recurso para o Fundo, a tal centralidade só pode ser garantida com o esvaziamento do
mecenato, já em pleno vapor.
O projeto obriga os estados a distribuir 50% dos recursos do Fundo aos municípios,
mas desobriga a federação de distribuir qualquer percentual aos estados.
O que o release não conta é que o projeto, entre outras surpresas e pegadinhas que
vamos revelando durante o processo de discussão do Procultura no Congresso, é que
o Procultura institui, em seu artigo 66, o Programa Prêmio Teatro Brasileiro, para
fomentar: I – núcleos artísticos teatrais com trabalho continuado; II – produção de
espetáculos teatrais; e III – circulação de espetáculos ou atividades teatrais.
Imagino que seja uma espécie de Lei de Fomento ao Teatro, só que em âmbito
nacional. Trata-se de uma bem sucedida experiência da cidade de São Paulo,
replicada de forma estapafúrdia, sem contexto e regulamentação no Procultura,
apenas para atender aos movimentos teatrais como contrapartida ao apoio concedido
durante o período de consulta pública, exigindo o fim da Lei Rouanet.
Um bom gancho para todas as outras áreas que ficaram de fora do acordo brigarem
por prêmios e concessões. É hora de fazer barulho!